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Do Zero

ao Sol

Episódio 3
Matemática e o início da civilização

PROFESSORES
Lilio Alonso Paoliello Jr Matemática
Raimundo Nonato de Medeiros Jr Física
Sinopse do Programa
O documentário vai à Índia para mostrar uma
das maiores contribuições que aquela nação
deu à humanidade: o zero. O sucesso do siste-
ma de contagem indiano está na sua eficiência
para trabalhar tanto com números pequenos
quanto com números enormes. Eles consegui-
ram essa capacidade de representação porque
perceberam o valor do vazio, do nada. Criaram,
a partir daí, o conceito do zero e revolucionaram
a Matemática. Professores de Física e Matemá-
tica foram convidados para o programa “Sala de
Professor” e desenvolveram jogos e desafios que
mostrarão aos alunos o incrível valor do zero.

Apresentação
O documentário traça paralelos entre o de-
senvolvimento das primeiras civilizações e o
conhecimento matemático, sendo, neste episó-
dio, a Astronomia o tema principal. Apesar de
vivermos em um tempo em que até mesmo o
metro é determinado a partir da velocidade da
luz, o vídeo nos fará mergulhar no mundo da
antiga astronomia e conhecer como as pessoas
realizavam medições aparentemente impossíveis
para a época. Vamos também fazer um passeio
pela história da Matemática, percebendo que
essa ciência avança de forma proporcional aos
obstáculos que a humanidade necessita superar.
Um olhar para o documentário
a partir da matemática

O documentário que utilizamos como ponto de par- Neste projeto, optamos pela segunda forma. Por
tida para esta sequência didática mostra a evolução esta razão, recortaremos os temas tratados no
da Matemática ao longo do tempo. O tema é um documentário, apresentando pelo menos uma pos-
excelente instrumento motivador para iniciarmos sibilidade didática para cada um deles. Os assuntos
um curso de Matemática para alunos de Ensino não serão tratados na mesma sequência em que
Médio, ou um recurso para problematizar vários aparecem no documentário, já uma vez que não
conteúdos que envolvam conjuntos numéricos, mantêm relação de pré-requisito entre si.
análise combinatória e trigonometria.

Tema 1 – História dos números

Esta atividade poderá ser aplicada no 1º ano do principais funções na comunicação matemá-
Ensino Médio, introduzindo os conjuntos nu- tica. Durante a discussão, o professor poderá
méricos. Ela traz as seguintes etapas: levantar outras questões além daquelas suge-
ridas no início da aula e suscitar que estas tam-
1. Apresentação das questões:
bém sejam motivo de reflexão dos alunos.
� Quais foram as dificuldades encontradas pe-
Caso haja necessidade de se preparar para esta
las civilizações ao longo da história até institu-
sequência, sugerimos a leitura da dissertação
írem o zero como um elemento integrante da
de mestrado de Darice Lascala, principalmente
Matemática?
as partes 2.1 e 2.2, nas quais a autora coloca
� Como seria a nossa vida sem o zero?
� Todos os povos utilizam os mesmos símbolos os sentidos do zero. A dissertação está dispo-
para expressar quantidades? nível em: <www.pucsp.br/pos/edmat/mp/dis-
� O que precisaríamos fazer se visitássemos um sertacao/darice_lascala_padrao.pdf>.
lugar que usasse símbolos matemáticos dife- 5. A seguir, como fechamento dessa atividade, o
rentes dos nossos? professor poderá continuar a sequência com a
2. Exibição da parte do vídeo que se refere ao exibição de um trecho do vídeo (de 38min35s a
tema. Indicamos os seguintes trechos: 1min29s 40min50s), mostrando mais uma aplicação do
a 3min32s; 9min a 13min20s; 25min a 34min59s. zero. Poderá ser discutida, por exemplo, a re-
presentação algébrica de um sistema de duas
3. Após a exibição dos trechos do vídeo, organize equações e duas incógnitas, que para resolução
os alunos em uma roda para discutir as questões é preciso “zerar” uma das incógnitas, chave do
apresentadas. Eleja dois alunos para anotarem método da adição para esse tipo de cálculo.
as principais colocações do grupo.
A avaliação deste tema poderá ser feita pela par-
4. Partindo do material anotado, sugerimos a ticipação dos alunos nas rodas de conversa e na
produção um texto coletivo sobre o tema “A produção do texto coletivo. Esse critério deverá
história dos números”. ser comunicado antes do início da atividade. Po-
O professor será mediador dessa produção derá ser dado um ponto para cada interferência
coletiva, garantindo que no texto sejam abor- positiva nas atividades. Um aluno poderá ficar en-
dados aspectos sobre a evolução das repre- carregado de realizar esse apontamento. Ao aluno
sentações numéricas, os tipos de números que que fizer o maior número de interferências positi-
aparecem no vídeo ou na discussão, os tipos vas, será atribuído 100% do valor da atividade. Os
de símbolos, a história do número zero e suas demais terão menção proporcional a esse valor.

