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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE - FURG

INSTITUTO DE MATEMÁTICA, ESTATÍSTICA E


FÍSICA - IMEF

FABÍOLA AIUB SPEROTTO


DAIANE SILVA DE FREITAS

NOTAS DE AULA DE GEOMETRIA


ANALÍTICA: VETORES

1◦ Edição

Rio Grande
2017
Universidade Federal do Rio Grande - FURG

NOTAS DE AULA DE GEOMETRIA


ANALÍTICA: VETORES

Instituto de Matemática, Estatı́stica e Fı́sica - IMEF


Fabı́ola Aiub Sperotto
Daiane Silva de Freitas
site: www.lemas.furg.br/index.php/material-didatico

i
Sumário

1 Vetores 1
1.1 Vetores e Escalares: Noção Intuitiva . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.3 Operações entre Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3.1 Métodos Geométricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3.2 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3.3 Propriedades da Adição . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3.4 Propriedades da multiplicação de um escalar por um
vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.3.5 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.4 Vetores no Plano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4.1 Expressão Analı́tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4.2 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
1.4.3 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.5 Vetores no Espaço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.5.1 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.6 Lista 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2 Produtos de Vetores 30
2.1 Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.1 Definição do Produto Escalar . . . . . . . . . . . . . . 30
2.1.2 Propriedades do Produto Escalar . . . . . . . . . . . . 31
2.1.3 Interpretação Geométrica do Produto Escalar . . . . . 32
2.1.4 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.5 Vetor Projeção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.6 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.1 Definição do Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.2 Propriedades do Produto Vetorial . . . . . . . . . . . 43
2.2.3 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.2.4 Interpretação Geométrica do Produto Vetorial . . . . 46
2.2.5 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.3 Produto Misto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

ii
2.3.1 Definição do Produto Misto . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.3.2 Propriedades do Produto Misto . . . . . . . . . . . . . 50
2.3.3 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.3.4 Interpretação Geométrica do Produto Misto . . . . . . 51
2.3.5 Agora tente resolver! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4 Lista 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

3 Gabaritos 59
3.1 Gabarito - Lista 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
3.2 Gabarito - Lista 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

A Estudo da Reta 63
A.1 Conceito de Produto Cartesiano . . . . . . . . . . . . . . . . 63
A.1.1 Coordenadas Cartesianas na reta . . . . . . . . . . . . 64
A.1.2 A Equação da Reta no plano . . . . . . . . . . . . . . 66

B Geometria 72
B.1 Geometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
B.1.1 Área de um paralelogramo . . . . . . . . . . . . . . . . 72
B.1.2 Área de um triângulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
B.1.3 Tetraedro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73

C Fórmulas Trigonométricas 74
C.1 Fórmulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
C.1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

iii
Capı́tulo 1

Vetores

1.1 Vetores e Escalares: Noção Intuitiva


As grandezas vetoriais, ou simplesmente vetores, são entes abstratos que
possuem módulo (também chamado de comprimento ou magnitude), direção
e sentido. Alguns exemplos dessas grandezas são deslocamento, velocidade,
aceleração, força entre outros.
Sendo assim, essas grandezas são usadas por matemáticos e cientistas
para lidar com quantidades que não podem ser descritas ou representadas
por um único número.
As grandezas escalares são representadas apenas por um número e uma
unidade, não precisando ser especificado um sentido e uma direção. Tempe-
ratura, massa, trabalho são alguns exemplos destas grandezas. Os vetores
são representados, geometricamente, por segmentos de reta orientados (seg-
mentos de reta com um sentido de percurso), que podem ser representados
tanto no plano como no espaço.
Pela Figura 1.1, observamos o sentido do percurso do segmento orien-
tado, onde o ponto A é chamado de ponto inicial ou origem e a seta localizada
no outro extremo do segmento é o ponto final ou extremidade que nomeamos
−−→
de B. Desta forma, podemos representar o vetor como AB e usamos uma
seta acima das letras para indicar o sentido do percurso.
Assim, temos a ideia de deslocamento, ao lançar uma partı́cula do ponto
A para o ponto B, o seu deslocamento pode ser representado por um vetor
ligando os pontos inicial e final. E para determinarmos o deslocamento de
tal partı́cula precisamos conhecer o quanto ela se deslocou e também em que
direção ela se deslocou. Para isso precisamos ter uma ideia do conceito de
direção, como veremos a seguir.

1
1.1. VETORES E ESCALARES: NOÇÃO INTUITIVA

Figura 1.1: Segmento orientado.

Direção: A direção de um segmento é da origem para a extremidade.


Dois segmentos orientados não nulos têm a mesma direção se as retas supor-
tes desses segmentos são paralelas ou se são coincidentes, conforme Figuras
1.2 e 1.3:

Figura 1.2: Segmentos orientados paralelos com mesma direção.

2
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1.2. VETOR

Figura 1.3: Segmentos paralelos de sentidos opostos e mesma direção.

Segmentos equipolentes: Dois segmentos orientados são equipolentes quando


têm a mesma direção, mesmo sentido e mesmo comprimento. Conforme Fi-
gura 1.4.

Figura 1.4: Segmentos Equipolentes.

1.2 Vetor
Por definição, um vetor é um segmento de reta orientado, que em lin-
guagem habitual chamamos de seta. Cada vetor tem uma origem (também
denominada ponto inicial) e uma extremidade (também denominada ponto
terminal), sua direção é da origem para a extremidade. Invertendo a seta
obtemos um vetor com direção contrária. Observe a Figura 1.5:

3
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1.2. VETOR

Figura 1.5: Definição de vetor.

−→
Notação: AB. O vetor também costuma ser indicado por letras minúsculas
~v ou em negrito v, então ~v = B −A. Ou algumas vezes por letras maiúsculas
em negrito, por exemplo, F, para denotar força.
−→
Quando escrevemos ~v =AB, significa que o vetor ~v é determinado pelo
−→
segmento de reta orientado AB. Um mesmo vetor AB é determinado por
uma infinidade de segmentos orientados, chamados representantes desse ve-
tor. Assim, um segmento determina um conjunto que é o vetor, e qualquer
um destes representantes determina o mesmo vetor.
As caracterı́sticas de um vetor ~v são as mesmas de qualquer um de seus
representantes, isto é: o módulo, a direção e o sentido do vetor são o módulo,
direção e o sentido de qualquer um de seus representantes. Conforme a
Figura 1.6.

Figura 1.6: Representantes do vetor ~u.


−→ −→
Vetores iguais: Dois vetores AB e CD são iguais se, e somente se,
−→ −→ −→ −→
AB=CD. Ou se, ~u =AB e ~v =CD, então ~u = ~v .

4
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1.2. VETOR

Vetor Nulo: Qualquer ponto do espaço é representante do vetor zero ou


−→
vetor nulo, e é indicado por ~0 ou AA isto é, a origem coincide com a extre-
midade. Este vetor não possui direção e sentidos definidos.
−→
Vetores Opostos: Pela Figura 1.7 observamos que o vetor A1 B1 , é o ve-
−→ −→
tor oposto de AB e, podemos indicar por -A1 B1 .

Figura 1.7: Vetores opostos.

Vetor Unitário: Um vetor ~v é unitário se, seu módulo (ou comprimento)


for igual a 1, isto é, |~v | = 1. Por exemplo, os vetores da base canônica
padrão no espaço (R3 ) dados por: ~i=(1,0,0), ~j=(0,1,0) e ~k=(0,0,1) são ve-
tores unitários.

Versor: Versor de um vetor não nulo ~v é o vetor unitário de mesma


direção e mesmo sentido de ~v . Sempre que ~v 6= 0, seu comprimento não é
zero.

1 1
~u = = ~v = 1
|~v | |~v |
~v
Conclui-se que ~u = , é um vetor unitário na direção de ~v chamado
|~v |
versor do vetor não-nulo ~v .
Por exemplo, tomemos um vetor ~v de módulo 3, |v| ~ = 3.

~v
| | -
- ~u
 −~
u

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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

O vetor ~u que tem o mesmo sentido de ~v é chamado versor de ~v .

Vetores Colineares: Dois vetores ~u e ~v são colineares se tiverem a mesma


direção. Sendo assim, ~u e ~v são colineares se tiverem representantes AB e
CD pertencentes a uma mesma reta ou a retas paralelas.

Figura 1.8: Vetores colineares.

Vetores Coplanares: Se os vetores não nulos ~u, ~v e w


~ (não importa o
número de vetores) possuem representantes EF , HG e IJ pertencentes a
um mesmo plano π, diz-se que eles são coplanares.

Figura 1.9: Vetores coplanares.

Dois vetores ~u e ~v quaisquer são sempre coplanares, pois podemos sempre


tomar um ponto no espaço e, com origem nele, imaginar os dois represen-
tantes de ~u e ~v pertencendo a um plano π que passa por este ponto.
Já no caso de três vetores, esses poderão ou não ser coplanares.

1.3 Operações entre Vetores


Duas operações que envolvem vetores são a adição de vetores e a multi-
plicação por escalar. Como ainda não estamos trabalhando com a expressão

6
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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

analı́tica de um vetor, vamos aprender dois métodos geométricos para rea-


lizar as operações entre vetores.

1.3.1 Métodos Geométricos


- Método da Triangulação: Consiste em colocar a origem do segundo ve-
tor coincidente com a extremidade do primeiro vetor e o vetor soma (resul-
tante) é o que fecha o triângulo (origem coincide com a origem do primeiro,
extremidade coincide com a extremidade do segundo).

Figura 1.10: Método da Triangulação.

- Método do Paralelogramo: Consiste em colocar a origem dos dois ve-


tores coincidentes e construir o paralelogramo. O vetor soma é a diagonal
cuja origem coincide com a origem dos dois vetores. A outra diagonal é a
diferença entre os vetores.

Figura 1.11: Método do paralelogramo.

7
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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

1.3.2 Agora tente resolver!


1. Usando os métodos anteriores, copie os vetores ~u, ~v , w
~ o que for ne-
cessário para esboçar os vetores resultantes abaixo:

a) ~u + ~v + ~t
b) ~u − ~t + w
~
c) ~u + ~v + w
~
d) ~u − w~ + ~t

2. Dados os vetores ~u, ~v , w,


~ de acordo com a figura, construir o vetor
~t = 3~u − 2w 1
~ + ~v .
2

8
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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

Observação:

1. Quando os vetores tem o mesmo sentido:

2. Quando os vetores tem sentidos opostos:

1.3.3 Propriedades da Adição


Sendo ~u, ~v e w
~ vetores quaisquer, a adição, admite as seguintes propri-
edades:

• Comutativa: ~u + ~v = ~v + ~u

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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

Figura 1.12: Propriedade Comutativa.

• Associativa: (~u + ~v ) + w
~ = ~u + (~v + w)
~

Figura 1.13: Propriedade Associativa.

• Elemento neutro: ~u + ~0 = ~u

• Elemento oposto (ou simétrico): ~u + (−~u) = 0


−→ −→ −→ −→
se ~u =AB, o seu simétrico é BA e escrevemos AB= − BA ou ~u = −~u

A diferença entre os vetores ~u e ~v , é definida como soma de ~u com o


oposto de ~v , ~u + (−~v ) = ~u − ~v .

Multiplicação de um número real por um vetor: Dado um vetor não nulo


~v e um número real a 6= 0 chama-se produto do número real a pelo vetor ~v ,
o vetor a~v tal que:

10
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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

• Módulo: |a~v | = |a||~v |.


-O vetor tem comprimento a vezes o comprimento de ~v .

• Direção: a~v é paralelo a ~v .


-Isto é, tem a mesma direção de ~v .

• Sentido: a~v e ~v tem o mesmo sentido se a > 0, e contrário se a < 0.


-Se a = 0 ou ~v = 0 então a~v = 0, ou se a > 1 podemos dizer que dilata
o vetor, ou se 0 < a < 1 podemos dizer que contrai o vetor.

Observe que se o escalar a percorrer todo o conjunto R dos números


reais, podemos obter todos os infinitos vetores colineares a um dado vetor
~u. Então, significa que qualquer um deles é múltiplo escalar (real) do outro,
neste caso ~u = a~v .

