São Paulo
2008
©Pró-Reitoria de Graduação, Universidade Estadual Paulista, 2008.
ISBN: 978-85-98605-51-7
CDD 379.81
Vice-Reitor
Herman Jacobus Cornelis Voorwald
Chefe de Gabinete
Kléber Tomás Resende
Pró-Reitora de Graduação
Sheila Zambello de Pinho
Pró-Reitora de Pós-Graduação
Marilza Vieira Cunha Rudge
Pró-Reitor de Pesquisa
José Arana Varela
Pró-Reitor de Administração
Julio Cezar Durigan
Secretária Geral
Maria Dalva Silva Pagotto
COMISSÃO EXECUTIVA
Elizabeth Berwerth Stucchi
José Roberto Corrêa Saglietti
Klaus Schlünzen Junior
Leonor Maria Tanuri
APOIO TÉCNICO
Ivonette de Mattos
José Welington Gonçalves Vieira
CAPA
Introdução 13
Capítulo 2
Ensino Fundamental 29
2.1. Oferta e atendimento 32
2.2. Questões pedagógicas 34
2.3. Financiamento e gestão 41
2.4. Sugestões de leituras complementares 41
Capítulo 3
Ensino Médio 45
3.1. Oferta e atendimento 51
3.2. Formação do profissional 52
3.3. Questões pedagógicas 54
3.4. Financiamento e gestão 58
3.5. Sugestões de leituras complementares 60
Capítulo 4
Educação Superior 63
4.1. Oferta e atendimento 69
4.2. Questões pedagógicas 72
4.3. Financiamento e gestão 74
4.4. Pós-graduação 79
4.5. Sugestões de leituras complementares 80
PARTE II – Modalidades de Ensino
Capítulo 5
Educação de Jovens e Adultos 83
5.1. Oferta e atendimento 89
5.2. Formação do profissional 95
5.3. Questões pedagógicas 97
5.4. Financiamento e gestão 98
5.5. Sugestões de leituras complementares 101
Capítulo 6
Educação a Distância 103
6.1. Oferta e atendimento 106
6.2. Formação do profissional 107
6.3. Questões pedagógicas 111
6.4. Sugestões de leituras complementares 113
Capítulo 7
Ensino Profissional 115
7.1. Oferta e atendimento 119
7.2. Formação do profissional 123
7.3. Sugestões de leituras complementares 124
Capítulo 8
Educação Especial 127
8.1. Oferta e atendimento 133
8.2. Formação do profissional 135
8.3. Questões pedagógicas 137
8.4. Financiamento e gestão 138
8.5. Sugestões de leituras complementares 141
Capítulo 9
Educação Indígena 143
9.1. Oferta e atendimento 147
9.2. Formação do profissional 148
9.3. Questões pedagógicas 149
9.4. Financiamento e gestão 151
9.5. Sugestões de leituras complementares 153
PARTE III – Outras Importantes Questões
Capítulo 10
Formação de Professores 155
10.1. Propostas para a Formação de Professores 161
10.2. Sugestões de leituras complementares 167
Capítulo 11
Financiamento da Educação 169
11.1. Propostas para o Financiamento da Educação 172
11.2. Sugestões de leituras complementares 177
Capítulo 12
Gestão da Educação 179
12.1. Propostas para a Gestão da Educação 182
12.2. Sugestões de leituras complementares 189
EDUCAÇÃO INFANTIL
1 Necessário se faz ressaltar que, comparado com os dados de 2005, as matrículas em 2006 recuaram 3,6%
nas pré-escolas e cresceram apenas 1% nas creches (Cf. www.inep.gov.br , acesso em 10/02/07).
EDUCAÇÃO INFANTIL | 19
4 Cf. Relatório de avaliação técnica do Plano Nacional de Educação, elaborado pela área 15 (Educação,
Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia) da consultoria legislativa da Câmara dos Deputados (Cf. www2.
camara.gov.br/publicacoes/, acesso em 02/08/2005).
