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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DA

PARAÍBA,
CAMPUS CAMPINA GRANDE
CURSO TÉCNICO INTEGRADO EM PETRÓLEO E GÁS

JOÃO PEDRO SOUZA ANDRADE

ANÁLISE REOLÓGICA DE FLUIDOS POLIMÉRICOS INIBIDOS

CAMPINA GRANDE, PB

2017
JOÃO PEDRO SOUZA ANDRADE

ANÁLISE REOLÓGICA DE FLUIDOS POLIMÉRICOS INIBIDOS

Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado


junto ao Curso de Petróleo e Gás do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba como
exigência para a obtenção do grau em Técnico em
Petróleo e Gás.

Orientadora: Prof.ª. Dr.ª. Danielly Vieira de Lucena

CAMPINA GRANDE, PB

2017
AGRADECIMENTOS

O sonho que cada um carrega dentro de si provém do doce coração de um bom e


cuidadoso Deus, que molda nossa vida da mesma forma que moldou o universo no primórdio
dos tempos, e, a Ele, o Soberano, agradeço e louvo pela oportunidade de realizar este trabalho.

À mãe da humanidade, aquela que é cheia de Graça, à Virgem Maria, por me cobrir com
seu manto santo, me amparando e dando-me o afeto necessário em momentos dificultosos.

Agradeço aos meus pais, Vilmar Félix e Maria do Socorro, por me darem a melhor
educação que puderam, dentro das possibilidades, e por todo o amor emanado por eles,
servindo, para mim, como motor.

À minha linda e amada irmã, Tatiane, por todo incentivo e amor que sempre me dedicou.
Agradeço por ser sempre o meu modelo inspirador.

Aos meus demais queridos irmãos, Luiz, Vandeilson, Thaís, Thainar, Tamara, Rodrigo,
Thaiane e Thiago, por serem sempre fonte de amor e motivação.

À minha tia, Valdilene, por sempre, em todos os momentos, ser amorosa, companheira
e auxiliadora, quase uma mãe, me ajudando e apoiando na realização de meus sonhos.

A todos os meus demais parentes (minhas avós, primos, primas, cunhados, tios e tias)
por sempre estarem ao meu lado, me dando forças.

À professora orientadora, Danielly, pelo carinho e atenção, ajudando sempre na


construção deste trabalho, sendo paciente no ensino e dedicada ao trabalho.

Aos amigos que o IF me proporcionou, agradeço por dividirem comigo os melhores e


piores momentos de minha vida – até então –, sempre de mãos dadas, ajudando a superar às
dificuldades e, ao mesmo tempo, nunca deixando me faltar um sorriso no rosto.
À minha amada irmã, Tatiane, por ser minha principal
incentivadora e inspiração na busca pela realização de meus
sonhos, servindo para mim como verdadeiro alento e
sustentáculo; e aos meus pais, Vilmar e Maria, por serem o
motivo de minha força para lutar.

Dedico este trabalho.


JOÃO PEDRO SOUZA ANDRADE

ANÁLISE REOLÓGICA DE FLUIDOS POLIMÉRICOS INIBIDOS

Aprovado em: ____/____/____ Nota_______________

__________________________________________________
Prof.ª. Dr.ª. Danielly Vieira de Lucena
Orientadora – IFPB
RESUMO

Este trabalho tem como objetivo estudar as propriedades reológicas de fluidos poliméricos
inibidos à base de água. Para tanto, foram desenvolvidas sete formulações contendo alguns
aditivos e avaliando suas propriedades reológicas. Os fluidos foram preparados de acordo com
prática de campo, que consiste em adicionar à água os aditivos sob agitação constante. Após
24h de repouso, as propriedades reológicas foram determinadas, bem como as curvas de fluxo.
Os resultados mostraram que o fluido com os melhores valores de propriedades reológicas e
compatíveis com a norma padrão para fluidos poliméricos encontrados na bibliografia em geral,
foi o que continha a menor concentração de viscosificante e maior concentração de lubrificante.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 8
2. OBJETIVOS....................................................................................................................... 10
2.1 OBJETIVO GERAL ....................................................................................................... 10

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................... 10

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................... 11


3.1 FLUIDOS DE PERFURAÇÃO ...................................................................................... 11

3.2 HISTÓRICO ................................................................................................................... 11

3.3 FUNÇÕES DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO.......................................................... 14

3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO ............................................ 15

3.5 FLUIDOS DE PERFURAÇÃO AQUOSOS POLIMÉRICOS ...................................... 16

3.6 ADITIVOS PARA FLUIDOS DE PERFURAÇÃO POLIMÉRICOS ........................... 16

3.7 ADITIVOS POLIMÉRICOS .......................................................................................... 18

3.8 DESEMPENHO REOLÓGICO DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO ......................... 19

4. METODOLOGIA .............................................................................................................. 20
4.1 MATERIAIS ................................................................................................................... 20

4.2 MÉTODOS ..................................................................................................................... 21

4.2.1. Preparação dos fluidos de perfuração ...................................................................... 21


4.2.2. Propriedades reológicas ............................................................................................... 21
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 22
6. CONCLUSÕES .................................................................................................................. 27
REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 28
1. INTRODUÇÃO

