Você está na página 1de 14

"Deves tornar-te senhor de ti mesmo, senhor também de tuas próprias virtudes.

Antes elas eram teus


senhores; mas devem ser apenas teus instrumentos junto com outros instrumentos. Deves adquirir poder
sobre o teu pró e o teu contra, e aprender a desatá-los e a ligá-los de novo, segundo teu objetivo mais alto.
Deverias aprender a compreender o perspectivismo de

Medicina tradicional

por PAULO CESAR CORRÊA - quinta, 7 Dez 2017, 12:41

Xamanismo, religião e filosofia

UNIVERSIDADE METODISTA

PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOSOFIA DA RELIGIÃO

Módulo: IV

Título: A filosofia e a especificidade da linguagem religiosa nos novos fenômenos


religiosos

Fórum: Medicina tradicional

Aluno: Paulo Cesar Corrêa – Matrícula N. 7020350

Polo: Itanhaém (SP)

Enunciado: Assista o filme Medicina Tradicional e faça um debate no fórum: Medicina


tradicional sobre os usos do discurso da medicina tradicional indígena na vida cotidiana,
e os aspectos e modos de expressão da espiritualidade xamânica.

“Existem mais mistérios entre o céu e a terra do que sonha nossa vã


filosofia.” (William Shakespeare)

Segundo a Organização Mundial de Saúde, Medicina Tradicional refere-se ao


conjunto de práticas em Saúde desenvolvidas antes do que se classifica como medicina
moderna (ou convencional) e que ainda hoje são praticadas por diversas culturas em
todo o mundo. Segundo a OPAS-OMS, a medicina tradicional é o total de
conhecimento técnico e procedimentos baseado nas teorias, crenças e as experiências
indígenas de diferentes culturas, sejam ou não explicáveis pela ciência, usados para a
manutenção da saúde, como também para
a prevenção, diagnose e tratamento de doenças físicas e mentais. Em alguns países
utilizam-se indistintamente os termos medicina complementar, medicina alternativaou
medicina não-convencional, e medicina tradicional. (OMS, 2000)

O xamanismo é considerado dentro da medicina tradicional como uma prática dos


tempos ancestrais, tão remota como a própria consciência do ser humano. Muitos são os
indivíduos que acreditam que o xamã nada mais é do que uma figura indígena, mas a
verdade é que essa filosofia é oriunda da Era Paleolítica, em que os indivíduos ainda
viviam nas cavernas.

A cultura xamânica é extremamente abrangente e engloba conceitos de magia,


medicina, filosofia e religião. Sua prática é composta por uma série de atos de cura,
transformações, estados totalmente de transe entre os participantes, assim como a
possível interação entre espíritos e corpos: sejam de animais, de xamãs, pessoas vivas
ou mortas. Todas essas atividades são consideradas como verdadeiras práticas
terapêuticas.

A expressão xamanismo só surgiu entre os árticos e asiáticos, e identificar exatamente o


início desta “religião” é algo confuso, já que, de maneira remota, ela deu o seu início
junto com a idade da pedra. Dessa forma, ela é considerada como uma própria
“herança” dessa época para a espiritualidade dos humanos.

O ritual xamânico, por sua vez, exige a presença do xamã, que nada mais é do que um
sacerdote. Geralmente, ele já é apresentado com o próprio estado de consciência
mudado. Dessa forma, ele começa a expressar uma série de poderes que não teria se
estivesse normal, como é o caso de se comunicar com plantas, espíritos e outros seres
do universo. Para fazer isso, ele se utiliza de algumas ferramentas já próprias para a
prática, além do organismo e o próprio corpo de quem também assiste à cerimônia.

Durante esse evento sagrado, algumas coisas acontecem: as pessoas começam a dançar,
os tambores, a soar, e até mesmo algumas ervas que também são consideradas sagradas
podem ser consumidas com o intuito de alterar levemente o próprio espírito.

