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Co n s u lto ria

e P ro je to s
Proteção de Sistemas Elétricos
Elé tric o s

1 – Relés de Distância
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1 – INTRODUÇÃO
O valor da corrente de curto-circuito, como se sabe, varia de acordo com a impedância medida
desde a fonte até o ponto de defeito.
Sabe-se, também, que numa linha de transmissão a impedância Z é diretamente proporcional
à distância entre o ponto de instalação do relé e o ponto de defeito. Por isso, esses relés são
denominados relés de distância, que é um nome genérico dado aos aparelhos que de um mo-
do ou de outro utilizam este princípio para proteger uma linha de transmissão. Existem, na rea-
lidade, vários relés baseados neste princípio, a saber:
 relé de impedância (OHM);
 relé de reatância;
 relé de admitância (MHO).
A aplicação de um ou outro relé de distância está condicionada à característica do sistema no
qual irá operar, ou seja:
 o relé de impedância é indicado para a proteção de linhas de transmissão consideradas de
comprimento médio para o seu nível de tensão. No caso de uma linha de transmissão de
230 kV, pode-se considerar como média aquela de comprimento igual a 200 km;
 o relé de reatância é indicado para a proteção de linhas de transmissão consideradas de
comprimento curto para o seu nível de tensão. Foi desenvolvido para reduzir o efeito do arco
no ponto de balanço do relé, durante a ocorrência de um defeito;
 o relé de admitância é indicado para a proteção de linhas de transmissão consideradas de
comprimento longo para o seu nível de tensão;
2 – Relés de Distância
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 o ajuste do relé de distância deverá ser realizado de forma a se obter torque positivo para
valores de impedância abaixo do valor ajustado, normalmente tomado como percentagem
do comprimento da linha de transmissão.
O entendimento do funcionamento do relé de distância será melhor entendido a partir do exa-
me da Fig. 10.98.

I1 B I2 C
A
R1 R2 R3 R4 G2
G1

s
L1 L3 P
s

L2 L4 L5 L6

I1 I2

V1 V2

Z1 Z2

Fig. 10.98 – Representação de um sistema de potência


3 – Relés de Distância
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Para um defeito no ponto P da linha L3 temos as seguintes considerações:


 no momento do defeito a tensão no ponto P é nula;
 as correntes I1 e I 2 que circulam nas linhas L1 e L3 podem ser consideradas constantes ao
longo das respectivas linhas;
 a tensão cresce a partir do ponto de defeito na direção das fontes G1 e G2, considerando
desprezível a resistência do arco;
 a impedância cresce a partir do ponto de defeito na direção das fontes G1 e G2, tal como
ocorre com a tensão.
Na presença do defeito no ponto P os relés indicados na Fig. 10.98 reagirão da seguinte forma,
independentemente se são unidade eletromecânicas ou digitais:
 início da contagem do tempo de acordo com o esquema de proteção utilizado;
 atuação da unidade de seleção de fases, de acordo com a Fig. 10.99;
 a unidade de seleção aciona as unidades direcionais e de medida;
 a unidade direcional recebe da unidade de seleção os valores da corrente de defeito e da
tensão de polarização, a partir de quais informações a unidade direcional abre ou fecha seus
contatos liberando o relé para operação;
 a unidade de medida recebe da unidade de seleção os valores da tensão e da corrente de
defeito.
De forma geral, os relés de distância apresentam os aspectos funcionais mostrados na Fig.
10.99.
4 – Relés de Distância
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TC TP

