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O DESAFIO DO PERDÃO NA FAMÍLIA

Introdução

Pretendo fazer uma palestra sobre o tema e não a exposição bíblica de um texto sobre o
assunto

Talvez este seja um dos temas mais difíceis e ao mesmo tempo mais necessários de ser
tratado em nossos dias.

Estou ciente de que há questões relacionadas a perdão que são profundas e que precisam
de um acompanhamento PASTORAL, mesmo que se decida seguir os caminhos indicados aqui.
(em permanecendo os sintomas, o pastor deverá ser consultado).

1. Porque vivemos num mundo que estimula e massageia nossa estima


- “Você nasceu pra brilhar, ser especial – um banco feito pra você!” SOMOS CLIENTES! Tudo
que existe à nossa volta existe para me agradar e deve lutar pra me fazer especial.
- Vivemos a “cultura da auto-estima” – Hoje em dia, além de se reivindicar uma massagem no
meu ego, eu tenho o direito de dizer que os “outros” são culpados pelas minhas frustrações e
problemas. Ou seja, a humanidade está desaprendendo a admitir suas falhas, desestimulada a
lidar com sentimentos de frustração e, consequentemente, não sabe mais reagir diante de
problemas e situações difíceis da vida!

2. Porque vivemos na cultura do imediato, superficial e descartável


- Tudo que existe deve-me satisfazer aqui e agora! Não quero ter que “perder” meu tempo lendo
uma matéria de jornal. Quero logo as respostas.
- Ou seja, não preciso e não quero a profundidade. Para desenvolver um conhecimento profundo
sobre algo, é preciso ler, meditar e refletir. Não! É melhor ir logo para o Wikipedia do que me
aprofundar em algo
- A tecnologia – que é uma bênção – me estimula a essa rapidez e a descartar imediatamente
aquilo que não está me satisfazendo ou está me trazendo algum desconforto.

3. Porque tudo à minha volta me leva a crer que eu sou um cara legal! (feliz de quem for
meu amigo ou casado comigo)

Poderíamos passar mais algum tempo pensando sobre esses temas. O propósito é perceber como
essa cultura que estamos inseridos tem afetado os nossos relacionamentos em todos os níveis!
Nunca foi tão fácil falar com alguém que mora do outro lado do mundo: quer por telefone, texto
ou vídeo! Isso mesmo: aquela maneira de se comunicar dos Jetsons já chegou até nós! Claro que
há algo de muito positivo. Mas quando se fala de constituição familiar na atualidade, percebemos
o quanto tudo isto tem nos afetado:
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1. Os jovens começam a namorar sem pressa para casar


- Os casamentos estão se dando cada vez mais tarde. A maioria pensa em como vai sustentar o
luxo e o conforto que hoje têm na casa do papai! Boa parte dos jovens, mesmo com bons salários,
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ficam aflitos em pensar como vão pagar gasolina, chamar o encanador, comprar o gás, pagar
água, luz, telefone e internet, e ao mesmo tempo comprar e usar calças de grife, estar
semanalmente no salão de beleza, conseguir uma roupa nova para cada casamento que tem de ir
etc.! Ou seja, preciso evitar esse nível de sofrimento. Melhor papai continuar pagando essas
contas pra mim.
“VENCIDO O MEDO DA ETAPA ANTERIOR...”

2. Os jovens casais não pensam em ter filhos


Isso tem crescido! Antigamente a preocupação era com casais com filho único. Agora é com os
que não querem ter filhos! Isso porque filho, pra eles, significa: abrir mão de viagens
internacionais, roupas de grife, troca de carro para: aumentar o plano de saúde, gastar com
medicamentos, mais uma boca pra alimentar etc.

3. Há muita gente que casa e continua separada


O que falarei agora também é perceptível nos solteiros. Mas pelo nosso público, tentarei ir logo
ao ponto:

Há muita gente que casou e que continua pensando: “EU NASCI PARA SER FELIZ”! E todo o
padrão que ele construiu sobre felicidade tem a ver com a sua satisfação pessoal, prazer imediato
e ausência de frustração. E é aí que a coisa pega! Conviver com alguém – principalmente casado
– é certeza de frustrações e conflitos. Há situações do nosso cotidiano que nos afetam: chateações,
imprevistos, mal-humor, decisões que meu cônjuge tomou, o carro que foi batido, a ligação da
escola do filho e uma infinidade de situações em que eu não terei prazer imediato, nem satisfação
pessoal, mas dor de cabeça e frustração. MAS ISSO FAZ PARTE DE SER FAMÍLIA!! Não que
toda família tem que ter isso o tempo todo, mas faz parte!

Já ouvi gente dizer aquele jargão como justificativa para: divórcio e “curtição” da noite com
amigos. A realidade é que estamos cada vez mais EGOÍSTAS, ANSIOSOS E COM OS
NERVOS À FLOR DA PELE. O PERDÃO É O CAMINHO INVERSO DOS VALORES
DESTE MUNDO! E por mais que as pessoas falem que é um gesto sublime, poucas estão
dispostas a vivenciá-lo integralmente.

Por outro lado, a família foi projetada por Deus como um poderoso instrumento de auxílio na
cura de nosso egoísmo e soberba. Mas vamos ao tema:

O QUE O PERDÃO NÃO É?

1. O perdão não é um sentimento

Ele não é como o ódio, a inveja, a cobiça ou a paixão. O perdão deveria estar totalmente separado
de qualquer sentimento. CLARO QUE PEDIR PERDÃO ou receber poderá afetar e mudar nossos
sentimentos – MAS apenas depois que tomamos a decisão de perdoar.