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Tema 2 - Torre de Hanói

Atividade sugerida para a introdução da análise Para trabalhar com o jogo em sala de aula, suge-
combinatória, geralmente ministrada no 2º ano rimos a seguinte metodologia:
do Ensino Médio.
1. Organizar a classe em grupos de 4 a 6 alunos;
A Torre de Hanói é um quebra-cabeça composto
de uma base com três pinos. Em um deles são 2. Entregar o material para o jogo Torre de Hanói,
dispostos até sete discos de diâmetros diferen- com apenas três discos;
tes, uns sobre os outros, em ordem crescente 3. Colocar o problema para os grupos: como pas-
de diâmetro. sar todos os discos de um pino para o outro,
de maneira que um disco maior nunca fique em
cima de outro menor em nenhuma situação?
Quantas ações de mudanças dos discos de
um pino a outro devem ser feitas para resolver
cada problema?
Oriente os grupos para que registrem as ações
feitas nas passagens dos discos de um pino
para o outro, o que pode ser feito por meio de
uma tabela para acompanhar as jogadas:

Ação Descrição Por quê?

Colocar o menor Para ter acesso


1
Torre de Hanói. disco no 2º pino ao maior disco

Esse jogo pode ser adquirido em lojas de brin-


quedos educativos ou ser construído pelos alu-
nos, que, neste caso, precisarão de: Observe como os alunos solucionam o pro-
blema e traga perguntas que encaminhem as
� Uma base de madeira ou papelão onde de-
jogadas seguintes.
vem ser fixadas 3 hastes que servirão como
pinos para a colocação dos discos. Marque o tempo de 10 minutos para a solução
do problema. Se não for suficiente, prorrogue
� As hastes podem ser feitas com um grande pa-
o prazo de maneira que pelo menos dois gru-
rafuso fixado na base ou em papelão, depois
pos tenham concluído a atividade.
colados à base feita com o mesmo material.
4. Posteriormente, solicite que um dos grupos
� Os sete discos precisam ter um furo no meio,
leia as suas anotações. Reconstrua formas de
de forma a permitir que sejam encaixados nas
escrita que não ficaram claras, trazendo ma-
hastes. Podem ser feitos de cartolina ou ma-
neiras de melhorar os registros.
teriais com forma circular (CD, mini disc, “bo-
lacha” de suporte para garrafas de bebidas, Pergunte se algum grupo fez anotações dife-
entre outros podem ser aproveitados, de ma- rentes e intervenha para relacionar as formas
neira que seus diâmetros sejam todos diferen- apresentadas.
tes, não importando as medidas).
5. Entregue mais um disco para cada grupo e
� A altura das hastes deve ser maior que a soma proponha que façam a mesma atividade.
das espessuras dos discos.
Repita os passos anteriores feitos para o jogo
Esse quebra-cabeça também pode ser encon- com três discos.
trado como objeto virtual nos endereços sugeri-
dos no final desta ficha. Nestes links há explica- 6. Entregue mais 1 disco para um dos grupos, mais
ções sobre como proceder com o jogo. dois discos para outro e mais três discos para um

