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Eletroeletrônica

Máquinas elétricas
Máquinas elétricas

© SENAI-SP, 2010

2a Edição.

Trabalho avaliado pelo Comitê Técnico de Eletricidade e editorado por Meios Educacionais da Gerência
de Educação da Diretoria técnica do SENAI-SP.

Avaliação André Gustavo Sacardo


Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Cazado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello
Coordenação editorial Gilvan Lima da Silva

1a Edição, 2005.
Trabalho organizado e atualizado a partir de conteúdos extraídos da Intranet por Meios Educacionais da
Gerência de Educação e CFPs 1.01, 1.13, 1.18, 2.01, 3.02, 6.02 e 6.03 da Diretoria Técnica do SENAI-SP.

Equipe responsável
Coordenação Airton Almeida de Moraes
Seleção de conteúdos Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa
Revisão técnica Roberto Milagre
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
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Máquinas elétricas

Sumário

Unidade I: Teoria
Eletromagnetismo 9
Campo elétrico e magnetismo no condutor 9
Sentido de linha de força segundo Oersted 12
Identificação de polaridade 14
Solenóide 15
Força magnetomotriz (fmm) 17
Eletroímã 19
Fatores de conversão 24
Complementação 29
Indução elétrica 30
Regra da mão esquerda 38
Gerador de corrente contínua (CC) 40
Comutação - conversão de CA em CC 41
Transformador monofásico 47
Transformador 47
Instalação de dispositivos de controle e proteção 61
Identificação dos terminais 63
Especificação de transformadores 64
Relação de fase entre as tensões do primário e do secundário 64
Ponto de referência 65
Rendimento (η) 66
Transformador com derivação central no secundário 67
Transformador trifásico 69
Distribuição de energia elétrica 69
Transformadores trifásicos 70
Tipos de ligação de transformadores trifásicos 72
Resfriamento de transformadores trifásicos 76
Rendimento 79
Impedância percentual 80

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Motores de CA monofásicos 83
Motores monofásicos 83
Motores trifásicos de CA 93
Motores trifásicos de CA 93
Motor trifásico com ligação Dahlander 107
Ligação Dahlander 107
Enrolamento 108
Motor trifásico de rotor bobinado 113
Motores de aplicações especiais 119
Motor sem escovas 119
Motor de passo 123
Parâmetros mecânicos de máquinas elétricas 127
RPM 127
Torque ou momento 131
Máquinas de corrente contínua 135
Geradores e motores 135
Construção 135
Motor de corrente contínua - funcionamento 141
Tipos de motores 143
Comutação 145
Reação do induzido 147
Identificação dos terminais das máquinas de CC 149
Componentes mecânicos de sistemas elétricos 151
Introdução 151
Mecanismo de acoplamento e transmissão 151
Transmissão hidráulica 156
Transmissão pneumática 156
Rolamentos 157
Medidores de rotação 167
Gerador taquimétrico 167
Gerador Hall 168
Freio de Prony 171
Desenvolvimento teórico 172
Cálculo da potência no eixo do motor 174
Cálculo do conjugado do binário do eixo 177

Unidade II: Ensaios


Comprovar o funcionamento de transformador 179
Identificar tapes de transformador 181
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Polarizar bobinas de transformadores trifásicos 185


Ligar transformador trifásico 189
Montar banco de transformadores 193
Identificar elementos de máquina CC 197
Verificar o funcionamento de gerador CC 199
Verificar o funcionamento de motor de CC 203
Verificar o funcionamento de motor de passo 205
Desmontar máquina elétrica giratória 207
Verificar o funcionamento de motor monofásico 213
Levantar parâmetros de motor trifásico 215
Verificar o funcionamento de motor com rotor bobinado 221
Referências 225

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Eletromagnetismo

Você já estudou o magnetismo e suas relações com os pólos geográficos e magnéticos


da Terra, estudou os ímãs artificiais e a indução magnética e aplicou fórmulas para
resolver exercícios.

Agora você vai ver um assunto que, por sua origem, está intimamente ligado com o
magnetismo, que é o eletromagnetismo.

Como o próprio termo define, eletromagnetismo refere-se ao campo magnético criado


em torno de um condutor através da movimentação dos elétrons.

Assim, teremos campo elétrico e campo magnético.

A partir dessas informações, irão se definindo outros aspectos importantes, como


espectro magnético, utilização dos eletroímãs, cálculo da força magnetomotriz, etc.

Campo elétrico e magnetismo no condutor

De acordo com o que verificamos anteriormente, corpos com cargas elétricas de


mesmo sinal se repelem e corpos com cargas elétricas de sinal contrário se atraem.

As cargas elétricas possuem, em torno de si, um espaço denominado campo elétrico.

Nesse espaço, a força atuante é de origem elétrica.

O campo eletrostático de uma carga elétrica é a região em torno da carga onde age
seu campo elétrico.

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Em um elétron, o campo elétrico pode ser representado por linhas de força


eletrostática que convergem para o elétron no sentido radial, como se observa no
desenho abaixo.

Quando o elétron se movimenta em um condutor, cria em torno deste um campo


magnético.

O condutor estará, portanto, sob a ação de dois campos: campo elétrico e campo
magnético.

O campo magnético é formado por linhas concêntricas que giram perpendicularmente


ao condutor.

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O sentido de rotação das linhas de força magnética é determinado segurando-se o


condutor com a mão esquerda: o polegar indica o sentido da corrente e a curvatura
dos dedos indica o sentido de rotação das linhas magnéticas.

Para demonstrar se a existência de um campo magnético ao redor de um condutor


percorrido por corrente, liga-se, por intermédio de uma chave, um condutor “grosso” a
um acumulador.

O condutor deve ser introduzido em uma placa de acrílico mantida em posição


horizontal e perpendicular a ele.

Com a chave ligada, espalha-se limalha de ferro sobre a placa.

Batendo-se levemente com um lápis na placa de acrílico, nota-se que a limalha de


ferro forma linhas concêntricas em torno do condutor.

A conformação da limalha de ferro é chamada espectro magnético.

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Sentido de linha de força segundo Oersted

A experiência de Oersted também demonstra o sentido de rotação das linhas de força


ao redor de um condutor.

Essa experiência é feita com o auxílio de uma agulha imantada e um condutor por
onde circulará uma corrente elétrica.

Coloca-se um condutor sobre uma agulha imantada, obedecendo à direção desta.

Ao circular corrente pelo condutor, a agulha deflexionará, acompanhando o sentido de


rotação das linhas magnéticas.

O sentido de deflexão da agulha depende do sentido da corrente que circula no


condutor.

Observe a deflexão na ilustração abaixo.

A deflexão da agulha ocorre quando a mesma toma direção perpendicular ao condutor.

Se a agulha estiver sobre o condutor ou se invertemos o sentido da corrente, o sentido


da deflexão será contrário ao apresentado na figura.

O sentido da deflexão da agulha deve-se à interação do campo magnético da agulha


com o do condutor.

A interação de campos magnéticos ocorre também entre dois condutores paralelos


quando são percorridos por uma corrente elétrica.

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O campo magnético criado em torno dos condutores desenvolve uma força que pode
ser de atração ou repulsão.

Observação
A atração ocorre quando o sentido da corrente é o mesmo em dois condutores,
estando estes posicionados paralelamente entre si.

A repulsão ocorre quando o sentido da corrente é contrário nos condutores, estando


estes paralelos entre si.

Se o condutor tomar a forma de anel ou espira, as linhas de força concêntricas


produzirão um campo magnético perpendicular ao plano da espira com polaridade S-N.

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A posição dos pólos dependerá do sentido da corrente no condutor, como se observa


nos desenhos abaixo.

Identificação de polaridade

A identificação de polaridade de uma espira pode ser feita com a utilização de uma
bússola ou através da regra da mão esquerda.

Utilizando-se bússola, coloca-se esta em posição horizontal e com a agulha


perpendicular ao plano da espira.

O campo magnético da espira atrairá um dos extremos da agulha e, em consequência,


repelirá o outro.

O pólo norte da espira atrairá o pólo sul da bússola e repelirá, consequentemente, o


pólo norte.

Pode-se usar também a regra da mão esquerda para se determinar a polaridade da


espira.

Esta regra considera o sentido eletrônico ou real da corrente, ou seja, a corrente que
flui do pólo negativo para o positivo.

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A figura abaixo indica a maneira de se determinar a polaridade da espira.

Conforme mostra a ilustração, os dedos seguem o sentido da corrente e o polegar


indica o pólo norte.

Observação
Pode-se, também, determinar a polaridade da espira considerando o sentido
convencional da corrente, ou seja, a corrente que flui do pólo positivo para o negativo.

Neste caso, porém, deve-se utilizar a regra da mão direita.

Solenóide

O campo magnético produzido por uma única espira é muito pequeno.

Com finalidade de aumentar esse campo magnético, utiliza-se o solenóide, que é um


condutor formado por diversas espiras, uma ao lado da outra.

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Cada espira contribui com uma parcela para a composição do campo magnético.

Assim, as linhas de força atuarão, no solenóide, da mesma forma como ocorre com os
ímãs.

Solenóide é o conjunto de espiras com uma só camada.

As linhas de força passam por dentro do solenóide e retornam por fora, formando,
assim, um único campo magnético.

A passagem da corrente pelo solenóide cria um campo magnético com as mesmas


propriedades do ímã permanente: o pólo norte de um solenóide repele o pólo norte de
outro solenóide ou de um ímã qualquer, atraindo, consequentemente, o pólo sul.

O campo magnético de um solenóide está condicionado a diversos fatores, pois o


mesmo depende das condições físicas com que se trabalha, do material, do número de
espiras do solenóide e da corrente que circula pelo mesmo.

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Força magnetomotriz (fmm)

A força magnetomotriz é calculada multiplicando-se a corrente que flui nas espiras pelo
número de espiras do solenóide.

O símbolo de força magnetomotriz é fmm.

A força magnetomotriz é representada pela fórmula:

τ =N.I

Onde:
τ = força magnetomotriz, em ampères-espira;
N = número de espiras do solenóide;
I = intensidade da corrente, em ampères.

É possível, portanto, com solenóides diferentes, conseguir-se a mesma força


magnetomotriz.

Exemplos
1. Qual é o valor da fmm de um solenóide com 100 espiras quando por ele circula
uma corrente de 5 ampères?

τ = N . I → τ = 100 . 5 = 500Ae

2. Qual é o valor da fmm de um solenóide com 1.000 espiras quando por ele circula
uma corrente de 0,5 ampère?

τ = N . I → τ = 1 000 . 0,5 = 500Ae

Dois solenóides diferentes podem produzir a mesma fmm.

Entretanto, a intensidade do campo magnético será maior naquele que apresentar


menor circuito magnético.

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Observe na ilustração abaixo a representação de um campo magnético formado pela


passagem da corrente em um solenóide.

Convencionalmente as linhas de força saem do pólo norte e vão para o pólo sul
magnético.

Essa linhas circulam continuamente por esse caminho formando o circuito magnético.

A intensidade do campo magnético é calculada pela fórmula

τ
H=
Pm

Onde:
H = intensidade do campo magnético em A/cm ou A/m;
τ = força magnetomotriz;
Pm = perímetro médio do circuito magnético.

Exemplos
1. Calcular a intensidade do campo magnético de um solenóide com 100 espiras
quando por ele circulam 5 ampères, sendo o perímetro médio do circuito
magnético igual a 20cm.

τ I . N 5 A . 100 500 A
1. H = = = = = 25 A / cm
Pm Pm 20cm 20cm

τ I . N 5 A . 100 500 A
2. H = = = = = 2. 500 A / m
Pm Pm 0,2m 0,2m

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2. Calcular a intensidade do campo magnético de um solenóide com 100 espiras


quando por ele circulam 5 ampères, sendo o perímetro médio do circuito magnético
igual a 40cm.

τ I . N 5 A . 100
a) H = = = = 12,5 A / cm
Pm Pm 40cm

τ I . N 5 A . 100
b) H = = = = 1.250 A / m
Pm Pm 0,4m

Eletroímã

A distribuição de um solenóide sobre o fluxo magnético é difícil de ser obtida pois,


como vimos anteriormente, um solenóide nada mais é que um condutor enrolado em
forma de hélice.

Se a ele aplicarmos uma corrente, teremos formado um campo magnético.

O fluxo magnético sempre prefere percorrer um caminho através de um núcleo de


material ferroso ao invés de um núcleo de ar.

Denomina-se eletroímã ao conjunto de um ou mais solenóides montados em um


núcleo ferroso.

O campo magnético encontra maior facilidade para fluir em uma bobina com núcleo de
material ferroso.

Com a mesma corrente, o campo magnético será substancialmente maior.

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Notas
1. No solenóide com núcleo de ar, a densidade do fluxo magnético cresce
proporcionalmente com a corrente.
2. No solenóide com núcleo de material ferroso, a densidade do fluxo magnético
aumenta sensivelmente no período inicial.

Entretanto, os materiais ferrosos ficam saturados com a crescente densidade do


fluxo magnético e a variação da corrente não influirá no seu rendimento.

As forças magnéticas dispõem-se em linhas de força.

Essas linhas se apresentam em grande número, constituindo o campo magnético.

Portanto, fluxo de indução magnética é a quantidade total de linhas de força de um


ímã.

O fluxo de indução magnética é representado graficamente pela letra grega maiúscula


Φ (lê-se fi).

No Sistema Eletromagnético, uma linha de indução denomina-se maxwell e a


densidade magnética é expressa em maxwells por centímetro quadrado.

Neste sistema, a unidade de densidade magnética é o gauss:

1Mx
1 gauss =
cm2

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No Sistema Internacional, uma linha de indução denomina-se webber e a densidade


magnética é expressa em webbers por metro quadrado.

Neste sistema, a unidade de densidade magnética é o tesla:

1Wb
1 tesla =
m2

Observação
Densidade de um campo magnético significa o número de linhas por unidade de
seção.

No Sistema Eletromagnético é necessária a variação de 108Mx/segundo para induzir 1


volt de tensão em um condutor.

No Sistema Internacional é necessária a variação de 1Wb/segundo para induzir a


mesma tensão no condutor.

Conclusão
1 webber = 108 maxwell e, por conseguinte,
1 tesla = 104 gauss.

A intensidade do campo magnético para produzir uma densidade de fluxo magnético é


distinta para cada material e se obtém experimentalmente.

Por exemplo, o ferro fundido é mais difícil de ser magnetizado que o aço fundido.
Os resultados podem ser representados através de tabelas ou gráficos.

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Curvas dos valores de B em função das A/cm (para os materiais de qualidade média
normal)

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Valores de B e das amp-espiras-cm para materiais de qualidade média normal


Ferro forjado Lâmina de ferro Lâmina de ferro
Ferro fundido
e aço fundido normal com silício
B A/cm B A/cm B A/cm B A/cm
1.000 0,7 1.000 2 1.000 0,45 1.000 0,8
2.000 0,9 2.000 4,5 2.000 0,5 2.000 1
3.000 1 3.000 8 3.000 0,6 3.000 1,25
4.000 1,2 4.000 13 4.000 0,7 4.000 1,45
5.000 1,4 5.000 20 5.000 0,9 5.000 1,6
6.000 1,7 6.000 28 6.000 1,3 6.000 1,8
7.000 2,2 7.000 40 7.000 1,7 7.000 2
8.000 2,7 8.000 55 8.000 2,3 8.000 2,5
9.000 3,2 9.000 80 9.000 3,3 9.000 3,1
10.000 4 10.000 110 10.000 4,7 10.000 4
11.000 5 11.000 150 11.000 6,3 11.000 5
12.000 6,2 12.000 200 12.000 8 12.000 7
13.000 8,5 13.000 10,5 13.000 12
14.000 12 14.000 13,5 14.000 23
15.000 20 15.000 18 15.000 40
16.000 35 16.000 31 16.000 75
17.000 60 17.000 52 17.000 140
18.000 100 18.000 90 18.000 240
19.000 160 19.000 148
20.000 250 20.000 300
21.000 400 21.000 460
22.000 750 22.000 670
23.000 900
24.000 1.200
25.000 1.530
26.000 1.900
27.000 2.300

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Nota
No gráfico e na tabela, a densidade do fluxo magnético é fornecida em gauss
(maxwells por centímetro quadrado) e a intensidade do campo magnético em Ae/cm ou
A/cm (ampères-espiras por centímetro).

Fatores de conversão

Transformação de A/cm para A/m


Para transformar A/cm para A/m basta, simplesmente, multiplicar o número de A/cm
constante da coluna por 100, pois 1m = 100cm.

Transformação de gauss para tesla


Como sabemos, gauss é o número de linhas magnéticas existentes em um centímetro
quadrado.

Para transformar gauss em teslas, multiplicamos por 104, pois 1m2 = 10.000cm2.

1 tesla = 104 gauss

Nota
Quando utilizarmos a tabela acima e transformarmos A/cm em A/m, necessariamente
teremos que transformar B, que é dado em gauss, para teslas.

Perímetro médio do circuito magnético


O perímetro médio do circuito magnético obtém-se através da fórmula:

Pe + Pi
Pm =
2

Onde:
Pm = perímetro médio;
Pe = perímetro externo;
Pi = perímetro interno.

Nota
Todas as medidas devem ser tomadas em centímetros.

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Exemplos
1. Calcular o perímetro médio do circuito magnético da figura abaixo.

Pe = 2 . (50 + 35) = 100 + 70 = 170cm

Pi = 2 . (40 + 25) = 80 + 50 = 130cm

Pe + Pi 170 + 130 300


Pm = = = = 150cm
2 2 2

Resposta: Pm = 150cm

2. Calcular o perímetro da linha média da figura abaixo.

π . D 3,14 . 80 251,2
Pec = calota = = = = 125,6cm
2 2 2

π.D 3,14 . 40 125,6


Pic = calota = = = = 62,8cm
2 2 2

Peu = 2(30 + 20) + 2 . 40 = 180cm

Piu = 30 + 30 + 40 = 100cm

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Pec + Pic + Peu + Piu 125,6 + 62,8 + 180 + 100


Pm = =
2 2

468,4
Pm = = 234,2cm
2

3. Calcular um eletroímã que possui um núcleo de chapa de aço-silício com as


dimensões da figura abaixo, sabendo-se que o fecho deve ser atraído com uma
força de 5kg por pólo, quando uma corrente de 2 ampères circular pelas bobinas.

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Para efetuar os cálculos, procedemos da seguinte forma:

1. Calculamos as áreas das superfícies polares S1 + S2 = ST.


ST = 2 . 2,5 + 2 . 2,5 = 10cm2 ou 0,001m2.

2. Calculamos a força de atração para cada cm2.


10kg
Temos: = 1kg por cm2 ou 10.000kg por m2.
10cm2

3. Calculamos a densidade de fluxo magnético necessário, em gauss.

Nota
Para uma atração de 4kg são necessários 10.000 gauss.

10.000 gauss ___________ 4kg/cm2


x ____________________1kg/cm2
10. 000 . 1
x= = 2. 500G
4
ou, em teslas:

1 tesla ________________ 40.000kg/m2


x _____________________ 10.000kg/m2
10. 000
x= = 0,25T
40 .000

4. Calculamos o comprimento da linha média do circuito magnético Pm.

Pe + Pi
Pm =
2

a. Perímetro externo da calota.

π.D 3,14 . 10
Pec = = = 15,7cm
2 2

b. Perímetro interno da calota.

π . D 3,14 . 6
Pic = = = 9,45cm
2 2

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c. Perímetro externo de U = Peu = 10 + 10 + 10 = 30cm

d. Perímetro interno de U = Piu = 6 + 6 + 6 = 18cm

Pe + Pi P + Pec + Pic + Piu


e. Pm = = eu =
2 2
30 + 15,7 + 9,45 + 18 73,15
=
2 2
Pm = 36,57cm

5. Calculamos a força magnetomotriz no aço-silício.

a) Consultando a tabela na coluna de aço-silício, para B = 2.500 temos 1,1 a


ampère-espira por centímetro.

b) (N) = H . Pm → temos: 1,1 . 36,57 = 40,227 ou 40A . e

6. Calculamos a força magnetomotriz no entreferro.

a) Comprimento de entreferro de núcleo em U Pm(ar) 2 . 0,1cm = 0,2cm

N.I
b) B = 1,256 . H → H =
Pm( ar )

NI
c) B = 1,256 .
Pm( ar )

B . Pm ( ar ) 2.500 . 0,2
NI = = → NI = 398 A . e
1,256 1,256

7. Calculamos o número de espiras e a bitola do fio.

a) (total) = (N) + (ar) = 40 + 398 = 438e

ampère . espiras 438


b) Nº de espiras = = = 219 espiras
I 2

c) Consultamos uma tabela de fios magnéticos e adotamos uma densidade de


3A /mm2.

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Logo:
3A _______________ 1mm2
2A _______________ Xmm2

2A
Xmm2 = = 0,666mm2
3A

Resposta: 219 espiras de fio 19 AWG.

Complementação

Nos casos em que houver um núcleo de ar entre a armadura e o fecho (entreferro),


temos que considerar:
a) O aumento do perímetro médio;
b) A intensidade magnética no ar para produzir a mesma densidade do fluxo
magnético, a qual obtém-se calculando-se a fórmula:

NI
B= μ0 . H = μ0 =
Pm

Onde:
μ o = 1,25, constante para o ar;
N = número de espiras do eletroímã;
I = intensidade de corrente;
B = densidade magnética dada 10.000G;
Pm = (no entreferro) = 1mm = 0,1cm.

NI
B = μ o . H → 10.000 = 1,25 . H → 10.000 = 1,25 . (entreferro)
Pm
10.000Pm = NI . 1,25

10. 000 . 0,1 1. 000


NI = = = 800 (ampère espiras)
1,25 1,25

τ = NI no ferro + NI no entreferro → τ = 346,2 + 800 = 1.146,2


τ = 1.146,2 (ampères-espiras)

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Indução elétrica

Quando um condutor é submetido a um campo magnético variável, entre seus


extremos aparece uma diferença de potencial (ddp) que, no caso, é conhecida como
força eletromotriz induzida (fem).

Esse fenômeno é chamado indução eletromagnética.

A força eletromotriz induzida também aparece num condutor quando este se aproxima
ou se afasta de um ímã, isto é, quando o condutor é introduzido ou retirado do campo
magnético do ímã, conforme mostra a figura a seguir.

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Máquinas elétricas

A força eletromotriz induzida também ocorre quando o condutor é mantido em repouso


e o ímã dele se aproxima ou se afasta, como se vê na figura abaixo.

As três situações a que nos referimos apresentam uma coisa em comum: a variação
das linhas de força cortadas pelo condutor.

Para o condutor, está sempre havendo variação de fluxo.

Esta é a condição para que se produza uma força eletromotriz induzida e para isso é
necessário que exista movimento relativo entre o condutor e o campo magnético.

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Máquinas elétricas

Nas situações anteriores, se ligarmos um galvanômetro nas extremidades dos


condutores, a fem fará circular uma corrente elétrica que poderá ser verificada através
do deslocamento do ponteiro do instrumento.

Enrolando o condutor em forma de espiras teremos constituído um solenóide.

Introduzindo ou retirando um ímã do interior desse solenóide haverá também a


produção de uma fem.

Se ligarmos os extremos desse solenóide a um galvanômetro, veremos que a corrente


elétrica circulante fará o ponteiro do instrumento deslocar-se para a direita ou
esquerda, dependendo, é claro, do sentido do movimento do ímã.

O ímã, ao ser introduzido no solenóide, deslocará o ponteiro do galvanômetro para a


esquerda.

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Máquinas elétricas

Retirando-se o ímã do solenóide o ponteiro do galvanômetro será deslocado para a


direita.

