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é produzido, ou
é produzido o
que comemos?
Gado
Terra, Suor e Trabalho
PROFESSORES
Denise Mendes História
Roberto Marques Geografia
Sinopse do Programa
Terra, Suor e Trabalho é uma série que apresenta
as transformações ocorridas na produção agrí-
cola britânica durante o século XX. O Episódio O
Gado mostra como pecuaristas e cientistas alte-
raram geneticamente os animais para atenderem
as demandas de mercado ou as exigências de
governo. No programa “Sala de Professor” os
convidados apresentam um trabalho de Geogra-
fia e História que discute as transformações que
aconteceram na pecuária brasileira.
Apresentação
O documentário apresenta a história de pecu-
aristas ingleses a partir de registros amadores
realizados pelas famílias dos criadores na se-
gunda metade do século XX. Trazer a reflexão
sobre o impacto da pecuária bovina para a
economia brasileira foi nossa opção para a
atividade proposta. Em História, o aluno irá
percorrer a criação de gado e sua ocupação
territorial ao longo dos séculos, relacionando
essa atividade econômica com outros períodos.
Em Geografia, serão discutidos assuntos como
a internacionalização da produção agropecuá-
ria e as transformações do meio natural para o
desenvolvimento de atividades econômicas.
Um olhar para o documentário
a partir da história
A partir da exibição do documentário Gado, pro- do Ensino Médio, momento em que geralmente os
pomos aos professores discutir a pecuária e a cursos abordam tais produções. No entanto, nada
economia no Brasil por meio de uma atividade impede que o professor faça uma retrospectiva
que trabalhará a noção de tempo (permanências e histórica, retomando esses conteúdos em outro
rupturas) com comparações e discussões entre os momento do curso. O principal objetivo da ativi-
contextos colonial e atual. Os professores poderão dade é incitar os alunos a investigarem os fatores
desenvolver os conceitos de: economia colonial, que tornaram o Brasil um dos maiores produtores
interiorização e ocupação territorial, história da de gado do mundo e como a carne foi sendo incor-
alimentação brasileira e desigualdade social. porada na dieta do brasileiro.
A disciplina de História tem como conteúdo básico Para isso, iniciaremos a atividade com a exposi-
os ciclos econômicos, iniciados com a exploração ção de imagens para que os alunos estabeleçam
portuguesa, inserida no Antigo Sistema Colonial. relação entre as cenas e a economia colonial, des-
Propomos que a atividade seja realizada no 2º ano crevendo as atividades contidas em cada imagem.
Franz Post, 1640 – “Engenho de açúcar no Brasil”. João Maurício Rugendas, 1835 – “Engenho de açúcar”.
O objetivo desta primeira etapa é possibilitar ao Dando continuidade à atividade, o professor propõe
aluno relacionar a pecuária com outras atividades a leitura de alguns mapas, para que os alunos com-
econômicas, como a produção açucareira, quando parem as áreas ocupadas pelos diferentes tipos de
o gado era usado tanto como meio de transporte, produção ao longo dos séculos XVI, XVII, XIX e XX.
como para tração animal nos engenhos.
Os alunos descreverão as imagens, atentando para O outro trecho selecionado contraporá o primeiro.
o modo como as carnes eram comercializadas nas Sugerimos o seguinte artigo:
cidades do Brasil colonial. Então, eles farão com-
parações com os dias atuais (a partir de referências Dieta da fome
pessoais) e indicarão as mudanças ocorridas. de Pedro Henrique Campos, em 2009.
Ainda nessa etapa, o professor poderá apresentar “Frutas, verduras e grãos. À primeira vista, uma
aos alunos dois trechos de textos sobre a produção boa dieta, típica de quem quer manter-se ‘em
da carne e a alimentação no passado. Sugerimos forma’, como se diz. O termo que deveria es-
o texto escrito pelo viajante Pyrard de Laval, na tar entre aspas, contudo, é ‘quer’, pois ele faz
toda a diferença. No Rio de Janeiro de D. João
Bahia, em 1610.
