Vídeo Digital
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
Créditos
Vídeo Digital
Livro didático
Designer instrucional
Flavia Lumi Matuzawa
UnisulVirtual
Palhoça, 2013
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UnisulVirtual 2013 qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.
Livro Didático
778.59
S58 Silva, Charles Odair Cesconetto da
Vídeo digital : livro didático / Charles Odair Cesconetto da Silva ;
design instrucional Flavia Lumi Matuzawa. – 2. ed., rev. e atual. / por
Rafael Gué Martini. – Palhoça : UnisulVirtual, 2013.
189 p. : il. ; 28 cm.
Inclui bibliografia.
Introdução | 7
Capítulo 1
Visão: do olho ao sensor | 9
Capítulo 2
Processamento de sinal e
equipamentos de vídeo | 37
Capítulo 3
Funcionamento da câmera | 71
Capítulo 4
Iluminação em vídeo | 99
Capítulo 5
Operação de câmera | 147
Capítulo 6
Construção da imagem | 163
Referências | 183
Nosso desafio é fazer com que você, ao final da disciplina, esteja apto a realizar
o planejamento visual de uma produção de vídeo, conheça os equipamentos e os
formatos utilizados na atualidade, identifique as diferenças entre eles e consiga
operar qualquer câmera e demais equipamentos que fazem parte do processo de
captação de imagem.
Esperamos atingir nosso objetivo, possibilitando que você se identifique com esta
área da Multimídia Digital.
Bons estudos!
Charles Cesconetto
Rafael Gué Martini
7
Capítulo 1
9
Capítulo 1
Seção 1
A visão humana
Quando pensamos na visão, lembramos imediatamente dos olhos, no entanto,
eles são apenas um dos instrumentos da visão.
Retina
Câmera posterior,
Íris com humor vítreo Nervo
óptico
Cristalino
Córnea
Vasos
Câmara
anterior Músculo externo
10
Vídeo Digital
Seção 2
A luz
A luz é a matéria-prima da visão e da fotografia. Ela é uma radiação
eletromagnética (uma combinação de um campo elétrico com um campo
magnético que se propagam pelo espaço transportando energia), é um membro
da enorme família de transmissores de energia. A luz atravessa o vazio,
substâncias transparentes ou substâncias translúcidas e consegue dar a volta no
planeta Terra em 1/7 segundo. A velocidade de sua propagação no vácuo é de
300.000 km/s, sendo que ela diminui em matérias transparentes. Como toda fonte
de energia, ela parte de um ponto, desloca-se em linha reta até o infinito e tem
forma de ondas. Veja a seguir uma ilustração do que foi descrito.
11
Capítulo 1
ão
agaç
prop
ta da
tó ria re
Traje
Fonte
de luz
Comprimento
de onda
Co
de mpr
on ime
da nt
o
12
Vídeo Digital
Superfície A Superfície A
Luz pontual
Distância D
13
Capítulo 1
comprimento
de onda
raios
cósmicos
1 X
raios gama ultravioleta
100 X
espectro eletromagnético
raios x
violeta
5 nm
ultravioleta
400 nm azul
espectro visível
700 nm
infravermelho verde
1/10 mm
calor
amarelo
1 cm
radar
10 m vermelho
ondas longas
de rádio
infravermelho
Outra característica da luz é que ela pode ser refletida. Em superfícies lisas e
brilhantes, ela é refletida de forma especular, ou seja, cada raio é refletido
conforme seu ângulo de incidência.
O exemplo mais perfeito disso pode ser observado pelo efeito da luz
projetada sobre um espelho (especulo). Na reflexão especular, o ângulo de
reflexão em relação à normal (linha imaginária perpendicular à superfície) é
igual ao ângulo de incidência.
14
Vídeo Digital
A luz também pode ser refletida de forma difusa (em superfícies irregulares),
como, por exemplo, papel branco ou isopor. A superfície branca reflete
praticamente a totalidade da luz que nela incide, no entanto, por não ser uma
superfície especular, a luz será difundida, ou seja, refletida para todas as direções.
Esse é um recurso bastante utilizado em iluminação, quando o que se deseja não
é uma luz dura, recortada, mas sim uma luz suave. Veja a seguir a representação
dessas duas formas de reflexão da luz.
normal
ângulo de ângulo de
incidência reflexão
Você já deve ter lido ou escutado que energia é algo que não pode ser destruído.
O que se pode fazer com ela é transformá-la. Bom, com relação à luz, acontece
a mesma coisa. Você já parou para pensar no que acontece quando a luz atinge
uma superfície preta? Ela não reflete a luz e ela tampouco passa para o outro
lado. Então, o que acontece com ela? Simples: a superfície preta transforma a luz
em calor (converte o comprimento de onda). Isto nos importa? Demais. Utilizamos
bandeiras de pano preto para fazer sombras, para evitar que raios de luz atinjam
diretamente as lentes da câmera, para impedir que a luz se espalhe sem controle
na cena etc.
15
Capítulo 1
Luz Branca
16
Vídeo Digital
Figura 7 - Refração
ar vidro
C’
A’ ângulo de
normal B refracção normal
ângulo de B’
incidência
C
Seção 3
A formação da imagem na câmara escura
A câmara escura nada mais é do que uma caixa escura praticamente fechada,
contendo apenas um pequeno orifício, por meio do qual a luz pode passar. Esse
instrumento, que inicialmente servia para a observação de eclipses solares,
começou a ser utilizado por pintores, segundo David Hockney, em 1430. Foi esse
engenho que deu origem à fotografia e ainda é a base para as câmeras de vídeo
digitais. Confira nas imagens a seguir algumas ilustrações da câmara escura.
17
Capítulo 1
Fonte: <http://www.dpcdsb.org/NR/rdonlyres/E75D4CC7-48C0-41C5-ACBC-87B2E20D0207/72010/
cameraobscura.jpg> Acesso em: 18 jul. 2013
Fonte: <http://www.dpcdsb.org/NR/rdonlyres/E75D4CC7-48C0-41C5-ACBC-87B2E20D0207/72010/
cameraobscura.jpg> Acesso em: 18 jul. 2013
Camera Obscura, Georg Friedrich Brander (1713 - 1785), 1769 Fonte: http://www.arts.rpi.edu/~ruiz/
Lessons/Lesson3light/camera%20obscura.jpg.Acesso em: 29 jul. 2013.
18
Vídeo Digital
Portable ‘Tent’ Camera Obscura, Johannes Kepler (1571 - 1630), 1620. Fonte: <http://splittingskulls.com/
files/2012/04/Image-9.jpg>. Acesso em: 29 jul. 2013.
19
Capítulo 1
20
Vídeo Digital
Figura 12 - Uma lente biconvexa resolve o problema do foco e possibilita trabalhar com baixa
luminosidade
A câmara escura servia bem para os pintores, pois com o equipamento era possível
reproduzir, com grande fidelidade, o mundo real, registrando praticamente todos os
detalhes característicos da visão humana, ou seja, a perspectiva, a profundidade,
as dimensões, as nuances de luz e sombra, o volume etc.
Seção 4
Do celuloide ao CCD
Por volta de 1830, com a descoberta da capacidade do registro de imagens
pela sensibilização de sais de prata expostos à luz, estava sendo inventada a
fotografia, e isso mudaria muita coisa. Os sais de prata enegreciam ao serem
expostos à luz e aplicando esse produto na superfície de algum suporte
posicionado no interior de uma câmara escura, era possível registrar uma imagem
negativa de qualquer objeto que estivesse diante da câmara. O suporte utilizado
21
Capítulo 1
pela fotografia deveria ser transparente (vidro, acetato, poliéster), pois nele
ficava registrada uma imagem negativa que precisaria passar por um processo
de positivação, ou seja, passar luz por meio do negativo e criar uma imagem
negativa do negativo, ou seja, um positivo.
(d) Ampliação
22
Vídeo Digital
Este sistema de registro de imagem foi, após a fotografia, utilizado pelo cinema
e vigora até hoje. Mas com o advento da televisão, surgiu outro sistema de
registro de imagem baseado na gravação magnética e a utilização do tubo de
imagem. O processo se baseou nos métodos para gravação de som, sendo que
tudo começou em 1889, quando Valdemar Poulsen, um inventor dinamarquês,
descobriu o princípio da gravação magnética quando criou a primeira secretária
eletrônica, ou melhor, o Telegraphone. A partir daí, várias empresas fizeram
investimentos no desenvolvimento da nova tecnologia, chegando às fitas
magnéticas para o registro de imagem.
4.1.1 O CCD
Em 1969, Willard Boyle e George E. Smith inventaram o CCD (Charged-Coupled
Device ou Dispositivo de Carga Acoplada), um chip inicialmente desenvolvido
para máquinas calculadoras que começou a substituir o CRT em 1973.
23
Capítulo 1
Figura 15 - CCD
24
Vídeo Digital
Atenção!
25
Capítulo 1
Um circuito eletrônico faz a leitura do CCD, por meio de uma varredura horizontal,
da esquerda para a direita e de cima para baixo e anota as informações de cada
pixel na fita magnética. Esse sinal é analógico. Para o registro no sistema digital,
que se baseia em informação binária (1 e 0), o sinal tem que ser digitalizado
(sampling) exigindo, neste caso, um conversor analógico/digital. As informações
digitais podem então ser armazenadas em fita, cartão de memória ou disco rígido.
Fonte: www.ajc.pt/cienciaj/n33/atomo.php.
26
Vídeo Digital
zero (0), por isso são chamados de dígitos binários, mais conhecidos como bits.
Para organizar o sistema, foram criados os bytes (conjunto de 4 bits):
O sinal digital tem duas grandes vantagens sobre o analógico: acabou com
a distorção e degradação no processamento ou na reprodução de imagens
de vídeo e permite a edição em computadores com sistemas não lineares.
Voltemos ao CCD e veja agora como ele registra as cores. Relembre que
os olhos humanos são sensíveis aos comprimentos de onda azul, verde e
vermelho, provenientes da luz, e que devido a isso é possível visualizar todo
o espectro visível, a partir da variação da intensidade dessas três cores. Esse
sistema, denominado aditivo, é utilizado quando se trabalha com luz e também é
conhecido como sistema RGB (iniciais das cores em inglês: Red, Green e Blue).
Existe outro sistema de cor conhecido como subtrativo, cujas cores primárias
são ciano, magenta e amarelo, também conhecido como CMYK, que é utilizado
nos processos de impressão com pigmentos. Vamos deixá-lo de lado neste livro,
pois quando falamos de vídeo, falamos de luz e não de tinta.
27
Capítulo 1
combinação RGB, que é lida por um circuito eletrônico que faz a combinação dos
microfiltros para determinar a cor naquele ponto. Veja o esquema apresentado a
seguir para compreender melhor.
28
Vídeo Digital
CCD
Prisma Dicróico
Filtro verde
O CMOS foi inventado antes do CCD, mas a qualidade da imagem gerada pelos
CCDs, no início, era melhor, por isso ele foi o escolhido para ser utilizado nas câmeras
de vídeo e não o CMOS. Mas o CMOS tem uma outra vantagem em relação ao CCD:
sua grande resistência aos raios cósmicos. Isso fez com que a NASA investisse
no seu aprimoramento para utilização nas câmeras de satélites e telescópios, o que
culminou com o desenvolvimento de um CMOS de grande qualidade.