1.3.4 Propriedades da multiplicação de um escalar por um


vetor
Considere ~v e ~u vetores e a, b ∈ R, temos:

i. a(b~v )=(ab)~v - Associativa

ii. (a+b)~v =a~v +b~v - Distributiva em relação a adição de escalares.

iii. a(~u+~v )=a~u+a~v - Distributiva em relação a adição de vetores.

iv. 1~v =~v - Identidade.


Por exemplo: Para a=2, temos, pela propriedade iii:

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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

2~v -
1

2~
u
 

~v 

-
1
 2~
u + 2~v
 
~
u 

  ~u + ~v

Ângulo entre vetores: É o ângulo formado por duas semi-retas OA e OB


de mesma origem O, este ângulo é indicado por θ.

1. Se ~u k ~v e têm mesmo sentido e direção, então θ = 0.

~v -
~
u -

2. Se eles têm sentidos contrários, então θ = π.

~v -
 ~u

3. Se θ = π/2, os vetores são ortogonais.


6

~
u

~v -

Observação:O vetor nulo é considerado ortogonal a qualquer vetor.

Exemplo 1.

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1.3. OPERAÇÕES ENTRE VETORES

Figura 1.14: Exemplos de ângulos entre vetores.

1.3.5 Agora tente resolver!


1. Dados os vetores ~u, ~v e w,
~ da figura abaixo, construir os vetores:

a) ~x = 2~u − 13 ~v
b) ~r = 12 ~v − w + 23 ~u

2. Dada a figura a seguir, onde M, N e P são os pontos médios de AB,


−−→ −−→ −−→
BC, CA, respectivamente, represente os vetores BP , AN e CM em
−−→ −→
função de AB e AC.

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1.4. VETORES NO PLANO

1.4 Vetores no Plano


1.4.1 Expressão Analı́tica
De modo geral, dados dois vetores v~1 e v~2 quaisquer não colineares,
partindo de um mesmo ponto de origem, um vetor ~v , representado no mesmo
plano, e dados uma dupla de números reais a1 e a2 , podemos representar o
vetor como

~v = a1~v1 + a2~v2 .

Quando isto acontece, podemos dizer que o vetor ~v pode ser escrito como
combinação linear de v~1 e v~2 . E o conjunto B formado pelos vetores
{v~1 ,v~2 } é chamado de base do plano.
Os números a1 e a2 são chamados de componentes ou coordenadas do
vetor ~v na base B. As bases mais utilizadas são as bases ortonormais.
Uma base representada por {e1 , e2 } é ortonormal, se seus vetores e1 e e2 são
perpendiculares e unitários, isto é, |e~1 | = |e~2 | = 1.

Em um sistema de coordenadas cartesianas ortogonais os vetores do


plano sempre poderão ser escritos como uma combinação linear de vetores
{~i,~j} que formam uma base ortonormal no plano xOy. A base {~i,~j} também
é conhecida como base canônica. A direção do vetor ~i indica o sentido
positivo do eixo Ox e a direção do vetor ~j a direção do sentido positivo do
eixo Oy, já que suas coordenadas são respectivamente ~i = (1,0) e ~j = (0,1).
Observação: Qualquer vetor ~v = (a1 ,a2 ) pode ser escrito como uma
combinação linear dos vetores da base em R2 :

~v = (a1 ,a2 ) = (a1 ,0) + (0,a2 ) = a1 (1,0) + a2 (0,1) = a1~i + a2~j

Desta forma, o par (x,y) é chamado de expressão analı́tica do vetor ~v . E,


fixada a base {~i,~j}, fica estabelecida uma correspondência biunı́voca entre

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1.4. VETORES NO PLANO

os vetores do plano e os pares ordenados (x,y) de números reais. Assim, a


cada vetor ~v do plano associamos um par (x,y) de números reais que são
suas componentes na base dada.

Figura 1.15: Vetores da base canônica do plano cartesiano.

Um vetor no plano é um par ordenado (x,y) de números reais onde:

x é a primeira componente, e é chamada abscissa de ~v ,

y é a segunda componente, e é chamada ordenada de ~v .

Para as operações algébricas de adição e multiplicação de um vetor por


um escalar são válidas as propriedades vistas anteriormente (comutativa,
associativa, elemento neutro, elemento oposto, distributivas em relação a
adição de vetores e a adição de escalares).

Igualdade de vetores: ~v = (x1 ,y1 ), e ~j = (x2 ,y2 ), são iguais se x1 =


x2 , y1 = y2 (coordenadas correspondentes iguais).
−→
Vetor definido por dois pontos: Dado o vetor AB onde a origem é o
−→ −→
ponto A(x1 ,y1 ) e extremidade B(x2 ,y2 ), onde OA= (x1 ,y1 ), e OB= (x2 ,y2 ),
então:
−→ −→ −→
AB=OB − OA= (x2 ,y2 ) − (x1 ,y1 ) = (x2 − x1 ,y2 − y1 )
−−→
Exemplo 2. Dados os pontos A(5,3) e B(2,7) determine o vetor →

v = AB.
−→
Solução: AB=B − A = (2,7) − (5,3) = (−3,4).

15
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1.4. VETORES NO PLANO

Figura 1.16: Vetor dados dois pontos.

Observação: lembre-se que um vetor tem infinitos representantes que


são os segmentos orientados de mesmo comprimento, mesma direção e mesmo
−→
sentido. Dentre os infinitos representantes do vetor AB , o que melhor repre-
senta é aquele que tem origem em O(0,0) e extremidade em P (x2 −x1 ,y2 −y1 ).
−→ −→
O vetor ~v =AB é o vetor posição ou representante natural de AB .

Operações:

• Adição: ~u + ~v = (x1 + x2 ,y1 + y2 ) = (x2 + x1 ,y2 + y1 ) = ~v + ~u

Exemplo 3. Se ~u = (1,2) e ~v = (−2,2), então:

~u + ~v = (1,2) + (−2,2) = (1 + (−2),2 + 2) = (−1,4)

16
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1.4. VETORES NO PLANO

Figura 1.17: Adição de vetores.

• Multiplicação de um vetor por um escalar:

α~u = (αx1 ,αy1 )

Exemplo 4. Se α = 2, então:

α~u = 2(1,2) = (2,4)

• −~u = (−1)~u = (−x1 , − y1 )

Exemplo 5.
−~u = −(1,2) = (−1, − 2)

• ~u − ~v = (x1 − x2 ,y1 − y2 )

Exemplo 6. ~u − ~v = (1,2) − (−2,3) = (1 − (−2),2 − 3) = (3, − 1)

Módulo de um vetor: O módulo ou comprimento do vetor ~v = (a,b) é


um número real não negativo, definido por:

|~u| = a2 + b2

Isso é facilmente demonstrado pelo Teorema de Pitágoras.


Pela Figura 1.18, percebemos que aplicando o teorema de Pitágoras:
|~u| = a2 + b2 , onde os catetos a e b do triângulo são as coordenadas do
2

vetor no plano e√a hipotenusa c é exatamente a medida do vetor ~u.


Logo, |~u| = a2 + b2 .

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1.4. VETORES NO PLANO

Figura 1.18: Comprimento de um vetor.

Exemplo 7. Encontre as componentes e o módulo (ou comprimento) do


vetor de origem A(−3,4) e extremidade B(−5,2).
Solução:
−→
~v =AB= B − A = (−5,2) − (−3,4) = (−2, − 2)
−→ p √ √
| AB | = (−2)2 + (−2)2 = 8 = 2 2u.c.

1.4.2 Agora tente resolver!


1. Sejam ~u = (3, − 2) e ~v = (−2,5) encontre as componentes dos vetores:

a) 3~u
b) ~u + ~v
c) 2~u − 3~v
3
d) 5~u + 45 ~v
−−→
2. Sendo A(1, − 2), B(2,1), C(3,2), D(−2,3) decompor os vetores BD e
−−→ −−→ −−→ −→
AD + DC tomando como base os vetores AB e AC.

Condição de Paralelismo de dois vetores: Dois vetores ~u = (x1 ,y1 ),


e ~v = (x2 ,y2 ), são paralelos se, ~u = α~v , ou seja o vetor ~u é múltiplo escalar de
~v . Portanto, (x1 ,y1 ) = α(x2 ,y2 ), que pela condição de igualdade x1 = αx2 ,
e y1 = αy2 , temos
x1 y1
= (= α)
x2 y2
Assim, dois vetores são paralelos quando suas componentes forem pro-
porcionais.

18
IMEF - FURG
1.4. VETORES NO PLANO

Exemplo 8. Os vetores ~u = (12,8) e ~v = (6,4) são paralelos pois,


12 8
= = 2 = α.
6 4
~u = 2~v .

Exemplo 9. Dados ~u = (3,2), ~v = (−1,4). Encontre w


~ na igualdade:

~ − (~u + 2~v ) = 3(w


4w ~ − 2~u)

Solução:

~ − (~u + 2~v ) = 3(w


4w ~ − 2~u)

~ − ~u − 2~v = 3w
4w ~ − 6~u
~ − 3w
4w ~ = −6~u + ~u + 2~v
~ = −5~u + 2~v
w
~ = −5(3,2) + 2(−1,4)
w
~ = (−15, − 10) + (−2,8)
w
~ = (−17, − 2)
w

1.4.3 Agora tente resolver!


1. Dados os vetores ~u = (2, − 4), ~v = (−5,1) e w
~ = (−12,6). Determinar
a1 , a2 tais que w
~ = a1 ~u + a2~v .

2. Marcar os seguintes pontos no plano cartesiano A(6,2), B(8,6), C(4,8), D(2,4)


e responder as seguintes questões:
−−→ −−→
a) O vetor AB é ortogonal ao vetor CD? Justifique.
−−→ −−→
b) O vetor DA é paralelo ao vetor BC?
−→ −−→
3. Determine o ponto C tal que AC = 3AB sendo A(0, − 4) e B(1,2).

4. Verdadeiro ou Falso:

a) Se ~u = ~v então |~u| = |~v |.


b) Se |~u| = |~v | então ~u = ~v .
c) Se ~u k ~v então ~u = ~v .

5. Dados os vetores →−u = (4,5) e → −v = (3,4), calcular →


−u +→−v , 2→

u e 2→

v.
Faça a representação geométrica dos vetores resultantes no plano.

19
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1.4. VETORES NO PLANO

6. Para resolver o próximo exercı́cio, lembrar das seguintes notações:


- (⊥) - Condição de perpendicularismo - ângulo é igual a 90◦ .
- (k) - Condição de paralelismo.
A figura abaixo representa um retângulo. Decidir se é verdadeira ou
falsa cada uma das afirmações:

−→ −→
a) AF ⊥CB
−→ −→
b) BAkCA
−→ −→
c) AD⊥DF
−→ −→
d) AF =EC

Aplicações

Exemplo 10. Considere o vetor ~v = ~i + 2~j, um vetor velocidade, vamos


escrever a velocidade como uma multiplicação do escalar |~v | por um vetor
unitário na direção e no sentido do movimento.

Solução:
O módulo do vetor ~v é o seu comprimento, então
p √
|~v | = 12 + 22 = 5.

~v
O vetor (versor de ~v ) tem a mesma direção do vetor velocidade, e além
|~v |
disso, é um vetor unitário, portanto

~v ~i + 2~j 1~i 2~j


=√ =√ +√
|~v | 12 + 2 2 5 5
!
√ 1~i 2~j
~v = ~i + 2~j = 5 √ ,√ .
5 5

20
IMEF - FURG
1.4. VETORES NO PLANO

!
√ 1~i 2~j
Observe que 5 é o comprimento do vetor e √ ,√ é a direção do
5 5
movimento.
Sendo assim, mostramos que é possı́vel expressar qualquer vetor não nulo
~v
em termos de suas caracterı́sticas: módulo e direção escrevendo: ~v = |~v | .
|~v |
Exemplo 11. Suponha que uma pessoa está puxando uma caixa por uma
alça cuja força de magnitude é de |F~ | = 8lb, que forma um ângulo de 45◦
com a superfı́cie horizontal. Encontre as componentes do vetor F~ = (a,b).

