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História Antiga

A História Antiga compreende um vasto período da história da humanidade que se inicia com o
aparecimento da escrita cuneiforme e vai até a tomada do Império Romano pelos bárbaros.

A historiografia tradicional costuma dividir o estudo da história em períodos. Esses períodos são
baseados em grandes transformações das formas de vida do homem, seus relacionamentos e
concepções de mundo. Sob esta perspectiva, a história da humanidade estaria dividida nas seguintes
fases: Pré-História, História Antiga, História Medieval, História Moderna e História
Contemporânea. O atentado terrorista ocorrido no dia 11 de setembro de 2001 ficou reconhecido
como um evento que rompeu com a estabilidade existente no mundo, por isso há rumores entre os
historiadores e cientistas sociais que a data inaugurou uma nova fase na história da humanidade,
chamada inicialmente de História Pós-Contemporânea.

O modelo clássico de divisão da história da humanidade, todavia, passou a ser muito questionado. O
modo como é apresentado faz parecer que o mundo todo se alterou a partir de datas específicas, o
que, obviamente, não corresponde à realidade. Todos esses períodos são dinâmicos, características
de cada fase aparecem em períodos anteriores ou posteriores, como fruto das variáveis relações
humanas. Outro argumento que desqualifica o modo tradicional de como a História é dividida tem
por base o fato de que todos os períodos são determinados em relação aos eventos oriundos das
civilizações européias. Assim, os continentes americano, africano e a Oceania só aparecem na
História a partir da Idade Moderna, como se não houvesse civilizações nesses ambientes antes da
chegada dos europeus.

A História Antiga, por sua vez, possui um recorte temporal que se inicia em 4.000 a.C. e se estende
até o ano 476. Essas balizas representam o surgimento da escrita cuneiforme e a invasão e tomada
do Império Romano pelos bárbaros. Logicamente, esse vasto período da humanidade inclui muitas
civilizações, não somente na Europa. É muito comum associar História Antiga com Egito,
Mesopotâmia, Grécia e Roma. Mas devemos atentar para várias outras civilizações importantes para
a história da humanidade. Essa visão tradicional faz parecer que cada um desses povos eram auto-
suficientes e herméticos, enquanto, na verdade, influenciaram e também receberam influências
fundamentais de outros povos.

É verdade, contudo, que é muito complicado estudar todos os povos da antiguidade. Identificá-los já
é um trabalho árduo por si só. Além disso, a existência de fontes que permitam o trabalho dos
historiadores é muito escassa. O trabalho com História Antiga necessita muito empenho, uma vez
que muitas fontes se perderam no tempo e outras são redigidas em línguas as quais não foram ainda
decifradas.

Entre as civilizações mais recorrentes e conhecidas da História Antiga estão: a civilização do Egito
Antigo, a mesopotâmica, o povo Hebreu, os fenícios, os persas, os chineses, os hindus, os cretenses,
os gregos, os macedônicos e os romanos.

A civilização do Egito Antigo se formou no vale do rio Nilo, no nordeste da África. Esse povo se
organizou em torno de 3.200 a. C. como um império.

A Mesopotâmia, localizada na Ásia Menor, reuniu uma civilização entre os rios Tigre e Eufrates e
tinha como povos mais importantes os sumérios e os babilônios.

O povo Hebreu representa um dos casos em que a origem ainda é desconhecida. Os hebraicos foram
responsáveis pela história da Antiga Israel.
Os fenícios eram um povo de origem semita localizados na costa oriental do mar Mediterrâneo.
Surgiram em torno do ano 3.000 a.C.

O Império Persa ocupou toda a Ásia Menor ao longo de dois séculos de existência. Sua grande
civilização começou em 549 a.C. e terminou em 330 a.C. quando foi dominada pelos macedônios.

Os chineses permaneceram isolados por muito tempo em decorrência de seu próprio isolamento
geográfico. A civilização chinesa encontrava-se no extreme oriente, mas por si só foram
responsáveis por grandes descobertas e invenções na história da humanidade. Sabe-se que em torno
de 1.500 a.C. os chineses estavam bem organizados sob a forma de um reino. Sua civilização durou
por muitos séculos.

A civilização hindu ocupou a Índia em torno de 2.000 a.C. e também ficou distanciada de outros
povos por causa da posição geográfica. Da mesma forma que a China, muitas invenções
importantes para a história da humanidade vieram dos hindus.

A civilização de Creta foi contemporânea ao Egito Antigo e estava localizada numa ilha do mar
Mediterrâneo. Estava perto da Grécia e da Ásia Menor. Desenvolveram uma cultura muito rica
desde o terceiro milênio a.C. e foram muito influentes para a cultura grega.

Os gregos, por sua vez, ocuparam uma península banhada pelo mar Jônico, o Egeu e o
Mediterrâneo desde o século XX a.C. Muito influentes para a história da humanidade, suas
principais cidades eram Atenas e Esparta.

O Império Macedônico foi organizado por Filipe II e conquistou um grande território sob o reinado
de Alexandre, o Grande. A expansão do Império Macedônico, que começou no século IV a.C.,
causou a fusão de culturas, gerando a cultura helenística.

Os romanos representaram uma enorme civilização desenvolvida a partir da península Itálica, na


Europa. A fundação de Roma ainda é um mistério para os historiadores, mas o império que se
formou influenciou a vida e a cultura na Europa, África e Ásia por séculos. Sua queda se deu em
476 d.C. e marcou o início de uma nova fase da história da humanidade.

O Mundo Grego

A história da Grécia, como de outras civilizações, foi fortemente condicionada pelo ambiente
geográfico. A península Balcânica e muito recortada e cercada por centenas de ilhas - tanto no mar
Egeu, no mar Jônio e no mar Mediterrâneo. O seu relevo é muito montanhoso e com um solo árido.
Em decorrência disto, os gregos irão atribuir uma enorme importância às atividades mercantis. O
solo e o clima auxiliam o desenvolvimento da cultura de oliveira, de vinho e ao pastoreio ( cabra e
ovelha). Para suprir as necessidades de sua população, os gregos irão se dedicar ao comércio
marítimo, resultado o processo de colonização.

Dos povos do mundo antigo, os helênicos foram os que melhores refletiram o espírito do homem
ocidental. A idéia de liberdade, o racionalismo, o conceito de cidadania, a filosofia e as bases da
ciência moderna surgiram como glorificação grega ao espírito humano.
O processo histórico da civilização Helênica está assim dividido:

1.Período Pré-Homérico - século XX a.C ao século XII a.C .


2.Período Homérico - século XII a.C ao século VIII a.C.
3.Período Arcaico - século VIII a.C ao século VI a.C .
4.Período Clássico - século V a.C ao século IV a.C.

As características de cada período serão analisadas a seguir.

Período Pré-Homérico.

Do povoamento da península Balcânica à Primeira Diáspora.

A península Balcânica já era habitada pelos pelasgos desde o final do período Neolítico. À partir de
2000 a.C., povos de origem indo-européia - os Helenos - começam a entrar na região. Os helenos
eram uma mistura de raças que falavam uma língüa de filiação indo-européia e possuiam
essencialmente a mesma cultura.

Os primeiros helenos foram os Aqueus que dominaram as cidades de Micenas, Tróia, Tirinto e, por
fim, conquistaram a ilha de Creta. Com o domínio aqueu sobre Creta originou-se a Civilização
Micênica.
A seguir, nova onda de helenos sobre a península, desta feita são os chamados Jônios e Eólios, que
se fixaram na Ática e na Ásia Menor.

A última leva foi a dos Dórios ( 1200 a.C. ) que se estabeleceram no Peloponeso. Possuindo armas
de ferro, os dórios arrasaram as principais cidades da Hélade, provocando uma onda de horror e
destruição, causando uma dispersão dos povos para fora da península - a chamada Primeira
Diáspora grega e um regresso na organização social, econômica e política das comunidades. Como
conseqüência deste retrocesso resulta a formação do SISTEMA GENTÍLICO.

A Primeira Diáspora ocorreu em direção às ilhas do mar Egeu e à Asia Menor.

Período Homérico.
O sistema gentílico e a sua crise.

A principal fonte histórica para a compreensão deste período têm sido os poemas épicos Ilíada e
Odisséia , atribuídos à Homero. Ao que tudo indica, as obras foram escritas em momentos
diferentes, sendo que a Ilíada descreve a Guerra de Tróia e a Odisséia narra as peripécias do astuto
Ulisses, em sua viagem de volta para Ítaca após a Guerra de Tróia.

Com a invasão dos dórios, há um acentuado declínio da organização social, que retrocedeu à formas
muito simples. Formaram-se os GENOS que eram grupos de parentes consangüíneos, descendentes
de um mesmo antepassado.

Os genos constituíam uma unidade econômica, social, política e religiosa. A seguir as suas
principais características:

ECONOMIA: de consumo, ou seja, auto-suficiente; os bens de produção eram coletivos;


predomínio da agricultura e ausência da propriedade privada.

SOCIEDADE: uma relativa igualdade social em virtude da ausência da propriedade privada.

POLÍTICA; o exercício do poder político estva com o pater-familias (o patriarca) responsável pelo
culto dos antepassados.
Com o passar do tempo, a comunidade gentílica começa a enfrentar problemas, sendo que o
principal será o crescimento demográfico. Este crescimento demográfico um enorme desequilíbrio
econômico, pois a produtividade agrícola continua a mesma. Tal situação provoca uma onda de
fome, miséria e epidemias.

Com estes problemas a serem solucionados, tem início o surgimento da propriedade privada: terra,
gado e instrumentos são divididos. Nesta divisão, alguns serão beneficiados - origem dos grandes
proprietários; outros se tornarão pequenos proprietários e um grande número de indivíduos ficarão
sem terras.

Como consequência desta crise, há a desintegração do sistema gentílico e o início de uma nova
organização política, que será a marca principal do mundo helênico: a PÓLIS.

A crise gentílica também será a responsável pela chamada SEGUNDA DIÁSPORA grega, que será
o processo de colonização grega de áreas do mar Mediterrâneo ( norte da África, sul da Itália, da
França e Espanha ).

Período Arcaíco.

A formação e o desenvolvimento das Póleis.

Como vimos, à partir da crise do sistema gentílico, os gregos conhecem a formação das cidades-
estado (Pólis) e realizam a colonização do mar Mediterrâneo. Primeiro observe os fatores desta
colonização:

crescimento demográfico e a crise dos genos;

existência de um número muito grande de pessoas sem acesso à terra;


escassez de alimentos e terras férteis;
desenvolvimento da arte de navegação.
O processo de colonização grega deu-se no mar Mediterrâneo, mar Negro, o sul da Itália e da Gália.
Destas áreas coloniais provinham o trigo, o azeite, o vinho, ferro e estanho para a Hélade.

Deve-se Ter em mente que as colônias gregas não ficam submetidas às metrópoles - cidades
fundadoras - nem política, nem militarmente. O vínculo da colônia com a metrópole era de caráter
econômico e cultural.

Como conseqüências da colonização têm-se: o desenvolvimento do comércio marítimo grego, a


introdução da moeda para facilitar as trocas comerciais, o desenvolvimento da escrita, o processo de
codificação da lei e o urbanismo.
A importância do período arcaíco se estende. Foi nesta época que a cidade-estado desenvolveu-se.
Suas principais características serão agora analisadas.

Toda cidade-estado é rigorosamente autônoma: leis próprias, moeda própria e sistema político
próprio. Este arraigado sentimento de liberdade foi, em boa parte, influenciado pelo relevo grego:
entre as planícies surgem as cidades, separadas uma das outras por maciços montanhosos.

Uma pólis era constituída pela Acrópole- construção na parte mais elevada da cidade e com função
militar e religiosa; a Ágora - praça pública, que era o espaço utilizado para o debate político.
Desenvolveu-se no mundo grego mais de 160 póleis, primitivamente governadas por um rei, o
Basileu. Destas duas merecem destaques: ATENAS e ESPARTA, agora analisadas.

ESPARTA e o militarismo.

Localizada na planície da Lacônia e tendo como fundadores os dórios, Esparta, ao longo do século
VIII a.C. passa por grandes transformações. Estas transformações estão ligadas ao processo de
conquista da planície da Messênia, o que acarretou um enorme afluxo de escravos. A escravidão
levou Esparta a realizar uma alteração no regime de terras. As centrais - que eram as mais férteis,
passaram a ser do estado, que cedia seu usufruto aos cidadãos espartanos. Cada lote de terra já
vinha com um certo número de escravos. As terras periféricas eram entregues aos periecos, que
pagavam impostos ao estado.

Desta forma, Esparta vai apresentar o seguinte quadro social:

Espartanos ou Espartíatas: grupo dominante com direitos políticos e militares;

Periecos: homens livres, porém sem direitos políticos e que se dedicavam aos trabalhos rurais e
urbanos;

Hilotas: os escravos pertencentes ao Estado.

A sociedade espartana era voltada para as atividades bélicas, daí ser a educação eminentemente
militar. Este militarismo irá desenvolver a xenofobia, ou seja, uma aversão aos estrangeiros e o
laconismo, que significa o não desenvolvimento do senso crítico.

Também ao longo do século VIII a.C. Esparta atinge a maturidade política, consolidando o regime
oligárquico, no qual o exercício do poder político e de exclusividade dos grandes proprietários de
terras.

A constituição política de Esparta, atribuída a Licurgo apresenta o seguinte organização:

GERÚSIA: principal instituição. Composta por 28 gerontes, responsáveis pelas leis, escolha dos
membros dos Éforos e da Diarquia.O cargo era vitalício.

ÉFOROS: formavam o poder executivo. Composto por 05 magistrados indicados pela Gerúsia e
aprovados pela Ápela. Mandato anual.

ÁPELA: a Assembléia dos cidadãos. De caráter consultivo e aprovava as decisões da Gerúsia.

DIARQUIA: dois reis, indicados e com poderes vitalícios.

Possuiam as funções militar e sacerdotal.

ATENAS E A DEMOCRACIA.

Constituída pela união de aldeias da Ática, Atenas possuía uma localização geográfica privilegiada:
um excelente porto e uma proteção natural contra ataques estrangeiros. Desde cedo, a atividade
mercantil terá um importante papel. Atenas será uma cidade com intensa atividade comercial, o que
vai representar o desenvolvimento de uma complexa sociedade, esquematizada abaixo:
EUPÁTRIDAS: grupo politicamente dominante, formado pelos grandes proprietários de terras.

GEORGÓIS: camada dos pequenos proprietários. A situação de pobreza deste grupo é tanta que
muitos se transformam em escravos por dívidas.

DEMIURGOS: são os trabalhadores urbanos.

THETAS: Grupo marginalizado e sem terras. Muitos se dedicam às atividades comerciais.


METECOS: comerciantes estrangeiros.

ESCRAVOS: ou por dívidas ou adquiridos em guerras. Constituem a principal força de trabalho.


Produtores da riqueza no mundo grego.

Os conflitos políticos de Atenas.

A classe comerciante de Atenas, organizada no partido Popular, pressiona o governo, representado


pela aristocracia, reunida no partido Aristocrático. O partido Popular tinha como metas o fim das
leis orais, o fim da escravidão por dívidas e exigia uma maior participação nas decisões políticas.
Da pressão das camadas populares - algumas bastante violentas - a aristocracia ateniense fez
algumas concessões. Em 621 a.C., Drácon elaborou uma legislação escrita e, em 594 a.C. Sólon foi
o responsável por um conjunto de reformas na economia- criando um padrão monetário, de pesos e
medidas; na sociedade - abolindo a escravidão por dívidas e, no campo político estabeleceu o voto
censitário, onde a participação política dar-se-ia pela riqueza do indivíduo.

As tensões sociais não diminuíram, apesar das reformas acima, possibilitando a ascensão de
Psístrato, o primeiro tirano de Atenas, no ano de 560 a.C. A fase da tirania prossegue com Hípias,
Hiparco e Iságoras. A tirania é caracterizada pela realização de obras públicas e pela ampliação de
reformas, para conseguir o apoio popular.

A Democracia ateniense.

Durante o governo de Iságoras, houve uma aliança de alguns nobres atenienses com Esparta,
resultando em novos conflitos sociais. Destes conflitos, Clístenes - um aristocrata - assume o poder
e inicia uma série de reformas políticas e sociais, sendo por isto reconhecido como o pai da
democracia ateniense. Entre suas reformas destacam-se:

aumento no número de ciadadãos, organizados nos DEMOS (unidade política que forma a tribo. O
cidadão deve estar inscrito em uma tribo.);

implantação da isonomia, que significa a igualdade dos cidadãos perante as leis;


criado o ostracismo, ou seja, a cassação dos direitos do cidadão

que fosse considerado perigoso para o Estado.

A democracia ateniense vai apresentar a seguinte constituição:

ECLÉSIA: Assembléia dos cidadãos, possuia o poder de vetar as

leis. Composta por todos os cidadãos.


BULÉ: responsável pela elaboração das leis. Formada por 500 cidadãos indicados pela Eclésia.

HELIÉIA: formada por doze tribunais, responsáveis pela aplicação da justiça.

ESTRATEGOS : Poder Executivo composto pelos estrategos, eleitos pela Eclésia. Mandato anual.

A democracia ateniense será direta e limitada. Direta pois os cidadãos estão reunidos em praça
pública tomando as decisões e
limitada. Estavam excluídos do exercício político os escravos, pequenos proprietários, trabalhadores
urbanos e todas as mulheres.

A atual democracia é ilimitada, significa dizer que à partir de uma certa idade, todos têm direitos
políticos. No entanto esta democracia não é direta, mas sim representativa.

Durante o governo de Péricles (444 a 429 a.C.) a democracia ateniense atinge o seu apogeu.

Período Clássico - a época das hegemonias.

Período marcado pelo imperialismo e pelas hegemonias.


O imperialismo antigo está caracterizado pelas Guerra Médicas, disputa das cidades gregas contra o
expansionismo dos persas.

Em 490 a.C. os atenienses venceram os persas na planície da Maratona. À partir desta vitória, os
atenienses passam a liderar as demais cidades gregas contra os persas, através de uma liga militar, A
Confederação de Delos. No ano de 448 a.C., com a assinatura do Tratado de Susa, os persas
reconhecem o domínio dos gregos no mar Egeu.

Com o fim da guerra, Atenas passa a exercer uma hegemonia política e cultural sobre as demais
póleis. A Confederação de Delos foi mantida - sob o argumento de que os persas podiam voltar - e o
pagamento de tributos voltados para a guerra continuaram a serem cobrados. Estes recursos foram
aplicados para o desenvolvimento de Atenas.

Este período de esplendor ateniense, o século V a.C. é conhecido como o "Século de Péricles" , ou
"Século de ouro", marcado pelo aperfeiçoamento das instituições democráticas, pela construção de
obras públicas e pelo grande desenvolvimento das artes e do pensamento filosófico. Fídias,
Sófocles, Heródoto e Sócrates são alguns dos nomes deste período.

GUERRAS DO PELOPONESO.( 431 a 404 a.C.)

Trata-se de uma guerra civil, contra a hegemonia de Atenas e contra a Confederação de Delos.

A cidade de Esparta declara guerra à Atenas no ano de 431 a.C.

e organiza uma liga militar, a Liga do Peloponeso.

Com o final das guerras em 404 a.C., Esparta inicia uma hegemonia militar sobre as cidades gregas.
As guerra civis continuam por um certo período, Tebas exercerá também um domínio sobre as
póleis.
Estas guerras internas enfraquecem as cidades gregas, possibilitando a invasão de um povo
estrangeiro, os macedônicos.

Período macedônico - o mundo helenístico.

A história autônoma do mundo grego estende-se até o ano de 338 a.C. , quando Filipe da
Macedônia conquista a Grécia, após a Batalha de Queronéia. A vitória macedônica foi facilitada
pelas rivalidades internas das cidades gregas.

Com a morte de Filipe, seu filho Alexandre Magno ocupa o poder é inicia uma grande expansão
territorial, formando o Império Helenístico. Este império era formado pela Macedônia, Grécia, Ásia
Menor, Egito, Mesopotâmia, Assíria e Pérsia.

A civilização helenística é consequência da fusão cultural helênica

(grega) com a oriental ( Egito e Pérsia), caracterizada pela política de casamento entre os gregos e
os orientais, pela manutenção dos cultos religiosos e pelo predomínio do grego como idioma oficial.
Os principais centros de difusão do helenismo foram as cidades de Alexandria, Pérgamo e
Antióquia.

Em 323 a.C. com a morte de Alexandre Magno, o império foi dividido em quatro partes:
Mesopotâmia, Egito, Ásia Menor e Grécia.

CULTURA GREGA.

RELIGIÃO - elemento fundamental da unidade cultural grega. Caracterizada pelo politeísmo e


antropomorfismo, quer dizer, os deuses gregos assemelhavam-se aos homens, tendo a imortalidade
como a única distinção.

TEATRO - Muito apreciado pelo gregos a ponto de existirem os festivais anuais. Os principais
gêneros foram a tragédia e a comédia. Seus principais representantes são:

Tragédia- Ésquilo, autor de Os Persas, Os sete contra Tebas e Prometeu Acorrentado.

Sófocles, com as peças Édipo-rei e Antígona.

Eurípedes, com enorme senso crítico e autor de Médeia.

Comédia - Aristófanes, que escreveu As rãs, As vespas e A paz.

EXERCÍCIOS

1. (UEMT) - O enfraquecimento das cidades gregas, após a Guerra do Peloponeso (431/404 a.C.),
possibilitou a conquista da Grécia pelos:

a) bizantinos b) hititas c) assírios d) persas

e) macedônios.
2. (FUVEST) Na antigüidade, a escravidão foi uma instituição:

a) presente com igual importância econômica em todas as sociedades mediterrâneas;

b) restrita às cidades-Estado da Grécia e à Roma republicana e imperial;

c) tão importante na sociedade do Egito e da Mesopotâmia quanto nas da Grécia e de Roma;

d) marcante nas sociedades grega e romana só a partir de um determinado estágio do


desenvolvimento de ambas;

e) desconhecida nas chamadas sociedades hidraúlicas do Egito e da Mesopotâmia e entre os hebreus


e fenícios.

3) (MACK) Foram traços característicos da democracia grega:

a) o fato de ser direta e excluir mulheres, estrangeiros e escravos;

b) o fato de ser representativa e se estender a toda a população;

c) Ter mantido a unidade gentílica e os privilégios dos eupátridas;


d) Ter beneficiado os escravos, que passaram a ser considerados cidadãos com direitos políticos;

d) Não possuir mecanismos que defendessem o regime democrático contra possíveis golpes
autoritários.

4) (UNIP) Sobre as Guerra Médicas, ocorridas durante o Período Clássico da Antiguidade Grega,
podemos afirmar que:

a) foram provocadas pelo imperialismo ateniense na Época de Péricles;

b) caracterizaram-se pela disputa militar entre gregos e macedônios;

c) inserem-se no quadro do imperialismo persa;

d) envolveram os partidários da Confederação de Delos e as cidades-Estado da Liga do Peloponeso;

e) deram a vitória aos espartanos, que iniciaram um política imperialista.

5) (UFRN) - A colonização grega do século VIII a.C. foi um processo econômico, mas também:

a) uma estratégia política de ocupação e civilização do Mediterrâneo;

b) de liberação do comércio no Mediterrâneo;

c) a causa da decadência da Grécia;


d) implicou a destruição dos povos que foram colonizados;
e) provocou uma emigração considerável do território da Grécia.
6) (UnB) - Num visão mais ampla do Mundo Grego, julgue as seguintes afirmações:

(0) O Mundo Grego caracterizava-se pela desarticulação lingüística e cultural.

(1) As cidades-Estado da Grécia eram politicamente autônomas.

(2) Com uma política imperialista, Atenas conseguiu recursos econômicos para seu
desenvolvimento cultural durante a Época de Péricles.

(3) O sistema educativo ateniense visava à formação de soldados fortes e disciplinados para a
defesa da pátria.

(4) Em todas as manifestações artísticas e intelectuais dos gregos, nota-se a preocupação em


valorizar a figura, as paixões e o pensamento humanos.

7) (FUVEST) Escreveram peças para o teatro, durante o "Século de Péricles":

a) Homero, Tucídedes, Heródoto e Xenofonte;

b) Ésquilo, Sófocles, Eurípedes e Aristófanes;

c) Sócrates, Protágoras, Platão e Aristóteles;


d) Eratóstenes, Arquimedes, Euclides e Pitágoras;
e) Píndaro, Alceu, Safo e Hesíodo.

Respostas - 1) E
2) D
3) A
4) C
5) E
6) F V V F V
7) B

AULA 02 - ROMA

A principal característica da história romana foi a sua expansão territorial. Roma foi o grande
império da antigüidade.

A história romana tem a seguinte periodização:

Monarquia - de 753 a.C. à 509 a.C.


República - de 509 a.C. à 27 a.C.
Império- de 27 a.C. à 476 d.C.

MONARQUIA.

Um período caracterizado pelas lendas. A própria fundação da cidade no ano de 753 a.C. está ligada
à uma tradição: Enéias, que participou da guerra de Tróia, chega à Itália e funda uma cidade -
ALBA LONGA. Os gêmeos Rômulo e Remo, descendentes de Éneias, foram abandonados no rio
Tibre. Uma loba os amamenta. Foram recolhidos por um pastor que os educa e, mais tarde
fundaram a cidade de Roma.

A história, porém, atesta que Roma provavelmente surgiu como uma fortificação militar - por volta
do século VIII a.C. - para defender-se dos povos etruscos.

A economia no período era baseada na agricultura e no pastoreio. A estrutura social era formada
pelos patrícios, que eram os grandes proprietários; os clientes, que recebiam amparo e proteção dos
patrícios e os plebeus, que ocupavam a base da sociedade: artesãos, comerciantes e pequenos
proprietários.
Segundo a tradição, houve em Roma sete reis, sendo que o último - Tarqüínio, o Soberbo - foi
expulso do poder em virtude de seu despotismo. Com sua expulsão, inicia-se o período republicano
em Roma.

REPÚBLICA.

A principal instituição de República romana será o Senado, responsável pela direção de toda
política romana. Formado por patrícios, que ocupavam a função de forma vitalícia, o Senado era o
responsável pela condução da política interna e da política externa.

Escolhia os magistrados, que eram cargos executivos.


Os magistrados eram indicados anualmente e possuíam funções específicas de natureza judiciária e
executiva. A seguir as principais magistraturas de Roma:

Consulado: magistratura mais importante, ocupado por dois militares. Um agia em Roma e outro
fora de Roma. Em casos de extrema gravidade interna ou externa, esta magistratura - como de resto,
as outras também - era substituída pela DITADURA - uma magistratura legal com duração de seis
meses.

Tribunos da plebe: representantes da plebe junto ao Senado. Possuíam o poder de vetar as decisões
do Senado que afetassem os plebeus, assegurando assim seus direitos.

Questor: responsável pela arrecadação de impostos.

Pretor: encarregado da justiça civil.

Censor: zelava pela moral pública ( a censura) e realizava a contagem da população ( o censo ).

Edil: cuidava da manutenção pública - obras, festas, policiamento, abastecimento.

Para completar a organização política, restam as Assembléias que eram em número de três:

Assembléia Centuriata: a mais importante da República. Responsável pela votação de todas as leis.
Monopolizada pelos patrícios.

Assembléia Tribunícia: composta pelas tribos de Roma. Aqui a votação era coletiva, pela tribo. O
número de tribos de patrícios era maior do que de plebeus.
Assembléia da Plebe: uma conquista dos plebeus. Tinha por finalidade escolher os tribunos da
plebe.
As leis votadas nesta assembléia serão válidas a todos os cidadãos, trata-se do plesbicito.

A luta entre patrícios e plebeus.

A sociedade romana, como já se observou, era formada por patrícios, clientes e plebeus.

O monopólio do poder político exercido pelos patrícios, acompanhado pelas pesadas obrigações,
impostas aos plebeus - tais como o pagamento de impostos, serviço militar obrigatório em época de
guerras e o risco de tornarem-se escravos por dívidas - provocou enormes tensões sociais entre estas
duas classes. Os plebeus buscavam a igualdade social e política.

Através de conflitos, os plebeus conseguiram várias conquistas, a saber:

criação da magistratura do Tribuno da Plebe em 494 a.C..

Lei das Doze Tábuas em 450 a.C., codificação das leis.

Lei Canuléia de 445 a.C. , autorizando o casamento entre as classes.

Lei Licínia de 367 a.C. que aboliu a escravidão por dívidas.


Lei Hortênsia de 287 a.C. que estabeleceu que as medidas tomadas na Assembléia da Plebe
tivessem validade política ( plebiscito ).
A expansão territorial romana.

Roma surgiu como uma fortificação para proteger-se das invasões estrangeiras. A evolução militar
romana foi excepcional e, ao longo da Monarquia e início da República, os romanos já haviam
conquistado toda a península Itálica. Com estas conquistas, Roma passa a exercer uma política
imperialista ( de caráter expansionista ), entrando em choque com CARTAGO - importante colônia
fenícia no norte da África - que controlava o comércio marítimo no Mediterrâneo.

O conflito entre Roma e Cartago, as Guerra Púnicas, inicia-se em 264 a.C., quando Roma anexou a
Sicília, e estende-se até o ano de 146 a.C. quando o exército romano, comandado por Cipião
Emiliano destruiu Cartago.
Atraídos pelas riquezas do oriente, Roma conquista a Macedônia, a Grécia, o Egito e o Oriente
Médio. A parte ocidental da Europa, a Gália e a península Ibérica também foram conquistadas.

As conseqüências da expansão romana.

A expansão territorial trouxe profundas mudanças na estrutura social, política, econômica e cultural
de Roma.

1. Houve um enorme aumento da escravidão, já que os prisioneiros de guerra eram transformados


em escravos.

2. O surgimento dos latifúndios e a falência dos pequenos proprietários. As terras anexadas ao


Estado, através das conquistas possuíam o status de "ager publicus", destinadas aos camponeses. No
entanto o patriciado acaba apossando-se destas terras e ampliando seu poder.
3. Processo de marginalização dos plebeus, resultado do empobrecimento dos pequenos
proprietários e da expansão do escravismo, deixando esta classe sem terras e sem emprego.

4. O surgimento de uma nova classe social - os Cavaleiros ou Homens-novos - enriquecidos pelo


comércio e pela prestação de serviços ao Estado: explorar minas, construir estradas, cobrar
impostos etc...

5. Aumento do luxo e surgimento de novos costumes, em decorrência da conquista do Império


Helenísitco. Como exemplo, o culto do Mitraísmo.