VI, escravos mantinham uma dieta muito próxi-
ma à dos vegetarianos – mas eram obrigados
“É impossível terem-se carnes mais gordas, a isso, por não terem acesso a quase nenhuma
mais tenras e de melhor sabor. [...] Salgam as proteína animal.
carnes, cortam-nas em pedaços bastante lar-
Desde o tempo da colônia, muitos historiado-
gos, mas pouco espessos [...]. Quando estão
res notaram que os hábitos alimentares sim-
bem salgadas, tiram-nas sem lavar, pondo-as
bolizavam com perfeição nossa desigualdade
a secar ao sol; quando bem secas, podem social. As pessoas mais ricas preferiam consu-
conservar-se por muito tempo.” mir alimentos estrangeiros, especialmente os
veja mais
Revista de História da Biblioteca Nacional – artigo sobre uma antiga fábrica de extrato de carne erguida na
região do Pantanal mato-grossense. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/
industria-da-cobica>. Acesso em 21 de outubro de 2012.
Revista de História da Biblioteca Nacional – artigo sobre a produção da carne de sol em Pelotas e o
patrimônio cultural regional. Disponível em <www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/a-outra-carne-
gaucha>. Acesso em 21 de outubro de 2012.
Revista de História da Biblioteca Nacional – artigo sobre a tradicional festa no Parabá que assa um boi
inteiro no rolete. Disponível em: <www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/mesa-farta>. Acesso
em 21 de outubro de 2012.
Tecnologia
Sugerimos que o professor oriente os alunos a per-
ceberem, no documentário, outros aspectos sobre Como aparece a questão da tecnologia no filme?
o gado e não somente sua utilização como pro- No Brasil, como tem sido a relação entre desen-
duto. Ao fim da exibição do filme, organize alguns volvimento tecnológico e produção do campo?
temas tratados como: arrendatários, proprietários,
trabalho familiar, mercado interno, exportação e
tecnologia. Para cada um desses temas podem Muitas questões não terão resposta imediata, e
ser realizadas perguntas e as respostas devem mesmo que o professor as tenha, é interessante
levar em conta a realidade do tema no Brasil. estimular o levantamento e a leitura de dados.
Para a próxima etapa o professor solicitará aos alunos Pequeno proprietário 2.437.001 15.6
o levantamento de dados sobre produção agrícola, Arrendatário 101.409 0.8
estrutura fundiária, mão de obra/relação de trabalho
Assalariado permanente 975.150 6.3
no campo, uso da terra na agricultura. Sugerimos o
recolhimento de dados das páginas oficiais dos ór- Assalariado temporário 6.844.849 44.0
gãos federais como: IBGE, Ministério da Agricultura,
Não remunerado 4.190.152 26.8
INCRA e NEAD. Seguem alguns quadros que podem
ser utilizados para a discussão dos dados: INCRA, 2005.
ESTRUTURA FUNDIária
Fumo e seus produtos 2.737.021 5.0 604.840 2.416.704 3.9 604.608 13.25
Couros, produtos
1.628.559 3.0 296.717 2.733.539 4.4 310.488 -40.42
de couro e peleteria
Sucos de fruta 1.411.117 2.6 1.687.059 1.743.441 2.8 1.727.245 -19.06
Cereais, farinhas e preparações 1.389.976 2.5 6.604.783 1.703.083 2.7 5.585.558 -18.38
Fibras e produtos têxteis 998.397 1.8 541.182 1.286.783 2.1 598.537 -22.41
Frutas (inclui nozes e castanhas) 697.770 1.3 708.344 834.531 1.3 791.268 -16.39
Demais produtos 2.995.175 5.5 2.460.067 3.743.926 6.0 2.309.637 -20.00
veja mais
A proposta interdisciplinar tem como objetivo in- MÃE DA ALUNA DE SÃO PAULO (37 ANOS)
vestigar se houve mudança nos hábitos alimentares
dos alunos. A atividade inicia-se com uma pesquisa dia da
ALMOÇO SOBREMESA BEBIDA
realizada pelos alunos. Eles devem registrar, durante semana
uma semana, o cardápio do almoço em suas casas.
