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Deficiência Intelectual e Saúde Mental: Quando a Fronteira Vira Território

Intellectual Disability And Mental Health: When The Border Land Becomes
Discapacidad Intelectual Y Salud Mental: Cuando La Frontera Se Convierte En Territorio

Luciana Togni de Lima e Silva Surjus


Universidade de Campinas, São Paulo, SP, Brasil.
Rosana Teresa Onocko Campos
Universidade de Campinas, São Paulo, SP, Brasil.

Resumo:
O presente artigo propõe o destaque da interface entre os campos Deficiência Intelectual e Saú-
de Mental, ainda subestimado no Brasil, mas que vem se constituindo internacionalmente como
objeto de investigações dada a prevalência do chamado Diagnóstico Dual, qual seja, a signifi-
cativa ocorrência de problemas de saúde mental nas pessoas com DI. Situando-se na perspec-
tiva da pesquisa qualitativa e participativa, a partir da Hermenêutica Filosófica, resgataram-se
as tradições teóricas constitutivas desses dois campos, SM e DI, bem como a recente produção
sobre suas intersecções e, a partir do diálogo dos achados entre a revisão da literatura e as expe-
riências de profissionais e gestores de serviços de atenção psicossocial, buscou-se compreender
como tem se dado esta interface no cotidiano dos serviços, a fim de contribuir com a qualifica-
ção das ações e da construção de Políticas Públicas. Análises preliminares apontam a relevância
da problematização da temática para a superação da histórica institucionalização das pessoas
com DI.
Palavras chave: Deficiência intelectual, Saúde mental, Diagnóstico dual, Política pública

Abstract
This article aims to highlight the interface between the intellectual disabilities and the mental
health fields, still underestimated in Brazil but increasingly becoming an object of scientific
study around the world due to the prevalence of the dual diagnosis, it means, intellectual dis-
ability (ID) and mental illness co-occurring. Using qualitative research methods and participa-
tory approaches through the philosophy hermeneutic, considering the traditional theories which
lay the foundation of these two fields, mental illness and intellectual disability, and also the
recent literature on the intersections between them and from the experiences of psychosocial
assistance center workers and directors, it intends to understand how these interfaces has been

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happened in the everyday of health services, in order to qualify for acting on these places and
also building Public Policies. Preliminary analysis indicates the relevancy of problematize this
theme contributing to overcome the historical psychiatric institutionalization of this population.
Key-words: Intellectual disability; Mental health; Dual diagnosis; Philosophy hermeneutic;
Public polices

Resumen
Este artículo se propone a resaltar la interfaz entre los campos de la Discapacidad Intelectual y
la Salud Mental, aún subestimado en Brasil, pero que se constituye internacionalmente como
objeto de investigación dada la prevalencia del Diagnóstico Dual, es decir, la importante apari-
ción de problemas de salud mental en las personas con DI. Centrándose en la perspectiva de la
investigación cualitativa y participativa, a partir de la hermenéutica filosófica, se rescataron las
tradiciones teóricas constitutivas de estos dos campos, SM y DI, así como la reciente producci-
ón de sus intersecciones y, a partir del dialogo de los resultados entre la revisión de la literatura
y las experiencias de profesionales y gestores de servicios de atención psicosocial, se buscó la
comprensión acerca de como se da dicha interfaz en el cotidiano de los servicios, con el obje-
tivo de contribuir a la calificación de las acciones y la construcción de políticas públicas. Los
análisis preliminares indican la importancia de problematizar la tematica para la superación de
la institucionalización histórica de las personas con DI.
Palabras clave: Discapacidad intelectual, Salud mental, Patología dual, la Política pública

E da experiência nascem as indagações intelectual, e dezenas de internações; tendo,


na última delas, sido abandonada pelo pai.
A irmã, sensibilizada, levou-a para sua
S, 24 anos, chegou ao CAPS acompanhada
casa, mas já não conseguia negociar com
da irmã, para submeter-se a uma triagem.
marido e filha, a perturbadora presença de
Foi encaminhada ao serviço após ter seu
S. em suas vidas. Durante os minutos em
pedido de internação recusado em um que aguardava no CAPS, sentada no chão,
hospital psiquiátrico, efeito da reformulação emitia grunhidos, rasgava revistas e sujava
da assistência em Saúde Mental da cidade de fezes as paredes do banheiro... A triagem
de Campinas. S. tinha em sua história uma ainda não havia sido realizada, mas o
única tentativa (frustrada) de vinculação a veredito já havia sido dado por profissionais
uma entidade para pessoas com deficiência e usuários: ali não era o seu lugar...