A atividade de perfuração de poços é formada por um grupo de operações requeridas


para atravessar às formações geológicas, a fim de se conseguir a prospecção de hidrocarboneto.
Pela ação de uma broca existente na extremidade de uma coluna de perfuração, as rochas são
perfuradas e os fragmentos de rocha são retirados pela ação de um fluido – ou lama – de
perfuração, bombeado pela coluna de perfuração (THOMAS et. al, 2004).
Vale (2015) comenta que fatores como o sucesso, a conclusão de um poço de perfuração
e o custo do projeto estão interligados com as propriedades da lama de perfuração usada. A
determinação do fluido, neste contexto, e o acondicionamento de suas propriedades impactam
significativamente nos aspectos operacionais e econômicos do projeto.
As funções de resfriar a broca, remover os cascalhos do fundo do poço, formar camada
sólida permeável na parede da formação e controlar as pressões da formação e do poço, ficam
à cargo do fluido de perfuração, formados por uma fase (podendo ser ar, água ou óleo) e aditivos
(viscosificantes, redutor de filtrado, lubrificante, por exemplo), que são circulados no interior
do poço durante a atividade de perfuração (AIRES, 2013), que pode ocorrer em terra (onshore)
ou em mar (offshore), como destacou Serra (2003).
A fim de que a perfuração aumente seu desempenho nas funções citadas no parágrafo
anterior, é preciso que suas propriedades estejam adequadas às situações que, potencialmente,
podem ocorrer; caso contrário, podem ocorrer problemas como aprisionamento de tubos
desmoronamentos, má circulação dos cascalhos, e a perda total do poço (AIRES, 2013).
Constituídos por uma fase contínua aquosa, os fluidos argilosos são sensíveis a altas
temperaturas e, quando expostos por períodos longos, desenvolvem géis rígidos, podendo levar
ao comprometimento da perfuração, além de apresentarem dificuldade de lubrificação
(NASCIMENTO, 2013).
Os fluidos de perfuração demostram diversas propriedades físico-químicas que devem
ser levadas em consideração durante sua aplicação. Como alternativa para driblar desafios
estabelecidos durante a exploração de petróleo – mais notadamente nas etapas de perfuração –
, colocam-se as soluções poliméricas. Com a finalidade de se reduzir a filtração, floculação de
sólidos perfurados, aumentar a viscosidade, utiliza-se os polímeros. Geralmente, uma
combinação de polímeros é adicionada ao fluido para suprir os requisitos mencionados, mesmo
quando um único polímero satisfizesse, simultaneamente, várias funções (LUCENA, 2014).

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Lucena (2014) comenta, ainda, que, na composição de fluidos de perfuração, são empre-
gados comumente aditivos com o objetivo de melhorar ou controlar suas propriedades
reológicas e de filtração.
Deste modo, o presente trabalho se dedica a estudar as propriedades reológicas de
fluidos de perfuração poliméricos, usados nas atividades de perfuração de poços com altas
temperaturas e pressões, a fim de identificar qual a melhor formulação para compor este tipo
de fluido, usando os aditivos viscosificante, espumante, redutor de filtrado lubrificante.

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Este trabalho tem por objetivo desenvolver fluidos poliméricos capazes de serem usados
em formações reativas e estudar suas propriedades reológicas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

(i) produzir fluidos poliméricos a partir do uso do uso de aditivos como, viscosificante,
lubrificante;
(ii) estudar os parâmetros reológicos viscosidade aparente (VA), viscosidade plástica
(VP), limite de escoamento (LE) e força gel (FG), verificando suas variações
mediante cada composição; e
(iii) identificar a melhor composição de fluido polimérico à perfuração de formações
reativas.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 FLUIDOS DE PERFURAÇÃO

O fluido de perfuração, também conhecido como lama de perfuração, é o único


componente que permanece em contato com o reservatório durante toda a operação de
estruturação do poço e pode ser definido como sendo composição frequentemente líquida
designada a auxiliar o processo de perfuração de poços de petróleo e depende das exigências
particulares de cada perfuração (AMORIM, 2006; MELO, 2013).
Fluidos constituídos de água e argila em baixa concentração podem ser usados em
perfurações mais simples e pouco profundas, sendo adequados a este tipo de atividade.
Contudo, conforme estudos realizados por Barbosa (2006), um fluido mais elaborado se faz
necessário em situações de difícil perfuração e/ou em grandes profundidades, com a introdução
de um ou vários aditivos.
Os fluidos de perfuração são, de uma maneira geral, complexas misturas de sólidos,
líquidos e, por vezes, gases que podem assumir aspecto de suspensão coloidal ou emulsão, do
ponto de vista químico (TERAMOTO, 2014). Serra (2003) afirma que as lamas são sistemas
multifásicos que podem conter água, material orgânico, sais dissolvidos e sólidos em suspensão
nas mais diversas proporções, e possuem aplicação possível em perfurações terrestres (onshore)
e marítimas (offshore), nas operações de sondagem, assim como também são usados na
perfuração de poços artesianos.
Define-se fluido de perfuração como sendo um fluido circulante, requerido durante a
atividade de perfuração com diversas funções exigidas na mesma. São indispensáveis misturas
de componentes químicos, aplicados à lubrificação da broca, limpeza do fundo do poço,
carreamento de cascalhos até a superfície e controle da pressão de formação (RIBEIRO, 2015).