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terceiro grupo. Se a classe tiver mais de três gru- de ações a serem realizadas com o número
pos, repita essa entrega para os demais grupos. de peças sugerido, nem que dedicássemos
nossa vida a apenas jogar com a torre. Sa-
É possível prever quantas ações devem ser liente que este é o principal objetivo da Aná-
feitas, baseando-se no jogo feito com 3 ou 4 lise Combinatória: prever quantidades sem as
discos? Como podemos pensar em uma forma ações desencadeadas pelos acontecimentos,
para resolver esse problema sem fazer o jogo? como forma de prever ou de analisar fatos que
Marque o tempo de 15 minutos para a solu- tenham correspondência com quantidades,
ção do problema. usando o Princípio multiplicativo e o Princípio
da indução finita.
Solicite que cada grupo apresente sua solução.
A avaliação das atividades desse tema poderá
7. O trecho do vídeo que trata do problema da ser feita por atribuição de pontos ao grupo em
Torre de Hanói (19min12s a 22min55s) deverá cada fase do jogo e na formulação de respos-
ser exibido. tas às situações-problema propostas. Sugeri-
mos que seja atribuído 60% do valor da ativi-
8. Organize a classe em roda, discutindo a solu-
dade à tabela de registros, e 40% ao conjunto
ção proposta por eles em contraponto à solu-
de respostas às situações. Se a Torre de Hanói
ção proposta no documentário.
for construída pelos grupos, esse trabalho valerá
9. Feche a sequência comentando a questão da 20% do valor da atividade para os grupos. Desta
inacessibilidade. Sem a fórmula apresentada forma, as fases anteriores teriam 50% e 30% do
no vídeo, seria impossível calcular o número valor total da atividade.

Tema 3 - Teorema de Tales e relações trigonométricas no triângulo retângulo

Esta atividade é dirigida para o 1º ou 2º ano do � Solicite que apresentem suas propostas. Em
Ensino Médio na introdução de Trigonometria, cada uma delas, você deverá comentar pos-
e será base para a proposta interdisciplinar e sibilidades e impossibilidades do método. Por
parte da seguinte sequência: exemplo, medir com metro a altura do prédio
traria dificuldades de acesso (como subir, como
� Leve a turma para a parte externa da escola colocar o metro na parede da construção etc.)?
ou para um local próximo em que haja uma
construção com altura superior a 10 metros. � Se algum aluno indicar o método de Tales,
aproveite para iniciar a medição aproveitando
Cada aluno deverá levar material para ano-
essa ideia. Caso contrário, retorne à classe
tações. Peça a eles, com antecedência, que
para fazer a exposição do método de Tales:
providenciem régua e/ou fita métrica para
essa aula. “Por volta de 600a.C., Tales de Mileto (640a.C. -
550a.C.) surpreendeu o faraó Amasis por se ter
� Proponha a seguinte situação-problema: oferecido para determinar a altura da pirâmide
Supondo que uma empresa de propaganda de Quéops, sem ser necessário escalá-la.
queira criar uma faixa para ser colocada na la- Tales procedeu do seguinte modo: foi até a
teral do prédio para anunciar um produto, qual extremidade da sombra projetada pela grande
deverá ser a altura dessa faixa? pirâmide e cravou uma estaca no solo na verti-
cal. A altura da pirâmide e a sua sombra seriam
� Marque o tempo de 15min para que discutam o os lados de um triângulo retângulo e o mesmo
problema em grupos de no máximo 4 alunos. aconteceria com a estaca e a sua sombra.”

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fÓrmula:
X = altura da pirâmide
A = metade do lado da base da pirâmide X A+B
Y = altura da estaca =
B = distância da extremidade da sombra C = comprimento da sombra da estaca Y C
à base da pirâmide

� Retorne à parte externa da escola para realizar Traga a questão aos alunos: por que escolher
a atividade baseada no método de Tales. Utili- esse tipo de triângulo? Certamente, responde-
ze um objeto para ser a vareta, como um lápis. rão que a medida da distância ao observador
Escolha um horário em que a luz do sol projete que enxerga a árvore “totalmente escondida”
uma sombra adequada para medição. Não reali- pela primeira haste do instrumento é igual à
zar a medição em horários próximos ao meio-dia. altura da árvore.
Comente que é possível trabalhar também
� Volte à classe e exiba o trecho do vídeo (13min. com outros ângulos, fazendo a relação entre
20s a 17min.) em que é apresentada outra for- o cateto oposto ao ângulo de observação e a
ma de medição, baseada em cálculos que po- hipotenusa do triângulo. Destaque que essa
dem introduzir os estudos de Trigonometria. relação é o seno de um ângulo (a razão entre
� Após a exibição do vídeo, peça para que os o cateto oposto e a hipotenusa).
alunos descrevam o método utilizado pelo apre- � Proponha que os alunos repitam essa experi-
sentador do documentário, ressaltando o que ência para medir a altura da construção medi-
há de comum entre esse método e o de Tales. da com a aplicação do método de Tales.
� Repita as cenas do vídeo em que o apresen- Para isso, discuta como podem produzir um ins-
tador mostra um instrumento de fácil cons- trumento semelhante ao utilizado no documentá-
trução para calcular a medidas inacessíveis, rio. As medidas das hastes e das distâncias entre
utilizando triângulos retângulo e isósceles. as hastes devem ser discutidas pelos alunos, or-
ganizados em grupos de quatro estudantes.
� Marque para a próxima aula a construção desse
instrumento. Peça para que tragam o material
que acharem adequado para essa construção.
� Na aula seguinte, volte ao campo para fazer
as medições com o aparelho construído pelos
grupos. Eles devem fazer anotações adequa-
das para serem discutidas pela classe.
� No retorno à sala, monte uma roda de discus-
são para comparar as medições realizadas pe-
los grupos em cada método. Discuta qual de-
les apresenta maior praticidade na execução.
� Para este trabalho, sugerimos também a uti-
lização de aplicativos que trazem os mesmos

