Você está na página 1de 2

Comportamento geral

Gonzaguinha aborda em Comportamento Geral o período ditatorial e também a


alienação imposta e predominante à classe trabalhadora.

Longe de cantar um mundo ideal, a letra diz “Você merece, você merece” –
tudo vai bem, tudo legal – cerveja, samba e amanhã, seu Zé – se acabarem
com teu carnaval. O verbo merecer, ironizado aqui, aborda a dominação
ideológica e cultural com a qual o proletariado muitas vezes participa e até
concorda, se submetendo voluntariamente a um sistema que o escraviza e o
mantém alienado sobre a exploração da qual é vítima e presa fácil. Ou seja,
denuncia o quanto o trabalhador é explorado, e ainda assim, conivente e feliz
com sua classe dominante.

A multidão de escravos disposta a fazer todo o possível para participar do


espetacular sistema de mercado, fica cada vez mais distante e sem acesso ao
que produz. A cada produção concluída, tem-se oferta de trabalho cada vez
mais alienante, que lhe é dada generosamente a oportunidade de colaborar.

Há, em sua canção, um chamado a pensar, a refletir sobre nosso papel


enquanto pessoa humana e o nosso agir no ato de trabalhar, produzir coisas,
empreender ou gerar serviços.

Diante da falta de consciência de classe, das condições materiais ruins, o


trabalhador não enfrenta o outro lado e há alienação e, portanto,
impossibilidade de se sentir proletário, escravizado e sem enxergar isso,
esquece a historia da luta do trabalhador e conserva as relações de produção
como são.

Distraído com o espetáculo, numa espécie de dominação ideológica ou


simbólica quando o dominante e o dominado compartilham de um mesmo
ideal, onde o dominado não se vê como dominado, compartilham a mesma
visão de mundo onde o dominado concorda e defende o dominante. É a
dominação legítima, entendida como normal, justa.

Nos versos seguintes, o poeta critica o regime militar, "Você deve aprender a
baixar a cabeça E dizer sempre: Muito obrigado
são palavras que ainda te deixam dizer por ser homem bem disciplinado”

Observa, nesse trecho, que a renúncia e a resignação são sua fonte de


desgraça.

porque impedem a participação do povo: os receptores só


podem receber; as mensagens circulam de cima para baixo; as
mensagens alimentam o individualismo e a desorganização;
porque distorcem a realidade e impedem seu conhecimento
crítico: as mensagens mostram uma realidade fragmentada e
deformada, da qual o povo e suas ações estão ausentes ou são
combatidos; os meios encobrem seus donos, os verdadeiros
emissores das mensagens;

porque se impõem como necessários ante os olhos do povo:


alentam o consumo – não consumi-los é estar à margem da
atualidade;

porque cobrem a todos os grupos e setores sociais: garantem


que a imposição ideológica se estenda a todo o povo;

porque asseguram a ordem econômica: favorecem a existência


da sociedade de consumo; orientam o consumo através da
publicidade.”

http://www.uel.br/ceca/portalrp/?p=39

os meios de comunicação serão úteis nas mãos do povo:

1. se possibilitarem a participação do povo: emissores e receptores têm


a mesma hierarquia e elaboram de maneira conjunta as mensagens,
por mais que cumpram funções diversas; as mensagens circulam
horizontalmente; as mensagens favorecem o compromisso com a
realidade; as mensagens propiciam a solidariedade, a organização, a
ação;
2. se possibilitarem o conhecimento crítico da realidade: a partir dos
interesses e da necessidade do povo; identificando claramente os
seus emissores; proporcionando o consumo crítico dos meios de
comunicação social; mediante uma análise histórico-estrutural da
mesma;
3. se aparecem como necessários ante os olhos do povo: não consumi-
los é marginalizar-se da comunidade que participa em sua
elaboração, difusão, discussão;
4. se se dirigem fundamentalmente a um determinado setor ou
comunidade: tratando de coesioná-la, favorecendo os processos de
conscientização e alentando-a para a ação; recuperando sua
identidade, vale dizer, sua história, sua cultura.”[42]

Você também pode gostar