3.2 HISTÓRICO

Inicialmente, um fluido de perfuração foi definido como um material empregado para


ajudar a ação de ferramentas de corte. Portanto, segundo Serra (2003) e Darley & Gray (1998),
o seu uso antecede o surgimento da indústria do petróleo.

O primeiro fluido de perfuração foi a água que era, provavelmente, usada para remover
os detritos em cada poço perfurado (AMORIM, 2003). Conforme mencionado anteriormente,
o uso de fluidos de perfuração antecede a indústria do petróleo, pois eram utilizados, desde a

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antiguidade, como material para auxiliar as ferramentas na perfuração de poços com outras
finalidades (SERRA, 2003 e DARLEY & GRAY, 1998).
Entre os anos de 1860 e 1880, várias patentes norte americanas indicavam os fluidos de
perfuração como veículos para remoção de detritos, no método de perfuração baseados no
sistema de hastes giratórias. Este método foi desenvolvido em 1844, na Inglaterra, por Robert
Beart que obteve uma patente ao propor a circulação da água para transportar até a superfície o
material cortado ou movido pelas ferramentas (LUZ, 2014).
Também de acordo com Luz (2014) Chapman patenteou, em 1887, nos Estados Unidos,
um estudo que propunha que um fluxo de água e certa quantidade de material argiloso
removeriam os detritos e, além disso, formaria um reboco, ou seja, uma parede impermeável ao
longo do poço.
Segundo Darley & Gray (1988), muitos poços foram perfurados no Texas e na Louisiana
utilizando fluidos contendo argilas, na década de 1890. Na década de 1890, muitos poços foram
perfurados no Texas e na Louisiana utilizando fluidos contendo argilas. Brantly, em seu livro
History of Oil Well Drilling (História da Perfuração de Poços de Petróleo), menciona que não
se utilizou outro material além da argila, o qual traz uma revisão sobre o desenvolvimento dos
fluidos de perfuração neste período (DARLEY & GRAY, 1988).
Iniciou-se o uso da argila bentoníticas como alternativa aos problemas relacionados à
estabilização dos poços, em 1928, na Califórnia. Posteriormente, a experiência de campo e
estudos de laboratório apontaram que esta argila foi o material mais prático usado para a
melhoria da viscosidade e diminuição da perda de fluido para a formação, devido à formação
de uma camada de reboco, para fluidos à base de água doce. Na presença de sais, a bentonita
se torna, progressivamente, menos eficiente e, quando em água saturada com sais, não demostra
inchamento e contribuía pouco para a perda de fluido (LUZ, 2014).
Conforme Luz (2014), somente em 1939, com a utilização de polímeros (gomas e
amidos naturais), os problemas com o controle de filtrado começaram a ser solucionados,
devido à filtração de um reboco fino de baixa permeabilidade.
Segundo Darley e Gray (1988), no intuito de se diminuir o filtrado, o amido ou o CMC
(carboximetilcelulose) passou a ser adicionado. Contudo, estas lamas não eram adequadas a
este tipo de operação, por passar ligeiramente do estado sol para o estado gel. Estes problemas
foram solucionados por King e Adolphson (1960), que desenvolveram os lignosulfonatos de
ferro, cromo, alumínio e cobre.

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O maior subsídio para o avanço dos fluidos com baixo teor de sólidos foi a introdução
do polímero XC ou Goma. O polímero XC, eficaz agente de suspensão tanto em água doce
como água salgada, é produzido pela ação do microrganismo Xanthomonas campestres no
açúcar, contido em um meio apropriado. Por ser tolerante ao sal, o polímero XC é um dos
elementos de grande uso em lamas de perfuração para meios com eletrólitos abundantes
(AMORIM, 2003).

Como ressaltaram Darley & Gray (1988), pôde-se verificar que em menos de 50 anos
houve um avanço extremamente significante na tecnologia dos fluidos de perfuração à base de
óleo: após meio século, as composições passaram a ser multifásicas, quando, anteriormente, era
usado óleo cru para aperfeiçoar às produtividades de perfuração. Sua aplicação ocorre sob
condições de elevadas temperaturas e pressões, formações sensíveis à água, gases corrosivos e
sais solúveis em água. Porém, em contrapartida, opondo-se a todas essas características
favoráveis, os fluidos de base oleosa possuem alto curto inicial precauções devem ser tomadas,
afim de que a poluição seja evitada.

Segundo Burke & Veil (1995), usados em perfurações na presença de folhelhos ou sais
e com altas temperaturas, os fluidos sintéticos apresentam desempenho comparável aos fluidos
à base de óleo, quando os fluidos à base de água têm seu desempenho limitado.