6. Como resultado da marginalização dos plebeus e do desenvolvimento do escravismo, houve um


enorme êxodo rural, tornando as cidades superpovoadas, contribuindo para uma onda de fome,
epidemias e violência. Para controlar esta massa urbana, o Estado inicia a Política do Pão e Circo - a
distribuição de alimentos e diversão gratuita. Com isto, o Estado romano impedia as manifestações
em favor de uma reforma agrária.

7. No plano militar, o cidadão soldado foi substituído pelo soldado profissional, que passou a ser
fiel não ao Estado mas sim ao seu general. O fortalecimento dos generais contribuiu para as guerras
civis em Roma.

A crise republicana
A) Os irmãos Graco.

A situação de marginalidade dos plebeus, o aparecimento dos latifúndios; levaram alguns tribunos
da plebe a proporem uma reforma agrária: foram os irmãos Tibério e Caio Graco.

Os irmãos Graco tentaram melhorar as condições de vida dos plebeus por meio de uma reforma
agrária e de uma lei frumentária. As terras públicas ( o Ager publicus ) seriam utilizadas para
transformar o pobre urbano em camponês, bem como a ampliação da distribuição de alimentos.
Mediante estas reformas, acreditavam os tribunos, as tensões sociais diminuiriam.

Os dois irmãos foram assassinados...

B) Os generais Mário e Sila.

O desaparecimento do cidadão soldado veio fortalecer o poder individual de alguns generais, que se
utilizavam da popularidade diante de seus soldados para manterem-se no poder. Destaque para o
general Mário e o general Sila que levam seus exércitos a conflitos pela disputa do poder político.
Estes conflitos políticos, com fortes conotações sociais estão na origem das chamadas guerras civis.

Durante estas guerras internas, outros generais destacaram-se como Pompeu e Júlio César.

C) Triunvirato.

Período em que o governo de Roma estava dividido entre três generais.

O primeiro Triunvirato foi composto por César, Pompeu e Crasso. Com a morte de Crasso, César e
Pompeu travam uma disputa pelo poder, resultando na vitória de Júlio César e no início de seu
poder pessoal, que dura até o ano de 44 a.C., ano de seu assassinato.
O segundo Triunvirato era formado por Caio Otávio ( sobrinho de Júlio César ), Marco Antônio e
Lépido. Aqui também haverá uma intensa disputa pelo poder pessoal. No ano de 31 a.C., com a
vitória de Caio Otávio sobre Marco Antônio tem início o poder pessoal de Otávio, que se tornará o
primeiro imperador romano.

IMPÉRIO.

A principal característica do Império Romano é a centralização do poder nas mãos de um só


governante. O longo período das guerras civis, contribuiu para enfraquecer o Senado e fortalecer o
exército.
Caio Otávio será o primeiro imperador de Roma e receberá uma série de títulos, tais como: Augusto
( honra dada somente aos deuses ),

Tribuno da Plebe vitalício e Príncipe ( o primeiro cidadão do Senado). O seu governo vai do ano 31
a.C. até o ano 14 d.C. Realizou reformas que contribuíram para a sua popularidade: ampliou a
distribuição gratuita de trigo para a plebe e de espaços para a diversão pública ( a famosa Política do
Pão e Circo ), efetuou uma distribuição de terras aos soldados veteranos e foi um protetor dos
artistas romanos.

Seu período é conhecido como a PAX ROMANA, dado ao fortalecimento do exército, a


amenização das tensões sociais - graças à política do pão e circo - e a pacificação das províncias do
império.

O período imperial romano é dividido em dois momentos: o Alto Império, marcado pelo apogeu de
Roma; e pelo Baixo Império, que representa a decadência e queda de Roma.

A) ALTO IMPÉRIO.

Formado pelas chamadas dinastias de ouro. É o momento de grandiosidade de Roma tendo as


seguintes dinastias:

a) Júlio-Claúdios
( 14 - 68 )
b) Flávios
( 69 - 96 )
c) Antoninos
( 96 -192)
d) Severos
(193-235).

partir do ano de 235, inicia-se um período de crises em virtude do enorme custo para a manutenção
do exército. Os gatos militares minavam as finanças do Estado, que era obrigado a aumentar os
impostos. Esta política provoca tumultos e revoltas nas províncias.

A crise militar acarreta o fim do expansionismo romano, contribuindo - a médio prazo e de forma
contínua - para diminuir a entrada de mão-de-obra escrava em Roma. A chamada crise do
escravismo está na raiz da queda de Roma.

A crise e a queda De Roma.


Toda a riqueza do Império Romano advinha do uso da mão-de-obra escrava, conseguida pela
expansão territorial.

partir do século III, como forma de conter os excessivos gastos militares, Roma cessou suas
conquistas territoriais,
acarretando uma diminuição no número de escravos e, conseqüentemente, uma expressiva queda na
produção agrícola.

Como resultado desta crise econômica o Estado romano passa a aumentar, de forma sistemática, os
impostos. O aumento dos impostos reflete em um aumento no preço das mercadorias, gerando um
processo inflacionário. Diante desta situação, a política de pão e circo deixa de existir - pois o
Estado não pode mais arcar com a distribuição gratuita de alimentos - contribuindo para aumentar
as tensões sociais.

Como se não bastasse tudo isto, as fronteiras do Império Romano começam a serem invadidas pelos
chamados povos bárbaros, trazendo um clima de insegurança e pânico a todos.

Conseqüências da crise imperial.

-ÊXODO URBANO: uma saída da população urbana para o campo, fugindo da crise econômica e
dos bárbaros. No campo, esta população tinha uma oportunidade de trabalho pois, em virtude da
diminuição do número de escravos, os grandes proprietários passam a necessitar de força de
trabalho.

-O COLONATO: como solução para a falta de força de trabalho e de uma forte onda inflacionária,
desenvolve-se no campo o regime de colonato, onde o grande proprietário arrenda lotes de terras
para os camponeses que, em troca, trabalhavam e produziam para o grande proprietário. O colono
passa a ser um homem preso à terra. A economia passa a ser auto-suficiente.

-INFLAÇÃO: com a queda da produção agrícola, o Estado tem sua arrecadação de impostos
diminuída e, em contrapartida, um aumento das despesas - como a manutenção do exército para a
defesa das fronteiras dos ataques bárbaros. Na falta de dinheiro, o Estado passa a exercer uma
política emissionista ( emissão de moeda ) provocando uma desvalorização do dinheiro. Sem
dinheiro, o Estado inicia a sua falência.

-CRISE MILITAR: sem recursos para manter o exército, o Estado romano passa a recrutar bárbaros
para defender as suas fronteiras, que em troca do serviço prestado recebiam terras.

No campo, a ausência militar e a necessidade de garantir a propriedade, leva o grande proprietário a


contratar mercenários para a defesa da terra, criando um exército pessoal.

-O CRISTIANISMO: um outro elemento que contribuiu para a crise de Roma foi a difusão da
religião cristã. O fortalecimento do cristianismo ocorria, simultaneamente, com o enfraquecimento
de
Roma. Os cristãos não aceitavam as instituições romanas, ligadas ao paganismo; não reconheciam a
divindade do imperador e não aceitavam a escravidão.

As autoridades romanas iniciam uma política de perseguição sistemática aos cristãos, considerando-
os culpados por todas as calamidades que ocorriam. No entanto, quanto mais os cristãos eram
perseguidos e torturados, maior o número de adeptos.
Reformas do Baixo Império.

Procurando evitar o colapso político- administrativo total do Império, alguns imperadores


empreenderam algumas reformas, com o objetivo de reestruturar o império.

DIOCLECIANO: dividiu o poder imperial em quatro parte - a tetrarquia - procurando aumentar a


eficiência administrativa ao descentralizar a organização do Estado; reintroduziu o serviço militar
obrigatório; incentivou o regime de colonato; editou a lei do Preço Máximo, para combater a
inflação; ampliou a perseguição aos cristãos.

CONSTANTINO: sucessor de Diocleciano, realizando a reunificação do Império e transferindo a


capital de Roma para Bizâncio na parte oriental do Império ( futura Constantinopla ); o Édito de
Milão (313) , legalizando o cristianismo. Esta medida tinha também um interesse econômico. O
pagão, de perseguidor passa a ser perseguido, e seus bens ( maiores que os do cristão ) confiscados
pelo Estado, constituindo assim, uma forma de aumentar o erário estatal.

TEODÓSIO: realizou a divisão do Império romano em duas partes:

Império romano ocidental - Roma Império romano oriental - Constantinopla

partir do século IV a pressão dos bárbaros sobre as fronteiras de Roma aumenta. Uma imensa onda
de tribos - fugindo dos Hunos - inicia a penetração na parte ocidental de Roma.

Por conta da fraqueza interna, Roma foi saqueada e dominada no ano de 476 por Odoacro, que se
declarou rei da Itália. Esta data é considerada o ponto final da história romana. Quanto ao lado
oriental de Roma, este sobrevivi até o ano de 1453 com o nome de Império Bizantino.
Cultura romana.

A cultura romana foi profundamente influenciada pela cultura grega. O teatro será um dos
divertimentos de Roma. Os romanos gostavam ainda das lutas de gladiadores e corridas de biga. O
martírio dos cristãos também servia de entretenimento.

Na literatura - cuja época de ouro foi o período de Augusto - destacam-se Horácio, Virgílio e Tito
Lívio autor de "A História de Roma".

A principal contribuição dos romanos para a posteridade foi, sem dúvida alguma, no campo do
Direito. O Direito romano continua a ser a base da ciência do Direito ainda hoje.

Outro importante legado é o latim, origem de muitas línguas modernas, tais como o português, o
italiano, o francês e o espanhol.

Para finalizar, o grande desenvolvimento de Roma - em todos os aspectos, assim como o grego - só
foi possível graças ao uso do trabalho escravo.

Exercícios.

1) (FUVEST) O Estado Romano no Baixo Império carcterizou-se pela:


a) aceitação do princípio da intervenção do Estado na vida social e econômica:

b) tentativa de conduzir os negócios públicos exclusivamente a partir de um determinado grupo


social;

c) estabilidade nas relações entre o poder central e os governos provinciais;

d) perfeita harmonia dos órgãos legislativos quanto às idéias de expansão territorial;

e) absoluta identidade de pensamento quanto às atitudes frente ao problema religioso.


2) (UEMS) Entre as reformas introduzidas em Roma por Augusto, podemos citar:

a) o estabelecimento do divórcio;
b) a drástica redução dos efetivos militares;

c) a restauração do antigo sistema de cobrar os impostos provinciais;


d) a criação de um sistema centralizado nos tribunais;
e) a redução da autonomia das províncias.

3) (FUVEST) Diocleciano ( 284-304 ) e Constantino ( 312-337) destacaram-se no história do


Império Romano por terem:
a) conquistado e promovido a romanização da Lusitânia, incorporando-a ao Império;

b) introduzido em Roma costumes religiosos e políticos dos etruscos;

c) concedido à plebe defensores especiais - os tribunos da plebe - que protegiam seus direitos;

d) consolidado o Direito Romano na chamada Lex Duodecim Tabularum;

e) estabelecido medidas visando deter a crise que abalava o Império.

4)(PUC) Os irmãos Graco:

a) defenderam os camponeses sem terra contra a aristocracia;

b) foram os conquistadores de Cartago;


c) eram os principais líderes do partido aristocrático;
d) elaboraram a primeira lei escrita de Roma;
e) foram os autores da Lei das Doze Tábuas.

5) (FUVEST) A expansão de Roma durante a República, com o conseqüente domínio da Bacia do


Mediterrâneo, provocou sensíveis transformações sociais e econômicas, entre as quais: a) um
marcante processo de industrialização, êxodo urbano e

endividamento do Estado;

b) o fortalecimento da classe plebéia, expansão da pequena propriedade e propagação do


cristianismo;

c) o crescimento da economia agropastoril, intensificação das exportações e aumento do trabalho


livre;
d) o enriquecimento do Estado Romano, aparecimento de uma poderosa classe de comerciantes e
aumento do número de escravos;

e) a diminuição da produção nos latifúndios, acentuado processo inflacionário e escassez de mão-


de-obra escrava.
6) (UnB) A República foi um dos mais significativos períodos da história romana, marcado por:

(0) intensas lutas sociais envolvendo patrícios e plebeus;


(1) uma tendência ao expansionismo, cuja primeira etapa foi a conquista da Itália;

(2) uma forte presença do Senado que, entre outras funções , administrava as províncias,
supervisionava as finanças públicas e conduzia a política externa;

(3) uma vitória decisiva sobre Cartago ( Guerras Púnicas ), que abriu as portas do Mediterrâneo à
dominação romana;

(4) uma equiparação da elite patrícia com a classe plebéia, em termos de poder político e de força
econômica, como decorrência de suas conquistas.

7) (OSEC) Sobre a ruralização da economia ocorrida durante a crise do Império Romano, podemos
afirmar que:

a) proporcionou ao Estado a oportunidade de cobrar mais eficientemente os impostos;

b) foi a causa principal da falta de escravos;

c) foi conseqüência da crise econômica e da insegurança provocada pela invasões dos bárbaros;

d) incentivou o crescimento do comércio;


e) proporcionou às cidades o aumento de suas riquezas.
Respostas - 1. A
2. E 3. E
4.A
5.D
6. V V V V F
7.C

AULA 03 - IDADE MÉDIA.

A Idade Média é o período histórico compreendido entre os anos de 476 ( queda de Roma ) ao ano
de 1453 ( a queda de Constantinopla). Este período apresenta uma divisão, a saber:

ALTA IDADE MÉDIA ( do século V ao século IX ) - fase marcada pelo processo de formação do
feudalismo.

BAIXA IDADE MÉDIA ( do século XII ao século XIV ) - fase caracterizada pela crise do
feudalismo.

Entre os séculos IX e XII observa-se a cristalização do Sistema Feudal.


Posto isto, vamos dividir o estudo do período medieval em duas partes. Nesta aula, de número três,
tratar-se-á da Alta Idade Média. Na aula de número quatro, do Feudalismo e a Baixa Idade Média.

ALTA IDADE MÉDIA.

Período do século V ao século IX é caracterizado pela formação do Sistema Feudal. Neste período
observa-se os seguintes processos históricos: a formação dos Reinos Bárbaros, com destaque para o
Reino Franco; o Império Bizantino - parte oriental do Império Romano - e a expansão do Mundo
Árabe. Grosso modo, a Alta Idade Média representa o processo de ruralização da economia e
sociedade da Europa.

1. OS REINOS BÁRBAROS.

Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que,
portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a
parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização
bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em
tribos. As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:

Os Anglo-Saxões, que se estabeleceram na Grã-Bretanha;


Os Visigodos estabeleceram-se na Espanha;
Os Vândalos fixaram-se na África do Norte;
Os Ostrogodos que se instalaram na Itália;
Os Suevos constituíram-se em Portugal;
Os Lombardos no norte da Itália;
Os Francos que construíram seu reino na França.

Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade
era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.

A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembléia de Guerreiros,
responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela
Assembléia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam - em
tempos de guerra - a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.

A sociedade germânica era assim composta:

Nobreza: formada pelos líderes políticos e grandes proprietários de terras;

Homens-livres: pequenos proprietários e guerreiros que participavam da Assembléia;


Homens não-livres: os vencidos em guerras que viviam sob o regime de servidão e presos à terra e
os escravos - grupo formado pelos prisioneiros de guerra.

Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção


estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas ( florestas e pastos
).

2A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.

Como vimos na aula 02, o contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica
até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude
da pressão dos hunos. Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento
demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de
Roma e a fraqueza militar do Império Romano.

Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino
bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.

O REINO FRANCO.

A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:

Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII ) e


Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX ).

OS MEROVÍNGIOS.

O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a
dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo.
A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos - que passam a receber apóio
da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará
com o apóio militar dos Francos.

Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período
dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o
fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus). Entre os
Mordomos do Paço, mercerem destaque:

Pepino d'Herstal, que tornou a função hereditária;

Carlos Martel, que venceu os árabes na batalha de Poitiers, em

732 e

Pepino, o Breve, o criador da dinastia Carolíngia.

3A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta
batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".

OS CAROLÍNGIOS.

Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-
se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início
de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.

Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras
conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São
Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da
Idade Média.

Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas
mãos de Carlos Magno.
O IMPÉRIO CAROLÍNGIO.

Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império
Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suiça, Alemanha,
República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.

A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império
Romano, no Natal do ano 800.

O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto
a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos condes;
os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e
Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em nome do rei
inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em
dupla: um leigo e um clérigo.

No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma
de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei,
tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à
autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de
nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do

FEUDO.

Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento


Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e
pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno -
monge fundador da escola palatina.

4Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura clássica


( greco-romana ). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de
manuscritos antigos.

DECADÊNCIA DO IMPÉRIO CAROLÍNGIO.

Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual
conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os
seus filhos. A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun
estabelecendo que:

Carlos, o Calvo ficasse com a parte ocidental ( a França atual); Lotário ficasse com a parte central
( da Itália ao mar do Norte) eLuís, o Germânico ficasse com a parte oriental do Império.

Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas
divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a
uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX ( normandos, magiares e muçulmanos )
contribuem para a cristalização do feudalismo.

A CIVILIZAÇÃO ISLÂMICA.

Os árabes possuem uma história que pode ser dividida em dois períodos: pré-islâmico e islâmico.
5PERÍODO PRÉ-ISLÂMICO.

Caracterizado pela ausência de unidade política (ausência de Estado) e pela divisão dos árabes em
dois grupos: os beduínos ou árabes do deserto e os árabes da cidade.

Nesta época, os árabes eram politeístas. Segundo as tradições, os ídolos adorados pela tribos
ficavam na CAABA, santuário situado na cidade de Meca. Na Caaba, existia também a Pedra
Negra, adorada por todos pois, de acordo com as tradições caiu do céu, sendo um presente dos
deuses. Devido ao santuário e à Pedra Negra, Meca tornou-se o principal centro religioso e também
o mais importante centro comercial dos árabes.

PERÍODO ISLÂMICO.

Marcado pela revolução religiosa patrocinada por Maomé.

Aos 40 anos de idade teve uma revelação, através do anjo Gabriel que lhe disse: "só há um único
Deus, que é Alá, e Maomé é o seu único profeta". À partir deste momento, Maomé começa a
pregação de uma nova religião: o Islamismo.
O ISLAMISMO.

O conteúdo básico da doutrina islâmica está resumido nas seguinte regras essenciais:

crença em Alá, o único Deus, e em Maomé, seu profeta;


realizar cinco orações diárias;
dar esmolas;

jejuar durante o mês de Ramadã ( mês considerado sagrado);


visitar Meca uma vez na vida;
fazer a Guerra Santa ( djihad ).

Destacam-se também a proibição de ingestão de bebidas alcoólicas, proibição de comer carne de


porco e severa punição ao roubo.

Durante a pregação da nova religião, Maomé foi perseguido e quase assassinado. Fugiu de Meca
para Yatreb ( depois Medina )-episódio conhecido como Hégira, que marca o início do calendário
muçulmano. Para evitar uma maior oposição às novas idéias religiosas, Maomé manteve o santuário
da Caaba e a Pedra Negra, agora como um presente do anjo Gabriel.

6Todos os princípios religiosos do Islamismo estão contidos no livro sagrado chamado Alcorão. Há
um outro livro importante, denominado Suna, que contém relatos da vida e ensinamentos do profeta
Maomé.

Com a morte de Maomé a religião islâmica divide-se em seitas, sendo que as principais são:

SUNITAS: Além do Alcorão, aceitam a Suna como fonte de ensinamento. Defendem que o califa
( chefe do Estado muçulmano ) reúna virtude de honra, respeito às leis e capacidade de trabalho.
Não acham que o califa deva ser infalível em suas ações.

XIITAS: Aceitam somente o Alcorão como a única fonte de ensinamentos. Defendem que o califa
seja descendente do Profeta Maomé e que deva ser infalível em suas ações - pois é diretamente
inspirado por Alá.
A EXPANSÃO ISLÂMICA.

Com a introdução do monoteísmo, Maomé lançou as bases da criação de um Estado Teocrático, ou


seja, as leis religiosas pesam mais que as leis humanas. Este Estado era governado por Califas ( os
sucessores ) que contribuíram para a expansão territorial muçulmana.

Dentre os fatores para a expansão destacam-se:

o crescimento demográfico dos árabes;


a Guerra Santa ( a expansão da fé islâmica );
a fraqueza do Império Bizantino e Persa;
a fraqueza dos Reinos Bárbaros.

A expansão Islâmica ocorreu em três momentos:

1ª etapa ( de 632 a 661 )- conquistas da Pérsia, da Síria, da Palestina e do Egito;

2ª etapa ( de 661 a 750 )- a Dinastia dos Omíadas, que expandiu as fronteiras até o vale do Indo
(Índia); conquistou o Norte da África até o Marrocos e a Península Ibérica na Europa. O avanço
árabe sobre a Europa foi contido por Carlos Martel, em 732 na batalha de Poitiers.

3ª etapa ( de 750 a 1258 )- a Dinastia dos Abássidas, onde ocorre a fragmentação político-territorial
e a divisão do Império em três califados: de Bagdá na Ásia, de Cordova na Espanha e do Cairo no
Egito.

7Após esta divisão, do mundo Islâmico será constante até que no ano de 1258 Bagdá será destruída
pelos mongóis.

AS CONSEQÜÊNCIAS DA EXPANSÃO.

A expansão árabe representou um maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No


aspecto econômico a expansão territorial provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo, contribuindo
para a cristalização do feudalismo europeu, ao acentuar o processo de ruralização e fortalecendo a
economia de consumo.

A CULTURA ISLÂMICA.

Literatura: poesias épicas e fábulas. Destaque para os contos de aventuras, como As Mil e uma
Noites.

Ciências: muito práticos os árabes aplicaram o raciocínio lógico e o experimentalismo.


Desenvolveram a Matemática ( álgebra e trigonometria ), a Química ( alquimia ), Medicina ( sendo
Avicena o grande nome ) e a Filosofia ( estudo de Aristóteles ).

Artes: a grande contribuição foi no campo da Arquitetura, com construção de palácios e de


Mesquitas. Na Pintura, dado a proibição religiosa de reproduzir a figura humana, houve o
desenvolvimento dos chamados arabescos.
O IMPÉRIO BIZANTINO.

No ano de 395, Teodósio divide o Império Romano em duas partes: o lado ocidental passa a ser
designado por Império Romano do Ocidente, com capital em Roma; o lado oriental passa a ser
Império Romano do Oriente com capital em Bizâncio ( uma antiga colônia grega). Quando o
imperador Constantino transferiu a capital

8 de Roma para a cidade de Bizâncio, ela passou a ser conhecida como Constantinopla.

A ERA DE JUSTINIANO ( 527/565).

Justiniano foi um dos mais famosos imperadores bizantinos. Seu reinado corresponde ao apogeu do
Império Bizantino. Em seu reinado destacam-se:

o cesaropapismo: significa que o chefe do Estado ( César ) torna-se o chefe supremo da religião
( Papa ). As constantes interferências do Estado nos assuntos religiosos provocam desgastes entre o
Estado e a Igreja resultando, no ano de 1054, uma divisão na cristandade - o chamado GRANDE
CISMA DO ORIENTE. A cristandade ficou dividida em duas igrejas: Igreja Católica do Oriente
( Ortodoxa ) e Igreja Católica do Ocidente, com sede em Roma.

a guerra de Reconquista: tentativa de Justiniano para reconstituir o antigo Império Romano,


procurando reconquistar o Norte da África, a Itália e Espanha que estavam sob o domínio dos
chamados povos bárbaros;

a Revolta Nika: para sustentar a Guerra de Reconquista, o governo adotou uma política tributária o
que gerou insatisfações e lutas sociais. Justiniano usou da violência para acalmar o Império;

Justiniano foi também um grande legislador e responsável pela elaboração do Corpus Juris Civilis
( Corpo do Direito Civil ), que estava assim composto:

o Código: revisão de todas as leis romanas;


o Digesto: sumário escrito por juristas;
as Institutas: manual para estudantes de Direito;
as Novelas: conjunto de leis criadas por Justiniano.

Com a morte de Justiniano, o Império Bizantino inicia sua decadência. Entre os séculos VII e VIII
os árabes conquistam boa

9parte do Império Bizantino e em 1453 os turcos ocupam a capital - Constatinopla.

A CULTURA BIZANTINA.

O povo bizantino era muito religioso e exerciam os debates teológicos. Muitas questões teológicas
foram discutidas, destacamdo-se:

- o monofisismo: tese que negava a dupla natureza de Cristo-humana e divina. Segundo o


monofisismo, Cristo tinha uma única natureza: a divina.

A iconoclastia: movimento que pregava a destruição de imagens sagradas ( ícones ).


Nas artes, os bizantinos destacaram-se na Arquitetura: construção de fortalezas, palácios, mosteiros
e igrejas. A mais exuberante das igrejas foi a Igreja de Santa Sofia, construída no reinado de
Justiniano. A característica da arquitetura bizantina era o uso da cúpula.

Os bizantinos também se destacaram na arte do mosaico, utilizados na representação de figuras


religiosas, de políticos importantes e na estilização de plantas e animais.

EXERCÍCIOS.

1) (FUVEST) - Entre os fatores citados abaixo, assinale aquele que NÃO concorreu para a difusão
da civilização bizantina na Europa ocidental:

10
a) Fuga dos sábios bizantinos para o Ocidente, após a queda de Constantinopla;

b) Expansão da Reforma Protestante, que marcou a quebra da unidade da Igreja Católica;

c) Divulgação e estudo da legislação de Justiniano, conhecida como Corpus Juris Civilis;

d) Intercâmbio cultural ligado ao movimento das Cruzadas;

e) Contatos comerciais das repúblicas marítimas italianas com os portos bizantinos nos mares Egeu
e Negro.

2) (PUC) - Em relação ao Império Bizantino, é certo afrimar que:

a) o governo era ao mesmo tempo teocrático e liberal;

b) o Estado não tinha influência na vida econômica;

c) o comércio era sobretudo marítimo;

d) o Império Bizantino nunca conheceu crises sociais;

e) o imperialismo bizantino restringiu-se à Ásia Menor.

3) (OSEC) - A Hégira assinala:

a) um marco histórico para o início do calendário judaico;

b) a reunificação do Império Romano sob Justiniano;


c) a tomada de Constantinopla pelos turcos;
d) a fuga de Maomé de Meca para Medina;

e) o domínio dos navegantes escandinavos sobre os mares Báltico e do Norte.

4) (MACK) A seqüência das conquistas muçulmanas foi a seguinte:

a) Oriente Médio e Extremo Oriente;

b) Extremo Oriente e Oriente Médio;


c) Mediterrâneo Ocidental e Oriente Médio;
d) Oriente Médio e Mediterrâneo Oriental;
e) Oriente Médio e Mediterrâneo Ocidental.

5) (UFGO) - Qual das razões abaixo NÃO se coloca para explicar a expansão do Islão?

11
a) centralização política;

b) explosão demográfica;

c) promessas do Paraíso;
d) razzias e botim;
e) todas se colocam.

6) (UNIP) - A importância da Batalha de Poitiers, em 732, no contexto da história da Europa,


justifica-se em função de que:

a) os cristãos foram derrotados pelos árabes, consolidando-se o feudalismo europeu;

b) a derrota árabe frente ao Reino Franco impediu a islamização do Ocidente;

c) a partir daí teve início a Guerra de Reconquista na Península Ibérica;

d) esse evento assinalou o limite da expansão cristã no Mediterrâneo.

7) (PUC) - A conversão e batismo de Clóvis, após a Batalha de Tolbiac, explicam-se


principalmente:

a) pela insistência de sua mulher Clotilde;

b) pela insistência dos bispos da Gália;


c) pela insistência do papa Gregório Magno;
d) pelo fato de que a maior parte da população da Gália era cristã;

e) por orientação dos Major Domus.

8) (PUC) O declínio da Dinastia dos Merovíngios no Reino Franco permitiu o aparecimento de um


novo chefe político de fato, a saber:

a) o condestável b) o tesoureiroc) o major domus


d) o missi dominici e) o marquês.

9) (OSEC) A penetração dos bárbaros no Império Romano:

a) foi realizada sempre através de invasões armadas;

b) realizou-se a partir do século VI, quando o Império entrou em decadência;


c) verificou-se inicialmente sob a forma de migração pacíficas e, posteriormente, através de
invasões armadas;

d) foi realizada sempre de maneira pacífica;


e) verificou-se principalmente nos séculos II e III.

RESPOSTAS - 1.B
2.C 3.D 4.E 5.A 6.B 7.D 8.C 9.C

Aula 04 - BAIXA IDADE MÉDIA.

Nesta aula, será analisada a estrutura do Sistema Feudal- seus aspectos econômicos, sociais,
políticos e culturais.

Também será efetuada uma análise da crise do feudalismo, observando o Renascimento Comercial
e Urbano, a formação das Monarquias Nacionais e as crises dos século XIV.

O FEUDALISMO.

I. Origens

O feudalismo europeu é resultado da síntese entre a sociedade romana em decadência e a sociedade


bárbara em evolução. Esta síntese resulta nos chamados fatores estruturais para a formação do
feudalismo.

Roma contribui para a formação do feudalismo através dos seguintes elementos:

a "villa", ou o latifúndio auto-suficiente;

o desenvolvimento do colonato, segundo o qual o trabalhador ficava preso à terra;


a Igreja Cristã, que se tornará na principal instituição medieval. A crise romana reforça seu poder
político local e consolida o processo de ruralização da economia.

Os Bárbaros contribuem com os seguintes elementos:

uma economia centrada nas trocas naturais;

o comitatus, instituição que estabelecia uma relação de fidelidade e reciprocidade entre os


guerreiros e seus chefes;

a prática do chamado benefício ( beneficium ), dando imunidade ao proprietário deste;

o direito consuetudinário, isto é, os costumes herdados dos antepassados possuem força de lei.
Além destes elementos estruturais ( internos ), contribuíram também os chamados elementos
conjunturais ( externos ) , que foram as Invasões Bárbaras dos séculos VIII ao IX - os normandos e
os muçulmanos.

Os normandos efetuam um bloqueio do mar Báltico e do mar do Norte e os muçulmanos realizam o


bloqueio do mar Mediterrâneo. Estas invasões aceleram o processo de ruralização européia - em
curso desde o século III - acentuando a economia agrária e auto-suficiente.

II. Estruturas feudais.


ESTRUTURA ECONÔMICA: a economia era basicamente agro-pastoril, de caráter auto-suficiente
e com trocas naturais. O comércio, embora existisse, não foi a atividade predominante.

As terras dos feudos eram divididas em três partes:

terras coletivas ou campos abertos: de uso comum, onde se recolhiam madeira, frutos e efetuava-se
a caça. Neste caso, temos uma posse coletiva da terra.

reserva senhorial - de uso exclusivo do senhor feudal - é era a propriedade privada do senhor.

