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CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL

GABINETE DO DEPUTADO DELMASSO - PRB

EXCELENTÍSSIMA SENHORA PROCURADORA GERAL DA REPÚBLICA

RODRIGO GERMANO DELMASSO MARTINS, brasileiro,


casado, Deputado Distrital-PRB, portador do RG nº 1925840 SSP/DF e CPF nº
700.249.871-15, podendo ser intimado na Praça Municipal - Quadra 2 - Lote 5,
gabinete 04, 2º andar - CEP: 70.094-902, vem a presença de Vossa Senhoria para
apresentar

MEMORIAIS

Trata-se de Projeto de Lei 173/2015 de autoria do deputado distrital Rodrigo


Delmasso referente ao Estatuto da Família no âmbito do Distrito Federal, o qual foi
protocolizado na Câmara Legislativa do Distrito Federal no dia 24 de junho de 2015.

Ocorre que o referido projeto perdurou durante 3 longos anos de tramitação


na Casa, incluindo o veto do governador do Distrito Federal. Entretanto, no dia 12 de
junho de 2018 a Câmara Legislativa em sessão plenária, derrubou o veto do
governador sobre o projeto promulgando, assim, a Lei nº 6.160/2018.

Tal proposição institui as diretrizes para implantação da política pública de


valorização da família no âmbito do Distrito Federal, de forma a promover a
conscientização da sociedade quanto à importância do fortalecimento da entidade
familiar, bem como torná-la parceira na execução de políticas públicas com o
objetivo de combater as principais mazelas da sociedade.

Cabe destacar que a família constitui o núcleo original de qualquer sociedade,


e por esse motivo, requer uma atenção maior ante as mudanças que tem alterado
sua estrutura no decorrer do tempo.

Ademais, a família constitui um dos pilares de sustentação da sociedade, em


outras palavras é o laboratório de primeiro aprendizado de toda e qualquer criança.

Praça Municipal – Quadra 2 – Lote 5 – Gabinete 4 - CEP 70.094-902 — Brasília-DF–Tel. (61) 3348-8047DGRA
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É exatamente nesse núcleo primordial que a criança vai receber suas primeiras
instruções para conviver e interagir com a sociedade.

Não obstante a essas razões que a Constituição Federal dispensa atenção


especial à família, em seu art. 226 ao estabelecer que a família constituia base da
sociedade e deve ter especial proteção do Estado.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da


paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do
casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma
coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um


dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no
âmbito de suas relações.

Embora a própria Carta Magna tenha previsto a obrigação do Estado de


proteger a família, o fato é que inexistem políticas públicas efetivas direcionadas à
valorização da família e ao enfrentamento das questões complexas que estão
submetidas às famílias num contexto contemporâneo.

Essas questões são diversas, dentre elas destaca epidemia das drogas,
destruindo os laços e o ambiente familiar, a violência doméstica, a gravidez na
adolescência e até mesmo à desconstrução do conceito de família, aspecto que
aflige as famílias e repercute na dinâmica psicossocial do indivíduo.

Dessa forma, resta claro a necessidade de que a questão em apreço merece


disciplinamento legal. E, portanto, ao meu ver, o Estado não pode apenas tratar as
consequências de uma sociedade cheia de mazelas, porém ele deve tratar a causa,
uma vez que é no grupo familiar que inicia o desenvolvimento psicológico, bem
como a preparação da criança para se relacionar com diferentes grupos sociais.

Ademais, o PL 173/2015 em seu artigo 2º, inciso I, define entidade familiar o


núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio do
casamento ou união estável. Esse dispositivo tão somente transcreveu o conceito de
entidade familiar disposto na Constituição Federal em seu artigo 226, § 3º.

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Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável


entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar
sua conversão em casamento.

Nesse compasso, o grande jurista de direito civil Fabio Ulhoa classifica em


uma de suas obras as espécies de famílias em dois grandes grupos: as famílias
constitucionais e as não constitucionais. Utiliza tal nomenclatura para referir-se às
espécies de família expressamente consagradas pela CRFB/1988 (constitucionais) e
aquelas reconhecidas pela doutrina (não constitucionais).

As constitucionais seriam as famílias referidas no art. 226 da CRFB/88, ou


seja, as fundadas no casamento civil, na união estável e as monoparentais
(formadas pelo homem ou pela mulher e sua prole). Por sua vez, as famílias não
constitucionais corresponderiam às famílias formadas por casais do mesmo sexo
(homoafetivas) e por casais impedidos de contrair matrimônio ou estabelecer união
estável.

Desse modo, não há que se falar em inconstitucionalidade da norma ora


discutida, tendo em vista que o fundamento do artigo 2º do PL 173/2015 está
absolutamente baseado na previsão da Carta Magna.

Ademais, o Art. 2º, inciso II do PL 173/2015 dispõe que a entidade familiar


compreende também numa comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes. Dispositivo este que constitui a transcrição ipsis verbis do §4º do Art.
226 da Constituição Federal.

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do


Estado.

§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade


formada por qualquer dos pais e seus descendentes.

Para consecução dos objetivos ora propostos, não há que se falar em


exclusão ou discriminação de outros arranjos familiares, uma vez que o PL 173/2015
visa tão somente a valoração da família tradicional, bem como a instituição de
diretrizes de implantação de políticas públicas da família, conforme prevê em seu
texto legal.

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Com referência a legislar sobre a matéria, assim se manifesta a Lei


Orgânica do Distrito Federal:

“Art. 58. Cabe à Câmara Legislativa, com a sanção do Governador, não


exigida está para o especificado no art. 60 desta Lei Orgânica, dispor
sobre todas as matérias de competência do Distrito Federal,
especialmente sobre:
(....)
XVIII – proteção à infância, juventude e idosos;”.

Em conclusão, resta claro a viabilidade constitucional do PL 173/2015 bem


como a competência da Câmara Legislativa do Distrito Federal em legislar sobre a
matéria exposta. Sendo assim, requer-se o recebimento e conhecimento dos
memoriais em apreço.

Brasília/DF, 29 de junho de 2018

Rodrigo Delmasso
Deputado Distrital - PRB

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