O Brasil segue tendência mundial, com relação à evolução dos fluidos de perfuração.
Atualmente, fluidos contendo polímeros e sais são utilizados em algumas fases de perfuração.
Em decorrência das limitações ambientais, os fluidos à base de óleo passaram a ter seu uso
limitado e, quando usados, possuem a composição alterada: a base de óleo diesel foi substituída
por bases orgânicas menos tóxicas. Os fluidos tradicionais, à base de água e bentonita, são
usados ainda hoje (AMORIM, 2003).

Hoje, o desenvolvimento de fluidos de perfuração está cada vez mais especializado, de


forma que todas as propriedades necessárias aos fluidos sejam adquiridas por meio da
incorporação de aditivos desenvolvidos especialmente para corrigir e/ou melhorar o
desempenho dos fluidos durante a operação de perfuração de poços, aumentando, assim, as
chances do sucesso da perfuração (BARBOSA, 2006).

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3.3 FUNÇÕES DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO

Lucena (2011) salienta que um fluido de perfuração deve realizar suas funções
essenciais, básicas – suspender os detritos gerados na atividade de perfuração, controlar a
pressão, estabilizar as formações, apresentar poder de resfriamento e de flutuação – e, além
dessas funções, deve oferecer características que se adequem ao uso nos mais variados tipos de
formação.
Thomas et. al, (2001), define fluidos de perfuração como sendo complexas misturas de
produtos químicos, sólidos, líquidos e, por vezes, até gases. Devem ser especificados de modo
a garantir uma produção rápida e segura. Assim, espera-se que as lamas apresentem as
características seguintes:

 Ser bombeável;
 Aceitar qualquer tratamento químico;
 Ser estável quimicamente;
 Apresentar baixa corrosão e abrasão em relação à coluna de perfuração e aos demais
equipamentos do sistema de circulação;
 Manter os sólidos em suspensão quando estiver em repouso;
 Facilitar a separação dos cascalhos na superfície;
 Estabilizar as paredes do poço, mecânica e quimicamente;
 Facilitar a interpretação geológica do material retirado do poço; e
 Apresentar custo compatível com a operação.

Barbosa (2006) aponta que os fluidos de perfuração desempenham relevantes funções


no processo de perfuração, destacando algumas de suas principais:

 Limpar o fundo do poço dos detritos de perfuração;


 Transportar os detritos de perfuração para a superfície;
 Permitir uma adequada avaliação da formação geológica.
 Exercer pressão sobre as paredes do poço para estabilizá-lo, evitando o
desmoronamento (SERRA, 2003);
 Exercer controle sobre as pressões da formação que estará sendo perfurada (PALLA,
2016);
 Auxiliar na remoção do cascalho gerado durante a perfuração (AZEVEDO, 2016);

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 Formar uma torta de filtração – é o resíduo pastoso proveniente do material em
suspensão presente no fluido de perfuração, que é depositado sobre as paredes
permeáveis das formações – que sele poros e outras aberturas nas formações penetradas
pela lama (SERRA, 2003).
 Resfriar e lubrificar a broca e o tubo de perfuração (SERRA, 2003 e AZEVEDO, 2016);

As propriedades físico-químicas dos fluidos de perfuração devem ser cuidadosamente


controladas, afim de que as exigências mencionadas anteriormente sejam satisfeitas, para que
se ajustem às várias condições de subsuperfície (SERRA, 2003).

3.4 CLASSIFICAÇÃO DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO

A composição dos fluidos de perfuração vai definir sua classificação. O principal


critério para classificação das lamas leva em conta o principal constituinte de sua fase contínua
ou dispersante (THOMAS et. al, 2001). A fase contínua (ou dispersante) de um fluido é o que
vai indicar sua classificação, podendo ser aquosa ou não aquosa, quando sua fase dispersante
for água ou quando não for água, respectivamente. Tradicionalmente, os fluidos são tidos como
à base de óleo, à base de gás e à base de água (PALLA, 2016).
Albuquerque (2016) salienta que fluidos à base de gás natural ou ar são injetados no
poço a alta velocidade, inclusive os que o gás é fase contínua (gás seco) e aqueles que o gás é
fase dispersa, como em espumas e espumas compactas. Os fluidos aquosos são dispersões do
tipo “sol”, onde o meio dispersante é uma fase aquosa. Conforme Amorim (2003), quando a
fase dispersante é formada por óleo, o fluido é classificado como sendo base óleo.
Segundo Darley e Gray, (1988), nos casos em que a água é tida como a fase contínua,
tem-se partículas sólidas suspensas em água, e o óleo pode ser emulsionado com a água, quando
a mesma for a fase dispersante.
As partículas sólidas são suspensas em óleo e o óleo pode se emulsionar com a água,
para o caso de o fluido ser à base de óleo. Nos fluidos de base gás, os cortes perfurados são
removidos pelo fluxo de ar ou gás natural em alta velocidade. Com a finalidade de se remover
os menores influxos de água, agentes espumantes são adicionados ao fluido (MELO, 2013).
O tipo, as características e propriedades dos fluidos, podem ser definidas a partir da
natureza das fases dispersantes e dispersas e de seus componentes básicos (THOMAS et. al,
2001).
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3.5 FLUIDOS DE PERFURAÇÃO AQUOSOS POLIMÉRICOS