Os mesmos efeitos poderão ser observados se mantivermos o ímã fixo e


movimentarmos o solenóide.

Construção do gerador elementar


Um gerador elementar consiste de uma espira de fio disposta de tal modo que pode
ser girada em um campo magnético estacionário.

Esse movimento causa a indução de uma corrente na espira.

Para ligar-se a espira a um circuito externo que aproveite a fem induzida são usados
contatos deslizantes.

Os pólos norte e sul do ímã que proporciona o campo magnético são as peças polares.

A espira de fio que gira dentro do campo é chamada de armadura ou induzido.

As extremidades da espira são ligadas aos anéis coletores, que giram com a
armadura.

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Máquinas elétricas

As escovas fazem contato com os anéis coletores e transferem para o circuito externo
a eletricidade gerada na armadura.

Na descrição do funcionamento do gerador, nas páginas seguintes, imagine que a


espira gira dentro do campo magnético.

À medida que os lados da espira cortam as linhas de força do campo, eles geram uma
fem que produz uma corrente através da espira, anéis coletores, escovas, medidor de
corrente com zero central e resistor de carga - tudo ligado em série.

A fem induzida que é gerada na espira, e portanto, a corrente produzida, depende da


posição da espira em relação ao campo magnético.

Analisemos agora a ação da espira em seu movimento de rotação no campo.

Funcionamento do gerador elementar


Eis como funciona o gerador elementar.

Imagine que a espira (armadura) está girando da esquerda para a direita e que A é sua
posição inicial (0º).

Na posição A, o plano da espira é perpendicular ao campo magnético e seus


condutores branco e preto se deslocam paralelamente ao campo magnético.

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Máquinas elétricas

Quando um condutor se move paralelamente a um campo magnético, e não corta as


linhas de força do campo e, portanto, não pode ser gerada fem no condutor.

Isto se aplica aos condutores da espira quando estão na posição A, pois não há fem
induzida e, portanto, não há corrente no circuito.

A leitura do medidor de intensidade de corrente é zero.

À medida que a espira se desloca da posição A para a posição B, os condutores


cortam um número cada vez maior de linhas de força, até que a 90º (posição B), eles
estão cortando o número máximo de linhas.

Em outras palavras, entre 0º e 90º a fem induzida nos condutores cresce de zero até o
valor máximo.

Observe que, de 0º a 90º, o condutor preto se desloca para baixo, enquanto o condutor
branco se desloca para cima.

Portanto, as forças eletromotrizes induzidas nos dois condutores estão em série e se


somam.

A tensão resultante entre as escovas (tensão entre os terminais) é igual ao dobro da


fem em um condutor porque as forças eletromotrizes nos dois condutores têm valores
iguais.

A corrente no circuito varia da mesma maneira que a fem induzida é igual a zero na
posição de 0º grau e cresce até um máximo a 90º.
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O ponteiro do medidor de corrente sofre deflexão para a direita entre as posições A e


B, indicando que a corrente na carga está passando no sentido mostrado.

O sentido da corrente e a polaridade da fem induzida dependem do sentido do campo


magnético e do sentido de rotação da armadura.

A forma de onda mostra a variação da tensão nos terminais do gerador desde a


posição A até a posição B.

O desenho simplificado ilustra o gerador em outra posição, para evidenciar a relação


que existe entre a posição da espira e a forma de onda gerada.

Com a continuação do movimento da espira, da posição B (90º) até a posição C (180º)


os condutores que estavam cortando um número máximo de linhas de força na posição
B passam a cortar um número cada vez menor, até que, na posição C, eles novamente
se deslocam paralelamente ao campo magnético e não mais cortam linhas de força.

Consequentemente, a fem induzida decresce de 90º a 180º, da mesma maneira como


cresceu de 0º a 90º.

A intensidade da corrente segue as variações da tensão.

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A figura abaixo ilustra a ação do gerador na posição C.

De 0º até 180º, o sentido do movimento dos condutores da espira no campo magnético


não se alterou e, portanto, a polaridade da fem induzida também não se alterou.

Quando a espira ultrapassa a posição de 180º e retorna à posição A, o sentido do


movimento dos condutores em relação ao campo é invertido.

Agora o condutor preto se move para cima e o condutor branco, para baixo.

Como resultado, a polaridade da fem induzida e o sentido da corrente são invertidos.

Da posição C, passando por D e até a posição A, a corrente tem sentido oposto ao que
tinha da posição A até a posição C, e a tensão nos terminais do gerador será igual à
que foi produzida de A até C, porém com a polaridade invertida.

A forma de onda da tensão de saída corresponde à rotação completa da espira, como


se vê na figura abaixo.

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Retorno da espira à posição inicial (A) perfazendo uma volta completa, ou seja, 360º.

Concluindo, podemos definir: corrente alternada é a corrente que flui ora num sentido,
ora no sentido oposto.

Regra da mão esquerda

Para tornar mais prática a determinação do sentido de uma força eletromotriz induzida,
existem as regras da mão esquerda e da mão direita, resultantes da observação
repetida do fenômeno em estudo.

A regra da mão esquerda consiste na utilização dos dedos indicador, polegar e médio.
O indicador indica o sentido do campo, o polegar indica o sentido do movimento do
condutor e o dedo médio incida o sentido do movimento dos elétrons (sentido da
corrente).

Os dedos polegar, indicador e médio devem ficar em posição perpendicular, como se


observa nos desenhos seguintes.

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Observação
Além da regra da mão esquerda existe também a da mão direita, conhecida como
regra de Fleming e que é anterior à da mão esquerda.

Essa regra refere-se ao sentido convencional da corrente, isto é, o movimento dos


elétrons do positivo para o negativo, enquanto a regra da mão esquerda indica o
sentido real da corrente, que flui do negativo para o positivo.

Gerador de corrente contínua (CC)

Substituindo-se os anéis coletores do alternador por lâminas comutadoras teremos um


gerador de CC, também denominado dínamo.

Analise a ação do comutador para converter a CA gerada em CC.

Na posição A, a espira está perpendicular ao campo magnético e não há geração de


fem em seus condutores (lados).

Portanto, não existe corrente.

Observe que as escovas estão em contato com ambos os segmentos do comutador,


colocando efetivamente a espira em curto-circuito.

Isto não cria problema, pois não há corrente.

Quando a espira ultrapassa a posição A (0º), o curso se desfaz.

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A escova preta está ligada ao condutor preto, enquanto a escova branca está ligada ao
condutor branco.

À medida que a espira gira no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio, da


posição A para a posição B, a fem induzida começa a crescer a partir de zero, até que,
na posição B (90º), ela se torna máxima.

Como a corrente varia com a fem induzida, ela também terá a sua intensidade máxima
a 90º.

Continuando o movimento da espira, no mesmo sentido, de B para C, a fem induzida


decresce, até que, na posição C (180°) Torna-se novamente igual a zero.

A forma de onda mostra a variação da tensão entre os terminais do gerador, de 0º a


180º.

Comutação - conversão de CA em CC

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Observe que, na posição C, a escova preta está deixando o segmento preto e


entrando em contato com o segmento branco, enquanto, ao mesmo tempo, a escova
branca está deixando o segmento branco e entrando em contato com o segmento
preto.

Especificamente, para efeito de interpretação observe que na figura seguinte a escova


está sempre em contato com o lado que se move para cima.

Como a corrente no condutor que se move para cima se dirige para a escova, a escova
branca é o terminal negativo e a escova preta é o terminal positivo do gerador de CC.

Enquanto a espira continua girando, da posição C (180º) passando pela posição D


(270º) e voltando à posição A (360º ou 0º), a escova preta está ligada ao fio branco,
que se move para baixo, e a escova branca está ligada ao condutor preto, que está
subindo.

Como resultado, a polaridade da forma de onda da tensão gerada, entre 180º e 360º, é
a mesma da que foi gerada de 0º a 180º.

Observe que a corrente passa através do amperímetro sempre no mesmo sentido,


embora o seu sentido na espira seja invertido em cada semiciclo.

Portanto, a tensão de saída tem sempre a mesma polaridade mas varia de valor,
crescendo de 0º até um máximo, caindo outra vez a zero, crescendo novamente até
um máximo e, afinal, caindo outra vez a zero, sempre que a espira completa uma
rotação.

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Veja figura abaixo.

Completando a volta da espira teremos 360º completos e uma onda de dois semiciclos
mostrando uma corrente contínua pulsante, sempre de mesma direção.

Melhorando a saída de CC
Antes de estudar os geradores, você estava familiarizado com as tensões contínuas
invariáveis, produzidas, por exemplo, por pilhas.

Agora você sabe que a saída de um gerador elementar de CC é uma tensão contínua
pulsativa, que varia, periodicamente, de zero até um máximo.

Embora essa tensão pulsativa seja contínua, seu valor não é adequadamente
constante para alimentar os equipamentos e aparelhos de CC.

Portanto, o gerador elementar de CC deve ser modificado para que produza uma
corrente contínua mais constante.
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Isto é conseguido com a adição de mais bobinas ao induzido.

A figura seguinte mostra um gerador cujo induzido tem duas bobinas (cada bobina com
apenas 1 espira) colocadas em ângulo reto.

Observe que o comutador tem agora quatro segmentos, conhecidos como lâminas do
comutador.

As lâminas opostas são ligadas aos terminais de uma mesma bobina.

Na posição indicada na figura, as escovas estão ligadas à bobina branca, onde uma
tensão máxima está sendo gerada, porque ela está se movendo perpendicularmente
ao campo.

À medida que o induzido gira no sentido do movimento dos ponteiros de um relógio, a


saída da bobina branca começa a decrescer.

Depois de um oitavo de rotação (45º), as escovas passam para as lâminas pretas do


comutador, cuja bobina está começando a cortar as linhas do campo.

A tensão de saída começa a crescer novamente, atinge um máximo a 90º e, então,


volta a diminuir, quando a bobina preta passa a cortar um número menor de linhas de
força.

A 135º, há uma nova comutação e as escovas são outra vez ligadas à bobina branca.

A forma de onda da tensão de saída aparece no gráfico a seguir, durante toda uma
rotação, superposta à tensão de uma única espira.

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Observe que a saída nunca é menor do que o valor Y.

A variação da tensão ocorre entre Y e o máximo e não entre zero e o máximo.

Esta variação da tensão de saída de um gerador de CC chama-se ondulação.

É claro que a tensão produzida pela armadura com duas bobinas aproxima-se muito
mais de uma CC constante do que a tensão produzida pelo gerador elementar.

Onda da CC menos ondulada (menos pulsante)

Embora a saída do gerador com duas bobinas aproxime-se muito mais de uma CC
constante do que a saída do gerador com uma única bobina, ainda há ondulação
demais para aplicação em equipamentos elétricos.

Para tornar a saída mais constante, a armadura é construída com um grande número
de bobinas e o comutador é dividido em número igual de lâminas.

As bobinas são dispostas de tal modo que sempre haverá algumas delas cortando as
linhas de força do campo magnético.

Como resultado, a saída do gerador contém uma ondulação muito pequena,


atendendo a maioria das finalidades práticas.

A tensão induzida em uma bobina de uma espira não é muito grande.

Para produzir uma tensão de saída elevada, cada bobina da armadura de um gerador
consiste de muitas espiras de fio ligadas em série.

Como resultado, a tensão de saída é muito maior do que a gerada em uma bobina com
apenas uma espira.

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Bobinas com muitas espiras aumentam a tensão de saída.

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Transformador monofásico

Os aparelhos eletroeletrônicos são construídos para funcionar alimentados pela rede


elétrica. Todavia, a grande maioria deles usam tensões muito baixas para alimentar
seus circuitos: 6V, 12V, 15V. Um dos dispositivos utilizados para fornecer baixas
tensões a partir das redes de 110V ou 220V é o transformador.

Por isso, é extremamente importante que os técnicos de eletroeletrônica conheçam e


compreendam as características desse componente.

Este capítulo apresenta as especificações técnicas e modo de funcionamento dos


transformadores, de modo a capacitá-lo a conectar, testar e especificar corretamente
esses dispositivos.

Para ter sucesso no desenvolvimento dos conteúdos e atividades deste capítulo, você
deverá ter bons conhecimentos prévios sobre corrente alternada, indutores em CA,
relação de fase entre tensões e eletromagnetismo.

Transformador

O transformador é um dispositivo que permite elevar ou rebaixar os valores de tensão


em um circuito de CA. A grande maioria dos equipamentos eletrônicos emprega
transformadores para elevar ou rebaixar tensões.

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A figura a seguir mostra alguns tipos de transformadores.

Funcionamento
Quando uma bobina é conectada a uma fonte de CA, um campo magnético variável
surge ao seu redor. Se outra bobina se aproximar da primeira, o campo magnético
variável gerado na primeira bobina corta as espiras da segunda bobina.

Em consequência da variação do campo magnético sobre as espiras, surge uma


tensão induzida na segunda bobina.

A bobina na qual se aplica a tensão CA é denominada primário do transformador. A


bobina onde surge a tensão induzida é denominada secundário do transformador.

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Observação
As bobinas primária e secundária são eletricamente isoladas entre si. Isso se chama
isolação galvânica. A transferência de energia de uma para a outra se dá
exclusivamente através das linhas de forças magnéticas.

A tensão induzida no secundário é proporcional ao número de linhas magnéticas que


cortam a bobina secundária e ao número de suas espiras. Por isso, o primário e o
secundário são montados sobre um núcleo de material ferromagnético.

Esse núcleo tem a função de diminuir a dispersão do campo magnético fazendo com
que o secundário seja cortado pelo maior número possível de linhas magnéticas.
Como consequência, obtém-se uma transferência melhor de energia entre primário e
secundário.

Veja a seguir o efeito causado pela colocação do núcleo no transformador.

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Com a inclusão do núcleo, embora o aproveitamento do fluxo magnético gerado seja


melhor, o ferro maciço sofre perdas por aquecimento causadas por dois fatores: a
histerese magnética e as correntes parasitas.

As perdas por histerese magnética são causadas pela oposição que o ferro oferece à
passagem do fluxo magnético. Essas perdas são diminuídas com o emprego de ferro
doce na fabricação do núcleo.

As perdas por corrente parasita (ou correntes de Foulcault) aquecem o ferro porque a
massa metálica sob variação de fluxo gera dentro de si mesma uma força eletromotriz
(f.e.m.) que provoca a circulação de corrente parasita.

Para diminuir o aquecimento, os núcleos são construídos com chapas ou lâminas de


ferro isoladas entre si. O uso de lâminas não elimina o aquecimento, mas torna-o
bastante reduzido em relação ao núcleo de ferro maciço.

Observação
As chapas de ferro contêm uma porcentagem de silício em sua composição. Isso
favorece a condutibilidade do fluxo magnético.

A figura a seguir mostra os símbolos usados para representar o transformador,


segundo a norma NBR 12522/92

Transformador com
Transformador com Transformador com
Autotransformador derivação central em
dois enrolamentos três enrolamentos
um enrolamento

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Transformadores com mais de um secundário


Para se obter várias tensões diferentes, os transformadores podem ser construídos
com mais de um secundário, como mostram as ilustrações a seguir.

Relação de transformação
Como já vimos, a aplicação de uma tensão CA ao primário de um transformador causa
o aparecimento de uma tensão induzida em seu secundário. Aumentando-se a tensão
aplicada ao primário, a tensão induzida no secundário aumenta na mesma proporção.
Essa relação entre as tensões depende fundamentalmente da relação entre o número
de espiras no primário e secundário.

Por exemplo, num transformador com primário de 100 espiras e secundário de 200
espiras, a tensão do secundário será o dobro da tensão do primário.

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Se chamarmos o número de espiras do primário de NP e do secundário de NS podemos


escrever: VS/VP = 2 NS/NP = 2.

Lê-se: saem 2 para cada 1 que entra.

O resultado da relação VS/ VP e NS/NP é chamado de relação de transformação e


expressa a relação entre a tensão aplicada ao primário e a tensão induzida no
secundário.

Um transformador pode ser construído de forma a ter qualquer relação de


transformação que seja necessária. Veja exemplo na tabela a seguir.

Relação de Transformação Transformação


3 VS = 3 . VP
5,2 VS = 5,2 . VP
0,3 VS = 0,3 . VP

Observação
A tensão no secundário do transformador aumenta na mesma proporção da tensão do
primário até que o ferro atinja seu ponto de saturação. Quando esse ponto é atingido,
mesmo que haja grande variação na tensão de entrada, haverá pequena variação na
tensão de saída.

Tipos de transformadores
Os transformadores podem ser classificados quanto à relação de transformação.
Nesse caso, eles são de três tipos:
• Transformador elevador;
• Transformador rebaixador;
• Transformador isolador.

O transformador elevador é aquele cuja relação de transformação é maior que 1, ou


seja, NS > NP. Por causa disso, a tensão do secundário é maior que a tensão do
primário, isto é, VS> VP.

O transformador rebaixador é aquele cuja relação de transformação é menor que 1, ou


seja, NS < NP. Portanto, VS < VP.

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Os transformadores rebaixadores são os mais utilizados em eletrônica. Sua função é


rebaixar a tensão das redes elétricas domiciliares (110V/220V) para tensões de 6V,
12V e 15V ou outra, necessárias ao funcionamento dos equipamentos.

O transformador isolador é aquele cuja relação de transformação é de 1 para 1, ou


seja, NS = NP. Como conseqüência, VS = VP.

Os transformadores isoladores são usados em laboratórios de eletrônica para isolar


eletricamente da rede a tensão presente nas bancadas. Esse tipo de isolação é
chamado de isolação galvânica.

Veja a seguir a representação esquemática desses três tipos de transformadores.

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Relação de potência
Como já foi visto, o transformador recebe uma quantidade de energia elétrica no
primário, transforma-a em campo magnético e converte-a novamente em energia
elétrica disponível no secundário.

A quantidade de energia absorvida da rede elétrica pelo primário é denominada de


potência do primário, representada pela notação PP. Admitindo-se que não existam
perdas por aquecimento do núcleo, pode-se concluir que toda a energia absorvida no
primário está disponível no secundário.

A energia disponível no secundário chama-se potência do secundário (PS). Se não


existirem perdas, é possível afirmar que PS = PP.

A potência do primário depende da tensão aplicada e da corrente absorvida da rede,


ou seja: PP = VP . IP

A potência do secundário, por sua vez, é o produto da tensão e corrente no


secundário, ou seja: PP = VS . IS.

A relação de potência do transformador ideal é, portanto:


VS . IS = VP . IP

Esta expressão permite que se determine um dos valores do transformador se os


outros três forem conhecidos. Veja exemplo a seguir.

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Exemplo
Um transformador rebaixador de 110V para 6V deverá alimentar no seu secundário
uma carga que absorve uma corrente de 4,5A. Qual será a corrente no primário?

VP = 110V
VS = 6V
IS = 4,5A
IP = ?

Como VP . IP = VS . IS, então:

VS .IS 6.4,5 27
IP = = = = 0,245 A ou 245 mA
VP 110 110

Potência em transformadores com mais de um secundário


Quando um transformador tem mais de um secundário, a potência absorvida da rede
pelo primário é a soma das potências fornecidas em todos os secundários.

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Matematicamente, isso pode ser representado pela seguinte equação:

PP = PS1 + PS2 + ... + PSn

Onde PP é a potência absorvida pelo primário;


PS1 é a potência fornecida pelo secundário 1;
PS2 é a potência fornecida pelo secundário 2;
PSn é a potência fornecida pelo secundário n.

Essa expressão pode ser reescrita usando os valores de tensão e corrente do


transformador:

VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . IS2) + ... + (VSn . ISn)

Onde:
VP e IP são respectivamente tensão e corrente do primário;
VS1 e IS1 são respectivamente tensão e corrente do secundário 1;
VS2 e IS2 são respectivamente tensão e corrente do secundário 2;
VSn e ISn são respectivamente tensão e corrente do secundário n.

Exemplo
Determinar a corrente do primário do transformador mostrado a seguir:

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PP = VP . IP
VP . IP = (VS1 . IS1) + (VS2 . S2) = (6 . 1) + (40 . 1,5) = 6 + 60 = 66VA
PP = 66VA
P 66
IP = P = = 0,6 A
VP 110
IP = 0,6 A ou 600mA

Ligação de transformadores em 110V e 220V


Alguns aparelhos eletrônicos são fabricados de tal forma que podem ser usados tanto
em redes de 110V quanto de 220V. Isso é possível através da seleção feita por meio
de uma chave situada na parte posterior do aparelho.

Na maioria dos casos, essa chave está ligada ao primário do transformador. De acordo
com a posição da chave, o primário é preparado para receber 110V ou 220V da rede
elétrica e fornece o mesmo valor de tensão ao secundário.

Existem dois tipos de transformadores cujo primário pode ser ligado para 110V e 220V:
• Transformador 110V/220V com primário a três fios;
• Transformador 110V/220V com primário a quatro fios.

Transformador com primário a três fios


O primário do transformador a três fios é constituído por uma bobina para 220V com
uma derivação central.

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Essa derivação permite que se utilize apenas uma das metades do primário de modo
que 110V sejam aplicados entre uma das extremidades da bobina e a derivação
central.

Veja a seguir a representação esquemática dessa ligação.

A chave usada para a seleção 110V/220V é normalmente deslizante, de duas posições


e dois pólos. É também conhecida como HH.

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Transformador com primário a quatro fios


O primário desse tipo de transformador constitui-se de duas bobinas para 110V,
eletricamente isoladas entre si.

Ligação para 220V


Em um transformador para entrada 110V/220V com o primário a quatro fios, a ligação
para 220V é feita colocando as bobinas do primário em série. Deve-se observar a
identificação dos fios, ou seja, I1 para a rede, I2 e F1 interligados e F2 para a rede.

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Ligação para 110V


Em um transformador para entrada 110V/220V com primário a quatro fios, a ligação
para 110V é feita colocando as duas bobinas primárias em paralelo respeitando a
identificação dos fios, ou seja, I1 em ponte com I2 na rede, F1 em ponte com F2 na rede.

Quando a chave HH está na posição 110V, os terminais I1, I2, F1 e F2 são conectados
em paralelo à rede.

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Quando a chave HH está na posição 220V, os terminais I1 e F2 ficam ligados à rede


por meio da chave.

Instalação de dispositivos de controle e proteção

Em todo o equipamento elétrico ou eletrônico, é necessário dispor de dispositivos de


comando do tipo liga/desliga e de dispositivos de proteção que evitam danos maiores
em caso de situações anormais. Normalmente, tanto os dispositivos de controle quanto
os de proteção são instalados na entrada de energia do circuito, antes do
transformador.

Para a proteção do equipamento, geralmente um fusível é usado. Sua função é


romper-se caso a corrente absorvida da rede se eleve. Isso corta a entrada de energia
do transformador.

O fusível é dimensionado para um valor de corrente um pouco superior à corrente


necessária para o primário do transformador. Alguns equipamentos têm mais de um
fusível: um "geral", colocado antes do transformador e outros colocados dentro do
circuito de acordo com as necessidades do projeto.

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Veja a seguir a representação esquemática da ligação do fusível e chave liga/desliga


no circuito.

Observação
Tanto na ligação para 110V quanto para 220V, a ordem de início e fim das bobinas é
importante. Normalmente, os quatro fios do primário são coloridos e o esquema indica
os fios.

I1 - início da bobina 1;
F1 - fim da bobina 1;
I2 - início da bobina 2;
F2 - fim da bobina 2.

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Identificação dos terminais

Quando não se dispõe, no esquema do transformador, da identificação do início ou fim


dos terminais da bobina, é necessário realizar um procedimento para identificá-los.
Isso é necessário porque se a ligação for realizada incorretamente, o primário pode ser
danificado irreversivelmente.