Terminais de entrada

Transdutores Transdutores
de corrente de tensão

Unidade de
partida de
corrente ou
impedância

Seleção de fases Programador

Unidade direcional Unidade de medida Unidade auxiliar


do programador

Unidade de Unidade de
sinalização atuação

Terminais de saída

Fig. 10.99– Aspectos funcionais dos relés de distância


5 – Relés de Distância
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A partir dessas considerações a atuação dos relés ocorrerá de acordo com a seguinte lógica,
previamente definida no projeto de proteção.
 o relé R 3 deverá operar primeiramente, pois a impedância vista por ele é menor do que a
impedância vista pelos demais;
 em seguida irá operar o relé R 4 , obedecendo o valor da impedância;
 o relé R 1 é considerado relé de segunda contingência, isto é, na falha de operação do con-
junto disjuntor da barra B + relé R 3 o relé R 1 operaria;
 os relés R 2 e R 3 “vêem” a impedância de defeito com praticamente o mesmo valor; devem
ser ajustados de forma a atuar somente o relé R 3 , já que a atuação do relé R2 implicará na
desernegização das linhas L4 e L5.
 para que os relés R 2 e R 3 sejam coordenados nesse tipo de evento é necessário que sejam
equipados com unidades direcionais.

2 - RELÉ DE DISTÂNCIA ELETROMECÂNICO


Esses relés utilizam unidades de operação do tipo convencional, através de bobinas de tensão
e corrente, uma armadura de ferro e um disco de indução. Cada relé possui duas ou mais uni-
dades ôhmicas.
A unidade ôhmica utiliza a impedância R  jX , medida desde o início da linha, onde está
instalado, até o ponto de defeito. Nesse caso, o valor da resistência de arco no ponto de defei-
to é desprezada. Esse tipo de unidade apresenta um torque expresso pela Equação.
6 – Relés de Distância
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T  K1  I 2  K 2  V  I  cos     K 3
I - corrente do circuito;
 - ângulo de defasagem entre V e I;
 - ângulo de projeto do relé;
K 3 - constante da mola de restrição.
Observa-se que a parcela K 1  I é diretamente proporcional ao quadrado da corrente circulan-
2

te, enquanto a parcela K 2  V  I  cos    é diretamente proporcional à tensão, à corrente


circulante e ao co-seno do ângulo    .
Analisando-se a posição de equilíbrio da unidade, isto é, a posição em que esta unidade está
no limite de sua atuação, ponto de balanço, onde T  0 , obtém-se, em conseqüência, para
K3  0:
K1 V
  cos   
K2 I
Como V I vale a impedância do circuito, logo se tem:
K1
 Z  cos   
K2
A Equação (10.29) representa uma reta num plano R  X , conforme mostrado na Fig. 10.100.
Ela indica o lugar geométrico para o torque nulo do relé. O torque positivo ocupa o semiplano
7 – Relés de Distância
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inferior limitado pela reta, e o negativo, o semiplano superior. Se os valores de K 1 e K 2 forem


mantidos constantes e se se variar o ângulo de projeto  , obtêm-se diversas retas tangentes
ao círculo, cujo raio é definido por K 1 K 2 , conforme mostra a Fig. 10.101. Se forem modifica-
dos os valores de K 1 e K 2 e mantido constante o ângulo  , obtém-se uma família de curvas
paralelas, de conformidade com a Fig. 10.102.

x X



A R

k1 / k2 

2
/K
B

K1
 T<0
-R 
R
T>0 T=0
-x

Fig. 10.100 – Características de distância Fig. 10.101 – Características do θ variável

8 – Relés de Distância
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2.1 - Relé de distância à impedância


São relés que apresentam o seguinte torque:
T  K 1  V 2  K 2  I 2
Para a posição de equilíbrio, obtém-se:
K2
Z
K1

X

-R R
(K1/K2)a (K1/K2)b (K1/K2)c

Fig. 10.102 – Características dos relés de distância para K 1 e K 2 constantes


O relé de impedância é constituído normalmente das seguintes unidades:
9 – Relés de Distância
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 unidade de partida, em geral do tipo direcional;


 unidade de medida de impedância;
 unidade de temporização;
 unidade de bandeirola e selagem.
A Equação (10.31) apresenta um círculo com centro na origem e cuja representação gráfica
está mostrada na Fig. 10.103.

T>0
T3
T2
T<0 T1

R
Z1 Z2 Z3

T=0

Fig. 10.103 - Característica do relé de distância


10 – Relés de Distância
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A Fig. 10.104 mostra o diagrama de comando simplificado de um relé de impedância. Já a Fig.