Fluido à base de água nada mais é do que uma mistura de líquidos, sólidos e aditivos
químicos, tendo a água como a fase contínua, podendo ser salgada, doce ou salmoura, a
depender da disponibilidade a das necessidades relativas ao fluido de perfuração
(KIRSCHNER, 2008).
Tendo em vista a necessidade de se verificar as modificações que tais aditivos poderão
causar nas propriedades dos mesmos, é importante o conhecimento dos aditivos que serão
empregados na formulação dos fluidos (MOREIRA, 2016).
A água age como o principal meio de dispersão para as argilas e os polímeros (coloides),
atuando no controle da viscosidade, nas forças géis e filtrados, no limite de escoamento em
valores adequados a fim de se proporcionar uma boa taxa de retirada de sólidos perfurados e
manter estável a parede do poço (SEIXAS, 2010 e KIRSCHNER, 2008).
Conforme Kirschner (2008), alguns fatores devem ser levados em conta para a escolha
da água que será usada no reparo do fluido, dentre eles, ressaltam-se: curto de transporte e
tratamento, disponibilidade, produtos químicos que compõe o fluido, tipo de formação a ser
perfurada e técnicas que serão usadas na avaliação das formações.
Formados essencialmente por água, polímeros e adensantes, os fluidos aquosos
poliméricos têm possibilitado uma inibição química mais considerável e melhor lubricidade
que os demais sistemas base água (ALBUQUERQUE, 2016).
Na década de 30 do século passado, a fim de se solucionar problemas de filtração – isto
é, perda de fase contínua para a formação permeável –, passou-se a se fazer uso dos primeiros
polímeros para tal finalidade. Sem dúvidas, a forma como os polímeros vieram ganhando
espaço ao logo dessas décadas justifica a sua aceitabilidade no mercado, como importante
composto dos fluidos de perfuração, vislumbrando melhoramentos nas propriedades dos
fluidos, parte fundamental das atividades de perfuração (SEIXAS, 2010).
Polímeros diversos estão sendo usados atualmente: alguns de características naturais,
outros mais especializados, que são derivados dos polímeros naturais e outros mais sofisticados,
tidos como sintéticos. A utilização dos polímeros é algo que irá se perpetuar e se aperfeiçoar
por longas gerações, no que se trata dos fluidos de perfuração (SEIXAS, 2010).

3.6 ADITIVOS PARA FLUIDOS DE PERFURAÇÃO POLIMÉRICOS

Os fluidos de perfuração, de uma maneira geral, são sistemas multifásicos que podem
conter água, material orgânico, sais dissolvidos e sólidos em suspensão nas mais diversas

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proporções. A proporção entre os componentes básicos e as interações entre eles provocam
sensíveis modificações nas propriedades físico-químicas do mesmo (SERRA, 2003;
BRANDÃO, 2012).
Consequentemente, a composição é o principal fator a considerar no controle de suas
propriedades, e também é variável, a depender das exigências particulares de cada operação de
perfuração. Na medida em que os fluidos atravessam diversos tipos de formações, surge a
necessidade de se recorrer a este ou àquele dos diversos tipos de fluidos de perfuração
(LUCENA, 2014).
Segundo Serra (2003), os aditivos são substâncias químicas que, quando adicionadas ao
fluido, conferem a ele propriedades especiais, requeridas durante as atividades de perfuração.
Esses aditivos podem desempenhar uma série de funções no fluido de perfuração.
Os principais aditivos para fluidos de perfuração são (BRANDÃO, 2012; LUCENA, 2011):
 Tensoativos: Diminuir a tensão interfacial entre a fase contínua e os demais aditivos;
 Floculantes: Aumentar a viscosidade do fluido, promovendo o agrupamento das
partículas suspensas;
 Dispersantes: Evitar a incorporação de partículas de argila da formação no fluido;
 Lubrificantes: Facilitar a penetração da broca e coluna na formação, por reduzir o
coeficiente de atrito;
 Inibidores de argila: Evitar que as argilas sejam hidratadas e provoquem prisão de
ferramentas;
 Redutores de filtrado: Evitar que o fluido invada a formação e venha a danificar a jazida;
 Controladores de pH: Controlar o grau de acidez ou alcalinidade do fluido. Lucena
(2011), ressalta que os controladores de pH também reduzem as taxas de corrosão e
estabilizam as emulsões;
 Bactericidas: Evitar a rápida degradação do fluido, permitindo, assim, que o mesmo seja
reutilizado em outras perfurações;
 Viscosificantes (sólidos ativos): Aumentar a viscosidade para proporcionar melhor
limpeza do poço e suspensão dos cascalhos;
 Adensantes (sólidos inertes): Dar peso ao fluido e controlar a pressão no interior do
poço, controlar o volume de filtrado;
 Antiespumantes: reduzem a ação espumante, particularmente em fluidos à base de água
saturada com sal.