O procedimento é o seguinte:
• Identificar, com o ohmímetro, o par de fios que corresponde a cada bobina. Sempre
que o instrumento indicar continuidade, os dois fios medidos são da mesma
bobina. Além de determinar os fios de cada bobina, esse procedimento permite
testar se as bobinas estão em boas condições;
• Separar os pares de fios de cada bobina;
• Identificar os fios de cada uma das bobinas com início e fim I1, F1 e I2, F2.

A identificação de início e fim pode ser feita aleatoriamente em cada bobina da


seguinte forma:
1. Interligar as bobinas do primário em série;
2. Aplicar, no secundário, uma tensão CA de valor igual à tensão nominal do
secundário. Por exemplo: em um transformador 110V/220V x 6V, deve-se aplicar
uma tensão de 6V no secundário.

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CT097-10
Máquinas elétricas

No transformador usado como exemplo, se 220V forem aplicados ao primário,


serão obtidos 6V no secundário. Da mesma forma, se forem aplicados 6V no
secundário, deve-se obter 220V no primário (em série). Assim, é possível verificar
se a identificação está correta, medindo a tensão nas extremidades do primário.

3. Medir a tensão das extremidades do primário. Se o resultado da medição for 220V,


a identificação está correta. Se o resultado for 0V, a identificação está errada.
Nesse caso, para corrigir a identificação, deve-se trocar apenas a identificação de
uma das bobinas (I1 por F1 ou I2 por F2).

Observação
É conveniente repetir o teste para verificar se os 220V são obtidos no primário.

Especificação de transformadores

A especificação técnica de um transformador deve fornecer:


• A potência em VA (pequenos transformadores);
• As tensões do primário;
• As tensões do secundário.

A especificação 110V/220V 6V - 1A 30V-0,5 A indica um transformador com as


seguintes características:
• Primário - entrada para 110V ou 220V;
• 2 secundários - um para 6V-1A e um para 30V-0,5A.

A especificação técnica de um transformador em que o secundário tenha derivação


central é feita da seguinte maneira: 12VA, de potência; 110V/220V, características do
primário; 6 + 6V, secundário com 6 + 6V, ou seja, 6V entre as extremidades e a
derivação central; 1A, corrente no secundário.

Relação de fase entre as tensões do primário e do secundário

A tensão no secundário é gerada quando o fluxo magnético variável corta as espiras


do secundário. Como a tensão induzida é sempre oposta à tensão indutora, a tensão
no secundário tem sentido contrário à do primário.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Isso significa que a tensão no secundário está defasada 180o da tensão no primário,
ou seja, quando a tensão no primário aumenta num sentido, a tensão do secundário
aumenta no sentido oposto.

Ponto de referência

Considerando-se a bobina do secundário de um transformador ligado em CA, observa-


se que a cada momento um terminal é positivo e o outro é negativo. Após algum
tempo, existe uma troca de polaridade. O terminal que era positivo torna-se negativo e
vice-versa.

Nos equipamentos eletrônicos é comum um dos terminais do transformador ser usado


como referência, ligado ao terra do circuito. Nesse caso, o potencial do terminal
aterrado é considerado como sendo 0V, não apresentando polaridade.

Isto porém não significa que não ocorra a troca de polaridade no secundário. Em um
semiciclo da rede, o terminal livre é positivo em relação ao terminal aterrado
(referência).

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CT097-10
Máquinas elétricas

No outro semiciclo, o terminal livre é negativo em relação ao potencial de referência.

Rendimento (η)

Entre todas as máquinas elétricas, o transformador é uma das que apresentam maior
rendimento. Mesmo assim, ocorrem perdas na transformação de tensão.

O rendimento expressa a potência que realmente está sendo utilizada, pois, parte da
potência é dissipada em perdas no ferro e no cobre.

A relação entre a potência medida no primário e a potência consumida no secundário é


que define o rendimento de um transformador:

PS
η= .100%
PP

Nessa igualdade η é o rendimento do transformador em porcentagem; PS é a potência


dissipada no primário em volt ampère; PP é a potência dissipada no primário em volt
ampère, e 100% é o fator que transforma a relação em porcentagem.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Por exemplo, ao medir as potência do primário e secundário de um transformador


chegou-se ao seguinte resultado:

O redimento desse transformador pode ser determinado utilizando a equação:

PS 150
η= = .100% = 92,6%
PP 162

O rendimento desse transformador é de 92,6 %.

Transformador com derivação central no secundário

O transformador com derivação central no secundário ("center tap") tem ampla


aplicação em eletrônica. Na maioria dos casos, o terminal central é utilizado como
referência e é ligado ao terra do circuito eletrônico.

Durante seu funcionamento, ocorre uma formação de polaridade bastante singular.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Num dos semiciclos da rede, um dos terminais livres do secundário tem potencial
positivo em relação à referência. O outro terminal tem potencial negativo e a inversão
de fase (180o) entre primário e secundário ocorre normalmente.

No outro semiciclo há uma troca entre as polaridades das extremidades livres do


transformador, enquanto o terminal central permanece em 0V e acontece novamente a
defasagem de 180o entre primário e secundário. Assim, verificamos que, com esse tipo
de transformador, é possível conseguir tensões negativas e positivas
instantaneamente, usando o terminal central como referência. Isso pode ser observado
com o auxílio de um osciloscópio.

Veja ilustração abaixo:

68 SENAI-SP – INTRANET
CT097-10
Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Transformador trifásico

Já aprendemos que a energia elétrica em corrente alternada é a mais comumente


usada, porque seus valores de tensão podem ser alterados com facilidade. Esse fato
facilita bastante a geração, a transmissão e a distribuição da energia elétrica desde a
usina geradora até os consumidores.

A transmissão de energia elétrica só é economicamente viável se realizada em altas


tensões e para obter níveis adequados de tensão são utilizados os transformadores
trifásicos.

Nesta unidade, aprenderemos o que é um transformador trifásico e os tipos possíveis


de suas ligações.

Para aprender esses conteúdos com mais facilidade, você deve ter conhecimentos
anteriores sobre: corrente alternada, ligação em estrela, ligação em triângulo e
transformadores monofásicos.

Distribuição de energia elétrica

A transmissão de energia elétrica só é economicamente viável se feita em tensões


elevadas.

Primeiramente, através de transformadores, a tensão é elevada a 88kV. Então, ela é


transportada por meio de linhas de transmissão até uma subestação central.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Nessa subestação, com o auxílio de transformadores, a tensão é de novo reduzida


para 13,2kV ou 23kV ou outro valor adequado. Consequentemente o consumo de
energia se faz em baixa tensão. Assim, antes de ser distribuída, a tensão é reduzida
outra vez nas subestações.

A distribuição em baixa tensão se processa nas tensões de 110/220V e 127/220V e


varia de cidade para cidade, dependendo da concessionária fornecedora de energia.
Cada um desses valores requer um tipo de transformador apropriado a essa
distribuição.

Isso significa que a distribuição das tensões de 110/220V é realizada por


transformadores monofásicos. Já a distribuição das tensões de 127/220V se faz por
transformadores trifásicos com o secundário ligado em estrela.

Transformadores trifásicos

Como já sabemos, o transformador é o equipamento que permite rebaixar ou elevar os


valores de tensão ou corrente de CA de um circuito. Seu princípio de funcionamento
baseia-se no fato de que uma tensão é induzida no secundário quando este é cortado
pelo fluxo magnético variável gerado no primário.

O transformador é formado basicamente pelo núcleo e pelas bobinas (primária e


secundária).

70 SENAI-SP – INTRANET
CT097-10
Máquinas elétricas

O núcleo constitui o circuito magnético do transformador. É uma peça metálica


construída com chapas de ferro-silício isoladas entre si e sobre a qual são montadas
as bobinas.

Os transformadores trifásicos, usados na distribuição de eletricidade, têm as mesmas


funções que o transformador monofásico: abaixar ou elevar a tensão.

Trabalham com três fases e são de porte grande e mais potentes que os monofásicos.

O núcleo dos transformadores trifásicos também é constituído de chapas de ferro-


silício. Essas chapas possuem três colunas que são unidas por meio de duas
armaduras. Cada coluna serve de núcleo para uma fase onde estão localizadas duas
bobinas, uma primária e outra secundária. Por essa razão, esses transformadores têm
no mínimo seis bobinas, três primárias e três secundárias, isoladas entre si.

As bobinas das três fases devem ser exatamente iguais.

Num transformador trifásico, cada fase funciona independentemente das outras duas
como se fossem três transformadores monofásicos em um só. Isso significa que três
transformadores monofásicos exatamente iguais podem substituir um transformador
trifásico.

SENAI-SP – INTRANET 71
CT097-10
Máquinas elétricas

Esse sistema é mais econômico, pois facilita os serviços de manutenção, reparação e


aumento de capacidade do banco de transformadores.

Tipos de ligação de transformadores trifásicos

As ligações internas entre as três fases do transformador trifásico podem ser feitas de
duas maneiras:
• Ligação em estrela (Y);
• Ligação em triângulo ( Δ ).

Tudo o que já foi estudado sobre as ligações em estrela e em triângulo vale também
para os transformadores trifásicos.

A ilustração a seguir mostra as representações esquemáticas possíveis para esses


tipos de ligação.

72 SENAI-SP – INTRANET
CT097-10
Máquinas elétricas

As ligações em estrela e em triângulo são executadas tanto no primário quanto no


secundário do transformador. Nos diagramas, as letras H e X representam
respectivamente o primário e o secundário, enquanto as extremidades dos
enrolamentos são identificadas por números.

As ligações do primário e do secundário podem ser combinadas de várias formas:


• Em estrela no primário e em estrela no secundário;
• Em triângulo no primário e em triângulo no secundário;
• Em estrela no primário e em triângulo no secundário e vice-versa.

A figura abaixo mostra de modo esquemático esses tipos de combinações.

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Máquinas elétricas

Quando é necessário equilibrar as cargas entre as fases do secundário, emprega-se a


ligação em ziguezague.

Se, por exemplo, a fase 1 do secundário estiver recebendo mais carga, esse
desequilíbrio será compensado pela indução das duas colunas onde a fase 1 está
distribuída.

Para que as combinações de ligações sejam realizadas, os transformadores são


divididos em dois grupos:
• Grupo A: quando a tensão do secundário está em fase com a tensão do primário;
• Grupo B: quando a tensão do secundário está defasada em 30.

Dois transformadores de um pequeno grupo podem ser ligados em paralelo, desde que
exista entre eles correspondência de tensão e impedância.

Transformadores de grupos diferentes não podem ser ligados em paralelo.

Na tabela abaixo são apresentadas as interligações dos enrolamentos, a relação de


transformação e os tipos de ligação que podem ser feitos com os transformadores do
grupo A.

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Máquinas elétricas

Tipos de ligação de transformadores do grupo A


Diagrama Relação de
Símbolo e denominação Enrolamento de mais Enrolamento de mais transformação (tensão
alta tensão baixa tensão entre fases)

∆/∆ Nx
Ex = . EH
triângulo-triângulo NH

Y/Y Nx
Ex = . EH
estrela-estrela NH

∆/
Nx . EH . 3
triângulo-ziguezague Ex =
2 . NH

Para verificar se as ligações estão corretas, alimenta-se o transformador pelos lides ou


terminais de tensão mais elevada com uma fonte de corrente trifásica apropriada. Em
seguida, ligam-se os terminais H1 e X1 entre si (curto-circuito).

Finalmente, mede-se a tensão entre os vários pares de terminais. O resultado deve ser
o seguinte:
• Tensão entre H2 e X3 igual à tensão entre H3 e X2;
• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H1 e X2;
• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H2 e X3.

SENAI-SP – INTRANET 75
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Máquinas elétricas

Na tabela a seguir, são apresentadas as interligações dos enrolamentos, a relação de


transformação e os tipos de ligação que podem ser feitos com os transformadores do
grupo B.

Tipos de ligação de transformadores trifásicos do grupo B


Símbolo e denominação Diagrama Relação de
Enrolamento de mais Enrolamento de mais transformação (tensão
alta tensão baixa tensão entre fases)

∆/Y Nx
Ex = . 1,73 .EH
triângulo-estrela NH

Y/∆ Nx . EH
Ex =
estrela-triângulo NH . 3

Y/ Nx EH . 3
Ex =
estrela-ziguezague 2 . NH

Observação
NH = número de espiras do primário;
NX = número de espiras do secundário.

Para verificar se as ligações estão corretas, alimenta-se o transformador pelos


terminais de tensão mais elevada com uma corrente trifásica apropriada. Em seguida,
ligam-se os terminais H1 e X1 entre si.

76 SENAI-SP – INTRANET
CT097-10
Máquinas elétricas

Finalmente, mede-se a tensão entre os vários pares de terminais. O resultado deve ser
o seguinte:
• Tensão entre H3 e X2 igual à tensão entre H3 e X3;
• Tensão entre H3 e X2 menor que a tensão entre H1 e X3;
• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H2 e X3;
• Tensão entre H2 e X2 menor que a tensão entre H1 e X3.

Resfriamento de transformadores trifásicos

Os transformadores, quando em funcionamento, apresentam uma pequena perda que


também se manifesta sob a forma de calor. Assim, quanto maior a potência consumida,
maior é a geração de calor dentro do transformador.

Como a temperatura elevada traz danos irreparáveis ao funcionamento do


transformador, deve-se mantê-la dentro de limites seguros.

Segundo a norma da ABNT (EB91), existem dois tipos de resfriamento:


• A seco;
• Com líquido isolante.

Transformador com resfriamento a seco


Segundo a norma EB91, “transformador a seco é o transformador cujos núcleo e
enrolamento estão envoltos e refrigerados pelo ar do ambiente”.

Dentro desse grupo estão todos os pequenos transformadores e os de baixa potência


nos quais a troca de calor é feita com o ar.

Para os transformadores desse grupo que necessitarem de maior refrigeração, usam-


se ventiladores que forçam a circulação do ar. Isso acontece em aparelhos eletrônicos
como os microcomputadores, por exemplo.

Transformador em líquido isolante


De acordo com a norma EB91,transformador em líquido isolante “é o transformador
cujo núcleo e enrolamento são imersos em líquido isolante”.

Esse líquido isolante exerce duas funções: isolação e resfriamento, pois transfere para
as paredes do tanque o calor produzido.

SENAI-SP – INTRANET 77
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Máquinas elétricas

Para cumprir essas funções, o óleo refrigerante deve possuir:


• Elevada rigidez dielétrica;
• Boa fluidez;
• Capacidade de funcionamento com temperaturas elevadas.

O líquido isolante que possui essa característica é o óleo mineral.

Observação
Existe também um óleo chamado de ascarel, mas seu uso é proibido porque é
altamente tóxico e, portanto, prejudicial à saúde.

Os transformadores que necessitam desse tipo de resfriamento são os trifásicos de


grande potência usados na rede de distribuição de energia elétrica.

Perdas por efeito Joule


As perdas por efeito Joule ocorrem em forma de calor, devido à resistência ôhmica dos
enrolamentos.

Essas perdas são conhecidas como perdas no cobre e ocorrem pelo efeito da
histerese magnética e das correntes parasitas (ou correntes de Foucault).

As perdas nos transformadores monofásicos são calculados através da fórmula:


PCU = R1 . I12 + R2 . I22

Onde PCU corresponde às perdas no cobre em watts;


R1 é a resistência ôhmica do enrolamento primário, medida na temperatura de trabalho
(75ºC);
I1 é a corrente primária em plena carga;
R2 é a resistência ôhmica do enrolamento secundário, medida na temperatura de
trabalho (75ºC);
I2 é a corrente secundária em plena carga.

Pode-se observar, através da fórmula, que as perdas no cobre sofrem dois tipos de
variação, ou seja:
• Através da variação da carga do transformador, pois, variando a carga, variam
também as correntes primárias I1 e correntes secundárias I2;
• Através da variação de temperatura de trabalho do transformador, variam também
as resistências ôhmicas dos enrolamentos primários R1 e secundários R2.

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Máquinas elétricas

Para o cálculo de perda nos transformadores trifásicos, a fórmula é:


PCU = 3 (R1 . IF12 + R22 . IF2)

Rendimento

Você já estudou que o enrolamento primário absorve potência elétrica, enquanto o


enrolamento secundário fornece potência elétrica.

O rendimento de um transformador é definido pela relação entre a potência elétrica


fornecida pelo secundário e a potência elétrica absorvida pelo primário.

A potência absorvida pelo primário corresponde à potência fornecida pelo secundário


mais as perdas no cobre e no ferro.

Como as perdas no cobre variam em função da temperatura, o rendimento do


transformador deve ser calculado com a temperatura em regime de trabalho, ou seja,
75ºC.

Para esse cálculo, usa-se a seguinte fórmula:

V2 . I 2
η~ = ou
V2 . I 2 + PCU + PFE

V2 . I 2
η750°C =
V2 . I 2 + PCU75ºC + PFE

Onde:
η:Rendimento na temperatura ambiente;
η75ºC é o rendimento na temperatura de trabalho;
V2 :Tensão secundária em volts;
I2 : Corrente secundária em ampères;
PCU: Indica as perdas no cobre à temperatura ambiente;
PCU 75ºC: Indica as perdas à temperatura de trabalho;
PFE: Indica as perdas no ferro.

SENAI-SP – INTRANET 79
CT097-10
Máquinas elétricas

Para transformadores trifásicos, a expressão é a seguinte:

VF2 . IF2
η = ou
VF2 . IF2 + PCU + PFE

VF2 . IF2
η 750ºC =
VF 2 . IF 2 + PCU75 º C + PFE

Onde VF2 é a tensão secundária de fase;


IF2 é a corrente secundária de fase.

Impedância percentual

A impedância percentual ou tensão de curto-circuito percentual corresponde a uma


parte da tensão nominal do enrolamento primário suficiente para fazer circular a
corrente nominal do enrolamento secundário, desde que este esteja fechado em curto-
circuito.

O valor da impedância percentual varia entre 3% e 9% e vem marcado na placa dos


transformadores com os símbolos Z%, Uk% ou VCC%.

Esse valor é calculado com a seguinte fórmula:

VCC
Z% = . 100
UNP

Exemplo
Qual a impedância percentual de um transformador com as seguintes características:
• Tensão nominal do primário (UNP) = 500V
• Corrente nominal do secundário (INS) = 20A
• Tensão suficiente para fazer circular 20A no secundário quando fechado em curto-
circuito (VCC) = 30V.

30
Z% = . 100 = 6%
500

O valor da impedância percentual (Z%) é 6%.

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CT097-10
Máquinas elétricas

A impedância percentual é um dado importante para o cálculo da corrente de curto-


circuito, cuja fórmula é:

IN2
ICC = . 100
Z%

Exemplo
Calcular a corrente de curto-circuito do transformador do exemplo anterior.

20
ICC = . 100 = 333A
6

A corrente de curto-circuito deste transformador é 333A.

O valor da impedância percentual também é usado no dimensionamento de


dispositivos de comando e proteção do equipamento e para auxiliar a ligação em
paralelo entre transformadores.

Nesse tipo de ligação, a diferença entre as impedâncias dos transformadores não deve
exceder a 10%.

Para valores diferentes da tensão de curto-circuito (VCC) o transformador com tensão


menor fica com a maior carga.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

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CT097-10
Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Motores de CA monofásicos

Os motores de CA podem ser monofásicos ou polifásicos. Nesta unidade, estudaremos


os motores monofásicos alimentados por uma única fase de CA.

Para melhor entender o funcionamento desse tipo de motor, você deverá ter bons
conhecimentos sobre os princípios de magnetismo e eletromagnetismo, indução
eletromagnética e corrente alternada.

Motores monofásicos

Os motores monofásicos possuem apenas um conjunto de bobinas e sua alimentação


é feita por uma única fase de CA. Dessa forma, eles absorvem energia elétrica de uma
rede monofásica e transformam-na em energia mecânica.

Os motores monofásicos são empregados para cargas que necessitam de motores de


pequena potência como, por exemplo, motores para ventiladores, geladeiras,
furadeiras portáteis.

Tipos de motores monofásicos


De acordo com o funcionamento, os motores monofásicos podem ser classificados em
dois tipos: universal e de indução.

Motor universal
Os motores do tipo universal podem funcionar tanto em CC como em CA; daí a origem
de seu nome.

SENAI-SP – INTRANET 83
CT097-10
Máquinas elétricas

A ilustração a seguir mostra o rotor (parte que gira) e o estator (parte fixa) de um motor
universal.

O motor universal é o único motor monofásico cujas bobinas do estator são ligadas
eletricamente ao rotor por meio de dois contatos deslizantes (escovas). Esses dois
contatos, por sua vez, ligam em série o estator e o rotor.

Observação
É possível inverter o sentido do movimento de rotação desse tipo de motor, invertendo
apenas as ligações das escovas, ou seja, a bobina ligada à escova A deverá ser ligada
à escova B e vice-versa.

Os motores universais apresentam conjugado de partida elevado e tendência a


disparar, mas permitem variar a velocidade quando o valor da tensão de alimentação
varia. Sua potência não ultrapassa a 500W ou 0,75cv e permite velocidades de 1.500 a
15.000rpm.
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Máquinas elétricas

Esse tipo de motor é o motor de CA mais empregado e está presente em máquinas de


costura, liquidificadores, enceradeiras e outros eletrodomésticos, e também em
máquinas portáteis, como furadeiras, lixadeiras e serras.

Funcionamento
A construção e o princípio de funcionamento do motor universal são iguais ao do motor
em série de CC.

Quando o motor universal é alimentado por corrente alternada, a variação do sentido


da corrente provoca variação no campo, tanto do rotor quanto do estator. Dessa forma,
o conjugado continua a girar no mesmo sentido inicial, não havendo inversão do
sentido da rotação.

Motor de indução
Os motores monofásicos de indução possuem um único enrolamento no estator. Esse
enrolamento, gera um campo magnético que se alterna juntamente com as
alternâncias da corrente. Neste caso, o movimento provocado não é rotativo.

Funcionamento
Quando o rotor estiver parado, o campo magnético do estator, ao se expandir e se
contrair, induz correntes no rotor.

O campo gerado no rotor é de polaridade oposta à do estator. Assim, a oposição dos


campos exerce um conjugado nas partes superior e inferior do rotor, o que tenderia a
girá-lo 180º de sua posição original. Como o conjugado é igual em ambas as direções,
pois as forças são exercida pelo centro do rotor e em sentidos contrários, o rotor
continua parado.

SENAI-SP – INTRANET 85
CT097-10
Máquinas elétricas

Se o rotor estiver girando, ele continuará o giro na direção inicial, já que o conjugado
será ajudado pela inércia do rotor e pela indução de seu campo magnético. Como o
rotor está girando, a defasagem entre os campos magnéticos do rotor e do estator não
será mais de 180º.

Tipos de motores de indução


Para dar o giro inicial do rotor, são usados comumente dois tipos de partida: a de
campo destorcido e a de fase auxiliar com capacitor.

Assim, conforme o tipo de partida, o motor monofásico de indução pode ser de dois
tipos: de campo destorcido (ou motor de anéis em curto) e de fase auxiliar.

O motor de campo destorcido constitui-se por um rotor do tipo gaiola de esquilo e


por um estator semelhante ao do motor universal. Contudo, no motor de campo
destorcido, existe na sapata polar uma ranhura onde fica alojado um anel de cobre ou
espira em curto-circuito. Por isso, este motor é conhecido também como motor de
anel ou de espira em curto-circuito.

86 SENAI-SP – INTRANET
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Máquinas elétricas

Uma vez que no motor de campo destorcido, o rotor é do tipo gaiola de esquilo, todas
as ligações encontram-se no estator.