Resultado: hoje o CMOS está substituindo o CCD. Além disso, várias câmeras
possuem sensores desse tipo, com tamanho idêntico ao fotograma da película
cinematográfica. Por isso é possível, atualmente, se obter a mesma qualidade
de imagem da película utilizando a tecnologia do vídeo digital. Em alguns casos,
devido à otimização dos fluxos de trabalho com tecnologia digital, a qualidade
final na exibição é ainda maior que a obtida com a película.
29
Capítulo 1
4.2.1 A TV de tubo
O processo de exibição de imagens de vídeo em televisores se dá a partir de um
sinal que pode ser analógico ou digital.
30
Vídeo Digital
Figura 22 - A cor na TV
31
Capítulo 1
A luz não polarizada emitida por uma fonte no fundo da tela incide sobre o filtro
polarizador (1), que deixa passar apenas a luz no plano vertical. Depois atravessa
o vidro com uma matriz de eletrodos/transistores (2) feitos de um condutor
transparente (Indium Tin Oxide - ITO). São estes eletrodos que armazenam os
padrões da imagem. A luz polarizada atinge o cristal líquido (3), que reproduz os
padrões da matriz. Em seguida, a luz cruza o substrato de vidro com uma película
de eletrodo (ITO) com ranhuras horizontais para se alinhar com o filtro polarizador
horizontal (5). Apenas os feixes que conseguem atravessar todo este percurso
chegam aos pixels do mostrador (6). O tipo de líquido utilizado na fabricação
dessas telas é bem específico. Ele tem a capacidade de manter suas moléculas
com características dos dois estados ao mesmo tempo. Por isso ele se comporta
de diferentes maneiras, sob as mesmas circunstâncias, funcionando como uma
espécie de cortina, que regula a quantidade e o ângulo com que a luz é difundida
por meio dele (a cada ângulo corresponde uma cor diferente). A luz, ao passar
pelo líquido/sólido, é polarizada e se decompõe, como na formação de um arco-
íris. Ou seja, a luz chega com uma intensidade e, dentro da camada de cristal
líquido, modifica suas características, saindo do outro lado, correspondendo a uma
determinada cor e outra intensidade. São os impulsos elétricos que controlam esse
processo para a formação das cores, obstruindo a passagem da luz por alguns
pontos ou mudando o ângulo de difração em outros. Isso ocorre para formar cada
pixel da imagem. Dessa forma, combinando os dados recebidos da placa de vídeo
pelos eletrodos, com a refração de uma luz de fundo por meio do cristal líquido, o
resultado é um ponto de cor específico para cada pixel do vídeo. Antes de chegar
na tela, esse feixe colorido passa ainda por um painel branco de difusão, que torna
a cor uniforme naquele ponto. Esse processo acontece muitas vezes por segundo
em cada pixel, conforme a frequência do aparelho.
32
Vídeo Digital
4.2.3 TV de LED
Uma grande desvantagem da tela de LCD (em comparação ao plasma) é quanto
ao contraste. Isso ocorre porque o LCD tem sua fonte de luz constantemente
ligada e parte dessa luz passa pelo display, não reproduzindo o negro total, mas
um cinza escuro.
Vantagens do LCD/LED:
33
Capítulo 1
Desvantagens do LCD/LED:
TV 3D
4.2.4 TV de Plasma
No caso dos televisores de plasma, a tela é formada por milhares de microcélulas
com gases nobres (Xenônio e Neônio) em seu interior. Essas células também
são montadas entre duas partes de vidro (como nos LCDs), que emitem ondas
eletromagnéticas quando excitadas pela corrente elétrica. Eletrodos também
compõem as placas de vidro, em ambos os lados das células. Eles que
recebem os sinais de vídeo decodificados e os exibem de maneira precisa. O
gás no interior de cada célula, ionizado pela corrente elétrica, transforma-se em
plasma (quarto estado da matéria), e passa a emitir luz.Cada pequena célula é
subdividida em três partes, uma para cada cor do perfil RGB. Todas as cores que
você visualiza na tela são formadas a partir de uma combinação entre essas três
cores primárias, que ocorre em cada célula/pixel.
34
Vídeo Digital
O brilho da tela é reforçado por uma camada de fósforos que brilham, excitados
pela luz ultravioleta do plasma. Cada célula é capaz de emitir 256 tonalidades,
que combinadas no padrão RGB resultam em mais de 16 milhões de cores. A
cada impulso elétrico (em torno de 300 volts) todas as substâncias se misturam
e se transformam em uma espécie de líquido. Esse líquido que é chamado de
Plasma. Após cessar a corrente elétrica, o Plasma se torna estável outra vez e
retorna ao estado gasoso.
Vantagens do Plasma:
35
Capítulo 1
O efeito burn-in
Um dos problemas que podem ocorrer nas telas de Plasma é o efeito burn-in.
Ele ocorre quando uma imagem estática é exibida de maneira contínua por muito
tempo. Isso faz com que o fósforo presente na composição das telas de Plasma
assuma uma forma permanente, como se o pixel fosse “queimado” e perdesse a
capacidade de se formar novas cores. O efeito é percebido ao desligar a TV, como
uma “mancha” que marca a tela. Não é uma exclusividade das telas de Plasma e
pode ocorrer também em LCDs e LEDs, mas, nessas, com menos frequência.
Atividades de autoavaliação
1. Pesquise o que é uma câmera Pin-Hole e descreva seu funcionamento.
36
Capítulo 2
Processamento de sinal e
equipamentos de vídeo
37
Capítulo 2
Seção 1
Sistemas, formatos e recursos
Vivemos em uma época em que temos muitas possibilidades de escolha No
passado a tecnologia parecia mais simples, com menos sistemas e mais fáceis
de lidar. No entanto, também tínhamos menos recursos, menos alternativas e,
principalmente, menos qualidade.
1.1 Sistemas de TV
Existem três sistemas analógicos de TV dominantes no mundo. Veja na tabela a
seguir uma breve descrição de cada um deles.
SECAM (System Electronique Couleur Avec Desenvolvido pela França, também nesta
Memoire) mesma época, e utilizado por outra parte da
Europa.
38
Vídeo Digital
1.2 TV Digital
Atualmente, a TV está convergindo para o sistema digital, sendo que essa
mudança está se dando gradativamente. A partir do sinal digital, será possível
diversificar os aparelhos capazes de receber o sinal de TV e também ampliar a
oferta de conteúdos por canal.
39
Capítulo 2
40
Vídeo Digital
tem que ser considerada na produção audiovisual atual. Quem quer ter seus
vídeos exibidos nos grandes canais, precisa finalizar o material com a qualidade
suficiente para a TV Digital. Atualmente, são dois os padrões possíveis de
transmissão digital: 1080i ou 720p.
A letra “i” significa que a imagem é entrelaçada. A letra “p” indica que a imagem é
progressiva, ou seja, os frames são formados por imagens inteiras. Por isso, quando
se transmite a imagem inteira, é necessário diminuir o seu tamanho para que se
mantenha o limite possível de taxa de transferência de dados na transmissão.
41
Capítulo 2
Fonte:< www.sprut.de/misc/video/tv/tv.htm>
42
Vídeo Digital
Fonte:< www.sprut.de/misc/video/tv/tv.htm>
43
Capítulo 2
Fonte: www.necel.com/en/faq/f_tech.html.
44
Vídeo Digital
Existem outros padrões como: “4:1:1”, “4:2:1” e “4:2:0”, por exemplo, sendo que
o melhor padrão em termos de qualidade de imagem é aquele que tem o maior
número de informações, ou seja, o “4:4:4”.
Figura 9 - Cabos fire wire (com 4 e 6 pinos, respectivamente), para transmissão de dados digitais
Figura 10 - Cabos HDMI e Mini HDMI, usados para transferência de dados e monitoração
Fonte: http://www.eletroexpress.com.br/dados_empresa/imagens/produtos/b/big_1266_1.jpg
45
Capítulo 2
Figura 11 – O padrão SDI (Serial Digital Interface) usa os conectores do tipo BNC, que possuem uma
trava de segurança
Fonte: http://www.octcabos.com.br/site/17-254-thickbox/cabo-de-video-digital-bnc.jpg..
1.3 Compressão
Como o sinal de vídeo contém uma quantidade de informação muito grande, no
processo de digitalização é necessário comprimir os dados para que caibam num
espaço reduzido (a mídia) e para que possam ser registrados a uma velocidade
exequível (fluxo de informação). No processo de compressão, uma parte das
informações é descartada, mas esse não chega a ser um problema, pois a visão
humana também descarta informações. Ela comprime a informação visual numa
razão de 1:130.
A informação, para ser comprimida, tem que ser codificada e quando ela é
descomprimida é decodificada, então, os sistemas de compressão, projetados
para reduzirem o fluxo de informação, foram denominados CODECS
(codificadores/decodificadores).
Um dos CODECs utilizados é o MPEG (Motion Picture Experts Group), que utiliza
o sistema de compressão “interframe”, um sistema que proporciona taxas muito
grandes de compressão e é compatível com diversos formatos de áudio e vídeo,
cuja perda de qualidade é muito baixa.
O MPEG4, padrão mais avançado, proporciona uma compressão bem maior que
o MPEG2 e maior qualidade de imagem. Ele utiliza o sistema de compressão
“multiframe” e, além de áudio e vídeo, permite o uso de outros tipos de mídia,
interagindo com o vídeo, como gráficos, textos e fotos. Em contrapartida, exige
muito mais capacidade computacional e hardwares mais potentes.
46
Vídeo Digital
Com níveis de compressão muito altos, utilizados, por exemplo, nas câmeras
amadoras de sensor CMOS de alta definição e recursos de registro em 24p, o
processamento é demorado e os movimentos de câmera resultam em defeitos
na imagem.
1.4 Resolução
Enquanto a imagem do vídeo analógico é medida em linhas horizontais de
varredura por linhas verticais de resolução, a imagem de vídeo digital é medida
em pixels. No âmbito digital, o padrão de televisão para o NTSC é 720x480i 60
(60 ciclos/seg - entrelaçado) e para o PAL ou SECAM 768x576i 50. A resolução da
TV digital de alta definição (HDTV - High Definition TeleVision) é de 1920x1080p 60
(progressivo).
QCIF
(19kp)
120
CIF
(82kp)
240
CCIR 601
(300kp)
483
ATSC 720p
(1Mp)
720
ATSC 1080p
(2Mp)
1080
Fonte: <www.microsoft.com/windows/windowsmedia/howto/articles/UnderstandingHDFormats.aspx>
47
Capítulo 2
No sistema NTSC, o quadro é formado por 525 linhas horizontais (483 linhas
visíveis e 42 para armazenar informações como pulso do sincronismo, sinais de
equalização, close caption e Time Code), cada linha composta por 720 pixels.
48
Vídeo Digital
49
Capítulo 2
Fonte: <http://cabraquentefilmes.com.br/portal/images/phocagallery/cameras/thumbs/phoca_thumb_l_carto%20p2.
jpg>. Acesso me: 08 ago. 2013.
50
Vídeo Digital
Figura 18 - Cartão SD
51
Capítulo 2
As fitas MiniDV foram criadas para a gravação do formato DV, que tem resolução
standard de 720x480i. Com o surgimento dos formatos digitais, foi adaptada para
gravar também em HDV, em resoluções maiores. Apesar de ser barata, tem sido
substituída pela tecnologia de cartão de memória, que facilita na hora de transferir
as imagens para a edição. No entanto, é comum encontrar as fitas ainda como
formato principal de pequenas emissoras de TV ou produtoras, principalmente
fora das capitais.