Solução:

|F~ | = (8cos(45◦ ),8sen(45◦ ))


√ √
~ 2 2
|F | = (8 ,8 )
2 2
√ √
|F~ | = (4 2,4 2).

Exemplo 12. Uma pessoa puxa um carrinho ao longo de uma superfı́cie


horizontal lisa com uma força |F~ | de 30lb que forma um ângulo de 30◦ com
a superfı́cie. Qual é a força efetiva que move o carrinho para frente?

Solução:
Observe que neste caso a força efetiva é a componente horizontal de |F~ | =
(a,b). Assim,

◦ 3 √
~
a = |F |cos(30 ) = 30 = 15 3 ' 25,98lb.
2

21
IMEF - FURG
1.5. VETORES NO ESPAÇO

1.5 Vetores no Espaço


O produto cartesiano R × R × R ou R3 é o conjunto

R3 = {(x,y,z)/x,y,z ∈ R}

e sua representação geométrica é o espaço cartesiano determinado pelos três


eixos cartesianos Ox, Oy e Oz, ortogonais dois a dois.
Portanto, x, y, z formam o sistema cartesiano ortogonal Oxyz. Um
vetor →−
v pode ser escrito como combinação linear dos vetores da base or-
tonormal representados por {~i,~j,~k}, onde, ~i = (1,0,0), ~j = (0,1,0) e ~k =
(0,0,1), estes vetores são representados com a origem no mesmo ponto O.

Assim, temos:

• O eixo dos x ou eixo das abscissas corresponde a reta com direção do


vetor ~i.

• O eixo dos y ou eixo da ordenadas corresponde a reta com direção do


vetor ~j.

• O eixo dos z ou eixo das cotas corresponde a reta com direção do vetor
~k

Figura 1.19: Representação do Espaço Tridimensional.

Observação 1: Representação da base é no sentido positivo. Esta base


obedece à regra da Mão direita.
A base canônica representada pelo conjunto B = {~i,~j,~k} é formada por

22
IMEF - FURG
1.5. VETORES NO ESPAÇO

Figura 1.20: Base Ortonormal.

vetores unitários, portanto |~i| = |~j| = |~k| = 1, e dois a dois ortogonais com
origem em O.
O vetor
~v = x~i + y~j + z~k
também pode ser expresso por ~v = (x,y,z) que é a expressão analı́tica de ~v .

Exemplo 13. ~v = 2~i − 3~j + ~k=(2,-3,1)

Figura 1.21: Vetor.

23
IMEF - FURG
1.5. VETORES NO ESPAÇO

Observação 2: Nos eixos coordenados em R3 cada dupla de eixos de-


termina um plano:
a) o plano xOy ou simplesmente xy;

b) o plano xOz ou xz;

c) o plano yOz ou yz.

Figura 1.22: Planos coordenados.

Estes três planos dividem o espaço em oito partes, chamadas de octantes:


1. Primeiro octante: (x,y,z)

2. Segundo octante: (−x,y,z)

3. Terceiro octante: (−x, − y,z)

4. Quarto octante: (x, − y,z)

5. Quinto octante: (x,y, − z)

6. Sexto octante: (−x,y, − z)

7. Sétimo octante: (−x, − y, − z)

8. Oitavo octante: (x, − y, − z)


Observação 3: Para marcar um ponto no espaço tridimensional, traçamos
pelo ponto P planos paralelos aos planos coordenados formando um para-
lelipı́pedo retângulo, a interseção destes planos forma a terna (a,b,c) de
números reais, chamadas coordenadas de P .

24
IMEF - FURG
1.5. VETORES NO ESPAÇO

Na prática, também podemos marcar um ponto P 0 (x,y,0) no plano xy


e deslocamos este ponto paralelamente ao eixo z tantas unidades para cima
se z for positivo ou para baixo caso seja negativo. No gráfico a seguir, por
exemplo, A1 (3,5,0) e A(3,5,4), marcamos A1 no plano xy e deslocamos 4
unidades para cima no sentido do eixo z positivo.

Figura 1.23: Pontos no espaço tridimensional.

Observem que as operações entre vetores, definição de vetor dados dois


pontos, definição de ponto médio, módulo são análogas às vistas no plano.

Exemplo 14. Dados os pontos P = (2, − 3,4) e Q = (4,5,2), calcule o ponto


médio.
−3+5 4+2
Solução: M é o ponto médio entre P e Q, então M = ( 2+4
2 , 2 , 2 )=
(3,1,3)
−→
Exemplo 15. Calcule o módulo do vetor P Q, onde P e Q são os pontos
do exemplo anterior.

Solução:
−→
P Q= Q − P = (4,5,2) − (2, − 3,4) = (2,8, − 2)

−−→ p √ √ √
|P Q| = 22 + 82 + (−2)2 = 4 + 64 + 4 = 72 = 6 2

Exemplo 16. Dados os vetores ~u = (1,0,3), ~v = (2,2, − 2) e w


~ = (−4,0,4)
verificar se existem números a1 , a2 , a3 tais que:

25
IMEF - FURG
1.5. VETORES NO ESPAÇO

(−4, − 10,6) = a1 ~u + a2~v + a3 w


~

Solução:

(−4, − 10,6) = a1 (1,0,3) + a2 (2,2, − 2) + a3 (−4,0,4)


(−4, − 10,6) = (a1 ,0,3a1 ) + (2a2 ,2a2 , − 2a2 ) + (−4a3 ,0,4a3 )
(−4, − 10,6) = (a1 + 2a2 − 4a3 ,2a2 ,3a1 − 2a2 + 4a3 )

 a1 + 2a2 − 4a3 = −4
2a2 = −10
3a1 − 2a2 + 4a3 = 6

1 11
Resolvendo o sistema chegamos em: a1 = , a2 = −5 e a3 = − .
2 8
Condição de Paralelismo: Dois vetores ~u = (x1 ,y1 ,z1 ) e ~v = (x2 ,y2 ,z2 )
são paralelos se ~u = k~v , onde k ∈ R, e

(x1 ,y1 ,z1 ) = k(x2 ,y2 ,z2 )


(x1 ,y1 ,z1 ) = (kx2 ,ky2 ,kz2 )

Mas, pela definição de igualdade: x1 = kx2 , y1 = ky2 , z1 = kz2 , ou:


x1 y1 z1
= = =k
x2 y2 z2
Sendo assim, se suas componentes forem proporcionais então os vetores
são paralelos.

Exemplo 17. Dados os vetores ~u = (−2,3, − 4), ~v = (−4,6, − 8) são


paralelos?

Solução:

−2 3 −4 1
= = =
−4 6 −8 2
1
~u = ~v .
2
Logo, eles são paralelos.

26
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1.6. LISTA 1

1.5.1 Agora tente resolver!


1. Sendo ~u = 2~i − 3~j + 6~k, determinar |~u|.

2. Determinar z tal que o vetor ~v = (1, − 2,z) tenha módulo igual a 3.

3. Se w
~ = (k,k,k) é um vetor unitário, determinar k.

4. Se ~c = (2,1, − 3) e d~ = (m,n, − 9), determinar m e n tal que ~c seja


~
paralelo a d.

5. Traçar os triângulos de vértices:

(a) A(3,5,5), B(5,7,0), C(0,7,3).


(b) A(6, − 5,4), B(2, − 2,5), C(5, − 4,0).

1.6 Lista 1
1. Determine o vetor →

w , sabendo que 2(→

u + 3→

w) + →

v = 2→

v −→

w , onde

− →

u = (6,4) e v = (3, − 2).

2. Sabendo que 2→ −u +→ −v = (13,4, − 1), determinar a, b e c, sendo →



u =


(2, − 1,c), v = (a,b − 2,3).

3. Nos itens abaixo encontre os seguintes vetores e represente os vetores


resultantes no gráfico:

(a) Dados os pontos O(0,0), A(3,6), B(4, − 8), C(−1,3), determine


−→ −−→ −−→ −→ −−→ −−→ −→
OA, AB, CB, OA + CB, AB − OA.
(b) Dados os pontos O(0,0,0), A(2,3,4), B(−1,1,3), C(3,2,1), determine
−→ −−→ −→ −−→
OA, BC, OA + CB.


4. Dados os vetores →−u = (1, − 1,5), →

v = (2,4, − 1), →

w = (3, − 2), t =
(5,7), determine os seguintes módulos:

a. |→
−u|


b. | v |
c. |→

w|


d. | t |
e. É possı́vel calcular |→

u +→

w |?

5. Dados os vetores →

u = (0,1,2), →

v = (−2,4, − 6), calcule:

a. |→
−u +→−
v|
b. | u − 3→

− −
v|

27
IMEF - FURG
1.6. LISTA 1

6. Sabendo que →
−u = (2,a − 1,6), →

v = (c,2,4b), determinar a, b e c, tal

− →
− →

que 3 u + v = O .

7. Representar no gráfico os vetores:


−−→
(a) No R2 : represente os vetores AB correspondentes A(6,−10), B(4,5);
A(10,3), B(−2, − 1); A(3,3), B(6, − 2).
−−→ −−→ −−→
(b) No R3 : represente: AB = (3,4,5), CD = (−4,6, − 9), EF = (3, −
−−→
4,7), GH = (4,4, − 6).

8. Apresentar o vetor genérico que satisfaz a condição:

(a) Representado no eixo dos y.


(b) Paralelo ao plano xz.
(c) Ortogonal ao eixo dos x.
(d) Ortogonal ao plano yz.

9. Suponha que A,B e C sejam os vértices de um placa triangular onde


A(4,2,0), B(1,3,0) e C(1,1,3) então:

(a) faça um esboço da placa triangular.


(b) encontre o vetor com origem no vértice C e extremidade no ponto
médio do lado AB.
(c) encontre o vetor com origem no vértice C cujo comprimento é
dois terços do vetor do item anterior.

10. Uma reta no plano tem equação r : y = 6x + 2. Determine um vetor


paralelo a reta r.

11. Encontre as coordenadas da extremidade de um segmento orientado


que representa o vetor ~u = (4,5, − 2), sabendo que a origem é o ponto
A(3,6,9).

12. Uma partı́cula foi lançada do ponto inicial A(4, − 3,6), no espaço e
tem como ponto final B(6,8,5). Encontre o vetor que representa o
deslocamento da partı́cula e determine seu módulo.

13. Encontre as coordenadas do ponto A0 simétrico ao ponto A(4,3,2) em


relação ao ponto P (2,1, − 1).

~ sendo ~v = (1, − 1,3) e


14. Encontre o vetor ~u, tal que 6~u = 2~v + 4w,
~ = (0, − 4,2).
w

15. Encontre os escalares a,b e c que satisfaçam a expressão a~u +b~v +cw
~=
(0,1,4). Sabendo que ~u = (1,4,0), ~v = (0, − 1,2) e w
~ = (3,1,4).

28
IMEF - FURG
1.6. LISTA 1

16. Determine b, sabendo que os vetores ~u = (2,6,5) e w


~ = (6,b,15) são
paralelos.

17. Obter um √ ponto P do eixo das ordenadas cuja distância ao ponto


A(2,4,6) é 44.

18. No espaço cartesiano os vetores diretores indicam a direção de uma


reta. Se o vetor ~u = (3,2, − 1) indica a inclinação da reta r, encontre
as componentes do vetor ~v = (a,18,c) da reta s, sabendo que as retas
são paralelas.