Esse tipo de motor não é reversível. Sua potência máxima é de 300W ou 0,5cv; a
velocidade é constante numa faixa de 900 a 3.400rpm, de acordo com a frequência da
rede e o número de polos do motor.

Esses motores são usados, por exemplo, em ventiladores, toca-discos, secadores de


cabelo etc.

Funcionamento
Quando o campo magnético do estator começa a aumentar (a partir de zero) as linhas
de força cortam o anel em curto. A corrente induzida no anel gera um campo
magnético que tende a se opor ao campo principal.

Com o aumento gradativo do campo até 90º, a maior parte das linhas de força fica
concentrada fora da região do anel. Quando o campo atinge o máximo, ou seja, os 90º,
não há campo criado pela bobina auxiliar, formada pelo anel e ele se distribui na
superfície da peça polar.

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Máquinas elétricas

De 90º a 180º o campo vai se contraindo e o campo da bobina auxiliar tende a se opor
a essa contração, concentrando as linhas de força na região da bobina auxiliar.

De 0º a 180º, o campo se movimenta ao longo da superfície polar, definindo assim o


sentido de rotação.

De 180º a 360º, o campo varia do mesmo modo que de 0º a 180º, porém em direção
oposta.

O movimento do campo produz um conjugado fraco, mas suficiente para dar partida ao
motor. Como o conjugado é pequeno, esse tipo de motor é usado para alimentar
cargas leves.

O motor monofásico de fase auxiliar é o de mais larga aplicação. Sua construção


mecânica é igual à dos motores trifásicos de indução.

Assim, no estator há dois enrolamentos: um de fio mais grosso e com grande número
de espiras (enrolamento principal ou de trabalho) e outro de fio mais fino e com poucas
espiras (enrolamento auxiliar ou de partida).

O enrolamento principal fica ligado durante todo o tempo de funcionamento do motor,


mas o enrolamento auxiliar só atua durante a partida. Esse enrolamento é desligado ao
ser acionado um dispositivo automático localizado parte na tampa do motor e parte no
rotor.
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Máquinas elétricas

Geralmente. Um capacitor é ligado em série com o enrolamento auxiliar, melhorando


desse modo o conjugado de partida do motor.

Funcionamento
O motor monofásico de fase auxiliar funciona em função da diferença entre as
indutâncias dos dois enrolamentos, uma vez que o número de espiras e a bitola dos
condutores do enrolamento principal são diferentes em relação ao enrolamento.

As correntes que circulam nesses enrolamentos são defasadas entre si. Devido à
maior indutância no enrolamento de trabalho (principal), a corrente que circula por ele
se atrasa em relação à que circula no enrolamento de partida (auxiliar), cuja indutância
é menor.

O capacitor colocado em série com o enrolamento tem a função de acentuar ainda


mais esse efeito e aumentar o conjugado de partida. Isso aumenta a defasagem,
aproximando-a de 90º e facilita a partida do motor.

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Máquinas elétricas

Depois da partida, ou seja, quando o motor atinge aproximadamente 80% de sua rpm,
o interruptor automático se abre e desliga o enrolamento de partida. O motor, porém
continua funcionando normalmente.

Ligação dos motores monofásicos


Os motores monofásicos de fase auxiliar podem ser construídos com dois, quatro ou
seis terminais de saída.

Os motores de dois terminais funcionam em uma tensão (110 ou 220V) e em um


sentido de rotação.

Os de quatro terminais são construídos para uma tensão (110 ou 220V) e dois
sentido de rotação, os quais são determinados conforme a ligação efetuada entre o
enrolamento principal e o auxiliar.

De modo geral, os terminais do enrolamento principal são designados pelos números 1


e 2 e os do auxiliar por 3 e 4.

Para inverter o sentido de rotação, é necessário inverter o sentido da corrente no


enrolamento auxiliar, isto é, trocar o 3 pelo 4.

Os motores de seis terminais são construídos para duas tensões (110 e 220V) e para
dois sentido de rotação.

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Máquinas elétricas

Para inversão do sentido de rotação, inverte-se o sentido da corrente no enrolamento


auxiliar.

O enrolamento principal é designado pelos números 1, 2, 3 e 4 e o auxiliar por 5 e 6.


Para a inversão do sentido de rotação, troca-se o terminal 5 pelo 6.

As bobinas do enrolamento principal são ligadas em paralelo, quando a tensão é de


110V e em série, quando a tensão é de 220V.

O motor de fase auxiliar admite reversibilidade quando se retiram os terminais do


enrolamento auxiliar para fora com cabos de ligação. Admite também chave de
reversão, mas neste caso, a reversão só é possível com o motor parado, pois o
responsável pela reversão é o enrolamento da fase auxiliar. Portanto a reversão é feita
trocando-se as pontas 5 pela 6 na ligação.

A potência deste motor varia de 1/6cv até 1cv, mas para trabalhos especiais existem
motores de maior potência.

A velocidade desse tipo de motor é constante e, de acordo com a frequência e o


número de pólos, pode variar de 1.425 a 3.5125rpm.

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Máquinas elétricas

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

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Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Motores trifásicos de CA

A maior parte da energia elétrica produzida é distribuída em corrente alternada (CA), o


que justifica o largo emprego dos motores de CA.

A construção mecânica dos motores de CA é mais simples do que a dos motores de


CC. Por isso, eles são mais comumente usados na indústria.

Nesta unidade, estudaremos a estrutura, os tipos e as características do


funcionamento dos motores trifásicos de corrente alternada.

Para isso, é necessário que você tenha conhecimentos anteriores sobre magnetismo e
eletromagnetismo, indução eletromagnética e corrente alternada.

Motores trifásicos de CA

Os motores de CA são menos complexos que os motores de CC. Além disso, a


inexistência de contatos móveis em sua estrutura garante seu funcionamento por um
grande período sem necessidade de manutenção.

A velocidade nos motores de CA é determinada pela frequência da fonte de


alimentação, o que propicia excelentes condições para seu funcionamento a
velocidades constantes.

Os motores trifásicos de CA funcionam sob o mesmo princípio dos motores


monofásicos, ou seja, sob a ação de um campo magnético rotativo gerado no estator,
provocando com isto uma força magnética no rotor. Esses dois campos magnéticos
agem de modo conjugado, obrigando o rotor a girar.

SENAI-SP – INTRANET 93
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Máquinas elétricas

Tipos de motores trifásicos de CA


Os motores trifásicos de CA são de dois tipos: motores assíncronos (ou de indução) e
motores síncronos.

Motores assíncrono de CA
O motor assíncrono de CA é o mais empregado por ser de construção simples, forte e
de baixo custo. O rotor desse tipo de motor possui uma parte auto-suficiente que não
necessita de conexões externas.

Esse motor também é conhecido como motor de indução, porque as correntes de CA


são induzidas no circuito do rotor pelo campo magnético rotativo do estator.

No estator do motor assíncrono de CA estão alojados três enrolamentos referentes às


três fases. Estes três enrolamentos estão montados com uma defasagem de 120°.

O rotor é constituído por um cilindro de chapas em cuja periferia existem ranhuras


onde o enrolamento rotórico é alojado.

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Máquinas elétricas

Funcionamento
Quando a corrente trifásica é aplicada aos enrolamentos do estator do motor
assíncrono de CA, produz-se um campo magnético rotativo (campo girante).

A ilustração a seguir mostra a ligação interna de um estator trifásico em que as bobinas


(fases) estão defasadas em 120º e ligadas em triângulo.

O campo magnético gerado por uma bobina depende da corrente que no momento
circula por ela. Se a corrente for nula, não haverá formação de campo magnético; se
ela for máxima, o campo magnético também será máximo.

Como as correntes nos três enrolamentos estão com uma defasagem de 120º, os três
campos magnéticos apresentam também a mesma defasagem.

Os três campos magnéticos individuais combinam-se e disso resulta um campo único


cuja posição varia com o tempo. Esse campo único, giratório é que vai agir sobre o
rotor e provocar seu movimento.

O esquema a seguir mostra como agem as três correntes para produzir o campo
magnético rotativo num motor trifásico.

SENAI-SP – INTRANET 95
CT097-10
Máquinas elétricas

No esquema vemos que no instante 1, o valor da corrente A é nulo e, portanto, não há


formação de campo magnético. Isto é representado pelo 0 (zero) colocado no pólo do
estator.

As correntes B e C possuem valores iguais, porém sentidos opostos.

Como resultante, forma-se no estator, no instante 1, um campo único direcionado no


sentido N S.

No instante 2, os valores das correntes se alteram. O valor de C é nulo. A e B têm


valores iguais, mas A é positivo e B é negativo.

O campo resultante se desloca em 60º em relação à sua posição anterior.

Quando um momento intermediário (d) é analisado, vemos que nesse instante as


correntes C e A têm valores iguais e o mesmo sentido positivo. A corrente B, por sua
vez, tem valor máximo e sentido negativo. Como resultado, a direção do campo fica
numa posição intermediária entre as posições dos momentos 1 e 2.

96 SENAI-SP – INTRANET
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Máquinas elétricas

Se analisarmos, em todos os instantes, a situação da corrente durante um ciclo


completo, verificamos que o campo magnético gira em torno de si. A velocidade de
campo relaciona-se com a frequência das correntes conforme já foi demonstrado.

Tipos de motores assíncronos


Os motores assíncronos diferenciam-se pelo tipo de enrolamento do rotor. Assim,
temos:
• Motor com rotor em gaiola de esquilo;
• Motor de rotor bobinado.

Motor com rotor em gaiola de esquilo


O motor com rotor em gaiola de esquilo tem um rotor constituído por barras de cobre
ou de alumínio colocadas nas ranhuras do rotor. As extremidades são unidas por um
anel também de cobre ou de alumínio.

Entre o núcleo de ferro e o enrolamento de barras não há necessidade de isolação,


pois as tensões induzidas nas barras do rotor são muito baixas.

Esse tipo de motor apresenta as seguintes características:


• Velocidade que varia de 3% a 5% de vazio até a plena carga;
• Ausência de controle de velocidade;
• Possibilidade de ter duas ou mais velocidades fixas;
• Baixa ou média capacidade de arranque, dependendo do tipo de gaiola de esquilo
do rotor (simples ou dupla).

Esses motores são usados para situações que não exijam velocidade variável e que
possam partir com carga. Por isso, são usados em moinhos, ventiladores, prensas e
bombas centrífugas, por exemplo.

SENAI-SP – INTRANET 97
CT097-10
Máquinas elétricas

No funcionamento do motor com rotor em gaiola de esquilo, o rotor, formado por


condutores de cobre é submetido ao campo magnético giratório, já explicado
anteriormente. Como consequência, nesses condutores (barras da gaiola de esquilo)
circulam correntes induzidas, devido ao movimento do campo magnético.

Segundo a lei de Lenz, as correntes induzidas tendem a se opor às variações do


campo original. Por esses motivo, as correntes induzidas que circulam nos condutores
formam um campo magnético de oposição ao campo girante.

Como o rotor é suspenso por mancais no centro do estator, ele girará juntamente com
o campo girante e tenderá a acompanhá-lo com a mesma velocidade. Contudo, isso
não acontece, pois o rotor permanece em velocidade menor que a do campo girante.

Se o rotor alcançasse a velocidade do campo magnético do estator, não haveria sobre


ele tensão induzida, o que o levaria a parar.

Na verdade, é a diferença entre as velocidades do campo magnético do rotor e a do


campo do estator que movimenta o rotor. Essa diferença recebe o nome de
escorregamento e é dada percentualmente por:

VS - VR
S= . 100
VS

Onde VS é a velocidade de sincronismo;


VR é a velocidade real do rotor.

Quando a carga do motor é aumentada, ele tende a diminuir a rotação e a aumentar o


escorregamento. Consequentemente, aumenta a corrente induzida nas barras da
gaiola de esquilo e o conjugado do motor.

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Máquinas elétricas

Desse modo, o conjugado do motor é determinado pela diferença entre a velocidade


do campo girante e a do rotor.

Motor de rotor bobinado


O motor de rotor bobinado trabalha em rede de corrente alternada trifásica. E uma de
suas características principais é um arranque vigoroso com pequena corrente de
partida.

Ele é indicado quando se necessita de partida com carga e variação de velocidade


como é o caso de compressores, transportadores, guindastes, pontes rolantes.

O motor de rotor bobinado é composto por um estator e um rotor.

O estator é semelhante ao dos motores trifásicos já estudados. Apresenta o mesmo


tipo de enrolamentos, ligações e distribuição que os estatores de induzido em curto.

O rotor bobinado usa enrolamentos de fios de cobre nas ranhuras, tal como o estator.

O enrolamento é colocado no rotor com uma defasagem de 120º e seus terminais são
ligados a anéis coletores nos quais, através das escovas se tem acesso ao
enrolamento.

SENAI-SP – INTRANET 99
CT097-10
Máquinas elétricas

Ao enrolamento do rotor bobinado deve ser ligado um reostato (reostato de partida)


que permitirá regular a corrente nele induzida. Isso torna possível a partida sem
grandes picos de corrente e possibilita a variação de velocidade dentro de certos
limites.

O reostato de partida é composto de três resistores variáveis, conjugados por meio de


uma ponte que liga os resistores em estrela, em qualquer posição de seu curso.

O motor trifásico de rotor bobinado é recomendado nos casos em que se necessita de


partidas a plena carga. Sua corrente de partida apresenta baixa intensidade: apenas
uma vez e meia o valor da corrente nominal.

É também usado em trabalhos que exigem variação de velocidade, pois o enrolamento


existente no rotor, ao fazer variar a intensidade da corrente que percorre o induzido,
faz variar a velocidade do motor.

Deve-se lembrar porém, que o motor de rotor bobinado é mais caro que os outros
devido ao elevado custo de seus enrolamentos e ao sistema de conexão das bobinas
do rotor, tais como: anéis, escovas, porta-escovas, reostato.

Em pleno regime de marcha, o motor de rotor bobinado apresenta um deslizamento


maior que os motores comuns.

É importante saber que há uma relação entre o enrolamento do estator e o do rotor.


Essa relação é de 3:1, ou seja, se a tensão do estator for 220V, a do rotor em vazio
será de 220 : 3 , ou 73V aproximadamente.

A mesma relação pode ser aplicada às intensidades da corrente. Se a intensidade no


estator for 10A, o rotor será percorrido por uma corrente de 10 . 3 = 30A.

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CT097-10
Máquinas elétricas

Consequentemente, a seção do fio do enrolamento deve ser calculada para essa


corrente. Por isso, os enrolamentos dos induzidos têm fios de maior seção que os do
indutor.

Observação
É importante verificar na plaqueta do motor as correntes do estator e do rotor.

Funcionamento
O princípio de funcionamento do motor com rotor bobinado é o mesmo que o do motor
com rotor em gaiola de esquilo.

A única diferença é que a resistência do enrolamento do rotor bobinado pode ser


alterada, pois esse tipo de rotor é fechado em curto na parte externa, através de
reostatos. Isso permite o controle sobre o valor da corrente que circula no enrolamento
do rotor e, portanto, a variação de velocidade, dentro de certos limites, mantém o
conjugado constante.

Em resumo, pode-se dizer que, para a formação de um campo girante homogêneo,


devem existir duas condições:
• O estator deve ser dotado de três bobinas deslocadas entre si de 120°;
• Nas três bobinas do estator devem circular três correntes alternadas senoidais
defasadas em 120°, ou seja, 1/3 do período.

Na figura abaixo, vemos que o campo magnético no estator gira no sentido horário,
porque as três correntes alternadas se tornam ativas, sequencialmente, nos três
enrolamentos do estator, também no sentido horário.

SENAI-SP – INTRANET 101


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Máquinas elétricas

Se invertermos a sequência de fase nos enrolamentos do estator, por meio de dois


terminais de ligação, o campo gira no sentido contrário, isto é, no sentido anti-horário.

É desta maneira que se inverte o sentido de rotação do campo girante e,


consequentemente, a rotação dos motores trifásicos.

Para determinar a velocidade de rotação do campo girante, é necessário estabelecer a


relação entre frequência (f) e o número de pares de pólos (p) pela seguinte fórmula:

f . 60
n= (rpm)
p

Motor síncrono de CA
O motor síncrono de CA apresenta a mesma construção de um alternador e ambos
têm o rotor alimentado por CC. A diferença é que o alternador recebe energia
mecânica no eixo e produz CA no estator; o motor síncrono, por outro lado, recebe
energia elétrica trifásica CA no estator e fornece energia mecânica ao eixo.

Esse tipo de motor apresenta as seguintes características:


• Velocidade constante (síncrona);
• Velocidade dependente da frequência da rede;
• Baixa capacidade de arranque.

Por essas características, o motor síncrono é usado quando é necessária uma


velocidade constante.

Funcionamento
A energia elétrica de CA no estator cria o campo magnético rotativo, enquanto o rotor,
alimentado com CC, age como um ímã.

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Máquinas elétricas

Um ímã suspenso num campo magnético gira até ficar paralelo ao campo. Quando o
campo magnético gira, o ímã gira com ele. Se o campo rotativo for intenso, a força
sobre o rotor também o será. Ao se manter alinhado ao campo magnético rotativo, o
rotor pode girar uma carga acoplada ao seu eixo.

Quando parado, o motor síncrono não pode partir com aplicação direta de corrente CA
trifásica no estator, o que é uma desvantagem. De modo geral, a partida é feita como a
do motor de indução (ou assíncrono). Isso porque o rotor do motor síncrono é
constituído, além do enrolamento normal, por um enrolamento em gaiola de esquilo.

Ligação dos motores trifásicos


Como já foi estudado, o motor trifásico tem as bobinas distribuídas no estator e ligadas
de modo a formar três circuitos simétricos distintos, chamados de fases de
enrolamento.

Essas fases são interligadas formando ligações em estrela (Y) ou em triângulo (Δ),
para o acoplamento a uma rede trifásica. Para isso, deve-se levar em conta a tensão
em que irão operar.

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Máquinas elétricas

Na ligação em estrela, o final das fases se fecha em si, e o início se liga à rede.

Na ligação em triângulo, o início de uma fase é fechado com o final da outra, e essa
junção é ligada à rede.

Os motores trifásicos podem dispor de 3, 6, 9 ou 12 terminais para a ligação do estator


à rede elétrica. Assim, eles podem operar em uma, duas, três ou quatro tensões
respectivamente. Todavia, é mais comum encontrar motores com 6 e 12 terminais.

Os motores trifásicos com 6 terminais só podem ser ligados em duas tensões uma a
3 maior do que a outra. Por exemplo: 220/380V ou 440/760V.

Esses motores são ligados em triângulo na menor tensão e, em estrela, na maior


tensão.

A figura a seguir mostra uma placa de ligação desse tipo de motor.

104 SENAI-SP – INTRANET


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Máquinas elétricas

Os motores com 12 terminais, por sua vez, têm possibilidade de ligação em quatro
tensões: 220V, 380V, 440V e 760V.

A ligação à rede elétrica é feita da seguinte maneira:


ΔΔ para 220V
YY para 380V
Δ para 440V
Y para 760V

Veja a seguir a representação da placa de ligação desse tipo de motor.

Padronização da tensão e da dimensão dos motores trifásicos assíncronos e


síncronos
Os motores trifásicos são fabricados, com diferentes potências e velocidades, para as
tensões padronizadas da rede, ou seja, 220V, 380V, 440V e 760V, nas frequências de
50 e 60Hz.

No que se refere às dimensões, os fabricantes seguem as normas NEMA, IEC e da


ABNT.

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Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

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Eletricidade/2009

Motor trifásico com


ligação Dahlander

O motor trifásico de indução tipo Dahlander é um motor cujas bobinas são conectadas
de forma diferente da convencional, pois em certos momentos funciona por polarização
ativa e, em outros, por pólos consequentes.

Este é o assunto desta unidade e, para estudá-lo com mais facilidade é necessário ter
conhecimentos anteriores sobre motores trifásicos, ligações estrela e triângulo e tipos
de enrolamentos.

Ligação Dahlander

A ligação Dahlander é um tipo de conexão que aproveita as propriedades da ligação de


pólos consequentes e pólos ativos para se obter, alternadamente, duas velocidades
com um só enrolamento. Nesse caso, a velocidade maior é sempre o dobro da menor.

Esse tipo de ligação permite que, com dois grupos de bobinas, se obtenham dois ou
quatro pólos; com quatro grupos de bobinas, se obtenham quatro ou oito pólos e, com
seis bobinas, seis ou doze pólos, conforme figuras abaixo.

4 bobinas - 8 pólos 4 bobinas - 4 pólos

SENAI-SP - INTRANET 107


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Máquinas elétricas

6 bobinas - 12 pólos

6 bobinas - 6 pólos

Esse tipo de ligação é de grande utilidade para aplicação em máquinas industriais, pois
a ligação Dahlander permite que se consigam velocidades diferentes com um número
de engrenagens bem reduzido.

Enrolamento

O enrolamento desses motores com dupla polaridade é semelhante aos outros


enrolamentos de motores de corrente alternada assíncrona, exceto quanto à forma das
ligações.

O enrolamento mais usual para ligação tipo Dahlander é o tipo cadeia concêntrico ou
progressivo, sendo também comum o tipo meio imbricado.

108 SENAI-SP - INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
Nas ligações Dahlander recomenda-se Yf = 120 E + 120 E para uma distribuição mais
harmônica de saída dos condutores e para uma partida mais vigorosa do motor, pois:

120 E + 120 E 240 E


Yf = = = 16 ou 1 a 17
GE/R 15 E

Conexões internas do motor Dahlander para dois e quatro pólos


Para funcionamento do motor Dahlander em quatro pólos, ligar os terminais U, V e W e
deixar isolados os terminais X, Y e Z.

Assim, os dois grupos de cada fase ficam em série, formando dois pólos ativos e dois
consequentes.

Para formar dois pólos, ligar os terminais U, V e W em estrela e aplicar corrente nos
terminais X, Y e Z, formando dois pólos ativos.

SENAI-SP - INTRANET 109


CT097-10
Máquinas elétricas

Esta ligação também se chama dupla estrela, porque os grupos de bobinas são ligados
em paralelo, pela união dos bornes U, V e W.

Em resumo, para maior polaridade (menor velocidade), alimenta-se o motor em U, V


e W, deixando os terminais X, Y e Z abertos. Para menor polaridade (maior
velocidade), unem-se os terminais U, V e W e alimenta-se o motor em X, Y e Z.

A potência do motor, quando funciona com dois pólos, é, aproximadamente, o dobro da


que tem quando funciona com quatro pólos.

Observação
Segundo a norma VDE, os terminais podem ser ligados pelas letras Ua, Va e Wa,
equivalente a U, V e W, e Ub, Vb e Wb, equivalendo a X, Y e Z.

Tipos de conexões Dahlander


As conexões Dahlander podem ser:
• Triângulo - dupla-estrela;
• Estrela - dupla-estrela.

110 SENAI-SP - INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

O esquema a seguir mostra um exemplo de um motor trifásico, 36R, 8/4 pólos e


ligações Δ-YY/Y-YY onde é possível obter tensões diferentes com esses tipos de
conexões em um mesmo bobinado.

Conexão Dahlander Conexão Dahlander


Δ/YY Y/YY
8 pólos Fa + Pa R 8 pólos Fa + Fb + Fc
Δ Fa + Pb S Y
Fb = Pc T abertos Pa R Ma abertos
Ma, Mb, Mc Pb S Mb
Pc T Mc

4 pólos Fa + Pa 4 pólos Fa + Fb + Fc
YY Fa + Pb YY
Fb + Pc Pa + Pb + Pc
Mc R
Mb S
Ma T Ma T
Mb S
Mc R

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Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
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Sergio Machado Bello

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Motor trifásico de rotor


bobinado

É um motor destinado a trabalhar em rede de corrente alternada trifásica.

