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//primeira palavra

UMA META DE DISCIPULADO

Q uando escreve sua última carta, Paulo está preocu-


pado em pensar se o jovem ministro Timóteo iria
aguentar as pressões da sociedade adversária à sua
volta, naquele momento misturada com as pressões
dos falsos crentes dentro da igreja. Daí se compreende o im-
perativo para que Timóteo avive o dom de Deus que havia ne-
le. Ninguém naquela comunidade cristã poderia acender uma
chama espiritual sequer, mas tinham como mantê-la acesa.
Como uma brasa num braseiro, podia-se mantê-la acesa so-
prando continuamente sobre ela.
Assim, Paulo insiste para que Timóteo promova uma sucessão
apostólica: “O que de mim ouvistes, isso transmite a homens
fiéis (...)” (2Tm 2.2). Essa não era uma sucessão de poder ou
status, mas de conhecimento e doutrina: de Cristo para Pau-
lo, de Paulo para Timóteo, de Timóteo para homens fiéis e de
homens fiéis para outros cristãos. Em outras palavras: Timó-
teo precisava fazer discípulos:
• Que sejam féis (com fidelidade, constância) para não traí-
rem a tradição apostólica;
• Que sejam idôneos (preparados, não neófitos ou imaturos);
• Que sejam testemunhas, para passarem à frente o bom
depósito;
• Que sejam dedicados, como um bom soldado, sem envol-
vimento nas coisas supérfluas desta vida;
• Que sejam obedientes, como um esportista que luta segun-
do as regras (um gol marcado ilegalmente não é gol. Tudo é
válido pela vitória, mas dentro da legalidade);
• Que sejam diligentes, como um agricultor com seu traba-
lho árduo e solitário.

Discipulado, assim, é o tema de Atitude para estes próximos


três meses. Que os estudos sejam um instrumento de Deus
para abençoar a vida de todos os nossos leitores.

//ALUNO .1
ISSN 1984-8633

LITERATURA BATISTA
ANO CXII – NO 447

Atitude Aluno é uma revista que destina-se


aos jovens (18 a 35 anos), contendo lições AUTOR DOS
para a Escola Bíblica Dominical, artigos gerais,
passatempos bíblicos e outras matérias que
ESTUDOS DA EBD
promovem o aperfeiçoamento do jovem nas As lições deste trimestre
mais diferentes áreas foram escritas pelo pastor
MARCELO PETRUCCI DA
Copyright © Convicção Editora SILVA. Ele é natural da
Todos os direitos reservados cidade de Uberlândia, MG.
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eletrônicos, fotográficos, gravação, estocagem (2001-2005). Atualmente,
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Sócrates Oliveira de Souza tendo sido presidente
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Coordenação Editorial Norte do Rio Doce (2006-
Solange Cardoso de Abreu d’Almeida (RP/16897) 2007), Vice-Presidente da
Convenção Batista Mineira
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opiniões do corpo
redatorial da revista

2.
2 //ALUNO
//ALUNO
//sumário

//EBD
LIÇÃO 1 – O que é discipulado cristão........................................................................................ 12
LIÇÃO 2 – Características do discipulado cristão...................................................................... 17
LIÇÃO 3 – Exemplos bíblicos de discipulado.............................................................................. 22
LIÇÃO 4 – Discipulado cristão na Carta aos Romanos.............................................................. 27
LIÇÃO 5 – Discipulado cristão nas Cartas aos Coríntios........................................................... 32
LIÇÃO 6 – Discipulado cristão na Carta aos Gálatas ............................................................... 37
LIÇÃO 7– Discipulado cristão na Carta aos Efésios ................................................................ 42
LIÇÃO 8 – Discipulado cristão na Carta aos Filipenses............................................................. 47
LIÇÃO 9 – Discipulado cristão na Carta aos Colossenses......................................................... 52
LIÇÃO 10 – Discipulado cristão nas Cartas aos Tessalonicenses............................................ 57
LIÇÃO 11 – Discipulado cristão nas Cartas de Pedro................................................................ 62
LIÇÃO 12 – Discipulado cristão nas Cartas de João................................................................... 67
LIÇÃO 13 – Discipulado cristão: Uma visão atual...................................................................... 72

//SEMPRE EM ATITUDE
Leitura bíblica................................................................................................................................. 4
Tema da EBD.................................................................................................................................. 5

//AINDA EM ATITUDE
Pequenas ilustrações.................................................................................................................... 77
Uma visão panorâmica do cristianismo...................................................................................... 78
Dicas didáticas e dinâmicas.......................................................................................................... 82
Buscando a face de Deus para fazer a sua vontade................................................................. 83
Números para comemorar........................................................................................................... 88
Estratégias de leitura do Apocalipse de João............................................................................. 89
Princípios para o lazer cristão...................................................................................................... 96

//ALUNO .3
»LEITURA
BÍBLICA

Semana 1 Semana 2 Semana 3


SEG João 13.1-20 SEG 2Timóteo 2.1-13 SEG João 1.1-18
TER João 13.21-38 TER 2Timóteo 2.14-26 TER João 1.19-34
QUA João 14.1-14 QUA 1João 2.3-17 QUA João 1.35-31
QUI João 14.15-31 QUI 1João 2.18-24 QUI Atos 18.1-11
SEX João 15.1-27 SEX 1João 2.25-29 SEX Atos 18.12-17
SÁB João 16.1-33 SÁB 2João 1-13 SÁB Atos 18.18-23
DOM João 17.1-26 DOM 3João 1-15 DOM Atos 18.24-28

Semana 4 Semana 5 Semana 6


SEG Romanos 15.1-6 SEG 1Coríntios16.1-4 SEG Gálatas 5.1-5
TER Romanos 15.7-13 TER 1Coríntios 16.5-12 TER Gálatas 5.6-12
QUA Romanos 15.14-21 QUA 1Coríntios 16.13-24 QUA Gálatas 5.13-21
QUI Romanos 15.22-33 QUI 2Coríntios 12.1-10 QUI Gálatas 5.22-26
SEX Romanos 16.1-4 SEX 2Coríntios 12.11-18 SEX Gálatas 6.1-9
SÁB Romanos 16.5-16 SÁB 2Coríntios 12.19-21 SÁB Gálatas 6.10-13
DOM Romanos 16.17-27 DOM 2Coríntios 13.1-12 DOM Gálatas 6.14-18