29
IMEF - FURG
Capı́tulo 2

Produtos de Vetores

2.1 Produto Escalar


Neste capı́tulo vamos desenvolver algumas ideias e conceitos relacionados
a ângulos e ortogonalidade entre vetores tanto no plano como no espaço.
Para ilustrar a ideia desta grandeza escalar, podemos usar uma aplicação
da Fı́sica: imagine um objeto se deslocando em uma trajetória retilı́nea e que
está sujeita a uma força F~ constante, na direção e sentido do deslocamento.
Dados dois pontos e considerando o sentido do deslocamento de A para
−−→
B, podemos considerar que o vetor |AB| é a distância do deslocamento.
Sendo F~ um vetor paralelo ao deslocamento com intensidade constante |F~ |,
−−→
o trabalho realizado pelo vetor F~ no deslocamento é dado por ±|F~ ||AB|.
O sinal negativo significa que a força está atuando no sentido oposto ao
deslocamento. Mas se a força F~ não tiver direção paralela ao deslocamento,
−−→
θ é o ângulo que a força F~ faz com o deslocamento AB, então o trabalho
−−→ −−→
realizado por essa força será dado F~ · AB = |F~ ||AB|cosθ.
Neste caso, quando a força é medida em N (Newton) e a distância em
metros, o trabalho é uma grandeza escalar medida em J (Joules)=N×m.
Conhecendo as componentes dos vetores, facilmente podemos calcular o
ângulo entre eles como veremos na seção 2.1.3.

2.1.1 Definição do Produto Escalar


O produto escalar (ou produto interno) entre dois vetores, como o próprio
nome diz, resulta em um escalar.
Considere os seguintes vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k e ~v = x2~i + y2~j + z2~k,
representamos ~u · ~v , ao número real

~u · ~v = x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 .

Esta operação entre vetores gera como resultado sempre um número


real e o produto escalar vale tanto no R2 (no plano) como no R3 (no espaço).

30
2.1. PRODUTO ESCALAR

Exemplo 18.

~u·~v = (1,−2,−1).(−6,2,−3) = 1(−6)+(−2)(2)+(−1)(−3) = −6−4+3 = −7

Representamos o produto escalar por ~u · ~v , lê-se ~u escalar ~v .

2.1.2 Propriedades do Produto Escalar


~ = (x3 ,y3 ,z3 ) ∈ R3
Dados três vetores, ~u = (x1 ,y1 ,z1 ), ~v = (x2 ,y2 ,z2 ) e w
e um escalar m ∈ R, temos:
1. ~u · ~u ≥ 0, será nulo se ~u for nulo.
Observe que ~u·~u ≥ 0, será positivo porque a soma de quadrados sempre
resulta em valores positivos e será igual a zero somente se ~u = 0.



u ·→

u = (a,b,c) · (a,b,c) = a2 + b2 + c2 ≥ 0


u ·→

u = 0 ⇐⇒ a2 + b2 + c2 = 0 ⇐⇒ a = b = c = 0


⇐⇒ →

u = (0,0,0) = 0 .

2. ~u · ~v = ~v · ~u (O produto escalar é comutativo). É fácil mostrar que,

~u · ~v = (x1 ,y1 ,z1 ) · (x2 ,y2 ,z2 )


= x1 x2 + y1 y2 + z1 z2
= x2 x1 + y2 y1 + z2 z1
= ~v · ~u.

3. ~u · (~v + w)
~ = ~u · ~v + ~u · w
~ (Distributiva em relação a adição).

~u · (~v + w)
~ = (x1 ,y1 ,z1 ) · (x2 + x3 ,y2 + y3 ,z2 + z3 )

= (x1 x2 + x1 x3 ) + (y1 y2 + y1 y3 ) + (z1 z2 + z1 z3 )


= (x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 ) + (x1 x3 + y1 y3 + z1 z3 ) = ~u · ~v + ~u · w.
~

4. m(~u · ~v ) = (m~u)~v (Associativa da multiplicação de um escalar por um


vetor).
m(~u · ~v ) = m(x1 x2 + y1 y2 + z1 z2 )
= (mx1 )x2 + (my1 )y2 + (mz1 )z2 = (m~u)~v .

5. ~u · ~u = |~u|2
p
Note que ~u · ~u = (x, y, z) · (x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 e |~u| = x2 + y 2 + z 2
então,
|~u|2 = x2 + y 2 + z 2 = ~u · ~u

31
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

2.1.3 Interpretação Geométrica do Produto Escalar


Quando os vetores são apresentados em função de suas componentes não
sabemos diretamente o ângulo entre eles.
Por definição podemos representar o produto escalar entre os vetores ~u
e ~v como:

~u · ~v = |~u| · |~v |cosθ,


onde θ é o ângulo formado entre ~u e ~v .
Dados dois vetores não nulos, o ângulo procurado é o menor ângulo
formado por dois representantes destes vetores, com origem em um mesmo
ponto, observe a Figura 2.1.

Figura 2.1: Ângulo entre dois vetores.

Desta forma, podemos obter o ângulo θ entre dois vetores genéricos ~u e


~v partindo desta definição.

Assim,


0 se ~u ou ~v for nulo
~u · ~v = (2.1)
|~u| · |~v |cosθ 0◦ ≤ θ ≤ 180◦

então,

~u · ~v
cos(θ) = ,
|~u| · |~v |
desde que nenhum deles seja nulo.

Demonstração: Sabendo que a lei dos cossenos da geometria plana, es-


tabelece c2 = a2 + b2 − 2 · a · b · cos(θ) e além disso, se o triângulo é retângulo
com os catetos a e b e a hipotenusa c, a lei acima se reduz ao Teorema de
Pitágoras c2 = a2 + b2 , então pela Figura 2.2:

32
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

Figura 2.2: Lei dos cossenos.

se c = w,
~ b = ~u e a = ~v , temos: em notação vetorial
~ 2 = |~u|2 + |~v |2 − 2|~u||~v |cos(θ)
|w|

2|~u||~v |cos(θ) = |~u|2 + |~v |2 − |w|


~2

~ = ~u − ~v , a forma de w
Uma vez que w ~ é (u1 − v1 ,u2 − v2 ,u3 − v3 )

Assim,
q
|~u|2 = ( u21 + u22 + u23 )2 = u21 + u22 + u23
q
|~v |2 = ( v12 + v22 + v32 )2 = v12 + v22 + v32
p
~2
|w| = ( (u1 − v1 )2 + (u2 − v2 )2 + (u3 − v2 )2 )2
= (u1 − v1 )2 + (u2 − v2 )2 + (u3 − v3 )2
e
|~u|2 + |~v |2 − |w|
~ 2 = 2(u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 )
portanto,
2|~u||~v |cos(θ) = |~u|2 + |~v |2 − |w|
~2
= 2(u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 )

⇒ |~u||~v |cos(θ) = (u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 )


(u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 ) ~u · ~v
⇒ cos(θ) = =
|~u||~v | |~u||~v |

33
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

assim,
 
~u · ~v
θ = arccos . (2.2)
|~u||~v |

Observação 1:

Em relação ao ângulo θ:

θ é agudo se (0 ≤ θ < 90◦ ), se e somente se, ~u · ~v > 0.

θ é reto (θ = 90◦ ), se e somente se, ~u · ~v = 0.

θ é obtuso (90◦ < θ ≤ 180◦ ), se e somente se, ~u · ~v < 0.

Observação 2:

|~u + ~v |2 = (~u + ~v )(~u + ~v ) = ~u · ~u + ~u · ~v + ~v · ~u + ~v · ~v = |~u|2 + 2~u~v + |~v |2 .

Se θ = 90◦ , os vetores ~u e ~v são ortogonais =⇒ |~u + ~v |2 = |~u|2 + |~v |2 .

Do mesmo modo

|~u − ~v |2 = |~u|2 − 2~u~v + |~v |2

|~u + ~v ||~u − ~v | = |~u|2 − |~v |2

Exemplo 19. Encontre o ângulo entre ~u = −2~i − ~j + ~k e ~v = ~i + ~j.

Solução:

~u · ~v
cos(θ) =
|~u| · |~v |
(−2, − 1,1) · (1,1,0)
cos(θ) = p √
(−2)2 + (−1)2 + 12 · 12 + 12

−3 − 3
cos(θ) = √ =
12 2
θ = 120◦

Exemplo 20. Encontre o ângulo θ entre ~u = ~i − 2~j − 2~k e ~v = 6~i + 3~j + 2~k.

34
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

Solução:

~u · ~v
cos(θ) =
|~u| · |~v |
(1, − 2, − 2) · (6,3,2)
cos(θ) = p √
(1)2 + (−2)2 + (−2)2 · 62 + 32 + 22
−4
cos(θ) = =⇒ θ ' 100,95◦
21

Vetores Ortogonais:

Dois vetores ~u e ~v são ortogonais se, o produto escalar deles é


nulo:

~u · ~v = 0.

Exemplo 21. ~u = 3~i − 2~j + ~k é ortogonal a ~v = 2~j + 4~k pois ~u · ~v =


(3)(0) + (−2)(2) + (1)(4) = 0.

Observação: O vetor nulo ~0 é ortogonal a todo vetor ~u, pois ~0 · ~u =


(0,0,0) · (3, − 2,1) = 0.

2.1.4 Agora tente resolver!


1. Encontre(as coordenadas do vetor ~v = (a,b,c), resolvendo o seguinte
~v · (~i − ~k) = 3
sistema:
~v · ~j = 5

2. Determinar o vetor →

v , ortogonal ao eixo Oy que satisfaz as condições:

− →
− →

v · a = 12 e v · b = 6, onde →

− →
− −a = (1,2, − 4) e b = (−1,2,6).

3. Determine z tal que ~u = (1, − 3,2) e ~v = (5, − 3,z) sejam ortogonais.

4. Encontrar o vetor m~ ortogonal aos vetores ~u = (3,2, − 2) e ~v = (−1, −


3, − 4), de módulo igual a 6.

5. Calcule o ângulo entre os vetores ~u = (3,2,1) e ~v = (4,5, − 3).

6. Sabendo que |~u| = 4, |~v | = 6 e 30◦ o ângulo entre eles, calcule ~u · ~v .

35
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

Figura 2.3: Ângulos diretores.

Ângulos Diretores e Cossenos Diretores de um vetor: Considere o vetor


~v = x1~i + y1~j + z1~k. Chamamos de ângulos diretores de ~v os ângulos α, β
e γ que ~v forma com os vetores ~i, ~j, ~k como podemos observar pela figura
2.3.
Cossenos diretores de ~v são os cossenos de seus ângulos diretores, isto é,
cos(α), cos(β), cos(γ). Assim, por exemplo,

~v · ~i x
cos(α) = =
|~v ||~i| |~v |

os demais seguem de mesma forma.


−→
Exemplo 22. Dados A(2,2,-3), B(3,1,-3) calcular os ângulos diretores ~v =AB.
−→
Solução: AB= B − A = (3,1, − 3) − (2,2, − 3) = (1, − 1,0)

Ou seja
−→
AB= 1~i − 1~j + 0~k
Agora vamos calcular seus ângulos diretores:
−→ √
AB ·~i x 1 1 2
cos(α) = −→ = −→ = p =√ =
| AB ||~i| | AB |
2 2
1 + (−1) + 0 2 2 2

Então α = 45◦

36
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR


y −1 −1 − 2
cos(β) = −→ = p =√ =
| AB | 12 + (−1)2 + 02 2 2

Então β = 135◦
z 0
cos(γ) = −→ = p =0
| AB | 1 + (−1)2 + 02
2

Então γ = 90◦ .

2.1.5 Vetor Projeção


Dados dois vetores ~u e ~v , com ~u 6= 0 e ~v 6= 0, queremos determinar um
vetor que é a projeção do vetor ~u sobre o vetor ~v . As figuras ilustram duas
situações,

Figura 2.4: Vetor projeção.

Observando a Figura 2.5, traçando uma reta r paralela ao vetor →



u e con-
siderando um vetor ortogonal a reta r, com origem no ponto C, percebe-se


que vetor →−
a , é a projeção ortogonal de →

v sobre →

u . Note que b = →
−v −→−a,

− →

é ortogonal a u e a a . Com a ideia geométrica em mente, vamos enunciar
a seguinte propriedade:

− −
Dados dois vetores →
− 6 O e→
u = v , existe um único vetor →

a que verifica:

1. →

a k→

u

2. →

v −→

a ⊥→

u ⇒ (→

v −→

a)·→

u = 0.

37
IMEF - FURG
2.1. PRODUTO ESCALAR

Figura 2.5: Vetor projeção 2.

