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Questões sobre líquidos criogênicos

Emanuel Brito dos Santos - 9773301

1) Diferencie hélio 4 (He4) de hélio 3 (He3), dos pontos de vista físico,


químico, quântico e estrutural.
2) Descreva o fenômeno da Superfluidez dos pontos de vista físico, químico e
quântico.
3) Explique a transição superfluida no hélio 4 e no hélio 3.
4) Encontre explicações para os fenômenos que acontecem com a
viscosidade, o calor específico e a densidade do hélio 4 em função da temperatura.
5) Explique o funcionamento de um “Refrigerador de diluição” de hélio.
Explique o fenômeno físico e a termodinâmica do processo.

Solução

1) O atomo de helio 4 tem 2 elétrons ao redor do núcleo composto de 2 prótons e 2


nêutrons, já o hélio 3 tem a deficiência de um nêutron comparado ao hélio 4. O hélio
4 é muito mais abundante na natureza comparado com o seu isótopo. É possível ver
na tabela 1 as diferença entre suas propriedades físicas.

Tabela 1- Comparação das propriedades físicas do Hélio 3 e 4


Propriedades Físicas Hélio 4 Hélio 3

Temperatura de liquefação (K) 4,224 3,19

Densidade do líquido (Kg/m³) 124,96 59

Entalpia de vaporização (kJ/kg) 20,3 8,5

Transição superfluida (K) 2,17 0,00255


Fonte: Van Sciver; Steven W., Helium Cryogenics.

O fato de ocorrerem diversos tipos de fenômenos no hélio como superfluidez


e a solidificação em pressões incrivelmente altas nos faz ter que repensar o
tratamento clássico e começar a tratá-lo quanticamente. Esse argumento é validado
utilizando o comprimento de onda típico de de broglie, vemos que o hélio líquido
habita numa faixa onde o comprimento de onda é maior que o tamanho
característico do sistema, sendo necessário um tratamento quântico. Utilizando a
discretização dos níveis de energia obtidos da solução da equação de Schrodinger
e colocando em uma função partição, fazendo uma estatística de Bose-Einstein
para o Hélio 4 ou de Fermi-Dirac para o Hélio 3, é possível realmente entender os
comportamento anômalos desses material.
2) A superfluidez é o fenômeno onde a viscosidade do fluido vai para zero,
tendo o rotacional do campo de velocidades igual a zero. Esse fenômeno foi
teorizado inicialmente por Tisza, com o modelo de 2 fluidos, no qual diz que o fluido
tem duas componentes, umas de um fluido comum e outra de um superfluido e
posteriormente por Landau com a teoria de excitação, que leva em conta a
excitação fonônica e rotônica.O modelo do Tisza conseguia explicar a razão entre
as fases normais e a superfluidas, já a teoria do Landau teve êxito em explicar a
entropia e o calor específico.

3) A transição superfluida do Hélio 4 e a composição da mistura do hélio 3 e


4 podem ser vistas nos diagramas de fase das figuras 1 e 2. Como dito antes, essas
transições são previstas com a condensação de Bose-Einstein no Hélio 4 e a teoria
BCS, a mesma dos supercondutores de tipo 1. Essa transição é marcada pelo T​𝜆
que caracteriza essa e várias outras descontinuidades das propriedades físicas do
hélio.

Figura 1- Diagrama de fase do Hélio 4

Fonte: Van Sciver; Steven W., Helium Cryogenics

Figura 2- Diagrama de fase da mistura do Hélio 4 e 3

Fonte: Van Sciver; Steven W., Helium Cryogenics


4) Assim como dito nos itens anteriores, esses fenômenos abordados podem
ser explicados com a mecânica quântica e as teorias envolvidas com ela. É possível
ver que T​𝜆​, ponto que evidencia a superfluidez, é a temperatura que marca todas as
descontinuidades dessas propriedades físicas. Os gráficos mostrados nas figuras
3,4 e 5 mostram como essas propriedades variam com a temperatura.

Figura 3- Calor específico com a temperatura do Hélio 4

Fonte: Material disponibilizado na aula

Figura 3- Viscosidade com a temperatura do Hélio 4

Fonte: Material disponibilizado na aula

Figura 3- Densidade com a temperatura do Hélio 4


Fonte: Material disponibilizado na aula
5) O refrigerador de diluição é uma das formas de chegar a
temperaturas na ordem de milikelvin. Esse processo consiste basicamente na
mistura de hélio 3 e 4, e como hélio 3 é menos denso que o 4, ele fica na
superfície e com a evaporação, a entropia aumenta e o calor é absorvido,
esfriando o hélio 4 que está por baixo. É possível ver o esquema desse
refrigerador na figura 4.

Figura 4- Esquema de um refrigerador de diluição

Fonte: Van Sciver; Steven W.,Cryogenic Process Engineering

O efeito do refrigerador pode ser determinado pelo balanço de energia


na câmara, no qual n é o fluxo molar do hélio 3, e h são as entalpias de
entrada e saída da câmara (1):

dQ
dt = n (h​out​-h​in​) (1)

Abaixo de 40 mK, as entalpias de entrada e saída podem ser


aproximadas respectivamente a 12T² e 94T² em joules/mol.

Bibliografia:
- Notas de aula
- Timmerhaus, Klaus D.,Cryogenic process engineering
- Van Sciver; Steven W., Helium Cryogenics

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