SVCD (Super VCD, 1998) Possui características do DVD (som 5.1 surround,
multilegendas, menu etc.)
52
Vídeo Digital
Veja nas tabelas abaixo um resumo dos principais formatos e um breve histórico
de cada um deles.
53
Capítulo 2
Formatos Descrição
analógicos
2 polegadas Formato profissional criado pela Ampex em 1956.
U-matic (3/4 pol) Formato profissional, criado em 1970, em forma de fita cassete ao invés
de rolo.
VHS-C e SVH-C É apenas a versão em tamanho compacto das fitas VHS e SVHS.
Hi8 Mesmo formato de fita que o 8mm, mas pode chegar a 400 linhas de
definição. Com o surgimento do DV começou a cair em desuso.
54
Vídeo Digital
HDCAM Formato profissional HD criado pela Sony em 1997, para HDTV. Utiliza
fita de 1/2 pol, seu bit rate é de 140Mbps e sua taxa de amostragem
é 3:1:1.
continua...
55
Capítulo 2
HDD (Hard Disk) Formato para segmento consumidor criado pela JVC em 2004. Utiliza
miniaturas de discos rígidos (hard disk) para armazenar suas imagens,
no formato MPEG2.
XDCam Sistema criado pela Sony em 2004, para armazenar dados de vídeo
em discos óticos semelhantes aos Blu-ray. O bit rate de gravação é
72Mbps e o de leitura é 85Mbps. O sistema pode gravar 4 diferentes
formatos e conteúdos: DVCAM, MPEG IMX, metadata MXF e
arquivos do tipo proxy stream. Cada disco tem capacidade para
armazenar 23,3 Gb e comporta 85 minutos de vídeo no formato
DVCAM e até 45 minutos no formato MPEG IMX.
XDCAM HD Versão HD do sistema XDCAM. Criado em 2006, além dos frames rates
normais, grava também em 24p (24 quadro/seg no modo progressive
scan) e em taxas variáveis maiores ou menores (câmera rápida / lenta).
O sistema permite gravação em HD do tipo HD2 do padrão HDV ou
então no tradicional modo SD. A compressão MPEG2 permite gravar
no mesmo disco cerca de 120 minutos de conteúdo HD a 18Mbps ou
então 85 minutos de conteúdo SD (em DVCAM, a 25Mbps).
56
Vídeo Digital
RAW Imagem bruta como foi processada pelo sensor da câmera sem
nenhuma compressão. Por ser um formato sem padronização, as
especificações vão depender de cada fabricante e do potencial de
cada câmera.
Além desses padrões, usa-se uma velocidade rápida para se obter o efeito de
câmera lenta e a uma velocidade baixa para obter o efeito de câmera rápida.
Quando surgiu a tecnologia do vídeo, esses efeitos só eram possíveis na
finalização, na ilha de edição (na maior parte dos casos ainda é assim). Mas o
resultado fica com uma qualidade muito inferior, se comparado com a gravação
já na velocidade que se pretende usar, pois a técnica consiste em duplicar frames
(para aumentar o tempo de ação e obter o efeito de câmera lenta) ou eliminar
frames (para se obter o efeito inverso).
Se a sua produção precisa dos recursos de câmera lenta ou rápida, devem ser
procurados modelos de câmera que disponibilizem esse efeito. Algumas vezes
a câmera é locada apenas para fazer esse efeito em uma cena e depois as
gravações seguem com uma câmera convencional.
57
Capítulo 2
Conhecer esses formatos é importante para definir qual o padrão que será
adotado na produção do vídeo, sendo que essa escolha irá depender do meio
escolhido para a exibição final. Muitas produções estão sendo realizadas no
padrão 16:9, pois é o formato utilizado no sistema HDTV.
TV 1:1,33
Padrão europeu 1:1,66
HDTV 1:1,78
Padrão americano 1:1,85
CinemaScope 1:2,35
Fonte: Elaboração do autor, 2013.
58
Vídeo Digital
A solução é fazer uma reedição por meio de um processo chamado “pan scan”,
no qual um editor analisa o filme e seleciona, a cada cena, qual parte da tela deve
ser mostrada na TV e qual deve ser descartada, ou seja, o espectador não vê a
totalidade da imagem, vê apenas 60% dela. Com a mudança do padrão das
televisões para a proporção 16:9, é possível assistir a filmes na proporção 1:2,35,
utilizando faixas pretas na parte superior e inferior da tela.
Seção 2
Muitas câmeras para escolher
Nesta seção, o foco não está em fazer um levantamento de todas as câmeras que
existem. O ideal para isso é manter-se atualizado em sites especializados, por
exemplo. Neste momento, vamos abordar os itens que devem ser observados na
escolha das câmeras.
59
Capítulo 2
Seção 3
Acessórios para gravação de imagem
Para a gravação em vídeo, uma câmera não basta. Você verá nesta seção
que são necessários acessórios adicionais sendo que alguns deles são
imprescindíveis, como é o caso das baterias e as fitas. Embora outros acessórios
sejam opcionais, eles podem fazer a diferença para a obtenção de imagens de
qualidade. Vejamos os acessórios.
60
Vídeo Digital
3.1 Tripés
Os tripés são, provavelmente, os acessórios mais importantes para as câmeras,
pois proporcionam estabilidade e servem para manter o quadro de imagem fixo.
Os tripés possibilitam regulagem de altura, nivelamento da câmera e execução de
movimentos como o tilt e a panorâmica.
Existem vários tipos de tripés, de várias marcas, com sistemas distintos, uns
maiores e mais resistentes, para câmeras pesadas, e outros mais leves, para
câmeras menores. Quanto mais sofisticados, mais caros.
Este é um item que não deve ser relevado a segundo plano, pois significará muito
na construção das imagens. Um movimento de câmera preciso depende de um
bom tripé. Uma panorâmica, às vezes, precisa ser feita com muita velocidade,
outras vezes precisa ser realizada muito lentamente e o equipamento deve
permitir o ajuste para que a movimentação seja efetuada com exatidão.
61
Capítulo 2
A cabeça do tripé é uma peça separada das pernas e se encaixa a ela por meio
de um sistema semiesférico com aperto por intermédio de rosca aparafusada na
base, o qual permite o nivelamento, com auxílio de uma bolha de nível.
62
Vídeo Digital
63
Capítulo 2
O tripé alto, o tripé baixo (baby) e o chapéu alto (High hat) são os suportes nos
quais se encaixa a cabeça fluída, sendo que cada um permite o posicionamento
da câmera em alturas distintas.
64
Vídeo Digital
Gruas são guindastes que elevam a câmera, com ou sem o operador, permitindo
movimentos grandiosos.
Figura 29 – Grua
Entre as gruas mais populares estão as da marca Jimmy Jib, que suportam
apenas a câmera, por isso necessitam de sistemas de operação remota. Existem
vários modelos e tamanhos, para finalidades distintas.
65
Capítulo 2
66
Vídeo Digital
Figura 32 – Grip
Fonte: <www.buff.com.br>
Fonte: <www.steadicam.com>
67
Capítulo 2
Fonte: <http://3.bp.blogspot.com/-lTUdlLxtzhI/TWBu2cVTarI/AAAAAAAAAC8/4VhpaDk6Gcw/s1600/IMG_0758.JPG>.
Acesso em: 08 ago. 2013.
Figura 35 - Suporte de ombro para câmeras de pequeno porte e estabilização intermediária de imagens
Fonte: <http://www.streamport.tv/890-2763-thickbox/vzdvmediarig-dv-media-rig.jpg>
68
Vídeo Digital
Atividades de autoavaliação
1. A partir dos conceitos estudados nesta unidade, relacione a segunda coluna de
acordo com a informação da primeira coluna:
( 1 ) HDCam a. ( ) 100Mbs
( 6 ) P2 f. ( ) 50Mbs
( 7 ) DV g. ( ) 72Mbs
a. ( ) ATSC, DVB e SECAM são os três sistemas de TV digital que estão sendo
implantados.
b. ( ) O sistema de TV analógico brasileiro é baseado nos sistemas alemão e
americano, enquanto o sistema digital adotado pelo país é o japonês.
c. ( ) O sinal de vídeo composto utiliza apenas um cabo pelo qual passam as
informações de luminância e crominância, enquanto o sinal componente utiliza
três, um para o sinal azul, um para o sinal vermelho e outro para a luminância.
d. ( ) Taxas de amostragem são cabos de transmissão de informações digitais.
e. ( ) O escaneamento entrelaçado é o sistema utilizado pelo vídeo analógico.
f. ( ) Toda câmera digital funciona com sistema “progressive scan”.
g. ( ) Uma câmera que trabalha com sistema progressivo não pode funcionar
com sistema entrelaçado.
h. ( ) Um CCD de 1/3” é muito superior a um CCD de 1/6”.
69
Capítulo 2
3 CCD 2/3” - 1080/60i, 30p, 24p - 1080/50i, 25p - 720/60p, 30p, 24p -
720/50p, 25p - 480/60i, 30p, 24p - 576/50i, 25p - frame rate variável de 12
a 60 qps – 4 slots de cartões P2 de 16Gb cada – formatos de gravação:
HD DVCPRO, DVCPRO50, DVCPRO – taxa de amostragem 4:2:2
70
Capítulo 3
Funcionamento da câmera
71
Capítulo 3
Seção 1
Visão geral da câmera
Um dos modelos de câmera digital profissional que se tornou muito popular nas
produtoras brasileiras, a partir do final da década de 90, pela sua relação de custo
e qualidade, foi a Sony DSR 300, uma câmera digital que usa o formato DVCam.
Embora seja um modelo antigo e que grava em um formato já ultrapassado, essa
câmera serve muito bem para o início de seu aprendizado, pois seus ajustes e
a acessibilidade proporcionada pelo posicionamento dos botões de comando é
copiado até hoje em diversos modelos. Vamos conhecer esta câmera.
•• peso: 4 Kg
•• comprimento: 534mm (sem bateria)
•• largura: 121mm (pela base) e 242mm (do microfone ao visor)
Para conhecermos melhor esta câmera, vamos detalhar os itens fundamentais
para a sua operação.
72
Vídeo Digital
73
Capítulo 3
Perceba que o fundo está nítido, característica de diafragma fechado, o que aumenta
a profundidade de campo. Para aumentar o tempo de exposição sem acontecer uma
superexposição à luz, é necessário compensar com o fechamento do diafragma.
74
Vídeo Digital
Figura 5 – Visão dos controles frontais da câmera, onde se encontra o acionador do shutter
75
Capítulo 3
Velocidade baixa de obturação é uma boa solução para registrar cenas nas quais
a luminosidade ambiente é muito baixa. Nesse caso, o objeto focado e a câmera
devem evitar ao máximo os movimentos. Nas câmeras, esse recurso é chamado
slow shutter, e pode ser um diferencial entre modelos aparentemente idênticos.
Uma última observação sobre o obturador é que ele é muito utilizado na gravação
de esportes, pois nesses casos muitas vezes é aplicado o recurso de câmera lenta
na pós- produção. Se o shutter estiver regulado em velocidades altas (1/2000 seg.,
por exemplo), o tempo curto de exposição de cada quadro proporcionará nitidez a
cada um deles. A cena em câmera lenta ficará muito nítida.