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Surjus, L.; Campos, R.

Após vivenciar intensamente os constituída sob os preceitos da desinstitu-


desafios da reorganização do modelo de cionalização e superação do modelo hos-
assistência em Saúde Mental na cidade de pitalocêntrico, vem se firmando através da
Campinas-SP, atuando como profissional, políticas pública de saúde, a partir de impor-
gestora local e pesquisadora; vivenciando tantes reformulações no campo conceitual,
ainda a gestão de entidade que apoia pes- clínico e ético-político (Amarante, 2000) e
soas com deficiência intelectual, surge uma viabilizando-se a partir de um aparato legal
questão: em contextos que avançaram na que orienta a reorganização de uma rede de
Reforma Psiquiátrica, qual é o lugar que serviços1 sensíveis a sua demanda clínica,
tem sido possibilitado (e com qual inten- que inclui no espectro de sua responsabili-
ção) às pessoas com importantes limitações dade, ações de âmbito comunitário e social.
cognitivas e significativas repercussões No Brasil, apesar do longo cami-
subjetivas? nho percorrido, e talvez somente a partir
Como uma demanda inadequada aos dele, percebe-se que ainda há muito a se
serviços de saúde mental, aparentemente construir na articulação de políticas interse-
paralela, mas com certa constância, pessoas toriais – não por acaso, tema da IV Confe-
com deficiência intelectual (PCDI) chegam rência Nacional de Saúde Mental de 2010.
até a saúde mental. Quase nunca com quei- Para a sustentação de processos efetivos de
xas próprias, senão inferidas por outrem, le- inclusão social certamente urge a extrapola-
vantando timidamente as questões: estariam ção do campo da saúde para superar alguns
apresentando sintomas? Seriam alterações desafios: para além dos Serviços Residen-
de comportamento próprias à deficiência? ciais Terapêuticos, favorecer que a as pes-
Estariam sem a assistência adequada? Te- soas com transtornos mentais graves consi-
riam associado algum transtorno mental? ga acessar a política pública de habitação;
Estariam ainda esquecidas por detrás dos ampliar o acesso e a sustentação da perma-
muros dos manicômios? nência nos espaços de educação – tanto das
Esses dois campos, deficiência inte- crianças, como de jovens e adultos; estabe-
lectual (DI) e saúde mental (SM), apesar de lecer parcerias efetivas com a rede serviços
compartilharem da mesma origem histórica, sócio assistenciais; ampliar iniciativas de
situados lado a lado na luta pela defesa dos geração de renda e economia solidária, bem
direitos humanos, com sua população foco como avaliar novas possibilidades de pro-
enclausurada pelos mesmos muros, aca- duzir a emancipação dos usuários e fomen-
baram por seguir rumos próprios. A SM, tar relações mais solidárias no trabalho; am-

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pliar e resgatar o movimento de organização Voltando-nos para o campo político


de usuários e famílias. e teórico constitutivo da DI reconhecemo-lo
Na Pesquisa Avaliativa dos CAPS oriundo de recentes reformulações conceitu-
de Campinas-SP (Onocko Campos, 2008; ais, incluindo da própria nomenclatura (Sas-
Surjus, 2007; Figueiredo et al, 2008) evi- saki, 2005). Oficialmente utilizado em 1995
denciou-se a exclusão dos usuários ao que pela ONU, o termo Deficiência Intelectual
se refere ao acesso a direitos fundamen- tem sido preferencialmente utilizado haja
tais. Dos usuários em acompanhamento nos vista a maior apropriação, referindo-se ao

