A palestra discute nanociência e nanotecnologia, definindo-as como o estudo e uso de materiais com dimensões menores que 100 nm. Explica como propriedades como superfície e movimento são diferentes nessa escala e permitem novas aplicações na saúde, eletrônica e outros campos. Também destaca o potencial do grafeno e a necessidade de mais estudos sobre os efeitos das nanopartículas.
Descrição original:
Resumo de palestra ocorrida na cidade de Manaus/AM sobre nanociencia e nanotecnologia.
A palestra discute nanociência e nanotecnologia, definindo-as como o estudo e uso de materiais com dimensões menores que 100 nm. Explica como propriedades como superfície e movimento são diferentes nessa escala e permitem novas aplicações na saúde, eletrônica e outros campos. Também destaca o potencial do grafeno e a necessidade de mais estudos sobre os efeitos das nanopartículas.
A palestra discute nanociência e nanotecnologia, definindo-as como o estudo e uso de materiais com dimensões menores que 100 nm. Explica como propriedades como superfície e movimento são diferentes nessa escala e permitem novas aplicações na saúde, eletrônica e outros campos. Também destaca o potencial do grafeno e a necessidade de mais estudos sobre os efeitos das nanopartículas.
Nanociência e Nanotecnologia: uma abordagem química
Prof. Marcos M. da Silva Paula
Trata-se de resumo da palestra realizada pelo Conselho Regional de
Química do Amazonas (CRQ/AM) no dia 18 de junho de 2018 no Manaus Plaza Shopping ministrada pelo Prof. Dr. Marcos M. da Silva Paula (bacharel em química, mestre em química biomecânica e doutor em ciências e engenharia dos materiais). Inicialmente foi feita homenagem aos alquimistas, os quais foram precursores da química moderna. Ademais, também foi feita uma homenagem a Lavoisier o qual sistematizou o conhecimento relacionado a química. Além disso, também foram citados os responsáveis pela organização do conhecimento relacionado a nanotecnologia e a nanociência. Destaca-se que Richard Feynman (1959) disse que ainda havia muito espaço a utilizar, o mesmo foi defensor da miniaturização e previu a criação de dispositivos cada vez menores. Posteriormente, em 1974, Norio Taniguchi introduziu o termo nanotecnologia. Pode-se dizer que a nanotecnologia é uma tecnologia transversal e disruptiva dedicada à compreensão, controle e utilização das propriedades da matéria. Nesse contexto, a nanotecnologia pode ser considerada a química da vida, ou seja, é a ferramenta que a natureza utiliza para criar tudo que precisa e existe. Nesse sentido, pode-se citar como exemplos de nanoelementos as células, aminoácidos e ribossomos, os quais estão intrinsecamente relacionados a vida. Classifica-se um material como nano quando: as três dimensões do material são menores que 100 nm, apenas uma dimensão é menor que 100 nm, duas dimensões são menores que 100 nm ou quando todas as dimensões são maiores que 100 nm, porém o material é formado por um conjunto de estruturas 0D, 1D e 2D. Destaca-se que ao atuarmos na área da saúde ganha mais notoriedade o efeito do material que seu tamanho no sentido de caracteriza-lo como nano. Não obstante, deve-se ressaltar que a nanotecnologia não é nova, bem como está diariamente presente em nosso dia a dia, haja vista a mesma estar inserida, por exemplo, no sabão, maionese, detergente, algodão-doce etc. Nesse sentido, é importante ressaltar que os elementos em nanoescala são regidos por uma física completamente diferente daquela que rege os materiais em macroescala, o que enseja propriedades distintas entre os elementos. Assim, por exemplo, o mundo macro é normalmente seco, possui inercia dominante, baixa viscosidade, baixa entropia, bem como é regido pela gravidade e pela química convencional. Por sua vez, o mundo nano não é seco, é regido pelo movimento Browniano, possui alta viscosidade, não há inércia, sofre o efeito casimir, possui alta entropia, assim como ocorre forças superficiais e o efeito “Stickness”. Nesse âmbito, para se mover em nanoescala, as nanomáquicas e nanorrobos devem lidar com um ambiente bastante inóspito, enfrentar um elevado nível de viscosidade e um eterno balanço frenético, o qual recebe o nome de movimento Browniano. Ademais, nesse sistema ocorre o efeito Casimir, o qual é causado pelo espaço vazio nos materiais que resulta na não linearidade do movimento de seus constituintes. Assim, a área superficial específica de uma partícula aumenta com a redução de seu tamanho, bem como materiais de mesma massa pode possuir características totalmente distintas, o que muitas vezes resulta na menor quantidade de materiais para a produção do mesmo efeito. Assim, a nanociência pode possibilitar, por exemplo, a redução de infecções hospitalares por meio de soluções que evitem a aderência de bactérias em cateteres e sondas, pode propiciar o estímulo ao sistema imunológico, contribuir no tratamento epiléptico, tuberculose, doenças reumáticas, assim como pode contribuir para o diagnóstico e terapia do câncer. Ademais, a nanotecnologia pode possibilitar a confecção de calçados com alta aderência e adaptáveis a diferentes tipos de pavimentos por meio do desenvolvimento de adesivos baseados em princípios existentes no movimento de animais como, por exemplo, a largatixa e a cobra. Nesse ínterim, o grafeno cuja descoberta ocorreu em 2004 por Andre Geim e Kostya Novoselov surge como possível alternativa ao desenvolvimento de vários produtos em praticamente todas as áreas existentes, pois este material é super fino (espessura de um átomo), é quase transparente, super forte (100x mais forte que o diamante e 200x mais forte que o aço), é flexível e esticável. Além disso, o grafeno conduz calor e eletricidade mais rápido em temperatura ambiente do que qualquer outro material, bem como carrega e descarrega eletricamente até 1000x mais rápido do que as baterias convencionais. Este material que em 2010 rendeu o prêmio Nobel, desde sua descoberta já possibilitou 8.413 patentes em áreas como: supercomputadores, eletrônicos, armazenamento de energia, telecomunicações, geração de energia etc. No tocante a caracterização das nanopartículas, ressalta-se que a mesma muitas vezes demanda a utilização de várias técnicas dentre as quais: microscópio de transição eletrônica, microscópio de força atômica, difração de raio-X e espectroscopia. Ao final ressaltou-se que apesar do grande potencial que a nanotecnologia possui, são necessários maiores estudos no sentido de avaliar as diferentes consequências destas propriedades em sistemas biológicos, pois a maior área superficial e reatividade das nanopartículas pode causar efeitos tóxicos severos, haja vista a possibilidade de reação com um grande número de moléculas.