10.105 mostra o escalonamento da proteção, relacionando o comprimento da linha de trans-
missão com o tempo de atuação do relé.

F
+

67
DIR

CBS M1 M2
M3
CT2

BS BS

BS CT3
52a

RT

52
TC

Fig. 10.104 – Diagrama elétrico


Como o relé dispõe de uma unidade direcional, logo deve-se indicar o semi-plano que limita os
torques positivo e negativo (restrição) do relé, conforme se pode observar na Fig. 10.103.

11 – Relés de Distância
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0
O ângulo de torque máximo é ajustado na fábrica, sendo, em geral, de 75 , com corrente em
atraso da tensão. Quando se trata de linha de transmissão, esses ajuste permanece, já que
0
nesses casos o ângulo é geralmente superior a 65 (condição de curto-circuito). Para situa-
ções diferentes é necessário se proceder aos ajustes de acordo com o caso.

Tempo
Z3
T3

Z2
T2

Z1
T1

Distância
0,80 0,20 0,50 0,50
L1 L2 L3

Fig. 10.105 – Diagrama de zonas de cobertura


O ajustes do relé de impedância podem ser feitos com base no resultado da Equação (10.32).
RTC
Zs  Zp  K
RTP
12 – Relés de Distância
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Z s - impedância do sistema de potência referida ao circuito secundário dos transformadores de


medida, em  ;
Z p - impedância primária do sistema e potência, em  ;
K - valor em pu do comprimento da linha que se quer proteger.
Quando ao longo do sistema há um transformador de potência, o seu valor ôhmico pode ser
calculado pela Equação (10.33).
10  Vnt2  Z tr
Zt 
Pnt
Vnt - tensão nominal primária do transformador, em kV;
Pnt - potência nominal do transformador, em kVA;
Z tr - impedância percentual do transformador, em %.
2.1.1 – Relé de distância à impedância modificada
Quando for necessário um relé de impedância de característica cujo centro não passe pelo
centro do diagrama R-X de acordo com a Fig. 10.105, pode-se empregar o relé direcional de
distância à impedância modificada cuja característica operacional é toda na Fig. 10.106.
Essa característica pode ser obtida a partir do relé de impedância polarizando o circuito de re-
tenção por tensão.

13 – Relés de Distância
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T<O

T>O

T=O

Unidade
direcional

Fig. 10.106 – Característica do relé à impedância modificado


2.2 - Relé de distância à reatância
Esse relé, doravante chamado de relé de reatância, utiliza a reatância medida desde o início da
linha, onde está instalado o relé, até o ponto de defeito.
 os relés de reatância são empregados nos sistemas em que a variação da resistência de ar-
co é considerada significativa, já que esses relés não levam em consideração a influência
dessa resistência.
 nesse caso particular, o emprego do relé de impedância seria inadequado porque ele con-
templa o valor da resistência de arco.
 qualquer variação no valor dessa resistência, no momento do defeito, não prejudicará o de-
sempenho do relé de reatância.
14 – Relés de Distância
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De acordo com a literatura corrente, a resistência do arco pode ser dada pela Equação (10.34).
La
R a  287  1,4
I cc
La - comprimento do arco, em cm;
I cc - corrente de curto-circuito, em A.
O comprimento de arco La corresponde à distância entre os dois pontos de fases diferentes
onde ocorre o defeito. No caso de uma falta entre duas fases de uma linha de transmissão de
69 kV, onde os condutores se aproximaram de uma distância de 240 cm e a corrente de curto-
circuito foi de 500 A, a resistência de arco vale:
24
Ra  287   1,14 
5001,4
O relé de reatância está baseado na relação entre o componente indutivo da queda de tensão
na linha de transmissão devido à ocorrência do curto-circuito e a corrente de defeito corres-
pondente, ou seja:
V  sen
X
Icc
A Fig. 10.107 mostra as partes funcionais típicas de um relé de reatância. Destacam-se a uni-
dade direcional de sobrecorrente, caracterizada por uma bobina de tensão, e a unidade de so-
brecorrente.
15 – Relés de Distância
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Pólos
Corrente