Semana 7 Semana 8 Semana 9


SEG Efésios 4.1-16 SEG Filipenses 3.1-3 SEG Colossenses 3.1-4
TER Efésios 4.17-32 TER Filipenses 3.4-11 TER Colossenses 3.5-11
QUA Efésios 5.1-6 QUA Filipenses 3.12-16 QUA Colossenses 3.12-17
QUI Efésios 5.7-21 QUI Filipenses 3.17-21 QUI Colossenses 3.18-21
SEX Efésios 5.22-33 SEX Filipenses 4.1-9 SEX Colossenses 3.22-25
SÁB Efésios 6.1-9 SÁB Filipenses 4.10-13 SÁB Colossenses 4.1-6
DOM Efésios 6.10-24 DOM Filipenses 4.14-23 DOM Colossenses 4.7-18

Semana 10 Semana 11 Semana 12 Semana 13


SEG 1Tessalonicenses 4.1-8 SEG 1Pedro 1 SEG 1João 1 SEG Tito 1.1-4
TER 1Tessalonicenses 4.9-12 TER 1Pedro 2 TER 1João 2 TER Tito 1.5-9
QUA 1Tessalonicenses 4.13-18 QUA 1Pedro 3 QUA 1João 3 QUA Tito 1.10-16
QUI 1Tessalonicenses 5.1-11 QUI 1Pedro 4 QUI 1João 4 QUI Tito 2.1-10
SEX 1Tessalonicenses 5.12-28 SEX 1Pedro 5 SEX 1João 5 SEX Tito 2.11- 15
SÁB 2Tessalonicenses 3.1-8 SÁB 2Pedro 1 SÁB 2João SÁB Tito 3.1-11
DOM 2Tessalonicenses 3.9-18 DOM 2Pedro 2 DOM 3João DOM Tito 3.12-15

4. //ALUNO
TEMA DA EBD

DISCIPULADO
NA VIDA CRISTÃ
Diogo Carvalho
Missionário da Junta de Missões Nacionais
Querido jovem, você está prestes a É claro que não somos iguais a Jesus
passar um período inteiro refletin- – embora estejamos caminhando
do e aprendendo sobre discipulado. para nos parecer com ele. Também
Que momento precioso! é óbvio que não teremos uma perso-
Umas das abordagens que gosto de nalidade tão atraente como a dele.
fazer em matéria de discipulado é Porém, essas quatro características
analisar o que Jesus fez antes de co- podem nos ajudar a estabelecer al-
meçar a fazer seus primeiros discí- vos de vida para começarmos a fa-
pulos. Às vezes, achamos que Deus zer discípulos também.
havia implantado um chip na men- Então, do que precisamos para co-
te daqueles homens, o qual foi acio- meçar a fazer discípulos?
nado para que eles atendessem ao
convite de Jesus roboticamente. Mas Quero começar a responder com
não foi assim. Eles seguiram Jesus uma afirmação: se o discipulado en-
porque viram nele alguém digno de volve querer ser como outra pessoa,
ser seguido. E como eles chegaram então, só quem tem uma vida imi-
a essa conclusão? Bem, é aí que en- tável pode fazer um discípulo. Com
tram as quatro características que Jesus não foi diferente. Ninguém o
Jesus tinha antes de chamar seu pri- seguiria sem um bom motivo. Com
meiro discípulo e que viabilizaram a base em que Jesus convidou pessoas
formação de seu grupo mais próxi- para serem seus discípulos? O que
mo de 12 seguidores. ele tinha de especial àquela altura a

//ALUNO .5
ponto de pescadores deixarem suas princípio. Só depois reconheceram
redes para segui-lo? que falavam com o próprio Senhor.
Se andamos com Deus e as pessoas
testemunharem isso, sempre haverá
1. Jesus tinha boas referências de
quem queira andar conosco. O nos-
quem o conhecia
so estilo de vida como cristãos está
1
Em Mateus 3.17 , vemos que, quan- intimamente ligado ao discipulado.
do Jesus foi batizado, “uma voz do A nossa capacidade de fazer discí-
céu disse: Este é o meu Filho amado, de pulos depende do que alguém que
quem me agrado”. Deus certificou aos convive conosco pode dizer sobre
ouvidos de todos a sua identificação nós. Para uma grande multiplica-
íntima com Jesus. Se havia alguém ção de discípulos, precisamos de um
ali com o coração quebrantado e dis- exército de cristãos que sejam pode-
posto a estar próximo de Deus, cer- rosos em obras e palavras diante de
tamente deve ter se impressionado Deus e das pessoas em volta.
com esse testemunho e se interes-
sado em conhecer mais sobre Jesus.
2. Jesus dedicou tempo a discípu-
Não apenas isso, João Batista tam- los em potencial
bém testemunhou de Jesus ao exal-
tá-lo como “o Cordeiro de Deus”. Veja A declaração de João Batista agu-
a narrativa de João 1.35-37: “No dia çou naqueles dois discípulos o in-
seguinte, João estava ali outra vez, teresse em conhecer Jesus melhor.
com dois de seus discípulos, e, olhan- Eles queriam andar perto daquele
do para Jesus, que por ali passava, de quem o seu mestre havia falado
disse: Este é o Cordeiro de Deus! Os tão bem. Então, eles foram atrás de
dois discípulos ouviram-no dizer isso Jesus, literalmente. João 1 nos mos-
tra o seguinte: “Voltando-se e vendo
e passaram a seguir Jesus”. Graças ao
que o seguiam, Jesus perguntou-lhes:
reconhecimento de João, Jesus ga-
Que desejais? Eles disseram: Rabi (que
nhou os seus primeiros candidatos
significa Mestre), onde te hospedas?”
a discípulos. Ele não fez promoção
(v. 38). Ao chamarem Jesus de Mes-
pessoal. Simplesmente teve boas re-
tre e o seguirem, aqueles dois ho-
ferências de quem o conhecia.
mens já estavam manifestando o
O resumo do que Jesus tinha de atra- interesse de se tornarem seus dis-
ente para ser seguido pode ser ouvi- cípulos. Esse interesse foi corres-
do da boca de dois de seus discípulos pondido imediatamente: “Ele lhes
em Lucas 24.19: “Jesus, o Nazareno, respondeu: Vinde e vereis. Foram,
que foi profeta, poderoso em obras e pois, e viram onde ele se hospedava;
palavras diante de Deus e de todo o e passaram o dia com ele. Era cerca
povo”. Esse foi o testemunho de dois da décima hora” (v. 39).
discípulos de Jesus a um estranho, a Não sabemos se Jesus tinha outros
1
Cf. Marcos 1.11. planos para aquele dia, mas o fato

