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UMA TAREFA EXCELENTE

Liderar o povo de Deus não é uma tarefa como outra qualquer. Quando Paulo se
despede dos presbíteros da Igreja de Éfeso (Atos 20.17-38), ele diz: “Atendei por vós e
por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para
pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue” (v. 28).
Esta fala do apóstolo levanta questões sobre a igreja para as quais precisamos atentar.

Vejamos:

1) A igreja é de Deus, e não de um homem ou grupo. Isso vale para a coletividade


da igreja cristã em todos os tempos e lugares ao longo da história, bem como
para cada igreja local, seja ela de que denominação for.
2) A igreja foi comprada por Deus a preço de sangue, o sangue puro e santo do
Deus Filho, por isso nenhum homem tem qualquer direito de negociar a pureza,
o amor, a integridade e a fidelidade da igreja para com o Deus que a comprou.
3) A igreja é colocada por Deus sob a supervisão de homens constituídos por ele,
não aqueles que querem ser líderes sem essa investidura da parte de Deus.
4) Esses homens recebem esse encargo – o episcopado – para pastorear (cuidar,
alimentar, dirigir) a igreja de Deus, o que não deve jamais ser esquecido ou
feito com negligência.
5) A esses homens é ordenado cuidar de si mesmos e do rebanho. Devem cuidar de
si mesmos como parte do rebanho que pertence a Deus. Esse cuidar inclui, no
pastoreio visto acima, a proteção contra os lobos vorazes (v. 29).

Tudo isso faz sentido à luz das instruções que o mesmo Paulo dá a Timóteo sobre
aqueles que desejam se tornar líderes na igreja em Éfeso, tanto presbíteros como
diáconos (1 Tm 3.1-16). Paulo começa dizendo que, pelo fato de a obra ser excelente, o
obreiro precisa ter a excelência como seu alvo, sendo alguém irrepreensível – não
alguém que nunca peca, mas alguém que não tem de quê ser acusado, por preencher as
características que, no texto, se seguem ao termo.

Precisamos ter em mente que o apóstolo tinha plena consciência de que, ao elaborar
aquela lista de virtudes a serem encontradas em homens convertidos há não muitos
anos, em meio a uma sociedade pervertida (como acontecia também em Creta, onde
Paulo havia deixado Tito), ele tornava a seleção de candidatos bem restritiva. Por outro
lado, Paulo também confiava que o poder transformador do Evangelho de Jesus Cristo
estava trabalhando na vida daqueles homens, capacitando-os a se tornarem modelo para
outros e, assim, potenciais líderes para a Igreja.

Outro aspecto que precisamos considerar é que este caráter transformado é esperado
não apenas de líderes, mas de todos os crentes, por terem sido regenerados e salvos
pela graça de Deus. Uma leitura atenta e honesta do texto não nos permite presumir que
aqueles que não pretendem ou não foram chamados para liderar estão isentos de
manifestar em suas vidas esse caráter. Os líderes precisam ser irrepreensíveis por serem
modelos do rebanho – e modelos são pra serem imitados! A consequência lógica é que a
igreja jamais sofreria com a falta de novos líderes, pois sempre haveria homens aptos,
no que dependesse do quesito irrepreensibilidade.
Assim é que Paulo descreve as características de candidatos a líderes em 1 Timóteo 3.1-
16 e Tito 1.5-9 (algumas delas aparecem somente em um dos textos): alguém que seja
fiel à aliança do casamento; que tenha seus desejos sob controle; que seja prudente,
equilibrado; que seja digno de respeito; que acolha outros, mesmo os que são diferentes;
que seja capaz de instruir a outros na Palavra; que não se deixe escravizar por vícios de
qualquer tipo; que não seja afeito a brigas; que seja gentil, amável, tolerante; que seja
pacífico; que não seja cobiçoso nem amigo do dinheiro; que governe bem a sua própria
casa, respeitando e sendo respeitado por sua esposa e filhos; que seja maduro na
caminhada cristã; que tenha seu caráter reconhecido mesmo pelos não crentes; que não
seja arrogante, orgulhoso ou presunçoso; que não tenha “pavio curto”; que seja amigo
do bem e da bondade; que busque viver a justiça que Deus exige; que seja piedoso; que
seja apegado ao ensino fiel das Escrituras. Ufa!

Impossível achar alguém naturalmente assim! Mas é aí que entra o poder da vida de
Jesus Cristo em nós. Para alguém ser um oficial da igreja, precisa estar disposto a se
submeter à Palavra de Deus, para ter autoridade para “exigir” o mesmo dos outros.
Pense nisso ao indicar ou ter seu nome indicado para concorrer a presbítero ou diácono
na eleição do dia 25 de março! Deus abençoe a igreja que ele comprou com seu próprio
sangue!

Rev. Roberto Mouzinho Ferreira

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