Disco de
indução

Copo de
indução
Tensão

Fig. 10.107 – Relé de reatância eletromecânico


Seu funcionamento está baseado no fluxo produzido pelos enrolamentos de tensão e de cor-
rente, cujo valor é proporcional às grandezas presentes. Com base na Equação (10.27) faz-se
o ângulo  igual a 90 , o que resulta na Equação (10.36), considerando a condição de balan-
0

ço, isto é, T = 0.
16 – Relés de Distância
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K1
 Z  cos  90
K2
Como cos  90   sen , logo tem-se:
K1
 Z  sen
K2
Finalmente, tem-se:
K1
X
K2
Esta equação representa uma reta paralela ao eixo da resistência num plano R - X, como visto
na Fig. 10.108. Esta reta representa a condição para T = 0. No semiplano acima da reta, tem-
se a condição de torque negativo e no semiplano abaixo, a condição de torque positivo. O tor-
que máximo do relé, como se pode notar pela Equação (10.36), é obtido para   90 , enquan-
0

to se verifica também que o torque de operação é tanto maior quanto menor for a tensão pre-
sente, conforme Equação (10.27). O ajuste do relé de reatância pode ser feito a partir da
Equação (10.39).
RTC
Xs  X p  K
RTP

17 – Relés de Distância
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X s - reatância do sistema de potência referida ao circuito secundário dos transformadores de


medida, em  ;
X p - reatância primária do sistema de potência, em  ;
K - valor, em pu , do comprimento da linha que ser quer proteger.

T<0 T=0
T>0

K1 \ K2
Z

R

Fig. 10.108 – Característica do relé de distância


2.3 - Relé de distância à admitância (MHO)
 esses relés são particularmente indicados na proteção de fase de linhas de transmissão lon-
gas.
18 – Relés de Distância
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 os relés de distância à admitância são sensíveis à resistência de arco, devido à corrente de


curto-circuito.
 Os relés de distância à admitância são também conhecidos como relés MHO e aqui serão
tratados apenas como relés à admitância.
 os relés apresentam um conjugado que varia segundo a Equação (10.40).
T  K1  V 2  K 2  V  I  cos     K 3
 a parcela K 1  V é diretamente proporcional ao quadrado da tensão, e a parcela
2

K 2  V  I  cos    é diretamente proporcional à tensão, à corrente e ao co-seno do ân-


gulo    .
 para a posição em que o relé está no limite de sua operação (ponto de balanço), onde T = 0,
obtém-se, em conseqüência, para K 3  0 .
V K2
  cos   
I K1
K2
Z  cos   
K1
 a equação representa uma expressão polar de uma circunferência, conforme mostrado na
Fig. 10.109. Ela representa o lugar geométrico para o torque nulo do relé;

19 – Relés de Distância
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 o torque positivo está caracterizado para os pontos situados no interior da circunferência;


 o torque negativo está caracterizado pelos pontos situados fora da referida circunferência.

X
X
A
B
T=0

/ K1
1
/K

K2
K2
0 
T>0 
R
/ K1 
T<0 K2


K2
 /K
1

0 R

Fig. 10.109 – Relé de distância: expressão de Z Fig. 10.110 – Relé de distância:  variável

 se os valores de K 2 e K 1 forem mantidos constantes e se variar o ângulo de projeto  , ob-


tém-se diversas circunferências passando pelo ponto 0 no plano R - X, conforme se vê na
Fig. 10.110;

20 – Relés de Distância
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 se forem modificados os valores de K 2 e K 1 e mantido constante o ângulo  , obtém-se uma


família de circunferências passando pelo ponto comum no plano R - X, conforme mostra a
Fig. 10.111.