O vetor →

a é chamado de projeção ortogonal de →

v sobre →

u , e indicamos:


−a = proj~u~v .
Pela condição (1): →

a = α→

u , e, pela condição (2) (→

v −→

a)·→

u = 0, se

− →
− →
− →
− →
− →

a = α u , temos v · u − α u · u = 0, então
~v · ~u
α=
|~u|2
 
~v · ~u
proj~u~v = · ~u
|~u|2

Exemplo 23. Encontre a projeção ortogonal de ~u = 6~i + 3~j + 2~k em ~v =


~i − 2~j − 2~k.

Solução:
   
~u · ~v (6,3,2) · (1, − 2, − 2)
~a = proj~v ~u = · ~v = · (1, − 2, − 2) =
|~v |2 12 + (−2)2 + (−2)2
 
6−6−4
· (1, − 2, − 2) =
1+4+4
   
−4 −4 8 8
· (1, − 2, − 2) = , ,
9 9 9 9

38
IMEF - FURG
2.2. PRODUTO VETORIAL

Exemplo 24. Encontre a projeção ortogonal de uma força F~ = 5~i + 2~j em


~v = ~i − 3~j.

Solução:    
~u · ~v (5,2) · (1, − 3)
~ = proj~v F~ =
w · ~v = · (1, − 3) =
|~v |2 12 + (−3)2
   
−1 −1 3
· (1, − 3) = , .
10 10 10

2.1.6 Agora tente resolver!


~ = (0, − 5,2) calcule:
1. Dados os vetores ~u = (4,7,3),~v = (2,2,1) e w

a) (~u + ~v ) · w
~
b) proj~u~v
c) ~u · (~v − 2w)
~
d) proj~u w
~
e) projw~ ~v
f) proj~v w
~
g) proj~v ~u

2. Dados os vetores m ~ = (1, − 3,4),~n = (3, − 4,2) e ~o = (−1,1,4), calcular


a projeção do vetor m
~ na direção do vetor ~n + ~o.

2.2 Produto Vetorial


Dados dois vetores ~u e ~v , estamos em busca de um novo vetor, simulta-
neamente ortogonal aos vetores ~u e ~v , denotado por ~u × ~v que denominamos
de produto vetorial de ~u e ~v .

Para definirmos o produto vetorial, devemos lembrar da orientação de


base positiva no espaço. Considere três vetores ~u, ~v e w,
~ como mostra a
Figura 2.6.

39
IMEF - FURG
2.2. PRODUTO VETORIAL

Figura 2.6: Orientação.

O conjunto {~u, ~v , w}
~ nesta situação geométrica forma uma base de veto-
res do espaço, pois os vetores são não coplanares.

Considere a rotação em torno do menor ângulo, em torno de O, assim


o vetor ~u é o primeiro vetor da base, que terá o mesmo sentido do vetor ~v ,
que será definido como o segundo vetor da base. Se a rotação for no sentido
anti-horário a base é positiva. Sendo assim {~u, ~v , w},
~ é positiva.

Vale lembrar que a base canônica é representada no sentido positivo,


assim {~i, ~j, ~k} nessa ordem é positiva.

Observação 1: Usando um dispositivo prático da figura 2.7 , observa-


mos a ordem circular dos vetores da base canônica.

Pelo dispositivo temos:

40
IMEF - FURG
2.2. PRODUTO VETORIAL

Figura 2.7: Sentido Positivo.

~i × ~j = ~k,
de maneira análoga, temos que: ~j × ~k = ~i e ~k × ~i = ~j.

Já no sentido horário, pela figura 2.8, observamos a ordem circular no


sentido negativo.

Figura 2.8: Sentido Negativo.

~j × ~i = −~k, de maneira análoga, temos que: ~i × ~k = −~j e ~k × ~j = −~i .

Pelo sentido anti-horário temos o sentido positivo da base: {~i, ~j, ~k},
{~j, ~k,~i} e {~k,~i, ~j}.

No sentido horário {~j,~i, ~k}, {~i, ~k, ~j} e {~k, ~j,~i} o sentido da base é nega-
tivo.

41
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2.2. PRODUTO VETORIAL

2.2.1 Definição do Produto Vetorial


Ao contrário do produto escalar, que resulta em um escalar, e pode ser
definido tanto como vetores do espaço como vetores do plano, o produto
vetorial só pode ser definido em vetores do espaço já que está ligado essen-
cialmente ao conceito de orientação no espaço.

Representamos o produto vetorial por ~u × ~v , lê-se ~u vetorial ~v .

Observação 2:

• →

u ×→−v = ~0 Se o produto vetorial resultar em um vetor nulo ~0 significa
que um dos vetores é nulo ou os vetores são colineares.

• o vetor resultante tem:

i. módulo |w|
~ = |~u × ~v | = |~u||~v |sen(θ).
ii. a direção do vetor resultante w
~ é simultaneamente ortogonal a ~u
e ~v .
iii. o sentido é tal que {~u, ~v , w}
~ é dado pela base positiva orientada
do espaço.

Cálculo do Produto Vetorial


Considere a base canônica de R3 , {~i,~j,~k}.
Usando a definição de produto vetorial, a observação 1 e sabendo que:

~i × ~i = 0
~j × ~j = 0
~k × ~k = 0

O produto vetorial entre ~u = x1~i + y1~j + z1~k e ~v = x2~i + y2~j + z2~k,


representado por (~u × ~v ) será expresso em coordenadas. Vamos obter as
coordenadas, estendendo por linearidade, assim:

~u × ~v = (x1~i + y1~j + z1~k) × (x2~i + y2~j + z2~k)


= (x1 x2 )(~i × ~i) + (x1 y2 )(~i × ~j) + (x1 z2 )(~i × ~k) + (y1 x2 )(~j × ~i)
+ (y1 y2 )(~j × ~j) + (y1 z2 )(~j × ~k) + (z1 x2 )(~k × ~i) + (z1 y2 )(~k × ~j)
+ (z1 z2 )(~k × ~k)
= (x1 x2 )(0) + (x1 y2 )(~k) + (x1 z2 )(−~j) + (y1 x2 )(−~k) + (y1 y2 )(0)
+ (y1 z2 )(~i) + (z1 x2 )(~j) + (z1 y2 )(−~i) + (z1 z2 )(0)

42
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2.2. PRODUTO VETORIAL

Portanto, ~u × ~v = (y1 z2 − z1 y2 )~i − (x1 z2 − z1 x2 )~j + (x1 y2 − y1 x2 )~k, que


corresponde ao determinante

~i ~j ~k
 
     
y z x z x y
~u × ~v = x1 y1 z1  = 1 1 ~i − 1 1 ~j + 1 1 ~k
y2 z2 x 2 z2 x2 y2
x 2 y2 z2
O sı́mbolo que utilizamos acima não é um determinante, pois a primeira
linha contém vetores e não escalares. No entanto, é uma forma de cal-
cular semelhante ao desenvolvimento do determinante. Esta representação
simbólica auxilia apenas o cálculo de ~u × ~v em coordenadas.

Exemplo 25. Determine o produto vetorial entre ~u = (2,3,1) e ~v = (1,4, −


1), da seguinte forma ~u × ~v e ~v × ~u.

Solução:

~i ~j ~k
 
     
3 1 ~i − 2 1 ~j + 2 3 ~k
~u × ~v = 2 3 1 =
4 −1 1 −1 1 4
1 4 −1
~u × ~v = (−7,3,5)
E, ~v × ~u = (7, − 3, − 5).
Observe que o produto vetorial não é comutativo.

2.2.2 Propriedades do Produto Vetorial


Algumas propriedades do produto vetorial estão relacionadas com as
propriedades dos determinantes.

i. ~u × ~u = ~0

Pela definição de produto vetorial, temos que |~u × ~v | = |~u||~v |sen(θ)


então |~u × ~u| = |~u||~u|sen(0◦ ) = 0.

ii. ~u × ~v = −(~v × ~u)

Observe que aqui a ordem dos fatores é importante, significa que o


produto vetorial não é comutativo. Os vetores resultantes serão opos-
tos.

iii. ~u × (~v + w)
~ = ~u × ~v + ~u × w.
~

Sendo ~u = (x1 ,y1 ,z1 ), ~v = (x2 ,y2 ,z2 ) e w


~ = (x3 ,y3 ,z3 ):

43
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2.2. PRODUTO VETORIAL

~u × (~v + w)
~ = (x1 ,y1 ,z1 ) × (x2 + x3 ,y2 + y3 ,z2 + z3 )
= (y1 (z2 + z3 ) − z1 (y2 + y3 ),z1 (x2 + x3 ) − x1 (z2 + z3 ),
x1 (y2 + y3 ) − y1 (x2 + x3 ))
= (y1 z2 − z1 y2 + y1 z3 − z1 y3 , − x1 z2 + z1 x2 − x1 z3 + z1 x3 ,
x1 y2 − y1 x2 + x1 y3 − y1 x3 )
= (y1 z2 − z1 y2 , −x1 z2 + z1 x2 ,x1 y2 − y1 x2 )
+ (y1 z3 − z1 y3 , − x1 z3 + z1 x3 ,x1 y3 − y1 x3 )
= ~u × ~v + ~u × w
~

Comparando com as propriedades dos determinantes, observamos que


se cada elemento de uma linha é uma soma de parcelas, o determinante
pode ser expresso sob a forma de uma soma de determinantes.
iv. (m~u) × ~v = m(~u × ~v )

(m~u) × ~v = (m(x1 ,y1 ,z1 )) × (x2 ,y2 ,z2 )


= (mx1 ,my1 ,mz1 ) × (x2 ,y2 ,z2 )
= (my1 z2 − mz1 y2 , − mx1 z2 + x2 mz1 ,mx1 y2 − my1 x2 )
= m(y1 z2 − z1 y2 , − x1 z2 + x2 z1 ,x1 y2 − y1 x2 )
= m(~u × ~v )

Se multiplicarmos uma linha por um número real, o resultado final fica


multiplicado por esse número.
v. ~u × ~v = ~0 se, e somente se, um dos vetores é nulo ou se ~u e ~v são
colineares.

Se um dos vetores é nulo, teremos no produto vetorial uma linha nula,


então o vetor resultante é nulo. De mesma forma, se os vetores são
colineares temos duas linhas múltiplas, logo o vetor resultante também
é nulo.

vi. ~u × ~v é ortogonal simultaneamente aos vetores ~u e ~v . Pelo produto


escalar: →−
u · (→

u ×→−v)=→ −v · (→

u ×→

v ) = 0.

Veja pela base canônica {~i,~j,~k} como o resultado do produto vetorial


de cada par de vetores, resulta sempre no terceiro de tal maneira que
este é ortogonal aos outros dois.

44
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2.2. PRODUTO VETORIAL

vii. |~u × ~v |2 = |~u|2 |~v |2 − (~u~v )2 Identidade de Lagrange.

viii. se ~u 6= 0 e ~v 6= 0 e se θ é o ângulo entre os vetores ~u e ~v , de fato:

|~u × ~v |2 = |~u|2 |~v |2 − (~u~v )2


= |~u|2 |~v |2 − (|~u||~v |cosθ)2
= ~u|2 |~v |2 (1 − cos2 (θ)) = |~u|2 |~v |2 sen2 (θ)

Portanto, o comprimento ou norma é |~u × ~v | = |~u||~v |sen(θ).

ix. ~u × (~v × w)
~ 6= (~u × ~v ) × w
~

x. Sentido de →

u ×→

v : regra da mão direita:

Figura 2.9: Regra da Mão Direita.