6. //ALUNO
é que a sua prioridade foi acolhê-­ suas vidas, como Jesus fez, abrindo
los no convívio de sua casa. Todos a nossa própria casa para compar-
nós gostamos de receber parentes tilhar o amor de Deus com elas. Se
e amigos, pessoas com quem temos você tem alguém em sua família, em
intimidade. Jesus nos dá o exemplo sua vizinhança ou local de trabalho
de acolher também novas pessoas. que o admira como cristão e está
Ao pensar em convidar alguém pa- aberto a assuntos espirituais, você
ra um jantar, seja intencional. Nos- já tem grande parte do que preci-
sa mente começa a mudar quando sa para fazer um discípulo com essa
percebermos que a nossa mobília pessoa. Crie espaços em sua agenda
pode se transformar em uma po- para estar com ela e deixe que veja
derosa ferramenta para relaciona- de perto, pelo seu agir e falar, que
mentos discipuladores. Como gosta você anda com Deus. Ore para que
de dizer o Pr. Márcio Tunala, “minha ela veja Cristo em você.
sala, meu sofá e minha varanda per-
tencem a Cristo e servem para que vi-
2
das sejam discipuladas”. 3. Jesus tinha uma mensagem
que aguçava a vontade de bus-
É bom ressaltar que, até aquele pon-
car a Deus
to, esses dois homens ainda não ti-
nham se tornado discípulos de Jesus, Em Marcos 1.14-17, vemos que “de-
pelo menos não em uma proposta pois que João foi preso, Jesus foi pa-
de longo prazo. John MacArthur ex- ra a Galileia, pregando o evangelho
plica que o encontro de João 1.35- de Deus e dizendo: Completou-se o
42 aconteceu “perto de Betânia, na tempo, e o reino de Deus está próxi-
região do Jordão, onde André (e tal- mo. Arrependei-vos e crede no evan-
vez Pedro também) haviam se tor- gelho”. Vemos neste texto que Jesus
nado discípulos de João Batista. Eles tinha uma mensagem que desafiava
deixaram João para seguir Jesus por as pessoas a darem mais um passo
um tempo, antes de voltar a pescar na direção de Deus. Se havia alguém
3
em Cafarnaum”. Isso demonstra com a percepção de que o mundo
que, naquele momento, Jesus esta- estava em trevas e que precisava de
va dedicando o seu tempo a discípu- Deus, esse alguém veria na mensa-
los em potencial. gem de Jesus uma saída viável. A ver-
dade teológica que fundamentou o
Quando o nosso jeito de ser cau-
convite para o discipulado de Jesus
sa impacto nas pessoas em redor,
foi a de que a entrada no reino de
discípulos em potencial estarão por
Deus é pela via do arrependimen-
perto. Devemos identificar quem
to. Se alguém quisesse se livrar da
está interessado em andar conos-
co e nos dispor a investir tempo em ira vindoura, como dizia João Batis-
4
ta , deveria se arrepender e se vol-
2
 Pequeno grupo multiplicador: compartilhando o tar para Deus.
amor de Deus por meio dos relacionamentos, p. 38.
 Bíblia de Estudo MacArthur, p. 1.213.
3 4 
Mateus 3.7; Lucas 3.7.

//ALUNO .7
Veja como essa mensagem intro- o padrão daquilo que os atraiu, es-
duziu o convite específico para o perando que Deus trabalhasse no
relacionamento discipulador na nar- coração de outras pessoas para
rativa de Mateus 4.17-22: que fossem atraídas também. Je-
sus mesmo manteve-se fiel a es-
Daí em diante, Jesus começou
sa pregação até o fim. Em Marcos
a pregar, dizendo: Arrepen-
8.36-38, depois de duas perguntas
dei-vos, porque o reino do céu
retóricas poderosas (“Pois que adian-
chegou. Andando às margens
ta ao homem ganhar o mundo inteiro
do mar da Galileia, Jesus viu
e perder a sua vida?” e “Ou, que da-
dois irmãos: Simão, chamado
ria o homem em troca da sua vida?”),
Pedro, e seu irmão André. Eles
Jesus declarou: “Quando o Filho do
estavam lançando as redes ao
homem vier na glória de seu Pai com
mar, pois eram pescadores. E
os santos anjos, ele também se enver-
disse-lhes: Vinde a mim, e eu
gonhará de quem se envergonhar de
vos farei pescadores de ho-
mim e das minhas palavras nesta ge-
mens. Imediatamente, eles dei-
ração adúltera e pecadora”. Ao ad-
xaram as redes e o seguiram.
jetivar a sua geração de forma tão
Passando mais adiante, viu ou-
negativa, o Senhor estava chaman-
tros dois irmãos: Tiago, filho de
do ao arrependimento todo aquele
Zebedeu, e seu irmão João. Am-
que conseguisse perceber que vivia
bos estavam num barco com
em uma sociedade corrompida e
seu pai Zebedeu, consertando
distante de Deus.
as redes. E Jesus os chamou.
Imediatamente, deixando o Esse ponto tem uma grande impor-­
barco e seu pai, seguiram-no. tância para a evangelização disci­
puladora. Em termos de inten-
Ninguém seguiria um mestre antes
cionalidade, o relacionamento
de conhecer qual era a sua linha
discipulador sempre começará em
de ensino. Ali, os primeiros discípu-
nós, quando passarmos a olhar pa-
los de Jesus viram tanto sentido na
ra uma pessoa como alvo de nossa
sua mensagem que resolveram dei-
missão particular. Porém, com um
xar o que estavam fazendo para ir
pouco de sensibilidade, percebe-
atrás dele. Imagino eles pensando:
remos que, antes de nós, o Espírito
“Se essa é uma verdade de Deus e
Santo já está agindo silenciosamen-
Jesus é um porta-voz confiável des-
te no coração de algumas pessoas
sa mensagem, então é com ele que
ao nosso redor, convencendo-as
eu quero estar”.
de que precisam consertar seu re-
Mais tarde, quando foram enviados lacionamento com Deus. Você con-
a primeira vez, os discípulos imita- segue perceber quem são elas? Se
ram a pregação de Jesus e também sim, anote seus nomes em um car-
proclamaram ao povo que se arre- tão de oração e passe a orar ainda
pendesse (Mc 6.12). Eles seguiram mais por elas. Se não, invista mais