Arroz, feijão,
Segunda frango assado, Fruta Água
Por exemplo, uma aluna de 15 anos que frequenta salada verde
o Ensino Médio de uma escola pública da zona sul
Arroz, feijão,
de São Paulo respondeu à pesquisa: Terça bisteca, batata, Fruta Água
verduras
Arroz, feijão,
ALUNA DE SÃO PAULO (15 ANOS)
Quarta picadinho com Fruta Água
batata e verduras
dia da
ALMOÇO SOBREMESA BEBIDA
semana Macarrão
Quinta com molho Fruta Água
Arroz, feijão, Suco de à bolonhesa
Segunda Laranja
bife, ovo frito caixinha
Arroz, feijão,
Arroz, feijão, Suco de Sexta peixe frito e Fruta Água
Terça Banana
bife, batata caixinha verduras
Macarrão Manga e Suco de
Quarta Arroz, carne
alho e óleo doce de leite caixinha Sábado Doce Água
assada, salada
Arroz, feijão, Suco de
Quinta Pera Domingo Lasanha Doce Refrigerante
linguiça caixinha
Arroz, feijão,
Suco de
Sexta peito de Maçã
caixinha
frango
A comparação entre as gerações deve resultar em
Arroz, uma lista com os ingredientes mais comuns con-
Sábado strogonoff de Laranja Refrigerante
sumidos pela família. Por exemplo: arroz, feijão,
carne
macarrão, carne bovina e batata.
Lasanha
Domingo de presunto Doce de leite Refrigerante
e queijo Dando continuidade à pesquisa sobre os hábitos ali-
mentares, o aluno investigará a proposta do MEC para
a alimentação escolar. Para isso, será fundamental
A seguir, cada aluno irá pesquisar o que seus pais ler e discutir os documentos publicados pelo FNDE
comiam quando eram adolescentes, buscando co- – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educa-
nhecer os hábitos alimentares da geração anterior, ção, disponíveis no site <www.fnde.gov.br/index.
para uma posterior comparação. php/ae-material-de-divulgacao>. A leitura pode ser
Segunda-feira Arroz, Feijão Carioca, Filé de Pescada/Merluza ao Molho de Tomate, Feculento (Batata
Refogada) e Maçã.
Quarta-feira Arroz, Feijão Carioca, Ovo Mexido, Legume Cru (Cenoura) e Melancia.
Quinta-feira Macarrão com Molho de Tomate, Carne Bovina, Verdura Crua (Escarola) e Melão.
Sexta-feira Feriado.
Segunda-feira Arroz, Feijão Carioca, Ovo de Forno com Legumes (Cenoura e Vagem) ou Ovo Mexido Colori-
do (Cenoura e Ervilha em Conserva), Verdura Refogada (Acelga) e Goiabada Individual.
Terça-feira Arroz, Feijão Carioca, Filé de Pescada/Merluza Cremoso com Requeijão, Legume Cozido
(Abóbora) e Banana Prata.
Quarta-feira Macarrão com Proteína Texturizada de Soja ao Molho de Tomate, Verdura Crua (Repolho) e
Abacaxi.
Quinta-feira Arroz, Feijão Carioca, Frango, Feculento Refogado (Batata Doce) e Salada de Frutas (Maçã,
Banana, Mamão e Suco de Laranja Integral Pasteurizado).
Sexta-feira Arroz, Lentilha, Carne Bovina, Legume Cru (Tomate e Pepino) e Melancia.
Segunda-feira Arroz, Feijão Carioca, Omelete de Forno com Escarola ou Salada de Ovo Cozido, Legume
Refogado (Abobrinha) e Bananada Individual.
Terça-feira Macarrão com Molho de Tomate, Carne Bovina Moída, Verdura Crua (Alface) e Banana Nanica.
Quarta-feira Arroz, Feijão Carioca, Salsicha ao Sugo, Verdura Refogada (Repolho) e Melancia.
Quinta-feira Arroz, Feijão Carioca, Filé de Pescada/Merluza ao Forno ou ao Molho de Tomate, Feculento
(Salada de Batata) e Melão.
Segunda-feira Arroz, Feijão Carioca, Filé de Pescada/Merluza ao Molho de Tomate, Verdura Refogada
(Escarola) e Melancia.
Quarta-feira Arroz, Feijão Carioca, Ovos Estrelados com Tomate ou Ovo Mexido, Legume Refogado
(Cenoura) e Melão.
Quinta-feira Macarrão com Molho de Tomate, Frango, Verdura Crua (Alface) e Abacaxi.
Sexta-feira Feijão Carioca, Carne Bovina, Legume Cru (Pepino) e Gelatina com Fruta.