2.2.3 Agora tente resolver!


1. Dados os vetores abaixo, esboce os eixos coordenados e represente os
vetores ~u, ~v e ~u × ~v :

(a) ~u = (3,4,3), ~v = (0,0,6)


(b) ~u = (2,6,0), ~v = (0,4,3)
(c) ~u = (2, − 3,4), ~v = (1,4,0)

2. Para cada item, determine ~u × ~v e ~v × ~u:

(a) ~u = (2,3,0), ~v = (4,1, − 1)

45
IMEF - FURG
2.2. PRODUTO VETORIAL

(b) ~u = (0,1,2), ~v = (2,0,3)


(c) ~u = (1, − 1,1), ~v = (3,1,2)

3. Sabendo que ~u = (1,2,3), ~v = (2,1, − 1) e w


~ = (3,1,0), calcule:

(a) 3~u × (~v + 2w)


~
(b) (~u × ~v ) × (~v × ~u)
(c) ~u · (~v × w)
~
(d) (~u × ~v ) × w
~
(e) ~u × (~v × w)
~
(f) (~u × ~v ) · w
~

2.2.4 Interpretação Geométrica do Produto Vetorial


A área de um paralelogramo determinado pelos vetores ~u e ~v é numeri-
camente igual ao módulo do produto vetorial |~u ×~v | como podemos observar
pela figura.
Cálculo da área do paralelogramo:

−→
Área(ABCD) =(AB)h, onde (AB) =| AB | = |~u|.
−→
Temos que h=(AD)sen(θ), em que (AD) = | AD | = |~v |.

Logo, Área(ABCD)=|~u||~v |senθ = |~u × ~v |.

Exemplo 26. Dados os vetores ~u = (2,1, − 1), ~v = (−1,1,3), calcular a área


do paralelogramo formado por ~u e ~v .

Solução:

46
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2.2. PRODUTO VETORIAL

~i ~j ~k

|~u × ~v | = 2 1 −1 = |~i(3 − (−1)) − ~j(6 − (1)) + ~k(2 − (−1))|



−1 1 3

= |4~i − 5~j + 3~k| = |(4, − 5,3)| = 42 + (−5)2 + 32


p
√ √ √
= 16 + 25 + 9 = 50 = 5 2 u.a.

Exemplo 27. Calcular a área do triângulo formado pelos pontos A(-1,1,0),


B(2,1,-1), C(-1,1,2).
−→ −→
Solução: Primeiramente, calcularemos os vetores AB e AC.
−→
AB= B − A = (2,1, − 1) − (−1,1,0) = (3,0, − 1)
−→
AC= C − A = (−1,1,2) − (−1,1,0) = (0,0,2)

Agora vamos calcular a área do paralelogramo formado por estes vetores:

~i ~j ~k

−→ −→
| AB × AC | = 3 0 −1 = |~i(0 − 0) − ~j(6 − 0) + ~k(0 − 0)|

0 0 2

= |0~i − 6~j + 0~k| = |(0, − 6,0)|


−→ −→ p √
Portanto, a área do paralelogramo é | AB × AC | = (−6)2 = 36 =
6u.a.
Mas, o exercı́cio pergunta qual o valor da área do triângulo formado pelo
pontos A, B e C. Conforme a figura a seguir, a área do triângulo é exata-
mente a metade da área do paralelogramo, ou seja 3 u.a.

47
IMEF - FURG
2.2. PRODUTO VETORIAL

2.2.5 Agora tente resolver!



− → − →
− →
− − 1→
→ −
1. Obtenha o vetor →

x tal que →

x ·( i − j ) = 0 e →

x ×( i +2 k ) = i − k .
2
2. Dados os vetores ~u = 3~i − 2~j + 4~k e ~v = ~i − 3~j − 2~k. Calcule ~u × ~v e
|~u × ~v |.

3. Nos itens abaixo, encontre ~u ×~v , o módulo (comprimento) e a direção


do vetor unitário resultante de :

a) ~u = 2~i − 2~j − ~k, ~v = ~i − ~k.


b) ~u = 2~i + 3~j, ~v = −~i + ~j.
c) ~u = 2~i − 2~j + 4~k, ~v = −~i + ~j − 2~k.

4. Determine o vetor w, ~ simultaneamente ortogonal aos vetores ~u =


(2,1,1) e ~v = (5,3, − 1).

5. Encontre o vetor ortogonal ao plano dos vetores ~u = (3,1, − 1) e ~v =


(4,2,3).

6. Considerando os vetores ~a = (1,2,3), ~b = (−1,1,2), ~c = (2, − 4,3) e


d~ = (2, − 1,0), calcular (~a × ~b) · (~c × d).
~

Uma Aplicação na Fı́sica


O Torque é o produto entre a intensidade da força pela distância d de
um ponto P . Nesta situação, quando giramos, por exemplo, um parafuso
aplicamos uma força F sobre a chave para apertarmos o parafuso, assim,
o torque que estamos produzindo age ao longo do eixo do parafuso para
girá-lo.
A magnitude do torque depende da distância entre o eixo do parafuso e
o ponto sobre a chave no qual estamos aplicando a força e quanto da força
é perpendicular à chave no ponto de aplicação. O número que usamos para
medir o torque é a magnitude do vetor |d|| ~ F~ |senθ ou d~ × F~ , onde d~ é o
comprimento do braço da alavanca.
−−→
Exemplo 28. Calcular o módulo do torque sobre uma barra P Q, onde
−−→
P Q = 4~j(em metros) e F~ = 15~i (em newtons) e o eixo de rotação é o
eixo z.

48
IMEF - FURG
2.3. PRODUTO MISTO

−−→ ~ ~
p = P Q× F = −60k. Assim, o módulo pode ser calculado
Solução: Torque
como |T orque| = (−60)2 = 60mN .

2.3 Produto Misto


2.3.1 Definição do Produto Misto
Dados três vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k, ~v = x2~i + y2~j + z2~k e w
~ =
~ ~ ~
x3 i + y3 j + z3 k, o produto misto tomado nesta ordem, é o número real
~u · (~v × w).
~
Observe que o produto vetorial ~v × w~ é um vetor, e portanto, é possı́vel
formar seu produto escalar ~u · (~v × w).
~ Estes três vetores formam três ares-
tas adjacentes de um paralelepı́pedo. Por isso, o produto misto representa
o volume do paralelepı́pedo gerado por estes vetores.

Representamos o produto misto de ~u, ~v e w


~ por (~u, ~v , w).
~

Cálculo do Produto Misto


Do resultado do produto vetorial:

~ = (y2 z3 − z2 y3 )~i − (x2 z3 − z2 x3 )~j + (x2 y3 − y2 x3 )~k


~v × w

Temos que:

~ = (x1~i+y1~j +z1~k)·[(y2 z3 −z2 y3 )~i−(x2 z3 −z2 x3 )~j +(x2 y3 −y2 x3 )~k].


~u ·(~v × w)

Sabendo que o produto escalar de dois vetores ortogonais é nulo, só tere-
mos resultados quando houver produto escalar entre o mesmo vetor unitário

49
IMEF - FURG
2.3. PRODUTO MISTO

da base canônica.

~ = x1 (y2 z3 − z2 y3 )~i · ~i + y1 (x2 z3 − z2 x3 )~j · ~j


~u · (~v × w)
+ z1 (x2 y3 − y2 x3 )~k · ~k
= x1 y2 z3 − x1 z2 y3 + y1 x2 z3 − y1 z2 x3 + z1 x2 y3 − z1 y2 x3
= x1 y2 z3 + y1 x2 z3 + z1 x2 y3 − (x1 z2 y3 + y1 z2 x3 + z1 y2 x3 )

Logo, o que temos é:


x1 y1 z1

~u · (~v × w)
~ = x2 y2 z2
x3 y3 z3

2.3.2 Propriedades do Produto Misto


As propriedades do produto misto decorrem das propriedades dos deter-
minantes.

i. (~u, ~v , w)
~ =0
Se um dos vetores é nulo, teremos uma linha nula no determinante,
portanto, seu resultado é nulo.
Se dois deles são colineares, temos linhas proporcionais, gerando um
resultado nulo.
E considerando que ~u · (~v × w)
~ = 0, significa que ~u e ~v × w ~ são vetores
ortogonais e sabendo que ~v × w ~ é ortogonal a ~v e w, ~ então ~v × w
~ é
ortogonal a ~u, ~v , w.
~ Portanto, ~u, ~v , w
~ são coplanares.

ii. O produto misto independe da ordem circular dos vetores: (~u, ~v , w)


~ =
(~v , w,
~ ~u) = (w,
~ ~u, ~v ).
Mas troca de sinal se trocarmos as posições de dois vetores consecuti-
~ = −(~v , ~u, w).
vos: (~u, ~v , w) ~

iii. (~u, ~v , w
~ + ~r) = (~u, ~v , w)
~ + (~u, ~v , ~r)
Comparando com as propriedades dos determinantes, observamos que
se cada elemento de uma linha é uma soma de parcelas, o determinante
pode ser expresso sob a forma de uma soma de determinantes.

iv. (~u, ~v , mw)=(~


~ u, m~v , w)=(m~
~ u, ~v , w)=m(~
~ u, ~v , w)
~
Se multiplicarmos uma linha por um número real, o resultado final fica
multiplicado por esse número.

50
IMEF - FURG
2.3. PRODUTO MISTO

v. (~u × ~v ) · w
~ = ~u · (~v × w)
~
O produto misto é comutativo, pois o produto escalar também é co-
mutativo.

Exemplo 29. Encontre o produto misto (~u, ~v , w),


~ onde ~u = (3,2,1), ~v =
(1,1,1), w
~ = (2,1,1).

Solução:

~u · (~v × w)
~ = 3 + 4 + 1 − (2 + 3 + 2) = 8 − 7 = 1.

2.3.3 Agora tente resolver!


1. Calcule o produto misto dos vetores a seguir, na ordem que eles apa-
recem:

~ = (3,0, − 1)
(a) ~u = (1,2,3), ~v = (2,1,0), w
(b) ~u = (0,0,2), ~v = (2, − 1,0), w
~ = (1,1, − 1)
(c) Verificar se os vetores abaixo são coplanares:
i. ~u = (1,2,3), ~v = (0,0,2), w
~ = (−1,0,3)
ii. ~u = (2,4,6), ~v = (1,1,3), w
~ = (6,12,18)

2.3.4 Interpretação Geométrica do Produto Misto


O volume de um paralelepı́pedo é definido como área da base pela sua
altura (Ab · h). Observando a figura 2.10 a área da base do paralelepı́pedo
é |~u × ~v |. Seja θ o ângulo entre os vetores e ~u × ~v e w.
~ Sendo ~u × ~v um ve-
tor ortogonal à base, a altura será paralela a ele, e , portanto, h = |w||cos(θ)|.
~

Assim,
V = |~u × ~v ||w||cos(θ)|
~
Fazendo ~u × ~v = ~n,

V = |~n| · |w||cos(θ)|
~
Sabendo que ~n · w
~ = |~n||w|cos(θ).
~
O volume do paralelepı́pedo é definido pelo módulo do produto misto deter-
minado pelos vetores ~u, ~v e w.
~

V = |~n · w|
~ = |(~u × ~v ) · w|
~

Exemplo 30. Encontre o volume da caixa determinada por ~u = (1,2, − 1),


~ = (0,7, − 4).
~v = (−2,0,3), w

51
IMEF - FURG
2.3. PRODUTO MISTO

Figura 2.10: Interpretação Geométrica do Produto Misto.

Solução:


1 2 −1

V = |(~u, ~v , w)|
~ = −2 0 3 = |0 + 0 + 14 − (0 + 21 + 16)|
0 7 −4
= |14 − 37| = | − 23| = 23 u.v.

Observação 3: O Tetraedro é uma figura geométrica espacial. Um


Tetraedro Regular é formado por quatro triângulos equiláteros. O volume
do tetraedro ABCD é 16 do volume do paralelepı́pedo. Pois,
1
VT = AbT hT .
3
1
Sabendo que a área da base é AbT = AbP e a altura do tetraedro é
2
igual a altura do paralelepı́pedo hT = hP . Então,
11 1 1
VT = AbP hP = AbP hP = VP .
32 6 6
Exemplo 31. Calcule o volume do tetraedro sabendo que as arestas são
determinadas pelos vetores ~u = (−1,1,0), ~v = (−1,0,1) e w ~ = (3,2,7).

−1 1 0
~ = 6 −1 0 1 = 16 |12| = 2u.v.
1

Solução: V = |(~u, ~v , w)|
3 2 7

Exemplo 32. Verificar se os pontos A(0,1,1), B(1,0,2), C(1,−2,0) e D(−2,2,−


2) são coplanares.