Item 8: Comando white e black balance. O ajuste de branco e preto deve ser
realizado sempre antes de uma gravação. As fontes de luz possuem tons distintos,
umas mais azuladas, outras mais alaranjadas, umas mais magentas, outras
esverdeadas. O olho humano, ao focar uma folha de papel sulfite branca, em
qualquer uma das condições de luz, vai entender que a cor da folha é branca, no
entanto, a câmera precisa ser ajustada e balanceada, para neutralizar a tonalidade
da cor da luz. A cor da luz é designada pelo termo temperatura de cor.
A teoria da temperatura de cor foi concebida no século 19, por Lord Kelvin. Ele
criou uma forma de medir os desvios de proporção na composição da luz branca,
ou seja, quando predominava o vermelho, o amarelo, o azul etc. Aquecendo-se
um objeto totalmente negro (que absorve 100% de qualquer luz que incide sobre
ele), esse passa a emitir luz, a qual muda gradualmente de cor. Um ferro em
76
Vídeo Digital
Fonte: www.willians.pro.br/textos_publicados/formacao_da_imagem_na_tv.doc
O black balance (balanço de preto) é utilizado para ajustar o nível da cor preta de
referência para o circuito da câmera e deve ser efetuado de tempos em tempos,
não necessariamente em todas as gravações. Para fazer esse ajuste, basta acionar
o botão, que ele fecha toda a íris da câmera e efetua o balanço automaticamente.
77
Capítulo 3
Item 1: Foco fácil (EZ Focus). Este comando provoca a abertura da íris para
reduzir a profundidade de campo e facilitar a regulagem do foco. Em câmeras
recentes, ele se transformou no focus assistant (assistente de foco) que, ao invés
de abrir a íris, aproxima eletronicamente uma parte selecionada da imagem para
que se visualize melhor o foco.
Item 2: Edit search. Esses botões permitem encontrar o fim da cena que foi
gravada, para iniciar a gravação da próxima. Este recurso é utilizado quando a fita
é removida da câmera e depois reinserida, ou quando a gravação foi interrompida
para que se pudesse assistir ao material gravado.
Item 4: Modo fácil (EZ Modo). A câmera entra no sistema de ajuste automático e
as regulagens de diafragma e balanço de branco assumem valores padrões.
78
Vídeo Digital
Figura 8 - Exemplo de uma imagem com o recurso Zebra para análise das zonas de altas luzes da cena.
Item 13: Ganho (Gain). O ganho é um recurso que auxilia na gravação de cenas
em locais de baixa luminosidade, quando a câmera não consegue registrar a
cena mesmo com a íris toda aberta. Sua regulagem varia, geralmente, de 0 a 24
dB, sendo que seu valor normal é 0 dB. O que essa regulagem faz é ampliar a
79
Capítulo 3
intensidade do sinal elétrico emitido pelo sensor. O resultado é uma imagem clara,
no entanto, granulada e dessaturada.
Item 14: ATW. Esse recurso é utilizado em situações nas quais a câmera está em
movimento e passa por diversas zonas de temperaturas de cor distintas, sendo
que, quando acionado, o ajuste de balanço de branco é feito automaticamente.
80
Vídeo Digital
81
Capítulo 3
•• Non Drop Frame é uma regulagem que faz com que o time code
não seja corrigido. Esse recurso é utilizado principalmente quando a
captação em vídeo é feita para finalizar o material em cinema.
Em relação ao time code, ainda é importante abordarmos os modos Rec Run e
Free Run. A opção Rec Run faz com que o time code inicie a contagem de tempo
quando a gravação é iniciada e pare quando a gravação é interrompida. A opção
Free Run faz com que o time code continue funcionando mesmo com a câmera
desligada. Essa segunda opção (Free Run) é utilizada quando se usa mais de um
equipamento, trabalhando em conjunto (mais de uma câmera e equipamento de
registro de áudio, por exemplo). Dessa forma, quando o equipamento que estava
desligado reiniciar o trabalho de gravação, seu código de tempo continuará em
sincronismo com os demais que estavam gravando. No momento da edição, todo
o material estará sincronizado, facilitando o trabalho do editor.
Item 2: Sinal de vídeo para sincronização (GenLock). Duas câmeras podem ser
sincronizadas. Quando uma é acionada, a outra também é automaticamente.
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Vídeo Digital
Seção 2
A objetiva e o visor
Figura 13 – Objetiva
83
Capítulo 3
2.1 A objetiva
Esta é provavelmente a parte mais importante de qualquer câmera. A objetiva
de uma câmera, popularmente conhecida como ”lente”, não é apenas uma
lente. É um sistema ótico complexo responsável pela formação da imagem
no plano focal, ou seja, na superfície do sensor. A imagem produzida por ela
precisa ter o máximo de definição, a luminosidade correta, estar em foco e sem
distorções ou aberrações. Para que tudo isso seja possível, este complexo ótico é
composto por uma série de lentes, um sistema de focalização e o diafragma (mais
conhecido como ÍRIS no universo do vídeo). Uma boa objetiva é imprescindível
para a obtenção de uma boa imagem.
Figura 14 – Comparação entre os ângulos de abertura das focais Tele, Normal e Grande Angular.
Fonte:
84
Vídeo Digital
Item 14: Macro. Este recurso ótico é utilizado para registrar imagens a
distâncias muito pequenas (3 cm da lente, por exemplo). É ideal para registrar
elementos da natureza.
Fonte:GONÇALVES, Daniel. Começando do básico: Velocidade, Abertura e ISO. 03 fev. 2012. Fotografia Campinas.
<http://fotografiacampinas.com.br/comecando-do-basico-velocidade-abertura-e-iso/>. Acesso em: 19 ago. 2013.
85
Capítulo 3
Fonte:
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Vídeo Digital
1. Diafragma aberto
2. Focal Tele
3. Proximidade da câmera em relação ao objeto focado
Um outro dado importante é que o tamanho do sensor (ou do fotograma de
fotografia e cinema) também é diretamente proporcional à profundidade de
campo. Quanto maior o fotograma ou o sensor, menor a profundidade de campo
e vice-versa. Como a maioria dos sensores é menor que os fotogramas de cinema
ou fotográficos, a profundidade de campo dele é maior. Este é um dos fatores que
fazem com que a imagem de vídeo seja diferente da imagem da fotografia e do
cinema. O que tem mudado com o avanço das câmeras DSLR, que usam lentes
intercambiáveis e tem sensores maiores.
87
Capítulo 3
88
Vídeo Digital
Seção 3
Outros recursos
Além da câmera, para que se possa controlar a qualidade da imagem, de
maneira a se obter resultados de alto nível, alguns recursos periféricos devem ser
considerados. Veja estes recursos a seguir.
89
Capítulo 3
Figura 20 – Barras de cor “color bars” SMPTE” P&B (padrão para NTSC)
Nas figuras anteriores, podemos observar uma imagem das barras de cor
colorida e uma outra P&B. Quando as barras de cor são observadas no monitor,
é muito difícil fazer o ajuste de brilho, contraste, tonalidade e saturação, então, há
uma chave (Blue only – que serve para acionar apenas o canal de azul) para que a
imagem fique P&B ou Azul a fim de possibilitar o ajuste.
Se esse objetivo não for alcançado, o ajuste não estará correto e tons, saturação,
brilho e contraste não corresponderão à imagem que está sendo gravada pela
câmera. Uma imagem sem fidelidade no monitor acarretará, indubitavelmente,
uma direção de fotografia equivocada.
90
Vídeo Digital
Figura 22 - Vetorscópio
Não vamos fazer uma abordagem extensa e profunda desses dois equipamentos,
pois estaríamos indo além dos objetivos desta disciplina, no entanto, é importante
conhecê-los. Cada cor da barra de cores é representada no vetorscópio por um
ponto e a imagem que vemos na Figura 22 corresponde à calibragem correta do
monitor. A imagem de base para a análise por esse equipamento são as barras
de cor. Quando o que vermos na tela do vetorscópio for diferente da imagem
apresentada na figura acima, as cores do monitor não estarão corretamente
ajustadas e será necessário corrigi-las.
91
Capítulo 3
3.2 RCU
RCU refere-se à Unidade de Controle (Remote Control Unit) e nada mais é do que
um controle remoto que permite o controle de todos os ajustes e comandos da
câmera à distância. Esse controle é conectado à câmera por um cabo especial
e geralmente é operado pelo diretor de imagens (diretor de fotografia), que está
acompanhando tudo pelo monitor.
Figura 23 - Dois modelos de RCU (Remot Control Unit) _ Unidade de Controle Remoto)
92
Vídeo Digital
93
Capítulo 3
Figura 27 O alto contraste é verificado quando há uma pre muitos meios-tons e os extremos (preto e
branco) não estão Análise com auxílio de uma escala de cinzas. presentes.
Quando falamos de contraste, temos que imaginar uma escala de tons de cinza,
que varia do branco ao preto. Os extremos desta escala são exatamente o branco
e o preto, enquanto as nuances que se encontram entre as duas extremidades
são os meios-tons. Quanto maior for a predominância de meios-tons de uma
imagem, menos ela será contrastada.
O aumento do contraste geralmente está associado à perda de detalhes, pois
a informação da imagem é dada a partir da diferenciação entre tons de cinza,
portanto, quanto menos diferenciações de tons a imagem tiver, menos informação.
Acima de um determinado índice máximo de luminância (100 IRE), não há mais
informação e a mesma coisa acontece abaixo do nível mínimo (7 IRE).
94
Vídeo Digital
95
Capítulo 3
Acompanhe os links dos web sites indicados no EVA, para saber dos lançamentos
mais atuais em câmeras e acessórios para videografia.
Atividades de autoavaliação
1. Apresentam-se algumas situações a seguir, e você precisa responder se o
recurso a ser utilizado é (S) “shutter” ou (G) “gain”, justificando sua escolha.
96
Vídeo Digital
b) Jogo de futebol.
97
Capítulo 3
98
Capítulo 4
Iluminação em vídeo
99
Capítulo 4
Seção 1
Equipamentos de iluminação
Os equipamentos que produzem luz são chamados de refletores, sendo que
existem diversos modelos deles, de diversas potências e diversas marcas. Cada
tipo de refletor tem uma determinada finalidade e, por isto, deve-se utilizá-los
de acordo com o que se deseja alcançar. No início do cinema, os filmes tinham
pouca sensibilidade e era necessária muita luz para sensibilizá-los, razão pela
qual as fontes de luz eram muito grandes e muito potentes, o que dificultava
bastante as realizações. Com o tempo, os fabricantes foram desenvolvendo
filmes cada vez mais sensíveis e os equipamentos de luz se tornaram mais leves.
O equipamento de luz utilizado para cinema é o mesmo utilizado para vídeo,
assim como toda a técnica para iluminação.
A primeira coisa que você deve saber sobre os refletores é o tipo de lâmpada que
eles empregam.