Manso servil ou tenência: terras utilizadas pelos servos. Serviam para manter o sustento destes e
para cumprimento das obrigações feudais.

O caráter auto-suficiente da economia feudal dava-se em virtude da baixa produtividade agrícola.

O comércio, embora não fosse a atividade predominante, existia sob duas formas: o comércio local
- onde realizava-se as trocas naturais; e o comércio a longa distância - responsável pelo
abastecimento de determinados produtos, tais como o sal, pimenta, cravo, etc... O comércio a longa
distância funcionava com trocas monetárias e, à partir do século XII terá um papel fundamental na
economia européia.

ESTRUTURA POLÍTICA.

O poder político era descentralizado, ou seja, distribuído entre os grandes proprietários de terra ( os
SENHORES FEUDAIS).

Apesar da fragmentação do poder político, havia os laços de fidelidade pessoal ( a vassalagem). Por
esta relação estabelecia-se o contrato feudo-vassálico, assim caracterizado:
Homenagem: juramento de fidelidade do vassalo para com o seu suserano;

Investidura: entrega do feudo do vassalo para o suserano.

O suserano ( aquele que concede o feudo ) deveria auxiliar militarmente seu vassalo e também
prestar assistência jurídica.

O vassalo ( aquele que recebe o feudo e promete fidelidade) deve prestar o serviço militar para o
suserano e comparecer ao tribunal por ele presidido.

ESTRUTURA SOCIAL.

A sociedade feudal era do tipo estamental, onde as funções sociais eram transmitidas de forma
hereditária. As relações sociais eram marcadas pelos laços de dependência e de dominação. Os
estamentos sociais eram três:

CLERO: constituído pelos membros da Igreja Católica. Dedicavam-se ao ofício religioso e


apresentavam uma subdivisão:

Alto clero- formado por membros da nobreza feudal (papa, bispo, abade)

Baixo clero- composto por membros não ligados à nobreza ( padre, vigário ).
NOBREZA: formada pelos grandes proprietários de terra e que se dedicavam à atividade militar e
administrativa.

TRABALHADORES: simplesmente a maioria da população. Os camponeses estavam ligados à


terra ( servos da gleba ) sendo obrigados a sustentarem os senhores feudais.

Assim, o clero formava o 1º Estado, a nobreza o 2º Estado e os trabalhadores o 3º Estado.

O Sistema feudal também apresentava as chamadas obrigações feudais, uma conjunto de relações
sociais onde os servos eram explorados pelos senhores feudais. As principais obrigações feudais
eram:

CORVÉIA: obrigação do servo de trabalhar nas terras do senhor(manso senhorial). Toda produção
de seu trabalho era do proprietário.
TALHA: obrigação do servo de entregar parte de sua produção na gleba para o senhor feudal.

BANALIDADES: pagamento feito pelo servo pelo uso de instrumentos e instalações do feudo
( celeiro, forno, estrada...).

CRISE DO FEUDALISMO.

A crise do Sistema Feudal tem sua origem no século XI e está relacionada ao crescimento
populacional. Este, por sua vez, está relacionado a um conjunto de inovações técnicas, tais como o
uso da charrua ( máquina de revolver a terra ), o peitoril ( para melhor aproveitamento da força do
cavalo no arado ), uso de ferraduras e o moinho d'água.

A estas inovações técnicas, observa-se uma expansão da agricultura, com a ampliação de áreas para
o cultivo ( conquista dos bosques, pântanos...).

Sabendo-se que a produtividade agrícola era baixa- mesmo com as inovações acima- o crescimento
populacional acarreta uma série de problemas sociais: o banditismo, aumento da miséria, guerras
internas por mais terras... As Cruzadas foram, neste contexto, uma tentativa para solucionar tais
problemas.

AS CRUZADAS.

Foram convocadas pelo papa Urbano II, em 1095, com o objetivo oficial de libertar a Terra Santa
( Jerusalém ) do domínio muçulmano. No entanto, outros fatores contribuíram para a organização
das Cruzadas: canalizar o espírito guerreiro dos nobres para o oriente; o ideal de peregrinação
cristã; o interesse econômico em algumas regiões do oriente e a necessidade de exportar a miséria-
em virtude do crescimento populacional.

As principais conseqüências das Cruzadas foram:

reabertura do mar Mediterrâneo e o desenvolvimento do intercâmbio comercial entre o Ocidente e o


Oriente;

fortalecimento do poder real, em virtude do empobrecimento Dos senhores feudais;

o renascimento urbano.
Renascimento Comercial.
As Rotas
O comércio de produtos na Europa desenvolve-se em dois centros: No Norte da Europa, onde a
Liga Hanseática - união de cidades alemãs- através dos mares do Norte e Báltico, monopolizava o

comércio de peles, madeiras, peixes secos, etc...

Na Itália, onde cidades como Veneza e Gênova, monopolizavam o comércio de produtos vindos do
Oriente, como a seda, cravo, canela, etc...

Estes centros comerciais eram interligados por rotas terrestres, sendo que a mais importante era a de
Champagne.

As feiras

Contribuíram para a dinamização do comércio e das trocas monetárias. Desenvolveram-se no


encontro de rotas comerciais ( os nós de trânsito ). A principal feira ocorria na cidade de
Champagne, na França.

Renascimento Urbano.

O intenso desenvolvimento comercial colaborou para o desenvolvimento das cidades medievais e


de uma nova classe social, a burguesia.

A burguesia inicia uma luta pela emancipação das cidades dos domínios do senhor feudal
( movimento comunal ).

No interior das cidades ( Burgos ), a produção urbana estava organizada nas chamadas Corporações
de Ofício. ( Guildas na Itália ). O principal objetivo destas organizações era regulamentar a
produção, defendendo o justo preço e praticando o monopólio.

O interior da Corporação de Ofício apresentava uma divisão hierárquica, a saber: o mestre, o


aprendiz e o jornaleiro - pessoa que recebia por uma jornada de trabalho.

FORMAÇÃO DAS MONARQUIAS NACIONAIS.

A formação das Monarquias Nacionais está associada à aliança entre a burguesia comercial e o rei,
efetivada no final da Baixa Idade Média.

O interesse da burguesia nesta aliança era econômico, pois o senhor feudal era um obstáculo para o
desenvolvimento de suas atividades: impostos excessivos, pesos e medidas não padronizados e
ausência de unificação monetária.

Já o rei, que buscava centralizar o poder político, a classe de senhores feudais representava seu
principal obstáculo ( lembre-se que o poder político feudal era fragmentado ). Para fazer valer sua
autoridade era necessário a criação de um exército, formado por mercenários.

Assim, a burguesia comercial passa a financiar a montagem deste exército. O rei passa a superar o
senhor feudal e a impor sua vontade. A centralização do poder político implica na unificação
econômica: padronização de pesos, medidas e monetária - incentivando as trocas comerciais. A
Monarquia passa a criar as Companhias de Comércio, onde o monopólio da atividade comercial
ficará a cargo da burguesia.
Monarquia Nacional - caso francês.

DINASTIA DOS CAPETOS: substituição das obrigações feudais por tributos pagos à Coroa,
criação de um Exército Nacional.

Durante a Guerra dos Cem Anos ( 1337/1453 ), a nobreza feudal se enfraquece, colaborando para o
fortalecimento do poder real.

Filipe Augusto (1180/1223 ) - iniciou a luta contra o domínio inglês;


Luís IX ( 1226/1270) - organização da justiça real;

Filipe IV, o Belo ( 1285/1314 ) - entrou em choque com o Papado, episódio conhecido como o
Grande Cisma, quando transferiu a sede do Papado para Avignon.

Monarquia Nacional - caso inglês.

DINASTIA DOS PLANTAGENETAS: No processo de formação da Monarquia Nacional inglesa,


destaque para a Magna Carta, documento
imposto a João Sem-Terra, que limitava o poder real, sobretudo no que dizia respeito à justiça e à
tributação.

Henrique II ( 1154/1189 ) - procurou submeter a Igreja da Inglaterra aos tribunais reais;

Ricardo Coração de Leão ( 1189/1199) - dedicou-se à terceira Cruzada, o reino passou para João
Sem-Terra. Em seu governo, os barões ingleses impuseram a Magna Carta, que impunha a
liberdade individual e que nenhum homem livre pode sofrer arbitrariedades.

A CRISE DO SÉCULO XIV.

O final da Idade Média é marcado por uma séria crise social, econômica e política - a denominada
tríada: a Guerra dos Cem Anos, a Peste Negra e a fome, responsáveis pelas revoltas camponesas.

CRISE SÓCIO-ECONÔMICA: Como vimos, a partir do século XI, houve uma expansão da
agricultura. Ocorre que as terras de boa qualidade ficam cada vez mais raras, acarretando uma
diminuição na produtividade. Soma-se a isto, uma série de transformações climáticas na Europa,
responsáveis pela perda de colheitas e gerando uma escassez de alimentos e períodos de fome (1315
a 1317, 1362, 1374 a 1438 ).

Enfraquecida pela fome, a população européia fica vulnerável às epidemias, como no caso da Peste
Negra, trazida do Oriente. Calcula-se que um terço da população européia desapareceu.

A epidemia, aliada às sucessivas crises agrícolas, provoca uma enorme escassez de mão-de-obra,
levando os servos a fazerem exigências por melhores condições de vida. Muitos servos conseguiam
comprar a sua liberdade. Em algumas regiões, no entanto, às exigências dos servos foram seguidas
pelo aumento dos laços de dependência, acarretando as revoltas camponesas.
Tanto em um caso - abertura do sistema, quando o servo adquire a sua liberdade; como no outro -
fechamento do sistema, quando os laços de dependência são ampliados - o resultado será o
agravamento da crise feudal e o início de um novo conjunto de relações sociais.

CRISE POLÍTICA: O período medieval foi marcado pelos conflitos militares, dada a agressividade
da nobreza feudal. Entre estes conflitos, A Guerra do Cem Anos ( 1337/1453 ) merece destaque.
A Guerra dos Cem Anos ocorreu entre o reino da França e o reino da Inglaterra, motivada por
motivos políticos - a sucessão do trono francês entre Filipe de Valois e Eduardo III, rei da
Inglaterra; e motivos econômicos - a disputa pela região da Flandres, importante área produtora de
manufaturas.

Ao longo do combate, franceses e ingleses obtiveram vitórias significativas. Entre seus principais
personagens, destaque para a figura de Joana d'Arc, que no ano de 1431 foi condenada à fogueira.
Após a sua morte os franceses expulsaram os ingleses, vencendo a guerra.

Esta longa guerra prejudicou a economia dos dois reinos e contribuiu para o empobrecimento da
nobreza feudal e, consequentemente, o seu enfraquecimento político. Ao mesmo tempo que a
nobreza perdia poder, a autoridade do rei ficava fortalecida, beneficiando o processo de construção
das Monarquias Nacionais.

A IGREJA MEDIEVAL.

A principal instituição medieval será a Igreja Católica. Esta exercia um papel decisivo em todos os
setores da vida medieval: na organização econômica, na coesão social, na legitimação da
dominação política e nas manifestações culturais.

O clero estava organizado em clero secular ( que vivia no mundo cotidiano em contato com os
fiéis ) e o clero regular ( que vivia nos mosteiros, isolando do mundo ) que obedecia regras. Trata-se
dos beneditinos, franciscanos, dominicanos, carmelitas e agostinianos. O topo da hierarquia
eclesiática era ( e ainda é ) ocupada pelo papa. Este exercia dois tipos de poderes, o espiritual
( autoridade religiosa máxima) e o poder temporal ( poder político decorrente das grandes extensões
de terra que a Igreja possuía ). O exercício do poder temporal levou a Igreja a envolver-se em
questões políticas, como a célebre Querela das Investiduras.

QUERELA DAS INVESTIDURAS.

Questão envolvendo o papa Gregório VII e o imperador do Sacro Império Germânico Henrique IV
quanto à nomeação de sacerdotes para cargos eclesiásticos.

No Sacro Império Germânico, era o imperador que investia o bispo em suas funções e o papado
reagiu contra isto, em virtude do nicolaísmo ( desregramento moral do clero ) e da simonia ( venda
de cargos eclesiásticos ).
Durante o conflito, o imperador foi excomungado pelo papa, tendo que pedir perdão. Em seguida,
Henrique IV atacou Roma, obrigando o papa a fugir. Henrique IV colocou um novo papa - um
bispo alemão - que assumiu o poder com o título de Clemente III. O impasse foi resolvido em 1122,
com a Concordata de Worms, quando o papa Gregório reassumi o poder e o imperador abdicou de
seu direito de fazer a investidura total dos bispos ( a investidura religiosa ficava a cargo do papa ).

Movimentos reformistas.
A interferência da Igreja em assuntos políticos, a corrupção eclesiástica, o desregramento moral do
clero e a venda de bens eclesiásticos levaram a Igreja a afastar-se de seu ideal religioso. No século
XI surgiu um movimento reformista que buscava recuperar a autoridade moral da Igreja, originado
a Ordem de Cluny, que tinha por objetivo seguir as regras da Ordem Beneditina ( castidade,
pobreza, caridade, obediência, oração e trabalho ) . O papa Gregório VII, que se envolveu na
Querela das Investiduras, havia sido um monge desta ordem.

Outras ordens religiosas surgiram, as chamadas Ordens mendicantes, como a dos cartuxos e dos
cistercienses. Pregando a pobreza absoluta e vivendo da caridade, surge a Ordem dos Franciscanos
e dos Dominicanos.

INQUISIÇÃO
A perda da autoridade moral da Igreja Católica propiciou o desenvolvimento de uma série de
doutrinas, crenças e superstições denominadas heresias, que contrariavam os dogmas da Igreja.

Para combater os movimentos heréticos, o papa Gregório IX criou, em 1231, os Tribunais de


Inquisição, com a missão de julgar os considerados hereges. Os condenados eram entregues às
autoridades administrativas do Estado, que executavam a sentença.

A Inquisição desempenhava um importante papel político, freando os movimentos contrários aos


interesses das classes dominantes.
CULTURA MEDIEVAL.

Referir-se à Idade Média como a "Idade das Trevas" é um grave erro. Tal concepção representa uma
visão distorcida do período medieval. Este preconceito com a Idade Média originou-se no século
XVIII com o Iluminismo - fortemente anticlerical.

No entanto, o período medieval foi riquíssimo em atividade cultural.

EDUCAÇÃO: controlada pelo clero católico, que dominava as escolas dos mosteiros, escolas
paroquiais e as universidades.

O surgimento e expansão das universidades estão relacionadas com o desenvolvimento das cidades,
bem como o surgimento de uma nova classe social: a burguesia comercial.

Os ramos de conhecimento estudados nas universidades medievais eram: Teologia e Filosofia,


Letras, Ciências, Direito e Medicina. O ensino era ministrado em latim.

ARTES: a)Literatura- enaltecer a figura do cavaleiro cristão e suas qualidades: lutar pelo bem
público, combater as heresias e defender os pobres, viúvas e órfãos.

Na poesia épica exalta-se os torneios, as aventuras e a defesa do cristianismo, tais como A canção
de Rolando (século XI ) e El Cid( século XII).

Na poesia lírica, predomina o tema do amor espiritualizado e idealizado do cavaleiro pela sua
amada.

No século XIII, o grande destaque da literatura foi Dante Alighieri, autor da Divina Comédia.

b) Pintura- possuía uma função didática, pois estava associada à divulgação de temas religiosos.
Entre os principais pintores medievais, destacam-se Cimabue e Giotto.
c)Escultura- função decorativa e de divulgação dos valores
religiosos.

d)Arquitetura- desenvolvimento de dois estilos: o românico e o gótico.

Românico: (séculos XI/XII) - arcos em abóbadas redondos, sustentados por paredes maciças. A
catedral de Notre-Dame la Grande em Poitiers é um exemplo deste estilo.
Gótico: ( séculos XII/XVI ) - uso do arco em ponta ou ogival, permitindo a construção de abóbadas
bastante amplas. Existência de muitas janelas para melhor iluminação do interior, muito mais amplo
que o estilo românico. O gótico está relacionado com o crescimento populacional e o
desenvolvimento urbano.

A catedral de Notre-Dame, em Paris, é um exemplo deste estilo.

e)musica: divulgava os valores cristãos. Destaque para Gregório Magno ( 590/604 ) que implantou
o canto gregoriano.

Na música popular, destaque para as canções trovadorescas, cujos temas eram os ideais cristãos.

CIÊNCIAS E FILOSOFIA: A principal corrente filosófica do período foi a Escolástica, que tinha
por objetivo conciliar a razão com a fé. Seus principais representantes foram Alberto Magno
( 1193/1280 ) e Tomás de Aquino ( 1225/ 1274). Este último reconstruiu parte das teorias de
Aristóteles, dentro de uma visão cristã, na sua obra Summa Theológica.

No setor científico, Roger Bacon (1214/1294) defensor da observação e da experimentação como


norma científica.
EXERCÍCIOS

1) (UnB) - Sobre o feudalismo, podemos afirmar que:

(0) na economia feudal não existia o comércio como atividade permanente e organizada; os
produtos eram trocados diretamente, sem a utilização do dinheiro;

(1) no apogeu do feudalismo, a sociedade era formada pelo clero, nobreza e camponeses e se
caracterizava por grande mobilidade social;

(2) as relações de trabalho baseavam-se na servidão; o servo entregava ao senhor feudal uma parte
do que produzia e ainda trabalhava para ele em troca da proteção militar;

(3) os camponeses constituíam a grande maioria da sociedade feudal;

(4) no feudalismo, o poder político estava concentrado na pessoa do rei.

2) (PUC)- A característica marcante do feudalismo, sob o ponto de vista político, foi o


enfraquecimento do estado enquanto instituição, porque:

a) a inexistência de um governo central forte contribuiu para a decadência e o empobrecimento da


nobreza;
b) a prática do enfeudamento acabou por ampliar os feudos, enfraquecendo o poder político dos
senhores;
c) a soberania estava vinculada a laços de ordem pessoal, tais como a fidelidade e lealdade ao
suserano;

d) a proteção pessoal dada pelo senhor feudal a seus súditos onerava-lhe as rendas;

e) a competência política para centralizar o poder, reservada ao rei, advinha da origem divina da
monarquia.

3) (GV) A crise do sistema feudal pode ser explicada:

a) a partir do desenvolvimento comercial, que gerou a economia monetária e desintegrou a


economia natural;
b) a partir da contradição do próprio sistema feudal, cujas relações de trabalho eram incompatíveis
com a ampliação do mercado consumidor;

c) pelo desenvolvimento da economia capitalista, que liqüidou a economia de consumo feudal;

d) pelo surgimento das cidades e a conseqüente atração dos servos para os núcleos urbanos,
despovoando o campo;

e) por causa da centralização do poder político, que liqüidou o poder senhorial.

4) (FUVEST) Na Idade Média praticava-se a indústria artesanal, através de associações


profissionais denominadas "corporações de ofício". As corporações de ofício eram:

a) associações de profissionais que exerciam a mesma atividade dentro do burgo;

b) o mesmo que "ligas para o livre-comércio";

c) associações de burgos para proteção do mercado;

d) associações de profissionais de vários ofícios dentro do burgo;

e) associações internacionais de ligas profissionais.

5) (FUVEST) A proliferação das universidades medievais no século XIII, responsável por


importantes transformações culturais, está relacionada com:

a) o renascimento cultural promovido por Carlos Magno e pelos homens cultos que ele atraiu para
sua corte;

b) a invenção da imprensa, que possibilitou a reprodução dos livros a serem consultados por mestres
e alunos;

c) a importância de se difundir o ensino do latim, lingua utilizada pela Igreja para escrever tratados
teológicos, cartas e livros;

d) o crescimento do comércio, o desenvolvimento das cidades e as aspirações de conhecimento da


burguesia;
e) a determinação de eliminar a ignorância e o analfabetismo da chamada "Idade das Trevas".
6) (ACAFE) - Entre as causas da decadência do feudalismo, é correto mencionar:
I. o Renascimento Comercial e Urbano;
II. o aparecimento de uma nova classe social: a burguesia;

III. a Guerra dos Cem Anos, envolvendo França e Inglaterra; IV. a união do rei e dos senhores
feudais de terras, visando à

centralização política; As alternativas corretas são:

a) I e IV

d) II, III e IV

b) II e III e) I, II e III

c) I e II

7)(FUVEST) No século XIII, os barões ingleses, contando com o apoio de alguns mercadores e
religiosos, sublevaram-se contra as pesadas taxas e outros abusos. O rei João Sem Terra acabou
aceitando as exigências dos vassalos rebelados e assinou a Magna Carta. Pode-se afirmar que esse
documento representa um importante legado do mundo medieval porque:

a) reafirmava o princípio do poder ilimitado dos monarcas para fixar novos tributos;

b) freou as lutas entre os cavaleiros e instituiu o Parlamento, subdividido em duas Câmaras;

c) assegurava antigas garantias a uma minoria privilegiada, mas veiculava princípios de liberdade
política;

d) limitou as ambições políticas dos papas, mesmo em se tratando de um contrato feudal;

e) proclamava os direitos e as liberdades do homem do povo através de 63 artigos.

8) (FUVEST) - Durante a Baixa Idade Média, as feiras constituíam:

a) um instrumento de comércio local das cidades para abastecimento cotidiano de seus habitantes;

b) áreas exclusivas de câmbio das diversas moedas européias;

c) locais de comércio de amplitude continental, que dinamizaram a economia da época;

d) locais fixos para comercialização da produção dos feudos;


e) instituições carolíngias para renascimento do comércio, abalado pelo domínio sarraceno no
Mediterrâneo.

Respostas : 1)
VFVVF
2) C
3) B
4) A
5) D
6) E
7) C 8) C

05- RENASCIMENTO CULTURAL.

O Renascimento foi um movimento histórico ocorrido - inicialmente na Itália e difundido pela


Europa - entre os séculos XV e XVI. Foi caracterizado pela crítica aos valores medievais e pela
revalorização dos valores da Antigüidade Clássica ( greco-romana ).

Foi na cidade de Florença que os textos clássicos passaram a ser estudados e as idéias renascentistas
difundiram-se para outras cidades italianas e , posteriormente, para outras regiões da Europa.

Itália no século XV.

O berço do Renascimento foi a Itália em virtude de uma série de fatores:

Intenso desenvolvimento comercial das cidades italianas que exerciam o monopólio sobre o
comércio no mar Mediterrâneo;

Desenvolvimento e ascensão de uma nova classe social - a burguesia comercial - que passava a
difundir novos hábitos de consumo;

O urbanismo e a disseminação do luxo e da opulência;

Influência da cultura grega, através do contato comercial das cidades italianas com o Oriente,
especialmente Constantinopla;

O Mecenato, prática exercida pelos burgueses, príncipes e papas, de financiar os artistas,


procurando mostrar o poderio da cidade e ampliar o prestígio pessoal;
A vinda de sábios bizantinos para a Itália após a conquista de Constantinopla pelos turcos
Otomanos;

A presença, em solo italiano, da antigüidade clássica.

Aspectos da Renascença.

Os homens que viviam sob a Renascença criticavam a cultura medieval, excessivamente


teocêntrica, e defendiam uma nova ordem de valores.
Os principais aspectos do Renascimento foram:
a) o racionalismo e o abandono do mundo sobrenatural;
b) o antropocentrismo, onde o homem é o centro de tudo;

1 c) o universalismo, caracterizado pela descoberta do mundo;

d) o naturalismo, acentuando o papel da natureza;

e) o individualismo, valorizando o talento e o trabalho;


f) o humanismo.
O Humanismo

Humanista era um sábio que criticava os valores medievais e defendia uma nova ordem de idéias.
Valorizava o progresso e buscava revolucionar o mundo através da educação.

Foi o grande responsável pela divulgação dos valores renascentista pela Europa.

Outro elemento responsável pela expansão das novas idéias foi a imprensa de tipos móveis,
inventada pelo alemão Johan Gutemberg, tornando mais fácil a reprodução de livros.

No Renascimento desenvolveram-se as artes plásticas, a literatura e os fundamentos da ciência


moderna.

Artes Plásticas.

As obras renascentistas são caracterizadas pelo naturalismo e retratam o dinamismo comercial do


período. Os estilos desenvolvidos levaram a uma divisão da Renascença em três períodos: o
Trecento (século XIV) , o Quattrocento ( século XV ) e o Cinquecento ( século XVI).

TRECENTO - destaque para a pintura de Giotto ( 1276/1336 ) que muito influenciou os demais
pintores;

QUATROCENTO - período de atuação dos Médicis, que financiaram os artistas. Lourenço de


Médici foi o grande mecenas da época.

2Destaques para Botticelli ( 1444/1510 ) e Leonardo da Vinci (1452/1519).

CINQUECENTO - O grande mecenas do período foi o papa Júlio II que pretendia reforçar a
grandiosidade e o poder de Roma. Iniciou as obras da nova basílica de São Pedro. O autor do
projeto foi Bramante e a decoração à cargo de Rafael Sânzio e Michelângelo.

Michelângelo ( 1475/1564 ) apesar de destacar-se como o pintor da capela Sistina foi o grande
escultor da Renascença.

Literatura.

Graças à imprensa, os livros ficaram mais acessíveis, facilitando a divulgação de novas idéias.

PRECURSORES

Três grandes autores do século XIV:

Dante Alighieri (1265/1321),autor de A Divina Comédia, uma crítica à concepção religiosa;


Francesco Petrarca, com a obra África e Giovanni Boccaccio que escreveu Decameron.

PRINCIPAIS NOMES.

ITÁLIA
Maquiavel, fundador da ciência política com sua obra O Príncipe, cuja tese central considera que os
fins justificam os meios. Contribuiu para o fortalecimento do poder real e lançou os fundamentos do
Estado Moderno.

Campanella, que relatou a miséria italiana no livro A Cidade do


Sol.

FRANÇA
Rabelais, que escreveu Gargântua e Pantagruel;
Montaigne, que foi o autor de Ensaios.

HOLANDA

3Erasmo de Roterdan, considerado o "príncipe dos humanistas" que satirizou e criticou a sociedade
da época. Sua obra-prima é O Elogio da Loucura ( 1569 ).

INGLATERRA

Thomas Morus, que escreveu Utopia e

Shakespeare, autor de magníficos textos teatrais.

ESPANHA

Miguel de Cervantes, com o clássico Dom Quixote de la Mancha.

PORTUGAL
Camões, que exaltou as viagens portuguesas na sua obra Os Lusíadas.

Ciência Moderna

O racionalismo contribuiu para a valorização da matemática, da experimentação e da observação


sistemática da natureza. Tais procedimentos inauguraram a ciência moderna. Principais nomes:

Nicolau Copérnico- demonstrou que o Sol era o centro do universo (heliocentrismo) em oposição ao
geocentrismo ( a Terra como o centro).

Giordano Bruno - divulgou as idéias de Copérnico na Itália.

Considerado herege foi queimado na fogueira em 1600.

Kepler - confirmou as teorias de Copérnico e elaborou uma série de enunciados referentes à


mecânica celeste.

Galileu Galilei - inaugurador da ciência moderna e aprofundou as idéias de Copérnico, pressionado


pela Igreja negou as suas idéias.

Crise do Renascimento
O Renascimento entra em decadência após a perda de prestígio econômico das cidades italianas, em
decorrência das Grandes Navegações - que muda o eixo econômico do Mediterrâneo para o

4Atlântico; e da Contra-Reforma Católica que limitou a liberdade de expressão.

A Reforma Religiosa.
Ao longo da Idade Média, a Igreja Católica afastou-se de seus ensinamentos, sendo por isto
criticada e considerada a responsável pelos sofrimentos do período: guerras, fomes e epidemias
seriam como castigos de Deus pelo afastamento da Igreja de seus princípios.

Precursores
John Wyclif ( 1300/1384) e João Huss ( 1369/1415 ).

Causas da Reforma

Além das questões religiosas, como o nicolaísmo e a simonia, outros elementos constribuíram para
o sucesso da Reforma:

A exploração dos camponeses pela Igreja - a Senhora feudal. A vontade de terras para o cultivo leva
esta classe a apoiar a Reforma;
Interesses da nobreza alemã nas terras eclesiásticas;

A condenação da usura pela Igreja feria os interesses da burguesia comercial;


O processo de centralização política, onde era interesses dos reis o enfraquecimento da autoridade
papal;

A centralização desenvolve o nacionalismo, aumentando a crítica sobre o poder de Roma em outras


regiões.

5Por que Alemanha.

Na Alemanha a Igreja Católica era muito rica e dominava amplas extensões territoriais, limitando a
expansão econômica da burguesia, inibindo o poder político da nobreza e causando insatisfação
camponesa.

Lutero e a Reforma.

Monge agostiniano que rompeu com a Igreja Católica em virtude da venda de indulgências,
efetuada pela Igreja para a construção da basílica de São Pedro pelo papa Leão X.

Lutero protestou através da exposição de suas 95 teses, condenando, entre outras coisas a venda das
indulgências.

Suas principais idéias reformistas eram:

Justificação pela fé - a única coisa que salva o homem é a fé, o homem está diante de Deus sem
intermediários;
A idéia de livre-exame, significa que todo homem poderia interpretar livrmente a Bíblia, segundo a
sua própria consciência;

Sendo assim, a Igreja e o Papado perdem sua função.

As idéias de Lutero agradaram a nobreza alemã que passou a se apropriar das terras eclesiásticas. A
revolta atingiu as massas camponesas -que queriam terras - e foi duramente criticada por Lutero.

Reforma Calvinista.

Defesa da teoria da predestinação, onde o destino do homem é condicionado por Deus. Dizia haver
sinais de que o indivíduo era predestinado por Deus para a salvação: o sucesso material e a vontade
de enriquecimento, pois a pobreza era tida como um desfavorecimento divino.

A valorização do trabalho, implícita na teoria; bem como a defesa do empréstimo de dinheiro a


juros contribuem para o desenvolvimento da burguesia e representam um estímulo para o acúmulo
de capitais.

6Reforma Anglicana.

Henrique VIII é o reformador da Inglaterra, através do Ato de Supremacia, aprovado em 1513, que
colocou a Igreja sob a autoridade real - nascimento da Igreja Anglicana.

A justificativa para o rompimento foi a negativa do papa Clemente VII em dissolver o casamento de
Henrique VIII com Catarina de Aragão.

Além disto, havia um enorme interesse do Estado nas propriedades eclesiásticas, para facilitar a
expansão da produção de lã.

A Contra-Reforma.