Essa prática tanto filosófica quanto religiosa não confia em Deus e não se relaciona com
o seu filho, Jesus Cristo, mas suas crenças estão voltadas, principalmente, aos
ensinamentos proporcionados pelo próprio meio ambiente.
Dessa forma, um xamã só pode ser assim considerado quando esse indivíduo passa por
algum período de sofrimento ou dor, seja por alguma crise de caráter pessoal ou uma
enfermidade de forma geral. Quando ele é convocado pela espiritualidade, ele deve
passar por um longo “tratamento”, ou melhor, um preparo que envolve a cura por meio
da mãe Natureza e demais procedimentos, todos eles de caráter medicinal.

O xamanismo é repleto então de práticas terapêuticas e a sua essência é quase que


totalmente espiritual, levando os indivíduos para as crenças vividas e intensificadas na
Natureza.

Levando o xamanismo para um contexto de caráter indígena, devemos destacar que a


imagem do xamã é representada pelo próprio pajé. Porém, as práticas realizadas em
ambas os grupos são idênticas, com diferenças que só variam conforme as próprias
variações de âmbito nacional.

No nosso País, a tradição se chama pajelança e conta com vários aspectos únicos da
cultura desse povo, como por exemplo, tocar instrumentos musicais essencialmente
brasileiros durante as cerimônias, como é o caso de zunidores, maracás e outros. (Fonte:
Web – Eu sem fronteiras)

Entre outros produtos utilizados pelo xamanismo, a região norte do Brasil apresenta,
ainda, outros derivados de plantas, como o Daime. De origem indígena, apresenta
propriedades calmantes, mas sabe-se também que é pertencente à "família" dos
perturbadores do sistema nervoso central, ou seja, é alucinógena tanto quanto a
maconha ou o LSD.

O Daime dá origem a uma seita chamada de "Santo Daime". O chá é chamado


Ayuwasca, obtido da mistura do cipó jagube e da folhas da planta chacrona. Há várias
comunidades na Amazônia que cultuam o Santo Daime, reverenciando a mata, a
floresta, Deus e a alegria. As letras de seus hinos têm inspiração ecológica. Muitos
renomados artistas e pessoas públicas entraram para esta seita. (Fonte: Bibliomed, Inc.
Blog Boa Saúde.)

Entendo, por fim, que o tema é desconhecido de grande parte da população mundial,
graças ao grande lobby dos laboratórios alopáticos.

Pcc/Itanhaém (SP) Flórida USA 07/12/17


De uma maneira geral as religiões apresentam distintivos ou sinais para se posicionarem
perante a humanidade. No texto O que é o “subalterno” da Filosofia da Religião? O
ilustre Prof. Purushottama Bilimoria destaque que: “questões tradicionais entre o
julgamento da razão e o compromisso com a fé, aumentam a disputa quanto a saber se
é a análise conceitual, ou alguma experiência intuitiva direta, aquilo que fornece acesso
ás reivindicações de verdade que sustentam declarações escriturais específicas, como
articuladas na teologia filosófica (ou natural)”.

Portanto, uma religião específica estabelece condutas entre a razão e a fé na busca em


atingir verdades e princípios morais apresentados nos conhecimentos da determinada
crença.

A abrangência e a profundidade das questões levantadas por Bilimoria mostra que existe
a possibilidade das análises nos parâmetros, no entanto, levar em consideração a
imensidade de questões a serem tratadas na cultura das filosofias específicas.

Desse modo, as religiões apresentam inúmeras diversidades entre elas dos elementos
distintivos de características extremamente específicas para cada uma, “as religiões
enquanto totalidade de visões do mundo, abarcando um amplo leque de doutrinas,
ideologias, mitos e padrões simbólicos, práticas sagradas, crenças últimas (que
informam de modo profundo a vida humana, mais do que simplesmente oferecem uma
base para asserções proporcionais) , e assim por diante”. (Ninian SMART)

Diante da preocupação da ramificação de ideias e pensamentos, Smart propõe para a


filosofia da religião um contexto de análises em três categorias; a primeira estruturada
na análise comparada das religiões, depois na história das religiões e por último na
fenomenologia de um conjunto de ações e experiências no campo da religião.

Nessa perspectiva das propostas apresentadas por Smart o Porf. P. Bilimoria questiona
que: “a filosofia comparada da religião fundamenta-se erroneamente em dois dogmas, a
religião comparada em si e a teologia natural”.