CAPS naquele momento, 53% não tinham funcionamento do intelecto especificamente

concluído o ensino fundamental, 65% não e também com o objetivo de diferenciação

estavam inseridos em nenhuma modalidade dos transtornos mentais, delimitando como

do mercado de trabalho e, 86% tinham fon- diferentes territórios e reforçando a defici-

te de renda vinculada a aposentadoria, au- ência como condição que deve preferencial-

xílio doença ou a benefício previdenciário. mente ser abordada a partir da verificação


de apoios necessários e de transformações
Os referidos estudos não investigaram as
de seu entorno, para garantir sua inclusão
condições de moradia dos usuários. Outro
social.
achado ainda da referida pesquisa foi o re-
A noção de incapacidade tem sido
conhecimento nos CAPS de alto percentual
amplamente reconhecida como um produ-
de PCDI, inseridas a partir de comorbidades
to social, o que ganha perspectiva na Clas-
psiquiátricas e/ou da profunda falta de ou-
sificação Internacional de Funcionalida-
tras ofertas mais adequadas.
de, Incapacidade e Saúde (CIF), publicada
Todavia, a expansão da rede de
pela Organização Mundial de Saúde (Who,
CAPS, “carro chefe” da mudança de para-
2001), instrumento complementar à CID-
digma da política de saúde mental, recebe
10, que, para além de uma perspectiva mé-
o mandato, na prática, de articular todas as
dica, inclui a societária e ambiental.
demandas no campo da saúde mental. Ade-
mais, apesar de não reconhecidas como
Anteriormente también se entendía
demanda adequada à estruturação dos ser- por discapacidad intelectual la falta de
viços, as PCDI já configuravam naquele habilidades para funcionar en el día a día y que

momento o terceiro maior percentual da su origen estaba en el bajo funcionamiento


intelectual. Hoy la concepción es más
população atendida, por categorias diagnós-
amplia, entendiendo que la discapacidad
ticas, perfazendo um total de 8% (Surjus, intelectual indica la existencia de áreas en
2007; Figueiredo et al, 2008). las que la persona necesita apoyos. Así, si

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una persona tiene dificultades para sumar, se Cotas (Brasil,1991) no mercado formal de
le puede prestar el apoyo de una calculadora trabalho, o direito ao atendimento preferen-
y así mejorar su funcionamiento. Esta nueva
cial (Brasil, 2000), a garantia de benefícios
visión hace que la discapacidad intelectual
no sea un diagnóstico determinista, sino una
previdenciários e a serviços específicos
puerta para ofrecer los apoyos necesarios da assistência social (CNAS, 2009), como
y mejorar así la calidad de vida. (Mateos, Centros Dia e Residências Inclusivas. Per-
2003, p.13) cebe-se, porém, que não houve na mesma
dimensão avanços na formulação da política
A área da DI, portanto, constituiu-se pública de saúde, gerando uma ideia falsea-
a partir da luta das pessoas com deficiência, da de um campo “inclusivo”.
num esforço para superação do modelo mé- A prática cotidiana dos serviços
dico e na busca pela operacionalização de mobilizava a seguinte questão: será que a
um modelo biopsicossocial, que considere separação histórica entre as redes assisten-
as pessoas com deficiência dotadas de capa- ciais em Saúde Mental e em Deficiência in-
cidades e incapacidades e da necessidade da telectual, acabou por minimizar ou mesmo
provisão de apoios que garantam sua parti- negligenciar necessidades de saúde desta
cipação social. Tal prerrogativa é legitimada população?
pela Convenção Internacional dos Direitos Apesar do reconhecimento de inú-
das Pessoas com Deficiência (Resende & meras dificuldades para se estabelecer cri-
Vital, 2008), que ganha no Brasil força de térios fidedignos para estudos epidemioló-
emenda constitucional. gicos sobre a prevalência e incidência dos
Segundo dados do censo populacio- transtornos mentais em PCDI, a literatura
nal de 2010, estima-se que quase 3 milhões internacional estima que cerca de 40% das
de brasileiros (1,4% da população) tenham mesmas têm associados diagnósticos de
deficiência intelectual, sendo seu referen- transtornos mentais e/ou comportamentais
ciamento assistencial quase que totalmente (Salvador et al., 2000; Cowley, 2004; Coo-
restrito a instituições de caráter filantrópico per et al., 2007; Smiley, 2007; Martorell et
sendo inegável o protagonismo das mesmas al., 2008; Fletcher, 2009).
nos avanços de diferentes políticas públicas. Não se trata aqui de negar a especi-
Podemos citar como exemplo a reestrutura- ficidade dos fenômenos em questão, nem de
ção da política de educação – inicialmen- reconduzir a deficiência intelectual ao esta-
te especial e mais recentemente inclusiva; tuto de doença, mas de reconhecer que o de-
na legislação trabalhista através da Lei de safio da inclusão social depende também de