Diante do sucesso e da difusão das idéias protestantes, a Igreja Católica inicia a sua reforma,
conhecida como Contra-Reforma. As principais medidas - tomadas no Concílio de Trento - foram:

Proibição da venda de indulgências;

Criação de seminários para a formação do clero;

O Index - censura de livros;

Restabelecimento da Inquisição;
Manutenção dos dogmas católicos;
Proibida a livre interpretação da Bíblia;

Reafirmação da infalibilidade papal.

Com a Contra-Reforma é fundada a ordem religiosa Companhia de Jesus, fundada por Inácio de
Loyola em 1534, com o intuito de fortalecer a posição da Igreja Católica em países católicos e
difundir o catolicismo na Ásia e Ámerica.
EXERCÍCIOS.

1 (FATEC) No contexto do Renascimento, é correto afirmar que o humanismo:

1) apoiava-se em concepções nascidas na Antigüidade Clássica;


2) teve em Erasmo de Roterdan um de seus principais expoentes;

3) influenciou concepções que desencadearam a Reforma religiosa

4) inspirou uma verdadeira revolução cultural, iniciada na Itália;


5) contribuiu para o desenvolvimento dos estudos científicos.

2) (UFMG) - Todas as alternativas contém objetivos da política da Igreja Católica esboçada durante
o Concílio de Trento, exceto:

a) a expansão da fé cristã; b) a moralização do clero;

c) a reafirmação dos dogmas; d) a perseguição às heresias; e) o relaxamento do celibato.

3) Com relação ao Renascimento fora da Itália, podemos afirmar que:

a) o mesmo só poderia penetrar onde houvesse uma estrutura socieconômica ligada à formação do
capitalismo;

b) teve nas universidades um de seus maiores centros de propagação;

c) foi mais desenvolvido no campo literário e filosófico;


d) apresentou maior desenvolvimento artístico do que na Itália;

e) há apenas uma alternativa errada.

4)(UFSC) Sobre as várias fases do cristianismo, na história do

Mundo Ocidental, assinale as afirmações corretas:

1. Teve origem na Judéia, passando a ser difundido pelo Império Romano através da atuação dos
apóstolos.

2. O poder religioso da Igreja, na Idade Média, influiu nas atividades políticas, administrativas e
culturais.

3. A insatisfação em relação às atividades da Igreja culminou com o surgimento de várias


dissidências, cujo conjunto foi denominado "Reforma Religiosa".

4. O anseio de propagação da fé católica atingiu a América, através da ação dos jesuítas que
acompanhavam as
expedições colonizadoras.

5. A igreja Católica, na atualidade, vem enfrentando um intenso surgimento de novas "Igrejas".


5) (FUVEST) Sobre a Reforma Religiosa do século XVI, é correto afirmar que:
a) nas áreas em que ele penetrou, obteve ampla adesão em todas as camadas da sociedade;

b) foi um fenômeno elitista quanto o Renascimento, permanecendo afastada das massas rurais e
urbanas;

c) nada teve a ver com o desenvolvimento das modernas economias capitalistas;

d) fundamentou-se nas doutrinas de salvação pelas obras e na falibilidade da Igreja e da Bíblia;

e) acabou por ficar restrita à Alemanha luterana, à Holanda calvinista e à Inglaterra anglicana.

6) (GV) O Renascimento Cultural, na Inglaterra, caracterizou-se principalmente pela produção de


obras nos campos da:

a) Escultura e Música b) Pintura e Filosofia c) Literatura e Escultura d) Música e Pintura f)


Filosofia e Literatura

Respostas dos exercícios

1) todas verdadeiras
2) E
3) C

4) Todas verdadeiras
5) A
6) E

06- Absolutismo/mercantilismo.

O ABSOLUTISMO MONÁRQUICO.

CONCEITO: Entende-se por Absolutismo, o processo de centralização política nas mãos do rei. É
resultado da evolução política das Monarquias Nacionais, surgidas na Baixa Idade Média; fruto da
aliança rei - burguesia.

FATORES DO ABSOLUTISMO

1.Aliança rei - burguesia:

A burguesia possuía um interesse econômico na centralização do poder político: a padronização


monetária, dos pesos e medidas. Adoção de mecanismos protecionistas, garantindo a expansão das
atividades comerciais; a adoção de incentivos comerciais contribuía para o enfraquecimento da
nobreza feudal e este enfraquecimento- em contrapartida- garantia a supremacia política do rei.

2.Reformas Religiosas:

A decadência da Igreja Católica e a falência do poder papal contribuíram para o fortalecimento do


poder real.
Durante a Idade Média, o poder estava dividido em três esferas:

poder local, exercido pelo nobreza medieval;

poder nacional, exercido pela Monarquia;

poder universal, exercido pelo Papado.

Assim, o processo de aliança rei - burguesia auxiliou no enfraquecimento do poder local; as


reformas religiosas minaram o poder universal colaborando para a consolidação do poder real.

3.Elementos Culturais:

O desenvolvimento do estudo de Direito nas universidades e a preocupação em legitimar o poder


real. O Renascimento Cultural contribuiu para um retorno ao Direito Romano.

MECANISMOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

A) Criação de um Exército Nacional: Instrumento principal do processo de centralização política.


Formado por mercenários, com a intenção de enfraquecer a nobreza e não armar os camponeses.

B) Controle do Legislativo: Todas as decisões do reino estavam controladas diretamente pelo rei,
que possuía o direito de criar as leis.

C) Controle sobre a Justiça: Criação do Tribunal Real, sendo superior aos tribunais locais
( controlados pelo senhor feudal ).

D) Controle sobre as Finanças: intervenção na economia, mediante o monopólio da cunhagem de


moedas, da padronização monetária, a cobrança de impostos, da criação de Companhias de
Comércio e a imposição dos monopólios.

E) Burocracia Estatal: corpo de funcionários que auxilia na administração das obras públicas,
fortalecimento o controle do Estado e, conseqüentemente , o poder real.

TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO MONÁRQUICO

Nicolau Maquiavel ( 1469/1525 ) - Responsável pela secularização da política, ou seja, ele supera a
relação entre ética cristã e política. Esta superação fica clara na tese de sua principal obra, O
Príncipe - segundo a qual "os fins justificam os meios".

Maquiavel subordina o indivíduo ao Estado, tornando-se assim no primeiro defensor do


absolutismo.

Thomas Hobbes ( 1588/1679 ) - Seu pensamento está centrado em explicar as origens do Estado.
De acordo com Hobbes, o homem em seu estado de natureza é egoísta. Este egoísmo gera prejuízos
para todos.

Procurando a sociabilidade, os homem estabelece um pacto: abdica de seus direitos em favor do


soberano, que passa a Ter o poder absoluto. Assim, o estado surge de um contrato.
A idéia de contrato denota características burguesas, demonstrando uma visão individualista do
homem ( o indivíduo preexiste ao Estado ) e o pacto busca garantir e manter os interesses dos
indivíduos.

A obra principal de Hobbes é "Leviatã".

Jacques Bossuet ( 1627/1704 ) e Jean Bodin ( 1530/1596 )

Defensores da idéia de que a autoridade real era concedia por Deus. Desenvolvimento da doutrina
do absolutismo de direito divino - o rei seria um representante de Deus e os súditos lhe devem total
obediência.

Absolutismo na península Ibérica

PORTUGAL- Primeiro país a organizar o Estado Moderno. Centralização política precoce em


virtude da Guerra de Reconquista-cristãos contra muçulmanos.

A centralização do Estado Português ocorreu em 1385, com a Revolução de Avis, onde o Mestre da
Ordem de Avis ( D. João ), com o apoio da burguesia mercantil consolidou o centralismo político.

ESPANHA- O processo de centralização na Espanha também está relacionado com a Guerra de


Reconquista e foi fruto de uma aliança entre o Reino de Castela e o Reino de Aragão, em 1469 e
consolidado em 1492 - com a expulsão definitiva dos mouros da península.

Absolutismo na França
A consolidação do absolutismo francês está relacionado com a Guerra do Cem Anos:
enfraquecimento da nobreza feudal e fortalecimento do poder real.

A principal dinastia do absolutismo francês foi a dos Bourbons:

Henrique IV ( 1593/1610 )- precisou abandonar o protestantismo para ocupar o trono real.


Responsável pelo Édito de Nantes (1598 ) que concedeu liberdade religiosa aos protestantes.

Luís XIII ( 1610/1643 )- Em seu reinado, destaque para a atuação de seu primeiro-ministro o
cardeal Richelieu.

A política de Richelieu visava dois grandes objetivos: a consolidação do absolutismo monárquico


na França e estabelecer, no plano externo, a supremacia francesa na Europa. Para conseguir este
último objetivo, Richelieu envolveu a França na guerra dos Trinta Anos (1618/1648), contra a os
Habsburgos austríacos e espanhóis.

Luís XIV ( 1643/1715 ) - O exemplo máximo do absolutismo francês, denominado o "rei-sol".


Organizou a administração do reino para melhor controle de todos os assuntos. Governava através
de decretos e submeteu a nobreza feudal e a burguesia mercantil.

Levou ao extremo a idéia do absolutismo de direito divino.

Um dos principais nomes de seu governo foi o ministro Colbert, responsável pelas finanças e dos
assuntos econômicos.
A partir de seu reinado a França inicia uma crise financeira, em razão das sucessivas guerras
empreendidas por Luís XIV. A crise será acentuada com o Édito de Fontainebleau, decreto real que
revogou o Édito de Nantes. Com isto, muitos protestantes abandonam a França, contribuindo para
uma diminuição na arrecadação de impostos.

A crise do absolutismo prossegue no reinado de Luís XV e atingirá o a ápice com Luís XVI e o
processo da Revolução Francesa.

Absolutismo na Inglaterra

O apogeu do absolutismo inglês deu-se com a Dinastia Tudor, família que ocupa o poder após a
Guerra das Duas Rosas:

Henrique VIII ( 1509/1547 ) - Empreendeu a Reforma Anglicana, após o Ato de Supremacia


( 1534 ). Com a reforma, o Estado controla as propriedades eclesiásticas impulsionando a expansão
comercial inglesa.

Elizabeth I ( 1558/1603 ) - Implantou definitivamente o anglicanismo, mediante uma violenta


perseguição aos católicos e aos protestantes.

Iniciou uma política naval e colonial - caracterizada pela destruição da Invencível Armada
espanhola e a fundação da primeira colônia inglesa na América do Norte - Virgínia ( 1584 ).

Em seu reinado a Inglaterra realiza uma grande expansão comercial, com a formação de
Companhias de Comércio e fortalecendo a burguesia.

Com a morte de Elizabeth I ( 1603 ), inicia-se uma nova dinastia - Stuart - marcada pela crise do
absolutismo inglês.

O MERCANTILISMO

CONCEITO: Política econômica do Estado Moderno baseada no acúmulo de capitais.

A acumulação de capitais dá-se pela atividade comercial, daí o mercantilismo apresentar uma série
de práticas para o desenvolvimento das práticas comerciais.

OBJETIVOS: A intervenção do estado nos assuntos econômicos visava o fortalecimento do Estado


e o Enriquecimento da burguesia.

PRÁTICAS MERCANTILISTAS

Para conseguir o acúmulo de capitais, a política mercantilista apresentará os seguintes elementos:

Balança comercial favorável: medida que visava a evasão monetária. A exportação maior que a
importação auxiliava a manter as reservas de ouro.

Metalismo (bulionismo): necessidade de acumular metais preciosos (ouro e prata ).


Intervencionismo estatal: forte intervenção do Estado na economia, com o intuito de desenvolver a
produção agrícola, comercial e industrial. O Estado passa a adotar medidas de caráter protecionista -
estimular a exportação e inibir a importação, impondo pesadas tarifas alfandegárias.

Monopólios: elemento essencial do protecionismo econômico. O Estado garante o exclusivismo


comercial sobre um determinado produto e/ou uma determinada área.

TIPOS DE MERCANTILISMO

Cada Estado Moderno buscará a acumulação de capitais obedecendo suas próprias especificidades.

PORTUGAL - Mercantilismo agrário, o acúmulo de capitais virá da atividade agrícola na colônia


( Brasil ).

ESPANHA - Metalismo, em razão da grande quantidade de ouro e prata da América. O grande


afluxo de metais trouxe uma alta dos preços das mercadorias e desencadeou uma enorme inflação.
Este processo é conhecido como revolução dos preços.

FRANÇA: Produção de artigos de luxo para a exportação. Também conhecido como colbertismo,
por causa do ministro Jean Colbert.

INGLATERRA: Num primeiro momento, a Inglaterra consegue acúmulo de capitais através do


comércio, principalmente após o Ato de Navegação de 1651. O grande desenvolvimento comercial
vai impulsionar a indústria. Esta última se tornará na atividade principal para a Inglaterra conseguir
o acúmulo de capitais.

HOLANDA: desenvolve o mercantilismo misto, ou seja, comercial e industrial.

MERCANTILISMO E FORMAÇÃO DO SISTEMA COLONIAL

A principal dificuldade do mercantilismo residia na necessidade que todos os países tinham de


manter uma balança comercial favorável, ou seja, todos queriam exportar, porém nenhum gostava
de importar.

Para solucionar este problema e que será montado o Sistema Colonial. As áreas coloniais, mediante
o denominado pacto colonial, auxiliava a Europa no processo de acumulação de capitais ao vender -
apreços muito baixos - matéria-prima e comprar - a preços elevados, os produtos manufaturados.

CONSEQÜÊNCIAS

O processo de acúmulo de capitais, impulsionado o capitalismo; A formação do Sistema Colonial


Tradicional ( séculos XVI/XVIII); O desenvolvimento do escravismo moderno, onde o escravo é
visto como mão-de-obra e mercadoria.

EXERCÍCIOS

1) (Unitau-SP) São características do mercantilismo:

a) livre cambismo, fomento às indústrias, balança comercial favorável;


b) fomento às indústrias, tarifas protecionistas, metalismo, leis de mercado;
c) livre cambismo, pacto colonial, intervencionismo estatal;
d) monopólio, livre cambismo, tarifas protecionistas, metalismo;

e) balança comercial favorável, metalismo, tarifas protecionistas, intervencionismo estatal.

2) (FGV-SP) Acerca do absolutismo na Inglaterra, NÃO é possível afirmar que:

a) fortaleceu-se com a criação da Igreja Anglicana;

b) foi iniciado por Henrique VIII, da dinastia Tudor, e consolidado no longo reinado de sua filha
Elizabeth I;

c) a política mercantilista intervencionista foi fundamental para a sua solidificação;

d) foi conseqüência da guerra das Duas Rosas, que eliminou milhares de nobres e facilitou a
consolidação da monarquia centralizada;

e) o rei reinava mas não governava, a exemplo do que ocorreu durante toda a modernidade.

3) (UFRN) O sistema de colonização objetivado pela política mercantilista tinha em mira:

a) criar condições para a implantação do absolutismo;

b) permitir à economia metropolitana o máximo de auto-suficiência e situá-la vantajosamente no


comércio internacional, pela criação de complementos à economia nacional;

c) evitar os conflitos internos, resultantes dos choques entre feudalismo e capitalismo, que
entravavam o desenvolvimento dos países europeus;

d) ganhar prestígio internacional;

e) obter a garantia de acessos às fontes de matérias-primas e aos mercados consumidores no


ultramar.

4) (FUVEST) No processo de formação dos Estados Nacionais da França e da Inglaterra, podem ser
identificados os seguintes aspectos:

a) Fortalecimento do poder da nobreza e retardamento da formação do Estado Moderno;

b) Ampliação da dependência do rei em relação aos senhores feudais e à Igreja;

c) Desagregação do feudalismo e centralização política;


d) Diminuição do poder real e crise do capitalismo comercial;
e) Enfraquecimento da burguesia e equilíbrio entre Estado e Igreja.

5) (PUC) Na obra O Príncipe , Maquiavel defendia o absolutismo como forma de consolidar e


fortalecer o Estado. Entre seus argumentos destaca-se:

a) a necessidade de o governante cercar-se de bons conselheiros, com os quais dividiria o poder;


b) a idéia de que somente a lei moral e religiosa limitaria os poderes do rei;

c) a constante utilização da guerra como meio de demonstrar a força do Estado;

d) o reconhecimento de que todos os meios utilizados para defender os interesses do governante e


do Estado seriam justificados;

e) o princípio da constante mudança das instituições , para que elas se adequassem sempre às novas
situações.

6) (FUVEST) O Estado Moderno absolutista atingiu seu maior poder de atuação no século XVII.
Na arte e na economia suas expressões foram, respectivamente:

a) rococó e liberalismo b) renascentismo e capitalismo


c) barroco e mercantilismo d) maneirismo e colonialismo e) classiscismo e economicismo.

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

1E 2E 3B 4C 5D 6C

Aula 07 Expansão Marítima Européia.

A expansão marítima européia, processo histórico ocorrido entre os séculos XV e XVII, contribuiu
para que a Europa superasse a crise dos séculos XIV e XV.

Através das Grandes Navegações há uma expansão das atividades comerciais, contribuindo para o
processo de acumulação de capitais na Europa.

O contato comercial entre todas as partes do mundo ( Europa, Ásia, África e América ) torna
possível uma história em escala mundial, favorecendo uma ampliação dos conhecimento
geográficos e o contato entre culturas diferentes.

Fatores para a Expansão Marítima.

A expansão marítima teve um nítido caráter comercial, daí definir este processo como uma empresa
comercial de navegação, ou como grandes empreendimentos marítimos. Para o sucesso desta
atividade comercial o fator essencial foi a formação do Estado Nacional.

Formação do Estado Nacional e a centralização política- as Grandes Navegações só foram possíveis


com a centralização do poder político, pois fazia-se necessário uma complexa estrutura material de
navios, armas, homens, recursos financeiros. A aliança rei-burguesia possibilitou o alcance destes
objetivos tornando viável a expansão marítima.

Avanços técnicos na arte náutica- o aprimoramento dos conhecimentos geográficos, graças ao


desenvolvimento da cartografia; o desenvolvimento de instrumentos náuticos- bússola, astrolábio,
sextante - e a construção de embarcações capazes de realizar viagens a longa distância, como as
naus e as caravelas.
Interesses econômicos- a necessidade de ampliar a produção de alimentos, em virtude da retomada
do crescimento demográfico; a necessidade de metais preciosos para suprir a escassez de moedas;
romper o monopólio exercido pelas cidades italianas no Mediterrâneo - que contribuía para o
encarecimento das mercadorias vindas do Oriente; tomada de Constantinopla, pelo turcos
otomanos, encarecendo ainda mais os produtos do Oriente.

Sociais- o enfraquecimento da nobreza feudal e o fortalecimento da burguesia mercantil.

Religiosos- a possibilidade de conversão dos pagãos ao cristianismo mediante a ação missionária da


Igreja Católica.

Expansão marítima portuguesa

Portugal foi a primeira nação a realizar a expansão marítima. Além da posição geográfica, de uma
situação de paz interna e da presença de uma forte burguesia mercantil; o pioneirismo português é
explicado pela sua centralização política que, como vimos, era condição primordial para as Grandes
Navegações.

A formação do Estado Nacional portugês está relacionada à Guerra de Reconquista - luta entre
cristãos e muçulmanos na península Ibérica.

A primeira dinastia portuguesa foi a Dinastia de Borgonha ( a partir de 1143 ) caracterizada pelo
processo de expansão territorial interna.

Entre os anos de 1383 e 1385 o Reino de Portugal conhece um movimento político denominado
Revolução de Avis - movimento que realiza a centralização do poder político: aliança entre a
burguesia mercantil lusitana com o mestre da Ordem de Avis, D. João. A Dinastia de Avis é
caracterizada pela expansão externa de Portugal: a expansão marítima.

Etapas da expansão

A expansão marítima portuguesa interessava à Monarquia, que buscava seu fortalecimento; à


nobreza, interessada em conquista de terras; à Igreja Católica e a possibilidade de cristianizar outros
povos e a burguesia mercantil, desejosa de ampliar seus lucros.

A seguir, as principais etapas da expansão de Portugal:

1415 - tomada de Ceuta, importante entreposto comercial no norte da África;

1420- ocupação das ilhas da Madeira e Açores no Atlântico;


1434 chegada ao Cabo Bojador;
1445 chegada ao Cabo Verde;
1487 Bartolomeu Dias e a transposição do Cabo das Tormentas;
1498 - Vasco da Gama atinge as Índias ( Calicute );
1499- viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.

Expansão marítima espanhola

A Espanha será um Estado Nacional somente em 1469, com o casamento de Isabel de Castela e
Fernando de Aragão. Dois importantes reinos cristãos que enfrentaram os mouros na Guerra de
Reconquista.
No ano de 1492 o último reduto mouro - Granada - foi conquistado pelos cristãos; neste mesmo
ano, Cristovão Colombo ofereceu seus serviços aos reis da Espanha.

Colombo acreditava que, navegando para oeste, atingiria o Oriente. O navegante recebeu três navios
e, sem saber chegou a um novo continente: a América.

A seguir a principais etapas da expansão espanhola:

1492 - chegada de Colombo a um novo continente, a América;

1504 - Américo Vespúcio afirma que a terra descoberta por

Colombo era um novo continente;

1519 a 1522 - Fernão de Magalhães realizou a primeira viagem de circunavegação do globo.

As rivalidades Ibérica

Portugal e Espanha, buscando evitar conflitos sobre os territórios descobertos ou a descobrir,


resolveram assinar um acordo - proposto pelo papa Alexandre VI - em 1493: um meridiano
passando 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo as terras entre Portugal e Espanha.
Portugal não aceitou o acordo e no ano de 1494 foi assinado o Tratado de Tordesilhas.

O tratado de Tordesilhas não foi reconhecido pelas demais nações européias.

Navegações Tardias

Inglaterra, França e Holanda.

O atraso na centralização política justifica o atraso destas nações na expansão marítima:

A Inglaterra e França envolveram-se na Guerra dos Cem Anos(1337-1453) e, após este longo
conflito, a inglaterra passa por uma guerra civil - a Guerra das Duas Rosas ( 1455-1485 ); já a
França, no final do conflito com a Inglaterra enfrenta um período de lutas no reinado de Luís XI
( 1461-1483).

Somente após estes conflitos internos é que ingleses, durante o reinado de Elizabeth I ( 1558-
1603 ); e franceses, durante o reinado de Francisco I iniciaram a expansão marítima.

A Holanda tem seu processo de centralização política atrasado por ser um feudo espanhol. Somente
com o enfraquecimento da Espanha e com o processo de sua independência é que os holandeses
iniciarão a expansão marítima.

CONSEQÜÊNCIAS

As Grandes navegações contribuíram para uma radical transformação da visão da história da


humanidade. Houve uma ampliação do conhecimento humano sobre a geografia da Terra e uma
verdadeira Revolução Comercial, a partir da unificação dos mercados europeus, asiáticos, africanos
e americanos.

A seguir algumas das principais mudanças:


A decadência das cidades italianas; a mudança do eixo econômico-do mar Mediterrâneo para o
oceano Atlântico; a formação do Sistema Colonial; enorme afluxo de metais para a Europa
proveniente da América; o retorno do escravismo em moldes capitalistas; o eurocentrismo, ou a
hegemonia européia sobre o mundo; e o processo de acumulação primitiva de capitais resultado na
organização da formação social do capitalismo.

EXERCÍCIOS

1) (PUCCamp-SP) - o processo de colonização européia da América, durante os séculos XVI,XVII


e XVIII, está ligado à:

a) expansão comercial e marítima, ao fortalecimento das monarquias nacionais absolutas e à política


mercantilista.

b) Disseminação do movimento cruzadista, ao crescimento do comércio com os povos orientais e à


política livre-cambista.

c) Política imperialista, ao fracasso da ocupação agrícola das terras e ao crescimento do comércio


bilateral. Criação das companhias de comércio, ao desenvolvimento do modo feudal de produção e
à política liberal.

d) Política industrial, ao surgimento de um mercado interno consumidor e ao excesso de mão-de-


obra livre.

2) (Cesup/Unaes/Seat-MS)- Na expansão da Europa, a partir do século XV, encontramos


intimamente ligados à sua história:

a) a participação da espanha nesse empreendimento, por interesse exclusivo de Fernando de Aragão


e Isabel de Castela, seus soberanos na época;

b) a descoberta da América, em 1492, anulou imediatamente o interesse comercial da Europa com o


Oriente;

c) o tratado de Tordesilhas, que dividia as terras descobertas entre Portugal e Espanha, sob
fiscalização e concordância da França, Inglaterra e Holanda;

d) Portugal, imediatamente após o descobrimento do Brasil, iniciou a colonização, extraindo muito


ouro para a Europa, desde 1500;

e) O pioneirismo purtuguês.

3)(PUC-MG) O descobrimento da América, no início dos tempos modernos, e posteriormente a


conquista e colonização, considerando-se a mentalidade do homem ibérico, permitem perceber que,
EXCETO:

a) O colonizador, ao se dar conta da perda do paraíso terrestre, do maravilhoso, lançou-se à


reprodução da cenografia européia da América;
b) O colonizador, negando o que pudesse parecer novo, preferiu ver apenas o seu reflexo no espelho
da história;

c) Colombo se recusava a ver a América, preferindo manter seus sonhos de que estaria próximo ao
Oriente;

d) O processo de descrição e observação do novo continente envolvia basicamente a manutenção do


universo indígena;

e) A conquista representou a possibilidade de transplante e difusão dos padrões culturais europeus


na América.

3) Portugal e Espanha foram as primeiras nações a lançarem-se nas Grandes Navegações. Isto
deveu-se, basicamente a/ao:

a) enorme quantidade de capitais acumulados nestas duas nações desde o renascimento comercial
na Baixa Idade Média;

b) processo de centralização política favorecido pela Guerra de Reconquista;

c) diferentemente de outras nobrezas, a nobreza portuguesa e espanhola estavam fortalecidas e


conseguiram financiar o projeto de expansão marítima;

d) o desenvolvimento industrial da península Ibérica forçou estas nações a buscarem mercados


consumidores e fornecedores;

e) espírito aventureiro de portugueses e espanhóis.

4) Entre as conseqüências da Expansão Marítima, NÃO encontramos:

a) a formação do Sistema Colonial;


b) o desenvolvimento do eurocentrismo;

c) a expansão do regime assalariado da Europa para a América;

d) início do processo de acumulação de capitais, impulsionando o modo de produção capitalista;

e) introdução do trabalho escravo na América.

Respostas dos exercícios.

1) A 2) E 3) D 4) C 5) C

AULA 08 O Sistema Colonial

O chamado Sistema Colonial Tradicional desenvolveu-se , na América, entre os séculos XVI e


XVIII. Sua formação está intimamente ligada às Grandes Navegações e seu funcionamento obedece
aos princípios do Mercantilismo.
Como vimos, o Estado Moderno, através das práticas mercantilistas, buscava o acúmulo de capitais
e as colônias irão contribuir de forma decisiva para este processo. Assim, através da exploração
colonial os Estados Metropolitanos se enriquecem- como também sua burguesia.

O Sistema Colonial Tradicional conheceu dois tipos de colônias: a colônia de povoamento e a


colônia de exploração.

COLÔNIA DE POVOAMENTO: característica das zonas temperadas da América do Norte e


marcada por uma organização econômico-social que buscava manter semelhanças com suas origens
européias: predomínio da pequena propriedade, desenvolvimento do mercado interno, certo
desenvolvimento urbano, valorização dos princípios de liberdade ( religiosa, econômica, de
imprensa ), utilização do trabalho livre, desenvolvimento industrial e desenvolvimento do comércio
externo.

COLÔNIA DE EXPLORAÇÃO: típica das zonas tropicais da América, onde predomina a


agricultura tropical escravista e monocultora. Não houve desenvolvimento de núcleos urbanos nem
do mercado interno, ficando esta área dependente da Metrópole. A principal característica desta
área foi a Plantation- latifúndio, monocultor escravocrata.

A colonização inglesa na América do Norte apresentou as duas formas colonias. As treze colônias
inglesas pode assim ser divididas: as colônias do norte e do centro serão colônias de povoamento; as
colônias do sul serão colônias de exploração.

As colônias do norte tiveram suas origens nas lutas socias que ocorreram na Inglaterra, quais sejam,
as perseguições aos puritanos pela Dinastia Stuart ( 1603/1642 ). Com a Revolução Puritana
(1640/1660) o contigente que chega à colônia é basicamente formado por nobres aristocráticos.

Desde cedo, os colonos do norte demonstram sua vocação comercial, dinamizando o mercado
externo através do chamado "comércio triangular".

A título de exemplificação, segue uma forma do comércio triangular:

Da Nova Inglaterra com a África - comércio do rum, que seria trocado por escravos;

Da África para as Antilhas - comércio de escravos, que seriam vendidos para o trabalho nas
fazendas de açúcar;

Das Antilhas para a Nova Inglaterra - melaço - subproduto da cana para a fabricação do rum.

Já as colônias do sul desenvolveram-se obedecendo os critérios do mercantilismo ( monopólio ).


Houve predomínio do latifúndio monocultor ( algodão ) e utilização da mão-de-obra escrava.

As colônias de exploração irão apresentar aspectos comuns, quanto a sua organização econômica.

Aspectos da economia colonial.

Uma economia colonial, área de exploração vai apresentar os seguintes elementos:

Economia complementar e especializada- a principal função de uma colônia era complementar a


economia metropolitana, produzindo artigos que pudessem ser vendidos a altos preços no mercado
europeu; daí sua especialização em certos gêneros tropicais, como tabaco, algodão e cana-de-
açúcar.

Integrada ao capitalismo - a economia colonial atendia os interesses do capitalismo europeu. A


utilização da mão-de-obra escrava não representa um paradoxo, ao contrário, foi mais um elemento
utilizado para o processo de acumulação de capitais. O tráfico negreiro era altamente lucrativo.

Pacto colonial - o elemento definidor das relações entre Metrópole e colônia, foi o monopólio. Este
será implantado através do pacto colonial, onde a colônia é obrigada a enviar para a Metrópole
matérias-primas (gêneros tropicais e metais preciosos) e comprar da Metrópole artigos
manufaturados e escravos.

Através das relações coloniais, foi possível o desenvolvimento pleno do capitalismo na Europa. O
objetivo máximo do mercantilismo - o acúmulo de capitais - só foi possível em virtude da existência
de uma área extraterritorial auxiliando a Europa em manter uma balança comercial favorável.

