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Copyright © 1998 by José Rodrigues

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Edição de texto e revisão: Ricardo Borges
Projeto gráfico e editoração eletrônica e capa: José Luiz Stalleiken Martins
Coordenação editorial: Damião Nascimento

Catalogação-na-thnte

R696 Rodrigues, José.


A educação politécnica no Brasil I José Rodrigues. Niterói:
EdUFF, 1998.
120 p. ; 21 em.
Bibliografia: p. 111 Para Albertina e Augusto (em memória),
ISBN 85-228-0243-2 que me colocaram no mundo e na escola.
1. Educação - Brasil - Ensino médio - 2. Educação e trabalho - 3. Educa-
ção tecnológica. r. Título.
Para Carla, companheira nessa jornada
CDD 378
pelo espaço-tempo.

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE


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Luiz Pedro Antunes
Vice-Reitor
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Diretora da EdUFF
Eliana da Silva e Souza
Comissão Editorial
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Anamaria da Costa Cruz
Gilda Helena Rocha Batista
Heraldo Silva da Costa Mattos
Ivan Ramalho de Almeida
Maria Guadalupe C. Piragibe da Fonseca
Roberto Kant de Lima
Roberto dos Santos Almeida
Vera Lueia dos Reis
Gostaria de deixar registrado meus profundos agradecimentos àqueles
que, de alguma forma, contribuíram para a consecução deste livro. Sob A humanidade só se propõe as tarefas que pode
o risco de esquecer alguém, gostaria de destacar: resolver, pois, se se considera mais atentamente,
se chegará à conclusão de que a própria tarefa só
Augusto Martins Rodrigues (em memória), Albertina dos Santos aparece onde as condições materiais de sua solu-
Rodrigues, Carla Macedo Martins, Gaudêncio Frigotto, Dermeval Saviani, ção já existem, ou, pelo menos, são captadas no
João Baptista Bastos, Valéria Barbosa Araujo, Bianca Antunes Cortes, seu devir.
André Malhão, Júlio César França Lima, Neila Guimarães Alves, Gerardo
Bianchetti, Paulo César Carrano, Werner Markert, Luiz Fernando Ferreira Karl Marx
da Silva, e toda a equipe da EdUFF
SUMÁRIO

PREFÁCIO (Gaudêncio Frigotto) 11

INTRODUÇÃO 19

1 A POLlTECNIA E A ÁREA
TRABALHO-EDUCAÇÃO 29

2 PROBLEMÁTICAS E PERSPECTIVAS
DA POLlTECNIA 41

3 DIMENSÕES DA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO


POLITÉCNiCA 55
Dimensão infra-estrutural 55
Dimensão utópica 70
Dimensão pedagógica 80

4 A EDUCAÇÃO POLITÉCNICA NO BRASIL:


Concepção em construção 97

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 111


lho. Tal busca pressupõe que a ampliação da liberdade no
trabalho pode contribuir para a luta pela ampliação (para
toda a humanidade) da liberdade do trabalho.
A POLlTECN.IA E A ÁREA
TRABALHO--EDUCAÇÃO

A lanterna passava pelas coisas com uma fanta-


sia criativa e destrutiva que subvertia o real. Mas
que é o real, senão o acaso da iluminação? Apurei
que as coisas não existem por si, mas pela clari-
dade que as modela e projeta em nossa percep-
ção visual.
Carlos Drummond de Andrade

A área trabalho-educação no Brasil tem crescido muito nos


últimos 10-15 anos, principalmente considerando-se as pu-
blicações de obras acadêmicas, assim como participação e
a produção científica do Grupo de Trabalho Trabalho-edu-
cação da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pes-
quisa em Educação.
Mais do que a questão da quantidade de interessados, o
que vem ficando claro é uma tendência de disseminação
da temática trabalho-educação pelos pesquisadores e alu-
nos de pós-graduação em educação.
Segundo Acácia Kuenzer (1988), a relação entre educação
e trabalho é abordada desde o século passado pelos "clás-
sicos da economia política", mas reaparece com mais in-
tensidade, no Brasil, a partir do final da década de 60.