8. //ALUNO
tempo em bate-papo com as pesso- • Você se considera uma boa pes-
as de seu círculo de relacionamento. soa? Como você se sairia em um tes-
5
É conversando com elas que você te segundo os padrões de Deus?
poderá conhecer o seu estado es-
• Você reconhece que precisa de
piritual.
Deus? O que tem feito para bus-
Sempre que puder, adicione nes- cá-lo?
sas conversas pinceladas sobre a
• Gostaria de ouvir um pouco sobre
necessidade de arrependimento.
a Palavra de Deus?
Com amor e sem qualquer tom de
superioridade, fale sobre pecado, • Você tem interesse em que eu lhe
sobre a condição do ser humano ajude a entender mais sobre Deus?
sem Cristo e sobre as implicações Podemos marcar um momento pa-
da santidade de Deus. Somente ra lermos a Bíblia juntos?
quem se vê longe de Deus reco- Muitas pessoas estão interessadas
nhecerá que precisa caminhar para em ouvir uma mensagem de Deus.
perto dele. Para fazermos discípu- Só estão desconfiadas – e com ra-
los, uma mensagem de arrepen- zão, diante de tantas distorções do
dimento deve estar sempre em evangelho que temos visto por aí –
nossos lábios. Enquanto isso, ora- se nós somos mensageiros legíti-
mos para que essa mensagem, pela mos. Quando conseguimos unir o
ação do Espírito Santo, soe convin- poder da mensagem com a credi-
cente. Tudo isso servirá de contex- bilidade da nossa vida, poderemos
to para o compartilhamento das convidar as pessoas como Jesus fez:
boas-novas. “Ande perto de mim”. Mas ainda há
Algumas perguntas podem nos aju- um quarto fator para começarmos
dar a discernir quem ao nosso redor um relacionamento discipulador.
está receptivo ao evangelho. A sen-
sibilidade e a prática nos ajudarão a
usá-las oportunamente: 4. Jesus entrou no mundo dos
seus discípulos em potencial e os
• Você consegue perceber que o abençoou lá
mundo está perdido?
A cronologia dos feitos de Jesus an-
• Como você enxerga a sua relação tes do chamado dos seus primei-
com Deus hoje? Está tudo bem en- ros discípulos é muito interessante.
tre vocês? Em Mateus, os primeiros discípulos
• Você sente a necessidade de amar que aparecem foram Pedro e André,
e obedecer mais a Deus? convidados para seguir o Senhor
5
 Para conhecer um pouco mais sobre como usar
• Se acontecesse alguma fatalida- os padrões morais de Deus, especialmente os Dez
de com você hoje, estaria pronto Mandamentos, na evangelização, pesquise sobre
abordagem direta no YouTube ou acesse www.
para se encontrar com Deus e pres- livingwaters.com (em inglês) ou www.caravanado-
tar contas? arrependimento.com.br

//ALUNO .9
Jesus Cristo às margens do Mar da sus para ouvir a palavra de
Galileia (Mt 3.18), o mesmo aconte- Deus, ele viu dois barcos jun-
cendo em seguida com Tiago e João to à praia do lago; os pesca-
(Mt 3.21). No primeiro livro do Novo dores haviam desembarcado
Testamento não é narrado nenhum e estavam lavando as redes.
milagre de Jesus antes da escolha Entrando ele num dos barcos,
dos seus discípulos. Em Marcos, a que era o de Simão, pediu-lhe
narrativa é bem parecida com isso que o afastassem um pouco da
(Mc 1.14-39). terra; e, sentando-se, do barco
ensinava as multidões. Quan-
Em João, como já vimos, Jesus se en-
do acabou de falar, disse a Si-
controu primeiro com André per-
mão: Vai mais para dentro do
to de onde João Batista ministrava
lago; e lançai as vossas redes
(Jo 1.20) e, com outro discípulo não
para a pesca. Simão disse: Mes-
identificado, com quem passou um
tre, trabalhamos a noite toda e
tempo significativo juntos. Este Evan-
nada pescamos; mas, por cau-
gelho narra que André levou Pedro a
sa da tua palavra, lançarei as
Jesus, que fixou o olhar nele e disse:
redes. Feito isso, apanharam
“Tu és Simão, filho de João; serás cha-
uma grande quantidade de pei-
mado Cefas (que significa Pedro)” (Jo
xes, tantos que as redes come-
1.42). Em seguida, o texto relata que
çaram a se romper. Acenaram
Jesus decidiu ir para a Galileia, onde
então aos companheiros que
se encontrou com Filipe e Natanael
estavam no outro barco, pa-
(Jo 1.45-51). Depois disso, já na com-
ra virem ajudá-los. Eles foram
panhia dos discípulos, Jesus operou
e encheram ambos os barcos,
o milagre da transformação da água
tanto que quase iam a pique.
em vinho em Caná (Jo 2.12).
Ao ver isso, Simão Pedro pros-
É com a ajuda de Lucas que pode- trou-se aos pés de Jesus, dizen-
mos observar outra ação de Jesus do: Afasta-te de mim, Senhor,
que foi essencial para a decisão dos porque sou um homem peca-
primeiros discípulos de abandona- dor. Pois, com a pesca que ha-
rem suas redes e segui-lo. Tal ação viam feito, a admiração tomara
aconteceu depois do primeiro en- conta dele e de todos os que o
contro de Jesus com André e o ou- acompanhavam, bem como de
tro discípulo, narrado em João 1. O Tiago e João, filhos de Zebedeu,
fato a que estamos nos referindo foi que eram sócios de Simão. Je-
o milagre da pesca maravilhosa re- sus disse a Simão: Não temas;
gistrada em Lucas 5.1-11. A narrati- de agora em diante serás pes-
va é tão bela que merece ser relida: cador de homens.
Certa vez, às margens do lago Percebemos pelo texto que, até en-
de Genezaré, quando a multi- tão, Pedro ainda não tinha deixado
dão se comprimia junto a Je- tudo para se tornar um discípulo de

