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DOS ERROS E DA VERDADE

OU OS HOMENS CONVOCADOS NOVAMENTE AO


PRINCÍPIO UNIVERSAL DA CIÊNCIA
DOS ERROS E DA VERDADE

OU OS HOMENS CONVOCADOS NOVAMENTE AO


PRINCÍPIO UNIVERSAL DA CIÊNCIA

Obra na qual, fazendo-se notar aos Observadores a incerteza de suas


Pesquisas, e seu contínuo Desprezo, indica-se-lhes a via que deveriam
seguir para adquirir a prova física sobre a Origem do Bem e do Mal,
sobre o Homem, sobre a Natureza Material, a Natureza Imaterial, e a
Natureza Sagrada, sobre a base dos Governos políticos, sobre a
Autoridade dos Soberanos, sobre a Justiça Civil e Criminal, sobre as
Ciências, as Línguas e as Artes.

Por um Fil::: Desc:::

Edição Edimbugo
1775.
DOS ERROS E DA VERDADE

OU OS HOMENS CONVOCADOS NOVAMENTE AO


PRINCÍPIO UNIVERSAL DA CIÊNCIA

NOTAS DO TRADUTOR

A presente parte da Obra “Dos Erros e da Verdade” de Louis-


Claude de Saint-Martin foi traduzida a partir de uma cópia eletrônica
que tenho em minhas mãos do original em francês datado de 1775 de
Endimburgo, ano e local do primeiro lançamento desta obra. Inclusive,
encontra-se no francês da época, isto é, francês do século XVIII.

Para realizar esta tradução com sucesso, contei com um


dicionário editado pela Academia Francesa de Letras também no mesmo
século, pois o entendimento de muitas das palavras empregadas na
época tinham que ser entendidas dentro daquele contexto cultural e
social.

Como se trata de uma obra de mais de 550 páginas, optei por


publicá-las por parte à medida que faço as revisões das páginas já
traduzidas e reunindo-as por grupos de assunto para construir uma
lógica perfeita na mente do leitor interessado.

Como toda e qualquer obra de cunho filosófico, ela não pode ser
lida apenas uma vez, mas várias vezes. E, cada leitura, novos
entendimentos surgirão e partes mal compreendidas com apenas uma
leitura se tornam fáceis com a repetição da leitura. No início, as ideias
parecem confusas e meio que um jogo de palavras perdidas que não
fazem muito sentido, porém, à medida que o leitor atento avança, as
ideias vão se delineando e todo o conjunto do pensamento do Teósofo de
Amboise passa a fazer mais sentido.

As partes sublinhadas e em itálico são grifos meus para chamar a


atenção do Martinista sincero para alguns pontos essenciais à essência
da Doutrina do Filósofo Desconhecido, muito pouco difundidas nas
ditas Ordens Martinistas.

Destaquei também em especial a palavra “Vontade”, dada não


somente à frequência, insistência, brilhantismo e propriedade com que
Saint-Martin a emprega em sua obra, e também por ter sido criticado
em um artigo por um “martinista” que comentou ser meus artigos de
caráter thelemita e nada ligado ao Martinismo por ter empregado essa
mesma palavra, além disso atribuiu à Thelema um sinônimo de Magia
Negra: quanta ignorância! Com essa crítica – bastante útil por sinal, dei-
me conta de quão ignorantes são os que ostentam o título de
Martinistas e o quão pouco ou quase nada conhecem do pensamento,
da filosofia e da vida de Saint-Martin, a não ser por frases soltas,
citações e alguns dados históricos, bastantes destorcidos e
tendenciosos, aliás, para satisfazer os interesses daqueles dirigentes e
iniciadores que são mais ignorantes ainda do que aqueles que eles
instruem e que os seguem. Assim, nasceu a determinação de realizar
essas traduções que conta também com o auxílio e a inspiração das
Potências e Inteligências Invisíveis que me amparam. Foi o que fez e faz
chegar às minhas mãos, pelas vias mais inesperadas, uma gigantesca
quantidade de materiais de alta qualidade que versam sobre o
Martinismo em toda a sua integridade.

Confesso que é muito estranho ver um “martinista” apavorado,


medroso, inseguro, cheio de preconceitos, vendo diabos e demônios a
cada canto, quando o Martinismo em si não se ocupa de tais sandices,
mas foca na MÍSTICA da Iniciação Interior como caminho de
transformação e Reconciliação do homem com sua essência, pois como
nos esclarece o próprio Saint-Martin quando explica a verdadeira origem
do Mal: “É com suas próprias mãos que o homem coloca a venda sobre
os olhos”.