52
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2.3. PRODUTO MISTO

Figura 2.11: Tetraedro.

−−→
Solução: Os pontos pertencem ao mesmo plano se os vetores AB =
−→ −−→
(1, − 1,1), AC = (1, − 3, − 1) e AD = (−2,1, − 3) são coplanares, isto
acontece se o produto misto entre eles é zero. Assim,
1 −1 1

det 1 −3 −1 = 0.
−2 1 −3

Duplo Produto Vetorial: Dados os vetores ~u = x1~i + y1~j + z1~k, ~v =


x2~i + y2~j + z2~k e w
~ = x3~i + y3~j + z3~k, chama-se duplo produto vetorial dos
vetores ~u, ~v e w~ ao vetor ~u × (~v × w).
~

Observação: O produto vetorial não é associativo: ~u × (~v × w)


~ 6=
(~u × ~v ) × w.
~

Decomposição do Duplo Produto Vetorial: É possı́vel decompor o duplo


produto vetorial na diferença de dois vetores com coeficientes escalares:

~u × (~v × w)
~ = (~u · w)~
~ v − (~u · ~v )w
~

Esta fórmula pode ser escrita sob a forma de determinantes:



~v w~
~u × (~v × w)
~ =
~u · ~v ~u · w
~

2.3.5 Agora tente resolver!


1. Dados os vetores ~a = (3, − 1,1), ~b = (1,2,2) e ~c = (2,0, − 3), calcule
(~a,~b,~c).

53
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2.4. LISTA 2

2. Qual deve ser o valor de m para que os vetores ~u = (2,m,0), ~v =


(1, − 1,2) e w
~ = (−1,3, − 1) sejam coplanares?

3. Determine o volume do paralelepı́pedo determinado pelos vetores ~u =


(0, − 1,2), ~v = (−4,2, − 1) e w
~ = (3,4, − 2).

2.4 Lista 2
1. Encontre as coordenadas do vetor ~v = (a,b,c), resolvendo os seguintes
sistemas:

 ~v · (−~i + ~j) = 2

(a) ~v · (~i + 2~k) = 4


~v · (−~i) = 3


 ~v · (2~i + ~j + ~k) = 2

(b) ~v · (~i − ~k) = 0
~v · (3~j) = 9



 ~v · (3~i + 2j − ~k) = 3

(c) ~v · (−~j − ~k) = 2
~v · (3~i − ~k) = 1

2. Dados os vetores ~u = (2,3, − 1),~v = (4, − 2, − 3), determinar →



x de

− →
− →
− →
− →
− →

modo que 4 x − 2 v = x + ( u · v ) u .

3. Dados os vetores ~u = (3, − 2,4), ~v = (1,2, − 4), calcular

(a) (3~u − ~v ) · (~v − 4~u)


(b) (~u + 3~v ) · (~u − ~v )

4. Sabendo que |~u| = 2, |~v | = 3 e ~u · ~v = −1, calcular:

(a) (2~u − 3~v ) · ~u


(b) (~u + ~v ) · (~v − 4~u)

5. Qual o comprimento do vetor projeção de ~u = (2,4,5) sobre o eixo x?

6. Qual o comprimento do vetor projeção de ~a = (4,5, − 3) sobre o eixo


y?

7. Determinar o vetor →

v paralelo ao vetor →

u = (1,3,−1) tal que →

v ·→

u =
44.

8. Determine x para que os vetores sejam ortogonais:

~ = (4, − x,2)
(a) ~u = (x + 2,2,1) e w

54
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2.4. LISTA 2

~ = (x,3, − 2x)
(b) ~u = (4,x + 1,3) e w

9. Encontre o vetor projv ~u:

(a) ~u = (2,2, − 3) e ~v = (5,3,0)


(b) ~u = 7~i + 8~j + 9~k e ~v = ~i + 2~j + 3~k
(c) ~u = (3, − 6,7) e ~v = (0,1,1)
(d) ~u = 2~i + 7~j − 6~k e ~v = 3~i + 2~j
(e) ~u = (2,3,4) e ~v = (1, − 1,0)

10. Encontre os ângulos entre os vetores:

(a) ~u = (2,7, − 6) e ~v = (3,2,0)


(b) ~u = 2~i + 4~j + 6~k e ~v = 6~j
(c) ~u = (1,2, − 8) e ~v = (3,1,0)
(d) ~u = (5, − 6,4) e ~v = (0,0,7)

11. Encontre a medida dos ângulos do triângulo cujos vértices são A(-1,0),
B(2,1), C(1,-2).

12. Marque os pontos A(4,5,3), B(6,2,0) e C(0,6,2) no espaço tridimensi-


onal, desenhe a placa triangular e calcule o ângulo interno ao vértice
A.

13. Usando a definição de trabalho (W ) realizado por uma força constante


−−→ −−→
W = F~ · AB = |F~ ||AB|cosθ. Encontre o trabalho realizado por uma
força que atua no deslocamento de um objeto de A para B, sabendo
−−→
que |F~ | = 30N (newtons) e |AB| = 2m e θ = 30◦ .

14. Encontre o trabalho realizado por uma força que atua no deslocamento
−−→
de um objeto de A para B, sabendo que |F~ | = 25N (newtons) e |AB| =
4m e θ = 60◦ .

15. Encontre as coordenadas do vetor w ~ de módulo 27 que é ortogonal ao


vetor ~u = (3,2, − 2) e ao vetor ~v = (1, − 2, − 6).

16. Determine
√ o vetor ~u = (a,b,c) sabendo que ~u · ~v = 1 e ~u · w
~ = 1 e que
|~u| = 22, onde ~v = (1,1,0) e w~ = (2,1, − 1).

17. Dados os vetores ~u = (2,3,1) e ~v = (1,2,3), encontre:

~ = 2~u × ~v
(a) w
~ = (3~u + 2~v ) × ~v
(b) w
~ = ~u × (~v − ~u)
(c) w

18. Se ~u = 2~i − ~j + 4~k, ~v = 2~i + 6~j − 2~k e w


~ = −2~i + 2~k, determinar:

55
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2.4. LISTA 2

(a) |~u × w|
~
(b) (2~v ) × (3~u)
(c) (~u × w) ~ × ~v )
~ + (w

19. Dados os pontos P (3,2,1), Q(3,0,5) e R(2,−1,−1), determinar o ponto


−→ −→ −→
S tal que (P S) = (QR) × (P R).

20. Dados os vetores ~u = (6, − 2,1) e ~v = (2, − 2,0):

(a) Desenhe o paralelogramo e determine sua área.


(b) Encontre a altura do paralelogramo relativa à base definida pelo
vetor ~v .
−→
21. Calcule a área do paralelogramo ABCD, sendo AB= (1, − 1,3) e
−→
AD= (3, − 3,2).

22. Marque os pontos a seguir no espaço cartesiano, encontre a área dos


−→ −→
triângulos formados pelos vetores AB e AC e o comprimento das al-
turas baixadas pelo vértice B:

(a) A(2,6,0), B(4,4,6), C(5,2, − 1)


(b) A(4, − 3,4), B(4,4,4), C(5,3, − 4)
(c) A(4, − 3,0), B(5,6,4), C(5,5, − 2)

23. Dados os vetores ~u = (2,3,0) e ~v = (3,4,4), encontre a área do parale-


logramo sabendo que ele é formado por 2~u e ~v .

24. Encontre um vetor perpendicular ao plano dos pontos A(4,6,1), B(5,−


3,4) e C(5,5, − 2).

~ = (1,2, − 1).
25. Conhecendo as coordenadas dos vetores ~v = (1,1,3) e w
Encontre as coordenadas do vetor ~u sabendo que ele é ortogonal ao
eixo x e ~v = ~u × w.
~

26. Determinar a distância do ponto A(−4, − 3,5) à reta que passa pelos
pontos P (2,7,0) e Q(5, − 4, − 2).

27. Encontre o√vetor ~u tal que ~u × (~i − ~j) = 2(~i + ~j − ~k), tal que o módulo
de →

u seja 6.

28. Sabendo que os pontos A(4,0,2), B(6,2,5), C(5,5,3) e D(3,3,0) são


vértice de uma placa, marque os pontos no espaço cartesiano, deter-
mine a área e o ângulo interno ao vértice C.

29. Determine o vetor √ ~v , ortogonal ao eixo Oy, sabendo que ~v · (0,3,2) = 8


e |~v × (1,2,0)| = 180.

56
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2.4. LISTA 2

30. Dados os vetores ~u = (2, − 1,3) e ~v = (2,3,3) e w


~ = (2,0, − 4), calcular:

(a) (~u,~v ,w)


~
(b) (w,~
~ u,~v )
(c) (~v ,~u,w)
~

31. Determinar o valor de k para que sejam coplanares os vetores:

(a) ~u = (2,2,k) e ~v = (2,0,1) e w


~ = (k,4,k).
~ = (3, − 1,1)).
(b) ~u = (2,k,2) e ~v = (1,0,k) e w

32. Um paralelepı́pedo é determinado pelos vetores ~u = (3,1,0),~v = (2,1,0)


ew~ = (2,1,5). Calcular seu volume e a altura relativa à base definida
pelos vetores ~u e ~v .

33. Sejam A(2,4,0), B(2, − 2,0), C(−4,0,0) e D(0,0,6) vértices de um te-


traedro. Calcular o volume deste tetraedro.

34. Sejam A(2,1,6), B(4,1,3), C(1,16,2) e D(3,1,1) vértices de um tetrae-


dro. Calcular o volume deste tetraedro.

35. Represente no espaço cartesiano o tetraedro dos itens abaixo e calcule


seu volume:

(a) A(7,6, − 3), B(5, − 1,1), C(0,6,0), D(5,5,5)


(b) A(−3,4,0), B(4,0,1), C(4,8,0), D(−1,0,3)

36. Sejam os vetores ~u = (2,1,0), ~v = (1,0,2) e w~1 = 2~u − ~v , w~2 = 3~v − 2~u,
e w~3 = ~i + ~j + 2~k. Determinar o volume do paralelepı́pedo definido
por w~1 , w~2 , w~3 .

37. Quatro vértices de um paralelepı́pedo são A(1, 4, 12), B(6, −8, 14),
C(−5, 12, 6) e D(9, 18, 15). Calcule o volume desse paralelepı́pedo.
−→ −−→
38. Do tetraedro de arestas OA, OB e OC, sabe-se: OA = (x,3,4), OB =
−−→
(0,4,2), OC = (1,3,2). Calcule x para que o volume desse tetraedro seja
igual a 2u.v.

39. Dados os pontos A(3,4,0), B(0, − 2,0) e C(1,2,4), determinar o ponto


−−→ −→
D do eixo Oy, tal que o volume do tetraedro determinado por AB, AC
−−→
e AD seja 12u.v.

40. Determine o valor de a para que os vetores sejam coplanares ~u =


(2,4,0), ~v = (3,2, − 1) e w
~ = (a,0,1).

41. Sendo os vetores ~u = (4,4,0), ~v = (−3,5,0) e w


~ = (1,3,z) vértices de
um paralelepı́pedo de volume 192u.v., determinar o valor de z.