10 . //ALUNO
Jesus. Ele já chamava Jesus de Mes- Mas, qual foi a estratégia de Jesus
tre, cedia o seu barco como palanque para trazer os discípulos em po-
e estava até disposto a obedecer su- tencial para dentro da sua missão
as orientações, mesmo que elas não de “pescar homens”? A resposta é
fizessem sentido (v. 5), mas ainda es- surpreendente. Jesus não procu-
tava pescando peixes. Ele ainda não rou convencer aqueles homens de
tinha abraçado a decisão radical do que a pescaria normal era uma coi-
discipulado. Jesus já tinha conquista- sa errada ou que não merecia todo
do o reconhecimento de Pedro quanto aquele investimento de tempo e de
à sua condição de mestre e a sua pa- vida. Pelo contrário, Jesus entrou no
lavra já gozava de credibilidade. universo da pescaria e abençoou os
Mas Jesus não se contentou com is- seus discípulos lá. Ele não buscou
so. Ele queria mais. Queria transfor- trazê-los para o seu mundo antes
mar seus discípulos em pescadores de visitar o mundo deles com amor,
de homens. Queria tirá-los de seus respeito e valorização. Jesus realizou
mundos e trazê-los para o seu; fa- um milagre naquilo que era o mais
zê-los mudar de mente e interes- importante para Pedro a fim de tra-
se, passando a considerar a missão zer Pedro para o que era mais im-
de Jesus (pescar homens), e não a portante para Jesus.
missão deles (pescar peixes), a coi- Valorizar o mundo dos discípulos é
sa mais importante para eles. Jesus um princípio perfeitamente prati-
queria que passassem a andar com cável em nossos dias. Por exemplo,
ele, tornando-se de fato seus discí- tenho um discípulo que pratica tiro
pulos. Ainda não havia relaciona- com arco e flecha. No início de nos-
mento discipulador, a não ser na sa caminhada, tirei um sábado pa-
intencionalidade de Jesus. ra ir a uma competição torcer por
Para nós hoje, desfrutar de reconhe- ele. Dirigi por mais de 30 quilôme-
cimento e credibilidade diante das tros só para sentar na arquibancada
pessoas é tido quase como uma ne- ao lado de sua família. Outro discí-
cessidade do ego. Mas, para Jesus, pulo em potencial é artista plástico,
foi algo natural que ele canalizou pa- dá aulas de desenho e faz grafites.
ra o alistamento de discípulos em Uma de minhas primeiras ações foi
um relacionamento discipulador. Se ir até o seu estúdio e elogiar o seu
gozarmos de algum prestígio diante trabalho. Nunca reparei tanto nes-
das pessoas, o fim de tudo não se- sa bela expressão cultural como te-
rá tirarmos vantagens pessoais dis- nho feito desde que o conheci. Nós
so ou enchermos nossas paredes de não conseguiremos fazer discípulos
placas ou diplomas, mas convergir- se não estivermos dispostos a expe-
mos essa condição para aquilo que rimentar e apreciar lugares, estilos,
é a nossa principal vocação. Esta- hobbies e até comidas diferentes,
mos em busca de discípulos, não enfim, valorizar o que os nossos dis-
de sucesso. cípulos valorizam.

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1
//EBD

L I Ç Ã O

O QUE É
TEXTO BÍBLICO DISCIPULADO
JOÃO 13-17
TEXTO ÁUREO CRISTÃO
JOÃO 13.15
»PRA COMEÇAR

Quando se pensa na expressão “discípulo” no sentido original,


chega-se, como definição, ao conceito de “aprendiz”, “pupilo”,
“aluno”. A palavra grega é mathetes. Tal conceito traz consigo a
concepção de “disciplina”. A ideia indica que discipulado não se
restringe, meramente, em seguir um mestre. Mas implica uma
vida de aplicação ao aprendizado, demandando renúncia por
parte do discípulo e do próprio discipulador. Inclusive, o disci-
pulado tem a ver com uma proposta que acontece pelas vias da
influência, ou seja, não existe discipulado se não houver influ-
ência.