Embora tenha sido descoberto em 1963, o LED teve seu maior desenvolvimento
na década de 90, quando passou a ser usado para iluminação geral e também
em vídeo. O LED é um componente eletrônico semicondutor, ou seja, um diodo
100
Vídeo Digital
•• Tungstênio - 3200°K
•• HMI - 5500°K
•• Fluorescentes - 3200°K ou 5500°K
•• LED - 3200°K ou 5500°K
Fonte: <www.tlc-direct.co.uk/Images/Products/size_3/LATH150.JPG>
101
Capítulo 4
Fonte: <http://www.repel.com.br/iluminacao/la-cent-mpada-par-64-osram-foco-1-220v.html>
102
Vídeo Digital
Um dos refletores mais comuns chama-se Fresnell. Ele tem este nome devido
à sua lente, que condensa a luz da mesma forma que uma lente convexa,
mas utilizando menos vidro. Essa característica, associada a um carrinho que
movimenta a lâmpada, possibilita variar o ângulo de abertura da luz e delimitar
a sua área de abrangência com contornos bem definidos. As potências variam
de 100 a 20.000 Watts. Devido à sua construção, é possível também recortar
a luz com o auxílio de bandeiras de corte, controlando facilmente zonas de luz
e sombra. É um refletor que permite direcionar e desenhar a luz. Essa é uma
característica de todos os refletores com jogo ótico (que possuem lentes e
mecanismos de ajuste de ângulo de abertura).
103
Capítulo 4
o fato de ele produzir duas sombras, uma provocada pelo filamento da lâmpada e
outro pelo espelho refletor interno.
Figura 8 - Cyc-light
Fonte: <http://ecx.images-amazon.com/images/I/61I4EupxcvL._SL1000_.jpg>.
Na família dos refletores sem lentes existem também os Soft Lights, que
produzem luz suave. O refletor consiste em uma caixa branca ou prateada que
reflete a luz de lâmpadas instaladas em seu interior.
104
Vídeo Digital
Existem outros tipos de refletores de luz difusa, como os de Luz Fria (que usam
lâmpadas fluorescentes), o balão de luz (com lâmpadas HMI ou Tungstênio), os
painéis de LED (com lâmpadas LED) ou ainda aparatos confeccionados de forma
artesanal, com isopor e lâmpadas comuns.
Figura 10 – Luz fria com duas lâmpadas, com colmeia direcionadora e reator.
Fonte: <http://www.evsonline.com/media/catalog/product/cache/1/image/9df78eab33525d08d6e5fb8d27136e95/k/i/
kit-v101-120.jpg>
105
Capítulo 4
Fonte: <http://www.airstar.com.br/adm/i/galeria_cinema/30596a03502686bc5179f956473a0ddb.jpg>.
Fonte: <http://www.prodigital.com.py/lib.conf/abrirArquivo.php>
106
Vídeo Digital
Fonte: <www.mole.com>
Figura 14 - Refletor HMI ARRISUN 575W PAR Light com ballast e jogo de lentes
Fonte: <http://www.mainfilm.qc.ca/en/img/hmilg2.jpg>
107
Capítulo 4
Fonte: <www.mole.com>
Figura 16 - Kit portátil Arriflex (mala contendo: 3 refletores Fresnel e 1 aberto, cabos, tripés, barndoors,
telas redutoras e um difusor chimera)
108
Vídeo Digital
Para o controle da luz, existe uma série de artefatos. Eles permitem controlar a
área de abrangência do facho luminoso, o formato do facho, suavizar a luz em
diversos níveis, reduzir a quantidade de luz, redirecionar a luz, criar efeitos de
sombra etc.
109
Capítulo 4
Figura 19 – Rebatedor
110
Vídeo Digital
Figura 21 – Bandeiras
Figura 22 – Mandraques
111
Capítulo 4
Outro acessório indispensável para deixar a luz mais suave são os soft-boxes.
Feitos de tecido resistente ao calor e com armação de metal, podem ser
acoplados a vários tipos de refletores, para difundir a luz, ampliando o tamanho
da fonte. O encaixe é feito na parte frontal do refletor, que passa a ser o cume
de uma estrutura piramidal de brim preto, com as laterais internas prateadas e o
fundo aberto, para a fixação de uma tela difusora. As marcas mais conhecidas
são a chimera e a photoflex.
Figura 23 - Soft-box médio para refletores fresnel. Além do difusor externo, pode haver outra tela de
difusão interna.
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Vídeo Digital
113
Capítulo 4
Seção 2
Equipamentos de elétrica e maquinaria
A iluminação é coordenada pelo diretor de fotografia, no entanto, quem instala e
manipula os equipamentos são as equipes de elétrica e maquinaria, geralmente
conhecidas como equipe da pesada. Você vai conhecer, agora, os principais
equipamentos de elétrica e de maquinaria utilizados por eles e saber para que servem.
Equipamentos de elétrica
Adaptador série é um recurso que possibilita ligar dois refletores em série. Esse
sistema é utilizado, geralmente, quando dois refletores de 110V precisam ser
ligados em corrente 220V. Esse é o caso no caso das lâmpadas PAR64 ou PAR36
DWE, por exemplo.
Mesa de iluminação é uma mesa na qual são ligados os refletores, por meio
dela, esses refletores são controlados por interruptores e dimmers.
114
Vídeo Digital
Três tabelas são caixas de madeira com todos os lados fechados, apenas com
aberturas que servem como alças para transporte. Seu nome se deve ao fato de
altura, largura e profundidade serem de dimensões distintas (geralmente 30 x 40
x 50 cm), o que lhe proporciona grande versatilidade no uso. São extremamente
utilizados como bancos, pequenas mesas, suporte para equipamentos e
cenografia etc.
115
Capítulo 4
Figura 29 - Praticável
Sacos de areia são elementos importantes, pois servem para dar segurança aos
tripés e outros itens que precisam de peso para auxiliar na estabilidade e fixação,
evitando danos, contratempos e acidentes. Eles são feitos de lona, pesam 10 kg e
possuem uma alça para transporte.
116
Vídeo Digital
- Além dos itens listados aqui, existem sempre novidades lançadas pelos
fornecedores da área. No EVA você tem uma lista de links para pesquisar e se
manter atualizado. Acesse e pesquise novos equipamentos.
117
Capítulo 4
Seção 3
Iluminação básica
Para iluminar uma cena, é necessário, em primeiro lugar, ter uma ideia muito clara
do tipo de imagem que se quer construir. Mas o que é construir uma imagem em
termos de iluminação? Sem parâmetros objetivos que ajudem a organizar as
informações que constituem a luz de uma imagem, é difícil estabelecer formas de
controle da iluminação. Então, vamos estabelecer esses parâmetros.
118
Vídeo Digital
Cada um desses três pontos de luz pode ser controlado individualmente. E o que
pode ser alterado em cada um deles? A natureza, a direção e a intensidade.
119
Capítulo 4
Quanto à natureza, a luz pode ser dura ou suave, isto é, ela pode ser produzida
por uma fonte de luz muito pontual, dessa forma, gerar sombras muito recortadas
e profundas, ou pode ser produzida a partir de uma grande fonte de luz, como um
soft light ou um rebatedor, e gerar uma luz muito difusa, que produz uma imagem
delicada. Ainda com relação à natureza da luz, ela pode ter uma temperatura de
cor tungstênio (3200K), day light (5500K) ou de outros valores fora desse padrão,
usando lâmpadas especiais e/ou filtros de correção de cor (gelatinas).
Figura 33 – Cena iluminada com luz pontual, dura. “The stranger on the third floor” – 1940 – USA –
direção: Boris Ingster.
120
Vídeo Digital
A direção da luz também tem grande importância, pois ela pode vir mais de cima
ou mais de baixo, mais lateral ou mais frontal, sendo que as possibilidades são
muitas, portanto, é necessária uma observação bastante sutil para que o iluminador
defina com exatidão a posição do refletor para obter os resultados desejados.
Figura 35 – Exemplo de diferentes direções possível para a contraluz
Por fim, a intensidade de cada fonte de luz deve ser definida. EsSa é uma parte
bastante técnica do processo, pois está diretamente relacionada à potência dos
refletores, portanto, deverá ser definida antes do início das gravações, por meio
de cálculos.
Mais cálculos são necessários para definir a intensidade da luz. Você se lembra
de que a abertura da íris define a profundidade de campo? Se você tiver pouca
intensidade de luz, não poderá fechar o diafragma, caso queira trabalhar com
muita profundidade de campo. Lembre-se de que para cada ponto de diafragma,
você terá que dobrar a quantidade de luz. Por exemplo, se você tiver diafragma
f:2.0 com 1000W de luz, o cálculo aproximado de compensação funciona da
seguinte forma:
121
Capítulo 4
Essas são algumas regras básicas, mas na iluminação o que vale mesmo é o
exercício prático. Só a experiência vai lhe possibilitar acumular conhecimento
para poder planejar seu set de iluminação com segurança.
Direcione uma luminária para o teto, para criar uma luz de base de baixa
intensidade. A primeira coisa que deverá fazer a seguir é posicionar a luz de
ataque, sendo que terá que escolher um refletor. Esse deverá produzir uma
luz dura ou suave? A luz virá do alto, de baixo, da lateral? Qual deverá ser a
intensidade da luz?
Tudo é possível em iluminação. Agora que você conhece a teoria, basta alterar as
variáveis. Se você tiver apenas uma fonte de luz, isso significará que a intensidade
das duas outras será zero. As posições de luz continuam lá, variando à direção, à
intensidade e à natureza.
Além disso, ainda é possível fazer o facho de luz passar por entre persianas, por
frestas, pelos tecidos rendados ou sofrer outras variações, como refleti-la em um
espelho no interior da água etc. Observe a luz no seu dia a dia, em filmes, em
pinturas, em fotos, em novelas, em publicidades. Identifique suas características
e relacione-as com sensações, sentimentos, lugares. Um escritório tem uma
iluminação diferente da iluminação de uma fábrica ou de um quarto de dormir.
122
Vídeo Digital
Seção 4
Iluminando em internas e externas diurnas
Agora que você já compreendeu a lógica básica para pensar a iluminação,
vamos ver como um diretor de fotografia realiza seu trabalho criativo em algumas
situações concretas. Para facilitar o estudo vamos definir duas situações diurnas,
ou seja, com a presença da luz do dia, uma interna e outra externa.
4.1 Interna/Dia
Como iluminar a A cena interna se passa em um escritório onde se encontra
cena? Pense um um executivo. Por uma grande janela de vidro podemos
pouco, conte com o ver a cidade e, pela mesma janela, a luz do dia invade o
auxílio das informações
das seções anteriores,
ambiente. A luz do sol não entra diretamente, apenas a
pegue um papel e claridade do dia. O executivo se levanta e vai até à vidraça
um lápis e comece a para contemplar a paisagem e retorna à sua mesa.
desenhar. Talvez você
consiga avançar um Podemos utilizar lâmpadas de tungstênio ou HMI. Se
pouco mais sozinho,
usarmos as de tungstênio, teremos que corrigir as fontes
tentando achar soluções
para a cena descrita, com gelatinas azuis, para convertê-las de 3.200°K, sua
antes de continuar. temperatura de cor original, para 5.500°K, deixando-as
com a mesma temperatura de cor que a luz do dia. Essa
não é uma solução muito boa, pois como a luz do dia é muito intensa e a gelatina
azul absorve quase dois pontos de luz, teremos que utilizar refletores muito
potentes. Poderíamos, como uma segunda opção, utilizar refletores HMI, pois
eles têm a mesma temperatura de cor da luz do dia. Mas eles são bem mais caros
e a produção costuma pedir para economizarmos.
123
Capítulo 4
Em seguida, você precisa definir a luz principal. Onde você posiciona o ataque?
Nesse caso, está bem claro que a direção tem que ser do lado em que está
a janela, pois ela é a fonte de maior intensidade de luz. Como o sol não está
entrando diretamente no escritório, podemos utilizar um leve difusor em frente ao
refletor, para quebrar a dureza da luz.