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3.7 ADITIVOS POLIMÉRICOS

Lucena (2014) comentou que o incremento de polímeros como parte da composição de


fluidos de perfuração se mostra como uma das mais notáveis alternativas para melhoria das
propriedades que a lama deve mostrar na atividade petroleira.
Na década de 1930, sendo incluídos para controle de filtração, os polímeros passaram a
serem usados em fluidos de perfuração. À medida que vêm se tornando mais especializados,
estando presentes em grande parte dos sistemas à base de água nos dias de hoje, sua
aplicabilidade vai sendo mais aceita, fazendo parte da composição de vários sistemas à base de
água nos dias de hoje (PEREIRA, 2007).
São classificados como aditivos para as lamas, conforme Lummus e Azar (1986),
viscosificantes, agentes redutores de viscosidade (defloculantes), emulsificantes, redutores de
perda de fluidos e os aditivos especiais. Cada aditivo possui sua função específica, sendo os
viscosificantes responsáveis por aumentar à viscosidade do fluido, como os polímeros naturais
sintéticos, a bentonita, atapulgita. Já os densificantes possuem a função de tornar maior a
densidade da lama, sendo mais usada a barita (BaSO4). Com o objetivo de diminuir o volume
de filtrado e a viscosidade do fluido, respectivamente, são adicionados redutor de perda de
fluido e de viscosidade (defloculantes ou dispersantes). Os emulsificantes facilitam o
mecanismo de dispersão de dois líquidos imiscíveis, estabilizando a emulsão. Como aditivos
especiais, estão incluídos floculantes, controladores de pH, antiespumantes, lubrificantes,
dentre outros.
A determinação do polímero a ser usado para uma finalidade está ligada às suas
características que, por sua vez, estão ligados à estrutura química e ao tamanho de sua cadeia,
além das propriedades que a lama deve possuir para que, durante a operação de perfuração,
desempenhe suas funções de forma eficiente (AMORIM, 2004).
Os polímeros que são usados normalmente no preparo de fluidos são hidrossolúveis,
isto é, solúveis em água, podendo ser naturais, sintéticos ou modificados, ou naturais
modificados. Os fluidos passam pela fase de aditivação durante a sua preparação nos tanques
de lama, ou, se for o caso, durante a operação de perfuração, quando é necessária a adequação
das suas propriedades (AMORIM, 2004).
Segundo Pereira (2007), o CMC (carboximetilcelulose, polímero celulósico) é um dos
aditivos mais utilizados, assim como PAM (poliacrilamina, polímero não celulótico). Esses
polímeros têm atuação diferente: o CMC pode agir aumentando a viscosidade ou diminuindo o
filtrado e o PAM é tido como um ótimo lubrificante, inibidor e encapsulador de argilas

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hidratáveis, porém, não forma reboco, tornando mais fácil a entrada de sólidos na formação
permeável.
O polissacarídeo sintético sintetizado por uma bactéria fitopatogênica (gênero
Xanthomonas), goma xantana (GX), tem uma grande importância comercial e é aplicada em
diversos ramos da indústria, tais quais o de cosméticos, alimentos, fármacos, qupimicos e
petroquímicos. Sua alta aplicação se deve às suas propriedades reológicas, que possibilitam a
formação de soluções viscosas a baixas concentrações (0,05-1,0%) (NASCIMENTO, 2013).

3.8 DESEMPENHO REOLÓGICO DOS FLUIDOS DE PERFURAÇÃO

Segundo Amorim (2003), os fluidos à base de água são utilizados na maioria das
operações de perfuração em todo o mundo. No Golfo do México, por exemplo, mais de 90%
dos poços perfurados usam este tipo de fluido.
Os polímeros adicionados aos fluidos aquosos possuem alto peso molecular, com a
finalidade de ampliarem a viscosidade, por meio da floculação dos sólidos perfurados ou por
meio da viscosidade da água. São comumente usadas a poliacrilamina, celulose e produtos à
base de gomas naturais (AMORIM, 2003).
Os polímeros são usados como elementos nos fluidos de perfuração para corrigirem
problemas que afetam custos e riscos de produção de óleo. Na atuação de espessantes,
controladores de filtrado, inibidores de inchamento de formações, lubrificantes e agentes
dispersantes, são adicionados ao fluido vários polímeros, como a poliacrilamina parcialmente
hidrolisada (PHPA), o copolímero de acetato e anidrido maleico (VAMA), a goma xantana
(XG), e a carboximetilcelulose (CMC) (SANTANA, 2014).
Conforme Câmara (2016), a importância do uso de fluidos base água em poços de alta
temperatura e pressão foi incentivado pelas restrições ambientais e pelos aspectos econômicos
relativos.
Para Nascimento (2013) os fluidos argilosos, constituídos por uma fase contínua aquosa,
são sensíveis a altas temperaturas e, quando expostos por períodos longos, desenvolvem géis
rígidos, podendo levar ao comprometimento da perfuração, além de apresentarem dificuldade
de lubrificação.
Nascimento (2013) observou também que além dos aditivos poliméricos, usados para
se compensar a deficiência de lubrificação apresentada pelos fluidos de base aquosa, utiliza-se
também lubrificantes. Estudos diversos têm apontado que o incremento de determinados

19
lubrificantes reduz o risco de problemas como a prisão diferencial, além de diminuir a força
requerida para liberar a tubulação ou ferramenta.