12 . //ALUNO
»COMENTANDO
O TEXTO BÍBLICO

O amor pelo discípulo – João 13.1 sar por ele com o discípulo. Jesus
No que se refere ao discipulado cris- fez exatamente isso. Sua preocupa-
tão, o parâmetro nos é apresentado ção estava em, pelo próprio exem-
plo, destacar lições do reino como
pela poderosa. Palavra de Deus. Na
no episódio relatado em João 13.5-
Bíblia, a expressão “discípulo” está
17, no qual ele se propõe a lavar
presente nos Evangelhos e no livro
os pés dos discípulos e enxugá-los
de Atos, trazendo algumas marcas
com a toalha com que estava cin-
distintivas como a crença na doutrina
gido. Por tal atitude, chega a ser
de Cristo (Jo 3.17; At 11.26); a experi-
recriminado por Simão Pedro que,
ência do novo nascimento – conver-
uma vez sendo convencido, con-
são (Jo 3.3-5); a renúncia a tudo que
sente em ter os pés lavados pe-
seja empecilho para corresponder
lo Mestre, inclusive, propondo-se
às expectativas do Mestre (Mc 8.34);
uma lavagem mais ampla. O fato
a dedicação a uma vida, por vezes,
é que Jesus deixa, aos seus discí-
sacrificial (Lc 14.26); além do com-
pulos, uma lição de humildade se-
prometimento com a ampliação do
gundo a qual fica evidente que o
número de discípulos em obediên-
discipulador deve assumir uma ati-
cia à grande comissão (Mt 28.19,20).
tude de servo de Deus e de seus
Sem amor pelo discípulo não há trans- pares. Seu exemplo indica conde-
formação. Tal amor implica cuidado, nação à altivez. A expressão usa-
atenção, disponibilidade, paciência da no versículo 16 para denominar
e, acima de tudo, preocupação com “servo” vem da transliteração grega
a transformação. Estes são aspectos doulos, que tem seu sentido origi-
fundamentais no exercício do disci- nal na expressão “escravo”. Aliás,
pulado e tudo isso se resume em um não por acaso, há no mesmo versí-
conjunto de atitudes que “verse” so- culo a ideia de “enviado”, que vem
bre o amor pelo discípulo. Na sequên- da expressão transliterada grega
cia deste estudo trataremos desse apóstolos que, em um sentido con-
amor de maneira prática, deixando junto, indica “o enviado que não
claro o que é discipulado cristão. age por conta própria”, antes, está
subordinado, inteiramente, a seu
Senhor. Trata-se de uma sutileza
O valor do exemplo do discipula-
no texto que promove a diferença
dor – João 13.5-17
entre “escravo” e “empregado”. O
Muito mais do que apontar o ca- primeiro não tem direitos, enquan-
minho, o discipulador precisa pas- to o segundo tem.

//ALUNO .13
Cristo, embora sendo Deus, sub-
mete-se a dar o exemplo, pois se
ele mesmo, humildemente, aben-
çoa, os discípulos devem fazê-lo
de igual modo. Note-se que a con-
cepção de discipulado cristão pas- O discipulador é
sa por uma relação exemplar. Não
um instrumento a
se trata da veemência do discurso,
mas do poder do exemplo. serviço do Senhor
como canal de
A necessidade da advertência
bênção para o
– João 13.21-30 discípulo
Um dos aspectos mais impressio-
nantes acerca da caminhada disci-
puladora está relacionado ao fato
de que o erro tem a ver com a in-
sistência em ignorar os sinais.
Na passagem bíblica registrada mínio de Satanás em sua histó-
em João 13, a partir do versículo ria. Segundo Russell P. Shedd, no
21, o traidor de Jesus é indicado Oriente Médio, ainda hoje, rece-
pelo que o texto aponta, sem qual- ber primeiro um bocado da mão
quer constrangimento público. do hospedeiro significa uma gran-
Tal sinal serve de advertência, is- de honra, o que implica dizer que
so denota graça da parte de Jesus Judas foi honrado por seu Mestre,
a Judas. Nunca foi do agrado do inclusive, naquele momento. Nes-
Mestre que Judas assumisse o ca- te caso, a advertência não foi ape-
ráter pecaminoso da traição. Sua nas verbal, mas moral também, à
história o tornava vulnerável por medida que Jesus o confrontou
causa da avareza e do roubo co- agindo em honra ao passo que
mo nos registra o mesmo Evange- recebeu em contrapartida a trai-
lho no capítulo 12, versículos 4-6. ção. Discipulado traz consigo a ne-
Satanás se apoderou dele porque cessidade de advertência contra
havia brechas enormes em sua vi- o erro, pois isso também é muito
da. Mas a despeito de tudo isso, importante.
Jesus, misericordiosamente, lhe
dá a chance de rever suas atitudes
a fim de que houvesse recupera- O auxílio para a tarefa de disci-
ção antes que fosse tarde demais. pular – João 14.26
O que se analisa aqui é o cuidado O discipulado se estabelece nu-
de Jesus em adverti-lo acerca do ma perspectiva desafiadora. No
perigo que corria quanto ao do- entanto, a tarefa não se dá alhea-

14 . //ALUNO
toriamente. Jesus indica o Espírito voluntário. Se o discipulado é fei-
Santo como sustentador da glorio- to por obrigação, e não por amor,
sa missão de cuidar influenciando passa a ser qualquer outra coisa,
vidas pelo poder do evangelho. menos discipulado.
Seu papel é auxiliar pelo conso-
No discipulado, honramos a von-
lo, ensino e esperança, fruto das
tade do Senhor e não a nossa. Sua
memórias que reanimam os ensi-
prescrição passa pelo amor fra-
namentos do próprio Senhor Je-
ternal, que implica paciência para
sus. O papel do Espírito de Deus
ensinar, misericórdia para adver-
passou pelos profetas e apóstolos
tir e, acima de tudo, disposição
que foram inspirados a escrever o
para não se descuidar. Isso tudo
manual de vida que é a Bíblia, es-
demanda amor. Quem não se pro-
tendendo-se pela iluminação dos
põe ao amor no discipulado não
preceitos que nos orientam. Isto
obedece ao chamado de Deus.
é, a igreja tem, pela ação do Espí-
rito Santo, tudo o que precisa sa-
ber sobre os santos caminhos de
Uma preocupação presente
Deus. Ela conta com a capacitação
– João 17.15,16
e com a direção para influenciar
a vida dos discípulos. Tal auxílio Andar com Jesus traz uma série
é fruto de uma promessa que faz de implicações por haver uma dis-
diferença, pois a obra de conven- tância enorme entre a proposta
cimento e transformação é do Es- de vida que o mundo oferece e a
pírito de Deus. proposta da salvação. Jesus nun-
ca ignorou a necessidade de san-
O discipulador é um instrumento
tificação para que houvesse uma
a serviço do Senhor como canal
separação do mundo. Ele, em sua
de bênção para o discípulo. Pa-
oração sacerdotal, registrada em
ra que isso se torne realidade, é
João 17, destaca a importância do
mister deixar-se renovar pelo Es-
fortalecimento da parte de Deus
pírito Santo que dá entendimen-
para que os discípulos tenham
to, a fim de que o mundo receba
condições de filtrar aquilo que
a transformação.
caracteriza o mundo. Sua preo-
cupação não se restringiu aos dis-
cípulos com os quais conviveu em
Um chamado à obediência
seu ministério aqui na terra, mas
– João 15.12-14
se estendeu a todos aqueles que
A base do relacionamento cristão viriam a crer nele por intermédio
e do discipulado é o amor. A exi- de sua Palavra. A palavra de or-
gência de Cristo passa pela neces- dem em sua oração era para que
sidade de amar, pois a obediência houvesse uma vida de santidade.
de uma amigo verdadeiro de Jesus Esta preocupação precisa estar
se estabelece em um ato de amor viva na proposta do discipulado.