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garantir-lhes o direito à saúde e à prevenção De acordo com o autor, as questões


de agravos, e que o impacto dos problemas emergem de uma história efeitual – história
de SM podem reduzir significativamente a que faz efeito no pesquisador histórico, a
possibilidade de inclusão social das PCDI, partir da qual o objeto se destaca, e produz-
questão que talvez estejamos subestimando. -se sentido a partir de recorrer às tradições
Desta forma, o objetivo deste estudo que se ocuparam de semelhantes questões.
foi investigar a relevância da problematiza- Encontramos, portanto, no recurso às tradi-
ção da DI no campo da SM por meio da re- ções a possibilidade de efetivação do círculo
visão da literatura relativa ao tema, do ma-
de compreensão hermenêutico, no qual pré-
peamento da rede de serviços de referência
-concepções podem então ser revisitadas, e
para PCDI e da compreensão de como pro-
o objeto destacado não se distancia das suas
fissionais e gestores dos Centros de Atenção
condições de produção (Onocko Campos &
Psicossocial concebem esta interface nos
Furtado, 2006).
seus serviços. Esperamos assim, contribuir
Nosso esforço hermenêutico, portan-
para a formulação e qualificação de políti-
to, inicia-se a partir de nosso reconhecimen-
cas públicas vigentes.
to de pertença à tradição da Saúde Mental
pública brasileira, e da transformação de
Como fizemos
nossas pré-concepções - o único ponto de
partida possível para compreensão em Ga-
Para Gadamer (1997) mais do que
damer - em questões. Ao refletir a importân-
uma metodologia, a Hermenêutica é uma
cia das tradições, Gadamer (1997) nos alerta
postura filosófica. Um modo de construção
ao fato de que as tradições falam sempre em
de conhecimento que reconhece a historici-
múltiplas vozes, o que nos imporia o desa-
dade do pesquisador, e o destaque do objeto
fio de estarmos atentos às vozes mais fracas,
de estudo a partir da fusão de horizontes -
passado-presente - na busca pelas respostas silenciadas e apagadas na história (Onocko

a questões atuais, não compreendidas. Nes- Campos & Furtado, 2008). Não obstante

te perspectiva, o momento do destaque do mover-se por uma questão inicial, o retorno

objeto – sem recorrer ao habitual “recorte”, às tradições que se preocuparam com ques-

poderia possibilitar sua compreensão sem tões semelhantes deveria em nosso caso,
negar seu contexto de produção (Onocko portanto, considerar e fazer dialogar as pro-
Campos & Furtado, 2006), além de conter duções científicas atuais, construções de ou-
seu próprio princípio de aplicação. tros setores considerados “não científicos”,

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Surjus, L.; Campos, R.

