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O cômputo do tempo como Diretor de Escola, Vice Diretor e Professor Coordenador como

tempo de magistério.

Objetivo: Elucidar a temática contagem de tempo no cargo/função de Diretor de Escola, Vice


Diretor e Professor Coordenador como tempo de magistério, tendo em vista ser uma função
correlata.

É muito comum presenciar alguns profissionais com certas dúvidas e muitos outros se
aposentando tardiamente tendo em vista a negativa administrativa do cômputo de tempo no
cargo ou função de Diretor de Escola como tempo de magistério.

Podemos computar o tempo trabalhado na função de Diretor de Escola, Vice Diretor


ou Coordenador pedagógico como tempo de magistério equiparando o tempo, à luz da
Constituição Federal, em seu artigo 40 inciso III que cita as funções de magistério como jus à
aposentadoria diferenciada .

Vale lembrar que a função do professor é agraciada com o cômputo diferenciado pela
nossa Constituição, não por serem os alunos agentes nocivos, e sim, levando em conta o
desgaste provocado pela função exercida, estabelecida uma espécie própria de benefício, que
não conta com a incidência do fator previdenciário, classificada também por muitos
doutrinadores como especialíssima.

Para arrematar nosso raciocínio, muitos devem pensar, em porque outras funções
caberiam também no tempo especial?

Justamente, por serem funções as quais é necessário, que primeiramente seja


professor, ou seja, que tenha a licenciatura plena, segundo, são funções advindas da
experiência a qual se adquire durante árduos anos em sala de aula, e para endossar nossa
linha de raciocínio, a Súmula 726 do STF trás a seguinte ideia:

“Para efeito de aposentadoria especial de professores, não se computa o tempo de serviço


prestado fora da sala de aula.”

O tema “fora da sala de aula” foi discutido na ADI 3772 em virtude da Lei que
interpreta as funções do magistério vir com um olhar diferente do prisma que era adotado até
então, quando interpretava-se que caberia somente aos profissionais que atuavam dentro do
limite da sala de aula (Lei 11.301/2006).

Brilhantemente o relator Ministro Ricardo Lewandowski, explica que as funções


exercidas por professores (que tem como requisito básico ser professor devidamente
licenciado) fora do âmbito da sala de aula, devem ser computadas como tempo especial como
descrito na LEI Federal 11.031/2006, pois são funções específicas e de suma importância
dentro do quadro do magistério.

Portanto, é importante que seja do conhecimento de todos que, o desmembramento


do tempo do professor em funções administrativas como tempo comum e em sala de aula
computado com o tempo especial é inconstitucional.

A Orientação Normativa nº 02/09 do Ministério de Previdência Social afirma que:

Art. 60. O professor que comprove, exclusivamente, tempo de


efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no
ensino fundamental e médio, quando da aposentadoria prevista no
art. 58, terá os requisitos de idade e de tempo de contribuição
reduzidos em cinco anos. Parágrafo único. São consideradas funções
de magistério as exercidas por professores no desempenho de
atividades educativas, quando exercidas em estabelecimento de
educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental
e médio, em seus diversos níveis e modalidades, incluídas, além do
exercício de docência, as de direção de unidade escolar e as de
coordenação e assessoramento pedagógico, conforme critérios e
definições estabelecidas em norma de cada ente federativo.

Mesmo com a ADI proposta e julgada, e com a Lei Federal vigente, o atual sistema de
Regime Próprio de Previdência Social desafia as leis, e impõe ao docente que exerce a função
de Diretor de Escola, Vice Diretor ou Coordenador Pedagógico que aposente com o tempo
comum, e não com tempo computado especial como faz jus.

O reconhecimento do tempo trabalhado em outras funções dentro do âmbito escolar,


conforme descrito na Orientação Normativa como tempo de magistério tem sido por meio
judicial, tendo em vista a negativa administrativa.

Referências:

Acórdão: 2017.0000756763

Manual Prático das Aposentadorias do Servidor Público – Bruno Sá Freire Martins /


Theodoro Vicente Agostinho

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