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conceitos de Trigonometria no triângulo re-
tângulo, indicados na parte final desta ficha. ETAPAS
� Como fechamento, proponha uma lista de
cinco exercícios sobre cálculos de distân- Tema 1 – apresentação do trecho indicado do
vídeo roda de conversa, produção do texto
cias inacessíveis, que poderão ser resolvi- coletivo;
dos por qualquer um dos métodos.
Tema 2 – jogadas da Torre de Hanói com até 3
� Para dar continuidade à abertura de estu- discos, discussão dos registros, jogadas com
dos sobre Trigonometria, traga outro trecho até 5 discos, discussão dos registros, apre-
do documentário (17min. a 18min. 25s.) para sentação do trecho indicado do vídeo, relação
com estudos de análise combinatória (princípio
mostrar outras possibilidades de cálculos de multiplicativo, princípio da indução finita);
distância. Estes serão explorados na parte in-
terdisciplinar. Tema 3 – medida de distância inacessível em
campo, apresentação do método de Tales,
� Para avaliar as atividades relativas a esse aplicação do método de Tales em campo,
tema, sugerimos a atribuição de 20% dos apresentação do trecho indicado do vídeo,
pontos totais à fase exploratória de medida, aplicação do método dos ângulos em campo,
discussão comparativa entre os métodos,
mediante análise dos registros feitos pelo resolução de exercícios.
grupo e observação do professor. O valor de
30% poderá ser dado à aplicação do mé-
todo de Tales, e também 30% à aplicação
do seno. A lista de exercícios finais pode ter
valor de 10% do total de pontos.
veja mais

Torres de Hanói. Disponível em: <portaldopro-


MATERIAL fessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=11302>.
Acesso em 25 de outubro de 2012.

Princípio multiplicativo. Disponível em: <crv.


Documentário; educacao.mg.gov.br/sistema_crv/banco_obje-
tos_crv/EM_Principio_multiplicativo.pdf>.
Papel craft (1m X 1m) para registro do texto
coletivo (Tema 1); O princípio de indução infinita. Disponível em:
<ecalculo.if.usp.br/ferramentas/pif/pif.htm>.
Torre de Hanói (Tema 2);
Semejanza y homotecia. Disponível em:
Régua, fita métrica, metro, madeira ou papelão, <portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.ht-
transferidor, cola, tesoura (Tema 3). ml?id=21091>. Acesso em 22 de outubro de 2012.

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Um olhar para o documentário
a partir da física

A contribuição da Física para a compreensão do Após o documentário, recomenda-se que o profes-


documentário está relacionada com as primeiras sor faça uma breve exposição para os seus alunos
medidas astronômicas realizadas pelo ser huma- (preferencialmente turmas que estejam iniciando
no.Isso significa que, ou seja, trabalharemos os a 1ª série do Ensino Médio) sobre os conceitos e
conceitos básicos de Astronomia. métodos de medida a seguir:

Circunferência da Terra

Um dia, Erastóstenes (bibliotecário chefe da que ocorria em Siena, uma vareta em Alexandria
grande biblioteca de Alexandria) leu em um per- produzia uma sombra.
gaminho um relato de que em Siena, hoje Assuão, Diante disso, Erastóstenes cogitou duas hipóteses
ao meio-dia do solstício de verão, a luz do sol era para explicar o fenômeno. Ou (1) a Terra é plana e
refletida pela água no fundo de um poço, e que no o Sol está muito próximo, de modo que seus raios
mesmo instante uma coluna não formava som- seriam divergentes, ou (2) a Terra é esférica e o Sol
bra. Contudo, ele observou que, ao contrário do está tão distante, que seus raios chegam paralelos.