28
p., autora apresenta, em duas de suas obras- Ensino de 2 sintático-semântica, mas refere-se, isto sim, ao percurso
grau,' o trabalho como ,orínc/pio eciucativo e Educação e tra- metodológico desenvolvido pelo pesquisador que busca a
ba!l70 no Brasi!: o estado da quest:3,o - um panorama das apreensão do fenômeno educativo a partir de suas reia-
diversas contribuições que propiciaram o avanço da área ções com o trabalho. Como ratifica Acácia Kuenzer (1987,
trabalho-educacão revelando assim o seu estéoio de cons-
:> ) ~j p.92),
trução. o que distingue esta ama ternatica rJc outras no campo qerai de
educação é o fato de que. nesta. a dirnensi:w trabalho constitul-
Num recorte da bibliografia brasileira de trabalho-educação,
se corno categoria central ela qual se pwte para a cornpíOmls,"o
a equipe do projeto O vaior sociai da educação e do traba- do fenàmeno educatiVo c das reciproca,; entre eL~-
lho em camadas populares (MATA, DAUSTER, 1990) elenca tas duas dimensões e Iri1b8lho.
- entre teses, livros e relatórios de pesquisa - 601 titulos Mais do que uma superespecialização de um setor da pes-
publicados no Brasil no perlodo de 19'70 a 1989. quisa e da prática em educação, a área trabalho-educaç~io
No entanto, tal crescimento nÊJO se mostrél isento de problc~· vem-se construindo enquanto um modo de se pensar a for-
mas. Tomaz Tadeu da Silva (1991, p. 7). outro pesquisador mação humana. Ou, como nos aponta ainda Kuenzer (1987,
que constata o crescimento da área, alerta: p. 93), a área se constituiria em uma "concepção teórica
Falar da entre edUCilç~1O e trabiJiho vai, pouco a pouco.
fundamentada em uma opção política".
virando moda nos ci'-culos educacionais. Da burocracia educa-
Assim, a construção da área trabalho-educação não deve
cional aos mais radicais CrítiCOS do sistema. das revistas
espeCializadas as revistas pop ele todos passaram a ser concebida enquanto cisão ou fragmentação do campo
achar que m8ncionar a relc'nda constitUI passaporto se· educacional, mas como princípio metodológico na pesqui-
guro para a aceitação e o prestíÇjio. sa em educação.
Na mesma linha, Gaudéncio Frigotto (1987) destaca o que No bojo das análises que tomam a relacão trabalho-educa-
denomina de "crise de aprofundamento teórico" no interior ção como fio condutor, vem-se avolum~ndo o debate sobre
da área trabalho-educação. O autor assinala três dimen- a concepção de educação politécnica.
sões articuladas que compõem a crise da área. Seriam elas
a hornogeneização na superfície do discurso crítico da rela- A partir da tese de doutorado de Gaudêncio Frigotto (1984).
varias outros trabalhos têm abordado a questão da
ção trabalho-educação; a inversão metodológica da apre- politecnia.
ensão trabalho-educação; e a não-·historicização das cate-
gorias valor-trabalho e capital-trabalho. No .entanto, o conceito de politecnia não é novo no Brasil e
mUito menos no cenário internacional. Em 1955 foi publi-
A inversâo metodológica apontada por Frigotto se refletia cad . ,
o um livro onde Paschoal Lemme descreveu sua via-
na antiga denominação ela área - educação e trabalho. Cabe
gem à União Soviética, especificamente aquilo que obser-
ressaltar que a questão não é meramente de uma disputa
vara da educação naquele país. Naquela obra o autor dedi-