e a experiência de quem cotidianamente se designadas para atendimento, nas regiões


envolve com a temática em questão. envolvidas no curso.
A pesquisa tomou como campo
os Municípios que dispõem de Centros de O que colhemos no caminho
Atenção Psicossocial tipo III (funciona-
mento 24 horas) no Estado de São Paulo. Cabe ressaltar a dificuldade em mo-
Ressalta-se que São Paulo é a unidade fede- bilizar os alunos do curso em se empenharem
rativa com o maior número de CAPS III no especialmente com atividade relacionada a
Brasil, o que consiste que o campo abarcou esta temática, numa postura inicial de estra-

mais de um terço dos serviços deste tipo no nhamento e distanciamento desta perspectiva

país. em sua prática. Entretanto, percebeu-se que a

O encontro proposto efetivou-se a estratégia da composição entre atividades de

partir da realização de um Curso de Avalia- dispersão, atualização teórica e análise parti-


cipativa, produziram uma primeira desterri-
ção de Serviços de Saúde Mental, sendo a
torialização nas certezas de que o tema não
Deficiência Intelectual um dos temas pro-
era questão para saúde mental.
postos para a problematização e construção
O mapeamento das instituições ex-
de indicadores de avaliação dos CAPS. A
plicita uma oferta de serviços composta em
revisão da literatura foi apresentada a partir
sua totalidade por instituições de caráter fi-
de exposição sobre o tema, posteriormente
lantrópico e pouco variada. Dos 43 serviços
colocada em diálogo com o compartilha-
identificados em 28 cidades, 25 são Asso-
mento de experiência entre os participantes
ciações de Pais e Amigos dos Excepcionais
a respeito da temática.
(APAE); duas outras associações semelhan-
Sendo um dos eixos priorizados no
tes, mas referentes ao Autismo e Síndrome
curso realizado, o tema da DI foi tratado a
de Down; seis são escolas especializadas;
partir da metodologia proposta, incluindo uma desenvolve exclusivamente ações para
atividade de imersão, que consistia na iden- inclusão no mercado formal de trabalho. As
tificação da rede de atenção às PCDI na re- demais se referem à acolhimento institucio-
gião de abrangência dos serviços, a visita- nal ou instituições de longa permanência,
ção de uma das instituições e a realização como no caso da única instituição pública
de análise crítica sobre a inserção de PCDI presente no presente mapeamento.
nos CAPS. Tal atividade produziu um ma- O compartilhamento dessa experiên-
peamento preliminar acerca das instituições cia de ida à campo, se deu a partir da análise

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coletiva e participativa dos achados, e evi- nando em comportamentos de agressividade


denciou a lacuna de diretrizes políticas para intensa e hipersexualidade.
o atendimento a esta população, gerando Muitas são as dificuldades descri-
um cenário fragmentado, de poucas articu- tas pelos profissionais no que se refere ao
lações e intercâmbios, bem como a ausência atendimento das PCDI nos CAPS. Não há

de serviços públicos. A questão dos proble- consenso sobre o entendimento deste ser-

mas de saúde mental foi por vezes apontada viço como referência para esta população,

como critério de exclusão ao acesso a algu- tendo em muitas situações o diagnóstico da

mas das instituições identificadas, e fator de DI como fator impeditivo ao reconhecimen-


to do adoecimento psíquico. Antes mesmo
inúmeras dúvidas em relação a sua inclusão
do acolhimento à demanda, é comum que a
nos serviços de saúde mental.
recepção dessa população nos CAPS se res-
A descrição dos casos que chegam
trinja aos esforços para identificar uma ins-
aos CAPS evidencia que muitas das PCDI
tituição especializada para onde encaminhar.
tem a internação em Hospitais Psiquiátricos
Entretanto, impera o consenso do risco imi-
como primeira oferta no campo da saúde
nente à institucionalização quando esta po-
mental, invertendo todo o histórico processo
pulação adentra os Hospitais Psiquiátricos.
da Reforma Psiquiátrica, onde a internação
O manejo adequado apresenta-se
é recurso último a ser acionado, e priorita-
como um desafio, reconhecendo certa limi-
riamente em Hospitais Gerais. Mais recen-
tação na compreensão para além das carac-
temente, alguns referenciamentos derivam
terísticas estereotipadas de uma pessoa com
de encaminhamentos a partir dos CAPS in-
DI, ou para além de sintomas. A sobreposi-
fantojuvenis.
ção dos diagnósticos parece encobrir quase
Quanto aos principais diagnósticos
que totalmente o sujeito que deveria/poderia
que levam ao encaminhamento aos CAPS, emergir.
são apontados quadros psicóticos e transtor- Fez-se presente nestas discussões
nos de personalidade, em sua maioria já em o fato de que muitos dos usuários que per-
uso de psicofármacos associados. Os profis- manecem no CAPS nos espaços de conví-
sionais relatam inúmeras situações de agra- vio, sem grandes investimentos para cons-
vamento como a falta total de suporte para trução de Projetos Terapêuticos Singulares
as famílias, a completa exclusão das possi- (PTS) (Brasil, 2008), são pessoas com DI.
bilidades de convívio social, recorrência de Não parece ser presente nos espaços de
abuso e alta vulnerabilidade social, culmi- discussão da equipe, esta problematização.