Para diminuir a violenta ignorância que predomina nos cenáculos


que se dizem “martinistas”, resolvi empreender as traduções necessárias
de todas as obras de Saint-Martin para que, se estes continuarem a
persistir na ignorância, nunca poderão alegar a falta de acesso à
informação de qualidade, mas à sua própria incompetência como
iniciado ou iniciador.

Junto com a presente tradução, anexei a cópia do original em


francês de 1775 para fins de leitura e tradução comparada, de modo a
dirimir quaisquer dúvidas sobre a autenticidade deste trabalho.

A presente obra, assim como sua tradução são de domínio público


e não pertencem a nenhum dos donos e proprietários da Verdade, que
se agigantam em seus falsos apostolados. Por isso, são concedidas livre
e abertamente a todos os interessados.

“Agradeço ao V:: M:: Martinez de Pasqually e ao V::: M:::


Louis-Claude de Saint-Martin por suas constantes e
diárias inspirações e amparo em todos os trabalhos que
visam dirimir dúvidas e afastar o gigante fantasma da
ignorância que paira sobre o Martinismo Moderno”.

Todo seu na Luz do Soberano Colégio dos Magos Praticantes


Charles Lucien de Lièvre
Biblioteca Martinista Universal

INTRODUÇÃO

A obra que ofereço aos homens não é uma coletânea de


conjecturas, não é um sistema que eu lhes apresento, creio lhes fazer
um dom mais útil. Não é também a própria Ciência que venho lhes
trazer: sei muito bem que não é do homem que o homem deve esperá-la.
É somente um raio de sua própria chama que reanimo diante deles, a
fim de que os esclareça sobre as falsas ideias que lhes foram dadas da
Verdade, da mesma forma que sobre as armas fracas e perigosas que
mãos mal seguras empregaram para defendê-las.

Fui vivamente afetado, confesso, ao lançar os olhos sobre o estado


atual da Ciência, vi o quanto os enganos a desfiguraram, vi o véu
hediondo com a qual a cobriram e, para o interesse de meus
semelhantes, acreditei que era meu dever arrancá-lo.

Sem dúvida que para uma tal empresa, é-me necessário mais do
que recursos ordinários. Porém, sem explicar-me sobre quais emprego,
bastará dizer que eles têm a mesma natureza do homem, que eles
sempre foram conhecidos por alguns dentre eles desde a origem das
coisas, e que eles nunca serão retirados totalmente de cima da Terra,
enquanto houver Seres Pensantes.

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É daí de onde retirei a evidência e a convicção das verdades cuja


busca ocupa todo o Universo.

Após esta confissão, se me acusassem ainda de ensinar uma


Doutrina Desconhecida, não se poderia sequer supor ser eu o autor
dela, uma vez que ela se atém à natureza dos homens, não somente ela
não vem de mim, mas me foi impossível estabelecer dela solidamente
alguma outra.

E realmente, se o Leitor não se pronunciar sobre a Obra antes de


tê-la percebido no conjunto e na ligação. Se ele se der o tempo de sentir
o peso e o encadeamento dos princípios que lhe exponho, convir-se-á
que eles são a verdadeira chave de todas as Alegorias e Fábulas
Misteriosas de todos os Povos, a fonte primeira de todas as espécies de
Instituições, o próprio modelo das Leis que regem o Universo e que
constituem todos os Seres, isto é, que servem de base a tudo o que
existe e a tudo o que se opera, seja no homem e pela mão do homem,
seja fora do homem e independentemente de sua vontade e que, por
conseguinte, fora desses Princípios não se pode ter deles a verdadeira
Ciência.

Disso ele conhecerá mais facilmente ainda porque se vê entre os


homens uma variedade universal de Dogmas e Sistemas; porque
percebe-se essa multitude inumerável de Seitas Filosóficas, Políticas e
Religiosas, das quais cada uma delas está muito pouco de acordo

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consigo mesma do que com todas as outras Seitas. Porque, apesar dos
esforços que fazem os Chefes dessas diferentes Seitas todos os dias para
se formar uma Doutrina estável sobre os pontos mais importantes, e
para conciliar as opiniões particulares, eles não conseguem nunca
chegar a isso. Porque não oferecendo nada de fixo a seus Discípulos,
não somente eles não os persuadem, mas os expõem mesmo a desafiar
qualquer Ciência, por ter apenas conhecido imaginações e vícios.
Porque, enfim, os Instituidores e Observadores mostram sem cessar ao
descoberto que eles não possuem nem regra, nem a prova da verdade. O
Leitor concluirá, digo eu, que se os princípios dos quais eu trato são o
único fundamento da verdade é por tê-los esquecido, que todos esses
erros devoram a Terra e que, assim, é preciso que se os tenha
geralmente desconhecido, uma vez que a ignorância e a incerteza sejam
neles universais.