30 31
ca um capítulo à educação politécnica, onde tenta mostrar
foi objeto de outros estudos (NOGUEIRA, 1990 ; MANA-
as conquistas práticas e indicar os princípios fundamentais
CORDA, 1991).
dessa perspectiva educacional. Para isso, Paschoal Lemme
cita Sidney e Beatrice Webb l (LEMME, 1955, p. 74), ingle- No entanto, cabe expor uma das passagens mais conheci-
ses que já em 1935 escreveram sobre os objetivos da es- das de Karl Marx, retirada das Instruções aos delegados do
cola politécnica: Conselho Central Provisório da Associação Internacional
o que a "escola politécnica" procura [.. ] é justamente o oposto
dos Trabalhadores, de 1868. Escreveu Marx (1983, p. 60):
de adestramento para determinado ofício ou profissão; de fato. afirmamos que a sociedade não pode permitir que pais e pa-
visa-se um aperfeiçoamento intelectual de todos os alunos [... ], trões empreguem, no trabalho. crianças e adolescentes, a me-
não se procurando saber as determinadas profissões que esco- nos que se combine este trabalho produtivo com a educação.
lherão de per si [... ]. Essa ocupação pode ser em trabalho manu-
alou numa profissão intelectual. E continuando, o filósofo alemão deixa claro o que entende
por educação:
Os autores que se dedicam à temática são unânimes em
apontar que todas essas contribuições à discussão educa- Por educação entendemos três coisas:

cional são provenientes dos aportes estabelecidos por Karl 1. Educação intelectual.
Marx (1818-1883), embora o filósofo alemão jamais tenha 2. Educação corporal, tal como a que se consegue com os exer-
escrito um texto sistemático dedicado especificamente à cícios de ginástica e militares.
área da educação. Fato esse que não o impediu de produ- 3. Educação tecnológica. que recolhe os princípios gerais e de
zir o embrião de uma sociologia e uma filosofia da educa- caráter científico de todo o processo de produção e, ao mesmo
tempo, inicia as crianças e os adolescentes no manejo de ferra-
ção que produzem frutos até hoje.
mentas elementares dos diversos ramos industriais.
Ou seja, como ensina Mario Alighiero Manacorda, em sua Pode-se facilmente perceber a direção de uma educação
clássica obra, Marx e a pedagogia moderna (1991), se por multilateral preconizada por Karl Marx; seguindo, o autor
um lado as questões pedagógicas são abordadas por Marx aponta seus objetivos com a educação politécnica:
de maneira ocasional, por outro, essa discussão "acima de
Esta combinação de trabalho produtivo pago com a educação
tudo, está colocada organicamente no contexto de uma crí-
intelectual, os exercícios corporais e a formação politécnica ele-
tica rigorosa das relações sociais". vará a classe operária acima dos níveis das classes burguesa e
aristocrática.
Mas em que consiste a educação politécnica para Marx?
Certamente essa é uma questão bastante complexa, que Nessas indicações, encontra-se o embrião fundamental do
foge aos objetivos desse trabalho e que, além de tudo, já trabalho como princípio educativo, que busca na
estruturação da sociedade seus aportes básicos.
Fundamentalmente não é importante para o presente tra-
I A obra completa. onde os autores tratam da questão, foi publicada em portu- balh o, a concepçao
- mesma de Marx 'a respeito da educa-
guês em 1954 (LEMi\1E. 1955).

