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DIAGNÓSTICO PRECOCE do CÂNCER

INFANTOJUVENIL
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS - UEA
NÚCLEO TELESSAÚDE AMAZONAS
PRM EM PEDIATRIA –UEA
CLUBE DA CRIANÇA

RESIDENTE: R1 Enryko Garcia de C. Queiroz


PRECEPTOR: Dra Adriana Taveira
Gastroenterologista pediátrica
MANAUS - 2018
INTRODUÇÃO
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• Em 2014 o câncer (CA) foi a principal causa de óbito na faixa


etária de 5 a 19 anos

• Não é uma doença prevenível pois está ligada a fatores


genéticos e mutações adquiridas na faixa pediátrica

• Brasil – 12.600 casos novos / Norte – 1.210 casos novos

• Sucesso no tratamento requer atendimento integral e rápido


sendo possível através da otimização da suspeição clínica
INTRODUÇÃO
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• A raridade do CA infantojuvenil dificulta o diagnóstico inclusive


para pediatras

• 85% dos sinais e sintomas são inespecíficos

• CA pediátrico tem como característica um curto período de


latência e desenvolvimento progressivo com complicações

• Pais são peças fundamentais no diagnóstico precoce quando


bem instruídos (convívio e cuidados diário)
DIVISÃO
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TUMORES
LEUCEMIAS LINFOMAS
HEMATOLÓGICOS

TUMORES TUMORES TUMORES TUMORES TUMORES DE


SÓLIDOS DO SNC ABDOMINAIS ÓSSEOS PARTES MOLES
SINAIS E SINTOMAS
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• CA nas crianças é diferente do CA na fase adulta


• Origem embrionária
• Mais agressivos e rapidamente progressivos
• Avançados ao diagnóstico

• Prevenção primária exerce pouco ou nenhuma influência

• A prevenção efetiva está no nível secundário com o potencial


de melhorar o prognóstico do paciente

• Atentar a contextualização dos sinais inespecíficos


SINAIS INESPECÍFICOS
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1. FEBRE:
• Queixa comum em pediatria, geralmente por processo
infeccioso autolimitado
• Quando persistente e de origem indeterminada com
duração superior a 8 dias tem neoplasia com 10% dos
casos
• Associado: Leucemia, linfoma, doença de Hodgkin, TU de
Ewing
SINAIS INESPECÍFICOS
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2. EMAGRECIMENTO:
• Alerta: quando no gráfico da caderneta a linha torna-se
horizontal ou descendente
• CA deixam pacientes em estado catabólico podendo resultar
em perda de peso ou desnutrição pre-existente
• Perda de peso > 10% nos últimos 6 meses + febre + sudorese
noturna falam muito a favor de linfomas
SINAIS INESPECÍFICOS
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3. PALIDEZ CUTÂNEO-MUCOSA:
• Apresentação comum dos quadros de anemia seguidos de
sonolência, irritabilidade, mal-estar, tonturas e desmaios

• Na leucemia ocorre por produção ineficiente de hemácias ou pela


ação infiltrativa da MO de TU sólidos
• No linfoma de hodgkin por ação hemolítica
• Por sangramento ativo na alteração plaquetária da leucemia ou no
sangramento intramural de TU sólidos (Wilms)
SINAIS INESPECÍFICOS
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4. SANGRAMENTOS ANORMAIS:
• Hematomas são frequentemente encontrados em crianças
• Devem ser valorizados quando não associados a
traumatismos
• Petéquias e equimoses em áreas anárquicas sem anteparo
ósseo (abdome por exemplo) podem estar ligadas a
plaquetopenia
• TU infiltrativos da medula óssea podem causar produção
deficiente de plaquetas
SINAIS INESPECÍFICOS
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4. DOR GENERALIZADA:
• Ligada a 60% dos casos de neoplasia
• Criança queixa dor associada a comportamento
diferenciado
• Não quer brincar, rejeita manipulação
• Fica sempre deitada, não dorme
• Sem apetite
• Simulam quadro reumatológico
• Corticóide – só deve ser usado após
diagnóstico da patologia para não mascarar
diagnóstico de leucemias
SINAIS INESPECÍFICOS
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6. ADENOMEGALIA:
• Gânglios são frequentemente palpados em crianças
decorrentes do crescimento normal do tecido linfoide ou
processo reativo benigno
• Devem ser excluídos focos infecciosos adjascentes levando
em consideração os territórios de drenagem

• Adenomegalias neoplásicas:
• Tamanho > 3cm
• Consistência endurecida
• Crescimento lento, indolor
• Sem sinais flogísticos
• Aderido a planos profundos
SINAIS INESPECÍFICOS
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POPULAÇÕES DE RISCO:

• A equipe de saúde deve estar atenta para crianças


portadoras de malformações e síndromes clínicas
• Há um maior risco de desenvolvimento de neoplasias e
algumas dessas são mais frequentemente associadas a
síndromes específicas
Síndrome de Down Anomalias do trato genital masculino