Tais são os objetos que o homem que busca conhecer poderá


encontrar aqui para se fazer ideias mais sãs e mais conformes à
natureza do germe que ele carrega em si mesmo.

No entanto, ainda que a Luz seja feita para todos os olhos, é mais
certo que nem todos os olhos sejam feitos para resistir ao seu esplendor .
É por isso que o pequeno número de homens depositários das verdades
que anuncio está voltado à prudência e à discrição pelos engajamentos
mais formais.

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Também prometi a mim mesmo de usar muita reserva neste


escrito, e de me envolver por um véu que os olhos menos ordinários não
poderão sempre penetrar, porquanto eu fale algumas vezes de qualquer
outra coisa que não seja o que pareço tratar aqui.

Pela mesma razão, ainda que eu conseguisse sob o mesmo ponto


de vista um número considerável de assuntos diferentes, apenas
mostrei o esboço de um vasto quadro que podia oferecer. No entanto,
digo sobre isso bastante para dar o que pensar ao maior número, sem
excetuar aqueles que fazem dele a Ciência, e que regozijam da mais alta
celebridade.

Porém, tendo somente por objetivo o bem do homem em geral e,


sobretudo, não querendo fazer nascer a discórdia entre os indivíduos,
não ataco diretamente nem nenhum dos Dogmas recebidos, nem
nenhuma das Instituições Políticas estabelecidas. E mesmo em minhas
observações sobre as Ciências e sobre os diferentes Sistemas, proibi-me
de tudo o que poderia ter a menor relação com objetos particulares.

Além disso, preferi não empregar nenhuma citação porque,


primeiramente, frequento pouco as Bibliotecas e os livros que consulto
não se encontram nelas. Em segundo lugar, verdades que repousam
somente sobre testemunhos não seriam mais verdades.

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A propósito, penso em expor aqui a ordem e o plano desta Obra.


Ver-se-á primeiramente algumas observações sobre o Bem e o Mal,
porque os Sistemas Modernos confundiram um com o outro, e foram
forçados por isso a negar-lhes a diferença. Um olhar lançado
rapidamente sobre o homem esclarecerá plenamente esta dificuldade e
demonstrará por que ele ainda se encontra na mais profunda
ignorância, não somente sobre o que o cerca, mas muito mais ainda
sobre sua própria natureza. As distinções que se encontram entre suas
faculdades se confirmarão por si mesmas o que faremos observar
mesmo entre as faculdades dos Seres inferiores; por aí demonstraremos
a universalidade de uma dupla lei em tudo o que está submetido ao
tempo. A necessidade de uma terceira lei temporal será ainda mais
claramente provada, fazendo-se ver que a dupla lei está absolutamente
em sua dependência.

Os enganos que foram feitos sobre todos esses assuntos


desvelarão claramente a causa da obscuridade, da variedade e da
incerteza que se mostram em todas as obras dos homens, da mesma
maneira que em todas as Instituições tanto civis quanto sagradas, às
quais eles se encadearam, o que ensinará qual deve ser a verdadeira
fonte da Potência Soberana entre eles, e a de todos os direitos que
constituem seus diferentes estabelecimentos. Faremos as mesmas
aplicações sobre os princípios recebidos nas altas Ciências e,
principalmente, na Matemática, na qual a origem e a verdadeira causa
dos erros parecerão com evidência.

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Enfim, recordaremos ao homem o dos atributos naturais que o


distingue melhor dos outros Seres e que é a forma mais adequada para
aproximá-lo de todos os conhecimentos que convêm à sua natureza.
Todos esses assuntos estão encerrados em sete divisões, as quais
apesar de repousar todos sobre a mesma base, oferecem, entretanto,
cada um deles um assunto diferente.

Se alguns fizerem o esforço de admitir os princípios que acabo de


fazer recordar os homens, como seus empecilhos virão apenas de que
eles seguiram seu próprio senso e não o da Obra, eles não devem
esperar de mim outras explicações, porquanto para eles, elas seriam
mais claras do que a própria Obra.

Perceber-se-á facilmente, ao ler essas reflexões, que me apeguei


pouco à forma, e que negligenciei as vantagens da dicção. Porém, se o
Leitor for de boa fé, ele convirá que me esforcei até demais, pois meu
assunto não tinha tanta necessidade assim.