EXERCÍCIOS

1) (VUNESP) A transição gradativa do mundo medieval para o mundo moderno dependeu da


conjugação de inúmeros fatores, europeus e extra-europeus, que ganharam dimensões e
características novas. A inserção do mundo não-europeu no contexto do colonialismo mercantilista,
inaugurado pelos Grandes Descobrimentos, contribui para:

a) a aceitação, sem resistência, da tutela cultural que o europeu pretendeu exercer sobre os povos da
África e da Ásia;

b) acarretar profunda contenção na expansão civilizatória do mundo pré-colombiano;

c) o indígena demonstrar sua inadaptabilidade racial para o trabalho;

d) que o tráfico negreiro, operação comercial rentável, fosse ativado, tendo em vista a apatia e
preguiça evidenciadas pelo ameríndio;

e) a montagem de um modelo político-administrativo caracterizado pela não intervenção do Estado


na vida das colônias.

2) (CESGRANRIO) Assinale a opção que caracteriza a economia colonial, estruturada como


desdobramento da expansão mercantil européia da Época Moderna:

a) a descoberta de ouro no final do século XVII aumentou a renda colonial, favorecendo o


rompimento dos monopólios que regulavam as relações com a metrópole;

b) o caráter exportador da economia colonial foi lentamente alterado pelo crescimento dos setores
de subsistência, QUE disputavam as terras e os escravos disponíveis para a produção;

c) a lavoura de produtos tropicais e as atividades extrativas foram organizadas para atender aos
interesses da política mercantilista européia;

d) a implantação da empresa agrícola representou o aproveitamento, na América, da experiência


anterior dos portugueses em suas colônias orientais;
e) a produção de abastecimento e o comércio interno foram os principais mecanismos de
acumulação da economia colonial.

3) ( UFPR)- A respeito do mercantilismo e das relações metrópole-colônia, é correto afirma que:

01) a colônia só podia produzir o que a metrópole pudesse revender com lucro no mercado europeu;

02) a colônia estava autorizada a desenvolver indústrias locais, cujos produtos pudessem garantir
seu desenvolvimento autônomo;

3) a acumulação de saldos positivos, convertidos em metais preciosos, fazia parte da política


mercantilista, em benefício da metrópole;

4) dentro da política mercantilista, o tráfico de escravos tornou-se uma das formas eficazes de
acumulação da capitais;

05) o monopólio comercial não era fundamental para a metrópole, que dava às colônias liberdade de
comércio;

6) a produção da colônia permitia à metrópole disputar e conquistar mercados, favorecendo o


acúmulo de metais preciosos, nos termos da prática mercantilista

4) (MACK) Pode ser considerada uma característica do Sistema Colonial:

a) a adoção, por parte das metrópoles, de uma política liberal que facilitou a emancipação das
colônias;

b) a não-intervenção do Estado na economia e o incentivo às atividades naturais;

c) a extinção do trabalho escravo e o desenvolvimento econômico das áreas coloniais;

d) a economia voltada para o mercado interno e para a acumulação no detor colonial;

e) o monopólio comercial metropolitano e sua influência no enriquecimento da burguesia e no


desenvolvimento do capitalismo.

Respostas dos exercícios

1) B 2) C 3) V F V V F V 4) E

Aula 12 A Crise do Sistema Colonial.

A partir do século XVIII, a América Colonial passa a conhecer movimentos que reivindicam a
separação política em relação à metrópole. Vários foram os fatores que conduziram a esta situação,
entre eles houve o chamado desenvolvimento interno da colônia. Vamos iniciar o estudo da crise do
sistema colonial observando este aspecto.

O desenvolvimento interno do Brasil colônia pode ser constatado pela expansão territorial e pelo
desenvolvimento do sentimento nativista, que passou a expressar a repulsa dos colonos com o
absolutismo metropolitano.
A expansão territorial.

Durante o século XVI, a colonização portuguesa no Brasil limitava-se ao litoral brasileiro, região
onde se concentrava os engenhos para a produção do açúcar, e onde se realizava a extração do pau-
brasil.

No século XVII tem início o processo de expansão territorial, ou seja, a interiorização da


colonização. Contribuíram para este processo a pecuária, o bandeirantismo, a União Ibérica, as
missões jesuíticas e a mineração.

PECUÁRIA
Atividade econômica inicialmente ligada à atividade açucareira, o gado expandiu-se em direção ao
sertão nordestino- dada a necessidade de pastagens. Deve-se recordar que a pecuária era uma
atividade complementar e essencial por ser fonte de alimentação, força motriz, meio de transporte.
O gado também era usado para a confecção de calçados, roupas, móveis e outros utensílios.

A pecuária efetiva a ocupação do Vale do rio São Francisco - o rio dos currais - e o sertão
nordestino.

Com a descoberta do ouro, a região de Minas Gerais passa a conhecer a criação de gado, para
abastecer a enorme concentração populacional.

Na parte sul da colônia, o Rio Grande do Sul, tem a pecuária desenvolvida, tendo como principal
mercado a região mineradora.

A mão-de-obra da pecuária, como já dissemos, era predominante livre - a figura do vaqueiro e do


tropeiro. No entanto, na região das minas os rebanhos não eram criados de foram extensiva, ou seja,
soltos nos pastos. Nesta região o gado vivia cercado, sendo utilizada a mão-de-obra escrava.

Desta forma, a pecuária favoreceu a ocupação do interior brasileiro e foi uma importante atividade
de integração econômica, ao interligar as diversas regiões.

OS BANDEIRANTES.

Fenômeno vinculado a região de São Vicente, onde, diferentemente das áreas coloniais nordestina,
praticava-se uma economia de subsistência. São Vicente era uma área de muita miséria e pobreza.

A expansão dos bandeirantes foi motivada pela necessidade de procurar riquezas no interior, tais
como metais preciosos e mão-de-obra indígena.

A partir de São Vicente, os colonos iniciam a ocupação do interior do planalto paulista, sendo esta
ocupação marcada pela predominância de atividades econômicas de subsistência.

A expansão patrocinada pelos bandeirantes pode ser observada nos chamados "ciclos".

O ciclo de apresamento indígena.

Em virtude da pobreza na região e dado o alto preço do escravo africano, foram organizadas
expedições para obtenção de mão- de-obra escrava indígena, visando atender as necessidades da
pequena lavoura paulista e também vendê-la para regiões próximas. Com a ocupação dos
holandeses no nordeste brasileiro, a prática de apresamento indígena aumenta. Isto em virtude da
ocupação da região fornecedora de negros

Angola - pelos mesmos holandeses. A dificuldade de se conseguir mão-de-obra africana, leva os


grandes proprietários da Bahia a optar pela mão-de-obra escrava indígena.

Após o fim do domínio espanhol, o tráfico negreiro com a África é normalizado e a atividade de
apresamento entra em decadência.
Ao longo deste ciclo, houve um intenso choque do bandeirantes com os jesuítas, que tinham por
missão a catequização indígena. Os bandeirantes tinham por alvos preferenciais as missões
jesuíticas. O bandeirante Manuel Preto foi o responsável pela destruição das missões jesuíticas de
Guairá, onde 60.000 indígenas foram aprisionados.

O ciclo do ouro.

As expedições destinadas à procura de metais preciosos tinham apoio da metrópole, principalmente


após o declínio da atividade açucareira nordestina. A expansão bandeirante desta etapa resultou na
descoberta de ouro na região de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.

Antônio Rodrigues de Arzão, em 1693, encontrou ouro em Catagüases ( Minas Gerais ), Antônio
Dias de Oliveira, em 1698 descobriu ouro em Vila Rica e em 1700, Borba Gato encontrou ouro em
Sabará. Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Cuiabá, no ano de 1719 e Bartolomeu Bueno
Filho achou em Goiás, em 1722.

O ciclo do sertanismo de contrato.

Bandeirantes eram contratados para recapturar negros foragidos e que viviam em Quilombos.
Destaque para a expedição do bandeirante Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo de
Palmares.

As bandeiras contribuíram, de forma significativa, para a ocupação e povoamento do interior do


Brasil. Porém, foram responsáveis pela dizimação de muitos grupos indígenas.

A UNIÃO IBÉRICA ( 1580/1640)

A União Ibérica favoreceu o processo de expansão territorial em virtude do fim do Tratado de


Tordesilhas e pela necessidade de expulsão de estrangeiros que invadiram o Brasil durante este
período.

A Espanha sustentava longas guerras contra a Inglaterra, a França e a Holanda.

A presença inglesa

A Inglaterra não reconhecia o Tratado de Tordesilhas, ocorrendo longas batalhas contra a Espanha,
às quais resultaram na destruição da Invencível armada espanhola. Com o domínio espanhol sobre
Portugal e as proibições, por parte dos reis espanhóis, a qualquer comércio que não fosse ibérico, os
ingleses iniciaram uma série de ataques ao Brasil.
O porto de Santos foi saqueado duas vezes, como também Salvador e Recife.

A presença francesa.
Os franceses já haviam tentado uma ocupação no Brasil, 1555 e a fundação da França Antártica, no
Rio de Janeiro. Porém, a presença de franceses era uma constante, desde o período pré-colonial.
Estes procuravam se fixar no litoral brasileiro, como Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

Foi contudo no Maranhão, que os franceses procuraram fundar uma colônia - a chamada França
Equinocial. Em 1612 foi enviada uma expedição, chefiada por Daniel de La Touche, que fundou o
forte de São Luís. As autoridades portugueses organizaram expedições militares para a expulsão dos
franceses, comandadas por Jerônimo de Albuquerque e Alexandre Moura.

A presença holandesa.

Portugal e Holanda serem foram bons parceiros comerciais, desde a Baixa Idade Média. Os
holandeses tiveram um enorme papel na montagem do engenho colonial no Brasil, realizavam o
financiamento e participavam do transporte, do refino e da distribuição do açúcar brasileiro na
Europa.

Com a União Ibérica, estas relações sofreram profundas alterações.

Em 1568, os holandeses ( também conhecidos por flamengos), iniciaram uma guerra contra a
intervenção da Espanha. Em 1581 surge as Províncias Unidas dos Países Baixos.

Por conta disto, Filipe II proíbe que as colônias ibéricas mantivessem comércio com os flamengos.
Em virtude dos enormes lucros holandeses na economia açucareira, no ano de 1621 foi fundada a
Companhia das Índias Ocidentais, com o objetivo de ocupar as regiões produtoras de açúcar no
Brasil.

A primeira tentativa de ocupação deu-se no ano de 1624, na Bahia - um grande centro produtor de
açúcar - Em 1625 os holandeses eram derrotados e expulsos da Bahia, episódio conhecido como
Jornada dos Vassalos.

No entanto, no ano de 1630 ocorreu uma Segunda invasão, desta vez em Pernambuco, e os
holandeses não encontraram resistência. O governador de Pernambuco, Matias de Albuquerque
organizou uma resistência, destacando-se o Arraial do Bom Jesus. Esse movimento, baseado na
tática de guerrilha, foi desfeito, graças a ajuda de Domingos Fernandes Calabar, que denunciou aos
holandeses a localização do principal núcleo de resistência.
Os holandeses ficam no Brasil até o ano de 1654, e realizaram uma extensão territorial,
conquistando o Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe e parte do Ceará- foi o chamado Brasil
holandês.

Este Brasil holandês será governado por Maurício de Nassau, que permanece no cargo entre 1637 e
1644. Neste período foi normalizada a produção açucareira- mediante uma política de concessão de
empréstimos. Visando suprir a região com mão-de-obra, foram conquistadas praças fornecedoras de
escravos, tais como Angola e São Tomé.

Nassau destacou-se por urbanizar a cidade de Recife, pela construção de um observatório


astronômico, teatros e palácios. Sob seu governo foram realizados estudos sobre a fauna e flora
tropicais, destacando-se os nomes de Frans Post, Albert Eckhout e William Piso, que escreveu um
tratado sobre medicina brasileira.

Os holandeses permitiram a liberdade de culto, para evitar conflito com os portugueses e os colonos
brasileiros.
Em 1640, inicia-se em Portugal um movimento contra o domínio espanhol, a chamada Restauração.
Os portugueses recebem apoio dos holandeses, sendo por isto assinado um acordo, a Trégua dos
Dez Anos (1641). Desta forma, os holandeses continuavam seu domínio sobre o Brasil.

As despesas com as guerras, levaram a Companhia das Índias Ocidentais a adotar uma política
financeira mais rigorosa em relação ao Brasil holandês, iniciando a cobranças dos empréstimos
feitos ao senhores. Maurício de Nassau, não concordando com a nova política foi demitido em
1644, e as relações entre os holandeses e a população ficaram tensas, iniciando o movimento pela
expulsão dos holandeses, conhecido como Insurreição Pernambucana (1645/1654).

A expulsão dos holandeses do Brasil vai acarretar uma séria crise na economia colonial. Os
holandeses irão implantar a empresa açucareira em suas colônias das Antilhas. A concorrência faz
com que o Brasil perca a supremacia na produção do açúcar.

AS MISSÕES JESUÍTICAS

Os jesuítas estavam no Brasil para, entre outras coisas, catequizar os indígenas. Isto dava nas
chamadas missões, que eram aldeamentos indígenas. Tais missões localizavam-se, em sua grande
maioria, no interior da colônia.

A MINERAÇÃO

Foi uma atividade econômica que intensificou ocupação do interior do Brasil, lembre-se que o ouro
foi encontrado em Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás.
Além destes fatores, acima mencionados, podemos citar a economia das drogas do sertão, como
cacau, baunilha, pimenta, guaraná, cravo, castanha, ervas medicinais e aromáticas - responsáveis
pela ocupação da Amazônia. Destaque para os jesuítas, que fundaram uma série de missões na
região e irão explorar a mão-de-obra indígena para a extração dos produtos.

Assim, a pecuária, os bandeirantes, o período da União Ibérica, a ação das missões religiosas e a
mineração; patrocinam a expansão territorial da colonização. Há um dinamismo econômico maior,
há a formação de núcleos populacionais e o desenvolvimento de classes sociais intermediárias.
Estes elementos, somados à opressão metropolitana, contribuíram para o desenvolvimento do
nativismo - rebeldia contra o absolutismo lusitano, gerando as chamadas Rebeliões

Nativistas.

As rebeliões nativistas.
Movimentos caracterizados por rebeldias contra o aumento do fiscalismo português após a
Restauração (1640). Para sair da crise financeira imposta pelo domínio espanhol, Portugal enrijece
o pacto-colonial, com a criação do Conselho Ultramarino. É contra esta nova política que os
colonos se posicionam.

Os movimentos nativistas foram de caráter local e não reivindicavam a independência da colônia.


Refletem o conflito entre os interesses da metrópole - o chamado centralismo - e os interesses dos
colonos - o chamado localismo.

A Insurreição Pernambucana é tida como a responsável pelo despertar do sentimento nativista, visto
que, ao longo de sua ocorrência registraram-se divergências entre os colonos e os interesses da
Metrópole.
ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO ( 1641 )

Movimento onde Amador Bueno da Ribeira foi aclamado rei de São Paulo. Este fato está
relacionado como uma ameaça aos interesses espanhóis na região.

BOTADA DOS PADRES PARA FORA ( 1641 )

Episódio relacionado com as tensões entre colonos e jesuítas, a respeito da escravidão indígena. No
ano de 1641, parte dos colonos paulistas expulsão os jesuítas. O episódio repete-se no Pará ( 1661)
e no Maranhão (1844)

A REVOLTA DE NOSSO PAI ( 1664/65)


Uma revolta dos colonos contra o governador de Pernambuco, o português Jerônimo de Mendonça,
acusado de corrupção.

A REVOLTA DE BECKMAN ( 1684 )


Ocorrida no Maranhão e liderada pelos irmãos comerciantes, Manuel e Tomás Beckman, contra a
Companhia de Comércio do Maranhão, que exercia o monopólio do comércio e do tráfico negreiro.
A Companhia não cumpria seus objetivos, levando os colonos a suprirem a falta de mão-de-obra
escravizando os índios. Isto gerou um novo conflito, desta vez com a Companhia de Jesus.

A GUERRA DOS EMBOABAS ( 1708/1709)

Ocorrida em Minas Gerais, resultado das rivalidades entre os colonos paulistas e os "emboabas" -
forasteiros que, sob proteção da metrópole, exerciam o monopólio de diversas atividades
comerciais.

A GUERRA DOS MASCATES ( 1710 )


Desde a expulsão dos holandeses de Pernambuco, a aristocracia rural de Olinda estava em
decadência econômica. No entanto, Olinda continuava a controlar a capitania de Pernambuco
através de sua Câmara Municipal.

Enquanto Olinda passava por uma crise econômica, o povoado de Recife - submetido à autoridade
da Câmara de Olinda - estava prosperando, graças ao crescimento da atividade comercial. O
comércio era exercido por portugueses, conhecidos por mascates. Estes emprestavam dinheiro a
juros aos proprietários de terras de Olinda.

Em 1703 o povoado de Recife conquista o direito de vila, tendo sua autonomia política em relação a
Olinda. Não aceitando a nova situação os proprietários de terras atacaram Recife e destruíram o
pelourinho- símbolo da autonomia.

Os conflitos estenderam-se até 1711 quando a região foi pacificada e Recife passou a ser a sede
administrativa de Pernambuco.

A REVOLTA DE VILA RICA (1720)


Também conhecida como Revolta de Filipe dos Santos, ocorreu em Minas Gerais contra o
excessivo fiscalismo português, marcado pelos aumentos dos impostos e pela criação das Casas de
Fundição.

As rebeliões nativistas, como se viu, não defendiam a emancipação política do Brasil em relação a
Portugal. No entanto, ao longo do século XVIII, motivados pelo desenvolvimento interno da
colônia e por fatores externos, a colônia será palco dos chamados movimentos emancipacionistas,
que tinham como principal meta a busca da independência.

Os movimentos emancipacionistas.

Foram influenciados pelo desenvolvimento interno da colônia e por fatores externos, tais como o
Iluminismo, com seu ideal de liberdade, igualdade e fraternidade; a Independência dos EUA, que
servirá de inspiração a toda América colonial; a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, e a
necessidade de ampliar mercados consumidores e fornecedores, surgindo o interesse de acabar com
os monopólios; a Revolução Francesa, que pôs fim ao Antigo Regime e a chamada Era
Napoleônica, período de consolidação dos ideais burgueses.

INCONFIDÊNCIA MINEIRA (1789)

Movimento que ocorreu em Minas Gerais e teve forte influência do Iluminismo e da independência
dos Estados Unidos da América.

Este movimento separatista está relacionado aos pesados impostos cobrados por Portugal,
especialmente a decretação da derrama.

Os conjuras, em sua maioria, pertenciam a alta sociedade mineira. Entre os mais ativos encontram-
se Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Inácio José Alvarenga, José de Oliveira
Rolim e o alferes Joaquim José da Silva Xavier.

Entre os objetivos estabelecidos pelos conjuras estavam a criação de um regime republicano, tendo
a Constituição dos Estados Unidos como modelo, o apoio a industrialização e a adoção de uma
nova bandeira, tendo ao centro um triângulo com os dizeres: Libertas quae sera tamen, quem em
latim, significa "Liberdade ainda que tardia". Quanto à questão da escravidão nada ficou definido.
O movimento ficou apenas nos planos das idéias, pois ele não aconteceu. Alguns de seus
participantes denunciou o movimento, em troca do perdão de seus dívidas.

O governador - visconde de Barbacena - suspendeu a derrama e iniciou a prisão dos conspiradores,


que aguardaram o julgamento na prisão. Apenas Tiradentes assumiu integralmente a
responsabilidade pela conspiração, sendo por isto, condenado à morte no ano de 1792, sendo
enforcado no dia 21 de abril, na cidade do Rio de Janeiro.

Outros conspiradores foram condenados ao desterro e Cláudio Manuel da Costa enforcou-se na


prisão. Acredita-se que tenha sido assassinado pelos carcereiros.

CONJURAÇÃO CARIOCA ( 1794 )

Inspirada pela Revolução Francesa, os conjuras fundaram a Sociedade Libertária para divulgação
dos ideais de liberdade. O movimento não ultrapassou de poucas reuniões intelectuais, que
contavam com a presença de Manuel Inácio da Silva Alvarenga e Vicente Gomes.

Foram denunciados e acusados de criticarem a religião e o governo metropolitano.

A INCONFIDÊNCIA BAIANA ( 1798 )


No século XVIII, em virtude da decadência da economia açucareira e da transferência da capital da
colônia para o Rio de Janeiro, em 1763, a Bahia passava por uma grave crise econômica, atingindo
toda a população baiana, especialmente as camadas inferiores, constituída por ex-escravos,
pequenos artesãos e mestiços. Contra esta situação haviam manifestações, através de ruaças e
motins.

No ano de 1797 é fundada, em Salvador, a primeira loja maçônica do Brasil - Loja dos Cavaleiros
da Luz -, que se propunha a divulgar os "abomináveis princípios franceses"; participavam das
reuniões os nomes de Cipriano Barata e Francisco Muniz Barreto. Os intelectuais contaram com
grande apoio de elementos provenientes das camadas populares, destacando as figuras de João de
Deus do Nascimento, Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens.

A partir de 1798, circulam panfletos dirigidos à população, conclamando a todos a uma revolução e
a proclamação da República Baiense. Os panfletos defendiam a igualdade social, a liberdade de
comércio, o trabalho livre, extinção de todos os privilégios sociais e preconceito de cor.
Este movimento apresenta um forte caráter social popular, sendo por isto também conhecido como
a "Conjuração dos alfaiates".

O Estado português no Brasil.

No ano de 1808, a família real portuguesa chega ao Brasil, inaugurando uma nova era política-
administrativa na colônia e abrindo caminho para a ruptura definitiva dos laços entre metrópole e
colônia.

A transferência da Corte portuguesa para o Brasil.

A vinda da família real e da Corte portuguesa para o Brasil foi conseqüência da conjuntura européia
do início do século XIX. Neste momento, Napoleão Bonaparte procurava enfraquecer a Inglaterra,
mediante a imposição do Bloqueio Continental, pelo qual, nenhuma nação da Europa Continental
poderia manter relações comerciais com a Inglaterra.

Como Portugal era dependente economicamente da Inglaterra, não conseguiu cumprir as


determinações do Bloqueio Continental, sendo por isto invadido pelo exército francês.

Com a ajuda do embaixador inglês em Lisboa, Lord Strangford, D. João transferiu-se, no dia 29 de
novembro de 1807, para o Brasil - com sua Corte e por cerca de 15.000 pessoas. No dia 30 de
novembro as forças francesas, comandadas pelo general Junot, invadiam Lisboa.

D. João chegou à Bahia em 22 de janeiro de 1808, dando início a uma nova etapa na História do
Brasil.

ADMINISTRAÇÃO JOANINA NO BRASIL ( 1808/1820 )

28/01/1808- Abertura dos Portos às Nações Amigas.

Decreto que pôs fim ao monopólio luso sobre o comércio brasileiro. A principal interessada na
medida era a Inglaterra, que procurava ampliar o mercado consumidor de seus produtos
manufaturados.

01/04/1808- Alvará de Permissão Industrial.


Concedia liberdade para o estabelecimento de indústrias e manufaturas na colônia. Tal medida não
se efetivou em virtude da
concorrência dos produtos ingleses - principalmente após 1810 - e pela concentração de recursos na
lavoura exportadora.

1810 - Tratados de Aliança, Comércio e Navegação.


Assinados com a Inglaterra e teriam validade por 14 anos. O mais importante deles é o Tratado de
Comércio, que estabelecia taxa de apenas 15% sobre a importação de produtos ingleses; produtos
portugueses pagariam uma taxa de 16% e produtos de outras nações pagariam 24%. Os súdito
ingleses ainda teriam o direito de extraterritorialidade, ou seja, continuariam submetidos às leis
britânicas. O tratado determinava que o governo português deveria abolir o tráfico negreiro.

Com este acordo, o mercado brasileiro passou a ser dominado pelos ingleses- desde panos e
ferragens até caixões de defunto e patins para gelo!

16/12/1815- Elevação do Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves.

O novo estatuto jurídico representava um passo a mais em direção à emancipação política.

Outras medidas de D. João - fundação do Banco do Brasil; instalação de ministérios, tribunais,


cartórios; criação da Imprensa Régia, surgindo os primeiros jornais brasileiros: A Gazeta do Rio de
Janeiro (1808) e A idade D'Ouro do Brasil , em Salvador (1810); criação de escolas, bibliotecas; o
Jardim Botânico etc...

Destaque para a Missão Artística Francesa, uma missão cultural que visitou o Brasil a convite de D.
João. O mais famoso desta missão foi Jean Baptist Debret, que deixou várias pinturas, desenhos e
aquarelas, retratando os costumes do Brasil joanino.

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA ( 1817 )

As dificuldades econômicas do Nordeste somadas aos pesados impostos cobrados após a chegada
da família real ao Brasil, contribuíram para a eclosão de outro movimento separatista, desta feita em
Pernambuco e ano de 1817.

O aumento dos impostos, para custear os gastos da monarquia instalada no Rio de Janeiro, gerou
profunda insatisfação dos colonos - que enfrentavam dificuldades econômicas. Somadas às idéias
de liberdade e igualdade que agitavam a Europa e a América, em março de 1817 tem início a
conspiração, com a criação do Governo Provisório. O movimento recebeu a adesão da Paraíba e do
Rio Grande do Norte.
A Lei Orgânica, publicada pelo governo republicano destacava a igualdade de direitos e a garantia
da propriedade privada. Entre seus líderes, destacaram-se Domingos José Martins e o padre Miguel
Joaquim de Almeida e Castro. O novo governo decretou também a extinção do impostos.

No entanto, este movimento, de caráter republicano, separatista e anti-lusitano fracassou, não


obstante, deixou profundas raízes na sociedade pernambucana, que anos mais tarde ( 1824 ) revolta-
se novamente.

POLÍTICA EXTERNA
-Ocupação da Guiana Francesa, em 1809, num ato de represália a Napoleão Bonaparte. A região foi
devolvida em 1817;

-Anexação da Cisplatina, como pretexto de salvaguardar os interesses espanhóis. Carlota Joaquina


era irmã de Fernando VII, que foi deposto por Napoleão Bonaparte.

REVOLUÇÃO DO PORTO (1820)

Movimento marcado por um duplo caráter. De um lado, mostrava-se liberal, acabando com o
absolutismo português e elaborando uma Constituição que limitava os poderes do rei e ampliava os
poderes das Cortes ( o Parlamento ). Por outro lado, era um movimento de caráter conservador,
visto que a burguesia lusitana pretendia recolonizar o Brasil.

Por força da revolução, D. João VI retorna a Portugal e deixa seu filho, Pedro, como príncipe
regente do Brasil.

Contra a tentativa de recolonização do Brasil surgiram dois grupos políticos: o Partido Português,
composto por grandes comerciantes e militares portugueses e que defendiam as propostas da
Revolução do Porto e o Partido Brasileiro, formado por fazendeiros escravistas e comerciantes
brasileiros e atuaram pela independência do Brasil. Os principais nomes deste grupo eram José
Bonifácio, Gonçalves Ledo e Clemente Pereira.

A REGÊNCIA DE D.PEDRO (1821/22)


09/01/1822- Dia do Fico - Respondendo com o Fico após uma petição com oito mil assinaturas e
desobedecendo ás ordens da Corte de retornar a Portugal.

04/04/1822- decretado o "Cumpra-se", onde nenhum ato das Cortes teriam validade no Brasil.

13/05/1822- D. Pedro recebe o título de Defensor Perpétuo do Brasil.

03/06/1822- D. Pedro convoca uma Assembléia Geral Constituinte, uma declaração formal de
independência.

07/09/1822- D. Pedro proclamou a independência às margens do riacho do Ipiranga.

A proclamação da independência do Brasil não provocou rupturas históricas, ou seja, o Brasil


manteve a estrutura legada do período colonial, qual seja, a permanência do latifúndio monocultor
escravocrata, voltado para atender os interesses do mercado externo.

A monarquia foi mantida como forma de manter os privilégios da classe dominante brasileira.

EXERCÍCIOS

1) (FUVEST)- No século XVII, contribuíram para a penetração do interior brasileiro:

a) o desenvolvimento da cultura de cana-de-açúcar e a cultura de algodão;

b) o apresamento indígena e a procura de metais preciosos;


c) a necessidade de defesa e o combate aos franceses;
d) o fim do domínio espanhol e a restauração da monarquia portuguesa;
e) a Guerra dos Emboabas e a transferência da capital da colônia para o Rio de Janeiro.

2) (GV) - As invasões holandesas no Brasil relacionam-se:

a) aos conflitos entre os holandeses (protestantes) e os portugueses (católicos) no quadro das


"guerras de religião" européias;

b) à aliança entre Holanda e Inglaterra, as duas maiores potências navais européias, contra Portugal;

c) aos conflitos entre Holanda (ex-possessão espanhola) e a Espanha, à passagem do trono


português para o domínio dos Habsburgos espanhóis e aos interesses comerciais holandeses no
açúcar brasileiro;

d) à política francesa de expansão colonial, que, agindo contra a Holanda como intermediária,
pretendia estabelecer no Brasil a chamada "França Antártica";

e) à pretensão holandesa de transformar o Brasil num importante entreposto para o comércio de


escravos.

3) (FUVEST) - A chamada Guerra dos Mascates, ocorrida em Pernambuco em 1710, deveu-se:


a) ao surgimento de um sentimento nativista brasileiro, em oposição aos colonizadores portugueses;

b) ao orgulho ferido dos habitantes da vila de Olinda, menosprezados pelos portugueses;

c) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda pelo controle
da mão-de-obra escrava;

d) ao choque entre comerciantes portugueses do Recife e a aristocracia rural de Olinda cujas


relações comerciais eram, respectivamente, de credores e devedores;

e) a uma disputa interna entre grupos de comerciantes, que eram chamados depreciativamente de
mascates.

4) (UNIFENAS) - O ideário político de conteúdo liberal da Inconfidência Mineira apresentava


algumas contradições, dentre elas:

a) manutenção do regime de trabalho escravo;


b) adoção de um regime político republicano;
c) estabelecimento de uma universidade em Vila Rica;

d) separação e independência dos poderes executivo, legislativo e judiciário;

e) manutenção dos antigos privilégios concedidos às companhias de comércio.

5) (MACK) - Podem ser consideradas características dogoverno joanino no Brasil:

a) a total independência econômica de Portugal com relação à Inglaterra em virtude de seu


acelerado desenvolvimento industrial;

b) o não envolvimento em questões externas sobretudo de caráter expansionista;


c) a redução dos impostos e o controle do déficit em função da austera política econômica praticada
pelo governo;

d) o desenvolvimento da indústria brasileira graças às altas taxas sobre os produtos importados;


e) a assinatura de tratados que beneficiavam a Inglaterra e o crescimento do comércio externo
brasileiro devido a extinção do monopólio.