//ALUNO .15
{} »A LIÇÃO
EM FOCO
Lendo o Evangelho de João, mais especificamente o capítulo 17, perce-
be-se que Jesus nos deixa, através do seu exemplo, o compromisso com
a oração pelos discípulos. Suas reais intenções em tal oração tinham a
ver com o fato de que todos os discípulos deveriam estar unidos no mes-
mo propósito de vida com Deus, tendo o próprio Jesus como referência.
Inclusive, havia o entendimento de que todos deveriam ser participan-
tes da glória do Senhor.
Partindo deste pressuposto, a oração é um importante instrumento no
aperfeiçoamento de cada crente. Aperfeiçoamento que só pode ser re-
alidade à medida que cada discípulo esteja em unidade com o corpo
de Cristo e com o próprio Senhor, a fim que o mundo reconheça que a
salvação pode promover uma tremenda transformação na vida do ho-
mem por meio do amor de Deus que opera nos salvos e produz vida
em abundância.
A oração de Jesus prova a importância do discipulado na vida do cren-
te e estabelece uma perspectiva de acompanhamento e transformação,
sem os quais não se pode viver a glória do evangelho.

»PRA TOMAR
UMA ATITUDE

O processo de discipulado tem sucesso à medida


que o mestre estabelece uma caminhada baseada
no amor. O discipulado está intimamente relaciona-
do à ideia da influência. O poder de influência se dá
à medida que alguém se percebe alvo de um enorme
investimento. Jesus se tornou o símbolo do discipula-
dor porque traçou todas as suas ações no afã de sal-
var a humanidade da influência do pecado. E não há
a menor dúvida de que o melhor investimento que
você pode dispensar a outrem é o amor.

16 . //ALUNO
2
//EBD

L I Ç Ã O

CARACTERÍSTICAS
DO DISCIPULADO TEXTO BÍBLICO
2TIMÓTEO 2; 1JOÃO 2;

CRISTÃO 2JOÃO 1-13; 3JOÃO 1-15


TEXTO ÁUREO
1JOÃO 2.15,16
»PRA COMEÇAR

É sabido que o discipulado tem aspectos que o caracterizam de


maneira bem particular. Especialmente, porque ele propõe um
estilo de vida que estabelece uma cosmovisão (visão de mundo)
que jamais se sujeita às coisas passageiras deste mundo. O dis-
cipulado se caracteriza por nos fazer enxergar a importância
de nunca nos permitir apego às coisas do mundo. Esta era, exa-
tamente, a razão pela qual Jesus fez a oração sacerdotal, regis-
trada em João 17, na qual expressou, veemente, preocupação
acerca do fato de que o discípulo não é deste mundo, embora
não possa, enquanto estiver neste plano terreno, se desvenci-
lhar dele. O discipulado aponta para o fato de que o apego ao
mundo é incompatível com o amor do Pai, afinal, tudo o que es-
tá no mundo, como toda cobiça da carne, dos olhos e a própria
autossuficiência da vida, constitui-se como algo incongruen-
te em relação à proposta de vida do Pai celestial. Mas, o mais
importante é que experimentar o discipulado é experimentar
uma história garantida e sustentada por Deus, por isso, a igre-
ja jamais pode abrir mão do discipulado.

//ALUNO .17
»COMENTANDO
O TEXTO BÍBLICO

O preparo necessário mãos o jornal e na outra a Bíblia,


– 2Timóteo 2.15 como bem declarou Karl Barth, re-
formado teólogo suíço. Sem tal ca-
Discipulado não é um simples rela-
pacidade, a mensagem fica distante
cionamento entre o discipulador e
e, por vezes, incapaz de influenciar
o discípulo. Antes, demanda influ-
ência coerente com a vontade do contextos de vida, pelo menos de
Senhor. Para tanto, a preparação maneira positiva.
é de fundamental importância. Se-
gundo Paulo, em sua segunda carta
A fidelidade doutrinária – 2João 7-9
ao jovem pastor Timóteo, o obreiro
que se propõe ao discipulado com- Não há a menor dúvida de que a
preende a necessidade de uma vi- melhor maneira de manejar a Pala-
da aprovada diante do Senhor, não vra de Deus é pela fidelidade doutri-
somente pelo testemunho, mas pe- nária, como nos orienta o texto de
la capacidade de contextualizar a 2João 7-9. Portanto, o que se espera
mensagem da Palavra de Deus à é que se fique bem longe do enga-
vida de seu discípulo. Assim, faz-­ no que, infelizmente, reina e cres-
se necessário saber manejar bem ce assustadoramente pelo mundo a
a Palavra, fazendo uma interpreta- fora. Aliás, a doutrina fiel e verda-
ção fiel às Escrituras, portanto, sem deira sempre é medida pelo lugar
distorções e sem qualquer desvio. que Cristo ocupa em seus ensina-
O conhecimento da Palavra garan- mentos, ou seja, qualquer ponto de
te mudança pessoal e autoridade vista que ultrapassa a doutrina de
para indicar as melhores escolhas Cristo não provém de Deus e por
na vida do discípulo. Decididamen- ele não se confirma. Discipulado
te, ninguém pode ajudar o outro, cristão tem por princípio se carac-
valendo-se de conceitos errados e terizar por apresentar Jesus Cristo
princípios que não condizem com a como único e suficiente Salvador. O
verdade, ou seja, o discipulador que discipulado cristão estabelece con-
domina a verdade nunca se sujei- dições para que o discípulo tenha
ta a perverter a mensagem. Logo, as melhores condições de “filtrar”
não há qualquer sucesso na trans-
os falsos mestres e seus erros que,
formação de vida quando os con-
constantemente, induzem os des-
ceitos são equivocados.
preparados ao fracasso espiritual.
O desafio é conhecer e prosseguir Sem isso, a transformação de vidas
em conhecer. Tendo em uma das fica completamente comprometida.