Parece contraditório, mas acrescenta e motiva que a “comparação deve sim existir no
campo acadêmico, porque Comparar é Preciso, simplesmente porque as coisas se
apresentam como semelhantes ou como diferentes, ou ambos”.
Em questões que buscamos identificar parâmetros para as distinções, Bilimoria propõe
uma reflexão positiva se existe possibilidade das religiões serem comparadas?
Primeiramente destaca que: “existe uma multiplicidade dos fenômenos religiosos em
todas as diversas culturas; segundo, eles podem ser agrupados em religiões; e por
último, tem algo em comum, por ex. uma crença que transcende ou em coisas
sagradase na possibilidade de salvação ou de libertação”.

Assim, em um universo de práticas diferentes e divergentes se ampliam as chances de


uma visão holística e crítica em questões tais como: Deus (O absoluto ou o
Transcendente, a Criação, o Problema do Mal, a Vida após a morte, a Imortalidade, o
Pecado, a Redenção, o Propósito e o fim). (G.Kessler).

Todas as crenças separam o que é sagrado do que é profano. A religião pressupõe,


noções como coletividade, de grupo, de adesão comum com certas práticas rituais,
elementos símbolicos e etc. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e
histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do
universo. As religiões tendem a derivar a moralidade, a ética, as leis religiosas ou um
estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza humana.

A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias


clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos,
reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou
para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus
praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das
atividades de um deus ou deuses, sacrificios, festivais, transe, iniciações, serviços
matrimôniais, músicas, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.

Pelo caráter orgânico das religiões, Purushottama Bilimoria diz que não há como
compará-las. De que modo poderíamos comparar a unidade dada pelas escrituras,
deuses, cultos, conceitos de uma determinada religião face a outra? Mesmo que
isolássemos um desses aspectos, como seria possível equipará-lo a outro fora do
contexto em que foi criado? Mas, se não podemos isolar e comparar os aspectos
próprios de uma religião, por medo de removê-los de seu cenário específico (histórico,
cultural, teológico ou simplesmente funcional), como poderemos fazer religião
comparada? Ao que tudo indica e segundo Bilimora, não podemos, e por questões de
princípios mesmo. Segundo Bulimoria, a filosofia comparada da religião está
erroneamente fundamentada em dois princípios bem específicos. Um, a religião
comparada “em si”, e dois, a teologia natural “per se”. Na primeira, temos a crença de
que há elementos comuns entre as tradições ou sistemas religiosos, e de que esses
elementos são significativos do ponto de vista acadêmico. Não são. O que se passa é
que a atividade de comparar é inerente ao homem, faz parte de sua capacidade de
discernir, determinar e julgar. Quanto à teologia natural “per se”, o problema está em
como comparar as motivações, pressuposiçõe, posição cultural e legados das próprias
civilizações. Tais questões, de acordo com Bilimoria, impedem a demarcação dos
limites de categorias-chave como Deus, Absoluto, O Transcendente, A Criação, o
problema do mal, a vida após a morte, a imortalidade, o pecado, a redenção, o destino,
por fim, e o livre-arbítrio. No que se refere a à filosofia da religião, Bilimoria parece
acreditar que ela não deveria se render aos rigores da lógica, da razão, da análise, da
dialética, da redução, da refutação, etc., próprios da lógica mesma, da epistemologia, da
ontologia e da metafísica, ou seja, de outros ramos da filosofia. A filosofia da religião,
afinal, não é só mais um ramo da filosofia, seus objetos de estudo são, antes, as questões
que ela toma para si mesma, questões que derivam quase que exclusivamente da
teologia natural “per se”.

Sim,é difícil destacar elementos distintivos de uma religião pois isso sempre partirá de
uma comparação e no fim, cada religião é única em si mesma, embora a mesma entre as
demais. Principalmente quando ela é mais prática que teórica, quer dizer, chama mais o
fiel às suas práticas que à reflexão sobre suas doutrinas. Em alguns casos, essas
doutrinas nem existem.

 Quais elementos são distintivos de uma religião específica?