124
Vídeo Digital
4.2 Externa/Dia
A cena externa que criamos como exemplo se passa em uma praça. Duas
pessoas conversam sob o sol das três horas. A cena é captada por meio da
técnica de plano e contraplano. Um dos atores tem o sol como contraluz,
enquanto o outro tem o sol atingindo seu rosto praticamente de frente. Podemos
assumir essa condição ou construir uma iluminação muito mais agradável.
A técnica que será descrita agora rompe com a lógica da natureza, mas o
resultado é muito mais interessante visualmente.
O butterfly será posicionado sobre os atores, fora do quadro do vídeo. Ele será
montado com o tecido difusor, que criará uma zona de luz suave na posição onde
os atores se encontram. Dois rebatedores prateados serão posicionados atrás
dos atores, para produzirem as contraluzes. Um dos rebatedores irá refletir a luz
125
Capítulo 4
Seção 5
Iluminando em internas e externas noturnas
Internas podem ser feitas em locação ou em estúdio. É interessante comentarmos
sobre algumas diferenças entre um caso e outro. A situação de gravação em
estúdio é muito mais confortável que em locação, pelo fato de possibilitar o
controle de toda a situação. O estúdio geralmente é isento de interferência de
som externo (ou ele é “blimpado ” ou se encontra em regiões distantes de zonas
barulhentas), tem capacidade de energia elétrica para suportar grande quantidade
de iluminação, tem estrutura adequada para posicionamento de equipes e
equipamentos etc.
126
Vídeo Digital
127
Capítulo 4
Mais uma pausa para reflexão. O que tem a ver profundidade de campo com
iluminação? Simples: pouca profundidade de campo se obtém com diafragma
aberto, o que exige menos luz, enquanto muita profundidade se obtém com
diafragma fechado, o que requer muita iluminação. Quando se fala em
profundidade de campo, outros fatores entram em jogo, como já vimos
(proximidade entre a câmera e o sujeito e utilização de focal tele ou grande
angular), mas não se faz uma escolha de focal ou distância para definir a
profundidade de campo, pois mudaria totalmente a composição do quadro.
Uma luz de base foi criada apontando-se dois refletores abertos de 2000w para
o teto branco do estúdio. Outras possibilidades existem, como estender um
butterfly no teto e colocar fontes de luz difusa distribuídas por trás do tecido.
128
Vídeo Digital
Todos os refletores dessa cena são ligados em uma mesa com dimmers. A
dimerização das lâmpadas faz com que elas alterem a temperatura de cor,
tornando-se mais alaranjadas.
No caso da cena, este não será um problema, pois a tonalidade laranja é um fator
que contribui para a ambientação, que demanda um tom quente.
As fontes de luz devem ser reforçadas com refletores, pois a luz do fogo e a luz
do abajur não iluminam suficientemente a cena. Dois refletores fresnell de 1000w
são posicionados próximos à lareira, apontando para a personagem e para
alguma parede que aparecerá no quadro, para representarem a luz do fogo.
Para incrementar, utilize dois fresnell de 300w para dar umas pinceladas na
parede do fundo, talvez iluminando alguns quadros que estão pendurados.
E o que fazer com a paisagem lá fora? A iluminação tem que ser homogênea, de
tom azulado e com intensidade inferior à luz interna. Utilize uma linha de cyclights
com gelatinas azuis (por exemplo, Rosco Full CTB) e “dimerize”, buscando a
intensidade correta por intermédio da observação no monitor.
Para finalizar, vamos fazer com que um pouco da luz do luar entre pela janela.
A luz da lua é pontual como o sol, portanto, vamos utilizar um fresnell. É
necessário decidir a posição da lua. Imaginemos que ela esteja alta no céu, então,
percebemos sua luz azulada apenas no chão do apartamento, iluminando algum
tapete e deixando o desenho da janela.
129
Capítulo 4
130
Vídeo Digital
Uma boa solução para evitar a necessidade de aplicar os pontos de luz na pós-
produção é gravar a noite americana após o pôr do sol, na hora mágica. Ainda há
luz suficiente e as luzes já podem ser acesas e notadas. A principal dificuldade,
nesse caso, é que esse momento dura pouquíssimo tempo e tudo tem que estar
muito preparado para a realização da cena. O que se costuma fazer nesses casos
é um master shot da cena durante a hora mágica, e deixar os primeiros planos
para gravar à noite, com o auxílio de iluminação artificial.
Ainda com relação à noite americana, ela geralmente representa uma noite
de luar, que tem a característica de ter zonas escuras e ser mais suave que
a luz do sol. Por isso, é importante evitar áreas de superexposição, como
superfícies brancas, pontos brilhantes, e procurar sempre trabalhar com o sol
predominantemente em contraluz. Rebatedores prateados são importantes para
iluminar os personagens com luz do sol rebatida, pois os personagens precisam
ser ressaltados em relação ao restante da cena.
Bom, vamos agora gravar a noite à noite. A cena se passa em uma rua iluminada
por luzes de postes. Nos apartamentos dos prédios, algumas luzes acesas nas
janelas, outras apagadas. Ao fundo, carros passam, placas luminosas de bares
piscam. Uma pessoa solitária caminha em direção à câmera.
A câmera “vê” de forma diferente à do olho humano. O olho consegue distinguir
todos os detalhes nas zonas claras e nas zonas escuras. A câmera, mesmo com a
íris completamente aberta, nesta situação, registra os detalhes apenas nas zonas
claras. Se o recurso do ganho (gain) da câmera for utilizado, a imagem ficará
granulada. Se o obturador (shutter) for acionado, qualquer movimento irá borrar a
imagem. Dependendo da proposta estética ou do tipo de cena, esses resultados
podem ser utilizados criativamente.
Mas vamos considerar que a cena demanda um visual limpo.
Nesse caso, a configuração da câmera deve estar dentro dos padrões (shutter
60 e ganho 0db). A iluminação da rua pode ser reforçada por refletores fresnell
posicionados atrás das lâmpadas dos postes. Uma iluminação difusa geral pode
ser obtida por meio de vários maxibrutes com difusores distribuídos ao longo
da rua, vindo do alto, fora do quadro. Uma luz pontual, obtida com um fresnell
de 5000w ou um HMI de 2500w com correção 2/3 CTO (âmbar), faz a contraluz.
Uma suave iluminação produzida por um softlight de1000w ilumina o rosto da
personagem quando se aproxima da câmera.
Essa seria uma entre tantas alternativas de iluminar este caso de exemplo.
Veja a seguir, uma imagem da filmagem de “A Antropóloga” (2006), direção de
Zeca Pires, direção de fotografia de Charles Cesconetto. Hora mágica, contra-luz:
HMI 2.500w, luz de ataque Fresnel 2000w.
131
Capítulo 4
Seção 6
Determinando a exposição
A determinação da exposição é o controle de luz para sensibilizar o sensor, ou
seja, a determinação da abertura da íris (diafragma), da velocidade do obturador
e da intensidade das fontes de luz que iluminam a cena. Exposição é uma
relação entre quantidade de luz e tempo (luz x segundo). É importante saber que
não existe uma exposição correta, mas sim uma escolha correta de exposição,
pois ela varia conforme o objetivo do diretor de fotografia em relação ao tipo de
imagem que se quer obter.
132
Vídeo Digital
Dizemos que a exposição é uma relação entre luz e tempo e, como você já
aprendeu, o obturador é o dispositivo que regula o tempo da exposição. A unidade
de tempo da obturação em vídeo é sempre muito pequena, pois a cada segundo
são expostos 30 quadros com uma velocidade de obturação de 1/60 segundos
cada. Assim, como no caso do diafragma, existe uma escala para o obturador,
escalonada em frações de segundo, sendo que a cada passo dessa escala a
quantidade de luz dobra: 1/15; 1/30; 1/60; 1/120; 1/250; 1/500; 1/1000; 1/2000 etc.
133
Capítulo 4
134
Vídeo Digital
Tanto um quanto outro aparelho precisa de duas outras informações para indicar
o diafragma a ser utilizado: a velocidade de obturação e a sensibilidade do filme
(ASA ou ISO).
Cartão cinza trata-se de uma ferramenta de medição de luz para ser utilizada com
o spotmeter. O cartão cinza tem tonalidade neutra e reflete uma quantidade exata
de luz (18%), auxiliando na obtenção da exposição correta.
135
Capítulo 4
Não deixe as altas luzes atingirem, ou pelo menos ultrapassarem, 100 IRE e as
baixas luzes descerem mais que 7,5 IRE. O tom de pele deve ficar por volta de 65
a 75 IRE.
Seção 7
Planejamento da luz
Quando você tiver que planejar a luz, a primeira coisa que deverá fazer é
conhecer o roteiro. Primeiramente, você deve fazer uma leitura para conhecer a
história, sendo que as primeiras impressões lhe permitirão uma pré-visualização,
com ideias e concepções suas. Em seguida, você deverá conversar com o diretor,
para se informar sobre as ideias dele em relação à imagem. A partir daí, você tem
as diretrizes para as definições de caráter estético.
Num segundo momento, você deve fazer uma pesquisa, buscando referências de
fotografias, filmes e pinturas, assim como bibliografia auxiliar, para dar embasamento
conceitual às suas opções estéticas. Esses estudos prévios lhe auxiliarão a
estabelecer uma lógica para a sua direção de fotografia no trabalho em questão.
136
Vídeo Digital
•• tipo de refletor;
•• dimensões (altura, largura, profundidade e peso);
•• consumo (watts);
•• potência em relação à distância (candelas);
•• área de abrangência (diâmetro do facho de luz).
137
Capítulo 4
138
Vídeo Digital
Vou explicar na prática. A gravação de um DVD é uma tarefa que exige planejamento
e muitos testes. O correto é montar cenário e luz em um dia, ajustar luzes e câmeras
em um ensaio, valendo no dia seguinte e ter mais uns dois dias de apresentação
para fazer a gravação mesmo - para ter chance de corrigir as falhas e melhorar
o entrosamento da equipe. No final, teremos material de sobra para escolher as
melhores opções de planos e montar um vídeo de primeiríssima qualidade.
No caso do DVD do Brasil Papaya, tínhamos um dia para fazer tudo isso. Já na
reunião com a banda, apresentei o argumento acima e expliquei os riscos de
promover uma verdadeira “gincana” para realizar o trabalho. Mas o orçamento
disponível, somado à restrição na agenda do teatro, não possibilitavam outra
alternativa. Um típico problema de fotografia: tínhamos que equacionar todas as
limitações e obter um ótimo resultado. Nesse caso, cabe ao profissional aceitar ou
não o desafio, sabendo que há o risco de ser um desastre, mas que pode ser que
tudo dê certo.
139
Capítulo 4
Adianto que, com a ajuda da minha experiência em resolver problemas, deu tudo
certo. Mas foram 15 horas seguidas de muito trabalho e atenção redobrada para
não deixar escapar nenhum detalhe e fazer as escolhas certas, quando não há
tempo para executar tudo que foi planejado. É adrenalina pura, que gera aquele
cansaço reconfortante quando vemos um belíssimo resultado. Uma conquista que
não é só minha. Agradeço a dedicação de toda a equipe, em especial o cinegrafista
Leonardo Sousa, ao Felipe Tonin (da Lughphil) e à Cine Support, representada pelo
André Comarú. Veja os créditos completos.