6) (MACK) - O processo de independência do Brasil caracterizou-se por:

a) ser conduzido pela classe dominante que manteve o governo monárquico como garantia de seus
privilégios;

b) ter uma ideologia democrática e reformista, alterando o quadro social imediatamente após a
independência;

c) evitar a depend6encia dos mercados internacionais, criando uma economia autônoma;

d) grande participação popular, fundamental na prolongada guerra contra as tropas metropolitanas;

e) promover um governo liberal e descentralizado através da Constituição de 1824.

Aula 10 Revoluções Burguesas

Entende-se por Revoluções Burguesas os processos históricos que consolidam o poder econômico
da burguesia, bem como sua ascensão ao poder político. Ao longo dos séculos XVII e XVIII a
burguesia se demonstrará como uma classe social revolucionária, destruindo a ordem feudal,
consolidando o capitalismo e transformando o Estado para atender seus interesses.

As chamadas Revoluções Burguesas foram: as Revoluções Inglesas do século XVII ( Puritana e


Gloriosa ), a Independência dos EUA, a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Nesta aula
iremos tratar das Revoluções Inglesas e da Revolução Francesa - as demais trataremos nas próximas
aulas.

As Revoluções Inglesas.

No decorrer dos séculos XVI e XVII, a burguesia desenvolveu-se, graças a ampliação da produção
de mercadorias e das práticas do mercantilismo - que auxiliaram no processo de acumulação de
capitais.

No entanto, a partir de um certo desenvolvimento das chamadas forças produtivas, a intervenção do


Estado Absolutista nos assuntos econômicos passaram a se constituir em um obstáculo para o pleno
desenvolvimento do capitalismo. A burguesia passa a defender a liberdade comercial e a criticar o
Absolutismo.

O absolutismo inglês desenvolveu-se sob duas dinastias, a dinastia Tudor e a dinastia Stuart.
Durante a dinastia Tudor houve um grande desenvolvimento econômico inglês- principalmente no
reinado da rainha Elizabeth I :consolidação do anglicanismo; adoção das práticas mercantilistas;
início da colonização da América do Norte e o processo da política dos cercamentos, para ampliar
as áreas de pastagens e a produção de lã. Assim, a burguesia inglesa vinha enriquecendo
rapidamente, ampliando cada vez mais seus negócios e dominado a economia inglesa.
Além deste intenso desenvolvimento econômico a Inglaterra dos séculos XVI e XVII apresentava
uma outra característica: os intensos conflitos religiosos.

A religião oficial, adotada pelo Estado era o anglicanismo, existiam outras correntes religiosas: os
protestantes ( calvinistas, luteranos e presbiterianos ), chamados de modo geral, de puritanos. Havia
ainda católicos no país. A monarquia inglesa - anglicana - perseguia católicos e puritanos, gerando
os conflitos religiosos.

GRUPOS RELIGIOSOS E POSIÇÕES POLÍTICAS

Os católicos a partir da Reforma Anglicana passam a deixar de ter importância na economia


inglesa;

Os calvinistas - grupo mais numeroso - eram compostos por pequenos proprietários e pelas camadas
populares. O espírito calvinista, da poupança e do trabalho refletia os interesses da burguesia
inglesa.

OS CONFLITOS ENTRE MONARQUIA E PARLAMENTO

No século XVII, o Parlamento inglês contava com um grande número de puritanos- que
representavam os interesses da burguesia- e não aceitavam mais a interferência do Estado
Absolutista. Com a morte de Elizabeth I, o trono inglês fica com os Stuarts. Foi durante esta
dinastia que ocorreram as Revoluções Inglesas.

A DINASTIA STUART.

Jaime I ( 1603/1625) -uniu a Inglaterra à Escócia, sua terra natal, desencadeando a insatisfação da
burguesia e do Parlamento, que o consideravam estrangeiro. Realizou uma intensa perseguição a
católicos e puritanos calvinistas. Foi em virtude desta perseguição que muitos puritanos dirigiram-
se ao Novo Mundo, dando início à colonização da América inglesa - fundação da Nova Inglaterra,
uma colônia de povoamento.

Carlos I ( 1625/1648) - sucessor de Jaime I e procurou reforçar o absolutismo, estabelecendo novos


impostos sem a aprovação do Parlamento. Em 1628 o Parlamento impôs ao rei a "Petição dos
Direitos",que limitava os poderes monárquicos: problemas relativos a impostos, prisões e
convocações do Exército seriam atos ilegais, sem amaprovação do Parlamento. No ano de 1629,
Carlos I dissolveu o Parlamento e governou sem ele por onze anos.

Em 1640, Carlos I teve que convocar novamente o Parlamento - necessidade de novos impostos,
negados pelo Parlamento. Diante da negação, Carlos I procura novamente dissolver o Parlamento,
desencadeando uma violenta guerra civil na Inglaterra.

Revolução Puritana
A guerra civil mostrou dois lados da sociedade inglesa, de um lado estava o partido dos Cavaleiros,
que apoiavam o rei: a nobreza proprietária de terras, os católicos e os anglicanos; de outro estava os
Cabeças Redondas ( pois não usavam cabeleiras compridas como os nobres) partidários do
Parlamento. As forças do Parlamento, organizadas em um exército de rebeldes, eram lideradas por
Oliver Cromwell. Após uma intensa guerra civil ( 1641/1649), os Cabeças Redondas derrotaram os
Cavaleiros- aprisionando e decapitando o rei, Carlos I, em 1649. Após a morte de Carlos I foi
estabelecida uma república na Inglaterra, período denominado "Commonwealth".

A revolução puritana marca, pela primeira vez, a execução de um monarca por ordem do
Parlamento, colocando em xeque o princípio político da origem divina do poder do rei-
influenciando os filósofos do século XVIII ( Iluminismo).

REPÚBLICA PURITANA ( 1649/1658)

Período marcado por intolerância e rigidez de Oliver Cromwell. Este dissolveu o Parlamento em
1653 e iniciou uma ditadura pessoal, assumindo o título de Lorde Protetor da República.

Em 1651 foi decretado os Atos de Navegações, que protegiam os mercadores ingleses e provocaram
o enfraquecimento comercial da Holanda. Com este ato a Inglaterra passa a ter o domínio do
comércio marítimo.

Oliver Cromwell, sob o pretexto de punir um massacre que católicos irlandeses tinham realizado
contra os protestantes, invadiu a Irlanda, promovendo a morte de milhares de irlandeses, originando
um profundo conflito entre Irlanda e Inglaterra, que perdura ainda hoje.

Após a morte do Lorde Protetor (1658), inicia-se um período de instabilidade política até o ano de
1660, quando o Parlamento resolveu restaurar a monarquia.

A Restauração e a Revolução Gloriosa.

Carlos II ( 1660/1685) - filho de Carlos I, que no ano de 1683 dissolveu o Parlamento. Em seu
reinado, o Parlamento dividiu-se em dois partidos: Whig, composto pela burguesia liberal e adeptos
de um governo controlado pelo Parlamento e Tory, formado pelos conservadores e adeptos do
absolutismo.

Jaime II ( 1685/1688) - Era católico e com a morte de Carlos II assumiu o poder e procurou
restaurar o absolutismo monárquico, tendo oposição dos Whigs. No ano de 1688, há o nascimento
de um herdeiro - filho de um segundo casamento com uma católica. Temendo a sucessão de um
governante católico, Whigs ( puritanos ) e Torys ( anglicanos), aliaram-se contra Jaime II,
oferecendo o trono a Guilherme de Orange, protestante e casado com Maria Stuart - filha do
primeiro casamento de Jaime com uma protestante.

Guilherme só foi proclamado rei quando aceitou a Declaração dos Direitos ( Bill of Rights ),que
limitava os poderes do rei e estabelecia a superioridade do Parlamento. Determinou-se também a
criação de um exército permanente, a garantia da liberdade de imprensa e liberdade individual e
proteção à propriedade privada.

A Revolução Gloriosa foi um complemento da Revolução Puritana, garantindo a supremacia da


burguesia, através do controle do Parlamento. Também garantiu o fim do absolutismo monárquico
na Inglaterra e o surgimento do primeiro Estado burguês, sob a forma de uma monarquia
parlamentar.

A Revolução Francesa
As transformações econômicas, políticas e sociais dos séculos XVII e princípios do século XVIII se
manifestaram no plano filosófico, num movimento de crítica ao Antigo Regime ( o Estado
Absolutista e o Mercantilismo ). Este movimento é denominado Iluminismo.

O ILUMINISMO

Entre os precursores do Iluminismo temos René Descartes que mudou a concepção de mundo da
época e defendeu a universalidade do racionalismo e Isaac Newton que provou que o universo é
regido por leis.

Filósofos do Iluminismo

John Locke (1632/1704)- sua principal obra é Segundo tratado do governo civil. Locke é um
defensor da tolerância religiosa e da liberdade política. Acreditava na liberdade e na propriedade
como direitos naturais do homem e, para manutenção destes direitos, houve um contrato entre os
homens, surgindo o governo e a sociedade civil. Os governos teriam que respeitar os direitos
naturais e, caso não fizessem, os cidadão possuíam o direito de se rebelar contra o governo tirano.
Esta idéia será uma verdadeira arma na luta contra o absolutismo monárquico.

O pensamento de Locke contribuiu para a Revolução Gloriosa e influenciou a elaboração da


Constituição dos EUA de 1787.

Montesquieu (1689/1755)- autor de O espírito das leis, onde o pensador preconiza a separação dos
poderes ( legislativo, executivo e judiciário), foi um crítico do absolutismo monárquico.

Voltaire (1694/1778) - severo crítico da igreja, seu pensamento é caracterizado pelo


anticlericalismo. Defensor dos direitos individuais. Defendia uma monarquia esclarecida, onde o
governo seria baseado nas idéias dos filosofos. Escreveu Cartas inglesas.

Jean-Jacques Rousseau (1712/1778) - era crítico da propriedade privada e da burguesia. Para


Rousseau, o poder político repousava sobre o povo, que manifestava sua vontade mediante o voto.

Seu pensamento teve muita repercursão entre as camadas populares e a pequena burguesia. Serviu
de bandeira para a Revolução Francesa. Sua principal obra é O Contrato social.

Jean d'Alembert (1717/1783) e Denis Diderot (1713/1784)- foram os organizadores da


Enciclopédia, um resumo do pensamento iluminista, publicada entre 1751 e 1752. Nesta imensa
obra há uma valorização da razão e da verdade atividade científica. Reafirmava a concepção de
governo como sendo fruto de um contrato entre governantes e governados.

PENSAMENTO ECONÔMICO DO ILUMINISMO

O pensamento econômico do Iluminismo estava centrado na questão da liberdade econômica,


desenvolvendo-se duas escolas: os fisiocratas e os liberais. as duas escolas criticavam o
mercantilismo e o pacto colonial, atendendo os interesses da burguesia.

Os fisiocratas- criticavam as práticas mercantilistas e propunham o fim da intervenção do Estado


nos assuntos econômicos. Segundo os fisiocratas a economia funcionaria seguindo suas próprias
leis. Afirmavam que a fonte de riqueza era a terra. O lema dos fisiocratas era "Laissez faire, laissez
passer, le monde va de lui-même" ( "Deixai fazer, deixai passar, que o mundo anda por si mesmo").
Os principais nomes desta escola foram: Quesnay, Turgot e Gournay.

Os liberais- assim como os fisiocratas criticavam as práticas mercantilistas, porém, ao contrário


deles, os liberais consideravam o trabalho como a principal fonte de riquezas. Defendiam a
concorrência, a divisão do trabalho e o livre comércio. O principal teórico desta ecola foi Adam
Smith, que sistematizou o pensamento liberal na obra A riqueza das nações. As idéias liberais são
conhecidas como liberalismo econômico e constituem as premissas básicas do capitalismo liberal.

CONSEQÜÊNCIAS DO ILUMINISMO.

O Iluminismo criticava o absolutismo, o mercantilismo, a intolerância religiosa e afirmava que os


homens são iguais, perante a Natureza. Assim, a desigualdade entre os homens é fruto da sociedade.
Para que haja uma sociedade justa é necessário a igualdade entre os homens e a liberdade de
expressão.

As idéias iluministas teve intensa repercussão em toda a Europa-influenciou sobremaneira na


Revolução Francesa. Na América, o Iluminismo inspirou a independência dos EUA e contribuíram
para que os Estados absolutistas da Europa patrocinassem reformas políticas. Essa política de
reforma foi denominada despotismo esclarecido, caracterizada por projetos de modernizações e pela
racionalização da administração. Os principais déspotas esclarecidos foram José II , da Áustria;
Catarina II, da Rússia; Frederico II, da Prússia e o marquês de Pombal, ministro de José I, rei de
Portugal.

A Revolução Francesa.

A exemplo do que ocorreu na Inglaterra, no final do século XVIII, o absolutismo constituía um


enorme obstáculo para o pleno desenvolvimento da burguesia francesa. A Revolução Francesa foi
um reflexo da luta da burguesia pelo poder político.

No entanto, o processo da Revolução Francesa não é um movimento isolado. Ele está inserido num
conjunto de revoluções que questionavam o absolutismo, sendo um movimento que assolou toda a
Europa e a América.

Sendo assim, a Revolução carrega o termo "Francesa" pois eclodiu na França- por uma série de
fatores - no entanto as suas propostas eram universais.

"Os burgueses franceses de 1789 afirmavam que a libertação da burguesia era a emancipação de
toda a humanidade" ( Karl Marx e Friedrich Engels ).

AS CAUSAS DA REVOLUÇÃO FRANCESA.

Intelectuais- a difusão das idéias iluministas de liberdade, igualdade e fraternidade , que orientaram
os revolucionários franceses na luta contra o absolutismo e a desigualdade social.

Políticas- o despotismo dos Bourbons. Enquanto a maioria das nações européias, sob a influência do
Iluminismo, procuravam se modernizar, o estado francês continuava arraigado no absolutismo
monárquico. Na França do século XVIII, o poder do rei ainda era considerado como de origem
divina.

Econômicas- a França encontrava-se em uma grave crise econômica, em virtude das péssimas
colheitas e na falta de alimentos. Os aumentos de preços provocam a fome e acentuam a miséria dos
camponeses. Além da crise econômica, o Estado Francês passava por uma gravíssima crise
financeira, graças ao envolvimento da França na guerra dos Sete Anos ( 1756/1763) e na guerra de
independência dos Estados Unidos- que acarretaram enormes gastos, ampliando a dívida do Estado.
Para solucionar este quadro o Estado precisava aumentar sua arrecadação, o que implicava em um
aumento dos impostos.

Sociais - a questão tributária na França vai gerar uma grave crise política, em virtude da
organização da sociedade francesa nesta época.
A sociedade francesa era estamental, apresentando três ordens. O clero que estava isento de
qualquer tributação; a nobreza, além da isenção tributária era possuidora de privilégios judiciários.
A terceira ordem era bastante heterogênea: era composta pela alta burguesia (banqueiros, industriais
e comerciantes), média burguesia (funcionários públicos e profissionais liberais ) e baixa burguesia
( os pequenos comerciantes); também as chamadas camadas populares ( artesãos, operários,
camponeses e servos). Os homens das camadas urbanas das cidades eram apelidados de sans-
culottes ( usavam calças compridas em vez dos calções aristocráticos).

O terceiro Estado era a ordem que sustentava os gastos e os luxos do Estado francês.

Para ampliar a arrecadação tributária, o Estado convoca a Assembléia dos Notáveis, composta pelo
clero e pela nobreza, convocando estas ordens a pagarem impostos. Diante da recusa destes, o rei
Luís XVI convocou os Estados Gerais, assembléia que reunia representantes dos três Estados.

No entanto, o sistema de votação dos Estados Gerais era em ordens separadas. Assim, ficava
garantida a supremacia do clero e da nobreza ( somavam dois votos ) contra um voto do Terceiro
Estado.

Contra este método tradicional de votação, os representantes do Terceiro Estado passam a exigir o
voto individual ( o Primeiro Estado tinha 291 deputados, o Segundo 270 e o Terceiro 578). O
Terceiro Estado esperava o apoio dos deputados do baixo clero e da nobreza togada, para conquistar
a maioria.

Diante do impasse político, o Terceiro Estado rebela-se e a 9 de julho de 1789 , com a ajuda de
deputados do baixo clero, declara-se em Assembléia Nacional Constituinte - começa a Revolução
Francesa.

AS ETAPAS DA REVOLUÇÃO.

Assembléia Nacional ( 1789/1792)

Fase em que ocorreu a tomada da Bastilha ( 14/07/1789), um prisão que representava o absolutismo
francês. É o marco da revolução.

Os camponeses, por seu lado, rebelaram-se contra os senhores: invasão das propriedades, queima de
documentos de servidão, assassinatos. Tal reação é conhecida como o Grande Medo. Os
camponeses reivindicavam o fim dos privilégios feudais e terras.

Em agosto de 1791 foi aprovada uma lei que abolia os privilégios feudais. No mesmo mês, no dia
26, a Assembléia aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão - um síntese da
concepção burguesa da sociedade: liberdade, igualdade, inviolabilidade da propriedade privada,
bem como o direito a resistir à opressão.
Em setembro de 1791, foi promulgada uma nova Constituição, que diminuía os poderes reais, e
transferia o poder de decretar leis ao Parlamento. O direito ao voto foi restringido também, em
virtude de seu caráter censitário.

Pela Constituição os privilégios feudais foram extintos, garantindo-se a igualdade civil, os bens da
igreja foram nacionalizados; o clero transformado numa instituição civil e sustentado pelo Estado.

Nesta fase desenvolveu-se os seguintes grupos políticos:

-os girondinos: representantes da alta burguesia;

-os jacobinos: representantes da pequena burguesia e com influência nas camadas populares (sans-
culottes)

O processo revolucionário francês não foi bem visto pelos regimes absolutistas da Europa. A reação
foi imediata: intervenção militar na França para sufocar a revolução. O exército francês era
sistematicamente derrotado. Em 25 de julho de 1792, Robespierre acusou o rei de traição. Em 09 de
agosto o rei, Luís XVI, foi preso. A Assembléia convocou novas eleições para uma nova
Convenção Nacional.

Convenção Nacional ( 1792/1795)

Período do Terror.

O rei foi condenado à morte por traição, criação do Tribunal de Salvação Pública- para julgamento
dos inimigos; foi decretado o fim da monarquia e proclamada a República.

Uma nova Constituição foi elaborada, sendo considerada a mais democrática de toda a Europa,
instituindo o voto universal, tornou a educação livre e obrigatória.

Neste período, onde a liderança era exercida por Robespierre, foi imposto o Édito Máximo, ou seja,
o tabelamento dos preços máximos - procurando beneficiar as camadas populares. Foi abolida a
escravidão nas colônias, gerando a independência do Haiti.

Representando a pequena burguesia, Robespierre incentivou a pequena propriedade no campo e


diminuiu a influência da Igreja na sociedade francesa.

Porém, o radicalismo de Robespierre contribuiu para o isolamento de seu governo - a perseguição


aos líderes populares e a intervenção nas atividades econômicas, contribuíram para o sucesso da
reação conservadora.

No dia 9 Termidor ( a Convenção realizou uma reforma no calendário ), os jacobinos foram


considerados fora da lei, sendo seus líderes presos e guilhotinados ( Robespierre e Saint-Just ).
Acabava-se assim a fase do Terror e iniciava-se uma nova, e ultima fase: O Diretório.

Diretório ( 1795/1799)

Com o golpe de 9 Termidor ( a Reação Termidoriana), os girondinos ocupam o poder. Uma nova
Constituição é organizada e o Poder Executivo passa a ser exercido por um Diretório, formado por
cinco membros eleitos por um período de cinco anos.
Período de caráter anti-revolucionário, onde a escravidão nas colônias foi restaurada, o Édito do
Máximo foi suprimido e os jacobinos perseguidos ( o Terror Branco ).

O Diretório enfrentava forte oposição de monarquistas e de republicanos radicais. Em maio de


1796, um jacobino de nome Graco Babeuf liderou uma revolta, a Conjura dos Iguais, reprimida por
Napoleão Bonaparte.

A França continuava em guerra, contra a Áustria, Prússia, Inglaterra, Espanha e Holanda. Foi neste
cenário que se destacou o general Napoleão Bonaparte. Este comandou uma ofensiva contra a Itália
dominando a região do Piemonte.

Em 1797 a Áustria foi derrotada. Napoleão conquistou o Egito - possessão inglesa - e planejava
conquistar a Índia ( para enfraquecer a Inglaterra ).

As guerras aumentavam a inflação, gerando revoltas populares. Aproveitando seu enorme prestígio
popular, Napoleão Bonaparte, após o boato de um golpe de Estado planejado pelo jacobinos, depõe
o Diretório ocupa o poder- episódio conhecido como18 Brumário. É o fim do período
revolucionário e o início da consolidação das conquistas burguesas.

EXERCÍCIOS

1) (UEMT) - A Declaração de Direitos, imposta a Guilherme de Orange após a Revolução Gloriosa


na Inglaterra, estabeleceu, entre outros pontos, que:

a) a autoridade do monarca sobrepõe-se à do Parlamento;


b) a origem divina da Monarquia concede-lhe privilégios;
c) o poder da lei é superior ao poder do monarca;
d) o Parlamento legisla por delegação especial do rei;

e) a vontade do rei é lei, independentemente do Parlamento.

2)(VUNESP) O "Ato de Navegação" de 1651 teve importância e conseqüências consideráveis na


história da Inglaterra porque:

a) favoreceu a Holanda, que obtinha grandes lucros com o comércio inglês;

b) contribuiu para aumentar o poder e favorecer a supremacia marítima inglesa no mundo;

c) Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento e se tornou ditador;

d) Considerava o trabalho como a verdadeira fonte de riquezas;

e) Abolia todas as práticas protecionistas.

2) Sobre o despotismo esclarecido, é correto afirmar que:

a) foi um fenômeno comum a todas as monarquias européias, tendo por característica a utilização
dos princípios do Iluminismo;

b) os déspotas esclarecidos foram responsáveis pela sustentação e difusão das idéias iluministas
elaboradas pelos filósofos da época;
c) foi uma tentativa bem-intencionada, embora fracassada, das monarquias européias no sentido de
reformar estruturalmente seus estados;

d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotar o programa de modernização


proposto pelos filósofos iluministas;

e) foi uma tentativa, mais ou menos bem-sucedida, de algumas monarquias reformarem, sem alterá-
las, as estruturas vigentes.

4)(CESGRANRIO) - assinale a alternativa INCORRETA:

Ao criticar o mercantilismo, os fisiocratas visavam:

a) eliminar a intervenção do estado na vida econômica;

b) abolir os monopólios e privilégios;

c) permitir a livre circulação monetária;


d) desenvolver as colônias;
e) dar ênfase à agricultura como principal setor da atividade econômica.

5) (MACK) Sobre as Revolução Francesa, é incorreto afirmar que:

a) os dois clubes mais importantes foram o Clube dos Cordeliers e o Clube dos Jacobinos;

b) ela representou uma ruptura estrutural, pois a burguesia, até então marginalizada em relação ao
poder político, sublevou-se, tornando senhora do Estado;

c) a convocação dos Estado Gerais foi uma demonstração da força econômica do Antigo Regime;

d) a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão foi a síntese da concepção burguesa da


sociedade;

e) a Bastilha, antiga prisão do Estado, foi tomada de assalto por artesãos, operários, pequenos
comerciantes, lavadeiras e costureiras.

6) (UFMG) - O Grande Medo de 1789 foi um dramático acontecimento histórico, ocorrido no


interior da Revolução Francesa.

Todas as alternativas contêm afirmações corretas sobre o Grande Medo, exceto:

a) Fez parte de uma conjuntura marcada por numerosas agitações e insurreições urbanas e rurais;

b) Foi provocado pelo receio, entre os revolucionários e o povo em geral, de um complô das hordas
inimigas da Revolução e do povo;

c) Foi uma das fases da revolução camponesa que, durante os primeiros anos da Revolução
Francesa, impulsionou e conduziu a revolução burguesa;

d) Foi um acontecimento fundamentado em reações coletivas de medo e pânico da população diante


da divulgação de boatos;
e) Gerou fugas, mas também, medidas preventivas, tais como ataques à propriedades aristocráticas e
a decisão de armar a população para enfrentar os inimigos.

Respostas

1C 2B 3E 4D 5C 6C

Aula 11 - Revolução Industrial e Socialismo

Nesta aula, iremos tratar da Revolução Industrial e de suas conseqüências para o mundo
contemporâneo. Entre as conseqüências, destaque para o desenvolvimento de novas idéias sócio-
políticas, que foi o Socialismo.

A Revolução Industrial.

Entende-se por Revolução Industrial um conjunto de inovações técnicas que acabaram resultando
na substituição da ferramenta pela máquina e propiciando a passagem do artesanato manual para a
produção industrial concentrada nas fábricas.

A Revolução Industrial foi um processo decisivo para o estabelecimento da sociedade capitalista -


sociedade caracterizada pela produção de bens materiais. Uma classe detém os meios de produção,
isto é, máquinas, terras, fábricas; outra classe vende sua força de trabalho em troca de um salário e
realiza o trabalho de produção. A primeira classe é a burguesia - que além dos meios de produção,
possui o capital e a segunda classe é formada pelos proletários. Com o desenvolvimento destas duas
classes teremos o início de um conflito, denominado luta de classes.

O processo da Revolução Industrial começou na Inglaterra, que apresentava uma série de


condições, que iremos analisar a seguir.
A Revolução Industrial na Inglaterra.

Vários são os fatores que explicam o início da revolução Industrial na Inglaterra.

UMA REVOLUÇÃO AGRÍCOLA.

A Revolução Industrial inglesa foi precedida por uma revolução agrária. Desde o final da Idade
Média, a agricultura inglesa passava por profundas modificações, graças a substituição da produção
em pequenas propriedades, voltada para o mercado local, por uma produção em larga escala; para
atender o mercado externo, realizada em grandes propriedades.

Durante o reinado de Elizabeth I, o comércio de lã teve um grande desenvolvimento. Para a


produção de lã era necessário aumentar as passagens, necessidade suprida pelas leis de cercamento.
Com os cercamentos os pequenos proprietários e camponeses tiveram suas terras usurpadas, sendo
expulsos para as cidades, transformando-se em força de trabalho para a indústria nascente.

Nem todas as grandes propriedades surgidas com os cercamentos dedicavam-se à criação de


carneiros, havia aquelas especializadas na produção de alimentos para o abastecimento das cidades,
que cresciam cada vez mais.
Para controlar e obrigar, os expulsos do campo, a aceitarem as duras condições de trabalho, em
1601 foi assinada as leis dos pobres, que consideravam crimes o desemprego e a mendicância;
obrigando esta camada a trabalhar nas chamadas "oficinas de caridade", que abasteciam com mão-
de-obra as manufaturas inglesas.

FATORES DE ORDEM ECONÔMICA.


A Inglaterra foi, ao longo dos séculos XVII e XVIII, a nação que mais acumulou capitais. Este
processo de acumulação de capitais foi possível, graças à expansão da atividade comercial - que
gerou um amplo mercado consumidor (a Revolução Comercial). A partir do reinado de Elizabeth I
(1558/1603) há uma expansão dos domínios coloniais ingleses. Nas colônias do sul na América do
Norte, a Inglaterra adota a produção de algodão em grandes propriedades, para abastecer as
manufaturas inglesas.

Outro fator de ordem econômica foi a decretação dos Atos de Navegação (1651) que serviu para
eliminar a concorrência dos holandeses na indústria têxtil e no comércio marítimo. Desta forma, os
produtos ingleses atingiam todas as partes do mundo, sendo transportados por navios ingleses.

FATORES DE ORDEM SOCIAL.

Como se viu, com os cercamentos há um processo de expulsão dos camponeses e dos grandes
proprietários do campo, auxiliando na composição de uma mão-de-obra disponível para as
indústrias. Esta camada, inteiramente desprovida de bens materiais, passa a vender sua força de
trabalho para os donos das fábricas - surgindo assim os proletários.

FATORES DE ORDEM POLÍTICAS.

Desde o século XVII ( Revolução Gloriosa - 1688 ) a burguesia inglesa controlava o Estado e
impunha diretrizes políticas para satisfação de seus interesses econômicos.

CICLO DE INVENÇÕES.
A invenção auxilia o aumento da produção, contribuindo para a geração de capitais - investidos em
outras invenções, gerando aumento da produção e, conseqüentemente mais capitais, resultando
novas invenções, e assim por diante.

A revolução técnica começou na fabricação de algodão, quando John Kay, em 1733, inventou a
lançadeira volante, aumentando a capacidade de tecelagem. Em 1767, James Hargreaves inventou a
fiadora Jenny, aumentando a produção de fios e, Richard Arkwright, em 1769 a aperfeiçoou.

Em 1785, Edmund Cartwright inventou o tear mecânico e o descaroçador de algodão foi inventado
em 1769 por Whitney. Nesta mesma época (1769), James Watt aperfeiçoou a máquina a vapor.

Devemos ressaltar que as máquinas acima eram de metais, estimulando a siderurgia. As máquinas,
por sua vez, funcionavam a vapor, sendo necessários investimentos em mineração (técnicas para
produção de carvão).

A utilização das máquinas exigia a concentração dos trabalhadores num só local, surgindo assim as
fábricas.

As conseqüências da Revolução Industrial.


A Revolução Industrial trouxe várias mudanças na economia, na sociedade, na política e na
estrutura da ideologia.
Para começar, a Revolução Industrial patrocinou uma verdadeira revolução nos transportes. Com o
aumento da capacidade produtiva houve uma enorme necessidade de transportar as mercadorias
com maior rapidez - transporte de matérias-primas para as indústrias e transporte dos produtos
industrializados para os mercados consumidores. A revolução nos transportes deu-se com a
invenção da locomotiva e da navegação a vapor.

A locomotiva foi inventada em 1830, por George Stephenson. A navegação a vapor foi uma
invenção norte-americana - os clippers - destacando-se o inventor Fulton, que projetou o navio
Clermont e percorreu, em 1803, o rio Hudson.

As locomotivas e a navegação a vapor distribuíam as mercadorias a longas distâncias e por preços


reduzidos.

No aspecto político, a Revolução Industrial veio consolidar o liberalismo econômico, solidificando


o modo de produção capitalista. O modelo de Estado Liberal, já existente na Inglaterra, é difundido
nos países que se industrializam ao longo do século XIX.

Do ponto de vista social e político, o industrialismo fez surgir uma nova classe social o proletariado,
e com ela o início de uma luta de classes entre a burguesia e o proletário.

A luta de classes é resultado do antagonismo entre os trabalhadores e os patrões. Antes do


surgimento das fábricas, o trabalhador artesão dominava todo o processo de produção e controlava
o seu tempo de trabalho; com as fábricas, o trabalhador passou a ter que se adaptar ao ritmo da
máquina, perdendo o controle sobre o processo produtivo - pois ele não é o dono da máquina - e
sobre o tempo - este passa a ser determinado pela máquina. Para adaptar-se ao ritmo da máquina,
foi imposto ao trabalhador uma rígida disciplina, com multas e castigos.