X
(K2/K1) c

(K2/K1) b

(K2/K1) a
C
B
A

R
0

Fig. 10.111 – Característica do relé de distância


O relé de distância à admitância é constituído normalmente das seguintes unidades:
 unidade de partida, em geral do tipo direcional;

21 – Relés de Distância
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 unidade de medida de admitância 1 Z  , compostos por três unidades: M 1  M 2  M 3 .


Como os relés de distância à impedância, os relés de distância à admitância são caracteriza-
dos pelas zonas de proteção que podem atingir em função dos ajustes empregados nas unida-
des MHO. O diagrama de comando simplificado é visto na Fig. 10.112.

F
+

67
DIR

CBS M1 M2
M3
CT2

BS BS

BS CT3
52a

BT

52
TC

Fig. 10.112 – Diagrama de comando do relé de admitância

22 – Relés de Distância
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EXEMPLO DE APLICAÇÃO

Considerar o sistema mostrado na Fig. 10.113. Calcular os ajustes dos relés de distância a im-
pedância instalados na subestação A. A carga máxima das linhas L1 e L2 está limitada a 75%
da capacidade de condução de corrente dos condutores.

100 MVA L1= 150 km L2= 120 km 20 MVA


R R R R
A B CAA - 477 MCM C
CAA - 477 MCM 69 / 13,8 KV
100 MVA / 69KV
Z = 7,09%
R - Relé de Distância + Disjuntor
T1
(S)

T3

Z3= Z1+ Z2+ Ztr


T2

Z1= 0,80 x Z l1
Z1= Z2+ 0,5 x Zl2
T1

L1 L2 L (m)

Fig. 10.113 – Diagrama do sistema elétrico


23 – Relés de Distância
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a) Impedância das linhas e transformadores


R 477  0,1195 /km (Tab. 4.33 do Capítulo 4)
X 477  0,2672/km (Tab. 4.33 do Capítulo 4)
Considerando que a temperatura do cabo da linha de transmissão em operação seja de 750 C,
tem-se:
R 75  R 20  1   20  T 2  T1 
 20  0,00393 / 0 C
R20  0,1195  1  0,00393  75  20 
R75  0,1453 /km
Z477  R477  jX 477  0,1453  j 0,2672  0,304 /km
RL1  150  0,1453  21,7 
X L1  150  0,2672  40,0 
RL 2  120  0,1453  17,4 
X L 2  120  0,2672  32,0 
ZL1  21,7  j 40,0  45,5 
ZL 2  17,4  j 32,0  36,4 
24 – Relés de Distância
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A impedância do transformador de 20 MVA vale:


Ztr  7,09%  0,0709 pu (Capítulo 12)
A impedância média ôhmica vale aproximadamente:
10  Vnt2  Ztr
Zm   /f 
Pnt
10  69 2  7,09
Zm   16,8  / fase
20.000
b) Cálculo da RTP
Vp 69.000
RTP1    600
Vs 115
Vp - tensão no primário do TP;
Vs - tensão no secundária do TP.
c) Cálculo do RTC
Ip  0,75  670  500 A
I c  670 A (capacidade de corrente do condutor: Tab. 4.33 do Capítulo 4)

25 – Relés de Distância
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Ip 500
RTC1    100
Is 5
Logo, a RTC1 = 500 - 5: 100
d) Relação RTP/RTC
RTP1 600
R1   6
RTC1 100
e) Determinação das distâncias de proteção
 Primeira zona: Z1
Z1p  0,80  45,5  36,4 
A distância protegida vale:
Z1p 36,4 
L1p    119,7  120 km
Z477 0,304 /km
Ou ainda, neste caso simples:
L1p  0,80  150  120 km
 Segunda zona: Z 2
Deve cobrir 50% do comprimento da linha L2 .