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CAPÍTULO I

DA ORIGEM DOS ERROS

É um espetáculo muito conflitante, quando se quer contemplar o


homem, de vê-lo às vezes atormentado pele desejo de conhecer, não
enxergando as razões de nada e, no entanto, tendo a audácia e a
temeridade de querer entregar-se a tudo. Em vez de considerar as trevas
que o cercam, e de começar a sondá-la em profundidade; ele avança,
não somente como se estivesse seguro em dissipá-las, mas ainda como
se não existissem obstáculos entre a Ciência e ele; esforçando-se
mesmo, desde o início, para criar uma Verdade, ele ousa colocá-la em
lugar daquela que deveria respeitar em silêncio, e sobre aquela que não
tem, hoje, outro direito que o de desejar e esperá-la.

E de fato, se está absolutamente separado da Luz, como poderia


ele sozinho acender a chama que deve lhe servir de guia? Como poderia
ele, com suas próprias faculdades, produzir uma ciência que retire
todas as suas dúvidas? Esses luares e essas aparências de realidade
que acredita descobrir nos prestígios de sua imaginação não
desapareceriam ao mais simples exame? E após ter criado fantasmas
sem vida e sem consistência, não se vê ele forçado a substituí-las por
novas ilusões, que logo após apresentam a mesma natureza, e o deixam
mergulhado nas mais terríveis incertezas?

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Feliz, pelo menos, se sua fraqueza fosse a única causa de seus


enganos! Sua situação seria bem menos deplorável, uma vez que não
podendo, por sua natureza, encontrar repouso a não ser na verdade, por
mais que as provas fossem dolorosas, mais elas serviriam a trazê-lo de
volta ao único objetivo concebido para ele.

Entretanto, esses erros tiram ainda sua origem da vontade


desregrada; vê-se que, longe de empregar em sua vantagem o pouco de
forças que lhe restam, ele se dirige quase sempre contra a Lei de seu
Ser: vê-se, digo eu que, longe de ser retido por esta obscuridade que o
cerca, é com sua própria mão que ele coloca a venda sobre os olhos .
Então, sem entrever a menor clareza, o desespero e o pavor o arrastam,
e assim se atira por senderos que o afastam para sempre da verdadeira
via.

É por consequência dessa mistura de fraquezas e imprudências


que se perpetua a ignorância do homem; tal é a fonte de suas
inconsequências contínuas; de modo que, consumindo seus dias em
esforços inúteis e vãos, não é de se admirar que esses trabalhos não
produzam fruto algum, ou só deixem atrás dele amarguras.

No entanto, quando me lembro aqui dos desvios e das andanças


inconsideradas de meus semelhantes, estou muito distante de querer
depreciá-los aos seus próprios olhos, o mais ardente de meus votos é
que, ao contrário, bastaria que nunca perdessem de vista a grandeza da
qual são suscetíveis. Que eu possa, pelo menos, contribuir para isso,

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tentando dissipar diante deles as dificuldades que os detêm, exortando


neles a coragem e mostrando-lhes a via que conduz à realização de seus
desejos!

Ao primeiro golpe de vista que o homem lançar sobre si mesmo, ele


não se arrependerá, e confessar que ele deve ter aí para ele uma Ciência
ou uma Lei evidente, uma vez que existe uma para todos os seres, ainda
que ela não esteja universalmente em todos os Seres e até mesmo no
meio de nossas fraquezas, de nossa ignorância e de nossos enganos,
apenas nos ocupemos em procurar a paz e a luz.

DA VERDADE

Então, apesar dos esforços que o homem faça diariamente para


atingir a meta de suas pesquisas, obtenha sucessos bem raros, não
deve-se crer por isso que sua meta seja imaginária, mas somente que o
homem se engane sobre a via que o conduz, e que ele se encontra, por
conseguinte, na maior das privações, uma vez que desconhece o próprio
caminho pelo qual deve percorrer.

Pode-se então convir desde o presente instante que a infelicidade


atual do homem não é por ignorar que exista uma verdade, mas de
enganar-se sobre a natureza desta verdade; os mesmos que
pretenderam negá-la ou destruí-la, nunca acreditaram conseguir isso
sem possuir uma outra verdade para substituí-la. E, de fato, revestiram
suas opiniões quiméricas com a força, com a imutabilidade, com a

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universalidade; em uma palavra, de todas as propriedades de um Ser


real e existente por si mesmo; de modo que eles sentiam que uma
Verdade não saberia ser tal sem existir essencialmente, sem ser
invariável e absolutamente independente, como tirando somente dela
mesma a fonte de sua existência, uma vez que, se ela tivesse recebido de
um outro Princípio, este poderia submergi-la novamente no nada ou na
inação da qual a teria extraído.