4. METODOLOGIA

4.1 MATERIAIS

Para a preparação dos fluidos de perfuração poliméricos, foram utilizados os seguintes


aditivos: antiespumante (líquido à base de silicone), viscosificante (goma xantana), redutor de
filtrado (carboximetilcelulose de baixa viscosidade) e lubrificante (óleo vegetal de alta
lubricidade tratado quimicamente com ácidos e neutralizantes alcalinos).
A formulação base para o preparo dos fluidos de perfuração utilizados neste estudo está
descrita na Tabela 1.

Tabela 1: Formulações dos fluidos poliméricos aditivados com diferentes concentrações a


serem desenvolvidos.

Formulações Antiespumante Redutor de filtrado Viscosificante Lubrificante

F1 1 gota 2,0 gramas 1,0g 0,5%


F2 1 gota 2,0 gramas 2,0g 0,5%
F3 1 gota 2,0 gramas 1,0g 1,0%
F4 1 gota 2,0 gramas 2,0g 1,0%
F5 1 gota 2,0 gramas 1,5g 0,75%

20
4.2 MÉTODOS

4.2.1. Preparação dos fluidos de perfuração

Foram preparados fluidos de perfuração à base de água, compostos pelos aditivos:


espumante, viscosificante, redutor de filtrado e lubrificante em agitador mecânico Hamilton
Beach, modelo 936.
Os fluidos de perfuração foram preparados de acordo com a prática de campo, que
consiste em adicionar os aditivos, um a um, sob agitação a uma velocidade constante de
13.000rpm em agitador Hamilton Beach, modelo 936, obedecendo a ordem descrita acima
permanecendo 5 minutos sob agitação a cada acréscimo de aditivo, com exceção do
viscosificante, do redutor de filtrado e do selante, que permanecerão 10 minutos sob agitação.

4.2.2. Propriedades reológicas

Após repouso de 24 horas, foi realizado o estudo reológico dos fluidos de perfuração.
Para isso, o fluido foi agitado durante 5 minutos em agitador mecânico Hamilton Beach, modelo
936, na velocidade de 17.000rpm. Após a agitação, o fluido foi transferido para o recipiente do
viscosímetro Fann modelo 35A. O viscosímetro foi acionado na velocidade de 600rpm durante
2 minutos e efetuada a leitura. Logo após, a velocidade será mudada para 300rpm, efetuando a
leitura após 15 segundos.
A viscosidade aparente (VA) é o valor obtido na leitura a 600rpm dividido por 2, dada
em cP, e a viscosidade plástica (VP) é a diferença das leituras obtidas a 600rpm e a 300rpm,
dada também em cP. O limite de escoamento (LE) é a diferença entre a leitura obtida a 300rpm
e a viscosidade plástica (VP), de acordo com a norma 13 B-1 da API (2003). O estudo reológico
foi realizado no Laboratório de Análises de Rochas e Fluidos do IFPB.

21
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As curvas de fluxo dos fluidos preparados a partir das formulações expostas na Tabela
1 estão representadas na Figura 1.

60
Tensão de Cisalhamento (Pa)

F1
50
F2

40 F3
F4
30
F5
20 F6
F7
10

0
0 200 400 600 800 1000 1200
Taxa de Cisalhamento (1/s)

Figura 1: Curvas de fluxo dos fluidos F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7 preparados a partir das
formulações estabelecidas na Tabela 1.

Foi possível observar, por meio das curvas de fluxo, que todos os fluidos evidenciam
comportamento pseudoplástico. Vários fatores podem causar esse tipo de comportamento, tais
como as características físicas das partículas – área superficial, formato e dimensão, tipo de
interação entre as partículas (repulsão ou atração), a concentração, peso molecular e a
conformação de moléculas de dispersante no meio líquido. O fenômeno de pseudoplasticidade
pode ter como principal causador a presença de aglomerados relativamente fracos na suspensão,
originados pela atuação de forças de interação atrativas entre partículas (SILVA, 2008).
A variação das concentrações estudadas dos aditivos, bem como a variação do tipo de
inibidor de argilas expansivas nas formulações dos fluidos de perfuração não apresentaram
influências no seu comportamento reológico, como dito anteriormente, os fluidos têm
comportamento pseudoplástico.

22
De acordo com estudos desenvolvidos por Leal (2012) obtemos uma faixa de valores
para as propriedades reológicas dos fluidos de perfuração aquosos poliméricos que garantam
um bom desempenho dos mesmos durante a atividade de perfuração e assim, lista-se abaixo as
faixas de tais valores para as viscosidades (aparente e plástica), limite de escoamento e força
gel:

 Viscosidade Aparente (VA): 44,5 – 60,0 cP;


 Viscosidade Plástica (VP): 20,0 – 35,0 cP;
 Limite de Escoamento (LE): 29,0 – 48,0 cP;
 Força Gel (FG): 0,5 – 2,5 cP.