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33
ção, mas sim a interpretação e as ilações feitas pelos diver- O debate sobre a concepção de educação politécnica avan-
sos autores. De maneira alguma, essa pesquisa buscou o çou tanto na década de 80 a ponto de alguns educadores
autor mais fiel ao pensamento marxiano ou marxista. No se lançarem na busca de uma práxis que tivesse por hori-
entanto, é inevitável a confrontação entre as diversas leitu- zonte aquela concepção educacional. Com efeito, em 1988
ras feitas a partir do pensador alemão. foi iniciado o curso técnico de segundo grau da Escola Po-
Assim como foi encontrado o trabalho de Paschoal Lemme, litécnica de Saúde Joaquim Venâncio, na perspectiva de
da década de 50, é provável que se encontrem outros que realizar um projeto de ensino de segundo grau que se des-
também abordem a politecnia. No entanto, as referências vie da dualidade entre a educação geral e a formação pro-
serão - muito provavelmente - vinculadas às experiências fissional. Enfim, pensar uma educação que tenha o ser hu-
desenvolvidas nos países do chamado socialismo real. O mano como centro e não o mercado (MALHÃO, 1990).
certo é que no Brasil a discussão em torno da educação Das teses de doutorado, passando pelas revistas de divul-
politécnica ficou adormecida durante algumas décadas, não gação pedagógica e pela construção de um curso técnico,
sendo capaz de se expandir e envolver nem teóricos nem o debate acerca de uma escola/educação cujo centro seja
educadores. o conceito de politecnia tem crescido rapidamente. Por di-
Pode-se atribuir a Dermeval Saviani o papel de versas vias, a palavra politecnia vem-se tornando conheci-
desencadeado r do debate atual sobre a politecnia no Bra- da nos meios educacionais.
sil, a partir de sua atuação no curso de doutorado em edu- Com a promulgação da Constituição em 1988, abriu-se o
cação da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. período dos debates acerca das chamadas leis complemen-
Através desse curso, Saviani buscava desenvolver uma crí- tares, que necessariamente decorreriam da nova Carta. Com
isso, a discussão em torno da Lei de Diretrizes e Bases da
tica consistente ao especialismo, ao autoritarismo e ao
Educação Nacional (LDB) irrompeu no país levando consi-
reprodutivismo em educação, assim como ao marxismo
go o debate da politecnia.
vulgar.
A influência desse pesquisador nesse debate pode ser per- M~is uma vez, coube ao professor Dermeval Saviani a inici-
~tlva. d: produzir um texto que, como o próprio autor diz, é
cebida, por exemplo, na constatação de que os autores mais
um IniCIO de conversa" para a formulação da nova LDB.
profícuos e consistentes no debate da politecnia -
Gaudêncio Frigotto, Acácia Kuenzer e Lucília Machado -
ond~ se destacam os conceitos de desenvolvimento
omnllateral e formação politécnica.
foram orientandos ou alunos de Dermeval Saviani.
Outro sinal da influência de Saviani pode ser percebido atra-
~m ,deputado. apropriando-se do esboço desenhado por
. aVlanl, o transformou no primeiro anteprojeto de LDB. Com
vés da caracterização da politecnia enquanto uma propos·
~so, ,tanto no texto Contribuicão à elaboração da nova Lei
ta fortemente ligada ao ensino médio.
e Diretrizes e Bases da Edu~ação: um início de conversa,

34 35
de Dermeval Saviani (1988, p. 20), quanto no anteprojeto Neste livro, busca-se encontrar, delimitar e clarear as ten-
apresentado pelo deputado Otávio Elísio (1988), pode-se sões entre as diversas contribuições teóricas que se têm
ler: colocado no debate da politecnia.
Art.35 - A educação escolar de 2°grau [... ] tem por objetivo geral Cabe, portanto, ressaltar a finalidade político-didática desta
propiciar aos adolescentes a formação politécnica necessária à obra. Assim, o trabalho pretende servir de introdução àque-
compreensão teórica e prática dos fundamentos científicos das
les que desejam se incorporar ao debate - conseqüente-
múltiplas técnicas utilizadas no processo produtivo [grifo do au-
tor]. mente à construção - da concepção de educação politécni-
Se, por um lado, a expressão educação politécnica vem-se ca no Brasil.
tornando cada vez mais conhecida dentro e fora dos círcu- Um dos aspectos primeiros da pesquisa era determinar o
los educacionais, ao ponto de inclusive ser explicitamente que seria entendido por concepção de educação politécni-
proposta para compor a legislação educacional, por outro, ca, ou melhor, onde estariam as construções consideradas
não se pode afirmar o mesmo acerca de seu conteúdo. elementos constitutivos desta concepção.
Afinal, em que consiste o conceito de politecnia? A forma- Com o desenrolar do trabalho, foi sendo elaborada uma
ção politécnica é um modelo de educação formal a ser im- visão dinâmica de tal construção. Isto é, vislumbrou-se que
plantado no país ou é uma concepção teórico-metodológica a concepção de educação politécnica está sendo gestada
que visa (re)direcionar as políticas e práticas educativas? A num movimento combinado e interpenetrante de cinco pó-
noção de politecnia está restrita ao ensino de segundo grau, los: academia, escola, mundo do trabalho, sociedade civil,
ou é uma concepção que necessariamente perpassa todos e sociedade política.
os níveis do ensino? A concepção de educação politécnica Assim, delimitou-se o objeto de pesquisa à produção aca-
é mais uma "moda nos círculos educacionais"? Ou a dêmica. De certo modo, os estudiosos do tema em foco
politecnia representa uma necessidade histórica que se podem ser encarados como catalisadores de movimento
começa a construir no Brasil? mais amplo de construção de uma concepção, na medida
Diante de tantas questões, perplexidades e tensões teóri- em que buscam organizar os questionamentos tentando lhes
cas, cabe perguntar: Qual é a relação existente entre edu- dar maior consistência e conseqüência através de propos-
cação politécnica e o eixo trabalho como princípio educativo, tas ao conjunto dos educadores e a toda sociedade.
ou com a escola do trabalho? O que une e o que separa a A pesquisa buscou considerar - sem absolutizar - a ordem
concepção de escola politécnica das escolas do SENAI, ou de divulgação/publicação das obras, principalmente no que
ainda, das escolas técnicas federais? Afinal, como os pes- tange aos trabalhos de um mesmo autor, pois se entende
quisadores entendem a politecnia? Melhor, que concepção que e.ssa cronologia de alguma maneira reflete o itinerarium
de educação politécnica vem sendo construída no Brasil a mentls do pesquisador.
partir da década de 80?