1 a HIPÓTESE 2 a HIPÓTESE

Alexandria

Raios divergentes
Siena

α1 α2 α3

Alexandria Siena

Ele acabou optando pela segunda hipótese, uma Com base nesta hipótese e nas informações dos
vez que havia indícios provenientes da navega- pergaminhos, ele inferiu um meio de calcular o
ção de que a Terra era curva. comprimento da circunferência da Terra:

8 episódio 3: matemática e o início da civilização sala de professor


Substituindo os valores originais na equação anterior:
O valor do ângulo encontrado pela sombra
e altura da vareta: 360 ˚
C= . 785km => C = 39250km
7,2˚
Raios solares

A partir do valor da circunferência da Terra é


L’ L possível determinar o seu raio:
Ѳ
Alexandria S Siena
39250km
C = 2πR => R = => R = 6247km

R (atualmente: R = 6378km)
Ѳ

O método utilizado por Erastóstenes obteve ex-


celente valor para o raio terrestre, se conside-
rarmos os erros de medidas, principalmente na
distância entre as cidades, e ao fato de ele ter
C considerado o Sol como uma fonte luminosa
pontual e infinitamente distante.
L’
tgѲ = => Ѳ = 7,2˚ (atualmente: Ѳ = 7,08˚) Como o Sol (e também a Lua) se comporta como
L
fonte luminosa extensa, apresentando um ângulo
Fazendo a proporção: C = 360˚ 360˚ visual de 0,52º, a precisão do ângulo medido por
=> C = .S
S Ѳ Ѳ Erastóstenes ficou comprometida devido à forma-
ção de uma penumbra que certamente dificultou a
Na época, supunha-se que a distância entre medida da sombra da vareta. Além disso, Newton
Alexandria e Siena era de 785km (o valor atual é demonstrou que a Terra não era uma esfera devido
dado em 729km). ao pequeno achatamento nos polos de 0,3%.

Distância da Terra ao Sol

Aristarco observou que quando a Lua encon-


tra-se na fase de quarto crescente ou quarto
Crescente
minguante, ela forma juntamente com o Sol e
a Terra um triângulo retângulo em que o ângulo
reto está no vértice da Lua. Sol
Terra α
A partir disso ele percebeu que descobrindo o va-
lor do ângulo α, encontraria a distância da Terra ao α
Sol (TS) em função da distância da Terra à Lua (TL).
Tomando como base o mês sinódico lunar, que
corresponde a 29,53 dias, Aristarco mediu quanto Minguante
tempo a Lua leva do quarto minguante até o quarto
crescente, chegando ao valor de 14,25 dias.

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Montando a proporção, é possível chegar ao Distância da Terra à Lua
valor do ângulo α:
A fim de concluir o cálculo da distância da Terra
360˚ 2ɑ
= => ɑ = 87˚ ao Sol (TS), o professor também poderá propor
29,53 dias 14,25 dias que seus alunos determinem experimentalmen-
(atualmente: ɑ = 89,85˚) te a distância entre a Terra e a Lua (TL). Neste
caso, proceda com os seguintes passos:
De posse do ângulo α, calcula-se a distância
entre a Terra e o Sol: Pesquise em um calendário lunar o dia e
hora da próxima Lua cheia;

Meça o diâmetro de uma moeda;

Antes da hora prevista, prenda a moeda


em uma janela de vidro transparente que
fique na direção do nascimento da Lua.
Caso seja possível, construa um suporte
Como atividade, seria interessante refazer o para a moeda e vá para um campo aberto;
cálculo do ângulo α pesquisando em calendá-
Afaste-se da moeda até que ela tenha co-
rios lunares a hora em que a Lua se encontra
berto totalmente a Lua logo quando nascer,
nas fases de quarto minguante e quarto cres-
ainda no horizonte;
cente. A seguir temos dois exemplos:
Peça para que alguém meça com um bar-
Minguante crescente bante a distância entre seu olho e a moeda.
Intervalo
de tempo
14,65 dias Com os dados do diâmetro da moeda, da distân-
cia dela ao seu olho, e sabendo ainda que o diâme-
ɑ (ângulo) 89˚ tro da Lua é de 3476 km, em uma proporção será
possível calcular a distância da Terra à Lua (TL).
Data 30/08/2002 13/09/2002