Além disto, as condições de trabalho eram muito precárias, também havia uma enorme exploração
do trabalho infantil e feminino, cujos salários eram mais baixos que os dos homens. As jornadas de
trabalhos ultrapassavam as catorze horas diárias...

Como forma de reação a esta situação, a classe operária organiza movimentos para conquistar
melhores condições de trabalho, assunto que será abordado mais adiante.

Outra conseqüência da Revolução Industrial foi o desenvolvimento das cidades - o urbanismo .


Houve um crescimento populacional enorme nos centros urbanos, que concentravam as oficinas,
fábricas, armazéns e moradias dos trabalhadores. A concentração populacional nas cidades, que não
apresentavam infra-estrutura para tanto, causou novos problemas de saúde, de habitação e de
moradia. As precárias condições de vida e de trabalho da classe trabalhadora tornou o alcoolismo
um grave problema urbano.
Conclusão

A Revolução Industrial contribuiu para um aumento da produção, para uma concentração industrial,
para a divisão do trabalho e para a consolidação do capitalismo liberal.

Estabeleceu uma nova forma de trabalho - o trabalho assalariado e favoreceu o processo de


industrialização na agricultura.
A partir da Revolução Industrial ocorre um enorme crescimento populacional e o surgimento das
cidades.

No plano ideológico, as péssimas condições de trabalho dos operários - os produtores da riqueza -


favorecem o desenvolvimento de novas idéias, idéias que criticam o capitalismo; pregando sua
destruição, trata-se do SOCIALISMO.

O Socialismo.
As péssimas condições de vida dos operários, provocadas pela industrialização, levaram alguns
pensadores a buscar soluções para os problemas surgidos. Surgiram então idéias reformistas,
procurando construir uma nova sociedade, onde houvesse igualdade social, eliminando a exploração
do homem sobre o homem.

O conjunto desta idéias fundamentou o pensamento socialista, que pode ser dividido em,
basicamente, duas correntes: a dos socialistas utópicos e a dos socialistas científicos.

Antes da análise das correntes do socialismo, faz-se necessário uma apresentação do movimento
operário, que reivindicava melhores condições de trabalho.

Primeiramente, a reação da classe trabalhadora contra as péssimas condições de trabalho deu-se


pela quebra das máquinas, foi o chamado movimento ludista; em seguida, os trabalhadores
iniciaram sua organização para conduzir melhor o movimento operário, surgindo assim as trade
unions, as uniões operárias. Dentre estas organizações operárias, destacou-se o movimento cartista,
na Inglaterra - a Associação de Operários elaborou uma petição de direitos ( Carta do Povo ),
apresentada ao Parlamento que reivindicava: sufrágio universal restrito aos homens; votação
secreta; representação igual para todas as classes no Parlamento. O movimento cartista representou
um confronto
entre a classe operária e a burguesia, resultando disto, uma necessidade; por parte da classe operária
de melhor conhecer o funcionamento da sociedade capitalista.

Os sindicatos, surgidos no final do século XIX foram evoluções destas trade unions, que passaram a
organizar as lutas da classe trabalhadora.

CORRENTES DO SOCIALISMO.

SOCIALISMO UTÓPICO

Corrente que idealizava uma nova sociedade e acreditava atingir esta nova sociedade sem luta de
classes, mediante reformas pacíficas. Os principais socialistas utópicos foram: Saint-Simon
( 1760/1825), Charles Fourier (1772/1837), Robert Owen (1771/1859) e Proudhon (1809/1865)

Entre os precursores do socialismo utópico, pode-se identificar a obra de Thomas Morus, Utopia,
publicada em 1506 e que idealizava uma sociedade igualitária- atacando a propriedade privada; no
século XVII, durante a Revolução Puritana, temos a ação dos niveladores; grupo de artesãos e dos
escavadores - proletários urbanos e rurais sem terras, que defendiam a igualdade social. Durante a
Revolução Francesa, Graco Babeuf pregava uma República igualitária.

SOCIALISMO CIENTÍFICO
Os principais teórico desta corrente foram Karl Marx ( 1818/1883) e Friedrich Engels ( 1820/1895).
O socialismo científico critica a visão idealista do socialismo utópico e coloca a classe operária
como uma classe revolucionária. O pensamento desta corrente é baseado em dois fundamentos:

a História é resultado da luta de classes;

a classe operária deve construir a nova sociedade, que seria alicerçada na igualdade social, impondo
a ditadura do proletariado - transição para a construção de uma sociedade socialista.

A sociedade socialista, apresentada por Marx e Engels, não apresentaria a propriedade privada dos
meios de produção- o Estado se apoderaria dos bens de produção; o objetivo da produção não seria
mais o lucro individual e sim atender os interesses coletivos e o Estado seria o responsável pelo
retorno da riqueza à coletividade.
Marx e Engels fundaram, em 1847, a Liga Comunista e, no ano de 1848, publicaram o Manifesto
Comunista, cuja divisa será "proletários de todos os países, uni-vos".

SOCIALISMO CRISTÃO

Postura da Igreja Católica que criticava a exploração do capitalismo, porém vai criticar a teoria da
luta de classes, defendida pelo socialismo. Para a Igreja Católica, deveria haver uma harmonia entre
os interesses da classe trabalhadora com os patrões. A Igreja procurou conciliar capital e trabalho
através da encíclica Rerum Novarum.

O ANARQUISMO

Corrente que identifica o Estado como a origem de todos os males.

Defendem, além do fim da propriedade privada, a eliminação do Estado.

Entre seus principais representantes temos Bakunin e Kroptkin.

As idéias socialistas serão postas em prática nos movimentos revolucionários de 1848 e 1871. Em
1917, a Rússia transformou-se no primeiro Estado socialista.
EXERCÍCIOS

1) (ACAFE) - Entre as causas do pioneirismo inglês na Revolução Industrial, podemos citar,


exceto:

a) a disponibilidade de capitais resultantes da revolução Comercial;

b) as condições climáticas favoráveis à indústria de tecidos;

c) a existência de ricas jazidas de ferro, bem como a presença de carvão utilizado como
combustível;

d) o intenso comércio marítimo baseado na poderosa frota naval inglesa;

e) a conquista de mercados coloniais consumidores de matérias-primas e fornecedoras de produtos


manufaturados.
2) (PUCCAMP) - Entre as conseqüências sociais da Revolução Industrial, pode-se mencionar:

a) o desenvolvimento de uma camada social de trabalhadores, que, destituídos dos meios de


produção , passaram a sobreviver apenas da venda de sua força de trabalho;

b) a melhoria das condições de habitação e sobrevivência para o operariado, proporcionada pelo


surto de desenvolvimento econômico;

c) a ascensão social dos artesãos, que reuniram seus capitais e suas ferramentas em oficinas ou
domicílios rurais dispersos, aumentando os núcleos domésticos de produção;

d) a criação do Banco da Inglaterra, com o objetivo de financiar a Monarquia e ser, também, uma
instituição geradora de empregos;

e) o desenvolvimento de indústrias petroquímicas, favorecendo a organização do mercado de


trabalho de maneira a assegurar emprego para todos os assalariados

3 (UFMG)-Todas as alternativas abaixo apresentam mudanças que caracterizam a revolução


Industrial na Inglaterra do século XVIII, exceto:
a) a aplicação sistemática e generalizada do moderno conhecimento científico ao processo de
produção para o mercado;

b) a consolidação de novas classes sociais e ocupacionais, determinada pela propriedade de novos


fatores de produção;

c) a especialização da atividade econômica, dirigida para a produção e para o consumo paroquial e


familiar;

d) a expansão e despersonalização da unidade típica de produção, até então baseada principalmente


nas corporações de ofício;

e) o redirecionamento da força de trabalho, das atividades relacionadas com a produção de bens


primários para a de bens manufaturados e serviços.

3) (Objetivo)- O cartismo inglês, movimento operário que surgiu na década de 1830, reivindicava:

a) o estabelecimento do socialismo na Inglaterra;

b) benefícios trabalhistas e eleitorais;

c) a organização dos trabalhadores em ligas operárias;


d) a luta armada das para a realização do socialismo;
e) a destruição das máquinas nas fábricas.

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

1- E 2- A 3- C 4- B

Aula 13 - Os E.U.A. nos séculos XVIII e XIX.


Nesta aula iremos tratar da formação dos Estados Unidos da América. Primeiramente o processo de
independência dos Estados Unidos, em seguida, o processo de expansão territorial e, para encerrar,
a Guerra de Secessão.

Processo de independência dos E.U.A.


Para começar, vamos relembrar que a colonização inglesa, na América do Norte, foi diferenciada.
As chamadas Treze colônias, situadas na América do Norte, estavam assim constituídas: ao Norte,
região conhecida como Nova Inglaterra, apresentando um clima temperado, desenvolveu- se uma
colonização de povoamento- baseada na pequena propriedade e no fortalecimento do mercado
interno; ao Sul, uma região de clima tropical, desenvolveu-se uma economia assentada na grande
propriedade, voltada para atender os interesses do mercado externo, e com desenvolvimento do
trabalho escravo- trata-se de uma colônia de exploração.

A fiscalização inglesa sobre suas colônias nunca foi muito severa. Como exemplo disto, tem-se o
desenvolvimento do chamado "comércio triangular", onde o comércio colonial concorria com o
comércio metropolitano. As relações entre Metrópole e colônia, eram baseadas na ampla autonomia
político-administrativa. A partir do momento que a Metrópole inglesa interferiu nesta autonomia, o
processo de independência entrou em curso.

AS CAUSAS DA INDEPENDÊNCIA.
Entre as causas da independência dos EUA temos: a difusão do Iluminismo, a Guerra dos Sete Anos
e o enrijecimento do pacto-colonial.

a) A GUERRA DOS SETE ANOS ( 1756/1763 ) - conflito entre França e Inglaterra, envolvendo
uma disputa por territórios coloniais. Durante o conflito, os colonos americanos aliaram-se
aos ingleses.
A guerra trouxe problemas financeiros para a inglaterra, iniciando-se uma política fiscalista da
Inglaterra.

A nova política colonial inglesa começou em 1763, quando a Inglaterra proibiu que os colonos
ocupassem as terras conquistas durante os conflitos com a França.

Os custos da Guerra dos Sete Anos foram transferidos para as colônias inglesas, mediante as novas
leis aprovadas pelo Parlamento:

1764: A Lei do Açúcar (Sugar Act) - elevava as tarifas fiscais sobre o açúcar, melaço, tabaco e café.

1765: a Lei do Selo (Stamp Act) - taxa cobrada sobre todo papel impresso na colônia: jornais e
documentos de transações comerciais.

1767: Atos Townshed - impostos sobre mercadorias importadas, como o chá, corantes, papel,
artigos de luxo.

1773: A Lei do Chá ( Tea Act ) - concedia o monopólio do comércio do chá à Companhia das
Índias Ocidentais, eliminando a participação intermediária dos colonos americanos.

No ano de 1773, um navio da Companhia da Índias Ocidentais foi atacado e seu carregamento de
chá foi destruído, no porto de Boston. Este episódio ficou conhecido como The Boston Tea Party,
provocando violenta repressão por parte da Inglaterra.
Em 1774, a Inglaterra decretou um novo conjunto de leis, as Leis Intoleráveis, que fechavam o
porto de Boston, exigiam uma indenização do carregamento de chá destruído e o aquartelamento de
tropas na cidade de Boston.

A este crescente fiscalismo inglês, soma-se a divulgação dos ideais iluministas por Thomas
Jefferson, Samuel Adams, Richard Lee e Benjamin Franklin. Estes, com o auxílio de outros,
organizaram o Primeiro Congresso Continental da Filadélfia- no ano de 1774. Não apresentava
caráter separatista, e exigia a revogação das leis intoleráveis.
Em 1775 ocorre o Segundo Congresso Continental da Filadélfia, de caráter separatista.

Em 04 de julho de 1776 foi publicada a Declaração de Independência, redigida por Thomas


Jefferson, e que continha uma Declaração dos Direitos do Homem.

Entre 1776 e 1783 os Estados Unidos enfrentavam a Inglaterra, na chamada Guerra de


Independência, onde os norte-americanos eram comandados por George Washington. No ano de
1783, a Inglaterra reconhece a independência dos EUA com a assinatura do Tratado de Versalhes.

A Constituição dos Estados Unidos da América foi promulgada em

1787 e determinava a criação de uma República federativa e presidencialista, a existência de três


poderes ( executivo, legislativo e judiciário) independentes entre si. No ano de 1789, George
Washington foi eleito o primeiro presidente dos Estados Unidos.

A expansão territorial dos Estados Unidos.

Vários foram os fatores que contribuíram para a expansão territorial, caracterizada pela conquista
do Oeste:

a doutrina do "Destino Manifesto", que afirmava ser uma vontade de Deus a conquista e a ocupação
das terras situadas entre o Atlântico e o Pacífico;

o crescimento demográfico e a necessidade de novas áreas para ampliar a produção agrícola e de


áreas destinadas às pastagens;

a descoberta de ouro, em 1848 na Califórnia, incentivou o deslocamento populacional em direção


ao oeste;

a compra de alguns territórios, como a Louisiana (da França), a Flórida (da Espanha) e o Alasca (da
Rússia);

uso da diplomacia com a Grã Bretanha, para adquirir o Oregon;

a guerra contra o México (1845/48), onde os Estados Unidos anexaram boa parte do território
mexicano: Texas, Novo México e Califórnia;

expulsão e dizimação das tribos indígenas.


Entre as conseqüências da expansão territorial destacam-se o desenvolvimento econômico, dado ao
crescimento populacional e ao fortalecimento do mercado consumidor. A disponibilidade de mão-
de-obra contribuiu para o desenvolvimento da indústria, do comércio, da agricultura e pecuária.

A expansão consolidou as diferenças sociais e econômicas, heranças da montagem do sistema


colonial: ao norte desenvolveu-se uma poderosa burguesia industrial e comercial, interessada em
ampliar o mercado consumidor, por isto mostrava-se contra a escravidão; ao sul consolidou-se a
aristocracia rural, assentada na grande propriedade escravocrata e monocultora.

A Guerra de Secessão (1861/1865).

A expansão territorial norte-americana ampliou o debate sobre o regime de trabalho. Qual deveria
ser o sistema de trabalho a ser utilizado nos novos territórios: trabalho assalariado ou trabalho livre?

A independência dos estados Unidos não solucionou efetivamente este problema que, com a
expansão territorial tornou-se nacional.

Assim, entre as causas da Guerra de Secessão temos: as diferenças sócio-econômicas entre o Norte
e o Sul dos Estados Unidos; a orientação econômica dos Estados Unidos - ao Norte interessava uma
política protecionista, com pesadas taxas de importação, como forma de patrocinar seu
desenvolvimento interno; ao sul interessava o livre cambismo, visto que dependia da exportação do
algodão e da importação de produtos manufaturados.

Outra questão de extrema importância foi a que envolvia o trabalho escravo. Os Estados do Norte
não queriam que o trabalho escravo fosse adotado nos novos territórios, visto estarem interessados
em ampliarem o mercado consumidor. Já os Estados sulistas pretendiam a manutenção do regime
escravocrata, bem como a expansão das grandes plantações de algodão.

A questão escravista desenvolveu dois grupos políticos. De um lado o Partido Republicano, que
representava os interesses da burguesia industrial e, de um outro lado, o Partido Democrático,
representante dos escravocratas.

A causa imediata da Guerra de secessão foi a eleição de Abraham Lincoln, candidato do Partido
Republicano, no ano de 1860. Em 1861, como reação à vitória de Lincoln, 11 Estados, liderados
pela Carolina do
Sul separaram-se da União e formaram os Estados Confederados da América.

A guerra civil que se seguiu foi vencida pelo Norte. Durante a guerra, no ano de 1863, Lincoln
decretou a abolição da escravatura, sendo em seguida assassinado em um teatro por John Wilkes
Booth.

CONSEQÜÊNCIAS DA GUERRA DE SECESSÃO.

Garantiu a unidade nacional; representou a vitória da burguesia industrial sobre a aristocracia


escravocrata; incentivou de forma definitiva o desenvolvimento capitalista dos Estados Unidos;
com a abolição da escravatura intensificam-se os preconceitos raciais, com o surgimento de grupos
radicais, como a Ku-Klux-Klan.

A Guerra de Secessão trouxe um enorme desenvolvimento industrial, especialmente com a


construção de ferrovias, integrando toda economia.

Aula 14 - A América Espanhola.

Nesta aula, trataremos da colonização espanhola na América, do processo de independência e da


formação dos Estados Nacionais.

Colonização espanhola na América.


A conquista espanhola data de 1519, quando Hernan Cortez conquistou o Império Asteca (México).
No ano de 1531, foi a vez de Francisco Pizarro conquistar o Império Inca (Peru). O processo de
conquista foi extremamente violento, contribuindo para a dizimação das populações nativas. O uso
da violência deveu-se à ânsia da descoberta dos metais preciosos e da vontade de escravizar os
nativos da América.

Após a conquista dos territórios, a Espanha iniciou a organização de seu imenso Império Colonial
na América, através da imposição de estruturas políticas, econômicas e administrativas que
atendessem o seu interesse mercantilista, qual seja, a acumulação de capitais.

ESTRUTURAS SOCIAIS, ECONÔMICAS E ADMINISTRATIVAS.

Organização político-administrativa-

Divisão da área colonial em quatro vice-reinados ( Nova Espanha, Nova Granada, Peru e Prata ) e
quatro capitanias-gerais ( Cuba, Guatemala, Venezuela e Chile ).

O Conselho das Índias, ligado diretamente ao rei, ficava encarregado da administração geral das
colônias e a Casa de Contratação era encarregada da fiscalização, da regulamentação do comércio e
da cobrança dos tributos.

O poder local era exercido através dos Cabildos, as Câmaras Municipais. A administração
espanhola era bastante descentralizada, estando cada unidade colonial subordinada diretamente à
metrópole.

Organização da economia colonial-

Como se sabe, o sentido da colonização era, através da exploração, obter produtos valiosos que
pudessem auxiliar os Estados europeus na acumulação de capitais, ficando a área colonial obrigada
a comprar os excedentes produzidos na Europa. Desta forma, a atividade econômica principal foi a
mineração ( ouro e prata ). A grande quantidade de ouro e prata, retirada da América e enviada para
a Europa, comprometeu o desenvolvimento industrial da Espanha e gerou uma enorme inflação na
Europa, processo conhecido como a "revolução dos preços", em virtude da desvalorização da
moeda e pelo aumento geral dos preços.

O comércio dos metais preciosos era controlado pela Casa de Contratação, que adotou o sistema de
porto único - todo metal precioso deveria ser enviado para Sevilha.

O trabalho adotado nas minas foi o trabalho compulsório dos indígenas, sob a forma da
encomienda: o colono tinha o direito de explorar o trabalho indígena, em troca de sua
cristianização. Havia também uma outra forma de exploração do nativo, exercida pela Metrópole,
que realizava o recrutamento em massa do indígena, obrigando-o a realizar obras públicas, era o
repartimiento. Esta exploração era semelhante a Mita, uma forma de trabalho compulsória que
existia na época pré-colombiana.

Organização social-
A sociedade colonial na América Hispânica estava assim estruturada: os chapetones, espanhóis que
vinham para a colônia e ocupavam os cargos burocráticos e administrativos; os crillos, constituída
por espanhóis nascidos na América. Eram os grandes proprietários de terras e escravos, formavam a
elite econômica, muito embora ficassem excluídos das funções políticas; os mestiços, resultado da
miscigenação do branco com o índio e os escravos negros.
Independência da América espanhola.

A CRISE DO IMPÉRIO COLONIAL ESPANHOL.

O processo de independência das colônias espanholas está relacionado ao desenvolvimento das


idéias liberais no século XVIII, tais como o Iluminismo, a Independência dos Estados Unidos, a
Revolução Industrial e a Revolução Francesa.

No final do século XVIII e início do século XIX, a Espanha já não é mais uma grande potência
européia. Tanto a Inglaterra como a França, passaram a ter acessos às áreas coloniais da Espanha.

Em 1713, a Inglaterra passa a ter o direito sobre o asiento, ou seja, sobre o fornecimento de
escravos para as colônias) e o chamado permisso, quer dizer, comércio direto com as colônias. No
ano de 1797, com o decreto da abertura dos portos, as colônias espanholas passaram a manter
relações comercias diretamente com as nações amigas da Espanha. No ano de 1799, o governo
procurou anular o decreto, provocando uma forte reação colonial.

O PROCESSO DA INDEPENDÊNCIA.

O processo da independência da América Hispânica está diretamente relacionado com a deposição


de Fernando VII em 1808, quando as tropas francesas ocuparam a Espanha. Napoleão Bonaparte
nomeia seu irmão, José Bonaparte, como o novo rei da Espanha, desencadeando uma forte reação
nas colônias, que passaram a formar as Juntas Governativas - com caráter separatistas e lideradas
pelos criollos.

ETAPAS

Antes dos movimentos separatistas ocorreram revoltas coloniais contra o domínio espanhol,
destacando-se a revolta dos índios do Peru, liderados por Tupac Amaru.

Entre os precursores da independência das colônias hispânicas, destaque para Francisco Miranda,
que planejou a independência da Venezuela, movimento que fracassou.

O movimento emancipacionista contou com a liderança dos chamados "libertadores da América" -


Simón Bolívar, José de San Martin, José Sucre, Bernardo O'Higgins, Augustin Itúrbide, Miguel
Hidalgo e José Artigas.

A primeira tentativa de emancipação ocorreu no México, em 1810, sob a liderança do padre Miguel
Hidalgo. No ano de 1821, o General Augustin Itúrbide proclama a independência do México.

A partir de 1823, e seguindo e exemplo mexicano, foi a vez das colônias da América Central
proclamarem a independência, surgindo as Províncias Unidas da América Central, que fragmentou-
se em diversas Repúblicas: Costa Rica, Honduras, El Salvador, Guatemala e Nicarágua. Cuba e São
Domingos só tiveram a independência no final do século XIX.

No ano de 1818, sob a liderança de Símon Bolívar surge a Grã-Colombia, que em 1830 se separam,
formando a Colômbia e a Venezuela. Em 1822 é proclamada a independência do Equador ( Sucre e
Bolívar).
Bernardo O'Higgins liberta o Chile, com a ajuda de San Martín, no ano de 1817; San Martin e
Bolívar libertam o Peru em 1821; em 1825 foia vez da Bolívia, sob o comando de Sucre.

Na região do Prata o grande libertador foi San Martín ( Argentina, 1816; Paraguai 1811 e Uruguai
em 1828).

O processo de independência da América Hispânica contou com forte participação popular e com o
apoio da Inglaterra, interessada em ampliar seu mercado consumidor. Uma outra característica foi a
grande fragmentação territorial, em virtude do choque entre os diversos interesses das elites
coloniais.

Do ponto vista econômico, a independência não rompeu com os laços de dependência em relação às
potências européias. As novas nações continuavam a ser exportadoras de matérias-primas e
importadoras de produtos manufaturados. No plano político, os novos dirigentes excluíram qualquer
forma de participação popular nas decisões políticas.

Organização dos Estados Nacionais.

Entre os libertadores da América, Símon Bolívar defendia a unidade política interamericana, com a
proposta da criação de uma Confederação de países latino-americanos. Este sonho de unidade
territorial é conhecido como Bolivarismo, que contou com a oposição da Inglaterra e dos Estados
Unidos. A este, a fragmentação política contribuiria para a consolidação norte-americana sobre a
região ( Doutrina Monroe); já para a Inglaterra, a fragmentação consolidaria sua hegemonia
econômica. Ou seja, dividir para melhor controlar.

Na organização dos Estados Nacionais na América Hispânica duas tendências de governo se


apresentam: a Monarquia e a República - com vitória dos movimentos republicanos. A seguir,
novos conflitos quanto a organização do regime republicano- federalista ou centralista.

O federalismo propunha umas ampla autonomia em relação ao poder central, exprimindo os


princípios do liberalismo econômico. Já o centralismo era defendido como forma de manter a
unidade nacional e a manutenção de privilégios.

O principal fenômeno político destas novas nações americanas foi o surgimento do caudilhismo. O
caudilho era um chefe político local, grande proprietário de terra e que procurava manter as mesmas
estruturas sociais e econômicas herdadas do período colonial. Foi responsável pela grande
instabilidade na formação dos Estados Nacionais.

O caudilhismo contribui, de maneira decisiva, para a fragmentação política e territorial da América


Hispânica. Outros fatores para a fragmentação: ausência de vínculos econômicos entre as colônias e
atividades econômicas voltadas para atenderem as exigências do mercado externo.

Exercícios

1) (UCSAL) - A decadência do colonialismo na América e a conseqüente aceleração do processo de


independência do continente americano deveu-se, entre outras causas:

a) ao crescente desenvolvimento do capitalismo comercial, que tinha no monopólio uma barreira


para se expandir;

b) à política expansionista de Napoleão e ao crescente desenvolvimento industrial da Inglaterra;


c) ao desenvolvimento econômico das colônias inglesas, que passaram a defender s interesses
europeus;

d) ao crescimento da economia das colônias americanas, que pretendiam concorrer no comércio


internacional;

e) à adoção do neoliberalismo pelos países europeus, que provocou um aumento de controle na área
colonial.

2) (UFAL) - Entre as causas políticas imediatas de eclosão das lutas de independência das colônias
espanholas da América, pode apontar:

a) a derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo;

b) a formação da Santa Aliança;


c) a imposição de José Bonaparte no trono espanhol;
d) as decisões do Congresso de Viena;

e) a invasão de Napoleão Bonaparte a Portugal e a coroação de D. João VI no Brasil.

3) Sobre o caudilhismo na América Latina durante o século XIX:

a) contribuiu para o processo de industrialização das antigas áreas coloniais na América Latina;

b) os caudilhos realizaram uma ampla reforma agrária e governavam obedecendo a vontade


popular;

c) foi responsável pela manutenção do equilíbrio da balança comercial favorável, fator que explica a
rápida industrialização dos novos países;

d) manteve as estruturas coloniais e contribuiu para o atraso econômico e fragmentação territorial


da América Latina;

e) de origem chapetone, os caudilhos auxiliaram a Espanha em sua tentativa de recolonizar a


América.

Respostas-
1- B 2-C 3-D

Aula 17 - Primeira Guerra Mundial E Revolução Russa.

Esta aula abordará a Primeira Guerra Mundial, suas causas e conseqüências, entre as conseqüências;
destaque para a Revolução Russa e a criação do primeiro Estado socialista da história.

Entre as causas da Primeira Guerra Mundial, temos a Unificação da Itália e da Alemanha, que
contribuiu para a ruptura do equilíbrio político europeu. Assim, faz-se necessário analisar primeiro
este processo para, em seguida, tratarmos da Primeira Grande Guerra.
Unificação Italiana.

Em 1850 a Itália encontrava-se dividida em vários Estados, de acordo com as decisões tomadas no
Congresso de Viena, alguns ocupados pela Áustria. Entre estes Estados, o reino do Piemonte era o
mais desenvolvido, tornado-se o ponto de partida para a unificação italiana.

Entre as causas da unificação italiana, temos o desenvolvimento industrial e o fortalecimento da


burguesia, que via na unificação política uma necessidade para ampliar seus negócios econômicos:
garantir a continuidade de seu crescimento interno e capacidade para concorrer no mercado externo.

Outro importante fator deste processo foi o desenvolvimento do nacionalismo, expressado pelo
Risorgimento, movimento de caráter liberal tendo como líder, Camilo Benso, o conde de Cavour -
ministro do reino do Piemonte. O nacionalismo desenvolveu a formação de
sociedades secretas, que defendiam a unificação, com destaque para os carbonários.

As tendências políticas.

A alta burguesia industrial, que era representada pelo conde Cavour, defendia o liberalismo
econômico e a monarquia constitucional parlamentar; a média burguesia e o proletariado eram
defensores da criação de uma República e, por fim; havia a idéia de que a unificação italiana
ocorresse em torno da Igreja, a Confederação dos Estados Italianos, sob a presidência do papa Pio
IX.

A formação do Reino da Itália.

Em 1854 Cavour inicia o processo de unificação política da Itália, participando da Guerra da


Criméia, auxiliando França e Inglaterra contra a Rússia. Em 1858, por conta deste auxílio militar,
Cavour consegue apoio de Napoleão III, então imperador da França, na luta contra a Áustria pela
unificação italiana.

A primeira etapa da unificação italiana foi a guerra contra a Áustria, e paralelamente a esta guerra,
Garibaldi conquistava territórios na região da Romanha.

O próximo passo para a conclusão do processo foi a incorporação de Roma, sob o controle do papa
e protegida pelo exército francês. Em 1870 eclode a guerra franco-prussiana, que vai acelerar a
unificação da Itália. A derrota francesa facilita o domínio italiano sobre Roma, que se tornará a
capital do novo reino. A anexação de Roma provocara a Questão Romana, onde o papa Pio IX não
reconhece o Estado italiano unificado. Esta questão só será solucionada em 1929, com a assinatura
do tratado de Latrão, surgindo o Estado do Vaticano, sob a soberania do papa.

A unificação italiana ocorreu tardiamente, final do século XIX, fazendo com que a Itália chegasse
atrasada na corrida colonial. A busca por mercados, já dominados pela Grã-Bretanha e França
provocam um desequilíbrio político na Europa, sendo uma das causas da Primeira Guerra Mundial.

A unificação da Alemanha.

Após o Congresso de Viena, a Alemanha estará dividida em 38 Estados, formando a Confederação


Germânica, presidida pela Áustria e
tendo a Prússia como o Estado mais desenvolvido economicamente. A Áustria se opunha á
unificação política, que será liderada pela Prússia.
No ano de 1834 foi criado o Zollverein ( união aduaneira dos Estados germânicos) possibilitando
uma expansão do capitalismo, que só seria efetivada através da unificação política. O mentor do
processo de unificação será Otto von Bismarck, chanceler da Prússia.

A processo da unificação será possível a partir da aliança entre a alta burguesia alemã e os junkers,
a aristocracia prussiana que controlava o exército e administração.

As guerras pela unificação.