As propriedades reológicas – viscosidade aparente (VA), viscosidade plástica (VP),


limite de escoamento (LE) e força gel (FG) – obtidas para os fluidos poliméricos preparados
estão apresentadas nas Figuras de 2 a 5.

55
54
53 F1
52 F2
51 F3
50 F4
49 F5
48 F6
47
F7
46
45

Figura 2: Gráfico das viscosidades aparente (VA) dos fluidos F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7
preparados a partir das formulações estabelecidas na Tabela 1.

23
30

25
F1

20 F2
F3
15 F4
F5
10 F6
F7
5

0
Figura 3: Gráfico das viscosidades plástica (VP) dos fluidos F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7
preparados a partir das formulações estabelecidas na Tabela 1.

70

60

F1
50
F2
40 F3
F4
30 F5
F6
20
F7

10

0
Figura 4: Gráfico dos limites de escoamento (LE) dos fluidos F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7
preparados a partir das formulações estabelecidas na Tabela 1.

24
1.2

1
F1
0.8 F2
F3
0.6 F4
F5
0.4 F6
F7
0.2

0
Figura 5: Gráfico das forças géis (FG) dos fluidos F1, F2, F3, F4, F5, F6 e F7 preparados a
partir das formulações estabelecidas na Tabela 1.

As viscosidades aparentes dos fluidos preparados mostram que o fator decisivo para
determinar o valor desta propriedade é a quantidade de viscosificante e lubrificante, e que
quanto maior for a concentração dos mesmos, maior será o valor de VA. De acordo com os
valores estabelecidos pelos estudos de Leal (2012), podemos verificar que todos os fluidos
produzidos possuem viscosidade aparente (VA) dentro do padrão estabelecido, tendo F1 o
menor valor de VA (48,5 cP) e F4 o maior (54,0 cP). Provavelmente, o valor de VA para o
fluido F4 foi o preponderante devido ao maior uso de lubrificante e viscosificante. Similar
ocorreu com o fluido 1, que possui os menores valores dos mesmos aditivos já mencionados.
Dos fluidos com as maiores concentrações de lubrificante, o que contém a menor
quantidade de viscosificante é o que tem o maior valor de VP; de modo análogo ocorre com os
fluidos com menores concentrações de lubrificante, em que o possuídos da menor quantidade
de viscosificante é o que tem o maior valor de VP. Percebe-se, portanto, a influência do aditivo
viscosificante na propriedade reológica do fluido.
A viscosidade plástica (VP) dos fluidos F2, F5, F6 e F7 são as menores, correspondendo
a um valor de 21 cP. A formulação de F2 é de 2g de viscosificante, 0,5% de lubrificante, 1 gota
de antiespumante e 2 gramas de redutor de filtrado, enquanto os fluidos de F5 a F7 têm
formulações iguais, com 1,5g de viscosificante, 0,75% de lubrificante, 1 gota de antiespumante
e 2 gramas de redutor de filtrado. Todos os fluidos preparados possuem valores de VP dentro
25
do padrão estudado por Leal (2012). Esse fato pode ser atribuído à concentração de
viscosificante
Os fluidos F3 e F4 possuem em sua composição a mesma quantidade de lubrificante
(1%), porém, a quantidade de viscosificante é diferente, sendo a do fluido F3 menor que a de
F4 e seus valores são, respectivamente, 1g e 2g. Ambos, os fluidos, nesta ordem, apresentaram
menor e maior valores para LE. Deste modo, torna-se notável a influência que o viscosificante
exerce sobre a propriedade reológica do fluido e que, na medida em que se aumenta a
quantidade de viscosificante, a propriedade limite de escoamento também aumenta. Porém,
conforme o arquétipo desenvolvido por Leal (2012), que estabelece para LE valores entre 29
cP e 48 cP, apenas o fluido F3 se encontra dentro do padrão.
Todas as amostras de fluidos desenvolvidas possuem valores de força gel (FG) dentro
do padrão mencionado anteriormente. Os maiores e menores valores de FG são 1 cP e 0,5 cP,
pertencentes aos fluidos F1, F5, F6, F7 e F2, F3, F4, nesta ordem.

26
6. CONCLUSÕES

Com o objetivo de estudar as propriedades reológicas de fluidos poliméricos inibidos e


a partir dos resultados obtidos, podemos concluir que:

 todos os fluidos desenvolvidos contêm valores de viscosidade plástica dentro do que é


estabelecido pelos fluidos desenvolvidos por Leal (2012);
 os fluidos desenvolvidos possuem valores de viscosidade plástica dentro do padrão;
 apenas o fluido F3 atende às especificações descritas por Leal (2012) para fluidos
poliméricos, quanto ao limite de escoamento; e
 todas as amostras demostraram valores de força gel dentro do estabelecido pela norma
e, apenas o fluido F3 contem todas as propriedades analisadas dentro da norma padrão
para fluidos poliméricos, com 1 gota de antiespumante, 2 gramas de redutor de filtrado,
1 grama de viscosificante e 1% de lubrificante.

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30

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