26 – Relés de Distância
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Z2 p  45,5  0,5  36,4  63,7 


A distância protegida vale:
63,7
L2 p   209,5 km
0,304
Ou ainda: L2 p  150  0,5 120  210 km
 Terceira zona: Z 3
Deve cobrir o sistema além do transformador de 20 MVA.
Z3  45,5  36,4  16,8  98,7 
A distância protegida vale:
108,7
L3 p   357,56km
0,304
A Fig. 10.113 mostra o gráfico de escalonamento das distâncias de proteção do sistema.
f) Ângulo de linha
X
  arctg
R
A resistência do transformador vale:
Pcu 69.997
Rtr    2,50 
I2 167,32
27 – Relés de Distância
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Pcu  69.997 W (Capítulo 12)


20.000
I1   167,3 A
3  69
X tr  Ztr2  Rtr2  16,82  2,502  16,6 
Logo, a resistência e reatância totais do sistema valem:
R  21,7  17,4  2,50  41,6 
X  40  32  16,6  88,6 
88,6
  arctg  64,80
41,6
g) Ajuste das impedâncias
 Impedâncias secundárias
Z 1p 36,4
Z1    6
R1 6
63,7
Z2   10 
6
98,7
Z3   16 
6
28 – Relés de Distância
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Pode-se aplicar também a Equação (10.32).


 RTC 
Zs  Zp   K
 RTP 
 100 
Z1s  45,5     0,80  6 
 600 
 100 
Z2s  63,7     10 
 600 
 100 
Z3s  98,7     16 
 600 
h) Ajuste dos tempos de disparo
Os tempos de disparo devem também contemplar a seletividade com outros aparelhos e serão
assim ajustados;
 Primeira zona: T1  0,05 s
 Segunda zona: T2  0,05 + 0,40 = 0,45 s
 Terceira zona: T3  0,05 + 0,40 + 0,45 = 0,90 s

Nota: Se fosse escolhido um relé de reatância, deveriam ser computados somente os valores
de reatância dos cabos e transformadores.
29 – Relés de Distância
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3 - RELÉ DE DISTÂNCIA DIGITAL

3.1 - Unidade de medida de distância


Os relés digitais dispõem, geralmente, de quatro zonas de proteção independentes. As carac-
terísticas básicas dessas unidades são:
a) Características de impedância
Essa característica é utilizada pelos relés para realizar a medição de distância das faltas.
b) Característica de reatância
Neste caso, o ajuste a considerar leva em conta somente a reatância do sistema.
c) Característica MHO
Em geral, os relés digitais do tipo MHO são polarizados pela corrente de seqüência positiva
correspondente à fase considerada.
3.2 - Unidade de supervisão para frente e para trás
Os relés digitais possuem uma unidade de sobrecorrente que tem a função de supervisionar a
operação das unidades de medida de distância, estabelecendo um valor mínimo de corrente de
atuação. Essas unidades de supervisão são compostas por uma sub-unidade de supervisão
para a frente e uma sub-unidade de supervisão para trás.
A unidade de supervisão referida é essencialmente uma unidade de sobrecorrente, sendo sen-
sibilizada pela corrente de fase ou a corrente entre fases cujo valor supere o valor de ajuste.
Não tem a função de detectar a direção da falta. Se caracteriza pela função de operação das
unidades de medida de cada zona, coordenando o ajuste de direção relacionado no relé.
30 – Relés de Distância
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Fig. 10.114 – Frontal de um relé de distância de fabricação Inepar


3.3 – Sistemas de teleproteção
Alguns relés de distância são complementados com um sistema de teleproteção para atuação
quando da ocorrência de faltas na linha não cobertas pela proteção de primeira zona.
No sistema de teleproteção os sinais são transferidos de um ponto ao outro extremo de uma
linha de transmissão através de diferentes meios de comunicação, ou seja:
a) Onda portadora
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Também conhecida como sistema de comunicação carrier. Seu funcionamento se baseia na