DO BEM E DO MAL

Assim, aqueles que combateram a verdade, provaram por seus


próprios sistemas que possuíam a ideia indestrutível de uma Verdade.
Repitamos, pois, o que tormenta neste mundo a maior parte dos
homens é muito menos saber se existe uma Verdade, do que saber qual
é esta Verdade.

Mas o que perturba este sentimento no homem e obscurece tão


frequentemente nele os mais vivos raios desta luz, é a mistura contínua
do Bem e do Mal, da claridade e das trevas, da harmonia e das
desordens que ele enxerga no Universo e em si mesmo. Este contraste
universal o inquieta e espalha em suas ideias uma confusão que fica
difícil para ele de dissipar.

Afligido, ao mesmo tempo que surpreso, por uma estranha junção,


se ele tenta explicá-la, abandona-se às opiniões mais funestas, de
maneira que tão logo cesse de sentir essa mesma Verdade, ele perde a

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total confiança que depositava nela. O maior de todos os serviços que se


possa render-lhe na situação penível em que se encontra seria, pois, de
persuadi-lo de que ele é capaz de conhecer a fonte e a origem desta
desordem que o perturba e, principalmente, de impedi-lo de nada
concluir contra essa Verdade que ele declara, que ele ama, e da qual ele
não pode ficar sem.

DO PRINCÍPIO DO QUE É BOM E DO QUE É RUIM

Uma coisa é certa que, considerando as revoluções e


contrariedades que experimentam todos os Seres da Natureza, os
homens tiveram que admitir que ela estava sujeita às influências do
Bem e do Mal, o que os levava a reconhecer a existência de dois
Princípios opostos. Nada, de fato, existe de mais sábio do que esta
constatação, e nada mais justo do que as consequências que deles
foram tiradas. Por que não foram tão felizes assim quando tentaram
explicar a natureza desses dois princípios? Por que deram à sua ciência
uma base tão estreita que os força a destruir um ao outro a todo
instante os sistemas que querem apoiar?

É que, após ter negligenciado os verdadeiros meios que


dispunham para instruir-se, foram muito irrefletidos para pronunciar-se
por si mesmos sobre este objeto sagrado, como se, longe do abrigo da
luz, o homem poderia sentir-se seguro de seus julgamentos. Igualmente,
após ter admitido os dois Princípios, não souberam reconhecer a
diferença.

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Ora, conferiram-lhe uma igualdade de força e da antiguidade os


tornaram rivais um do outro, colocando-os no mesmo nível de poder e
grandeza.

Ora, para a verdade, anunciaram o Mal como sendo inferior ao


bem em todos os gêneros; porém se contradisseram quando quiseram
estender-se sobre a natureza do Mal e sobre sua origem. Ora, não
hesitaram em colocar o Bem e o Mal em um único e mesmo princípio,
crendo honrar este Princípio atribuindo-lhe uma potência exclusiva que
o torna autor de todas as coisas sem exceção, ou seja, com isso esse
Princípio se encontra às vezes pai e tirano, destruindo-o à medida que o
cria, ruim e injusto por força de sua grandeza, e tendo, por conseguinte,
que punir a si mesmo para a manutenção de sua justiça.

Por fim, cansado de flutuar em suas incertezas, sem poder


encontrar uma ideia sólida, alguns tomaram o partido de negar um e
outro Princípio; esforçaram-se em acreditar que tudo funcionava sem
ordem e sem lei, e não podendo explicar o que era o Bem e o Mal,
disseram que não existia nem Bem nem Mal.

FALSA DOUTRINA DOS DOIS PRINCÍPIOS

Quando, sobre esta asserção, perguntaram-lhes qual era, então, a


origem de todos esses preceitos universalmente disseminados sobre a

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terra, desta voz interior e uniforme que força, por assim dizer, todos os
povos a adotar e que mesmo no meio de suas aberrações, faz sentir ao
homem que ele possui um destino bem superior aos objetos com os
quais se ocupa; ao passo que esses observadores continuam a cegar-se,
trataram por hábitos os sentimentos mais naturais; atribuíram à
organização e às leis mecânicas o pensamento e todas as faculdades do
homem; daí pretenderam que, em razão de suas fraquezas, os grandes
eventos físicos tinham, em todos os tempos, produzido nele todo o temor
e o pavor; experimentando sobre sua débil individualidade à
superioridade de elementos e Seres dos quais ele está cercado, tinha
imaginado que uma certa potência indefinida governava e agitava, à
revelia, a Natureza; de onde ele tirou uma sequência de princípios
quiméricos de subordinação e ordem, punições e recompensas, que a
educação e o exemplo haviam perpetuado, mas com diferenças
consideráveis, relativas às circunstâncias e ao clima.