ENSINO FUNDAMENTAL
1 Para Lisete R. G. Arelaro, com relação aos ciclos, o caso do Estado de São Paulo, “é exemplar, para não
ser jamais ‘copiado’” (ARELARO, 2005b, p. 1049, aspas no original).
32 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3 Essa medida foi oficilizada com a sanção da Lei nº 11.274/06, que modifica o art. 32 da LDB, explicitando
que o Ensino Fundamental no Brasil passa a ter a duração de 9 anos. Em seu Art. 5º, essa lei estipula que todos
os Estados e municípios brasileiros terão até 2010 para implantar o Ensino Fundamental de 9 anos.
ENSINO FUNDAMENTAL | 35
ENSINO MÉDIO
mundo do trabalho, uma vez que esta não é uma questão apenas peda-
gógica, mas política, determinada pelas mudanças nas bases materiais
de produção, a partir do que se define a cada época, uma relação
peculiar entre trabalho e educação.” (KUENZER, 1997, p. 10).
Durante o governo FHC (1995-2002), o Ensino Médio foi
alvo de uma reforma estrutural e curricular, por meio do Decreto
2.208/97. Esse decreto estabeleceu a separação compulsória entre o
Ensino Médio e a Educação Profissional. Logo em seguida, o Con-
selho Nacional de Educação (CNE) normatizou o referido decreto,
mediante a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Médio e para a Educação Profissional (Pareceres CEB/CNE
15 e 16/98, respectivamente).
A possibilidade de reintegração entre o Ensino Médio e o Ensi-
no Profissional foi instituída pelo Decreto nº 5.154/04, já no governo
Lula, porém essa reintegração não é obrigatória. Ciavatta considera
que a edição do Decreto 5.154/04, “trouxe a abertura e o estímulo à
formação integrada, mas não trouxe a garantia de sua implementa-
ção.” (CIAVATTA, 2005, p. 102). Já na opinião de Marise N. Ramos,
as recentes regulamentações do novo decreto (Dec. 5.154/04), “não
incorporam os pressupostos da integração” entre Ensino Médio e
Educação Profissional (RAMOS, 2005, p. 125).
Para Frigotto, Ciavatta e Ramos, a edição do Decreto 5.154/04,
“pretende reinstaurar um novo ponto de partida”, de forma que “o
horizonte do ensino médio seja a consolidação da formação básica
unitária e politécnica, centrada no trabalho, na ciência e na cultura,
numa relação mediata com a formação profissional específica que se
consolida em outros níveis e modalidades de ensino.” Um dos obje-
tivos deste novo decreto “é a consolidação da base unitária do ensino
médio, que comporte a diversidade própria da realidade brasileira,
inclusive possibilitando a ampliação de seus objetivos, como a forma-
ção específica para o exercício de profissões técnicas.” (FRIGOTTO;
CIAVATTA; RAMOS, 2005a, p. 29, 37, 43-44).
O aspecto estrutural mais evidente dessa reforma foi a se-
paração obrigatória do Ensino Médio de caráter propedêutico do
Ensino Médio de caráter profissionalizante. No âmbito curricular, a
modificação mais significativa foi a introdução da idéia do desenvol-
vimento das competências como objetivo central das novas diretrizes
curriculares do Ensino Médio. No entendimento de Frigotto, para
ENSINO MÉDIO | 47
e da Matemática.