Horário Diâmetro do Sol


23:31 15:08
(UTC-3)
Intervalo
de tempo
14,27 dias Com o resultado da distância entre a Terra e o Sol
(TS) é possível encontrar o diâmetro do Sol por
ɑ (ângulo) 87˚ (valor de Aristarco) meio de um método que não seja necessário olhar
diretamente para o Sol. Acompanhe as etapas:
Data 08/09/2012 22/09/2012
Com um alfinete, faça um furo em uma car-
Horário
(UTC-3)
10:15 16:41 tolina;

Quando o Sol estiver no ponto mais alto do


Observe que os resultados encontrados são céu (zênite), mantenha a cartolina horizontal-
diferentes por causa das peculiaridades do mente ao solo, deixe a luz solar atravessar o
movimento da Lua em cada época. Em seu furo formando uma imagem do Sol no chão;
método, Aristarco admitiu que a velocidade
da Lua em torno da Terra era constante, que Peça a alguém para medir com um barban-
a órbita da Lua seria circular e em um mesmo te o diâmetro desta imagem e a altura do
plano. Desprezou ainda o movimento de trans- solo até a cartolina;
lação da Terra em torno do Sol e, por fim, utili-
zou um valor médio para o mês sinódico lunar. Com os dados do diâmetro da imagem do Sol,
Essas considerações geram uma pequena va- da distância da cartolina ao solo e da distância da
riação no ângulo α, que por sua vez ocasiona Terra ao Sol (cerca de 150 milhões de km), monte
um enorme erro na relação TS/TL. a proporção e descubra o diâmetro do Sol.

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MATERIAL ETAPAS

Caderno, lápis, computador com acesso à Exposição sobre o desenvolvimento dos


internet; cálculos astronômicos: circunferência da Terra,
distância da Terra ao Sol e distância entre a
Calendário lunar, moeda, transferidor; Terra e a Lua;

Medições: distância da Terra ao Sol; distância


Cartolina, alfinete e barbante. entre a Terra e a Lua e diâmetro do Sol.

veja mais

Raio da Terra, RIVED – Rede Internacional Virtual de Educação. Disponível em: <rived.mec.gov.br>.

UMA CONVERSA
ENTRE AS DISCIPLINAS

Os professores de Física e Matemática podem tra- Como é pouco provável encontrar duas escolas em
balhar conjuntamente em um projeto que convide os cidades diferentes que coincidentemente estejam lo-
alunos a realizarem a medida da circunferência da Ter- calizadas no mesmo meridiano, e também para que
ra, tal como Erastóstenes fez há mais de 2000 anos. não seja necessário esperar pelo solstício de verão,
a atividade poderá sofrer adaptações. É imprescin-
Para isso, é necessário contar com a participação dível que as medidas sejam realizadas no horário do
de uma escola parceira que esteja em um paralelo meio-dia solar da região, e que na distância entre as
terrestre diferente; quanto maior a distância, maior cidades seja utilizado o menor valor entre os para-
será a precisão da medida. O ideal seria que as me- lelos das duas escolas. Essa distância poderá ser
didas fossem realizadas no solstício de verão, e que determinada com o auxílio do Google Earth.
as duas escolas estivessem no mesmo meridiano.
Pesquise em um site a previsão do tempo para a
sua região e selecione três datas para fazer as me-
dições. Atente para a importância de realizar várias
medidas, uma vez que as condições climáticas
podem não ser favoráveis.
B B

A O próximo passo será localizar cada escola no


A Google Earth para obter as suas respectivas latitu-
des e longitudes.

sala de professor episódio 3: matemática e o início da civilização 11


Com os dias escolhidos e com os dados de lati- O aplicativo também fornece o valor teórico do ân-
tude e longitude corretos, é possível determinar o gulo α e da sombra que será medida pelos alunos.
horário do meio-dia solar local no endereço dispo- Determinado o horário, cada escola deverá medir a
nível em: <isheyevo.ens-lyon.fr/eaae/groupspace/ sombra de uma vareta vertical de um metro sobre
eratosthene/help-for-calculations/anywhere>. um solo horizontal e preencher a tabela a seguir:

tamanho da sombra

DATA MEDIÇÃO 1 DATA MEDIÇÃO 2 DATA MEDIÇÃO 3

ESCOLA A

ESCOLA B

Observe que geometricamente o ângulo α é a diferença entre os ângulos medidos por cada escola.

