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ao Sol
Episódio 3
Matemática e o início da civilização
PROFESSORES
Lilio Alonso Paoliello Jr Matemática
Raimundo Nonato de Medeiros Jr Física
Sinopse do Programa
O documentário vai à Índia para mostrar uma
das maiores contribuições que aquela nação
deu à humanidade: o zero. O sucesso do siste-
ma de contagem indiano está na sua eficiência
para trabalhar tanto com números pequenos
quanto com números enormes. Eles consegui-
ram essa capacidade de representação porque
perceberam o valor do vazio, do nada. Criaram,
a partir daí, o conceito do zero e revolucionaram
a Matemática. Professores de Física e Matemá-
tica foram convidados para o programa “Sala de
Professor” e desenvolveram jogos e desafios que
mostrarão aos alunos o incrível valor do zero.
Apresentação
O documentário traça paralelos entre o de-
senvolvimento das primeiras civilizações e o
conhecimento matemático, sendo, neste episó-
dio, a Astronomia o tema principal. Apesar de
vivermos em um tempo em que até mesmo o
metro é determinado a partir da velocidade da
luz, o vídeo nos fará mergulhar no mundo da
antiga astronomia e conhecer como as pessoas
realizavam medições aparentemente impossíveis
para a época. Vamos também fazer um passeio
pela história da Matemática, percebendo que
essa ciência avança de forma proporcional aos
obstáculos que a humanidade necessita superar.
Um olhar para o documentário
a partir da matemática
O documentário que utilizamos como ponto de par- Neste projeto, optamos pela segunda forma. Por
tida para esta sequência didática mostra a evolução esta razão, recortaremos os temas tratados no
da Matemática ao longo do tempo. O tema é um documentário, apresentando pelo menos uma pos-
excelente instrumento motivador para iniciarmos sibilidade didática para cada um deles. Os assuntos
um curso de Matemática para alunos de Ensino não serão tratados na mesma sequência em que
Médio, ou um recurso para problematizar vários aparecem no documentário, já uma vez que não
conteúdos que envolvam conjuntos numéricos, mantêm relação de pré-requisito entre si.
análise combinatória e trigonometria.
Esta atividade poderá ser aplicada no 1º ano do principais funções na comunicação matemá-
Ensino Médio, introduzindo os conjuntos nu- tica. Durante a discussão, o professor poderá
méricos. Ela traz as seguintes etapas: levantar outras questões além daquelas suge-
ridas no início da aula e suscitar que estas tam-
1. Apresentação das questões:
bém sejam motivo de reflexão dos alunos.
� Quais foram as dificuldades encontradas pe-
Caso haja necessidade de se preparar para esta
las civilizações ao longo da história até institu-
sequência, sugerimos a leitura da dissertação
írem o zero como um elemento integrante da
de mestrado de Darice Lascala, principalmente
Matemática?
as partes 2.1 e 2.2, nas quais a autora coloca
� Como seria a nossa vida sem o zero?
� Todos os povos utilizam os mesmos símbolos os sentidos do zero. A dissertação está dispo-
para expressar quantidades? nível em: <www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dis-
� O que precisaríamos fazer se visitássemos um sertacao/darice_lascala_padrao.pdf>.
lugar que usasse símbolos matemáticos dife- 5. A seguir, como fechamento dessa atividade, o
rentes dos nossos? professor poderá continuar a sequência com a
2. Exibição da parte do vídeo que se refere ao exibição de um trecho do vídeo (de 38min35s a
tema. Indicamos os seguintes trechos: 1min29s 40min50s), mostrando mais uma aplicação do
a 3min32s; 9min a 13min20s; 25min a 34min59s. zero. Poderá ser discutida, por exemplo, a re-
presentação algébrica de um sistema de duas
3. Após a exibição dos trechos do vídeo, organize equações e duas incógnitas, que para resolução
os alunos em uma roda para discutir as questões é preciso “zerar” uma das incógnitas, chave do
apresentadas. Eleja dois alunos para anotarem método da adição para esse tipo de cálculo.
as principais colocações do grupo.