NOTA As gelatinas deverão ter sabores diferentes em cada semana, sendo utilizados os seguintes
sabores: abacaxi, cereja, framboesa, uva, morango, limão, maracujá, tangerina e pêssego.
Se a sua escola fica em um grande centro, poderá A avaliação dos alunos deve ser feita concomitante
ser feita uma visita a esses lugares. No caso de à elaboração da atividade e não apenas no final do
São Paulo (exemplo que utilizamos), o “cinturão processo. Para isso, é importante que os alunos re-
verde” engloba municípios como Mogi das Cruzes, gistrem o desenvolvimento de suas ações em blocos
Sorocaba, Suzano e Biritiba-Mirim, entre outros. de anotações ou em um pequeno portfólio. Assim,
poderão acompanhar a sequência das tarefas ao
Se a sua escola fica em uma área produtora, se- longo do processo, o que permitirá maior oportuni-
ria interessante organizar grupos de alunos para dade para reflexão sobre as dificuldades e soluções
perguntar a esses agricultores sobre o destino da encontradas para a execução do trabalho. Ao mes-
produção e que tipos de produtos eles cultivam e mo tempo, o professor terá condições de avaliar os
já cultivaram. Se houve mudança, cabe perguntar alunos de uma maneira mais próxima, acompanhan-
os motivos dessa mudança em relação aos pro- do o processo de produção do trabalho.
MATERIAL ETAPAS
Ingredientes para a montagem dos pratos (arroz, Pesquisar sobre o que os familiares comiam
feijão, batata, carne etc.), definidos a partir das quando tinham essa idade, quais eram os produ-
pesquisas dos alunos. tos e hábitos;
Analisar a proposta nacional de cardápio para a Merenda mais nutritiva. Disponível em:
merenda escolar; <revistacrescer.globo.com/Revista/Crescer/0,,E-
MI25088-10587,00.html>. Acesso em 24 de
Verificar se existe e qual é a proposta de cardá- outubro de 2012.
pio da prefeitura de sua cidade;
Criar uma proposta de cardápio com produtos Perfil do feijão no Brasil. Disponível em: <http://
locais. Escolher um prato para ser feito e apre- www.agricultura.gov.br/vegetal/culturas/feijao/sai-
sentado na escola e depois comerem juntos. ba-mais>. Acesso em 04 de novembro de 2012.
Livros e Revistas
CASCUDO, Luis da Câmara. História da alimentação no Brasil. São Paulo: Global, 2011.
LAPA, José Roberto do Amaral. Economia Colonial. São Paulo: Perspectiva, 2007.
LINHARES, Maria Yedda Leite. História do abastecimento: uma problemática em questão (1530-1918). Brasília:
Binagri, 1979.
SILVA, Maria Beatriz Nizza da. “Tradições alimentares e culinárias.” In: Vida privada e quotidiano no Brasil na época de
D. Maria I e D. João VI. Lisboa: Estampa, 1993.
filmes e documentários
MARVADA Carne. Direção: André Klotzel. Produção: Cláudio Kahna. Intérpretes: Fernanda Torres, Dionísio Azevedo, Adil-
son Barros, Regina Casé e outros. Roteiro: André Klotzel e Carlos Alberto Soffredini. Música: Rogério Duprat. Brasil: Tatu
Filmes, 1985 (78 min.).
passeios e visita
Visitar a cantina da escola para conhecer os ingredientes que compõem o cardápio da merenda escolar.
Visitar uma cooperativa de alimentos ou produtores de uma área próxima para levantar dados e conhecer um pouco mais
sobre a dinâmica da produção.
imagens
Franz Post (1612 - 80) - “Engenho de açúcar no Brasil”. Desenho aquarelado sobre papel, com traços de carvão, 1640.
Coleção Museu Real de Belas-Artes de Bruxelas.
João Maurício Rugendas (1802 - 58) - “Engenho de açúcar”, 1835. In: Viagem pitoresca através do Brasil. São Paulo:
Martins, 1940, p. 205/ I. Col. não revelado.
Benedito Calixto (1853-1927) - “Moagem da cana na Fazenda Cachoeira, em Campinas, em 1830” c/tela s. d. 105x135cm.
Museu Paulista/USP.
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