ɑ ɑ
B B

ɑ2 ɑ2

ɑ
A A

ɑ1 ɑ2

Após a conclusão dos cálculos, expresse os resultados na tabela seguinte:

distância entre
latitude longitude medida 1 medida 2 medida 3
paralelos

ESCOLA A

ESCOLA B

ɑ = ɑ1 - ɑ2

Tamanho do Meridiano Terrestre (km)

Caso o professor tenha dificuldade em encontrar


uma escola parceira, ele poderá realizar o expe-
veja mais
rimento através do site do Projeto Erastóstenes.
Neste site, alunos de diversas escolas em latitudes
diferentes podem se comunicar com o objetivo Projeto Erastóstenes. Disponível em: <https://
de refazer o experimento de Erastóstenes para a sites.google.com/site/projetoerato/>.
medida da circunferência da Terra.`

12 episódio 3: matemática e o início da civilização sala de professor


SUGESTÕES DE LEITURA E OUTROS RECURSOS

Livros e Revistas
HEWITT, P. G. Física conceitual. Tradução por Trieste Freire Ricci. Porto Alegre: Bookman, 2011.

PADRÃO, Darice Lascala. A origem do zero. São Paulo: PUC, 2008. Dissertação de mestrado. Disponível em: <www.
pucsp.br/pos/edmat/mp/dissertacao/darice_lascala_padrao.pdf>. Acesso em 20 de outubro de 2012.

sites e outros recursos


A geometria e as distâncias astronômicas na Grécia Antiga. Disponível em: <http://www.mais.mat.br/recursos/ima-
ges/c/c4/Medidas_astronomicas.pdf> Acesso em 04 de novembro de 2012.

Medindo a Terra com sombras. Disponível em: <http://faraday.fc.up.pt/spf_norte/actividades/medindo-a-terra-com-


sombras/eratostenes. pdf>. Acesso em 04 de novembro de 2012.

Erastóstenes e a medida do diâmetro da Terra. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_


F809_F895/F809/F809_sem2_2002/940298_AndreVinagre_Eratostenes.pdf>. Acesso em 04 de novembro de 2012.

Como se media a distância até o Sol. Disponível em: <http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/


F809/F809_sem2_2008/AndressaC-CarolaRama_RF1.pdf>. Acesso em 04 de novembro de 2012.

Atividade de Tales. Disponível em: <http://sempreamathematicar.blogspot.com.br/2010/01/aplicacoes-da-semelhanca-


de-triangulos.html>. Acesso em 20 de outubro de 2012.

Atividade Torre de Hanói. Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnica.html?id=11302>. Acesso


em 25 de outubro de 2012.

Atividade de Trigonometria. GeoGebra. Disponível em: <http://www.geogebra.org/webstart/geogebra.html>. Acesso


em 22 de outubro de 2012.

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Um documentário da TV Escola. Um ponto
de partida para grandes trabalhos com os
alunos. Assim é o Sala de Pofessor. O progra-
ma incentiva os professores de Ensino Médio
a desenvolverem projetos que mudem a roti-
FOTO na em sala de aula. Em cada programa, dois
professores convidados criam um projeto a
partir de documentários exibidos na TV Es-
cola. São sempre propostas e experimentos
inovadores, que podem ser reaplicados em
qualquer escola do país.

Os trabalhos apresentados são detalhados


em dicas pedagógicas como essa e ficam
disponíveis no site da TV Escola. Os profes-
sores também podem usar as artes criadas
para o programa: são animações, tabelas,
mapas e infográficos que tornam os con-
teúdos mais visuais e interativos. As dicas
pedagógicas e as computações gráficas fo-
ram transformadas em fascículos interativos
para tablets. E o professor também pode
navegar pelo material extra do programa no
blog do Sala. Para ter acesso a esses pro-
dutos, acesse o site tvescola.mec.gov.br ou
curta a fan page da TV Escola no Facebook.

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