Uma das prováveis causas apontadas por especialistas para o
aumento do percentual de reprovação dos alunos do Ensino Médio
é a formação deficiente dos professores desse nível de ensino. Até
o início de 2005, 16% dos professores que atuavam nesse nível de
ensino ainda não possuíam habilitação específica de nível médio. Ba-
seada em pesquisas realizadas com docentes do Ensino Médio, entre
os anos de 2001 e 2004, Zibas afirma que
a capacitação docente em serviço – mesmo naqueles
Estados que fizeram grande investimento nessa área
– não estava tendo os desdobramentos desejados. A
crítica dos docentes recaía sobre a fragmentação dos
cursos e sobre a impossibilidade de comunicação entre
os professores que deveriam ser os multiplicadores e
seus pares. A rotina de trabalho, na maioria das escolas,
continuava baseada na atuação individual, isolada, dos
docentes. (ZIBAS, 2005b, p. 1075)
8 A classificação completa desse teste (PISA – 2000 – habilidade de leitura de alunos com 15 anos) pode ser
encontrada em Oliveira; Araujo (2005, p. 15).
ENSINO MÉDIO | 57
EDUCAÇÃO SUPERIOR
2 Um outro aspecto, no sentido de sintetizar o grau de privatização da educação superior brasileira é que,
dos três maiores anunciantes do Brasil, em 2002, dois eram instituições de ensino superior privadas, “só
superadas em seus gastos em publicidade pela McDonald’s” (PACHECO; RISTOFF, 2004, p. 10).
EDUCAÇÃO SUPERIOR | 65
menos desenvolvidas.
Um outro problema relacionado à questão da oferta e do
atendimento na Educação Superior refere-se ao uso da Educação
a Distância (EAD), de modo que a mesma venha a ampliar as pos-
sibilidades de atendimento nos cursos presenciais, regulares ou de
educação continuada. O maior problema dessa questão é que ainda
não foi constituído um sistema interativo de EAD, apesar do cresci-
mento expressivo dessa modalidade de ensino nos últimos anos. Para
se ter uma idéia desse crescimento, temos mais de 300 mil alunos
matriculados em cursos a distância, em instituições autorizadas, e
um crescimento, entre os anos de 2003 e 2004 de aproximadamente
107% no número de matrículas em cursos de graduação e/ou pós-
graduação, oferecidos a distância (ANUÁRIO, 2005). Portanto, o
que falta é exatamente a criação de um amplo sistema interativo de
EAD para ampliar, em todos os níveis, mas especialmente no ensino
superior, suas possibilidades de atendimento nos cursos presenciais,
regulares ou de educação continuada.
A diversificação do sistema superior de ensino, de forma a
atender demandas específicas de formação, como, por exemplo, for-
mação tecnológica, profissional liberal, magistério, etc, é um outro
aspecto questão da oferta e do atendimento da Educação Superior.
Nesse sentido, o Decreto nº 2.207/97, classificou, quanto à organiza-
ção acadêmica, o ensino superior (público ou privado) nos seguintes
tipos: universidades, centros universitários, faculdades integradas,
faculdades e institutos superiores ou escolas superiores. Assim, como
a proliferação de cursos superiores de curta duração – e de menores
custos –, a diferenciação entre universidades, que fazem pesquisa (os
“centros de excelência”) e instituições superiores de ensino e extensão
(os Centros Universitários), também se constitui em uma das propos-
tas do Banco Mundial para os chamados países em desenvolvimento,
com o objetivo de massificar o acesso à Educação Superior.
Um outro problema diretamente relacionado à oferta e ao
atendimento da Educação Superior é a diversificação da oferta de
ensino superior por meio de cursos noturnos. Há que se ressaltar a
importância da expansão de vagas no ensino superior, no período
noturno, considerando que as universidades, especialmente as uni-
versidades federais, possuem espaço físico ocioso, que poderia ser
utilizado para este fim, necessitando apenas planejar-se para garantir
72 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
5 Ainda que não aborde especificamente a Educação Superior, Oliveira traça um histórico das vinculações
orçamentárias na educação brasileira, afirmando que, não só elas estão presentes nos momentos democráticos
da vida política brasileira (e ausentes nos períodos ditatoriais), explicitando, assim, uma opção política, mas,
também, o fato de que sempre que se é estabelecida uma vinculação orçamentária para a educação, ocorre um
aumento de recursos e investimentos na mesma (Cf. OLIVEIRA, 1998, p. 124-127).