18 . //ALUNO
O acompanhamento do progresso A fé para prosseguir – 1João 5.1-4
– 3João 3-4,14
A conversão que se constitui como
O discipulado cristão tem como um a mudança de mente e de vida co-
dos aspectos distintivos o acompa- mo um todo, deixando para trás as
nhamento. O referido processo não coisas do mundo e se lançando a
permite abandono dos filhos na fé. Jesus, acontece pela graça de Deus
Anseia-se por ver, ajudar e, eventu- mediante a fé, como nos ensina o
almente, celebrar ou se decepcio- apóstolo Paulo em Efésios 2.8,9.
nar com a vida do discípulo. Todas Concebe-se por fé o firme funda-
essas informações responsabili- mento da esperança que não es-
zam o discipulador ao cuidado. In- tá, necessariamente, baseada nas
felizmente, temos nos acostumado coisas que se enxergam, mas que,
com o “desenvolvimento natural” assim mesmo, não comprometem
de cada novo convertido. Cada um a crença, exatamente como temos
por si, tentando sobreviver à pró- em Hebreus 11.1. Este é o recurso
pria sorte. Com isso, temos cren- que nos permite vencer o mundo,
tes malformados e inconstantes. pois esta fé que em nós opera nos
Crentes pouco instruídos e incapa- faz crer em Jesus Cristo que não se
zes de identificar os perigos dos “lo- resume em um discurso, mas está
bos roubadores”. O caminho para para além disso, à medida que se
preparar crentes fortes e bem ins- estabelece como confissão de vida,
truídos é o acompanhamento pes- na qual demonstramos nosso amor
soal. Discipulado cristão envolve por Deus praticando seus manda-
isso também. mentos.

//ALUNO .19
A fé se confirma nas circunstâncias
que se apresentam, sendo elas,
A fé se confirma muitas vezes, desfavoráveis. A
fé se confirma na certeza de que
na certeza de
mesmo não vendo, precisamos ob-
que mesmo não servar o que Cristo prescreve que
vendo, precisamos vivamos em nossas palavras, ações
e atitudes. Os referidos manda-
observar o que
mentos não são pesados como o
Cristo prescreve legalismo judaico o era, mas sua-
que vivamos em ves e abençoadores como se lê em
Mateus 23.4 e 11.30. Logo, com o
nossas palavras,
poder da fé não precisamos de-
ações e atitudes sistir diante dos desafios, afinal,
maior é o que está em nós do que
o que está no mundo, como regis-
trado em 1João 4.4.

{} »A LIÇÃO
EM FOCO

Quando termina a tarefa do evangelizador? A tarefa só está completa quan-


do a pessoa abordada aceita Cristo como Salvador e Senhor da sua vida e
estiver pronta para levar sua fé até outras pessoas. Esse processo é cha-
mado de discipulado. Para atender ao grande mandamento de Jesus nós
precisamos fazer discípulos e transformá-los em discipuladores.
Observemos como exemplo o maior dos missionários, o apóstolo Paulo e
sua relação com um grupo de novos convertidos, a igreja em Tessalônica.
Ele passou por ali, pregou por algumas semanas, mas foi obrigado a dei-
xar a cidade perseguido por alguns opositores.
Sua correspondência para essa igreja descreve toda a sua ansiedade por
não ter tido tempo para terminar o trabalho (1Ts 1.2,3). Seu medo de que
os novos convertidos abandonassem a fé por causa da perseguição era ta-
manho que ele tentou voltar várias vezes (1Ts 2.18). Quando Timóteo che-
gou com boas notícias ao lugar onde ele estava (Corinto), ele fica aliviado e

20 . //ALUNO
escreve uma carta na tentativa de
completar ou reforçar alguns ensi- Inspiremos nossa
nos que ministrou àqueles recém-­ visão de evangelismo
convertidos.
e discipulado
Hoje, porém, estamos deixando a
tarefa incompleta e gerando dis-
em Paulo e
cípulos incompletos. Isso resulta revolucionemos a
em cristãos imaturos, bebês espi- comunicação do
rituais que não crescem, que aca-
bam por originar igrejas também
evangelho. Nosso
imaturas. Mudemos isso. Inspire- trabalho é fazer
mos nossa visão de evangelismo discípulos de Jesus
e discipulado em Paulo e revolu-
cionemos a comunicação do evan-
gelho. Nosso trabalho é fazer
discípulos de Jesus.

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»PRA TOMAR .
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UMA ATITUDE
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Tendo em vista os aspectos apresenta-


dos acima, percebe-se que o discipulado
cristão se caracteriza pelo comprome-
timento com a transformação real das
pessoas, o que só pode acontecer me-
diante um profundo conhecimento da
Palavra de Deus, que é o poder para
acertar caminhos tortuosos, afinal, sem-
pre erramos não conhecendo as Escri-
turas e nem o poder de Deus como se
encontra em Mateus 22.29.

//ALUNO .21

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