Tomando, em sequência, por prova a variedade contínua dos usos


e dos costumes arbitrários dos povos, a má-fé e a rivalidade dos
Instituidores, assim como o combate das opiniões humanas, fruto da
dúvida e da ignorância, ficou fácil para eles demonstrar que o homem
somente encontrava, ao redor de si, incertezas e contradições, das quais
se acreditaram autorizados a afirmar novamente que não há nada de
verdade, o que significa que nada existe essencialmente; uma vez que,
consoante com o que já foi exposto, a existência e a verdade são uma
única e mesma coisa.

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 19


Biblioteca Martinista Universal

Eis, no entanto, os meios que estes Mestres imprudentes


empregaram para anunciar sua doutrina e para justificá-la; eis as fontes
envenenadas que das quais escorreram sobre a terra todos os fluxos que
afligem o homem, e que o tormentam mais do que suas mazelas
naturais.

Quantos erros e sofrimentos nos teriam sido poupados se, longe


de procurar a verdade nas aparências da natureza material, fossem
determinados a descer em si mesmos; que quisessem explicar as coisas
pelo homem e não o homem pelas coisas e que, armados de coragem e
paciência, tivessem perseguido na calma de sua imaginação, a
descoberta desta luz que todos desejamos com tanto ardor. Talvez não
tenha estado em seu poder a capacidade de fixá-la ao primeiro golpe de
vista; mas abatidos pela claridade que o cerca, e empregando todas as
suas faculdades para contemplá-la, não vislumbraram antecipadamente
sobre sua natureza, nem querer fazê-la conhecer a seus semelhantes,
antes de ter tomado seus raios por guias.

Quando o homem, após ter resistido corajosamente, chega a


superar tudo o que repugna seu ser, ele se encontra em paz consigo
mesmo, e a partir daí o é com toda a natureza. Mas se, por negligência,
ou cansado de combater, deixa penetrar-lhe a mais leve faísca de um
fogo estranho à sua própria essência, ele sopra e perde seu interesse até
que esteja inteiramente livre.

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 20


Biblioteca Martinista Universal

É assim que o homem reconheceu de uma maneira ainda mais


íntima que havia dois Princípios diferentes, e como ele encontra com um
a felicidade e a paz; e com outro é sempre acompanhado de fadigas e
tormentos, ele os distinguiu sob os nomes de Princípio do Bem e
Princípio do Mal.

DA DIFERENÇA DOS DOIS PRINCÍPIOS

A partir daí, ele pretendeu fazer a mesma observação para todos


os Seres do universo, teria sido fácil para ele fixar suas ideias sobre a
natureza do Bem e do Mal, e descobrir por este meio a verdadeira
origem destes. Digamos, pois, que o Bem é, para cada ser, a realização
de sua própria lei, e o Mal o que se opõe a ela. Digamos que cada um
desses Seres, tendo somente uma única lei, como mantendo todos sob
uma Lei Primeira que é una, o Bem, ou a realização desta lei, deve ser
igualmente única, isto é, ser única e exclusivamente verdadeira, uma
vez que ela envolve a infinidade dos Seres.

Ao contrário, o Mal não pode ter nenhuma conveniência com esta


Lei dos Seres, uma vez que a combate; a partir deste ponto não pode
mais ser inclusa na unidade, uma vez que tende a degradá-la, na
intenção de formar uma outra unidade. Em uma palavra, é falsa, uma
vez que não pode existir por si só; que apesar disso, a Lei dos Seres

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 21


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existe ao mesmo tempo que ele, e não pode jamais destruí-la, mesmo
perturbando e atrapalhando a sua realização.

Eu afirmei que, ao aproximar-se do Princípio do Bem, o homem


era, de fato, coberto de delícias e, por conseguinte, acima de todos os
males, é aí que ele se encontra totalmente entregue ao seu júbilo, que
ele não tenha nem o sentimento, nem a ideia de outro Ser; e assim,
nada que venha do Princípio do Mal não consegue misturar-se à sua
alegria, o que demonstra que o homem se encontra em seu elemento, e
que sua lei de unidade se realiza.

Mas se este busca o apoio para além da lei que lhe é própria, sua
alegria se torna, primeiramente, inquieta e tímida; ele só goza dela
quando se aproxima de seu júbilo, dividindo-se em momentos entre o
Mal que o arrasta e o Bem que ele abandonou, ele experimenta o efeito
das duas leis opostas, e aprende com o mal-estar que disso resulta, que
não existe unidade para ele, porque ele se apartou de sua lei. Em breve,
é natural que esse júbilo incerto se fortifica, e mesmo o domina
inteiramente; porém, longe de ser mais uma e mais verdadeira, ela
produz nas faculdades do homem uma desordem muito deplorável, que
a ação do Mal sendo estéril e limitada, os transportes daquele que a ela
se entrega só fazem com que seja induzido a um vazio e a um
abatimento inevitável.