EDUCAÇÃO SUPERIOR | 77
7 O percentual de negros e pardos nas universidades subiu de 18% para 30% entre os anos 2001 e 2005. Nas
instituições públicas de ensino superior esse crescimento foi da ordem de 130%, ao passo que nas instituições
privadas o crescimento foi de 223% (Cf. www.ibge.gov.br/pnad2005 , acesso em 20/11/2006).
EDUCAÇÃO SUPERIOR | 79
4.4. Pós-graduação
1 Segundo o IBGE, o número de analfabetos teve uma redução de apenas 134.222 pessoas, entre 2002 e
2004, e a taxa de evasão do Programa Brasil Alfabetizado em 2006 foi de 20% (Cf. www.ibge.gov.br , acesso
em 19/06/2005 e em 06/12/2006).
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS | 91
do MEC para esse fim, o que não ocorria até 2005 (Cf. CAFARDO,
2006, p. A12).
Outra importante questão é a da expansão da oferta de
programas de Educação a Distância (EAD), na modalidade de EJA.
Podemos dizer que essa expansão já constitui uma realidade no ce-
nário educacional brasileiro. O problema é que essa expansão nem
sempre vem acompanhada de qualidade, ou seja, a expansão, por
si só, quando não acompanhada de padrões mínimos de qualidade,
apenas garante a certificação/diplomação formal, mas não resolve os
principais desafios da EJA no Brasil, quer sejam, a erradicação do
analfabetismo e o aumento do nível de escolaridade dos brasileiros.
Associar a oferta de Ensino Fundamental para Jovens e
Adultos à oferta de cursos básicos de formação profissional também
se configura em uma importante estratégia para o aumento da oferta
de EJA. Recentemente, o MEC lançou o Programa de Integração da
Educação Profissional ao Ensino Médio na Modalidade de Educa-
ção de Jovens e Adultos (PROEJA)5, no qual as instituições da rede
federal de educação técnica e tecnológica6 são obrigadas a destinar,
a partir de 2006, 10% das vagas oferecidas em 2005 para o Ensino
Médio integrado à Educação Profissional para jovens (acima de 18
anos) e adultos que tenham cursado apenas o Ensino Fundamental,
objetivando ampliar os “espaços públicos da educação profissional
para os adultos e [como] uma estratégia que contribui para a univer-
salização da educação básica.” (FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS,
2005b, p. 1097). Nessa questão, existe um outro projeto proposto pelo
MEC, iniciado em maio de 2006, denominado Saberes da Terra, que
oferece ensino fundamental aliado a uma formação profissionalizante
para 5 mil alunos (Cf. CAFARDO, 2006, p. A12).
Consideramos que tais projetos são de fundamental importân-
cia para o sucesso dos programas de EJA, por entendermos que a
5 Uma análise dos objetivos, finalidades e estrutura curricular, desse programa (PROEJA) pode ser encon-
trada, entre outros, em Frigotto; Ciavatta; Ramos (2005b, p. 1196-1100).
6 Essa rede é formada por 144 escolas de Educação Profissional, divididos da seguinte maneira: 34 Centros
Federais de Educação Tecnológica (CEFET’s, alguns já transformados em campus de Universidade Federal
Tecnológica, como é o caso dos CEFET’s localizados no Estado do Paraná, UFTPR), 43 unidades descentra-
lizadas, 36 escolas agrotécnicas federais (EAF’s), 30 escolas técnicas vinculadas às universidades federais, e
a Escola Técnica Federal de Palmas (Cf. FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2005b, p. 1109).
94 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
ENSINO PROFISSIONAL
“empregabilidade”.