 É possível determinar alguns parâmetros para essas distinções ou não?
Ao analisarmos todas as definições, as mais pensadas e elaboradas possíveis, acerca do
fenômeno religioso, constatamos seu caráter exaustivo de especulação – teológica e
filosoficamente falando – quer, devido à sua historiografia a que elas são submetidas,
quer por seu caráter difuso de interpretações, ainda que no final, todas as elucubrações
de algum modo, pareçam se tangenciar.

Assim, o escritor Philip Wilkinson dirá que “as religiões sendo tão diversas quanto as
culturas no mundo existentes, torna-se difícil definir religião, em especial porque ela
envolve conceitos intangíveis, porém há que se constatar alguns fios condutores comuns
a elas” e assim, ela pode ser definida sob sete aspectos básicos, a saber: a doutrina, a
mitologia, a experiência religiosa (pessoal), a institucionalidade, o conceito ético, o
ritual e, os objetos/lugares sagrados ou de culto.[i]

Mais do que as definições propriamente ditas (ou o fenômeno religioso), esse intento
sempre se declina para uma questão mais complicada, cumpre dizer, as extensas
reflexões filosóficas sobre o que encerra a relação entre o sujeito (religioso) e o objeto
(de adoração).

Porém, a religião pressupõe a relação entre o homem e o sobrenatural, mas isso não
implica necessariamente uma relação homem-divindade, uma vez que encontramos
religiões a-teistas (budismo primitivo, por exemplo). Mas o transcendente afirma sua
existência nos argumentos e por meio deles.[ii]

Assim, sugere-se, para o esboço geral sobre as proposições abaixo que se seguem, a
pergunta objetiva: Quem propõe melhor as questões para entendimento da filosofia da
religião, o julgamento da razão ou o comprometimento da fé? Para essas perguntas o
debate e as respostas são intermináveis e inconclusos.[iii]

O escritor e educador Ninian Smart (precursor dos estudos de religião secular e religião
comparada, citado por Bolimoria, pg.14 ) dá suporte para as reflexões expondo que se
faça toda a análise do tema nas três introduções a uma filosofia da religião, quer seja:

a) A análise comparada das religiões; comparação de doutrinas e práticas


(compreensões filosóficas fundamentais como a ética, a metafísica e a natureza e forma
de salvação).

b) A história das religiões; (sua historicidade vista pela filosofia e teologia,


especialmente, mas não apenas por estas, hodiernamente) e;
c) Fenomenologia das experiências religiosas (o estudo da origem e significado das
práticas cúlticas, onde Rudolf Otto ofereceu um modelo de análise [fenomenológica] em
chave hermenêutica da experiência religiosa, a exemplo de Husserl, mas sob o viés
teológico e não filosófico como aquele).[iv]

Porém, sugerindo dois dogmas errôneos:

a) A religião comparada em si: dificuldades metodológicas, decorrendo em


preocupação prescritiva (“como a religião [ocidental] deve ser”) e o estudo das religiões
no sentido evolucionário (a sua historicidade)

b) A teologia natural per se: implicações culturais nas religiões comparadas, suas
influências e problemas de teodiceia.

Artigo extremamente pertinente do prof. Bolimoria, se dá pelo fato de ressaltar o


problema das interpretações estanques da filosofia da religião.

Bilimoria questiona gradações de verdade na avaliação das tradições religiosas (p.32) e


a injustiça que isso pode ocasionar numa avaliação séria e não tendenciosa,
perguntando: “todas as religiões precisam necessariamente fazer referência a uma ou
outra concepção de realidade última de qualquer maneira transumana e
transcendental?”, as religiões podem na realidade serem comparadas?”(p.33) [Para o
historiador Karnal, o maior problema das religiões é cairmos na fenomenologia e mais
do que isso, a inexistência de uma religião original, ou seja, uma religião pura. Pois para
ele, ela sofreu influências históricas, muitas vezes irreconhecíveis desde a sua origem.
Portanto, ela é dinâmica e passível de interpretações seculares e contextuais].[v]