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Da mesma forma, a condição “dual” nais puderam reconhecer que as abordagens


parece produzir nos serviços estratégias junto às pessoas com DI aproximam-se dos
ora confusas, ora desresponsabilizadas: a pressupostos de uma clínica de domínio dos
disponibilidade de ambas as Redes, tanto mesmos, operando para produzir amplia-
para PCDI, quanto para as questões de SM, ção dos coeficientes de autonomia (Onocko
parece se fechar quando da ocorrência dos Campos & Campos, 2006), com vistas à in-
dois fenômenos simultaneamente. Entre as clusão social.
situações descritas, revela-se muitas vezes A discussão sistemática dos casos
o desligamento da instituição de referência
em reuniões multiprofissionais e interdis-
para pessoas com DI quando eclode o adoe-
ciplinares, a organização de equipes de
cimento psíquico.
referência, e o recurso do apoio matricial
Já nos CAPS – todos eles referência
especializado (Campos, 1999; Campos &
para população prioritariamente de adultos,
Domitti, 2007; Brasil, 2008) entre diferen-
mantém-se a expectativa de que a parceria
tes redes e a composição de Projetos Tera-
com as instituições para pessoas com DI re-
pêuticos Singulares intersetoriais, que com-
produzissem o já superado “ciclo fisiotera-
põem o desafio cotidiano nestes serviços, se
pia/terapia ocupacional/fonoaudiologia” ao
ressignificam na especificidade de cada um
longo de toda a vida, tecnologias que comu-
que ali se insere.
mente compõem as abordagens de estimu-
A própria função dos CAPS é con-
lação precoce, e posteriormente empregadas
vocada às discussões em sua concepção
diante de necessidades específicas.
de serviço articulador de redes de atenção
numa lógica substitutiva ao modelo asilar, e
Perspectivas
sua dificuldade na superação de tomar “ca-
sos” para si. Neste aspecto, a lacuna assis-
Inúmeras dúvidas puderam fazer
transitar as questões sobre o que o CAPS tencial de serviços de referência para DI,

poderia ofertar - entre as tecnologias dispo- como também a articulação frágil entre SM

níveis e as necessárias criações para corres- e serviços existentes aumenta a insegurança

ponder ao desconhecido, alcançando certa dos CAPS em fazer frente às demandas, in-

possibilidade de refletir sobre o que as pes- tegralmente e sem parceiros. Desta forma,
soas com DI poderiam oferecer para a cons- externa-se a preocupação de que o CAPS
trução de seus próprios PTS. Revisitando não reproduza cronificação, respondendo ao
as práticas psicossociais, muitos profissio- mandato social de encarcerar a diferença.