36 37
Na busca de se construir a exegese do pensamento dos relações entre educação e estrutura econômico-social ca-
autores sobre a politecnia, pretendeu-se em especial anali- pitalista, na q.ual, no último capítulo, .contrapõe à concep-
sar aqueles textos que abordassem explicitamente o deba- ção pedagógica liberal, consubstanc~ada no pen~a,me.nto
te sobre a educação politécnica. No entanto, em alguns bre- de John Dewey, a proposta de educaçao/escola politecnlca:
ves momentos, mostrou-se necessária a utilização de ou- Tomando-se. então as relações sociais de trabalho, mediante as
tros trabalhos que enfocassem alguns aspectos conexos quais os homens produzem sua existência, e o trabalho, enquanto
tal, como principio educativo, a análise da escola que se articula
àqueles tratados nos textos primariamente analisados.
com os interesses da classe que tem seu trabalho alienado, ex-
Esse tratamento do material estudado buscou apreender. propriado, não passa pela separação entre escola e trabalho,
mas se situa na apreensão da "escola do trabalho", como nos é
algumas continuidades e contradições que não se manifes-
posta dentro da evolução da concepção marxista de escola poli-
taram, por si mesmas, no corpo das obras que tomam obje- técnica (FRIGOnO, 1984, p. 186) [Grifo do autor].
tivamente o debate sobre a concepção de educação poli-
Assim, escolheu-se delimitar - sem limitar - a pesquisa aos
técnica.
textos editados originariamente em língua vernácula a par-
Apesar de se buscar permanências, mudanças, contradi- tir da publicação de Produtividade da escola improdutiva,
ções - a evolução - do pensamento de um autor, deve ficar logo, de 1984 até 1992, buscando obras e autores que as-
claro que esse trabalho não visou analisar a totalidade das sumissem objetivamente o debate - mas não necessaria-
concepções educacionais de cada um. Em suma, o objeto mente a defesa - da educação politécnica.
dessa pesquisa são os textos - e não os autores - que
abordam a politecnia.
Tendo optado, dentro dos campos possíveis de análise da
temática, pelo estudo da produção acadêmica que aborda
a discussão da concepção de educação politécnica, faltava
delimitar no tempo essa produção teórica.
Como já foi dito anteriormente, o debate sobre a politecnia
não é novo, nem mesmo no Brasil. Assim, seria possível
encontrar uma ou outra referência ao tema ao longo do sé-
culo XX. No entanto, o amplo debate realmente se avoluma
no país a partir do início da década de 80, através de
Dermeval Savianí.
Com efeito, em 1983, Gaudêncio Frigotto defende sua tese,
A produtividade da escola improdutiva: um (re)exame daS

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