Bilimoria novamente questiona se a racionalidade da crença depende completamente de


argumentos teístas ou proto-teístas e ontológico/metafísicos, ou se modeladas de acordo
com a eficiência de seus articuladores (Anselmo [argumento ontológico para a
existência de Deus), Tomaz de Aquino [aristotélico precursor da teologia natural],
Plantinga [filosofia analítica e epistemológica de que a crença em Deus pode ser
justificada independentemente da evidência], Wolterstorff [teoria analítica de recurso à
epistemologia reformada calvinista, ligado ao emprego dos atos linguísticos no discurso
do divino], Swuinbourne [que trata questões sobre Deus a partir dos conceitos de
teologia natural de Hume e Tomás de Aquino] e etc.). porém, propõe que “antes,
aprende-se a negociar diferentes crenças transcendentes ao interpretá-las dentro de um
discurso epistêmico autorreflexivo sem as restrições de um paradigma universal
limitador” (p.45) e assim se abrange as elucubrações, análises e o excogitar para a
subalternidade da filosofia da religião.

A religião então se define por revelação (origem divina), origem política (doutrinas
disciplinadoras de medo ou vingança dos deuses) e a formação humana (teorética
[conhecimento da existência e do mundo] e prática [tremor e temor do futuro de si].

Max Müller vê a religião como apreensão do infinito [naturalismo], mas igualmente, ela
é vista por muitos pensadores como uma tentativa de explicar o mundo (Feuerbach [o
medo] e Durkheim [vazio]) e crises do cotidiano e temor da morte, bem como enfrentá-
las positivamente (Malinowski [superação pela magia] e Freud [sublimação]). Hobbes
afirmava que a principal causa do aparecimento da religião é o temor que nasce da
incerteza do futuro.[vi]

As funções específicas da religião em Abbagnano parecem inerentes às próprias


concepções da mesma e, na garantia da salvação, poder-se-ia dividi-las em:

a) A liberdade do mundo (budismo, Schopenhauer)

b) A verdade: “a filosofia tem o mesmo objeto da Religião, porque ambas têm como
objeto a Verdade, no sentido superior da palavra, porquanto Deus, e somente Deus é a
Verdade”. Aquela por meio do conceito e esta por meio do sentimento.

c) Garantia da moralidade depositada nas leis divinas, a despeito da liberdade


humana (contemplação e prática dos valores apresentados).

d) Sua função social, entre outras, seria o fortalecimento de laços de amizade e boa
vontade, bem como, a alteridade nas sociedades religiosas, mormente primitivas.[vii]

Rubem Alves dirá que todas as análises da religião permanecerão sempre incompletas e
unilaterais (p.24): “A religião é um sonho da mente humana. E, através dela passamos a
ver as coisas reais no fascinante esplendor da imaginação e do capricho, ao invés de o
fazer sob a luz mortiça da realidade e da necessidade” (Feuerbach, apud Alves, R. –
in Enigma da Religião, p.15). Em resumo, a consciência religiosa é uma expressão da
imaginação e esta é a origem da criatividade humana.[viii]

Para Marilena Chauí, a experiência religiosa advém do sagrado que emerge o amor,
repulsa e ódio, sentimentos esses que decorrem em respeito feito de temor. Mas pontua
que a concepção do sagrado é originário da experiência religiosa, decorrendo em
religião como narrativa de origem (de tudo), os ritos (laços sentimentais, processuais e
simbólicos entre os homens e a divindade), objetos simbólicos (que também em alguns
momentos explicam as origens do sagrado [Otto]), as doutrinas (Otto) e a vida post
mortem.[ix]

O filósofo Battista Mondin irá acreditar que a religião em sua essência, seja o conjunto
de conhecimentos, ações e estruturas com as quais o homem expressa reconhecimento,
dependência e veneração em relação ao sagrado. Baseado nisso ele evidencia por um
lado, o sujeito – e sua atitude que este adota ao se expressar religiosamente – bem como
o objeto que é caracterizado de modo exclusivo e unicamente à esfera do religioso
(conceito que vai ao encontro de Scheiermacher que parte da base kantiana).[x]

Sendo um texto para um fórum, saliento aqui que o texto-base lido para a elaboração
acima, suscita à recorrência de outras tantas (e inúmeras) obras a respeito, e que ao fim
e ao cabo, façam com que voltemos a reler mais detidamente o professor Bilimoria.