A avaliação deste tema poderá ser feita pela par-
4. Partindo do material anotado, sugerimos a ticipação dos alunos nas rodas de conversa e na
produção um texto coletivo sobre o tema “A produção do texto coletivo. Esse critério deverá
história dos números”. ser comunicado antes do início da atividade. Po-
O professor será mediador dessa produção derá ser dado um ponto para cada interferência
coletiva, garantindo que no texto sejam abor- positiva nas atividades. Um aluno poderá ficar en-
dados aspectos sobre a evolução das repre- carregado de realizar esse apontamento. Ao aluno
sentações numéricas, os tipos de números que que fizer o maior número de interferências positi-
aparecem no vídeo ou na discussão, os tipos vas, será atribuído 100% do valor da atividade. Os
de símbolos, a história do número zero e suas demais terão menção proporcional a esse valor.
Atividade sugerida para a introdução da análise Para trabalhar com o jogo em sala de aula, suge-
combinatória, geralmente ministrada no 2º ano rimos a seguinte metodologia:
do Ensino Médio.
1. Organizar a classe em grupos de 4 a 6 alunos;
A Torre de Hanói é um quebra-cabeça composto
de uma base com três pinos. Em um deles são 2. Entregar o material para o jogo Torre de Hanói,
dispostos até sete discos de diâmetros diferen- com apenas três discos;
tes, uns sobre os outros, em ordem crescente 3. Colocar o problema para os grupos: como pas-
de diâmetro. sar todos os discos de um pino para o outro,
de maneira que um disco maior nunca fique em
cima de outro menor em nenhuma situação?
Quantas ações de mudanças dos discos de
um pino a outro devem ser feitas para resolver
cada problema?
Oriente os grupos para que registrem as ações
feitas nas passagens dos discos de um pino
para o outro, o que pode ser feito por meio de
uma tabela para acompanhar as jogadas:
Esta atividade é dirigida para o 1º ou 2º ano do � Solicite que apresentem suas propostas. Em
Ensino Médio na introdução de Trigonometria, cada uma delas, você deverá comentar pos-
e será base para a proposta interdisciplinar e sibilidades e impossibilidades do método. Por
parte da seguinte sequência: exemplo, medir com metro a altura do prédio
traria dificuldades de acesso (como subir, como
� Leve a turma para a parte externa da escola colocar o metro na parede da construção etc.)?
ou para um local próximo em que haja uma
construção com altura superior a 10 metros. � Se algum aluno indicar o método de Tales,
aproveite para iniciar a medição aproveitando
Cada aluno deverá levar material para ano-
essa ideia. Caso contrário, retorne à classe
tações. Peça a eles, com antecedência, que
para fazer a exposição do método de Tales:
providenciem régua e/ou fita métrica para
essa aula. “Por volta de 600a.C., Tales de Mileto (640a.C. -
550a.C.) surpreendeu o faraó Amasis por se ter
� Proponha a seguinte situação-problema: oferecido para determinar a altura da pirâmide
Supondo que uma empresa de propaganda de Quéops, sem ser necessário escalá-la.
queira criar uma faixa para ser colocada na la- Tales procedeu do seguinte modo: foi até a
teral do prédio para anunciar um produto, qual extremidade da sombra projetada pela grande
deverá ser a altura dessa faixa? pirâmide e cravou uma estaca no solo na verti-
cal. A altura da pirâmide e a sua sombra seriam
� Marque o tempo de 15min para que discutam o os lados de um triângulo retângulo e o mesmo
problema em grupos de no máximo 4 alunos. aconteceria com a estaca e a sua sombra.”
� Retorne à parte externa da escola para realizar Traga a questão aos alunos: por que escolher
a atividade baseada no método de Tales. Utili- esse tipo de triângulo? Certamente, responde-
ze um objeto para ser a vareta, como um lápis. rão que a medida da distância ao observador
Escolha um horário em que a luz do sol projete que enxerga a árvore “totalmente escondida”
uma sombra adequada para medição. Não reali- pela primeira haste do instrumento é igual à
zar a medição em horários próximos ao meio-dia. altura da árvore.
Comente que é possível trabalhar também
� Volte à classe e exiba o trecho do vídeo (13min. com outros ângulos, fazendo a relação entre
20s a 17min.) em que é apresentada outra for- o cateto oposto ao ângulo de observação e a
ma de medição, baseada em cálculos que po- hipotenusa do triângulo. Destaque que essa
dem introduzir os estudos de Trigonometria. relação é o seno de um ângulo (a razão entre
� Após a exibição do vídeo, peça para que os o cateto oposto e a hipotenusa).
alunos descrevam o método utilizado pelo apre- � Proponha que os alunos repitam essa experi-
sentador do documentário, ressaltando o que ência para medir a altura da construção medi-
há de comum entre esse método e o de Tales. da com a aplicação do método de Tales.