transferência de uma corrente de baixa tensão, baixa intensidade e alta frequência, variando
de 20 a 400 kHz, entre um terminal A e um terminal B de uma linha de transmissão. A corrente
referida é conduzida pelo próprio condutor da linha de transmissão.
O sistema de onda portadora normalmente é composto pelos seguintes elementos:
 transmissor- receptor
Tem a função de enviar um sinal de alta frequência ao capacitor de acoplamento conectado à
linha, sempre que receber uma informação do sistema de proteção.
 capacitor de acoplamento
Tem a função de injetar o sinal recebido pelo transmissor-receptor na linha de transmissão.
Neste caso, o capacitor funciona como um filtro, deixando passar os sinais de corrente de alta
frequência e bloqueando as correntes de baixa frequência, no caso, as correntes de carga.
 filtro de onda
Tem como função separar as correntes de alta frequência, no caso o sinal carrier, e as de bai-
xa frequência que são as correntes de carga, no extremo oposto da linha.
b) Fibra óptica
A teleproteção poderá ser viabilizada através de um cabo de fibra ótica instalado no interior do
cabo de potência da linha de transmissão.
Tanto o sistema de onda portadora, como o uso do cabo de fibra ótica apresentam deficiências
operacionais, pois dependem da integridade da linha de transmissão para que funcionem.
c) Sistema de telefonia

32 – Relés de Distância
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A teleproteção através do sistema de telefonia a longa distância, ou através da própria internet


tem sido muito empregado atualmente. Esse sistema independe da integridade da linha de
transmissão.
Alguns modelos de relés digitais apresentam os seguintes esquemas de teleproteção.
a) Atuação por distância escalonada
Esse esquema não está propriamente integrado ao sistema de teleproteção. Funciona ajustan-
do-se uma temporização para cada zona a fim de gerar os sinais de atuação. Se for utilizado
um dos esquemas adiante mencionados os sinais gerados aqui complementarão o funciona-
mento das outras funções.
3.4 – Oscilografia
Os relés de distância, normalmente são dotados de uma unidade de detecção de oscilação de
energia. Seu princípio de operação é baseado na velocidade que a impedância vista pelo relé
passa de uma zona fora da zona de proteção, ajustada na unidade MHO do relé, até o valor da
referida impedância ajustada, de forma que esse tempo seja superior a um determinado valor
ajustado, normalmente, em 30 ms, podendo-se considerar que não existe um defeito na linha
mas apenas uma oscilação de energia.
3.5 – Características técnicas
A seguir são mencionadas as principais características técnicas dos relés de distância de fabri-
cação ZiV, ou seja:
 corrente nominal: 1 A e 5 A;
 tensão de alimentação auxiliar: 24 a 48 Vcc – 110 a 125 Vcc e 220 a 250 Vcc;

33 – Relés de Distância
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 carga em repouso: 8 W;
 carga máxima: 20 W;
 capacidade térmica permanente: 4  I n ;
 capacidade térmica durante 3 segundos: 50  I n ;
 limite dinâmico: 240  I n ;
 módulo de seqüência positiva: 0,01 a 50 ;
 ângulo de seqüência positiva: 25 a 900 (em passos de 10);
 ângulo de seqüência zero: 25 a 900 (em passos de 10);
 fator de compensação de seqüência zero: 1 a 8 (em passos de 0,01);
 comprimento da linha 0,0 a 400 (em passos de 0,01);
 unidade de comprimento da linha: km/milhas;
 unidade do localizador: comprimento / % comprimento da linha.
As curvas tempo e corrente do relé em apreço podem ser encontradas nas Fig. 10.115 e
10.116.

34 – Relés de Distância
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Tempo em segundos Tempo em segundos


1.000 1.000

100 100

10 10

Índices

1
0,9
0,8
0,7
Índices
1 0,6
0,5
1
0,4
0,3 1
0,9
0,8
0,2 0,7
0,6
0,5
0,4
0,1 0,3

0,2

0,1 0,05 0,1


0,1

0,05

0,01 0,01
0,1 2 3 4 5 6 7 8 910 20
0,1 2 3 4 5 6 7 8910 20
Vezes a corrente ajustada
Vezes a corrente ajustada

Fig. 10.115 – Curva inversa Fig. 10.116 – Curva muito inversa

35 – Relés de Distância

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