[i] WILKINSON, M. & CAMPBELL, H. – Filosofia da Religião: uma introdução –


Paulinas, 2014, pg.384. Ver também Fenomenologia da religião in Instituto Antropos –
Pesquisa sociocultural e missiologia aplicada (http:// http://instituto.antropos.com.br).

[ii] ABBAGNANO, Nicola – verbete Religião in “Dicionário de filosofia” - Martins


Fontes, 2003

[iii] MONDIN, Battista – “O home e a religião” in O homem, que é ele? Elementos de


Antropologia Filosófica – Paulus, 1980 – 8ª edição, pg. 218-247.

[v] KARNAL, Leandro – in artigo “Religiões comparadas” –


(www.casadosaber.com.br).

[vi] ABBAGNANO, N., opus cit., pgs. 847, 848.

[vii] Ibidem, pg. 849.


[viii] ALVES, Rubem – O enigma da religião – Vozes, Petrópolis, 1979.

[ix] CHAUÍ, Marilena – Convite à filosofia - Ática, 12ª edição, 2000, pg.298. A
referência ao teólogo Rudolf Otto (1869 – 1937) foi uma inferência à descrição de
Chauí por minha conta.

[x] MONDIN, Battista – Introdução à filosofia: problemas, sistemas, autores e obras –


Paulinas, 6ª edição, pg.79.

O cristianismo ainda é o cadinho onde as demais religiões são "depuradas" para serem
digeridas. O sistema filosófico que da conta de discutir a religião ainda é
hegemonicamente europeu e logicamente, ainda é cristão. As questões que anima o
cenário religioso, quando equiparadas numa espécie de “canone” que afere qualidade e
gradação de verdade absoluta se complica. a Busca pela racionalidade religiosa embora
se esbarre em uma serie de problemas não pode ser desencorajada.

A filosofia da religião em tempos contemporâneos parece ter um papel importantíssimo


e um trabalho árduo pela frente, - identificar o que é religião, para isso, não havendo fé,
torna-se apenas uma necropsia e não de (parafraseando o cristianismo) um evangelho,
uma boa nova, uma descoberta mesmo que esta seja o puro nada. A grande dificuldade
moderna é que suas compreensões sobre religião estão situadas no núcleo de muitas
camadas ideológicas, suas análises são baseadas em conceitos ideológicos de religião,
tomando um erro inevitável. É obvio que existem elementos distintos nas diversas
religiões porque simplesmente a compreensão em geral parte do homem e estas
compreensões sempre estarão carregadas de anseios humanos. A fé não me parece
elemento distinto da religião, porque inúmeras religiões não compreendem a fé, tem-na
com esperança para as mazelas humanas; Morte, dor, tristeza, dinheiro, estética,
plástica, ideologia, cultura, isso é antropologia e filosofia iluminista.

Somando a isso a incapacidade de compreender a fé dentro da experiência da mesma,


restando apenas à análise de ações de caráter falho de espíritos, alma ou intelectos ainda
em desenvolvimento pedagógico e rente com a moral apresentada pela religião
abraçada. Sem dúvida, a fé é um elemento distinto de uma religião específica. A fé
contém um elemento variado. Pois ela pode ser direcionada a um deus, ou deuses, ou
até mesmo a nenhum deus específico, no caso do islamismo por exemplo. Se
estabelecermos regras e normas para determinar "religião", estaríamos ignorando a
multiplicidade de variações culturais, sendo que em cada cultura a religião executará
sua função em diferentes modos de acordo com a realidade de cada região geográfica.

Pensar religião na contemporaneidade é pensar diante dos aspectos pós-modernos de


pensamento, pois o pensamento pós-moderno trouxe a religião de volta a tona, como diz
o sociólogo polonês Zygmunt Bauman: “A religião pertence a uma família de curiosos e
às vezes embaraçantes conceitos que a gente compreende perfeitamente até querer
defini-los. O espírito pós-moderno, desta vez, concorda em supri essa família,
maltratada ou condenada a deportação pela razão científica, de uma permanente licença
de residência” (BAUMAN, O mal-estar da pós-modernidade, 1998:205).