Outra proposta existente é a de integrar a oferta de cursos
básicos profissionais com oferta de programas que permitam aos
alunos que não concluíram o Ensino Fundamental obter formação
equivalente. Segundo o Censo Escolar 2004, o número de matrículas
nas escolas técnicas públicas cresceu, em um ano, 7% (18 mil novas
matrículas), ao passo que nas escolas técnicas particulares o cresci-
mento foi da ordem de 21% (67 mil novas matrículas). Esse dados
corroboram a necessidade de integrar os cursos básicos profissionais
com o Ensino Fundamental e Médio, sempre que essa integração for
possível, especialmente para que os alunos que não concluíram o
Ensino Fundamental venham a obter essa formação e, concomitante-
mente, a formação profissional. Nesse sentido, o governo Lula lançou
o Programa Escola de Fábrica, que visa a dar formação profissional
inicial a jovens de 16 a 24 anos matriculados na Educação Básica
(Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adul-
tos), oriundos de famílias com renda per capita de até um salário
mínimo (Cf. FRIGOTTO; CIAVATTA; RAMOS, 2005b, p. 1101).
Assim como o PROJOVEM, o Programa Escola de Fábrica
também se constitui em um programa inserido no contexto de uma
política compensatória de educação, com o agravante de, em algumas
situações específicas, possuir também um viés assistencialista. Para
piorar, “essa política retoma o fundamento que esteve na origem da
educação profissional no início do século passado: formar mão-de-
obra necessária ao desenvolvimento econômico e educar psicofisica-
mente os jovens trabalhadores para a divisão social do trabalho.” (Ib.,
id., p. 1104, itálico no original).
Necessária se faz também a ampliação da capacidade instalada
na rede de instituições de Ensino Profissional, para que haja um au-
mento significativo da oferta de formação de nível técnico aos alunos
nelas matriculados ou egressos do Ensino Médio. O número de ma-
trículas no Ensino Profissional no Ensino Médio cresceu apenas 1%
entre os anos de 2002 e 2003, o que torna mais premente a necessida-
de dessa ampliação. Também é necessária a ampliação da capacidade
instalada na rede de instituições de Ensino Profissional, para que
haja um aumento significativo da oferta dessa modalidade de ensino
em caráter permanente para a população em idade produtiva e que
precisa se readaptar às novas exigências e perspectivas do mercado
122 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
1 Alguns autores consideram imprecisa essa denominação, pois, segundo eles, a Educação Inclusiva também
deve se referir à educação de todas as pessoas socialmente excluídas da escola, seja por motivo de gênero,
raça, religião, cultura ou por deficiências físicas e/ou mentais (Cf. TIBALLI, 2003, p. 195).
128 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
2 O Censo Escolar 2005 identificou apenas 1980 crianças superdotadas em todo país, número que, para o
próprio INEP, pode estar subestimado.
130 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
3 Diferentemente dos capítulos anteriores, nesse capítulo sobre a Educação Especial, optamos por concentrar
ao seu final, todas as questões para debate em sala de aula, por entendermos que as mesmas tratam de
questões gerais e conceituais sobre essa modalidade de ensino.
134 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
EDUCAÇÃO INDÍGENA
que a de Botsuana (51,0 crianças mortas por mil nascidas vivas), país
africano que ocupa a 127ª posição no ranking de desenvolvimento da
ONU, que inclui 192 países.
No que se refere aos professores que trabalham com Educação
Indígena, segundo o Censo Escolar 2003, existem no Brasil, aproxi-
madamente 1.400 escolas indígenas, pouco mais de 3 mil professores
indígenas ministrando aulas para uma população de mais de 90 mil
crianças de diferentes etnias indígenas, das quais 80% estão no En-
sino Fundamental. Porém, mais da metade desses 3 mil professores
ainda é leiga, ou seja, não possuem a formação específica para o Ma-
gistério e 28% desses professores indígenas em atividade ainda não
completaram, sequer, o Ensino Fundamental. Para resolver esse grave
problema que afeta a Educação Indígena, alguns Estados brasileiros
e universidades públicas, estão oferecendo cursos de formação de
professores indígenas.