Esse motor permite um arranque vigoroso com uma pequena corrente de partida. Por
essa razão, é o motor preferido para potências elevadas, geralmente superiores a 5cv.

O motor de rotor bobinado é constituído de um estator e um rotor.

O estado é semelhante aos dos motores trifásicos já estudados. Apresenta os mesmos


tipos de enrolamentos, ligações e distribuição que os estatores de induzido em curto.

No rotor, encontra-se um enrolamento com várias bobinas isoladas, ligadas de modo a


formar dois ou três circuitos. Esses circuitos são unidos, de um lado, a um ponto
comum; e de outro, a três anéis coletores.

Sobre estes anéis se apoiam escovas coletoras e, através dos anéis, é estabelecido o
contato elétrico entre o enrolamento do rotor e o reostato externo, chamado reostato
de partida.

SENAI-SP – INTRANET 113


CT097-10
Máquinas elétricas

O reostato de partida é composto de três resistores variáveis, conjugados por meio de


uma ponte. Essa ponte liga os reostatos em estrela, em qualquer posição de seu
curso.

Veja, na figura, uma ligação típica de um motor trifásico de rotor bobinado e reostato
de partida conjugado em estrela.

O motor trifásico de rotor bobinado é recomendado nos casos em que necessita de


partidas a plena carga, pois não ocasiona intensidade excessiva de corrente na rede.

É também utilizado para realizar trabalhos que exigem variações de velocidade, pois o
enrolamento existente no rotor desses motores, ao fazer variar a intensidade da
corrente que percorre o induzido, faz variar a velocidade do motor.

Não é possível conseguir essa variação nos motores de rotor em gaiola de esquilo
porque sua construção não permite ligação de resistores adicionais externos nos seus
circuitos.

O motor de rotor bobinado, além de proporcionar arranque satisfatório, tem uma


corrente de partida de baixa intensidade: é cerca de uma vez e meia o valor da
corrente nominal.

É bom lembrar que, nos motores de rotor em curto, essa corrente atinge até oito vezes
a corrente em plena carga.

Porém, os motores de rotor bobinado são menos econômicos que os outros, devido ao
elevado custo de seus enrolamentos e ao sistema de conexão das bobinas do rotor,
tais como: Anéis, escovas, porta-escovas, reostato, etc.

114 SENAI-SP – INTRANET


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Máquinas elétricas

Em pleno regime de marcha, o motor de rotor bobinado apresenta um deslizamento


maior que os motores comuns.

É empregado com eficiência como motor de guindastes, de elevadores-calandras e em


todas as condições em que for necessário dar partida sob grandes cargas.

Quando se necessita de motores para funcionar com variações permanentes de


velocidade com regulagem mais delicada, usa-se outro tipo de motor trifásico de rotor
bobinado. Este motor é reconhecido pelo coletor laminado, semelhante ao das
máquinas de corrente contínua.

A regulagem da velocidade e a inversão de marcha são feitas pelo deslocamento de


um conjunto de escovas que faz variar a tensão induzida nos enrolamentos do rotor.
Este motor descrito acima é apenas um dos arranjos para se obter variação de
velocidade. Outros processos, porém, também são usados para se conseguir os
mesmos resultados.

Esses tipos de motores encontram grande aplicação nas fábricas de papel e de


tecidos.

Nos rotores bobinados de coletor de anéis, são usados os mesmos tipos de


enrolamentos dos estatores trifásicos. Neste caso, predomina o enrolamento do tipo
imbricado nas máquinas maiores.

Nos motores menores, ainda são usados os enrolamentos do tipo meio imbricado e
principalmente o tipo cadeia com bobinas concêntricas. Observe nas figuras abaixo
cada um desses tipos.

SENAI-SP – INTRANET 115


CT097-10
Máquinas elétricas

Esses enrolamentos não são obrigatoriamente trifásicos; porém, tem necessariamente


o mesmo número de pólos que o estator. Um motor trifásico, cujo estator tem um
enrolamento para 4 pólos, pode ter rotor trifásico ou bifásico, mas, em qualquer dos
casos, seu enrolamento estará distribuído para quatro pólos.

Veja, a seguir, os cálculos básicos para fazer o levantamento de esquema de rotor


trifásico de motor de anéis, 4 pólos, enrolamento imbricado: Nb = Nr = 24 bobinas

Nr 24
Yp = = = 6 dentes ou 1 a 7
24 4

Ybi = Yp = 6 dentes ou 1 a 7

Nb 24 24
Grupo = = = = 2 bobinas por pólo e fase
p.f 4 .3 12

GET = 180°E.P = 180°E.4 = 720°E

GET 720°E
GE/r = = = 30°E
Nr 24

120°E 120°E
Yf = = = 4 dentes ou 1 a 5
GE / r 30°E

Bobinas levantadas = Yb-1 = 6-1 = 5

Esquema planificado:

116 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Nas figuras a seguir, é mostrado o esquema de um rotor de motor trifásico de quatro


pólos, cujo enrolamento é bifásico de dois circuitos.

Note que uma extremidade de cada circuito ou fase de rotor está ligada a um anel
coletor e a união das duas outras extremidades, ao anel central. O reostato também é
de dois circuitos.

É importante saber que há uma relação entre o enrolamento do estator e o do rotor.


Essa relação é de 3:1. Isto quer dizer que, se a tensão do estator for 220V, a do rotor
em vazio será 220 ÷ 3, ou 73V aproximadamente.

A mesma relação pode ser aplicada às intensidades da corrente.

Se a intensidade no estator for 10 A, o rotor será percorrido por uma corrente de


10 . 3 = 30A. Consequentemente, a seção do fio deve ser calculada par essa corrente.
Por essa razão, o enrolamento dos induzidos tem fios de maior seção que os do
indutor.
SENAI-SP – INTRANET 117
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Observação
As orientações sobre os estatores de motores trifásicos também são válidas para o
fechamento das bobinas dos rotores.

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Edvaldo Freire Cabral
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Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

118 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Motores de aplicações
especiais

Nesta unidade, estudaremos dois motores que apresentam características especiais: o


motor sem escovas e o motor de passo.

O desenvolvimento da tecnologia moderna no campo dos semicondutores e das ligas


magnéticas especiais levou ao aparecimento de motores não-convencionais, ou seja,
com acionamento elétrico sem escovas (em inglês “brushless”).

Esse motor, com controle de corrente e velocidade é usado principalmente em servo-


acionamentos e atende a uma ampla faixa de potências.

O motor de passo, por sua vez, é um motor usado em equipamentos onde é


necessário um posicionamento de parte da máquina. Esse é o caso de impressoras,
registradores gráficos em geral, sistemas de controle em servomecanismos.

Nesta unidade, serão estudadas as características e o funcionamento desses dois


tipos de motor.

Motor sem escovas

O motor de corrente contínua sem escovas, além da ausência de escovas, apresenta


como características diferenciadoras do motor com escovas, a localização do
enrolamento no estator e os ímãs permanentes engastados no rotor. Apresenta
também um transdutor de posição angular acoplado ao rotor.

SENAI-SP – INTRANET 119


CT097-10
Máquinas elétricas

A ilustração a seguir mostra um corte transversal de um motor sem escovas e a


comparação dos princípios de construção de motores com e sem escovas.

Além dessas características, um motor sem escovas será sempre composto por:
• Distribuidor de energização dos enrolamentos (comutador);
• Conversor de pulsos eletrônicos.

O diagrama a seguir representa a construção mecânica do acionamento sem escovas.


Nele, foram omitidas as malhas de realimentação em corrente e velocidade.

Funcionamento
No motor com escovas, a comutação e distribuição das correntes nos enrolamentos é
realizada pelo comutador.

No motor sem escovas, essa tarefa é realizada pelo estágio de controle e pelo
comutador de potência (conversor) eletrônico.

120 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Os motores sem escovas, quando acionados com controle de malha de corrente e de


velocidade, combinados com as caixas de transmissão de folga reduzida, permitem a
obtenção de servoacionamentos de alta precisão.

Vantagens
O motor sem escovas apresenta uma série de vantagens, a saber:
• Peso e volume reduzidos;
• Inexistência de coletor mecânico;
• Maior vida útil;
• Melhores propriedades dinâmicas;
• Menor inércia do motor;
• Torques elevados.

Peso e volume reduzidos


A construção do motor sem escovas permite uma redução em seu peso e volume entre
35% e 65% se comparado com motor com escovas de mesma potência.

Isso traz melhor dissipação de calor, pois o motor sem escovas, com seu rotor “frio”,
gera calor na região em que este é melhor dissipado, ou seja, no estator. Esse fato
permite que o motor opere em regime muito elevado.

Inexistência de coletor mecânico


O motor sem escovas não apresenta curva de limitação de potência, que é o produto
da rotação pela corrente de coletor.

Acima dessa curva-limite ocorre a queima das escovas e isso destrói o coletor.

SENAI-SP – INTRANET 121


CT097-10
Máquinas elétricas

Como esse tipo de motor não possui coletor mecânico, altos conjugados ao longo de
todo o espectro de rotações podem ser alcançados com ele.

Maior vida útil


Esse tipo de motor não possui escovas que se desgastam e necessitam ser trocadas.

Melhores propriedades dinâmicas


Nos motores sem escovas, onde a comutação de corrente é realizada eletronicamente,
existe ainda a possibilidade de se optar pelo emprego de uma tensão eletromotriz de
formato quase senoidal.

A forma de onda senoidal tem a vantagem de permitir que sejam satisfeitas as mais
altas exigências com relação à baixa rotação, homogeneidade de movimento e
exatidão de posicionamento.

Menor inércia do motor


O motor sem escovas possui ímãs permanentes ao invés de enrolamento de rotor. Por
isso, existe um reduzido momento de inércia e disso depende a escolha da melhor
velocidade de rotação de um motor a ser usado em um determinado acionamento.

Um momento de inércia pequeno significa menor tempo de resposta do sistema e,


portanto, melhor dinâmica.

Torques elevados
Com a finalidade de atingir um torque tão alto quanto possível nos motores com ou
sem escovas, efetua-se a comutação dos enrolamentos de tal forma que o campo
magnético do estator mantenha com o campo magnético do rotor um ângulo tão
próximo de 90º quanto possível.

122 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Essa característica limita a rotação máxima através da f.c.e.m. (força contra-


eletromotriz) nos enrolamentos.

Nos motores com excitação separada, pode-se reduzir essa limitação da rotação
através do enfraquecimento do campo de excitação.

O motor sem escovas com ímã permanente permite que se efetue uma variação das
constantes de motor mediante uma defasagem no tempo da energização das correntes
nos enrolamentos em relação à posição do rotor.

Motor de passo

O motor de passo permite que seu eixo sofra deslocamentos precisos sem que seja
necessária uma realimentação externa feita por algum dispositivo a ele acoplado. Isso
caracteriza um sistema aberto.

Essa característica de funcionamento em malha aberta é uma das mais importantes,


pois permite a rotação e a parada em pontos pré-determinados.

Se, por exemplo, é necessário que o eixo gire meia volta (180°), basta fornecer
adequados e ele fornece deslocamento com precisão.

Na figura a seguir, é ilustrado um motor de passo de pequenas dimensões que


apresenta como característica um passo de 7,5. Isso significa que, para que seu eixo
dê uma volta completa, são necessários 48 passos (ou deslocamentos).

Funcionamento
Normalmente, os motores de passo possuem enrolamentos que, na sua forma mais
simples, constituem-se de quatro bobinas dispostas no estator em ângulos de 90°, uma
em relação a outra.

SENAI-SP – INTRANET 123


CT097-10
Máquinas elétricas

O rotor é uma pequena peça de material ferromagnético que se constitui num ímã.

Ao se energizar a bobina 1 do estator, o rotor é submetido à força do campo magnético


e se posiciona na condição de menor relutância, ou seja, alinhada com o eixo da
bobina.

Se, na sequência, a bobina 1 é desligada e a bobina 2 energizada, o rotor gira 90º e se


posiciona em linha com a segunda bobina. O mesmo acontece com as bobinas 3 e 4
até se completar uma volta de 360º.

Observação
A descrição acima refere-se a um motor de passo de 4 passos por revolução e 90º por
passo. Verifica-se assim que um dos fatores determinantes do número de passos por
volta corresponde ao número de bobinas no estator.

Se existirem n bobinas, o rotor completará uma volta em n passos. Se, ao invés de um


elemento ferromagnético, o rotor for constituído de n’ elementos (rotor dentado), o
número de passos será n . n’.

Outro fator que determina o número de passos é a sequência de comutação das


bobinas. No exemplo mostrado, foi excitada uma bobina de cada vez. Se, ao invés
disso, forem excitadas duas bobinas contíguas de cada vez, o rotor tomará posições
intermediárias. Isso dá origem a um conjunto de novas posições intermediárias, ou
seja, um novo conjunto de posições ou passos.

124 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Veja na ilustração a seguir, como é possível obter o dobro dos passos, excitando-se as
bobinas da seguinte maneira:

Essa sequência faria o motor girar no sentido horário, completando uma volta e 8
passos.

As bobinas do estator são também denominadas fases. Muitas vezes, cada fase é
subdividida num conjunto de bobinas ao longo do estator. Dessa forma, mesmo que
existam muitas bobinas no estator, eles normalmente constituem 8 fases.

Tipos de rotor
Os rotores do motor de passo são divididos em dois tipos:
• Ímã permanente;
• Relutância variável.

O rotor de ímã permanente permite obter maior força de atração entre o estator e o
rotor. Todavia, é tecnologicamente mais difícil obter um grande número de elementos
do rotor previamente magnetizados e cuja magnetização seja estável. Por causa disso,
o número de passos é geralmente menor nesse tipo de motor.

SENAI-SP – INTRANET 125


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Máquinas elétricas

O rotor do tipo relutância variável, embora normalmente apresente menor torque,


possui, em contrapartida, características mais estáveis. O rotor de relutância variável é
apenas uma peça de material ferromagnético não imantado.

Circuitos de acionamento
Os circuitos de comando para motor de passo são circuitos de chaveamento
sequencial geralmente seguidos de amplificadores cuja potência é determinada pelas
dimensões do motor.

Experimentalmente, pode-se realizar a rotação do motor por meio de chaves


comutando as bobinas.

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

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CT097-10
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Parâmetros mecânicos de
máquinas elétricas

Para usar uma máquina elétrica, é necessário conhecer, além de suas propriedades
elétricas, seus parâmetros mecânicos, tais como a rpm, o torque e a potência
mecânica.

Este será o assunto da presente unidade.

RPM

A rpm “n” de uma máquina é igual ao número de revoluções do rotor em um


determinado tempo e que se mede em revoluções por minuto.

Instrumentos de medição de rpm


Em aplicações técnicas, empregam-se diversos dispositivos para medir a rotação. O
mais simples é o tacômetro manual.

Com ele, é possível medir diretamente a rotação aplicando o instrumento ao eixo da


máquina. A rotação é transmitida mediante uma embreagem de borracha.

Outro instrumento para a medição da rpm é o gerador taquimétrico (ou tacométrico)


que se aplica diretamente à máquina cuja rotação se quer medir.

SENAI-SP – INTRANET 127


CT097-10
Máquinas elétricas

Dependendo do tipo de gerador usado, este pode:


• Gerar uma tensão contínua cujo valor depende da rotação, ou
• Gerar uma tensão alternada cuja frequência depende da rotação e, embora nesse
caso meça-se a frequência, o resultado que aparece no mostrador é a rpm.

Para obter tensão alternada dependente da rotação, podem ser usadas barreiras
óticas (células fotoelétricas) em lugar do gerador taquimétrico. Essas células são
usadas em combinação com discos perfurador ou geradores Hall juntamente com
ímãs.

Cálculo da rpm
Para realizar o cálculo da rpm, é necessário conhecer a frequência da rede e a
quantidade de pólos do motor. A fórmula para esse cálculo é:

f . 60
n=
p

Onde n é a rpm;
f é a frequência;
p são os pares de pólos.

Exemplo
Calcular as rpm de um motor de 2 pólos, ligado a uma rede de 60Hz.

60 . 60
n= = 3.660rpm
1

Cálculo de rotação do campo girante


Se, em um estator, forem colocadas 6 bobinas defasadas de 60º uma da outra, ao ligá-
las à rede trifásica, obtem-se um campo giratório de 4 pólos.

128 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Quando se trata de um motor de 2 pólos, o campo giratório precisa do tempo de um


período para dar um volta completa, ou seja 360º.

O motor de 4 pólos precisa de um tempo que equivale ao dobro do de 2 pólos, ou seja,


dois períodos de 360º.

Isto significa que a rotação do campo girante depende da frequência da corrente e do


número de pares de pólos do campo.

A fórmula para esse cálculo é a mesma da rpm, ou seja:

f . 60
n=
p

Exemplo
Calcular a rotação do campo girante de um motor de quatro pólos ligado a uma rede
de 60Hz.

60 . 60 3.600
n= = = 1.800
2 2

Cálculo de deslizamento ou escorregamento (s)


Sobre o rotor de um motor trifásico assíncrono aparece um torque que atua no sentido
do campo giratório. O rotor gira com uma velocidade menor que o campo giratório.

Assim, velocidade de deslizamento (ns) é a velocidade relativa entre o rotor n e o


campo girante nf, ou seja, ns = nf - n

SENAI-SP – INTRANET 129


CT097-10
Máquinas elétricas

Deslizamento (s) (ou escorregamento) é o quociente entre a velocidade de


deslizamento e a velocidade do campo giratório:

nf - n
s=
nf

O deslizamento pode ser indicado em percentual da velocidade do campo giratório:

nf - n
s= . 100%
nf

Exemplo
Calcular o deslizamento percentual de um motor assíncrono trifásico de 4 pólos que
recebe uma frequência de excitação de 60Hz, cujo rotor gira a uma velocidade de
1.440rpm.

f . 60 60 . 60 3.600
nf = = = = 1.800rpm
p 2 2

ns = nf – n = 1.800 – 1.400 = 360

nf - n 1.800 - 1.440 360


s= = = = 0,2
nf 1.800 1.800

nf - n
s% = . 100 = 20%
nf

Observação
Quando o rotor está em repouso, podemos considerar o motor assíncrono trifásico
como um transformador trifásico.

O valor da tensão no enrolamento do rotor em repouso, ou seja, a tensão com rotor


travado só depende do quociente entre os números de espiras do rotor e do estator.
Quando o rotor gira, sua tensão vai reduzindo proporcionalmente ao deslizamento.

Para a velocidade sincronismo, ou seja, quando as duas velocidades são iguais, até a
tensão induzida será nula.

130 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Com o rotor travado, a frequência da tensão no rotor é igual à frequência da tensão do


estator. Quando o rotor gira, a frequência de sua tensão também decresce
proporcionalmente ao deslizamento até fazer-se nula para a velocidade de
sincronismo.

Torque ou momento

Torque (M) (ou momento) é a força (F) atuando sobre um corpo e causando seu
movimento através de uma distância (s).

Mesmo que esse corpo não gire, o torque existe como produto daquela força pela
distância radial em relação ao centro do eixo da rotação, ou seja, torque é o produto da
força pelo comprimento do braço da alavanca. Matematicamente, isso significa:
M=F.s

Onde M é o torque ou momento em Newtons por metro;


F é a força em Newtons;
s é o comprimento em metros.

Quando os torques de giro à direita e à esquerda são iguais, a alavanca se encontra


em equilíbrio ou repouso. Se os torques são diferentes, a alavanca gira no sentido do
torque maior.

Torques de giro à esquerda = torques de giro à direita


(torques) M = F . s

Já sabemos que um campo magnético de fluxo Φ origina-se no estator das máquinas


elétricas rotativas.

SENAI-SP – INTRANET 131


CT097-10
Máquinas elétricas

Sabemos também que o rotor se compõe de um tambor de ferro doce magnético com
ranhuras nas quais são colocados os condutores. Esses condutores dentro de um
campo magnético e percorridos por uma corrente elétrica estão submetidos a uma
força. O valor dessa força é:
F=Φ.I.1

Onde F é a força em Newtons;


Φ é a indução magnética em teslas;
I é a corrente em ampères;
1 é o comprimento do condutor em metros.

Essa força é aplicada ao condutor a uma distância (s) do eixo do rotor.

Quando esse torque for igual ou suficiente para que o rotor (que possui um movimento
resistente) gire, obtem-se uma rotação constante.

Obtenção do torque
Nas máquinas elétricas, o torque se mede com a ajuda de freios, como por exemplo, o
freio de corrente de Foucault.

No motor elétrico o torque (M) e as rotações (n) estão relacionados, pois a rotação
diminui quando se aumenta o torque.

Na partida, a rotação é zero e o torque, que atua sobre o eixo nesse instante, é
chamado de torque de arranque.

132 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Para se obter o torque, faz-se o seguinte:

1. Dá-se partida no motor sem carga;

2. Coloca-se carga partindo do zero. À medida que a carga aumenta, anota-se o


torque e a rotação:
Exemplo
Torque: 0 0,25 0,5 0,75 1 1,1 0,85 0,9
Rotação: 1.500 1.470 1.430 1.375 1.200 1.000 100 0

3. Monta-se o gráfico;

Observação
Para qualquer motor CA de indução tipo gaiola, o torque de partida é apenas função da
tensão aplicada ao enrolamento do estator. Quando se reduz à metade a tensão
nominal aplicada por fase durante a partida, o torque de partida produzido é 1/4 do que
seria produzido a plena tensão.

Potência
A potência está relacionada com a rotação e o torque desenvolvidos pela máquina.

O eixo de uma máquina que gira com uma rotação n transmite um torque.

SENAI-SP – INTRANET 133


CT097-10
Máquinas elétricas

Com estes dois parâmetros, calcula-se a potência mecânica da máquina a partir da


seguinte fórmula:

2
P= .n.M
60 . 100

Onde P é a potência;
2 é a constante;
n são as rotações em rpm;
M é o torque em Nm.

n . M . 10 - 3
Ou: P =
3

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Máquinas de corrente
contínua

As máquinas de corrente contínua resultaram do desenvolvimento tecnológico e das


exigências cada vez maiores dos processos automáticos de produção. Essas
máquinas, por sua grande versatilidade são largamente usadas na indústria moderna.

Nesta unidade, vamos estudar os tipos e princípios de funcionamento das máquinas de


CC empregadas na indústria.

Para melhor assimilar esse conteúdo, é necessário ter conhecimentos anteriores sobre
magnetismo, eletromagnetismo e indutores.

Geradores e motores

Uma máquina elétrica é um motor quando transforma energia elétrica em energia


mecânica. Quando transforma energia mecânica em energia elétrica, ela é um
gerador.

Do ponto de vista da construção, motores e geradores de CC são iguais. Assim, um


motor de CC pode funcionar como gerador de CC e vice-versa.

Construção

As máquinas de CC são compostas basicamente por duas partes: o estator e o rotor.

SENAI-SP – INTRANET 135


CT097-10
Máquinas elétricas

O estator (ou carcaça) é a parte fixa da máquina. Nele se alojam as bobinas de campo
cuja finalidade é conduzir o fluxo magnético.

O estator é formado por:


• Pólos de excitação (ou sapatas polares) - constituídas por condutores enrolados
sobre o núcleo de chapas de aço laminadas;
• Pólos de comutação - têm a função de evitar o deslocamento da linha neutra em
carga e reduzir a possibilidade de centelhamento. Localizam-se na região interpolar
e por eles passa a corrente da armadura (rotor);
• Conjunto porta-escova - aloja as escovas feitas de material condutor e que têm a
função de realizar a ligação elétrica entre a armadura e o exterior.