Figura 43 - Planta baixa de iluminação para gravação do DVD Brasil Papaya: Emancipation
140
Vídeo Digital
Equipamento de Câmera:
• Resolução: 1080P
• Movimento
• 01 - Grua de 7 metros
• 01 - Travelling de 6m
141
Capítulo 4
das câmeras como 640, e programei as cenas com a luz dimerizada em 80%, mas
na primeira música vi que estava muito escuro e tive que colocar toda luz branca
em 100% para evitar uma subexposição exagerada. Havia me enganado, o ISO
equivalente das Sony EX é 320.
Foi um ótimo trabalho, onde pude experimentar os meus conhecimentos nas áreas
de iluminação e fotografia para vídeo. Oportunidade de registrar belas imagens e
consolidar amizades novas e antigas.
Atividades de autoavaliação
Escolha uma cena de um filme que tenha uma iluminação interessante e realize, a
partir dela, as atividades propostas a seguir.
1. Observe a iluminação
a) Ela é natural ou artificial, e quais as características que o levam a tal conclusão?
142
Vídeo Digital
143
Capítulo 4
144
Vídeo Digital
c) Qual a relação entre o diafragma e o shutter? O que isso tem a ver com
profundidade de campo?
145
Capítulo 5
Operação de câmera
147
Capítulo 5
Seção 1
Preparando o equipamento
Neste ponto do livro, você já conhece os equipamentos de gravação de vídeo
e, teoricamente, já sabe até operar uma câmera profissional. Você também já
aprendeu bastante sobre iluminação. Agora, o que você precisa é compreender
como atuar na prática, como sair a campo para fazer o seu trabalho enquanto
operador de câmera ou diretor de fotografia. Este é o objetivo deste capítulo.
Existem situações nas quais é necessária uma equipe muito reduzida, com
equipamentos compactos. Um documentário intimista sobre um povo
avesso à cultura tecnológica, que viva no interior da floresta, é um exemplo.
Provavelmente, a equipe terá que se resumir a duas ou três pessoas, acumulando
funções variadas, nas mochilas, uma câmera profissional pequena, um kit portátil
de iluminação, um pequeno tripé e o equipamento de captação de som (veja
quadro com exemplo real no final do capítulo).
Por outro lado, existem produções nas quais a equipe de imagem chega a 20
pessoas e o equipamento tem que ser transportado em caminhões, o que acontece
na realização de filmes, novelas, gravações de DVDs em grandes shows etc.
148
Vídeo Digital
•• várias câmeras;
•• uma estação de controle móvel;
•• sistema de intercomunicação;
•• teleprompter (sistema que permite ao apresentador ler seu texto
olhando diretamente na lente da câmera);
•• local adequado para apresentadores;
•• equipamento de transmissão (microondas);
•• equipe completa (diretor de externa, produtor, diretor de VT, editor,
operadores de câmera, engenheiro de vídeo, operador de som,
iluminador, eletricistas, operador de cabos).
Uma estação de controle móvel é composta de uma série de equipamentos, como:
•• monitores de áudio;
•• monitores de texto;
•• ilha de edição;
•• monitores de câmera;
•• CCU (controle remoto das câmeras, que permite ajustar a imagem
de todas as câmeras para que fiquem equalizadas);
•• monitores gráficos;
•• monitores técnicos (vetorscópio, waveform);
•• switcher (sistema que permite alternar as câmeras, intercalando os
pontos de vista ao vivo);
•• equipamento de iluminação;
•• gerador.
No estúdio de TV, os equipamentos estão geralmente pré-instalados,
necessitando sempre de alguns ajustes, de acordo com o programa que será
gravado. A maior parte da iluminação fica suspensa em uma grade no teto e é
ligada em uma mesa de controle “dimerizada” ou em um quadro de luz. O ajuste
de direção dos refletores é feito com auxílio de escada ou, em estruturas mais
sofisticadas, utilizando-se passarelas suspensas ou ainda por meio de controles
elétricos que baixam e suspendem os equipamentos.
149
Capítulo 5
Antes de sair para uma produção externa, confira tudo, faça um check-in. Se
possível, tenha em mãos um checklist. Nesse, momento lembre-se da Lei de
Murphy: “tudo o que não for checado vai dar problema”.
150
Vídeo Digital
Seção 2
Configurando a câmera
151
Capítulo 5
152
Vídeo Digital
153
Capítulo 5
Seção 3
Operando a câmera
A câmera pode ser operada no tripé ou na mão. As câmeras profissionais de
grande porte são desenhadas para serem operadas no ombro, já as câmeras
conhecidas com handycam têm que ser operadas realmente na mão. A não ser
que você compre um adaptador para operá-la no ombro.
154
Vídeo Digital
Outro detalhe ressaltado por ele é que os dois olhos trabalham em conjunto
durante a gravação. Enquanto um olho controla o quadro no visor, o outro
observa o que acontece fora do view-finder, para ir planejando a movimentação
de câmera.
Existe uma outra regra que ajuda muito na operação de câmera e se aplica a
diversas situações: “começar em posição desconfortável e terminar em posição
confortável”. Na realização de um movimento de panorâmica, por exemplo, você
deve se posicionar confortavelmente, fazendo o quadro final e depois girar o seu
corpo até chegar ao quadro inicial, para então começar a gravar. Na execução de
uma mudança de foco manual ou de um movimento de zoom, a lógica é a mesma.
Fique confortável na posição final, busque a posição inicial, na qual você estará
provavelmente desconfortável, inicie a gravação e então execute a correção de
foco ou zoom.
155
Capítulo 5
A limpeza das lentes faz parte dos cuidados frequentes que os operadores de
câmera devem ter. Elas são elementos extremamente delicados e fundamentais
para a qualidade da imagem, portanto, todo cuidado com elas sempre é pouco.
Nunca toque nelas, muito menos com os dedos, pois eles possuem substâncias
que danificam o coating que as protege.
Apesar de todo o cuidado, é praticamente impossível que uma lente não fique
suja em algum momento. Marcas de digitais, poeira, pelos, umidade e outros
resíduos se depositam na superfície do elemento frontal das objetivas e de
alguma forma deverão ser retirados.
Operar a câmera é fascinante, pois você está no comando e pode criar à vontade.
A ferramenta está na sua mão, sob sua responsabilidade, portanto, aproveite e
mostre o que sabe fazer. Existem muitos operadores de câmera, mas os artistas
são raros. Por isso, mesmo com a crescente popularização das câmeras de alta
definição, um bom operador de câmera, com sensibilidade e técnica, sempre fará
a diferença em qualquer produção audiovisual.
156
Vídeo Digital
157
Capítulo 5
Foi um desafio e tanto, pois tratava de uma produção no outro lado do Brasil, com
o mínimo de recursos e numa região de difícil acesso. Mas não há nada impossível
para quem tem firmeza de propósito e força de vontade. Com um investimento
inicial da produtora Andréa Monteiro e da consultora e tecelã Isabela Bernardo, foi
feita uma pré-produção no mês de setembro, onde foram fechadas parcerias com o
governo do Acre e com as aldeias indígenas onde realizaríamos as filmagens. Ficou
tudo acertado para em novembro de 2012 fazer as filmagens.
Figura 1 - Equipe de gravação com todos os equipamentos na Aldeia Lago Lindo em Jordão/AC
158
Vídeo Digital
• 01 Chapéu alto;
• 01 aberto de 300W;
• 06 prolongas pial;
• 02 caçapas pial;
• 01 mixer Asden;
159
Capítulo 5
• 01 produtora;
• 01 diretora;
• 01 diretor de fotografia;
• 01 técnico de áudio;
• 01 tradutora;
160
Vídeo Digital
Foi uma viagem cheia de belezas naturais, mas também com muitos desafios.
Em 13 dias passamos por cinco aldeias: Aldeia 27, Nova União, Lago Lindo,
São Joaquim (Centro de Memória) e Astro Luminoso, localizadas nos municípios
acreanos de Tarauacá e Jordão. Apesar de 18 dias de pré-produção e mais todo
o planejamento para as filmagens, ocorreram vários imprevistos e tivemos que
ir alterando o plano “em pleno voo”, como era de se esperar. Entre as situações
tensas, tivemos que renegociar as filmagens na primeira aldeia e conseguimos belas
imagens graças a uma estratégia de integração: entregamos os equipamentos para
os próprios índios filmarem o que queriam. Esse movimento inicial quebrou o “gelo”
e facilitou o restante das filmagens. Felizmente, realizamos todo o trabalho sem
nenhum incidente grave, o que comprovou o acerto do planejamento.
Atividades de autoavaliação
1. Visite uma produtora ou uma TV, procure um operador de câmera e entreviste-o,
verificando se a rotina dele é semelhante à rotina descrita nesta unidade.
2. Peça a ele a permissão para conhecer o equipamento que ele utiliza e veja
se ele libera a você a possibilidade de experimentar a operação da câmera.
Experimente configurá-la e usar os seus recursos. Pratique no tripé, mas não
deixe de sentir seu peso, colocando-a em seu ombro.
3. Por meio da ferramenta Fórum, compartilhe essa experiência com seus colegas.
161
Capítulo 6
Construção da imagem
163
Capítulo 6
Seção 1
Compondo o quadro
O título deste capítulo é construção da imagem, pois esse é um conceito bem
diferente de captar a imagem. A imagem não está lá para ser captada. Em frente
à câmera está a realidade, repleta de elementos, dispostos para você utilizar na
criação de um quadro. Se você se deslocar um pouco, o que você estava vendo
desaparece e outra coisa se apresenta.
Quando você enquadra, você tem que fazer escolhas. Alguns elementos vão fazer
parte de seu quadro e outros serão excluídos. Você pode priorizar o céu ou a
terra, um detalhe ou toda a paisagem.
Para que você saiba tomar as decisões, é preciso, antes de qualquer coisa,
conhecer as opções que você tem, conhecer as experiências e as teorias
existentes. Cada movimento de câmera, cada enquadramento, cada escolha
de lente ou abertura de diafragma interfere na construção da imagem. As
possibilidades são muitas e representam uma grande liberdade de criação, as
indicações que seguem são um bom ponto de partida.
164
Vídeo Digital
ela cria um fluxo de continuidade que envolve o espectador, mantendo sua atenção
na ação, na mensagem, no conteúdo. Diversos diretores rompem com os padrões e
criam características próprias, estabelecendo um estilo particular de realização.
Uma imagem deve comunicar por si só, de forma simples e direta, sem necessitar
de explicações. A informação contida na imagem tem que ser clara, evitando
confusão na mente do observador. Simplesmente apontar a câmera e gravar,
resultará, provavelmente, em incoerência visual. Se faltar alguma informação ou
se houver informação além da necessária, a comunicação certamente falhará.
A leitura visual não é feita pela percepção pontual de cada detalhe da imagem, os
objetos e formas são percebidos e selecionados apenas na medida do necessário
para possibilitar uma leitura e identificação rápidas do que vemos. Neste sentido,
nossa tendência é agrupar coisas criando unidades simples, organizando-as por
tamanho, similaridade, posição, forma etc., buscando simplicidade, regularidade,
simetria, continuidade e criando um padrão visual.
1.1.1 Perspectiva
No mundo tridimensional, podemos nos movimentar pelo espaço para testar e
checar as hipóteses e identificar as características do contexto no qual estamos
inseridos, já em um mundo bidimensional, não temos essa possibilidade,
165
Capítulo 6
166
Vídeo Digital
Qualquer elemento visual percebido enquanto linha, pode ser utilizado para
direcionar o olhar para uma parte da imagem, e é importante ter em mente que
a atenção é atraída para o ponto onde duas linhas se cruzam ou onde uma linha
muda de direção.