A proposta de uma escola indígena diferenciada, de qualidade,
representa uma grande novidade no sistema educacional brasileiro
e exige das instituições e órgãos responsáveis a definição de novas
dinâmicas, concepções e mecanismos, tanto para que estas escolas
sejam de fato incorporadas e beneficiadas por sua inclusão no sistema
oficial, quanto para que sejam respeitadas em suas especificidades.
Para Wilmar R. D’Angelis, as comunidades indígenas possuem
“suas formas próprias de ensinar e não está provado (nem faria sen-
tido que alguém tentasse provar) que a escola (ou o ensino escolar) é
a forma mais adequada, mais eficiente, mais segura para se garantir a
continuidade e o aprofundamento de toda e qualquer forma de conhe-
cimento.” (D’ANGELIS, 1999, p. 20, parênteses no original).
Segundo a LDB, o sistema de ensino da União, com a cola-
boração das agências federais de fomento à cultura e de assistência
aos índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa,
para oferta de educação escolar bilíngüe e intercultural aos povos
indígenas. Sobre isso, Melià entende que um dos erros mais comuns
em programas dessa natureza é o de “esvaziar a ação pedagógica para
a alteridade” por meio de uma
atenção tão meticulosa a certas características próprias
e dialetais desse ou daquele grupo dentro de uma etnia
ou nação indígena, que a ação pedagógica fica comple-
EDUCAÇÃO INDÍGENA | 145
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
1 A LDB não se refere aos “trabalhadores em educação”, mas sim aos “profissionais da educação”, excluin-
do, assim, os servidores técnico-administrativos (Cf. CURY, 2003, p. 137).
FORMAÇÃO DE PROFESSORES | 157
2 Segundo a pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros, apenas 33,3% dos administradores municipais
listaram a regulamentação e valorização da carreira do magistério como uma das 5 prioridades municipais na
área da Educação (Cf. www.ibge.gov.br , acesso em 28/10/2007).
3 Essa diferença sobe para 60% se for levado em conta o custo de vida dos respectivos Estados (Cf. www.
cnte.org.br , acesso em 16/10/2007).
FORMAÇÃO DE PROFESSORES | 163
que se considerar também que para o professor, seria muito bom que
ele cumprisse toda a sua jornada de trabalho em uma única escola.
Isso ainda não acontece no Brasil porque significa elevação de custos
para o sistema de ensino mantenedor (União, Estados ou municípios).
Somente quando os administradores públicos realmente priorizarem a
educação, entendendo que os gastos em educação não são gastos mas
sim investimentos, é que essa proposta será plenamente efetivada.
A terceira proposta defende destinar para a preparação de aulas,
avaliações e reuniões pedagógicas, um percentual de 20 a 25% da car-
ga horária dos docentes. Essa proposta é, em certa medida, decorrente
da proposta anterior, na medida em que, a partir do momento em que
o professor tenha a sua jornada de trabalho em um único estabeleci-
mento escolar, as possibilidades de que ele possa destinar entre 20 e
25% de sua carga horária para tais fins, aumentam exponencialmente.
Se esse mesmo professor necessita dividir a sua jornada de trabalho
entre duas, três ou mais escolas, as possibilidades de poder destinar o
percentual acima definido para reuniões, planejamentos e avaliações,
também se reduzem de forma exponencial.
Uma outra proposta sugere que sejam identificados, nos muni-
cípios onde a necessidade de novos professores é elevada, bem como
o número de professores leigos é significativo, as pessoas portadoras
de diplomas de licenciatura e de habilitação de nível médio para
o Magistério, que se encontrem fora do sistema de ensino, com o
objetivo de atrair esses profissionais para a carreira do Magistério.
Essa proposta é absolutamente inócua, na medida em que o problema
da ausência de professores ou da baixa qualificação profissional dos
professores que atuam nas redes públicas de ensino não está na identi-
ficação de profissionais com curso superior ou médio que porventura
estejam fora de qualquer sistema público de ensino. O problema é
de melhores condições objetivas de trabalho e de melhores salários.