O rotor é a parte móvel que abriga as bobinas ligadas ao comutador.

É formado pelas seguintes partes:


• Induzido (ou armadura) - fica dentro do estator. O mais usado é o do tipo tambor. É
constituída por chapas de aço laminadas em cujas ranhuras se acomoda o
enrolamento;
• Comutador - constituído por lâminas de cobre isoladas umas das outras por
lâminas de mica; sua função é transferir a energia do enrolamento da armadura
para o exterior;
• Eixo - é o elemento que transmite a potência mecânica desenvolvida pela
máquina.

136 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Gerador de CC
O funcionamento do gerador de CC baseia-se no princípio da indução eletromagnética,
ou seja, quando um condutor elétrico é submetido a um campo magnético, surge no
condutor uma tensão reduzida.

Além disso, a magnitude dessa tensão induzida é diretamente proporcional à


intensidade do fluxo magnético e à razão de sua variação.

O gerador de CC funciona segundo esses dois princípios. Assim, ao ser girado com
velocidade (n), o induzido (rotor) faz os condutores cortarem as linhas de força
magnética que formam o campo de excitação do gerador CC.

Nos condutores da armadura aparece, então, uma força eletromotriz induzida. Essa
força depende da velocidade de rotação (n) e do número de linhas magnéticas que tais
condutores irão cortar, ou do fluxo magnético (Φ) por pólo do gerador.

Representando a tensão induzida por EΦ (quando o gerador está em vazio), conclui-


se:

EΦ = k . n . Φ

Onde k é uma constante que depende das características construtivas da máquina;


n é a velocidade de rotação;
Φ é o fluxo magnético.

Classificação dos geradores de CC


Os geradores de CC são classificados de acordo com o tipo de ligação (excitação)
para a alimentação de suas bobinas de campo. Assim, temos:
• Geradores de CC com excitação independente - quando a corrente de alimentação
vem de uma fonte externa;
• Geradores com auto-excitação - quando a corrente de excitação vem do próprio
gerador.
SENAI-SP – INTRANET 137
CT097-10
Máquinas elétricas

No gerador de CC com excitação independente, as bobinas de campo são


construídas com várias expiras de fio relativamente fino. Essas espiras são
alimentadas (excitadas) por uma fonte externa, como mostra a representação
esquemática a seguir.

Quando esse gerador começa a funcionar, mesmo sem excitação, aparece uma força
eletromotriz (f.e.m.) de pequeno valor devido ao magnetismo remanente.

Durante a excitação gradativa do gerador, ocorre também um aumento gradativo do


fluxo magnético. Consequentemente, a tensão gerada eleva-se de modo gradual. Isso
ocorre até que haja a saturação magnética. Quando isso acontece, o acréscimo da
corrente excitadora não aumenta mais o fluxo magnético.
Quando o gerador é posto em carga, a tensão por ele fornecida diminui. Isto se deve a
três fatores:
• Resistência do enrolamento do induzido;
• Resistência de contato nas escovas;
• Diminuição do fluxo indutor pela reação do induzido.

Nesses tipos de geradores, para que a tensão se mantenha constante, para cada
aumento de carga deve haver, manual ou automaticamente, um aumento da excitação.
Um exemplo desse tipo de gerador de CC é o dínamo do automóvel.

No gerador de CC auto-excitado, as bobinas de campo são ligadas ao induzido.


Assim, o próprio gerador se auto-alimenta.

Tipos de geradores
Conforme o tipo de ligação entre as bobinas de campo e o induzido, os geradores são
classificados como:
• Gerador de CC em série;
• Gerador de CC em paralelo;
• Gerador de CC misto.
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CT097-10
Máquinas elétricas

No gerador de CC em série, as bobinas de campo são constituídas por poucas


espiras de fio relativamente grosso, ou seja, com bitola suficiente para suportar a
corrente de armadura. As espiras são ligadas e, série com o induzido como mostra a
figura a seguir.

É preciso notar que neste gerador a corrente de carga é a própria corrente de


excitação. No trabalho em vazio a fem é gerada apenas pelo magnetismo residual das
sapatas polares.

Ao acrescentar carga ao gerador, uma corrente circula pela carga e pela bobina de
excitação, fazendo com que aumente o fluxo indutor e, por conseguinte, a tensão
gerada.

Ao elevar-se a tensão, a corrente aumenta e, consequentemente, aumenta também o


fluxo indutor. Isso se repete até que se verifique a saturação magnética, quando a
tensão se estabiliza.

Observações
• Antes da saturação magnética, a tensão pode alcançar valores perigosos.
• Para evitar que a tensão se eleve, quando se acrescenta uma carga ao circuito,
coloca-se um reostato em paralelo com a excitação.

SENAI-SP – INTRANET 139


CT097-10
Máquinas elétricas

No gerador de CC em paralelo, as bobinas de campo são ligadas em paralelo com o


induzido. Elas são formadas por várias espiras de fio relativamente fino, cuja bitola
varia de acordo com a potência do motor. Essa bitola deve ser suficiente para suportar
a corrente do campo paralelo.

A corrente de excitação provem de uma pequena parcela da corrente do gerador e


pode ser controlada por um reostato ligado em série com o campo magnético.

Assim que o gerador entra em funcionamento, a tensão geradora em vazio é devida ao


magnetismo remanente. Essa tensão faz circular uma corrente pela bobina de
excitação, o que, por sua vez, reforça o fluxo magnético e eleva a tensão gerada até o
ponto de saturação do fluxo. É neste momento que a tensão se estabiliza.

A corrente do gerador deve alimentar tanto a carga como a bobina de campo, pois
ambas estão em paralelo. Assim, a tensão gerada diminui com o aumento de carga.

A cada aumento de carga há uma diminuição na excitação e, consequentemente, uma


queda na tensão. Se ocorrer um curto, ocorre também uma elevação instantânea da
corrente. Em seguida, o gerador deixa de gerar energia, pois a tensão nos terminais
será nula, não havendo, portanto, excitação.

No gerador de CC misto, a excitação é efetuada por dois enrolamentos. Um deles é


constituído por poucas espiras de fio grosso ligadas em série com o induzido. O outro
é formado por várias espiras de fio fino ligadas em paralelo como o induzido.

140 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Neste gerador, a tensão mantém-se constante, tanto em carga como em vazio, já que
ele reúne as características dos geradores em série e em paralelo.

A tensão gerada é controlada através de reostato em série com a bobina de campo em


paralelo e de reostato em paralelo com a bobina de campo em série.

Observação
A relação entre as tensões em vazio e em carga de qualquer tipo de gerador é
denominada de tensão de regulação e é dada em porcentagem pela seguinte
fórmula:

Eo - Et
Et

Motor de corrente contínua – funcionamento

O funcionamento do motor de corrente continua baseia-se no principio da reação de


um condutor, colocado num campo magnético fixo, ao ser percorrido por uma corrente
elétrica.

A interação entre o campo magnético fixo e o campo magnético produzido pela


corrente que circula no condutor provoca o aparecimento de uma força. É essa força
que impele o condutor para fora do campo magnético fixo. As figuras a seguir ilustram
esse princípio.

De acordo com a figura, de um lado do condutor há uma diminuição das linhas


magnéticas. Do lado oposto há um acúmulo dessas linhas. Estas provocam o
aparecimento da força magnética, que é a responsável pelo movimento do condutor.

SENAI-SP – INTRANET 141


CT097-10
Máquinas elétricas

O motor de corrente contínua funciona sob o mesmo princípio. Nele existe um campo
magnético fixo formado pela bobinas de campo. Há também condutores instalados
nesse campo (no rotor), os quais são percorridos por correntes elétricas.
A figura a seguir mostra como aparece o movimento girante em motores de CC.

Podemos observar que a corrente que circula pela espira, faz isso nos dois sentidos:
por um lado, a corrente está entrando e, por outro, saindo. Isso provoca a formação de
duas contrárias de igual valor (binário), das quais resulta um movimento de rotação
(conjugado), uma vez que a espira está presa à armadura e suspensa por mancal.

Essas forças não são constantes em todo giro. À medida que o condutor vai se
afastando do centro do pólo magnético, a intensidade das forças vai diminuindo.

Nos motores, para que haja força constante, as espiras colocadas nas ranhuras da
armadura devem estar defasadas entre si e interligadas ao circuito externo através do
coletor e escova.

Quando o rotor do motor de CC começa a girar, condutores de cobre cortam as linhas


magnéticas do campo. Em consequência, uma força eletromotriz induzida força a
circulação de corrente no circuito da armadura, no sentido contrário à corrente de
alimentação do motor.
142 SENAI-SP – INTRANET
CT097-10
Máquinas elétricas

A força eletromotriz induzida, por ser de sentido contrário à tensão aplicada, recebe o
nome de força contra-eletromotriz (fcem).

O valor da força contra-eletromotriz induzida (EO) é dado por:

EO = n . Φ . k

Onde n é a rotação; Φ é o fluxo magnético; k é a constante da máquina.

A corrente total que circulará pela armadura (Ia) será dada por:

E - EO
Ia =
Ra

Onde E é a tensão aplicada;


EO é a força contra-eletromotriz;
Ra é a resistência.

Tipos de motores

Assim como acontece com os geradores, os motores também são classificados


segundo o tipo de ligação de seus campos, ou seja: motor de CC em série, motor de
CC em paralelo, motor de CC misto.

No motor de CC em série, as bobinas são constituídas por espiras de fio


relativamente grosso ligadas em série com o rotor (induzido).

Por causa da ação magnética, neste motor, o conjugado é diretamente proporcional ao


fluxo indutor e à corrente que circula pelo induzido.

SENAI-SP – INTRANET 143


CT097-10
Máquinas elétricas

Estes motores possuem arranque vigoroso. A partida e a regulagem de velocidade


podem ser feitas por meio do reostato intercalado no circuito.

No arranque, o valor da corrente e, por consequência, o fluxo magnético são elevados.


Isso fornece um alto conjugado ao motor.

Esse tipo de motor é indicado para casos em que é necessário partir com toda a carga.
Por isso, eles são usados em guindastes, elevadores, e locomotivas, por exemplo.

Como tendem a disparar (aumentar a rotação), não é recomendável que esses


motores funcionem a vazio, ou seja, sem carga.

No motor de CC em paralelo, as bobinas de campo são constituídas por muitas


espiras de fio relativamente fino e ligadas em paralelo com o induzido.

O reostato da armadura (Ra), ligado em série com o induzido, limita a corrente no


momento da partida. E o reostato de campo (Rc), ligado em série com as bobinas do
campo magnético, regula a velocidade dentro de determinado limite. Na partida, o
cursor do reostato Rc deve estar no ponto médio para possibilitar o ajuste de
velocidade. A resistência do reostato Ra, por sua vez, deve estar intercalada no
circuito.

Pela ação eletromagnética, o conjugado é proporcional ao fluxo e à corrente. No


momento da partida, a corrente no induzido deve ser limitada pelo reostato, o que
diminui o conjugado. Por isso, recomenda-se que esse tipo de motor inicie seu
funcionamento em vazio, ou seja, sem carga.

O motor de CC em paralelo é empregado, por exemplo, em máquinas-ferramentas.

144 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

No motor de CC misto, as bobinas de campo são constituídas por dois enrolamentos


montados na mesma sapata polar. Um desses enrolamentos é de fio relativamente
grosso e se liga em série com o induzido. O outro, de fio relativamente fino, se liga em
paralelo com o induzido.

Este tipo de motor apresenta características comuns ao motor em série e ao motor em


paralelo.

Assim, seu arranque é vigoroso e sua velocidade estável em qualquer variação de


carga. Pode também partir com carga.

Na partida, a resistência do reostato do campo paralelo (RC) deve estar totalmente


intercalada no circuito. Isso permite que o motor se comporte como motor em série
sem o perigo de disparar, mesmo quando a carga é pequena ou nula.

Por sua vez, o reostato da armadura (Ra), ligado em série com o induzido, limita a
corrente no momento da partida. Após a partida, o cursor RC é deslocado para ajuste
da velocidade.

Esses motores são empregados em prensas, estamparia, etc.

Comutação

Nos motores e geradores de corrente contínua, a ligação da armadura com o circuito


externo é feita por meio de escovas que se apoiam sobre as lâminas do coletor.

SENAI-SP – INTRANET 145


CT097-10
Máquinas elétricas

Quando se alimenta o motor ou se retira a corrente gerada pelo gerador, as escovas


fecham durante a rotação, no mínimo, duas lâminas do coletor em curto. Isso provoca
um faiscamento.

Esse faiscamento acontece porque, no momento em que a escova está comutando de


uma lâmina para outra, a corrente que circula na bobina tem seu sentido invertido.

As figuras a seguir ilustram esta situação.

Para que o motor ou o gerador não sejam danificados, devido ao faiscamento, o curto
deverá ocorrer quando a bobina estiver passando pela zona neutra do campo
magnético, já que aí não há tensão induzida.

Por causa da reação do induzido, o ponto de comutação no motor e no gerador é


móvel e varia de acordo com a carga.

146 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Reação do induzido

Nas máquinas de CC, quando não circula corrente no induzido, o campo magnético
produzido pelas bobinas do estator é constituído por linhas retas, e a densidade do
fluxo é praticamente uniforme.

Quando uma corrente é aplicada ao induzido com uma fonte externa qualquer e se
interrompe a corrente das bobinas do estator, o campo magnético produzido no
induzido será constituído por linhas concêntricas.

SENAI-SP – INTRANET 147


CT097-10
Máquinas elétricas

Quando a máquina estiver em funcionamento e com carga, ou seja, quando a máquina


estiver com corrente circulando nas bobinas do estator e nos condutores do induzido,
seus campos magnéticos interagem formando um novo campo magnético com as
linhas destorcidas e sem uniformidade.

Nas extremidades polares A e D, as linhas do campo magnético, criado pela corrente


que circula no induzido, têm sentido oposto ao campo produzido pela corrente que flui
do estator.

O inverso acontece nas extremidades B e C, onde as linhas do campo magnético,


criado pelo induzido, têm o mesmo sentido das linhas produzidas pelo estator.

Isto pode ser observado quando analisamos as figuras a seguir, as quais indicam os
sentidos dos campos magnéticos do estator do rotor.

148 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Em consequência, ocorre uma redução das linhas nos campos magnéticos das
extremidades A e D e uma intensificação nas extremidades B e C. Todavia, a
intensificação em B e C não compensa a redução que se verifica em A e D. Isto se
deve à saturação magnética que provoca a redução do fluxo magnético total.

Assim, para evitar o faiscamento, a reação da armadura ou induzido provoca a redução


do fluxo total, o deslocamento da linha neutra e a necessidade de deslocamento das
escovas.

Identificação dos terminais das máquinas de CC

Os bornes da placa de ligação das máquinas de CC obedecem a uma nomenclatura


normalizada.

A tabela a seguir mostra as designações dos elementos da máquina com seus


correspondentes para a norma DIN (alemã) e para a norma ASA (americana).

Norma

Elemento DIN ASA

Armadura ou induzido A.B. A1 A2


Campo de derivação C.D. F1 F2

Campo em série E.F S1 S2

Veja agora um exemplo da placa de máquina de CC conectada para funcionar como


motor misto de acordo com a norma ASA.

SENAI-SP – INTRANET 149


CT097-10
Máquinas elétricas

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade/2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

150 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Componentes mecânicos de
sistemas elétricos

Introdução

Os sofisticados comandos eletroeletrônicos, usados nos processos industriais,


funcionam combinados com sistemas mecânicos complexos.

Muitas vezes, um defeito eletroeletrônico pode ser causado por uma falha mecânica ou
vice-versa. Assim, veremos nesta unidade, alguns componentes mecânicos básicos,
tais como: transmissões mecânicas, hidráulicas e pneumáticas, e rolamentos.

Mecanismo de acoplamento e transmissão

O mecanismo de acoplamento e transmissão serve para acoplar e desacoplar eixos


cujos prolongamentos estão no mesmo plano.

O principal objetivo do mecanismo de acoplamento é a transmissão de movimento. Por


isso, ele pode também ser chamado de mecanismo de transmissão.

Os mecanismos de transmissão podem funcionar das seguintes maneiras:


1. Por atrito entre:
a) Uma correia plana e uma polia;

SENAI-SP – INTRANET 151


CT097-10
Máquinas elétricas

b) Uma correia trapezoidal e uma polia de canal de “V”;

c) Rodas de fricção planas e cônicas;

d) Rodas de fricção cônicas equiaxiais.

Observação
Num sistema de transmissão por atrito existe um deslizamento que, nas correias
trapezoidais é menor que nas correias planas.

152 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

2. Por atrito entre:


a) Os dentes de uma roda dentada;

b) Uma roda dentada e uma cremalheira.

Acoplamentos com relação de transmissão 1:1


Os acoplamentos com relação de transmissão 1:1 são os seguintes:
• Acoplamento fixo;
• Acoplamento extensível;
• Acoplamento de desengate;
• Acoplamento de desengate e engate;
• Acoplamento elástico.

SENAI-SP – INTRANET 153


CT097-10
Máquinas elétricas

Acoplamento fixo
O acoplamento fixo serve para unir duas extremidades de eixos. As superfícies de
aperto podem ser paralelas ou perpendiculares ao eixo como mostram as figuras a
seguir.

Acoplamento extensível
O acoplamento extensível serve para unir eixos separados por grandes distâncias.

Acoplamento de desengate
Esse tipo de acoplamento é usado para desengatar rapidamente um eixo em
movimento.

154 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
Esse acoplamento só engata em repouso.

Acoplamento de desengate e engate


Esse tipo de acoplamento é usado para engatar e desengatar um eixo em movimento.

Acoplamento elástico
O acoplamento elástico é usado em eixos equiaxiais e é capaz de absorver choques e
vibrações.

SENAI-SP – INTRANET 155


CT097-10
Máquinas elétricas

Transmissão hidráulica

A transmissão hidráulica tem seu funcionamento baseado na propagação da pressão


de um líquido. Essa pressão se transmite em todas as direções com a mesma
intensidade.

A utilização da pressão exercida por líquidos permite principalmente:


• Produzir força considerável;
• Obter um movimento alternativo muito flexível.

O sistema hidráulico transmite força instantaneamente devido ao baixo fator de


compressão dos líquidos.

Transmissão pneumática

O funcionamento dos mecanismos pneumáticos se baseia na propagação da pressão


de um gás (o ar). Essa pressão se transmite em todas as direções com a mesma
intensidade.

O ar pressionado através de pistões produz força e movimento alternativos da mesma


forma como nos circuitos hidráulicos.

A desvantagem do mecanismo pneumático é sua incapacidade de manter uniformes e


constantes as velocidades dos pistões, devido à compressibilidade a que os gases
estão sujeitos. Por isso, existe um pequeno retardo na transmissão do movimento.

156 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

A grande vantagem dos sistemas hidráulicos e pneumáticos é o fácil controle da força


exercida.

Rolamentos

Rolamentos são componentes mecânicos criados para diminuir o atrito nos eixos
rotativos que transmitem movimento.

Os rolamentos se dividem em duas categorias conforme a finalidade a que se


destinam: radiais e axiais ou de encosto.

Os rolamentos radiais que podem ser de esferas ou de roletes servem para suportar
eixos rotativos, solicitados exclusivamente para forças radiais, como por exemplo, a
força exercida por uma polia em uma máquina girante.

Os rolamentos axiais ou de encosto servem para suportar solicitações axiais a que


os eixos rotativos estão sujeitos.

Observação
Se um eixo for solicitado axialmente e radialmente, ele deverá ser provido dos dois
tipos de rolamentos.
SENAI-SP – INTRANET 157
CT097-10
Máquinas elétricas

Manutenção dos rolamentos


Como os rolamentos são usados em máquinas girantes, é importante conhecê-los para
realizar montagens, desmontagens, verificações e lubrificações de maneira correta
para aumentar sua vida útil.

Rotinas de verificações em operação


Os rolamentos montados em máquinas, cuja paralisação ocasionará sérios prejuízos à
produção, devem ser verificados regularmente.

Os rolamentos em aplicações menos críticas ou que operam sob condições de menor


solicitação, podem ficar sem atenção especial, a não ser a de verificar se estão bem
lubrificados.

As rotinas de verificação incluem as seguintes etapas: ouvir, sentir, observar e


lubrificar.

Ouvir
Como mostra a figura abaixo, coloque uma chave de fenda ou um objeto similar contra
o alojamento, o mais próximo possível do rolamento.

Ponha o ouvido na outra extremidade e ouça. Se tudo estiver bem, um ruído suave
deverá ser ouvido. Um ruído uniforme, porém metálico, indica falta de lubrificação. O
som de um rolamento danificado é irregular.

158 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Sentir
Verifique a temperatura usando um termômetro, giz sensível ao calor, ou
simplesmente, colocando a mão no alojamento do enrolamento.

Se a temperatura parecer mais alta que o normal, ou com variações bruscas, isto é
indicação de que existe algo errado.

O aquecimento pode ser causado por sujeira, falta de lubrificação, excesso de


lubrificação, sobrecarga, folga interna muito pequena, ou porque o rolamento está
“preso” axialmente por causa da excessiva pressão dos retentores.

Deve ser lembrado que, imediatamente após a lubrificação, existirá um aumento


natural de temperatura que pode durar um ou dois dias.

Observar
Assegure-se de que o lubrificante não escape através de vedadores defeituosos ou
bujões insuficientemente apertados. Verifique as condições dos vedadores,
assegurando-se de que não permitam que líquidos quentes ou corrosivos penetrem no
conjunto.

Quando existe um sistema de lubrificação automática, este deverá ter seu


funcionamento verificado periodicamente.

Lubrificar
A relubrificação deve obedecer às instruções do fabricante do equipamento.

SENAI-SP – INTRANET 159


CT097-10
Máquinas elétricas

Para a lubrificação com graxa, limpe a engraxadeira de injetar graxa nova.

Quando a caixa do rolamento não possuir engraxadeira, a relubrificação deve ser feita
na parada programada da máquina. As tampas deverão ser removidas para retirar toda
a graxa usada antes de colocar a graxa nova.

Mesmo que as caixas possuam engraxadeiras, a graxa usada deve ser removida e
substituído por nova, sempre que as caixas forem abertas e seus componentes
lavados.

Quando a lubrificação é feita com óleo, verifique o nível e complete-o se necessário.

Certifique-se de que o respiro do indicador de nível está desobstruído.

Quando se efetua a troca, o óleo usado deve ser drenado completamente e o conjunto
lavado com óleo limpo, de preferência o mesmo que será usado na reposição.

160 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Na lubrificação em banho de óleo, geralmente é suficiente efetuar a troca uma vez ao


ano, desde que a temperatura de trabalho não ultrapasse 50ºC e não haja
contaminação. Quando a temperatura for maior que 50ºC, o óleo deverá ser trocado
com maior frequência, segundo as seguintes indicações:
• Acima de 100° C - quatro vezes por ano;
• Acima de 120° C - uma vez por mês;
• Acima de 130° C - uma vez por semana.

Rotinas de verificação de máquinas paradas


Os rolamentos das máquinas girantes devem ser inspecionados e limpos a intervalos
regulares de tempo.

Esse tipo de inspeção deve ser feito preferivelmente durante as paradas programadas
da máquina ou quando ela for desmontada por alguma razão, tanto para inspeção
quanto para reparos.

A operação de inspeção deve ser feita numa área de trabalho a mais limpa possível.
Para iniciar a desmontagem da máquina, limpe sua superfície externa.

Durante a desmontagem, anote a sequência de remoção dos componentes e suas


posições relativas.

Verifique o lubrificante. As impurezas são identificadas esfregando o lubrificante entre


os dedos ou espalhando uma fina camada nas costas da mão para a inspeção visual.