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Foram apresentadas por alguns ser- posições surgiram no sentido de promover


viços estratégias que são lançadas no sen- atenção especial para os casos de DI que
tido da aproximação para melhor qualifica- chegam aos serviços, cuidado e preven-
ção das necessidades e das respostas a elas. ção ao prejuízo cognitivo dos usuários dos
Grupos específicos para pessoas com DI CAPS, e a necessária articulação com a rede
nos CAPS, avaliações dos ganhos relacio- de atenção em DI.
nais a partir da inserção no serviço, o cui- De acordo com o caminho metodo-
dado às famílias e a problematização do que lógico proposto, faz-se necessário revisitar
se espera como melhora, tem efetivado um as questões que motivaram a produção deste
novo olhar, mais inclusivo, que reconhece artigo, concluindo provisoriamente algumas
demandas legítimas e intervenções efetivas. inquietações que, certamente produzem no-
Esta mudança de postura tem possibilitado, vas questões.
ao revés, começar a contar também com as Parece-nos neste momento mais se-
instituições para DI na composição de pro- guro afirmar que, embora persistindo mui-
jetos de egressos de Hospitais Psiquiátricos, tos entraves no processo de diagnóstico de
moradores dos SRT, prática anteriormente TM, as PCDI convivem com o acúmulo de
sequer considerada. fatores de risco ao desenvolvimento deste
A exemplo da Política Nacional de adoecimento. Todas as vozes tomadas pela
Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência, pesquisa parecem convergir para os limites
instituída pela Portaria GM/MS n.º 1060, de aos processos de inclusão das PCDI, agra-
5 de junho de 2002, que preconiza a promo- vados pela ocorrência de TM, o que se tra-
ção da qualidade de vida das pessoas porta- duz muitas vezes em pela negligência de
doras de deficiência e a assistência integral suporte dos serviços tanto da rede de apoio
à saúde, entre outros princípios, começam a pessoa com deficiência quanto da rede de
a ser descritas algumas experiências exito- saúde mental.
sas de atendimento de pessoas com DI nas No Brasil, embora coexistam políticas
Unidades Básicas de Saúde, e a potência dos públicas dos dois campos em questão, parece
Centros de Convivência ao se abrir para toda não ocorrer a problematização a respeito dos
a comunidade, em se constituir como uma problemas de saúde mental da população com
importante porta de acesso à saúde para po- DD em nenhuma delas, ainda que dois censos
pulações em situação de vulnerabilidade. de moradores de hospitais Psiquiátricos aler-
No tocante qualificação da assis- tam ao possível e silencioso destino (Gomes
tência às PCDI atendidas nos CAPS, pro- et al., 2002; Barros & Bichaff, 2008).

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Surjus, L.; Campos, R.

Cabe evidenciar, contudo, esforços Referências


recentes na organização do Sistema Único de
Saúde (SUS) a partir do estabelecimento de Barros, S. & Bichaff, R. (orgs.).
Redes de Atenção, normatizadas pelo decreto (2008) Desafios para a
presidencial 7508 de 2012, e reafirmadas no desinstitucionalização: censo
Plano Nacional de Saúde (2011 a 2014), que psicossocial dos moradores em
traz como desafio a ampliação do acesso e da hospitais psiquiátricos do Estado

qualidade da atenção em todo o SUS. Tam- de São Paulo/São Paulo: FUNDAP.

bém parece historicamente oportuna a pro- Secretaria da Saúde.

posição, dentre as redes priorizadas em sua Brasil. Lei 8.213 de 24 de julho de

implantação, a presença da Rede de Atenção 1991. Dispõe sobre os Planos de

Psicossocial (Brasil, 2011) e de Cuidados à Benefícios da Previdência Social e


dá outras providências. Disponível
Pessoa com Deficiência (Brasil, 2012).
em: <http://www.planalto.gov.br/
Reafirmamos, portanto, a necessi-
ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Data
dade de abertura de pontos de diálogo en-
de acesso: 04 de maio de 2013.
tre gestores e profissionais das Redes em
Brasil. Lei 10.048 de 8 de novembro de
questão, sensibilizando-as para a construção
2000. Dá prioridade de atendimento
de qualificação do acesso e da atenção às
às pessoas que especifica, e dá outras
PCDI, como também de ações preventivas.
providências. Disponível em: <http://
Silenciar essa problematização pode signi-
www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
ficar a ampliação da histórica segregação
l10048.htm>. Data de acesso: 04 de
como resposta primeira aos cenários de de-
maio de 2013.
sassistência e negligência.
Brasil. Ministério da Saúde. (2008)
Secretaria-Executiva. Núcleo
Nota Técnico da Política Nacional de
Humanização. Clínica ampliada,
1
 Incluem-se aqui os CAPS, os Serviços equipe de referência e projeto
Residenciais Terapêuticos, os Centros terapêutico singular. Brasília:
de Convivência e iniciativas de Geração Ministério da Saúde.
de Renda, os Núcleos de Apoio à Saúde Brasil. Portaria 3.088, de 23 de dezembro
da Família, Leitos de Saúde Mental em de 2011. Institui a Rede de Atenção
Hospital Geral, etc. Psicossocial para pessoas com