� Repita as cenas do vídeo em que o apresen- Para isso, discuta como podem produzir um ins-
tador mostra um instrumento de fácil cons- trumento semelhante ao utilizado no documentá-
trução para calcular a medidas inacessíveis, rio. As medidas das hastes e das distâncias entre
utilizando triângulos retângulo e isósceles. as hastes devem ser discutidas pelos alunos, or-
ganizados em grupos de quatro estudantes.
� Marque para a próxima aula a construção desse
instrumento. Peça para que tragam o material
que acharem adequado para essa construção.
� Na aula seguinte, volte ao campo para fazer
as medições com o aparelho construído pelos
grupos. Eles devem fazer anotações adequa-
das para serem discutidas pela classe.
� No retorno à sala, monte uma roda de discus-
são para comparar as medições realizadas pe-
los grupos em cada método. Discuta qual de-
les apresenta maior praticidade na execução.
� Para este trabalho, sugerimos também a uti-
lização de aplicativos que trazem os mesmos
Circunferência da Terra
Um dia, Erastóstenes (bibliotecário chefe da que ocorria em Siena, uma vareta em Alexandria
grande biblioteca de Alexandria) leu em um per- produzia uma sombra.
gaminho um relato de que em Siena, hoje Assuão, Diante disso, Erastóstenes cogitou duas hipóteses
ao meio-dia do solstício de verão, a luz do sol era para explicar o fenômeno. Ou (1) a Terra é plana e
refletida pela água no fundo de um poço, e que no o Sol está muito próximo, de modo que seus raios
mesmo instante uma coluna não formava som- seriam divergentes, ou (2) a Terra é esférica e o Sol
bra. Contudo, ele observou que, ao contrário do está tão distante, que seus raios chegam paralelos.
1 a HIPÓTESE 2 a HIPÓTESE
Alexandria
Raios divergentes
Siena
α1 α2 α3
Alexandria Siena
Ele acabou optando pela segunda hipótese, uma Com base nesta hipótese e nas informações dos
vez que havia indícios provenientes da navega- pergaminhos, ele inferiu um meio de calcular o
ção de que a Terra era curva. comprimento da circunferência da Terra:
veja mais
Raio da Terra, RIVED – Rede Internacional Virtual de Educação. Disponível em: <rived.mec.gov.br>.
UMA CONVERSA
ENTRE AS DISCIPLINAS
Os professores de Física e Matemática podem tra- Como é pouco provável encontrar duas escolas em
balhar conjuntamente em um projeto que convide os cidades diferentes que coincidentemente estejam lo-
alunos a realizarem a medida da circunferência da Ter- calizadas no mesmo meridiano, e também para que
ra, tal como Erastóstenes fez há mais de 2000 anos. não seja necessário esperar pelo solstício de verão,
a atividade poderá sofrer adaptações. É imprescin-
Para isso, é necessário contar com a participação dível que as medidas sejam realizadas no horário do
de uma escola parceira que esteja em um paralelo meio-dia solar da região, e que na distância entre as
terrestre diferente; quanto maior a distância, maior cidades seja utilizado o menor valor entre os para-
será a precisão da medida. O ideal seria que as me- lelos das duas escolas. Essa distância poderá ser
didas fossem realizadas no solstício de verão, e que determinada com o auxílio do Google Earth.
as duas escolas estivessem no mesmo meridiano.
Pesquise em um site a previsão do tempo para a
sua região e selecione três datas para fazer as me-
dições. Atente para a importância de realizar várias
medidas, uma vez que as condições climáticas
podem não ser favoráveis.
B B
tamanho da sombra
ESCOLA A
ESCOLA B
Observe que geometricamente o ângulo α é a diferença entre os ângulos medidos por cada escola.
ɑ ɑ
B B
ɑ2 ɑ2
ɑ
A A
ɑ1 ɑ2
distância entre
latitude longitude medida 1 medida 2 medida 3
paralelos
ESCOLA A
ESCOLA B
ɑ = ɑ1 - ɑ2
Livros e Revistas
HEWITT, P. G. Física conceitual. Tradução por Trieste Freire Ricci. Porto Alegre: Bookman, 2011.
PADRÃO, Darice Lascala. A origem do zero. São Paulo: PUC, 2008. Dissertação de mestrado. Disponível em: <www.
pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao/darice_lascala_padrao.pdf>. Acesso em 20 de outubro de 2012.
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