SENAI-SP – INTRANET 161


CT097-10
Máquinas elétricas

Lave o rolamento exposto onde é possível fazer inspeção sem desmontagem. Use um
pincel molhado em aguarrás ou querosene.

Seque o rolamento com um pano limpo e sem fiapos ou com ar comprimido e verifique
se algum componente do rolamento entrou em rotação.

Nunca leve rolamentos blindados (com duas placas de proteção ou vedação).

Um pequeno espelho com haste, semelhante aos usados por dentistas, pode ser útil
na inspeção das pistas, gaiola e corpos rolantes do rolamento.

Desmontagem dos rolamentos


Um rolamento em boas condições nunca deve ser desmontado a não ser que seja
absolutamente necessário.

Caso o rolamento deva ser desmontado, é aconselhável marcar a posição relativa de


montagem, ou seja, qual a seção do rolamento que está por cima, qual o lado que está
para frente, etc. O rolamento deverá ser montado na mesma posição.

Inicie a desmontagem pela seleção correta das ferramentas a serem usadas.

162 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Se o rolamento é desmontado com interferência no eixo, deve-se usar um extrator


cujas garras devem ser apoiadas diretamente na face do anel interno.

Quando não é possível alcançar a face do anel interno, o extrator poderá ser aplicado
na face do anel externo. Entretanto, é muito importante que o anel externo seja girado
durante a desmontagem, de modo a distribuir os esforços pelas pistas e evitando que
elas sejam marcadas pelos corpos rolantes.

Nesse caso, o parafuso deve ser travado ou preso com uma chave e as garras
deverão ser giradas com as mãos ou com uma alavanca.

Inspeção de rolamentos desmontados


Quando o rolamento é desmontado, deve ser inspecionado após a limpeza e secagem.

Gire o anel externo e verifique se o ruído do rolamento é normal.

As pistas e corpos rolantes devem ser inspecionados para verificar se existem sinais
de danos. Um rolamento está em boas condições quando não possui marcas ou outros
defeitos nas pistas, anéis, corpos rolantes ou gaiolas e gira uniformemente sem ter
folga interna radial anormalmente grande.
SENAI-SP – INTRANET 163
CT097-10
Máquinas elétricas

Um rolamento nessas condições pode ser montado novamente sem risco algum.

Montagem dos rolamentos


Os rolamentos pequenos podem ser montados com ajuda de uma “caneca” ou um
pedaço de tubo.

O tubo deve estar bem limpo e ter extremidades planas, paralelas e sem rebarbas.

Coloque a ferramenta contra o anel interno. Com um martelo comum, aplique golpes
sempre bem distribuídos ao redor da extremidade do tubo. Tome cuidado para que o
rolamento não entre enviesado no eixo.

Observação
Os martelos de chumbo ou outro metal macio não são indicados porque podem soltar
fragmentos que penetram no rolamento.

Nunca aplique golpes diretos nos rolamentos, pois isso poderá trincar os anéis e
danificar as gaiolas além do perigo de partículas metálicas se destacarem e causarem
avarias quando o rolamento for colocado em operação.

Não aplique força contra o anel quando o rolamento for montado no eixo. Isso danifica
as pistas e os corpos rolantes e reduz consideravelmente a vida útil do rolamento.

164 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Quando se dispõe de uma prensa mecânica ou hidráulica, esta poderá ser usada na
montagem de rolamentos pequenos e médios.

Observação
Use uma “caneca” ou um pedaço de tubo entre a prensa e o anel interno.

Os rolamentos grandes são montados com maior facilidade se forem primeiramente


aquecidos a uma temperatura de 80°C a 90ºC acima da temperatura ambiente.
Contudo, esses mesmos rolamentos nunca deverão atingir uma temperatura acima de
120ºC.

Um método adequado para aquecê-los é por meio de banho de óleo.

O óleo deve ser limpo e ter um ponto de fulgor superior a 250ºC. O recipiente deve
estar limpo e conter óleo suficiente para cobrir completamente o rolamento. Este não
deve estar em contato direto com a base do recipiente, devendo ser colocado sobre
uma plataforma ou calço adequado para evitar aquecimento direto.

SENAI-SP – INTRANET 165


CT097-10
Máquinas elétricas

O banho deve ser aquecido numa chapa elétrica, bico de gás ou equipamento
semelhante.

Observação
Um rolamento nunca deverá ser aquecido sobre chama direta.

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
Ricardo da Silva Pareschi Augusto Lins de Albuquerque Neto
Cláudio Correia
Douglas Airoldi
Edvaldo Freire Cabral
Roberto Sanches Casado
Ronaldo Gomes Figueira
Sergio Machado Bello

166 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas Avaliado pelo Comitê Técnico de
Eletricidade/2009

Medidores de rotação

Na unidade anterior, vimos que existem dois equipamentos para medir a rotação (rpm)
das máquinas elétricas: o gerador taquimétrico e o gerador Hall.

Nesta unidade, estudaremos esses dois equipamentos, suas características e


utilização.

Gerador taquimétrico

O gerador taquimétrico (ou dínamo taquimétrico) é aplicado ao servocontrole de


máquinas operatrizes.

Ele é acoplado ao eixo da máquina e gera uma tensão quando o eixo gira. Essa tensão
realimenta o circuito dando, em forma de tensão, uma informação da velocidade da
máquina.

Geralmente, essa tensão é da ordem de 60V para cada 1.000rpm. Porém, pode haver
outros valores de relação, como por exemplo, 20V/1.000rpm; 100V/1.000rpm.

O gerador taquimétrico é um gerador de CC. Quando invertemos seu sentido de


rotação, a polaridade da tensão se inverte. Veja representação esquemática a seguir.

SENAI-SP – INTRANET 167


CT097-10
Máquinas elétricas

Gerador Hall

Para que haja continuidade no movimento de rotação de um motor com comutação


eletrônica, há necessidade de um sensor para indicar a posição do rotor.

Esse sensor é o gerador Hall que consiste de uma placa de material semicondutor,
geralmente uma liga de índio e antimônio, percorrida longitudinalmente por uma
corrente (I1) sob um campo magnético B.

Funcionamento
Uma diferença de potencial surge entre os pontos x e y e que é chamada de efeito
Hall. Essa tensão é dada por:

RH
VH = . B. I1
d

Onde VH é a tensão Hall;


d é a espessura do condutor;
B é a intensidade do campo magnético;
I1 é a corrente no condutor.

A sensibilidade do gerador Hall é constante em toda a faixa de 0 até 1t.

168 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

O gerador Hall fornece uma tensão polarizada em função do campo e da corrente, por
isso, formatos diferentes fornecem rendimentos diferentes, ou seja:
• Forma retangular: alta tensão Hall de saída;

• Forma borboleta: alta sensibilidade de fluxo;

• Forma de cruz: alta sensibilidade de indução.

Aplicações
O gerador Hall tem várias aplicações a saber:
• Em sistemas de ignição de automóveis nos quais evita contatos mecânicos que
implicam no desgaste das peças e permite ajustagem contínua do sistema;
• Na medição de fluxo disperso de transformadores em circuitos onde existem
mecanismos sensíveis a pequeno campo magnético estranho;
• Na verificação de transmissão de sinais, captando um sinal emitido em outro ponto
do circuito, evitando os contatos elétricos;
• Posicionamento de válvulas pneumáticas proporcionais.
SENAI-SP – INTRANET 169
CT097-10
Máquinas elétricas

Créditos Comitê Técnico de Eletricidade /2009


Conteudista: Antônio Carlos Serradas Pontes da Costa André Gustavo Sacardo
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CT097-10
Máquinas elétricas

Freio de Prony

O freio de Prony é um dispositivo que deve ser adaptado ao eixo de um motor com a
finalidade de carregar o motor mecanicamente. Observe o freio de Prony na figura
abaixo.

Vamos analisar a figura. O valor da força F é lido diretamente no dinamômetro, em N. A


distância r chama-se braço da alavanca e é medida em m.

Com os valores de F, r e da rpm do motor, podemos calcular o conjugado do binário do


eixo e a potência do motor.

Observe, também, que há um voltímetro e um amperímetro no circuito de ligação do


motor. A leitura desses instrumentos é importante porque a experiência deve ser feita
com tensões e correntes normais.

O motor é ligado à rede elétrica, gira a plena rotação e em sentido horário.

A embreagem é de madeira e tem o formato de sapata. Ela freia o motor através de um


polia montada na ponta do eixo.

SENAI-SP – INTRANET 171


CT097-10
Máquinas elétricas

O esforço do eixo do motor é transmitido através do braço de alavanca e provoca a


indicação de uma força F no dinamômetro.

Observe, na extremidade esquerda da alavanca, dois parafusos. Eles servem para


controlar a pressão da sapata sobre o eixo. Isto permite carregar mecanicamente o
motor.

Observação
Há vários tipos de freios Prony. As maneiras de se aplicar a frenagem também variam.
Portanto, você pode encontrar diferentes tipos de freios de Prony, mas o princípio de
funcionamento de todos eles é o mesmo.

Desenvolvimento teórico

Para efetuarmos os cálculos necessários, precisamos conhecer vários conceitos


teóricos e fórmulas, que serão vistas a seguir.

Conjugado de um binário
Este conceito você já estudou, mas vamos repeti-lo.

Observe a figura e a fórmula correspondente:

Conjugado = força . distância ou, abreviadamente, C = F . d

A distância d chama-se braço.

A unidade de medida do conjugado é N . m.

172 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Momento de uma força em relação a um ponto


É o produto do valor da força pela distância entre um ponto e a direção da força.
Observe a figura.

A fórmula do momento de uma força é:


Momento = força . distância ou, abreviadamente, M = F . d

A distância d chama-se braço. A unidade de medida é N . m.

Trabalho de uma força: a fórmula de trabalho é:


Trabalho = força . deslocamento ou, abreviadamente, T = F . d

A unidade de medida de trabalho é também N . m. Entretanto, no caso do trabalho,


recebe o nome especial de quilogrâmetro. O símbolo do quilogrâmetro é kgm.

Potência
A fórmula de potência é:

trabalho
potência =
tempo

A forma abreviada da fórmula de potência é:

T
P =
t

A unidade de medida de potência é:

qui log râmetro


segundo

kgm
O símbolo utilizado é
s
SENAI-SP – INTRANET 173
CT097-10
Máquinas elétricas

Transformação de unidades
A potência dos motores elétricos é dada nas unidades de medida cavalo-vapor ou
cavalo-força. O símbolo de cavalo-vapor é CV e o de cavalo-força é HP.

Um CV é a potência necessária para elevar um peso de 75kg à altura de 1m num


kgm
intervalo de tempo de 1s. De acordo com esta definição, 1cv = 75 .
s

Um HP é a potência necessária para elevar um peso de 75,6kg à altura de 1m num


kgm
intervalo de tempo de 1s. De acordo com esta definição, 1HP = 75,6 .
s

Para transformar unidades de tempo, usaremos a relação 1min = 60s.

Cálculo da potência no eixo do motor

Observe na figura abaixo um exemplo de um motor levantando um peso.

O valor da força lida no dinamômetro é indicado pela letra F. O valor do raio da polia é
indicado pela letra r. Observe, a seguir, a dedução de uma fórmula para o cálculo da
potência.

174 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Fórmula da potência:
T
P=
t

Fórmula do trabalho:
T=F.d

Substituindo a fórmula do trabalho na fórmula da potência obtemos:

F.d
P =
t

O movimento é circular e o deslocamento é igual ao comprimento da circunferência.


Portanto, temos:
• Deslocamento em uma volta: 2 . π . r;
• Deslocamento em um número n de voltas: 2 . π . r . n.

Vamos agora substituir o deslocamento d pela expressão 2 . π . r . n.

Veja:

F.d
p=
t

d=2.π.r.n

F.2.π.r.n
Portanto, p = .
t

Vamos agora examinar as unidades de medida na fórmula. No numerador temos n,


que é o número de rotações. No denominador, o tempo t está em segundos. Mas o
tacômetro adaptado ao motor fornece a velocidade angular em rpm.

n
Isto significa que, na fórmula anterior, a razão deve ser transformada para podermos
t
fazer a substituição. Acompanhe as passagens abaixo.

número de rotações n n n
rpm = = = =
tempo em min t 1min 60 s

SENAI-SP – INTRANET 175


CT097-10
Máquinas elétricas

Portanto, a fórmula ficará dividida por 60s.

F.2.π.r.n
p =
60 s

Observe agora os outros elementos da fórmula.

A força F, no numerador, é medida em N. O raio r, no numerador, é medida em m. O


tempo, no denominador, está em s. Portanto, temos:

N.m kgm
=
s s

kgm
Mas como já vimos, 1CV = 75 .
s

1kgm 1CV
Logo, =
s 75

Concluímos que a fórmula deve ser dividida por 75. A potência vai ser calculada em
cavalos-vapor.

Para a potência calculada um cv vamos utilizar o símbolo Pcv.

F.2.π.r .n
Pcv =
75 . 60

No numerador temos uma multiplicação de vários fatores. A ordem dos fatores não
altera o produto. Por isso, vamos reescrever a fórmula acima na forma mais usual:

2.π.r.n.F
Pcv =
75 . 60

Se quisermos calcular a potência em HP, aplicamos o mesmo raciocínio, lembrando


kgm
apenas que 1HP = 75,6 .
s

Observe como ficará a fórmula:

2.π.r .n.F
PHP =
75,6 . 60

176 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Cálculo do conjugado do binário do eixo

O princípio fundamental do freio de Prony é que o momento da força indicada no


dinamômetro em relação ao eixo é igual ao conjugado do binário do eixo. Portanto, o
conjugado do binário do eixo é calculado pela fórmula abaixo.

C=F.r

Na fórmula acima, a unidade de medida de F é N e a de r é m. Portanto, a unidade de


medida do conjugado do binário do eixo é N . m.

Vamos agora resolver um exemplo de aplicação das fórmulas da potência e do


conjugado.

Exemplo
Observe na figura abaixo um modelo de freio de Prony. A força F indicada no
dinamômetro vale 2N. A medida do raio r é 0,2m. A velocidade angular do motor é de
1.770rpm.

Vamos calcular a potência em cv.

A fórmula é:

2.π.r .n.F
Pcv =
75 . 60

SENAI-SP – INTRANET 177


CT097-10
Máquinas elétricas

Substituindo os valores temos:

2 . 3,14 . 0,2 . 1770 . 2


Pcv =
75 . 60

Efetuando as multiplicações no numerador e no denominador temos:

4 .446,2
Pcv =
4 .500

Efetuando a divisão obtemos:

Pcv = 0,998 ou Pcv ≅ 1cv

Agora vamos calcular o conjugado do binário do eixo. A fórmula é:

C=F.r

Substituindo os valores, temos:

C = 0,2 . 2

Portanto C = 0,4N . m7

178 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Comprovar o funcionamento
de transformador

Você já estudou o princípio de funcionamento dos transformadores e agora já está


preparado para comprovar os conhecimentos teóricos adquiridos até aqui.

Portanto, neste ensaio, você deverá comprovar a indução numa bobina com um ímã e
eletroímã e, movimento. Verificará a indução produzida por um campo magnético
variável e, finalmente, observar a relação entre a variação do número de espiras e a
variação de tensão.

Procedimentos
1. Para comprovar a tensão induzida por ímã, conecte o voltímetro do multímetro à
bobina de maior número de espiras.
2. Movimente o ímã de tal forma que um dos pólos passe o mais próximo possível do
orifício da bobina.
3. Observe a geração da tensão e anote seu valor máximo nas bobinas 1 e 2
4. Coloque o núcleo da bobina e repita os passos 2 e 3.
5. Houve aumento de tensão? Por quê?
6. Substitua a bobina e repita os passos 1 a 4.
7. Qual das bobinas gerou maior tensão? Por quê?
8. Aproxime o ímã da bobina sem movimentá-lo. Houve geração de tensão? Por quê?
9. Para comprovar a indução de tensão por eletroímã, monte o núcleo na bobina de
800 espiras e aplique 12VCC e obtenha um eletroímã.
10. Movimente o eletroímã de tal forma que seu núcleo passe pelo orifício da bobina
conectada ao voltímetro (sem núcleo). O que aconteceu com o eletroímã?
11. Anote o valor da tensão induzida.
12. Coloque o núcleo da bobina e repita o passo 10. Anote o valor da tensão induzida.
13. Por que nos passos 2 e 10 existe geração de tensão?
14. Aproxime o eletroímã da bobina sem movimentá-lo. Houve geração de tensão?
Por quê?

SENAI-SP – INTRANET 179


CT097-10
Máquinas elétricas

15. Analise os passos realizados até o momento. Para que haja geração de tensão em
uma bobina, como deve ser o campo magnético a que ela deve ser submetida?
16. Monte o circuito a seguir, colocando as bobinas uma sobre a outra.

17. Energize a bobina 1. Meça a tensão na bobina 2. Anote o resultado.


18. Por que existe tensão na bobina 2 se ela está eletricamente isolada da bobina 1?
19. Coloque um núcleo que feche as duas bobinas em um circuito magnético.

20. Energize a bobina 1. Meça a tensão na bobina 2. Anote o resultado.


21. Por que aconteceu uma variação de tensão tão grande?
22. Substitua a bobina 2 por uma bobina de 800 espiras e repita os passos 19 e 20.
Por que houve um aumento da tensão induzida?

180 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Identificar tapes de
transformador

Agora que você já estudou a parte teórica do transformador, está na hora de testá-lo
para ver se funciona. Neste ensaio, você vai identificar os terminais de um
transformador monofásico e testá-lo para verificar seu comportamento com carga.

Procedimentos
1. Para identificar o primário e o secundário do transformador, meça as resistências
das bobinas e anote seus valores.

SENAI-SP – INTRANET 181


CT097-10
Máquinas elétricas

2. Para identificar os terminais do transformador, use fita adesiva nos locais


mostrados no diagrama a seguir.

3. Ligue as duas bobinas em série.


4. Aplique 30% da tensão nominal do primário aos terminais A1 e A2.
5. Meça a tensão nas extremidades do enrolamento. Observe que essa tensão deve
ser o dobro da tensão aplicada.

Observação
Caso a tensão seja próxima de zero volts, inverta os terminais do enrolamento B e
certifique-se de que a tensão está correta.

6. Desenergize o circuito e faça as marcações como mostra o diagrama a seguir.

182 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

7. Complete o desenho das ligações deste transformador para 110V e 220V.

8. Para ligar o transformador com carga, complete o esquema a seguir e monte o


circuito.

9. Mantenha o reostato com máxima resistência. Alimente o circuito e anote no


quadro a seguir o valor da tensão com a chave aberta.

Tensão de Corrente de Potência


Passo
secundário (V) secundário (A) fornecida (VA)
10 (sem carga)
11
12
13
13
13

10. Feche a chave e anote no quadro do passo anterior o valor da corrente com
máximo valor de resistência do reostato.
11. Varie o valor do reostato para obter 2ª. Anote esse valor de corrente e o valor da
tensão do secundário.
SENAI-SP – INTRANET 183
CT097-10
Máquinas elétricas

12. Repita o passo 12 com valores de corrente de 4, 6 e 8A.


13. Calcule a potência fornecida para cada valor de corrente.
14. Calcule a porcentagem da variação da tensão do transformador com carga e sem
carga. Use a seguinte fórmula:

V com carga máxima


V% = 1 - x 100
V sem carga

Observação
Esse valor representa o percentual de queda de tensão do transformador a plena
carga comparado ao mesmo transformador funcionando a vazio.

15. Repita os passos 10 a 13 e calcule a potência que o transformador consome na


rede. Anote os valores na tabela a seguir.

Tensão de Corrente de Potência de entrada ou


Passo
primário (V) primário (A) fornecida (VA)
10 (sem carga)
11
12
13
13
13

16. Calcule o rendimento para cada carga do transformador. Use os dados das tabelas
e a seguinte fórmula:

Potência de saída
η = x 100%
Potência de entrada

Passo Rendimento
10
11
12
13
13
13

17. Em qual valor de resistência o transformador apresentou melhor rendimento?


Por quê?

184 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Polarizar bobinas de
transformadores trifásicos

Um transformador trifásico equivale a três transformadores monofásicos montados em


um mesmo núcleo.

Neste ensaio, você vai polarizar corretamente as bobinas do primário e secundário das
três fases de um transformador trifásico.

Procedimentos
1. Com o multímetro, identifique os enrolamentos do primário e do secundário do
transformador.
2. Mantendo os terminais dos secundários abertos, ligue o primário em estrela e
alimente-o com 220V conforme diagrama a seguir.

SENAI-SP – INTRANET 185


CT097-10
Máquinas elétricas

3. Meça as correntes de linha.

4. Os resultados das medições poderão ser de dois tipos.


a. As três correntes são aproximadamente iguais. Neste caso, o enrolamento está
polarizado corretamente. Passe para 0 passo 7.
b. As três correntes são diferentes. Um enrolamento está invertido e precisa ser
corrigido. Passe para o passo 5.

5. Desligue a alimentação do primário e inverta os terminais da bobina A.

Observação
Pode ocorrer uma pequena diferença a menor da corrente na bobina central em
virtude da dispersão magnética dessa bobina ser menor.

6. Ligue o primário novamente e meça as correntes de linha e verifique se elas são


iguais. Agora pode acontecer que as três correntes sejam iguais. Nesse caso, a
bobina da fase A é que estava invertida. Porém, se forem diferentes, a bobina A
deverá voltar a posição original e a bobina B será invertida. Esse procedimento
deve ser repetido até se conseguir que as três correntes fiquem iguais.

186 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

7. Conforme o esquema abaixo, numere os terminais do primário.

8. Alimente apenas uma das fases do primário (fase A, B ou C) com uma tensão de
110V.
9. Meça a tensão nos secundários.
10. Identifique os secundários referentes à fase alimentada e ligue-os em série aditiva.

Observação
Os secundários da fase alimentada são os que apresentam maior tensão. A série
será aditiva quando a tensão nas extremidades da associação for o dobro da
tensão do secundário, e deve permanecer em série até o final da experiência.

11. Para identificar as outras duas fases (B e C), repita os passos 9 e 10.
12. Siga o esquema abaixo e faça a ligação das séries aditivas em estrela.

SENAI-SP – INTRANET 187


CT097-10
Máquinas elétricas

13. Alimente o primário, ligado em estrela, com 220VCA e meça as tensões de linha no
secundário.

Observação
As tensões encontradas deverão ter o mesmo valor. Caso os valores sejam
diferentes, uma das fases do secundário está invertida. Para acertá-la, deve-se
fazer tentativas no sentido de inverter uma fase por vez e medir a tensão a cada
inversão até encontrar valores iguais, o que indica que as fases estão ligadas
corretamente.

14. Numere os terminais do secundário conforme o esquema.

Observação
Essas marcações serão usadas no próximo ensaio.

188 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Ligar transformador trifásico

As ligações internas entre as três fases do transformador trifásico podem ser feitas em
estrela e em triângulo.

Neste ensaio, você vai fazer diversas combinações de ligações no transformador e


aprenderá a relação de transformação nas combinações dessa ligações.

Procedimentos
1. Observe o esquema abaixo e faça a ligação Y/Y indicada.

2. Calcule a tensão de saída. Use a fórmula:


NX
EX = x EH
NH
3. Aplique tensão de 220V no enrolamento primário.

Observações
• Aplique tensão reduzida, por exemplo, 220V ou menos, se o transformador for
de tensão elevada (acima de 600V).
• Aplique tensão nominal se o transformador for de baixa tensão (até 600V).