2. Perdoar não é esquecer


Diferente do que alguém poderia pensar – Deus não esquece dos nossos pecados quando nos
perdoa. Ele decide: não mais se lembrar deles, nem mencioná-los no presente e nem no juízo

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final. E um dos grandes desafios que temos é de sermos seus imitadores. Mas tomando essas
atitudes divinas ELE nos ajudará a tornar indolor as memórias dolorosas aos poucos.

3. Perdoar não é desculpar


Desculpamos alguém quando comete um engano ou faz algo sem implicações morais. Por
exemplo: quebrou um prato, deu um número de telefone errado, colocou o pé e alguém tropeçou
nele e caiu. – OU SEJA: “você não teve culpa”!

Já o perdão envolve algo de errado que alguém fez contra nós conscientemente. É cancelar um
ato ou palavra que nosso cônjuge tenha falado grosseiramente contra nós, por exemplo, ou um
comportamento errado.

1. O CONFLITO É CRIA A OPORTUNIDADE DE EXPERIMENTAR A AÇÃO E O


PODER DE DEUS
31 Longe de vós, toda amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda malícia.
32 Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em
Cristo, vos perdoou.
ARA Ephesians 5:1 Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados;
2 e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus,

em aroma suave. Efésios 4:31-2

É nos conflitos que refinamos e fortalecemos nosso caráter. Temos a oportunidade de lembrar o
quão frágil somos, e o quanto devemos SER semelhantes a Jesus – e isto é possível quando
praticamos o perdão, mesmo em meio à provocação e frustração.

2. VISE A GLÓRIA DE DEUS


Isso é difícil em meio ao conflito: mas temos que lembrar que não NASCEMOS PARA SERMOS
FELIZES, mas para FAZER DEUS FELIZ, ou seja, que nosso prazer esteja em cumprir os seus
mandamentos e viver como ele quer que vivamos.

No conflito, devemos lembrar que estão aflorando de nosso coração as coisas mais perversas e
pecaminosas. É nessa hora que eu preciso lembrar da cruz de Cristo e de seu perdão. Nossas
emoções pecaminosas e impulsos (soberba, cólera, gritaria) devem ser subjugados a Cristo –
devemos imitá-lo.

Isto o ajudará, mesmo que seu cônjuge não atenda de imediato, uma vez que você está fazendo o
correto para a glória de Deus.

3. VEJA A TRAVE NO SEU OLHO


5 Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu olho e, então, verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
(Mat 7:5 ARA)

Raramente somos completamente inocentes no conflito. Por isso, depois de focar em Deus, é
preciso focar em si – não pra se justificar, mas para admitir as falhas no conflito. É desta forma
que Deus vai nos moldando à imagem de seu Filho!

Isso nos ajuda a resolver mais rápido o conflito, uma vez que podemos:

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1. Admitir nossos erros – se forem nossos, confessamos e pedimos perdão. (Exemplo de
TRAVES: o que falamos – sarcasmo, grosseria, reclamações, mentiras; como agimos:
omissão, preguiça, negligência, críticas sem amor; atitudes e motivações negativas,
egoístas etc.)
2. Mesmo que não sejamos o principal causador, pode ser que tenhamos colaborado para
aumentar o problema. E nosso cônjuge se desarmará.
3. Admitir erros pode ter um efeito calmante sobre o antagonista.

4. VÁ E MOSTRE O ERRO DO SEU IRMÃO


15 Se teu irmão pecar contra ti, vai argüi-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão. (Mat 18:15 ARA)

Temos que aprender que problemas precisam ser solucionados e não ignorados. Diante de um
conflito, não podemos ser arrogantes ou omissos. É preciso que nos vejamos como instrumentos
de Deus para ajudar o nosso cônjuge a resolver um problema que o está magoando.

Claro que devemos fazer isto de maneira amável, visando remover o fardo do cônjuge. Isso deve
ser feito em amor e de maneira planejada, o quanto antes! (não se ponha o sol sobre a vossa ira
– Ef. 4.26 - consultai no travesseiro o coração e sossegai. – Psa 4:4 ARA)

Não haja por impulso – NÃO SEJA “positivo”! CRIE (e não espere) o momento.

5. VÁ E RECONCILIE-SE
O padrão de reconciliação é o de Cristo: 12 e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos
nossos devedores; (Mat 6:12 ARA)

O perdão não é um CONCEITO EMOCIONAL, SENTIMENTO, ESQUECIMENTO,


INDULTO TEMPORÁRIO (Guardamos a ofensa pra usar em determinado momento).

Perdoar é tornar livre o nosso ofensor. Libertamos nosso cônjuge de estarem separados de nós.
Esse ato custa caro, claro! Quem disse que a graça foi de graça?

PROMESSAS QUE DEVEMOS FAZER A NÓS MESMOS DIANTE DE DEUS:


1. Eu não vou pensar mais sobre o ocorrido
2. Eu não vou mencionar mais o que ocorreu e usá-lo contra você
3. Eu não vou falar para outras pessoas sobre a ofensa
4. Eu não vou permitir que o ocorrido fique entre nós ou que prejudique o nosso relacionamento
pessoal.

CONCLUSÃO

Por mais dolorosa que seja o conflito, quando decidimos pelo caminho do perdão – conforme o
caminho das Escrituras – estaremos nos deixando moldar por Deus (nosso interior, coração,
atitudes), cuidando do nosso cônjuge e fortalecendo nosso casamento.

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