57
IMEF - FURG
2.4. LISTA 2

42. Determinar o vetor m


~ = (a,b,c), tal que:

~ · (2,3,4) = 9
m

~ × (−1,1, − 1) = (−2,0,2)
m

43. Determinar o vetor ~u = (a,b,c), tal que:

~u · (2,0,4) = 4

~u × (3, − 1,0) = (0,0,3)

44. Encontre os valores de b e c de modo que (2,b,c)·((1,2,3)×(1,0,−1)) = 8.

45. Encontre os valores de b e c de modo que (2,b,c) × (1, − 2,2)) = (2,2,1).

58
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Capı́tulo 3

Gabaritos

3.1 Gabarito - Lista 1


−9 −10
1. →

w =( , )
7 7
2. a = 9, b = 8, c = −2
−→ −−→ −−→ −→ −−→
3. a. OA = (3,6), AB = (1, − 14), CB = (5, − 11), OA + CB = (8, −
−−→ −→
5), AB − OA = (−2, − 20)
√ √ √ →
− √
4. |→

u | = 27, |→ −
v | = 21,|→−
w | = 13,| t | = 74,|→

u +→

w |@
√ √
5. |→

u +→ v | = 45, |→
− −
u − 3→

v | = 557
1 −18
6. a = , b = ,c = −6
3 4
7. gráficos.
8. (0,y,0), (x,0,z), (0,y,z), (x,0,0)
−−−→ 3 3 2 −−−→
9. CPm = ( , , − 3), →

u = CPm = (1,1, − 2)
2 2 3
10. ~v = (1,6)
11. B(7,11,7)
12. ~v = (2,11, − 1)
13. A0 (0, − 1, − 4)
1 9 7
14. ~u = ( , − , )
3 3 3
8 1
15. a = 1, b = , c = −
3 3
16. b = 18

59
3.2. GABARITO - LISTA 2

3.2 Gabarito - Lista 2


7 1 1 2
1. a)~v = (−3, − 1, ); b)~v = (− ,3, − ); c)~v = (− ,1, − 3).
2 3 3 3
18 11 11
2. →

x =( , ,− )
3 3 3
3. −488, −68

4. 11, −4

5. 2u.c.

6. 5u.c.

7. →

v = (4,12, − 4)

8. x = −5; x = −3
40 24 25 50 75 1 1 60 40 1 1
9. a)( , ,0), b)( , , ), c)(0, , ), d)( , ,0); e)(− , ,0)
17 17 7 7 7 2 2 13 13 2 2
20 2 5 4
10. θ = arcos( √ √ ); θ = arcos( √ ); θ = arcos( √ √ ); θ = arcos( √ )
13 89 14 10 69 77
11.
−8
12. θ = arcos( √ )
396

13. W = 30 3J

14. W = 50J

~ = (18, − 18,9) ou w
15. w ~ = (−18,18, − 9)
16 20 14
16. ~u = (3, − 2,3), ~u = (− , ,− )
6 6 6
~ = (14, − 10,2); w
17. w ~ = (21, − 15,3); w
~ = (7, − 5,1)

18. 152; (132, − 72, − 84); (−14, − 12, − 14)

19. (−13,6,3)

20. 72u.a.; 3u.c.
√ √
21. 98 = 7 2u.a.

22.

23. 2 209u.a.

24.

60
IMEF - FURG
3.2. GABARITO - LISTA 2

25. (0, − 3,1)

26.

27. (1,1,2)

28.

29. a = 5 ou a = −5, b = 0 e c = 4

30. −56, − 56,56


4 2
31. a) k = ; b) k = ou k = −1
3 3
32. V = 5u.v.

33.
105
34. u.v.
6
328
35. u.v.; 22u.v.
6
36. 16u.v.

37. 604u.v.

38. 11, − 1

39. −1, − 3

40. a = −2

41. z = 6, z = −6

42. (1,1,1)
5
43. (2, − ,0)
3
1
44. b = 6 + c
2
45. b = −5, c = 6

61
IMEF - FURG
3.2. GABARITO - LISTA 2

Bibliografia
1. Steinbruch, A.; Winterle, P. Geometria Analı́tica, São Paulo: Pearson
Makron Books, 1987.

2. Winterle, P. Vetores e Geometria Analı́tica, São Paulo: Makron Books,


2 ed., 2014.

3. Boulos, P. Geometria Analı́tica: um tratamento vetorial, São Paulo:


McGraw-Hill, 1987.

4. Weir, Maurice D. Cálculo (George B. Thomas), Volume II, São Paulo:


Addison Wesley, 2009.

62
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Apêndice A

Estudo da Reta

A.1 Conceito de Produto Cartesiano


Dados dois conjuntos A e B, o produto cartesiano de A por B, (A × B)
é o conjunto formado por todos os pares ordenados (a,b), em que a ∈ A e
b ∈ B:

A × B = {(a,b)|∀a ∈ A; ∀b ∈ B}
Exemplo 33. Considere os seguintes conjuntos: A = {1,3,5} e B = {2,3}.

A × B = {(1,2),(1,3),(3,2),(3,3),(5,2),(5,3)}

Produtos cartesianos importantes:

Sendo R - conjunto dos reais.

Indica-se por R2 o conjunto formado pelos pares ordenados (x,y), em que


x e y são números reais. O produto cartesiano: R × R = R2 = {(x,y)|∀x ∈
R; ∀y ∈ R}.

O número x é a primeira coordenada (abscissa) e o número y a segunda


coordenada (ordenada) do par (x,y).

Indica-se por R3 o conjunto formado pelos ternos ordenados (x,y,z), em


que x,y e z são números reais.

O produto cartesiano: R × R × R = R3 = {(x,y,z)|∀x ∈ R, ∀y ∈ R,∀z ∈


R}.

O número x é a primeira coordenada (abscissa) e o número y a segunda


coordenada (ordenada) e z é a terceira coordenada (cota) do terno (x,y,z).

63
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

A.1.1 Coordenadas Cartesianas na reta


Uma reta orientada é uma reta na qual tomamos um sentido positivo de
percurso (flecha).

Figura A.1: Reta Orientada.

Como vimos, cada ponto no plano (R2 ) possui uma abscissa e uma or-
denada, portanto, o ponto P é um par ordenado (x,y). Note que o plano
cartesiano é formado a partir de duas retas mutuamente perpendiculares. O
eixo x é perpendicular ao eixo y.

Figura A.2: Plano cartesiano.

Exemplo 34. Pontos no plano cartesiano.

Suponha que deseja-se marcar o ponto A(1, − 3) no plano cartesiano.


Para isso, imagine uma reta vertical passando pelo ponto 1 do eixo x e uma

64
IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Figura A.3: Ponto no plano cartesiano.

reta horizontal passando pelo ponto −3 do eixo y. A interseção dessas duas


retas é o ponto A.
Distância entre dois pontos

Para falar em distância entre dois pontos devemos lembrar do Teorema


de Pitágoras, que relaciona as medidas dos lados de um triângulo retângulo.
Os lados que formam um ângulo reto são denominados catetos e o lado
oposto ao ângulo reto é chamado de hipotenusa. Assim, temos

a2 = b2 + c2 .

Pela figura abaixo, considere os pontos P (x1 ,y1 ) e Q(x2 ,y2 )

Figura A.4: Distância entre dois pontos.

−−→
|P Q|2 = |x2 − x1 |2 + |y2 − y1 |2 = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2

65
IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

−−→ p
|P Q| = (x2 − x1 )2 + (y2 − y1 )2
Ponto Médio

Considere três pontos sobre uma reta A(x1 ,y1 ), B(x2 ,y2 ), P (x,y), onde
P é o ponto médio entre A e B, então AP = P B. Portanto,

(x1 + x2 ) (y1 + y2 )
x= ,y =
2 2
 
x1 + x2 y1 + y2
P = ,
2 2

Figura A.5: Ponto médio.

A.1.2 A Equação da Reta no plano


É fácil perceber que dois pontos distintos definem uma única reta. Con-
sidere a reta definida por A(x0 ,y0 ) e B(x1 ,y1 ). Um ponto P (x,y) está sobre
a reta desde que A, B e P sejam colineares, como podemos observar pela
figura abaixo.
Tal condição de alinhamento é satisfeita se os triângulos ABM e AP N
forem semelhantes,
PN BM
=
AN AM
Portanto,
y − y0 y1 − y0
= .
x − x0 x1 − x0
Onde, x0 ,y0 ,x1 ,y1 são números conhecidos. Tal constante é o coefici-
ente angular da reta a e pode ser calculado dividindo-se a variação 4y das
ordenadas dos pontos conhecidos da reta pela variação 4x de suas abscissas.

66
IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Figura A.6: Definição da equação da reta.

4y y1 − y0
a= = .
4x x1 − x0
y1 − y0
Então, = a ou y − y0 = a(x − x0 ) é a equação na forma ponto
x1 − x0
coeficiente angular. Isolando y, temos y = ax − ax0 + y0 , onde ax0 + y0 = b,
então a forma da equação reduzida da reta é dada por

y = ax + b.

Sendo assim, a é o coeficiente angular da reta e b o coeficiente linear. Di-


zer que y = ax + b é uma equação de uma dada reta significa que todo ponto
da reta tem coordenadas que satisfazem sua equação. Reciprocamente, todo
par ordenado que satisfaz sua equação é um ponto da reta.

Declividade ou coeficiente angular

Considere uma reta r não paralela ao eixo Oy e α sua inclinação, o


coeficiente angular a é o número real que expressa a tangente trigonométrica
de sua inclinação α.

a = tgα
Observe a seguir os casos com 0◦ ≤ α < 180◦ :
A equação da reta horizontal é y = b.

67
IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Figura A.7: Reta horizontal.

Figura A.8: Reta com coeficiente angular negativo.

Figura A.9: Reta com coeficiente angular positivo.

68
IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Figura A.10: Reta vertical.

A equação da reta vertical é x = c.


Observamos que uma reta com coeficiente angular positivo dirige-se para
cima e para direita, e, uma reta com coeficiente angular negativo dirige-se
para baixo e para direita.
Exemplo 35. Como calcular o coeficiente angular: Dados dois pontos da
reta, por exemplo, A(2,3) e B(4,7), então:
7−3 4
a= = =2
4−2 2
Equação da reta conhecidos um ponto e a declividade:

Considere P (x,y) um ponto genérico sobre a reta e a a declividade (co-


eficiente angular), temos
y − y1
tgα = a = ⇒ y − y1 = a(x − x1 )
x − x1
Exemplo 36. Se o ponto A(3,2) pertence a reta r e o coeficiente angular
da reta é 2, usando a equação (y − y1 ) = a(x − x1 ), temos:

(y − 2) = 2(x − 3) ⇒ (y − 2) = 2x − 6 ⇒ y = 2x − 4.

Equação Geral da reta:

Toda reta possui uma equação na forma ax + by + c = 0 na qual a,b e c


são constantes e a e b não são simultaneamente nulos, chamada de equação
geral da reta.

Retas paralelas

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A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Duas retas são paralelas quando não existe um ponto comum a elas. Por-
tanto, duas retas são paralelas se, e somente se, possuem a mesma inclinação
a e cortam o eixo Oy em pontos diferentes.

Figura A.11: Retas paralelas.

Retas concorrentes

Figura A.12: Retas concorrentes.

Exemplo 37. Dadas as retas r : 3x + 2y − 7 = 0 e s : x − 2y − 9 = 0,


determinar o ponto P de interseção das retas r e s.

Solução: Resolver o seguinte sistema:



3x + 2y − 7 = 0
x − 2y − 9 = 0

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IMEF - FURG
A.1. CONCEITO DE PRODUTO CARTESIANO

Temos: 4x − 16 = 0 ⇒ 4x = 16 ⇒ x = 4, substituindo na segunda


−5 −5
equação, y = . Portanto, P (4, ).
2 2

Retas perpendiculares
Duas retas são perpendiculares quando o ângulo entre elas é 90◦ . Sejam,

r : y = ax + b e s : y = mx + n, r e s são perpendiculares se ma = −1.

Figura A.13: Retas perpendiculares.

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Apêndice B

Geometria

B.1 Geometria
B.1.1 Área de um paralelogramo
A área de um paralelogramo é igual ao produto do comprimento de um
lado pelo comprimento da altura, relativa àquele lado.

B.1.2 Área de um triângulo


A área de um triângulo é igual a metade do produto do comprimento de
um lado pelo comprimento da altura, relativa àquele lado.

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B.1. GEOMETRIA

B.1.3 Tetraedro
O tetraedro regular é um sólido platônico, figura geométrica espacial
formada por quatro triângulos equiláteros (triângulos que possuem lados
com medidas iguais); possui 4 vértices , 4 faces e 6 arestas. É um caso
particular de pirâmide regular de base triangular.

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Apêndice C

Fórmulas Trigonométricas

C.1 Fórmulas
C.1.1 Definição

y 1
Seno: sin θ = =
r csc θ

x 1
Cosseno: cos θ = =
r sec θ

y 1
Tangente: tan θ = =
x cotgθ

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