Sindrome de Klinefelter Peutz-Jeghers

Retinoblastoma Polipose adenomatosa familiar


NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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1. LEUCEMIA AGUDA:
• Neoplasia MAIS COMUM na infância
• Queixas mais frequentes: febre associada a
adenomegalia, equimose, palidez e fraqueza
• Queixas reumáticas são comuns: dor
articular, artrite, dor nos MMII
• Hepatoesplenomegalia
• HEMOGRAMA: deve ser solicitado na
presença de um ou mais desses sintomas
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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2. TUMORES DO SNC:
• SEGUNDA neoplasia mais frequente
• Atraso no diagnóstico porque crianças
menores não conseguem descrever sintomas
• Queixas mais frequentes: cefaleia, vômitos,
alterações de humor, baixo rendimento escolar
• Alterações de marcha, alterações focais,
convulsões
• IMPORTANTE: neuroimagem
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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3. LINFOMAS:
• TERCEIRA neoplasia mais frequente
• Queixa principal é a adenomegalia (deve ser
descartada causa infecciosa)
• Adenomegalia suspeita: > 3cm, endurecida,
indolor, crescimento lento, aderida em planos
profundos.
• Associado a febre, hepatoesplenomegalia,
febre com sorologias negativas e alterações
no hemograma
• Localização: supraclavicular, região inferior do
pescoço, axilar e epitroclear
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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4. MASSAS ABDOMINAIS:
• Massa palpável é uma das principais
apresentações clínicas dos TU sólidos
• Geralmente assintomático em crianças de 1 a
5 anos
• Realizar anamnese minuciosa e associar a
idade da criança
• Em RN principal neoplasia é o neuroblastoma e
na infância o TU de Wilms (TU genitourinário)
• USG ABD: se possível realizar antes de
encaminhar ao serviço especializado
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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5. TUMORES OCULARES:
• RETINOBLASTOMA: TU ocular mais frequente
no primeiro ano de vida
• Sinais suspeitos: leucocoria (mancha branca)
e estrabismo (vesgo) em geral unilateral
• Irritação ocular, alterações visuais, cefaleia e
vomitos
• Intraocular vs extraocular
• OFTALMOLOGISTA: profissional capaz de
realizar fundoscopia e exames
complementares para diagnóstico
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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6. TUMORES ÓSSEOS:
• TU raros da adolescência
• Dor local + aumento de partes moles
• Osteossarcoma: região do joelho na porção
distal do femur re proximal da tíbia
• TU de Ewing: esqueleto axial (coluna), pelve e
parede torácica
• Avaliar diagnosticos diferenciais pelos sinais e
sintomas e exames de imagem
NEOPLASIAS MAIS COMUNS
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7. TUMORES DE PARTES MOLES:


• Principal representante o RABDOMIOSSARCOMA
• Afeta meninos por volta dos 4 anos e meninas
de maior idade
• Primeiro sinal é de massa ou inchaço indolor
• Frequente na cabeça e pescoço, principalmente
órbita ocular
• Outras regiões: abdome, TGU, próstata, bexiga,
útero, tórax, coxas, região inguinal
• A sintomatologia depende da localização
TRATAMENTO
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• Começa com diagnóstico correto, laboratório


confiável e estudo de imagem adequados

• Deve ser realizado em centro especializado em


uma das três modalidades
• Quimioterapia (QT)
• Radioterapia (RT)
• Cirurgia oncológica (CX)

• Equipe multiprofissional é fator determinante


DIREITOS DOS PORTADORES DE CA
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“A saúde é direito de todos e dever do Estado”


Art. 196. Constituição de 1988

Aos portadores de CA estão garantidos:


• Exames complementares necessários, simples ou
complexos
• Assistência médica e multidisciplinar no munícipio de origem
ou mesmo fora do estado
• Acesso aos tratamentos, medicamentos, orteses e próteses
mais indicadas
• Recursos financeiros para transporte, hospedagem e
alimentação quando fora do seu município de origem
RECOMENDAÇÕES
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1. Valorizar as informações dos cuidadores (pais)


2. Estar disponível para reavaliar seus pacientes e na
persistência ou da não melhora pedir a opinião de outro
profissional
3. Nas fases de suspeita interagir com outros profissionais e
especialistas que podem ajudar na necessidade de
encaminhamento precoce
4. Encaminhar a criança com suspeita diagnóstica de neoplasia
maligna para avaliação de serviço especializado com
especialista em onco-hematologia pediátrica
5. Não alarmar a família antes do tempo mas deixar claro a
preocupação de uma doença mais séria e que exames ou
outras consultas serão necessárias
CONCLUSÃO
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• Suspeitar ou fazer o diagnóstico de câncer em uma


criança é um desafio

• A hipótese da neoplasia deve fazer parte do


diagnóstico diferencial

• O medo do diagnóstico deve ser substituído pela


esperança das altas chances de cura

• O diagnóstico precoce é a melhor forma de prevenção


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

•BRASIL, Ministério da Saúde. Protocolo de diagnóstico precoce do câncer pediátrico.


Brasília, 2017
•FRIESTINO, Kelly; FILHO, Djalma. A abordagem do cancer infantil na Atenção Primária a
Saúde: uma revisão integrativa da literatura. Rev. APS; 19(3): 476 - 482. Jul/set, 2016
•Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Diagnóstico precoce do câncer na criança e no
adolescente / Instituto Nacional de Câncer, Instituto Ronald McDonald. 2. ed. rev. ampl. Rio
de Janeiro: Inca, 2011.
•RODRIGUES, Karla; CAMARGO, Beatriz. Diagnóstico precoce do câncer infantil:
responsabilidade de todos. Rev Assoc Med Bras; 49(1): 29-34. 2003

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

OBRIGADO!

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