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sofrimento ou transtorno mental em: <http://www.mds.gov.br/


e com necessidades decorrentes assistenciasocial/protecaobasica/
do uso de crack, álcool e outras cras/documentos/Tipificacao%20
drogas, no âmbito do Sistema Único Nacional%20de%20Servicos%20
de Saúde. Disponível em: <http:// Socioassistenciais.pdf>. Data de
www.brasilsus.com.br/legislacoes/ acesso: 04 de maio de 2013.
gm/111276-3088.html>. Data de Cooper, S et al. (2007) Mental ill-health in
acesso: 04 de maio de 2013. adults with intellectual disabilities:
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Participativa de serviços de saúde mental, tendo
semânticas na inclusão de pessoas:
como temática do Doutorado a interface entre o
Deficiência mental ou intelectual?
campo da saúde mental e deficiência intelectual.
Doença mental ou transtorno mental? Atualmente Coordena o processo de reorienta-
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Estadual de Campinas (1998), doutorado em
Políticas: o olhar dos usuários
Saúde Coletiva pela Universidade Estadual
sobre os CAPS de Campinas. 133p.
de Campinas (2001) e livre-docência pela
Dissertação (mestrado em Saúde
Universidade Estadual de Campinas (2013).
Coletiva). Universidade Estadual de
Desde 2004 é professor RDIDP da Univer-
Campinas.
sidade Estadual de Campinas e coordena o
Who World Health Organization. (2001)
Programa de Pós-graduação em Saúde Cole-
Internacional Classification of
tiva da Faculdade de Ciências Médicas. Tem
functioning, disability and health:
experiência na área de Saúde Coletiva, com
ICF. World Health Organization.
ênfase nos seguintes temas: saúde coletiva,
gestão e subjetividade, saúde mental, plane-
Luciana Togni de Lima e Silva Surjus: jamento em saúde e políticas públicas, ava-
Doutoranda em Saúde Coletiva pela UNICAMP.
liação de políticas e serviços. Foi assessor
Mestre em Saúde Coletiva pela e UNICAMP
da Política Nacional de Humanização em
(2005). Especialista em Saúde Pública pela
seus primórdios e da Coordenação Nacional
UNICAMP (2002). Graduada em Terapia Ocu-
de Saúde Mental/MS. Participa ativamen-
pacional pela PUCCampinas (1999). Tem expe-
riência clínica, de gestão e supervisão na área de te da formação de médicos e é Supervisora
Saúde Coletiva, com ênfase em Saúde Mental e dos Programas de Aprimoramento em Saúde
Deficiência Intelectual. Integrante do Grupo de Mental e em Planejamento e administração

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Surjus, L.; Campos, R.

de serviços de saúde, desde 1998. Coorde- Université et Communauté ARUC no Brasil


na o grupo de pesquisa Saúde Coletiva e (financiamento IDRC). Além disso, é orien-
saúde mental: Interfaces desde 2003. É res- tadora de mestrado e doutorado. Bolsista PQ
ponsável pela &quot;Pesquisa Avaliativa de 1C do CNPq.
Saúde Mental: indicadores para avaliação e E-mail: rosanaoc@mpc.com.br
monitoramento dos CAPS III do estado de
São Paulo&quot; (finanaciamento FAPESP)
Recebido em: 11/10/2013 – Aceito em: 11/10/2013
e coordena o projeto Alliance de Recherche

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