RESUMO
Introdução
* Graduada em Letras – Português/ Inglês pela Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União
da Vitória – FAFIUV – Atualmente cursa mestrado em Literatura pela Universidade Federal de Santa
Catarina – UFSC. Endereço eletrônico: elisdpaula@gmail.com
A narrativa benjaminiana
Por que o narrador escolhido por Simões para contar suas histórias se chamou
assim? Segundo as afirmações de Ivete Massot (1974), Blau seria um antigo boneco
que Ivete teria ganhado de presente quando ainda era criança. A roupa deste boneco
era azul, Blau em alemão, e assim ele foi chamado, o boneco Blau. Simões sempre viu o
boneco pela casa e valeu-se dele para contar as suas histórias, a sua literatura.
Sabemos que o escritor sempre teve em sua memória, ou pelo menos tentou
demonstrar isso em seus textos, a lembrança de sua vida feliz na Graça. Lembranças da
sua infância feliz que ficou guardada dentro de seu coração e nas linhas do tempo.
Essa felicidade que ficou perdida em um passado quase mítico é relembrada por Si-
mões em sua literatura e revelada para nós através da fala de Blau. O narrador que
desafia o tempo e nos traz de volta um passado guardado dentro da alma. Certamente
Blau Nunes é o narrador de Simões Lopes Neto, pois sem ele o escritor gaú-
cho estaria perdido, não saberia como contar todas as histórias que o velho pampe-
ano narrava. Por ser um homem de vida e hábitos simples, Blau sabia exatamente
como deveria ser contada uma boa história, um bom causo. Seus relatos eram um
amálgama entre realidade e ficção que estavam em sua memória, que estavam na
memória do povo gaúcho. Blau representa o povo sul-rio-grandense como um todo,
uma vez que, é através dele que a cultura, o folclore popular gaúcho é difundido, é
divulgado.
Blau ao narrar às histórias de Simões distancia-se de nós, como se ele estives-
se preso em um passado distante. Sua lembrança nos traz de volta a saudade de um
passado que já não volta mais.
Aqui temos a narrativa aliada à literatura oral popular que está presente em
todos os meios e em todas as culturas dos mais variados povos, pois, Blau admite que
sua mãe ouvira essa história de sua avó que ouvira de quem realmente a tinha pre-
senciado. Certamente Blau, herdou dessas narradoras o dom de contar histórias, de
apresentar aos seus ouvintes, com muita criatividade e veracidade, fatos já conheci-
dos, mas que sob sua fala ganharam um cunho mais regionalista, mais cheio de vida, de
emoção e certamente por isso mais interessante. Pois, segundo Benjamin, o papel do
narrador é fundamental para que os ouvintes/ leitores apresentem interesse real pela
narrativa, para que assim ela seja facilmente assimilada pela memória e possa continuar
sendo difundida por um ouvinte que passa a ser também narrador, mas isso só ocorrerá
de fato, se o primeiro narrador estiver realmente comprometido com o que narra, ou
seja, isso só acontecerá se o contador da história for o que Benjamin chama de um
narrador verdadeiro.
Temos então a junção entre narrador e ouvinte para compor a terceira parte da
lenda, onde Blau torna-se novamente ouvinte e o Sacristão seu narrador. Blau ao
Considerações finais
ABSTRACT
Our research aims to present the narrator figure and also demonstrate his importance
in the “simonian” work, based on the narrator model exposed by Walter Benjamin
(1892-1940). We intend to reveal the particularities of this character used by João
Simões Lopes Neto (1865-1916) to give voice to his stories, since without him the
narratives of the ‘gaucho’ writer would not have the same impact when the reader
came across with the events told about the ‘pampas’, so we intend to observe and
highlight the importance of a narrator, mainly when what is being discussed in a story
are legends, myths and tales. Blau Nunes is the narrator of Lopes Neto, but, he is more
than that, he is his friend, his eternal remeet with the ancient times that no longer
return. To present this narrator, we will use the “simonian” legend of “A Salamanca do
Jarau”.
REFERÊNCIAS
LOPES NETO, J. S. Contos gauchescos. Lendas do Sul. Edição crítica por Aldyr
Garcia Schlee. Porto Alegre: Unisinos, 2006.