Salários competitivos com a realidade local e melhores condições de
trabalho, se constituem em poderosos atrativos para que profissionais
qualificados adentrem ao sistema de ensino como professores. Salá-
rios baixos e condições adversas de trabalho os afastam. Assim, não
é necessário gastar tempo e dinheiro com processos de identificação,
com tais objetivos, se o cerne do problema é outro.
Uma outra proposta retoma a questão da Educação Indígena,
ao propor que nos concursos de provas e títulos para provimento dos
164 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
4 No final de 2007, quase metade (47%) dos docentes que atuavam até a 4ª série do Ensino Fundamental
ainda não possuíam diploma de curso superior (Cf. www.mec.gov.br , acesso em 23/10/2007).
FORMAÇÃO DE PROFESSORES | 165
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
3 Outros exemplos de Estados e municípios cujos percentuais orçamentários vinculados à educação são
maiores do que esses percentuais podem ser encontrados em Oliveira (2001, p. 96-97).
172 | POLÍTICA EDUCACIONAL E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA
4 Apesar da atual substituição do FUNDEF pelo FUNDEB, consideramos que todo esse nosso raciocínio
permanece conceitualmente válido.
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO | 175
6 Segundo a pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros, apenas 9,9% dos administradores municipais lis-
taram a autonomia financeira das suas escolas como uma das 5 prioridades municipais na área da Educação
(Cf. www.ibge.gov.br , acesso em 28/10/2007).
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO | 177
c) Você saberia dizer qual o valor mínimo anual por aluno que
o seu município investe? Você considera esse valor alto, baixo ou
razoável? Por quê?
GESTÃO DA EDUCAÇÃO
brasileiro.
A última das propostas sobre formação específica mínima de
diretores de escolas públicas, é a de que seja ampliada a oferta de
cursos de formação em administração escolar nas instituições públi-
cas de nível superior, de forma a permitir o cumprimento da proposta
anterior. Considerando que o número de cargos de diretor de escola
é significativamente pequeno, quando comparado com o número de
cargos de professores, a ampliação da oferta de cursos de formação
em administração escolar nas instituições públicas de nível superior
é limitada, principalmente em função do papel social que as institui-
ções públicas de ensino superior possuem no oferecimento dos cursos
de Pedagogia. Assim sendo, a ampliação proposta é possível de se
realizar, porém, dentro de certos limites que, talvez, não permitam às
instituições públicas de ensino superior darem conta de, isoladamente,
formarem todos os diretores de escolas públicas brasileiras, em nível
superior e/ou cursos de especialização.
Por último, neste capítulo sobre Gestão da Educação, duas ou-
tras propostas, que abordam a questão da avaliação, merecem nossa
análise. A primeira delas propõe que seja consolidado e aperfeiçoado
o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB) e o
censo escolar. Acreditamos que tanto o SAEB quanto os censos esco-
lares já estão consolidados, o que não significa que não necessitem de
aperfeiçoamentos constantes. Segundo Brzezinski, a política educa-
cional implementada no governo FHC, apesar do discurso oficial de
valorização do profissional docente, insistia, equivocadamente, em
“apontar o despreparo dos professores como a única causa do fraco
desempenho dos estudantes” nas avaliações do SAEB (BRZEZINSKI,
2000, p. 172).
A segunda proposta sobre avaliação é que seja estabelecido
nos Estados, no curto prazo e com a colaboração técnica e financeira
do MEC, um programa de avaliação de desempenho que atinja, pelo
menos, todas as escolas de mais de 50 alunos do Ensino Fundamental
e Médio. O SAEB já executa essa proposta, necessitando apenas
que seja aperfeiçoado. No caso do Ensino Médio, existe também o
ENEM, que possui, porém, a característica de não ser obrigatório,
mas que é admitido por muitas universidades como parte da avaliação
nos processos seletivos de ingresso no ensino superior.
GESTÃO DA EDUCAÇÃO | 189