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 22


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Eis, pois, a diferença infinita que se encontra entre os dois


Princípios; o Bem tira de si toda sua potência e todo o seu valor; o Mal
não é nada, quando o bem reina. O Bem faz desaparecer, por sua
presença, até as mínimas ideias de Mal; o Mal, em seus maiores
sucessos, é sempre combatido e importunado pela presença do Bem. O
Mal por si mesmo não possui nenhuma força, nenhum poder; o Bem
possui poderes universais que são independentes, e que se estendem
até mesmo sobre o próprio Mal.

Sendo assim, torna-se impossível admitir alguma igualdade de


potência, nem de antiguidade entre esses dois Princípios; pois um Ser
não pode se igualar a outro em potência, nem igualar-se a ele em
antiguidade, uma vez que seria uma marca de fraqueza e inferioridade
em um dos dois Seres de não poder ter existido ao mesmo tempo que o
outro. Ora, se anteriormente, e em todos os tempos, o Bem tivesse
coexistido com o Mal, eles não poderiam nunca adquirir nenhuma
superioridade, uma vez que, com esta suposição, O Princípio do Mal
sendo independente do Bem, e sendo dotado por conseguinte do mesmo
poder, ou teriam realizado alguma ação um sobre o outro, teriam se
equilibrado e contidos mutuamente: assim, desta igualdade de potência,
teria resultado uma inação e uma esterilidade absoluta nos dois Seres,
porque suas forças recíprocas encontram-se incessantemente iguais e
opostas, seria impossível tanto para um como para outro de nada
produzir.

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 23


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Não se pode dizer que para cessar essa inação, um Princípio


Superior a ambos aumentaria a força do Princípio do Bem, como sendo
mais análoga à sua natureza; pois que este Princípio Superior seria o
Princípio do Bem em si mesmo como já tratamos mais acima. Seríamos
forçados, então, por uma constatação arrebatadora, reconhecer no
Princípio do Bem uma superioridade sem medidas, uma unidade, uma
indivisibilidade com as quais ele existiu antes de tudo; o que bastaria
para demonstrar plenamente que o Mal não poderia ser concebido senão
após o Bem.

Fixar, desse modo, a inferioridade do princípio do Mal e


demonstrar sua oposição ao Princípio do Bem é demonstrar que nunca
houve e jamais haverá a menor aliança entre eles, nem a menor
afinidade; pois poderia-se admitir em pensamento que o Mal nunca fora
compreendido na essência e nas faculdades do Bem, ao qual é
diametralmente oposto?

Mas esta conclusão nos conduz necessariamente a uma outra, tão


importante quanto, que é de nos fazer sentir que este Bem, por mais
poderoso que seja, não pode cooperar em nada com o nascimento e com
os efeitos do Mal; uma vez que seria necessário, ou que antes da origem
do Mal, houvesse no Princípio do Bem algum germe ou faculdade ruim,
e persistir nessa linha de raciocínio, seria renovar a confusão que os
julgamentos e as imprudências dos homens difundiram sobre este
assunto; ou seria ainda necessário desde o nascimento do Mal, que o

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Bem mantivesse com ele alguma espécie de comércio ou algum


relacionamento, o que é impossível e contraditório. Qual é então a
consequência daqueles que, temendo limitar as faculdades do Princípio
do Bem, se obstinam a ensinar uma doutrina, tão contrária à sua
natureza, que de atribuir-lhe geralmente tudo o que existe, mesmo o
Mal e a desordem.

O MAL, O RESULTADO DA LIBERDADE

Para tanto, não é preciso muito para medir a distância


incomensurável que existe entre os dois Princípios, e para conhecer
aquele ao qual devemos dar nossa confiança. Uma vez que as ideias que
acabo de expor nada mais fazem que relembrar aos homens sentimentos
naturais, e a uma ciência que deve estar no fundo de seu coração; é, ao
mesmo tempo, fazer nascer neles a esperança de descobrir novas luzes
sobre o objeto que nos ocupa; pois o homem sendo o espelho da
verdade, deve ver nele o reflexo de todos os raios. E, de fato, se não
tivéssemos nada mais a esperar o que nos prometem os sistemas dos
homens, não teria pego a caneta para combatê-los.