O quadro é uma clausura, uma delimitação que isola uma parte de um ambiente,
uma porção selecionada de um campo de visão maior que o da câmera. Sabendo
disso, a composição deve ser muito eficiente para atrair a atenção do espectador,
pois após um curto espaço de tempo sua atenção pode ser captada por
elementos como um movimento ou som de algum objeto fora do quadro.
167
Capítulo 6
1.1.3 Equilíbrio
Os elementos que compõem um plano têm um determinado peso visual, sendo
que deve haver um equilíbrio entre eles. Equilíbrio é uma palavra diretamente
relacionada à balança, um ponto sobre o qual se apoia uma base cujos lados
devem ter o mesmo peso, caso contrário, acontece o desequilíbrio. Se uma
determinada massa é colocada em um lado da balança, é necessário compensar
o outro com uma massa equivalente.
168
Vídeo Digital
169
Capítulo 6
Seção 2
A intervenção da ótica
Como você já sabe, existem três tipos básicos de objetivas, classificadas pelo
seu ângulo de visão: as grandes angulares (ângulo maior que 45º), as normais
(ângulo de aproximadamente 45º) e as teles (ângulos menores que 45º).
170
Vídeo Digital
Às vezes, esses efeitos são desejáveis, então, você tem esse recurso, no entanto,
outras vezes, você quer utilizar a grande angular, mas não deseja deformar a
imagem. Nesse caso, você deverá utilizar uma grande angular com um ângulo
mais fechado.
Outra característica das grandes angulares é que elas criam uma sensação de
maior dinamismo e velocidade nos movimentos dos personagens que se afastam
ou se aproximam da câmera. Isso acontece também devido à acentuação da
perspectiva criada pelo grande ângulo de visão.
2.2 Normal
As objetivas normais reproduzem uma experiência visual muito próxima à da visão
humana, seja com relação à perspectiva, às relações de tamanho, à dinâmica
interna (movimentação dos elementos no plano) e profundidade de campo.
2.3 A teleobjetiva
As teles, conhecidas também como focais longas, têm um ângulo pequeno de
visão e um limitado poder de cobertura. Elas ampliam os elementos distantes,
da mesma forma que um telescópio, sendo que quanto maior for a distância
focal maior será o grau de ampliação. Quanto maior for a distância focal mais
intensas ficam algumas características peculiares das imagens produzidas com
essas objetivas. A profundidade de campo diminui bastante, sendo que o foco
fica restrito a uma pequena área, facilitando composições nas quais o fundo deve
ficar desfocado. A perspectiva é alterada, promovendo a impressão de que o
primeiro plano está próximo do fundo. O pequeno ângulo de visão isola o assunto
ou um detalhe da imagem.
2.4 Zoom
A zoom é uma objetiva de focal variável, ou seja, varia de grande angular a
teleobjetiva, e é a objetiva padrão das câmeras de vídeo, pela sua praticidade.
Ela deu nome também a um movimento na imagem, o zoom. Este movimento na
171
Capítulo 6
imagem pode ser realizado de várias formas: a velocidade pode variar de muito
lenta a extremamente rápida, pode ser um zoom-in (fechando o ângulo) ou um
zoom–out (abrindo o ângulo).
Seção 3
Enquadramento e movimentação de câmera
Existe uma convenção na indústria audiovisual que nomeia os vários tipos de
planos em relação à forma de enquadrar o personagem principal.
172
Vídeo Digital
3.1 Panorâmica
A panorâmica consiste na rotação da câmera sobre o próprio eixo. Ela permite
fazer uma cobertura do espaço de forma muito rápida, mais rápida que qualquer
outro movimento. Dessa forma, ela permite mudar o enquadramento com muita
velocidade, acompanhar uma ação de deslocamento e conectar dois ou mais
pontos de interesse. Com um movimento muito lento, pode apresentar a vastidão
e beleza de uma paisagem.
173
Capítulo 6
A panorâmica também pode ser utilizada para conectar duas ações relacionadas,
como, por exemplo, apresentar num primeiro enquadramento uma pessoa
correndo na rua e no enquadramento final um observador no interior de seu carro.
O tilt pode ser utilizado com os mesmos propósitos que a panorâmica, mas,
além daqueles, ele tem algumas aplicações específicas, como, por exemplo,
acompanhar um elemento que cai. É considerado um movimento de condução
(de um ator um objeto, de um conceito como fim e começo), enquanto a
panorâmica seria um movimento de descrição (de uma paisagem, de um cenário).
3.2 Travelling
Este é o movimento de deslocamento da câmera sobre rodas ao longo de um
percurso. O travelling pode ser lateral (para a esquerda ou para a direita), circular,
de recuo ou avanço, pode iniciar com movimento lateral, fazer uma pequena
curva e seguir em outra direção e pode, ainda, ser conjugado com movimentos de
panorâmica, para ajustar o plano à ação.
Ele pode ser utilizado para acompanhar ou seguir alguém, explorar um espaço,
ou conectar vários elementos da história se deslocando de um cenário a outro por
meio de um movimento contínuo.
174
Vídeo Digital
3.3 Grua
A grua permite a realização de inúmeros e variados movimentos de câmera, pois
ela pode se mover em diversas direções, na horizontal, vertical, girar, se associar
a movimentos de panorâmica ou de travelling etc. Ela proporciona movimentos
muito especiais, pois não é análoga aos movimentos naturais do ser humano,
portanto, tem a capacidade de promover experiências visuais extremamente
interessantes. Ela consegue proporcionar ângulos de visão fortes e exóticos,
enfatizando as cenas, criando movimentos majestosos e imponentes.
175
Capítulo 6
Seção 4
Eixo de câmera
Também denominado como “linha de ação”, “eixo de ação” ou “regra dos 180
graus”, o eixo de câmera, como é mais conhecido, é uma convenção tradicional
de posicionamento de câmera determinado pelo sistema de continuidade da
ação, na teoria de montagem clássica.
Esse sistema consiste em traçar uma linha imaginária entre dois personagens e
manter as posições de câmera de um lado desse eixo, não deixando a câmera
cruzar a linha. Dessa forma, ela terá 180o para se deslocar. Fazendo isso, o
espectador compreende a direção da ação e as relações espaciais.
Para filmar uma conversa entre dois personagens, existem, basicamente, cinco
posições de câmera, sendo que todas elas se encontram do mesmo lado do
eixo: close-ups em ângulo de cada personagem, o plano master enquadrando
176
Vídeo Digital
Essa regra pode ser subvertida, mas isso deve acontecer de forma consciente
e planejada. Vários diretores renomados desrespeitaram essa convenção para
atingir seus objetivos de linguagem e estilo. Mas sem conceituação estética, o
desrespeito à regra pode resultar em trabalhos confusos e de difícil aceitação.
Atividades de autoavaliação
O exercício de análise fílmica é um recurso excelente para a aprendizagem, pois
você não observa o filme como mero espectador receptivo. Com um olhar científico
e postura estética, você consegue tomar consciência da forma e do processo de
construção da obra. Para a análise, é necessário que você utilize uma metodologia.
Existem vários métodos e aqui vou sugerir um que pode lhe auxiliar.
Escolha uma cena de um filme que você tenha interesse em fazer uma análise
fotográfica e siga o roteiro abaixo.
1. Identificação do filme
Filme: ___________________________________________________________________
Ano: _____________________________________________________________________
Sinopse: _________________________________________________________________
Diretor: __________________________________________________________________
177
Capítulo 6
2. Decupagem
Crie uma tabela semelhante à que segue e faça uma análise de cada plano.
Para cada um crie uma coluna. No processo de decupagem, você terá que
assistir diversas vezes à cena, adiantando e retrocedendo constantemente a fita,
para observar cada detalhe. Provavelmente, você encontrará dificuldades, terá
dúvidas, mas isso faz parte do processo.
Plano
Ação sintética
Duração
Enquadramento
Movimento de câmera
Velocidade do movimento
Profundidade de campo
Objetiva
Outras observações.
178
Vídeo Digital
179
Considerações Finais
Veja filmes com olhos analíticos e descubra a relação entre a maneira de filmar
e a ideologia que está subjacente à obra. Assista bons filmes e estude teoria
cinematográfica, pois isto fará muita diferença. A tecnologia está à sua disposição,
mas não seja escravo dela. Novos equipamentos são lançados a todo o momento
e você deve acompanhar a evolução tecnológica, mas eles são um meio e não um
fim. O principal é o conteúdo e este não está nas máquinas, está em você.
Boa sorte!
181
Referências
Almendros, Nestor. Días de una cámara, Barcelona: Ed. Seix Barral - 1983
Alton, John. Painting with light. California: University of Califórnia Press – 1995.
Aranovich, Ricardo. Expor uma história. São Paulo: Ed. Gryphus, 2004.
Malkiewicz, Kris. Film Lighting. New York: Prentice Hall Pres, 1986.
Moura, Edgar. 50 Anos Luz, Câmera, Ação. São Paulo: Ed. Senac, 1999.
183
Universidade do Sul de Santa Catarina
PEDROSA, Israel. Da cor à cor inexistente. Rio de Janeiro: Ed. Léo Christiano,
1977.
Tarkovsky, Andrei. Esculpir o tempo. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 1990.
WARD, Peter. Picture Composition for film and television. Boston: Focal Press,
1996.
184
Sobre o Professor Conteudista
185
Universidade do Sul de Santa Catarina
186
Respostas e Comentários das
Atividades de Autoavaliação
Unidade 1
1) A câmera pin-hole (em português: buraco de agulha) é um processo alternativo
para fazer fotografia através de uma câmera fotográfica improvisada com
recursos caseiros. Basicamente ela consiste em uma caixa (de papelão, por
exemplo) com um furo de agulha em um dos lados, simulando a câmara escura
das máquinas fotográficas. No interior da caixa é posicionado o papel fotográfico
para ser sensibilizado e, posteriormente, revelado. Devido ao pequeno diâmetro
do orifício feito pela agulha, não há necessidade de lentes, pois o círculo de
confusão é bem pequeno, fazendo com que as imagens fiquem nítidas. No
entanto, o tamanho deste buraco exige que a exposição seja feita durante um
tempo mais prolongado e que a situação esteja bem iluminada. (Fonte: www.eba.
ufmg.br/cfalieri/index.html)
Unidade 2
1) 4, 2, 7, 1, 6, 3, 5.
2) F, V, V, F, V, F, F, V.
187
Universidade do Sul de Santa Catarina
Unidade 3
1)
d. S – Para deixar a cachoeira borrada, o tempo de exposição tem que ser longo,
então o shutter deve estar configurado para uma velocidade menor que 1/60
segundos.
3)
188
Vídeo Digital
4) 3, 5, 1, 4, 2.
Unidade 4
Escolha uma cena de um filme que tenha uma iluminação interessante e faça o
que se pede abaixo.
1)
c. A cena é contrastada, pois existem zonas escuras com pretos densos e zonas
de altas luzes, sendo que em ambas não é possível identificar detalhes. As cores
saturadas são características de alto contraste.
189
Universidade do Sul de Santa Catarina
fundo
abajur
câmera
ator ator
contra luz
3)
a. Abriria o diafragma
Unidade 5
1) Cada experiência terá um relato particular.
Unidade 6
Cada cena escolhida resultará em uma análise distinta. O aluno deverá construir
uma planilha, fazer as observações solicitadas e o exercício proposto.
190