São
Paulo: Companhia das Letras, 1988. Capítulo 6: “Trabalhadores no canavial, trabalhadores no
engenho” (pp.122-143)
Em sua maioria, os alojamentos dedicados aos escravos eram as estruturas mais baratas
do engenho: “as senzalas geralmente consistiam de cabanas separadas, de paredes de
barro e telhado de sapé, ou, mais caracteristicamente, de construções enfileiradas
divididas em compartimentos, cada um ocupado por uma família ou unidade residencial”.
Em alguns engenhos, os alojamentos eram mais sólidos, como, por exemplo, no Engenho
de Baixo, em Santo Amaro, cujo proprietário era João Lopes Fiuza, que “possuía uma
senzala construída sobre pilares de tijolo com telhado de telhas, e uma outra de tipo de
construção alongada, com quinze unidade”.
As roupas que os escravos usavam eram modestas. As pinturas feitas por artistas
holandeses, como Frans Post, retratam “os homens normalmente usavam ceroulas que
lhes cobriam até abaixo do joelho, andavam sem camisa e envolviam a testa com um
lenço ou uma faixa. As mulheres tinham trajes mais completos, com saia, anágua, blusa e
corpete, mas tal vestuário pode ter sido usado apenas na hora da venda das cativas e não
no trabalho no campo”.
“Em geral dava-se aos escravos o ‘pano da serra’, um tecido grosseiro de fio cru”. Apesar
de que em alguns engenhos, um pano de melhor qualidade era distribuído.
A partir do século XIX, percebe-se que o vestuário está ligado com a posição social do
escravo dentro do sistema de engenho. Aquele que fazia serviços doméstico era mais bem
vestido que o trabalhador do campo.
Schwartz defende a tese de que os escravos não recebiam alimentação adequada. Ele
apresenta os seguintes argumentos para sustentar sua tese: “Em 1604, afirmava-se que
os escravos dos engenhos passavam fome. Em 1606, a Coroa ordenou aos senhores que
dessem comida suficiente aos seus cativos. [...] Em 1829, Jacques Guinebaud, cônsul
francês em Salvador, admitiu que os cativos não tinham um sustento apropriado. João
Imbet salientava que os escravos recebiam alimentação insuficiente e tão grosseira que
lhes acarretava muitos problemas estomacais”.
Havia três métodos de obtenção de alimento:
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AULA DIA 07 DE MAIO DE 2018 – ANOTAÇÕES
Ainda no século XVI, a utilização da mão de obra dos “negros da terra” era maior que a de
“negros da guiné”. O escravismo indígena se faz presente até metade do século XIX. Acontece
nas lavouras de açúcar uma mudança: ainda há trabalhadores indígenas, mas que
desempenham outras funções de defesa, controle de outros grupos, produzindo alimentos...
Em algumas regiões, como, por exemplo, no Norte, o indígena, até meados do século XVIII,
continua sendo o principal trabalhador - sendo escravo ou sujeito a outras formas de trabalho
compulsório. Por uma série de fatores, ficou cada vez mais difícil conseguir indígenas para o
trabalho compulsório. Claro que isso dependerá da região e do tipo de produção de cada
região.
O escravo africano era um trabalhador mais fácil de controlar por ter sido retirado de sua
origem. Do grupo dele, o africano que chega aqui pode ser visto como o mais forte visto tudo o
que ele passou até chegar a colônia (guerras em seu território nativo, uma viagem terrível). Ele
é mais resistente às doenças que matavam os indígenas ou, até mesmo, aos Europeus.