Todavia, reconhecer a existência deste Mal Princípio, considerar


os efeitos de seu poder no Universo e no homem, assim como as falsas
consequências que os observadores dele extraíram, não é desvelar sua
origem. O Mal existe, vemos sempre ao redor de nós seus traços
hediondos, quaisquer que sejam os esforços que se tenham feito para

Dos Erros e da Verdade – Louis-Claude de Saint-Martin 25


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negar sua disformidade. Ora, se este Mal não vier do Bom Princípio,
como ele fez então para ter nascimento?

Certamente, está bem aí para o homem a questão mais


importante e sobre a qual desejaria convencer a todos os meus Leitores.
Mas, não abusei sobre este sucesso, e por mais certas que sejam as
verdades que anunciarei, não ficarei surpreso de vê-las rejeitadas ou
mal entendidas pela grande maioria.

Quando o homem, tendo elevado-se para o Bem, contrai o hábito


de apegar-se a ele invariavelmente, ele não tem sequer a ideia de Mal; é
uma verdade que nós estabelecemos, e que nenhum Ser inteligente
poderá razoavelmente contestar. Se ele tivesse constantemente a
coragem e a vontade de não descer desta elevação para qual ele nasceu,
o Mal seria, então, eternamente nada para ele; e, de fato, ele só sentiria
suas perigosas influências à medida que se afastasse do Bom Princípio;
de modo que deve-se concluir desta punição, que ele faz então uma
ação livre; pois, se é impossível que um ser não livre se descarte por si
mesmo da Lei que lhe é imposta, é também impossível que ele se torne
culpado e seja punido; o que faríamos conceber na sequência ao falar do
sofrimento dos bichos.

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A ORIGEM DO MAL

Enfim, a potência e todas as virtudes, que formam a essência do


Bom Princípio, é evidente que a sabedoria e a justiça dela são a regra e a
lei e, desde então, pode-se reconhecer que se o homem sofre, ele deve ter
tido o poder de não sofrer.

Sim, se o Princípio Bom é essencialmente justo e potente, nossas


penas são uma prova evidente de nossos erros e, por conseguinte, de
nossa liberdade; assim que vemos o homem submetido à ação do Mal,
podemos assegurar que é livremente que ele se expôs a ele , e que ele só
tinha que se defender e manter-se distante dele, assim não procuremos
outra causa para suas desgraças que a de ser descartado
voluntariamente do Bom Princípio, com o qual ele teria, sem cessar,
desfrutado da paz e da felicidade.

Apliquemos o mesmo raciocínio ao Mal Princípio; se ele se opõe


realmente à ação da realização da lei da unidade dos Seres, seja no
sensível, seja no intelectual, é preciso que ele próprio esteja em uma
situação desordenada. Se ele arrasta atrás dele somente a amargura e a
confusão, ele é sem dúvida e ao mesmo tempo o objeto e o instrumento;
o que nos leva a dizer que ele deve ser entregue sem cansar ao tormento
e ao horror que ele propaga ao redor de si mesmo.

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Ora, ele não sofre porque está afastado do Bom Princípio; pois, é
somente a partir do instante que eles se separaram, que os Seres se
tornaram infelizes. Os sofrimentos do Mal Princípio só podem ser uma
punição, porque a justiça, sendo universal, deve agir sobre ele, como ela
age sobre o homem; todavia, se ele sofre uma punição é, pois,
livremente que ele se descartou da Lei que devia perpetuar a sua
felicidade; é, pois, voluntariamente que ele se tornou mal . É o que nos
engaja a dizer que se o Autor do Mal tivesse feito um uso legítimo de sua
liberdade, ele nunca teria sido separado do Bom Princípio, e o Mal
estaria ainda por nascer; pela mesma razão, se ele pudesse empregar
sua VONTADE para sua vantagem, e dirigi-la para o Bom Princípio, ele
cessaria de ser mau, e o Mal não existiria mais.

Seria apenas pelo encandeamento natural e simples de todas


essas observações, que homem poderia chegar a fixar suas ideias sobre
a origem do Mal; pois se é deixando degenerar sua VONTADE que o ser
inteligente e livre adquire o conhecimento e o sentimento do Mal ; deve
ser assegurado que o Mal não possui outro princípio, nem outra
existência a não ser na VONTADE deste mesmo ser livre; que é por esta
VONTADE única que o Princípio, tornado mal, deu originalmente
nascimento ao Mal, e que ele persevera nisso ainda hoje: em uma
palavra, que é por essa mesma VONTADE que o homem adquiriu e
adquire todos os dias esta ciência funesta do Mal, pela qual ele se
afunda nas trevas, ao passo que ele havia nascimento tão somente para
o Bem e para a Luz.

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