Esses conceitos embaraçantes dos quais aponta o sociólogo polonês, imprimem


uma dificuldade latente na hora de se fazer análise religiosa. Existem elementos comuns
as religiões, mas quando estudados em sua especificidade, trazem reais distinções entre
as mesmas, como os rituais, a vida, a morte, a dicotomia bem/mal, fé, divindade(s),
símbolos, etc. Esses norteiam dos aspectos morais a todo um estilo de vida que
demonstra uma grande variação de religião para religião, pois a priori cada um entende
estar com a verdade e o modo mais adequado em cada uma da instâncias citadas, o que
as portanto.

Segundo o texto “o subalterno”, é possível distinguir de certa forma as religiões


utilizando os parâmetros adequados, isso implica a utilização de três ferramentas para a
análise e distinção entre as religiões, que são: a análise comparada das religiões, a
história das religiões e a fenomenologia das religiões. Em todos esses campos,
entretanto, há a necessidade de buscar no que é possível uma “imparcialidade”, ainda
que não totalmente por causa da impossibilidade, mas se abster ao máximo de juízos de
valor para se aproximar daquilo que cada religião tem para falar de si mesma.

Todas as crenças separam o que é sagrado do que é profano. A religião pressupõe,


noções como coletividade, de grupo, de adesão comum com certas práticas rituais,
elementos simbólicos e etc. Muitas religiões têm narrativas, símbolos, tradições e
histórias sagradas que se destinam a dar sentido à vida ou explicar a sua origem e do
universo. As religiões tendem a derivar à moralidade, a ética, assim: - perfazendo as leis
religiosas ou este estilo de vida preferido de suas ideias sobre o cosmos e a natureza
humana como inspiração.

A maioria das religiões tem comportamentos organizados, incluindo hierarquias


clericais, uma definição do que constitui a adesão ou filiação, congregações de leigos,
reuniões regulares ou serviços para fins de veneração ou adoração de uma divindade ou
para a oração, lugares (naturais ou arquitetônicos) e/ou escrituras sagradas para seus
praticantes. A prática de uma religião pode também incluir sermões, comemoração das
atividades de um deus ou deuses, sacrifícios, festivais, transe, iniciações, serviços
matrimoniais, músicas, arte, dança, ou outros aspectos religiosos da cultura humana.

A Medicina Tradicional ( vídeo - TV Cultura).

Os índios são os primeiros habitantes de nossa terra, que colonizados pelo branco que
acabaram com seus costumes e com a sua religião. Contudo a "religião" indigna
continua com suas crenças e costumes. Para o índio o mundo terreno e o mundo
espiritual estão interligados, por isso para entender sua cultura é necessário também
entender sua crença. Dessa forma o Xamanismo (religião/prática mística) = ' a mente na
caverna', acontece através do curandeiro que recebe ajuda dos espíritos auxiliares e
junto com as plantas trazem a cura e a libertação ao doente ou a aldeia. Suas crenças são
expressas através de rituais, com danças, bebidas e fumo. O Xamã (chefe curandeiro)
junto com seus amigos pintam seus corpos (para sua proteção), vestem suas roupas e
fumam os seus cigarros, atos esses que deixam o curador em transe, levando-o ao
mundo dos espíritos, se preparando assim para atuar na mediação. Ainda segundo o
vídeo, depois do ritual de cura o curandeiro tira do corpo do enfermo uma massa, e a
destroem, dizendo ser essa massa a causa da doença. Após alguns dias o enfermo está
bem de saúde. Além da parte espiritual, os índios utilizam muito as plantas como
remédios naturais, muitos possuem suas próprias plantas na aldeia, quando não, vão
procurar em outras regiões. O vídeo nós mostra a maneira simples dos índios
sobreviverem, suas crenças e seus costumes que são passados de geração em geração e
que por muitos, são consideradas antigas e ultrapassadas.
Compreendi que para os indígenas, a enfermidade está relacionada ao
desequilíbrio espiritual, por tanto a cura da doença está diretamente vinculada às
práticas ritualísticas, as forças da natureza e aos ancestrais, ou seja, na fé espiritual.

Tal condição é admitida como a mais pura expressão de verdade, ou seja, a crença na
cura pelas divindades e forças da natureza.

Você também pode gostar