SENAI-SP – INTRANET 189


CT097-10
Máquinas elétricas

Precaução
Se, ao aplicar tensão no transformador, o amperímetro registrar corrente acima de
1A, desligue imediatamente o circuito, pois há ligação errada.

4. Faça as leituras de X1 X2 - X1 X3 - X2 X3. Anote os valores na coluna Y da tabela


abaixo. Os valores medidos deverão ser iguais.

Primário

Y Δ
EX1 X2

EX1 X3

EX2 X3

5. Compare o valor calculado (passo 2) com os valores das medições e escreva sua
conclusão.
6. Faça a ligação estrela-triângulo, conforme o esquema a seguir.

7. Calcule a tensão de saída usando a seguinte fórmula.

NX EH
EX = .
NH 3

8. Repita os passos 3, 4 e 5 e anote os valores na coluna Y da tabela abaixo.

Primário

Y Δ
EX1 X2

EX1 X3

EX2 X3

190 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

9. Faça a ligação Y/YY conforme o esquema a seguir.

10. Calcule a tensão de saída. Use a seguinte fórmula.

NX
EX = 2 . EH
NH

11. Repita os passos 3, 4 e 5, anotando os dados na coluna Y da tabela a seguir.

Primário

Y Δ
EX1 X2

EX1 X3

EX2 X3

12. Faça a ligação Y/ conforme o esquema.

SENAI-SP – INTRANET 191


CT097-10
Máquinas elétricas

13. Calcule a tensão de saída pela seguinte fórmula.

NX
EX = 2 . EX
NH . 3

14. Repita os passos 3, 4 e 5, anotando os valores na coluna Y da tabela a seguir.

Primário

Y Δ

EX1 X2

EX1 X3

EX2 X3

15. Refaça os ensaios desde o passo 4 com o primário conectado em triângulo. Anote
os resultados na coluna Δ.

Observação
A tensão a ser aplicada na ligação em triângulo deve ser igual à aplicada na ligação
em estrela, dividida pela raiz de 3.

192 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Montar banco de
transformadores

A função dos transformadores trifásicos é abaixar ou elevar a tensão a níveis


desejados para os sistemas trifásicos.

Através deste ensaio você aprenderá como montar um banco de transformadores e


como verificar sua potência.

Procedimentos
1. Com o ohmímetro, identifique os enrolamentos de 127 e 220V dos
transformadores, marcando com H1 e H2 os terminais de 220V (resistência mais
alta) e X1 e X2 os terminais de 127V (resistência mais alta).

2. Monte o circuito a seguir.

3. Aplique no primário (H1 e H2) uma tensão de 110V.


4. Meça a tensão entre os pontos H2 - X1.

SENAI-SP – INTRANET 193


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
Se a tensão medida for maior que 110V (polaridade aditiva), a identificação dos
terminais H1, H2 e X1 , X2 está correta. Contudo, se a tensão for menor do que 110V
(polaridade subtrativa), inverta a identificação nos terminais X1 e X2.

5. Repita as operações dos itens 1 a 4 com os outros dois transformadores.


6. Com os três transformadores identificados, monte o banco de transformadores
ligados em triângulo/triângulo, conforme a figura a seguir.

7. Ligue ao secundário do banco as lâmpadas E1, E2, E3 de 130V/60W, conforme o


circuito a seguir.

194 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

8. Conecte o primário do banco à rede de 220V. Meça no secundário as correntes que


circulam nas linhas e lâmpadas, anotando seus valores.
9. Comprove a relação entre a corrente de linha e a corrente de fase. Para isso,
aplique a fórmula: IL = If . 3.
10. Meça e anote a tensão no secundário do banco.
11. Com os valores obtidos, calcule a potência dissipada pelas lâmpadas e a potência
fornecida pelo banco de transformadores. Para isso utilize as seguintes fórmulas:
• P = E . IE (potência dissipada por uma lâmpada);
• Pt = E . IL . 3 (potência fornecida pelo banco).
12. Desligue o banco de transformadores da rede e retire um dos transformadores.
13. Ligue novamente à rede trifásica o banco de transformadores conforme o circuito a
seguir.

14. Meça novamente as correntes de linha e as correntes das lâmpadas.


Com os valores obtidos, calcule a potência dissipada pelas lâmpadas e a potência
fornecida pelo banco de transformadores. Para isso, utilize as seguintes fórmulas:
• P = E . IE (potência dissipada por uma lâmpada);
• Pt = E . IL (potência fornecida pelo banco).
15. Por que os resultados dos passos 11 e 15 diferem entre si?

SENAI-SP – INTRANET 195


CT097-10
Máquinas elétricas

196 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Identificar elementos de
máquina CC

Neste ensaio, você vai aprender a identificar os elementos das máquinas de CC. Vai
também medir a resistência desses elementos.

Procedimentos
1. Meça a resistência da bobina de campo em paralelo, da bobina de campo em série
e da armadura da máquina de CC.
2. Anote o maior valor de resistência encontrado e o elemento que apresentou esse
valor.
3. Com a fita crepe, identifique as duas extremidades do elemento que apresentou
maior resistência.
4. Meça novamente o campo série e a armadura. Qual é o elemento de mais baixa
resistência? Qual seu valor ôhmico?
5. Anote o valor ôhmico do último elemento.
6. Gire lentamente o eixo da máquina. O que acontece com o valor ôhmico da
armadura? Por quê?
7. Mostre os resultados obtidos ao seu instrutor. Explique oralmente como você
chegou aos resultados e como pode afirmar com segurança que os elementos
identificados estão corretos.

SENAI-SP – INTRANET 197


CT097-10
Máquinas elétricas

198 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Verificar o funcionamento
de gerador CC

Neste ensaio, você vai comprovar as características de carga do gerador de excitação


independente e do gerador auto-excitado. Vai também levantar a curva de tensão da
armadura, em função da corrente de carga, e calcular o fator de regulação.

Procedimentos
1. Para a comprovação das características de carga do gerador de excitação
independente, monte o circuito a seguir.

2. Faça a ligação do motor trifásico em triângulo. Não ligue o motor antes de conferir
a ligação com o seu instrutor.
3. Verifique o sentido de rotação e inverta-o se for necessário.
4. Conserve o reostato de campo na máxima resistência e mantenha as lâmpadas
desligadas. Aplique tensão no campo através da ponte retificadora. Ajuste o
reostato para que a tensão de saída do gerador seja 125V (tensão nominal).

SENAI-SP – INTRANET 199


CT097-10
Máquinas elétricas

5. Ligue o interruptor da primeira lâmpada e anote o valor das correntes e da tensão


da carga na tabela a seguir.

Lâmpada Corrente de Corrente de Tensão gerada


campo carga
desligadas 125V
1
2
3
4
5

6. Ligue mais uma lâmpada e anote os valores na tabela do passo 5. Repita esse
procedimento até que todas as lâmpadas estejam acesas (isso deve corresponder
à potência máxima do gerador).
7. Qual é o comportamento da corrente de campo à medida a carga é imposta ao
gerador? Por quê?
8. Calcule o valor da regulação empregando a seguinte fórmula:

tensão sem carga - tensão com carga máxima . 100


tensão sem carga

9. Com os dados da tabela do passo 5, desenhe a curva de tensão gerada (eixo Y)


em função da corrente de carga (eixo X).
10. Pode-se afirmar que esse gerador apresenta uma boa regulação? Por quê?
11. Para a comprovação das características de um gerador auto-excitado, monte o
circuito a seguir.

12. Faça a ligação do motor trifásico em triângulo. Não ligue o motor antes de conferir
a ligação com o seu instrutor.

200 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

13. Verifique o sentido de rotação e inverta-o se for necessário.


14. Ajuste o valor do reostato de campo para obter o valor nominal de saída e anote
esse valor na tabela a seguir.

Lâmpada Corrente de Corrente de Tensão gerada


campo carga
desligadas 125V
1
2
3
4
5

15. Ligue a primeira lâmpada. Anote o valor da corrente e da tensão na tabela do


passo anterior, sem alterar o valor do reostato de campo.
16. Ligue mais uma lâmpada e anote os valores na tabela. Repita esse procedimento
até que todas as lâmpadas estejam acesas, o que deve corresponder à potência
máxima do gerador.
17. Calcule o fator de regulação.
18. Com os dados da tabela, desenhe a curva gerada (eixo Y) em função da corrente
de carga (eixo X).
19. Com uma caneta de outra cor, desenhe no gráfico do passo anterior a curva obtida
no passo 9.
20. Analise o gráfico obtido após o passo 19. O que você pode concluir sobre os dois
tipos de ligação? Qual é a melhor? Por quê?
21. Com base em suas observações, cite duas vantagens do gerador auto-excitado em
relação ao gerador de excitação independente.

SENAI-SP – INTRANET 201


CT097-10
Máquinas elétricas

202 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Verificar o funcionamento
de motor de CC

Neste ensaio, você vai verificar o funcionamento do motor de CC com carga e o


comportamento das correntes pelos enrolamentos do motor. Vai também utilizar um
motor trifásico como unidade de carga.

Procedimentos
1. Monte o circuito da figura a seguir.

2. Monte o circuito abaixo para que seja simulada uma carga para o motor de CC.

SENAI-SP – INTRANET 203


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
Este tipo de ligação é atípico e deve ser usado apenas em ensaios de curta
duração. Neste circuito, nunca se deve deixar que a corrente exceda a corrente
nominal do motor trifásico para ligação Y.

3. Ajuste o reostato R1 na posição intermediária e R2 para a máxima resistência e


energize o circuito.
4. Ajuste a corrente no motor trifásico de tal forma que ela seja 80% da corrente
nominal.
5. Dê a partida, alimentando o motor de CC, e gire o cursor do reostato de armadura
(R2) lentamente até que a resistência seja igual a zero ohms.
6. Meça a corrente do motor e anote o resultado.
7. Posicione o reostato de campo para a máxima resistência.
8. Meça e anote o valor da corrente.
9. O que aconteceu com o valor da corrente? Por quê?
10. O que aconteceu com a RPM do motor? Por quê?
11. Posicione o reostato de campo para a mínima resistência.
12. Meça e anote o valor da corrente.
13. Houve variação muito acentuada da corrente? Por quê?
14. O que aconteceu com a RPM da máquina?
15. Qual a finalidade do reostato de campo?
16. Qual a função do reostato da armadura?
17. Meça a rotação mínima e máxima do motor. Anote os resultados.
Rotação máxima _____________RPM
Rotação mínima _____________ RPM

204 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Verificar o funcionamento
de motor de passo

Neste ensaio, você vai movimentar o motor de passo por meio do acionamento
sequenciado de chaves simulando um circuito eletrônico lógico.

Procedimentos
1. Com o auxílio do catálogo do fabricante, identifique os terminais do motor de passo
e desenhe-o no espaço a seguir.

2. Meça a resistência ôhmica de cada bobina e anote o resultado.


3. Monte o circuito a seguir.

SENAI-SP – INTRANET 205


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
A ligação dos terminais deve ser feita de acordo com o catálogo do fabricante de
modo que se S1, S2, S3 e S4 forem fechadas seqüencialmente, o motor girará no
sentido horário.

4. Feche sequencialmente as chaves S1, S2, S3, S4, S1, S2, etc. Observe o que
aconteceu com o eixo do motor e descreva esse efeito a seguir.
5. O que deve ser feito para que o motor gire em sentido inverso?
6. Inverta o sentido do giro do motor de passo.
7. Faça com que o eixo do motor se desloque por 270. Quantas vezes a sequência
S1, S2, S3 e S4 foi acionada?

206 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Desmontar máquina elétrica


giratória

Neste ensaio, você vai aprender todos os passos necessários à desmontagem e à


montagem de máquinas giratórias.

Procedimentos
1. Antes de desmontar a máquina giratória, anote os dados retirados da placa do
fabricante.
2. Solte e retire o parafuso da polia.
3. Retire a polia com o auxílio de um extrator apropriado.
4. Retire a chaveta.

Observação
Guarde todas as peças em recipiente destinado a esse fim.

5. Com um punção de bico, de um golpe leve de modo a marcar a tampa do lado da


ponta de eixo. Marque a carcaça do motor na mesma direção e usando o mesmo
procedimento.

Observação
É importante marcar o lado da saída do eixo para que, após a montagem, o motor
fique com as características originais.

6. Marque a outra tampa da mesma forma em outros dois pontos distintos.


7. Com o auxílio de uma chave adequada, remova os parafusos de fixação das
tampas e solte-as.

SENAI-SP – INTRANET 207


CT097-10
Máquinas elétricas

Observação
Se a máquina tiver mancais de rolamentos, remova os parafusos e solte a tampa
do mancal.

8. Remova todas as peças que unem as tampas ao rotor.


9. Retire as escovas.
10. Para soltar o porta-escovas, bata na ponta do eixo através de um tarugo de
alumínio, bronze ou madeira a fim de soltar a tampa traseira.

Observação
Ao retirar o conjunto da tampa traseira e rotor, tome cuidado para não danificar o
enrolamento.

11. Golpeie os ressaltos da tampa com um calço de madeira ou tarugo de bronze e


martelo e afrouxe-a.

Precaução
Cuidado para não danificar o encaixe.

Observações
• Alguns motores dispõem de orifícios rosqueados nas tampas para facilitar a
remoção. Nesse caso, não bata na tampa para afrouxá-la, solte os parafusos;
• Se houver interruptor centrífugo com acoplamento mecânico, solte-o ou desfaça
a ligação. Faça um diagrama das ligações para facilitar a religação na
montagem.

12. Retire a tampa cuidadosamente.


13. Segure o motor com as duas mãos e retire-o com cuidado, para não roçar o
enrolamento.
14. Remova os mancais.

208 SENAI-SP – INTRANET


CT097-10
Máquinas elétricas

Observações
• Se os mancais forem de buchas, verifique o lado do encosto, e saque-o pelo
lado oposto ao encosto. Use um tarugo de bronze e martelo.
• Se os mancais forem de rolamento, ajuste o saca-rolamento do anel interno do
rolamento. Gire o parafuso até que o rolamento se solte como mostra a figura a
seguir.

15. Faça uma limpeza e verificação do enrolamento como é mostrado no capítulo


Componentes mecânicos de máquinas elétricas.
16. Avalie o estado do enrolamento do motor.
17. Para montar a máquina giratória, inicialmente limpe e lubrifique o eixo que irá
receber o rolamento.

Observação
Verifique se o eixo está retificado em toda a sua extensão, pois ele pode ter sido
danificado durante a desmontagem. Providencie a retificação, caso isso seja
necessário.

SENAI-SP – INTRANET 209


CT097-10
Máquinas elétricas

18. Introduza o rolamento com o auxílio de um balancim e um tubo entre o balancim e


o anel interno do rolamento.

19. Introduza o outro rolamento, repetindo os passos anteriores.


20. Coloque o rotor defronte à carcaça.

Observação
Certifique-se de que a ponta do eixo esteja do lado correto, de acordo com a
marcação efetuada durante a desmontagem.

21. Levante o rotor com ambas as mãos e introduza-o na carcaça sem roçar nas
bobinas.

Precaução
Quando os rotores são muito pesados, deve-se pedir auxílio a outra pessoa, ou
então, usar uma talha apropriada.

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CT097-10
Máquinas elétricas

22. Encoste uma das pontas do eixo do rotor em um apoio firme.

23. Coloque umas das tampas levemente com macete de borracha sobre diversos
pontos da borda onde o enrolamento está alojado.

Observação
Verifique se essa tampa está colocada no lado e na posição corretos, conferindo
com a marcação feita com o punção durante a desmontagem.

24. Coloque os parafusos e aperte-os alternadamente até que a tampa se encaixe no


rebaixo da carcaça.

Observação
Não aperte os parafusos totalmente.

25. Coloque a outra tampa, repetindo os passos anteriores.


26. Posicione uma das tampas externas do rolamento.
27. Gire o rotor manualmente para que os orifícios da tampa e contratampa do
rolamento e da tampa da carcaça se alinhem.
28. Introduza um parafuso e gire-o suavemente até conseguir roscá-lo na contratampa.
29. Coloque os outros parafusos da mesma maneira.
30. Aperte os parafusos suave e alternadamente até que a tampa do enrolamento seja
introduzida em seu encaixe.
31. Coloque a outra tampa do enrolamento, repetindo os passos anteriores.
32. Aperte os parafusos.
33. Aperte os parafusos das tampas da carcaça alternadamente.
34. Verifique manualmente se o eixo gira livremente.
35. Aperte alternadamente os parafusos das tampas dos enrolamentos.

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Verificar o funcionamento de
motor monofásico

Como exemplo de motores monofásicos de CA, podemos citar o motor universal e o


motor de indução. Dentre os motores de indução, conforme o tipo de partida, está o
motor de fase auxiliar.

Neste ensaio, você vai verificar como funciona esse tipo de motor e identificar os
seguintes parâmetros: resistência de isolação, resistência dos bobinados, rpm,
velocidade angular, potência, fato de potência, corrente, tensão, rendimento.

Procedimentos
1. Meça a resistência de isolação. Anote os valores medidos em M.
2. Meça as resistências dos bobinados. Anote os valores medidos.
3. Faça a ligação para que o motor funcione em 110V. Deixe a ponta no 5 isolada em
separado.
4. Energize rapidamente o motor. O que aconteceu? Por quê
6. Ligue a ponta 5 corretamente e ligue o motor novamente. Qual o sentido do giro?
7. Qual enrolamento ficou desenergizado?
8. Qual a função da ponta 5 no motor?
9. Faça a ligação para 220V e energize o motor. Qual é o sentido de rotação?
10. Inverta a rotação do motor.

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11. Monte o circuito com o motor, o wattímetro, o fasímetro, o amperímetro e o


voltímetro.

12. Confira o circuito montado.


13. Instale shunts nas partes amperimétricas do wattímetro, do fasímetro e do
amperímetro.
14. Ligue o circuito à rede elétrica.
15. Retire os shunts.
16. Anote os valores da potência, do fator de potência, da corrente, da tensão e da
frequência de rotação em vazio (N).
17. Desligue o circuito.
18. Explique com suas palavras, por que há diferenças entre os valores medidos e os
valores calculados.

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Levantar parâmetros de
motor trifásico

Através deste ensaio, será possível verificar o funcionamento de um motor trifásico de


CA e determinar seus principais parâmetros. Para isso, você vai testar o conjugado
nominal e o motor com carga. Vai testar também o rotor travado.

Procedimentos
1. Faça o teste de isolação e anote os valores a seguir.
2. Meça a resistência dos condutores do bobinado e complete a tabela a seguir.
3. Calcule a potência aparente deste motor a plena carga. Use a fórmula
Pa = EL . IL . 3.
4. Calcule a potência real deste motor a plena carga. Use a fórmula
P = Pa . cos. Considere cos = 0,85.
5. Faça o teste de funcionamento.
6. Para testar o motor com carga, acople-o ao freio.
7. Monte o circuito conforme o diagrama a seguir.

8. Energize e desenergize o motor para verificar o sentido de rotação. Inverta o


sentido, se necessário.

SENAI-SP – INTRANET 215


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9. Energize o motor e coloque carga até atingir a corrente nominal do motor. Faça a
leitura dos instrumentos e anote o resultado na tabela a seguir na linha que indica
100% de carga.

Fração Carga Força (N) EL L P N


% (V) (A) (W) (rpm)
1/4 25
2/4 50
3/4 75
4/4 100
5/4 125

10. Varie a carga nas frações indicadas na tabela do passo anterior e anote os valores
indicados pelos instrumentos.
11. Calcule o fator de potência a plena carga.
12. Calcule a potência mecânica (em cv) fornecida no eixo do motor a plena carga.
13. Calcule o conjugado do binário do eixo a plena carga.
14. Calcule o deslizamento a plena carga.
15. Calcule o rendimento do motor a plena carga.
16. Na tabela a seguir, anote os valores calculados anteriormente e calcule os valores
referentes às frações de carga.

Fração Carga Força (N) EL L P N


% (V) (A) (W) (rpm)
1/4 25
2/4 50
3/4 75
4/4 100
5/4 125

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17. Construa o gráfico do conjugado que o motor fornece em função da potência


mecânica.

18. Construa o gráfico da rotação assíncrona em função da potência mecânica pela


rotação síncrona.

19. À medida que a carga é aumentada, o que acontece com a rotação do motor?

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20. Construa o gráfico do rendimento em função da potência mecânica e o gráfico do


fator de potência em função da potência mecânica.

21. Em qual instante de rotação o motor apresenta melhor rendimento?


22. Com qual porcentagem de carga o motor apresenta melhor cos?
23. Em qual situação o motor apresentou maior economia de energia elétrica?

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24. Para testar o conjugado nominal, monte o circuito a seguir.

25. Instale o shunt nos terminais do amperímetro.

26. Energize o motor na sua tensão nominal e verifique o sentido de rotação de acordo
com o dinamômetro, inverta-o, se necessário.
27. Energize o motor e retire o shunt do amperímetro.
28. Ligue o circuito do freio.
29. Aumente a carga lentamente até que a corrente do motor atinja o valor nominal.
30. Com o auxílio do tacômetro, meça a rpm do motor.
31. Retire lentamente a carga do motor.
32. Desligue o freio.
33. Anote o valor da força (em N) indicado pelo ponteiro de arrasto do dinamômetro.
34. Calcule o conjugado nominal no eixo do motor. Use a seguinte fórmula: Cn = F . R.
35. Para realizar o teste de rotor travado, acople o disco de alumínio ao disco de
eletroímãs com o auxílio do trava-disco rotativo.
36. Coloque o ponteiro de arrasto do dinamômetro no valor zero.

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37. Ligue o motor a um varivolt trifásico conforme a figura a seguir.

38. Aplique alguns volts ao circuito e verifique se o sentido de rotação está correto,
Corrija-o se necessário.
39. Aumente a tensão do varivolt trifásico lentamente até a corrente do motor atingir o
valor nominal.
40. Abaixe o valor do varivolt até zero e desligue-o.
41. Anote o valor da força (em N) indicado pelo ponteiro de arrasto do dinamômetro.
42. Retire o trava-disco rotativo.
43. Calcule o valor do conjugado de partida. Use a fórmula: CP = F . r

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Verificar o funcionamento de
motor com rotor bobinado

Neste ensaio, você vai verificar as resistências de isolação e as resistências dos


enrolamentos. Vai também determinar a tensão de rotor e medir os valores do motor e
da corrente do estator.

Procedimentos
1. Meça a resistência de isolação do estator.

R (medida a _____________°C)

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2. Meça a resistência de isolação do rotor.

R (medida a _____________°C)

3. Meça e calcule a resistência dos condutores por fase de rotor.

Resistência Resistência
calculada Medida

RA = R1 + R2 = RA =

RB = R2 + RR = RB =

RC = R3 + R1 = RC =

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4. Monte o circuito conforme o diagrama abaixo. Adote, no motor, a correção de


ligação conforme a tensão disponível.

5. Ajuste o reostato para a resistência máxima (100%). Energize o motor sem carga e
meça o valor de tensão ER. Anote o resultado no quadro do passo 7.
6. Diminua o valor da resistência em 50% e meça o valor e ER, da corrente do estator
e a rotação. Anote o resultado no quadro do passo 7.
7. Diminua totalmente o valor da resistência, colocando o reostato em curto-circuito
(fechado) e meça o valor de ER, da corrente do estator e a rpm. Anote o resultado
no quadro a seguir.

Resistência Corrente Tensão RPM


do reostato no estator no rotor
100%
50%
Fechado

8. Compare os valores anotados na tabela e descreva o funcionamento do motor e


rotor bobinado

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Referências

SENAI-SP. Eletricista de manutenção Il - Eletrotécnica. Por Irandi Dutra, José


Geraldo Belato, Regina Célia Roland Novaes. São Paulo, 1993.

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