A Guerra dos Ducados, em 1864, marca o início da unificação alemã. Guerra contra a Dinamarca
pelos ducados de Schleswig-Holstein, que tinha população alemã. Nesta guerra houve uma aliança
com a Áustria;

A Guerra das Sete Semanas, em 1866, envolvendo a Prússia contra a Áustria, com vitória
espetacular dos prussianos. A Confederação Germânica foi dissolvida surgindo a Confederação
Germânica do Norte. Ao tentar anexar os Estados alemães do Sul, houve uma forte reação da
França - temendo que a Alemanha se transformasse em grande potência européia. A unidade da
Alemanha só seria garantida após um conflito com a França;

A Guerra Franco-Prussiana, ocorrida em 1870. O estopim da guerra foi a candidatura do príncipe


Leopoldo de Hohenzollern ao trono da Espanha. Napoleão III vetou a candidatura, exigindo que
Guilherme I; rei da Prússia e parente de Leopoldo, prometesse que nenhum príncipe germânico se
candidatasse ao trono espanhol. Guilherme I passou um telegrama a Bismarck, para que fosse
encaminhado à Napoleão III. O telegrama foi adulterado por Bismarck, tornado um insulto ao povo
francês. A guerra foi declarada.

A guerra foi vencida pela Prússia, possibilitando a anexação dos Estados do Sul e, no ano de 1871,
Guilherme I foi coroado imperador da Alemanha, sendo proclamado - na Sala dos Espelhos do
Palácio de Versalhes - o II Reich alemão.

No mesmo ano a França assinou o Tratado de Frankfurt, permitindo à Alemanha a anexação da


Alsácia-Lorena e impunha a França uma pesada indenização de guerra ( 5 milhões de francos ).
Este tratado contribuiu para o desenvolvimento do revanchismo francês, uma das principais causas
da Primeira Guerra Mundial.

Para a França, a derrota na guerra Franco-prussiana acarretou a queda do II Império francês e a


proclamação da República. A população de Paris, insatisfeita com os resultados da guerra, com a
escassez de alimentos rebelou-se e ocupou o poder. Estava assim instalada a
Comuna de Paris, o primeiro ensaio de um governo formado por trabalhadores de toda a história.

A experiência da Comuna foi destruída pelo exército francês em 27 de maio de 1871, com mais de
20.000 "comunardos" executados. A Comuna de Paris tornou-se um exemplo para o movimento
operário europeu.

A Primeira Guerra Mundial (1914-18).

As causas da guerra.

Um dos principais fatores da eclosão do primeiro grande conflito mundial foi o choque imperialista
entre as grandes potências européias, ou seja, a disputa por mercados consumidores e fornecedores.
A unificação italiana e alemã contribuiu para a quebra do equilíbrio europeu, visto que ameaçava os
mercados industrias da França e Inglaterra. Como exemplo, a construção da estrada de ferro Berlim-
Bagdá - unindo a Alemanha aos lençóis petrolíferos do Oriente Médio - ameaçando a hegemonia
britânica na região.

O revanchismo francês, após a guerra Franco-prussiana, bem como os interesses imperialistas,


possibilitaram a formação do chamado Sistema de Alianças - que reuniu algumas potências
européias em dois blocos distintos: Tríplice Aliança, consolidada em 1822, e formada pela
Alemanha, Império Austro-húngaro e Itália; e a Tríplice Entente, surgida em 1907 e composta pela
França, Rússia e Grã-Bretanha.

O pan-eslavismo, defendido pela Rússia, que levava o Império russo a apoiar os movimentos
nacionalistas ocorridos nos Balcãs, tornado a Rússia uma aliada da Sérvia na luta contra o Império
Austro-húngaro.

O nacionalismo da Sérvia serviu de causa imediata para o início da Primeira Guerra Mundial. Os
povos eslavos da península Balcânica dominados pelos austríacos - região da Bósnia-Herzegóvina -
rebelaram-se, sendo apoiados pelos sérvios. Na capital da Bósnia, Saravejo, um estudante;
pertencente a um organização secreta chamada Mão Negra, assassinou o arquiduque austríaco
Francisco Ferdinando, no dia 28 de junho de 1914.

O Império Austro-húngaro atacou a Sérvia que recebeu apoio da Rússia. A partir daí, o sistema de
alianças funcionou automaticamente: a Alemanha declarou guerra à Rússia; a França declarou
guerra à
Alemanha e, pouco depois, foi a vez da Grã-Bretanha declarar guerra à Alemanha.

As fases da Primeira Guerra.

A Primeira Guerra Mundial apresentou três fases distintas:

A primeira fase da guerra ( 1914/15), foi caracterizada pela movimentação das tropas. O alemães
adotaram o Plano Schlieffen, que consistia num ataque à França, através do território da Bélgica. A
invasão da Bélgica serviu de pretexto para a Grã-Bretanha declarar guerra à Alemanha.

A principal batalha nesta fase de movimento foi a batalha do Marne, forçando um recuo das tropas
alemãs.

Enquanto isto, na frente oriental o exército alemão não encontrava dificuldades para enfrentar o
exército russo, pouco preparado para a guerra.

Depois da batalha do Marne, a frente ocidental conhece a Segunda fase da guerra, denominada
"guerra suja de trincheiras".

A "guerra de trincheiras" foi uma guerra de posições, onde cada exército procurava vencer o
opositor pelo desgaste. Esta fase provocou o desenvolvimento da indústria bélica, com o uso de
metralhadoras, tanques de guerra e do avião.

Duas batalhas ilustram esta fase, a batalha de Somme e a batalha de Verdun.

No ano de 1917, dois acontecimentos mudaram por completo os rumos da guerra: a entrada dos
Estados Unidos e a saída da

Rússia.
A Rússia saiu da Primeira Guerra Mundial em função da Revolução Bolchevique - que será
analisada adiante; já os Estados Unidos entraram no conflito procurando garantir seus negócios na
Europa. França e Grã-Bretanha eram devedores dos norte-americanos e, uma possível vitória da
Tríplice Aliança poria em risco os investimentos norte-americanos. Quando os alemães torpedearam
navios norte-americanos, foi declarada guerra à Alemanha.(06/04/1917).

A terceira, e última fase, volta a ser de movimento, marcada pelo avanço dos aliados e recuo das
"potências centrais". Após uma rebelião popular contra a guerra- acompanhada de uma greve geral-
o Kaiser Guilherme II abdica e, no dia 11 de novembro de 1918 assina o
armistício. Com o fim do II Reich é instalada na Alemanha a República de Weimar.

As alianças durante a guerra.

Os italianos, que inicialmente, estavam na Tríplice Aliança, passaram para a Tríplice Entente, sob
promessas de que receberia territórios na Turquia, Áustria e colônias da Alemanha; o Império
Otomano - dominado pelo turcos - foram aliados dos alemães, assim como a Bulgária. Japão,
Sérvia, Portugal, Grécia, Romênia e Brasil foram aliados da Tríplice Entente.

OS TRATADOS DE PAZ.

Antes do término da guerra, o presidente dos Estados Unidos, Woodron Wilson , elaborou uma
proposta de paz, conhecida como Programa dos 14 pontos, proclamando uma paz sem anexações ou
indenizações. Determinava a diplomacia aberta, a liberdade dos mares, a redução das barreiras
aduaneiras, amplo desarmamento, afirmação do princípio da autodeterminação dos povos e a
criação da Sociedade das Nações, com o objetivo de garantir a paz mundial. No entanto, durante a
assinatura dos tratados de paz, os 14 pontos de Wilson foram colocados de lado.

A Conferência de Paris.

Conferência de Paz que tomou as decisões diplomáticas após a primeira guerra. Ficou estabelecida
a Paz dos Vencedores, marcada pelo espírito revanchista.

Aula 21 - Segunda Guerra Mundial.

Causas

A Segunda guerra mundial pode ser entendida a partir das relações internacionais, do imperialismo,
do crescimento do nacionalismo e do desenvolvimento da indústria bélica. Com a crise mundial de
1929, o nacionalismo cresceu, bem como a extrema direita (os regimes totalitários).

Política expansionista

Na Alemanha, com a implantação do III Reich, o Tratado de Versalhes foi desrespeitado, levando a
reorganização das Forças Armadas e ao desenvolvimento da produção de armamentos. Iniciava-se
então a política de expansão territorial – proclamando a necessidade de que toda a raça germânica
(considerada a superior).

A expansão alemã iniciou-se em 1938 com o Anschluss, ou seja, a união da Áustria e da Alemanha.
Em seguida foi anexada a região dos Sudetos ( Tchecoslováquia ). A ocupação da região foi
aprovada pela Conferência de Munique ( Alemanha, Itália, França e Inglaterra). Em 1939 a
Alemanha realiza um acordo com Itália e Japão – surgindo assim o EIXO ( Roma, Berlim, Tóquio).

Já o governo fascista da Itália conquistou a Abissínia (Etiópia) e a Albânia.

No extremo oriente, o Japão anexava a Manchúria e outras regiões da China

Política de apaziguamento

Enquanto os países do EIXO realizavam a expansão territorial, e colocando em risco a paz mundial,
a Liga das Nações, a França e Inglaterra limitavam-se à pequenas reprimendas – procurando evitar a
guerra. No entanto, a ausência de medidas mais duras só contribuíam para o fortalecimento do
EIXO.

Política de neutralidade

Postura internacional adotada pelos Estados Unidos da América – muito mais preocupados em
solucionar os efeitos internos da crise de 1929 – que não interferiram nas relações políticas da
Europa até a guerra começar.

Política de isolamento

A União Soviética encontrava-se isolada nas relações- e decisões – políticas, pelo fato do regime
comunista, imposto desde 1917. A URSS ainda acreditava que a política do apaziguamento servia
para jogar a Alemanha contra ela ( exemplificada na Conferência de Munique ). Procurando romper
seu isolamento a URSS assinou um pacto de não-agressão com a Alemanha.

Este pacto, denominado Ribbentrop-Molotov, atendia aos interesses da URSS, livrando-a


( inicialmente) de uma agressão alemã e conseguindo maior tempo para se preparar; beneficiava a
Alemanha que evitava uma guerra em duas frentes (oriental e ocidental). Porém, tanto comunistas
quanto nazistas sabiam que o tratado teria curta duração.

Garantida a neutralidade da URSS a Alemanha, em 1Š de setembro de 1939 invadiu a Polônia,


iniciando a Segunda Guerra.

A Guerra civil espanhola

Um outro fator da Segunda Guerra foi a Guerra civil espanhola(1936-1939), envolvendo fascistas
espanhóis e republicanos. As tensões iniciaram-se em 1931 com a abdicação do rei Afonso XIII, em
virtude das pressões sociais, que exigiam uma república. Com a abdicação, instalou-se uma
república de caráter liberal. A nascente república espanhola passa por graves problemas políticos –
reação da antiga elite dominante, anticlericalismo acentuado, autonomismo regionais (como o caso
do País Basco e Catalunha) e crescimento dos movimentos populares.

Neste contexto surge um grupo conservador, de extrema direita, com aspectos fascistas – a Falange.

Nas eleições de 1936, a Frente Popular – frente antifascista composta por liberais, socialistas,
anarquistas e comunistas – venceu e procurou efetivar um conjunto de reformas sociais. Em 18 de
julho do mesmo ano, o general Francisco Franco iniciou uma revolta contra a república. Contou
com o apóio da Falange, dos latifundiários, da Igreja e da classe média urbana.
A Guerra civil espanhola foi extremamente violenta e contou com a participação internacional. A
Frente Popular recebe apoio da União Soviética e da Brigadas Internacionais (compostas por
pessoas de diversos países); já a Falange conta com o apóio da Alemanha, Itália e Portugal. A ajuda
da Itália e Alemanha foi decisiva para a vitória de Franco, iniciando-se na Espanha um Estado de
características fascista- o Franquismo.

Fases da guerra.

A primeira fase da guerra foi marcada pela vitória do EIXO – de 1939 a 1941. A Alemanha adotou
a Blitzkrieg – “guerra-relâmpago”- tática de operação combinanda (naval,aérea e terrestre). A
Alemanha ocupou a Polônia, Dinamarca, Noruega, Holanda, Bélgica e França.

A França, após a invasão, ficou dividida em duas áreas: uma zona de ocupação pelos nazistas e uma
zona “livre”- governada pelos simpatizantes do nazismo.

Em agosto de 1940 iniciou-se o ataque a Grã-Bretanha, neutralizada pela ação da RAF (força aérea
britânica).

Em 1941 o EIXO recebeu apoio da Hungria, Romênia e Bulgária, houve a ocupação da Iugoslávia e
da Grécia. No mesmo ano houve o desembarque da Afrikakorps (comandada por Rommel) com o
objetivo de conquistar o canal de Suez.

Entre os anos de 1941 a 1943 houve um período de equilíbrio entre as forças na guerra. Em junho
de 1941 a Alemanha deu início à Operação Barbarossa – a invasão da União Soviética. A ofensiva
nazista, inicialmente, foi vitoriosa.

Em dezembro de 1941, o Japão durante seu expansionismo pela Ásia, atacou Pearl Habor – fato que
marca a entrada dos EUA no conflito.Entre 1943 e 1945 a guerra é marcada pela vitória das forças
contrárias ao EIXO.

A Batalha de Stalingrado, vencida pelos comunistas, marca o início da derrocada dos nazistas; em
1944 inicia-se a Operação Overlord (Dia D) e o desembarque dos aliados na Normandia.

A Itália já havia se retirado do conflito em julho de 1943. O Japão cede em 1945 após os
bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagazaki.

As consequências da guerra.

A Segunda Guerra provocou um desenvolvimento da indústria bélica e um grande número de


mortes: a União Soviética teve 20 milhões de mortos; 6 milhões de alemães; 1,2 milhões de mortos
japoneses; e o extermínio de judeus, nos campos de concentração chegou a cerca de 7 milhões de
vítimas.

Outra consequência foi a reunião dos aliados e da União Soviética, procurando reorganizar o mapa
político alterado pela guerra. As conferências e suas principais decisões foram:

Conferência do Cairo- Realizada ainda durante a guerra (1943), reuniu Churchill (Grã-Bretanha),
Roosevelt (EUA) e Chang Kai-chek (China) que discutiram o mapa da Ásia – alterado pelo Japão.
Conferência de Teerã- Dezembro de 1943 que reuniu Churchill, Roosevelt e Stalin (União
Soviética). Selaram a decisão do Dia D , formularam a criação de organismo internacional para
preservar a paz mundial e decidiram dividir a Alemanha em zonqas de influência.

Conferência de Ialta- Com a participação de Churchill, Roosevelt e Stalin que confirmaram a


divisão da Alemanha e dividiram a Coréia em zonas de influência: o Sul controlado pelos EUA e o
Norte pela União Soviética.

Conferência de Potsdam- Participação de Clement Attlee (Grã-Bretanha), Harry Truman (EUA) e


Stalin. Efetivou a divisão da Alemanha em zonas de influência, a criação de um tribunal para julgar
os crimes nazistas (Tribunal de Nuremberg) e estipulado uma indenização de 20 bilhões de doláres
à Inglaterra, URSS, França e EUA.

Outras conseqüências:

A criação da ONU;
O Plano Marshall, plano de ajuda econômica dos EUA para recuperar a economia européia. A
nação que quisesse receber a ajuda deveria combater- internamente- o avanço das idéias
comunistas;

A Guerra Fria, um conflito ideológico entre o capitalismo- sob a liderança dos EUA – e o
comunismo, liderado pela União Soviética. A Guerra Fria foi inaugurada pela Doutrina Truman,
que justificava uma intervenção militar para evitar que os comunistas chegassem ao poder em
qualquer país.

Por conta guerra fria foi criada, em 1949, a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e
em 1955 firmado o Pacto de Varsóvia- bloco militar dos países comunistas.

O primeiro conflito da Guerra Fria foi a Guerra da Coréia (1950/53) quando a URSS ajudou a
Coréia do Norte a invadir a Coréia do Sul, auxiliada pelos EUA.
Houve ainda o processo de descolonização da Ásia e da África.

EXERCÍCIOS

1)(UNITAU) – O fato concreto que desencadeou a Segunda Guerra Mundial foi:

a) a saída dos invasores alemães do território dos Sudetos, na Checoslováquia;

b) a tomada do “corredor polonês” que desembocava na cidade-livre de Dantizg (atual Gdansk),


pelos italianos;

c) a invasão da Polônia por tropas nazistas e a ação da Inglaterra eda França em socorro de sua
aliada, declarando guerra ao Terceiro Reich;
d) a efetivação do “Anschluss”, que desmembrou a Áustria da Alemanha;
e) a invasão da Polônia por tropas alemãs, quebrando o Pacto Germano-Soviético.

2) (UFRN) – Em relação à Segunda Guerra Mundial, é correto afirmar que:

a) Hitler empreendeu uma implacável perseguição aos judeus, que resultou na morte de seis milhões
de pessoas;
b) Os norte-americanos permaneceram neutros na guerra até 1941, quando bombardearam
Hiroshima e Nagasaki;

c) de Gaulle foi o chefe do governo de Vichy;


d) com o ataque alemão a Pearl Habor, os norte-americanos resolveram entrar na guerra;
e) a Crise de 1929 nada teve a ver com a Segunda Guerra Mundial.

3) (Objetivo)- Assinale a alternativa errada no contexto da Segunda Guerra Mundial:

a) A anexação da Albânia pelas tropas fascistas italianas;


b) A invasão, pelos japoneses, de regiões chinesas de grande importância econômica;

c) A anexação da região dos Sudetos, na Tchecoslováquia, pelos alemães;


d) A vitória alemã na batalha de Stalingrado, que consolidou a hegemonia nazista;
e) A crise do Corredor Polonês, que culminou com a invasão da Polônia por tropas nazistas.

4) (UNIP) – O plano Marshall, assinado em abril de 1948 pelo presidente Truman:

a) isolou completamente os Estados Unidos da Europa, através do congelamento dos empréstimos


que o país havia feito aos aliados durante a Segunda Guerra Mundial;
b) proposto pelo general George Marshall, chefe do Estado-Maior do Exército norte-americano,
visava recuperar a economia interna dos Estados Unidos, abalada pela Guerra do Pacífico;

c) foi criado com a finalidade de reconstruir os países comunistas abalados pela Grande Guerra de
1939 a 1945;

d) deu ênfase inicial ao fornecimento de alimentos, rações para animais e fertilizantes, com o
objetivo de aumentar a produtividade agrícola;

e) destinou recursos financeiros aos países europeus de pequeno porte, tendo em vista que a França,
Inglaterra, Alemanha e Itália eram nações altamente desenvolvidas.

Respostas :

1) C 2) A 3) D 4) D

Aula 25 - O Mundo Contemporâneo.

Esta aula vai abordar os principais assuntos do mundo atual (século XX e XXI): Revolução
Mexicana, Revolução Cubana, as ditaduras no Chile e Argentina; os conflitos no Oriente Médio e o
Leste Europeu após o desmantelamento do Império Soviético.

A Revolução Mexicana.

O México proclamou sua independência em 1810 e sua evolução política, ao longo do século XIX,
foi marcada por instabilidades políticas e por tentativas fracassadas de efetuar uma reforma agrária.

A Revolução que eclodiu em 1910 procurou resolver o problema fundiário, bem como outros
problemas sócios-econômicos. De certa forma, os ideais revolucionários de 1910 permanecem
formalmente até hoje.
A Revolução Mexicana apresentou um caráter social, trouxe importantes conquistas para os
camponeses, muito embora ela não tenha realizado seus grandes objetivos.

Além das grandes concentrações de terras e da exstremas miséria camponesa, conta-se; entre as
causas da revolução, a enorme interferência dos Estados Unidos na vida do país e o processo de
modernização ocorrido durante o governo ditatorial de Porfírio Díaz.

A evolução política mexicana

O primeiro período importante é aquele que se estende de 1820 a 1855, marcado por lutas internas
pelo controle do poder político. De um lado os conservadores, defensores de uma centralização
político-administrativa e que contavam com o apoio da Igreja Católica e dos grandes proprietários;
de outro lado, os liberais, adeptos do federalismo e combatiam a concentração fundiária.

Na década de 1830 o chefe político era o conservador general Santa Anna que efetivou a
centralização política e combateu os Estados Unidos na guerra do Texas (1848). A derrota no
combate representou a perda de quase 50% do território mexicano (Califórnia, Novo México,
Arizona, Texas, Utah, Nevada e parte do Colorado).

Em 1854 houve a chamada Revolução Liberal, que derrubou Santa Anna, e inaugurou o segundo
período. O novo líder político será Benito Juárez, que executou o denominado Plano Ayutla –
responsável pela implantação das chamadas Reformas, a saber: estabelecer o princípio do
federalismo; consolidar os direitos civis; lutar contra a influência estrangeira; reduzir a influência da
Igreja e redividir as grandes propriedades.

A resistência dos conservadores e do capital estrangeiro gerou um guerra civil ( A Guerra das
Reformas), onde os conservadores receberam apoio internacional (Estados Unidos e França).

A terceira etapa da evolução política do México começa com o final da guerra civil – o general
Porfírio Díaz toma o poder em 1875, e lá permanece, até a Revolução de 1910.
Os 34 anos de ditadura (Porfiriato) foi marcado pelo processo de modernização e apresentou as
seguinte realizações: ampliação da rede ferroviária; estímulo econômico às exportações, com o
desenvolvimento da agricultura e expansão das grandes propriedades; estimulo ao desenvolvimento
industrial, com a adoção da política de substituição de importações e grande abertura do país ai
capital estrangeiro, principalmente, norte-americano.

O Porfiriato contribuiu para o crescimento dos latifúndios, para a ampliação da miséria das camadas
populares, na redução das populações indígenas e no processo de concentração de rendas. Somada à
corrupção política, interferência dos EUA e imensa repressão aos movimentos sociais, no ano de
1910 eclode a Revolução Mexicana.

A Revolução Mexicana

Luta contra a ditadura de Porfírio Diáz, apresentando como líderes: Francisco Madero, grande
proprietário de terras; Pancho Villa, líder popular e Emiliano Zapata, líder das forças do sul. As
fases da revolução mexicana foram:

1910/1917 – queda de Porfírio Diáz e eleição de Francisco Madero para presidente. Adotou um
modelo político liberal mas foi derrubado pela oposição (Igreja, Exército, gandes proprietários e
EUA). Foi assassinado provocando uma revolução popular liderada por Pancho Villa e Emiliano
Zapata – uma longa guerra civil que se estende até 1917, quando assume o poder Venustiano
Carranza e é elaborada a Constituição de 1917.
A promulgação da Constituição de 1917 – ainda em vigor! – procurou solucionar as questões
sociais, políticas e econômicas através da subordinação da propriedade ao interesse social; pela
instituição do paternalismo estatal nas relações trabalhistas e pela separação das relações
estado/Igreja.

No ano de 1928 é fundado o Partido Nacional Revolucionário- atualmente o Partido Nacional


Institucional (PRI), preocupado com a consolidação dos ideais revolucionários.

O aprofundamento das reformas sociais e políticas no México ocorreu ao longo do governo de


Lázaro Cárdenas, responsável por uma reforma agrária.

A Revolução Cubana

Cuba conseguiu sua independência em 1898, após a assinatura do Tratado de Paris. No entanto, o
fim do período colonial é marcado pelo início da intervenção dos Estados Unidos. No ano de 1901
foi elaborada a Emenda Platt, dando aos norte-americanos o direito de intervir na ilha para preservar
seus privilégios econômicos. A emenda estabelecia, entre outras coisas, a venda de terras ao
governo norte-americano para fins econômicos e militares.

Ao longo dos anos, os presidentes de Cuba eram fieis protetores dos interesses norte-americanos,
com destaque para o sargento Fulgência Batista: combatia o comunismo durante a guerra fria, sendo
por isto sustentado pelo EUA. A ditadura de Fulgência batista foi violenta e em 26 de julho houve
uma tentativa de derrubá-la. O foi episódio do assalto no quartel de Moncada – entre os rebeldes
encontravam-se Raul e Fidel Castro.

Deste episódio surgiu o Movimento Revolucionário 26 de julho, de oposição e de mobilização


contra o governo ditatorial. O Movimento formou um exército rebelde, refugiado na Sierra Maestra
– que passou a lutar contra o regime. Devido a impopularidade de Fulgência Batista, o movimento
foi crescendo e, no dia 1Š de janeiro de 1959 Batista abandonou a ilha. Fidel Castro no poder
efetivou uma reforma agrária e a expropriação de várias empresas norte-americanas. Como
represália, o governo dos Estados Unidos organizou uma contra-revolução, a invasão da baia dos
Porcos – tentativa de derrubar Fidel Castro. A partir deste episódio o governo cubano aproxima-se
da União Soviética, complicando ainda mais as relações com os EUA.

No ano de 1962 a Organização dos Estados Americanos expulsou Cuba; no mesmo ano houve o
incidente dos misséis – onde os EUA forçou a retirada de misséis soviéticos, instalados na ilha. No
ano de 1964 os EUA decretaram um bloqueio econômico à Cuba.

A Revolução Cubana foi responsável pela criação do primeiro Estado Socialista na América,
efetivou uma ampla reforma agrária e uma reforma urbana; favoreceu o processo de nacionalização
das empresas estrangeiras. Porém, para conter os opositores do regime, foi usado o terror e a
violência, como o fuzilamento no “paredón”.

Ao longo da décadas de 60 e 70, a América Latina será marcada por conflitos ideológicos: os
nacionalistas e reformistas de um lado; e os adeptos de uma maior aproximação com os Estados
Unidos da América. Os golpes militares, tão comuns no continente, representam as respostas às
idéias nacionalistas e reformistas.

No ano de 1970, foi eleito no Chile, o socialista Salvador Allende, o qual iniciou a aplicação de um
programa assentado na nacionalização de empresas estrangeiras, estatização de bancos e ampliação
da reforma agrária.
Os grupos prejudicados pelas reformas, e com o apoio direto do Pentágono e da CIA, articularam
um golpe de estado. No dia 11 de setembro, sob a liderança do general Augusto Pinochet é
destituído o governo de Allende e inicia-se uma das mais sangrentas ditaduras da América Latina.

Na Argentina, os governos militares (1976/1982) foram dos mais duros na região, marcado pela
repressão política e suspensão de todas as liberdades públicas. O regime deixou o país sob o signo
do terror – dezenas de milhares de mortos e desaparecidos.

O final da ditadura militar está ligado ao fracasso militar na Guerra das Malvinas (1982). Em 1983
houve eleições diretas, com a vitória de Raul Alfonsin, que lançou o Plano Austral – que resultou
num fracasso.

No ano de 1989 é eleito o líder peronista, Carlos Ménen, responsável pela “dolarização” da
economia, um dos fatores responsáveis pelas recentes crises econômicas, sociais e políticas da
Argentina (2001 e 2002).

Um das grandes forças políticas na Argentina é o peronismo, expressão política para designar o
populismo argentino, tendo como bases as idéias de Juan Domingos Péron. Resulta na combinação
de autoritarismo com políticas voltadas para a justiça social (justicialismo).

Conflitos no Oriente Médio

O Oriente Médio é uma das regiões mais explosivas do mundo, em razão de suas reservas de
petrolíferas, do fundamentalismo e nacionalismo islâmicos e de diversos conflitos políticos. O
principal problema da região tem sido o conflito árabe-israelense, cuja origem é a divisão da
Palestina, no ano de 1947, em dois Estados: um judeu e um palestino. Os países árabes nunca
aceitaram a divisão. A seguir os principais conflitos:

1948/1949- Primeira Guerra Árabe-israelense: motivada pelo não reconhecimento da Liga Árabe do
estado de Israel. A guerra foi vencida por Israel que estendeu seu domínio pela Palestina. Como
resultado desta expansão, houve um processo de expulsão dos palestinos, originando a questão
palestina – desde então, o problemas dos refugiados tem sido a razão dos conflitos.

1956- Segunda Guerra Árabe-israelense: a chamada Guerra do Suez, entre Israel e Egito.
Israel contou com apoio da França e Grã-Bretanha.

No ano de 1964 foi fundada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que iniciou uma
guerra de guerrilha contra Israel para a criação de um Estado Palestino.

1967- Terceira Guerra Árabe-israelense: também conhecida como Guerra dos Seis Dias, ocorreu na
fronteira do Egito com Israel. Resultou na ocupação, por parte de Israel, de Gaza, Sinai, Golã e
Cisjordânia. A guerra provocou um novo êxodo de refugiados palestinos.

1973- Quarta Guerra Árabe-israelense: contra o avanço israelense na Guerra dos seis Dias.
Conhecida como Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão). Ataques do Egito e da Síria, resultando
na reconquista da margem oriental do canal de Suez.

Após esta guerra, os EUA pressionam, tanto o Estado de Israel quanto a OLP, na busca pela paz. No
ano de 1993 foi assinado um acordo de paz, na cidade de Oslo. Pelo acordo, a Faixa de Gaza e a
cidade de Jericó, na Cisjordânia, teriam uma administração palestina.
No ano de 1995 houve uma reviravolta nos plano de paz. O assassinato de Yitzhak Rabin e a
ascensão de Binyamin Netanyahu provocou a retomada da política de implantação de colônias
judaicas em solo palestino. Como resposta, os palestinos iniciaram a intifada (guerra de pedras)
contra os israelenses.

O declínio do bloco socialista.

Mikhail Gorbatchev executou na URSS um plano de reformas, com o objetivo de retomar o


crescimento econômico e melhorar as condições de vida da população.

Glasnost ( transparência), passando a sociedade russa a Ter direito a eleições com voto secreto, fim
da censura à imprensa e combate à corrupção; perestroika (reconstrução), processo de privatização
de pequenos negócios, abertura do mercado para entrada de tecnologia estrangeira – mediante
associação entre empresas, saída gradual do estado dos assuntos econômicos.

No plano externo, Gorbatchev assinou a Carta de Paris (1990), colocando um fim à guerra fria e
reconhecendo a democracia como regime de governo para manter a paz no mundo.
As reformas liberalizantes da União Soviética espalhou-se pelo Leste Europeu: em 04 de junho de
1989, o Exército chinês teve que reprimir uma manifestação de estudantes na praça da Paz
Celestial; no mesmo ano, a Hungria restabeleceu o pluripartidarismo e derrubou a República
Popular instalada em 1949; a Polônia- após ações do movimento Solidariedade – instalou-se um
governo não comunista.
O regime comunista foi derrubado na Bulgária, Romênia e Tcheco-Eslováquia.

Em 1990 houve a queda do Muro de Berlim e a reunificação das Alemanhas (ocidental e oriental); a
Iugoslávia, após o fim do socialismo, vai conhecer um período de guerra civil, resultando na
destruição da Federação- a Iugoslávia fica reduzida a Sérvia e Montenegro.

Na União das Repúblicas Socialistas Soviética ocorre processo pela independência das Repúblicas.
Em dezembro de 1991, foi assinado um documento de extinção da URSS e criação da Comunidade
de estados Independentes (CEI). No dia 25 do mesmo mês, Mikhail Gorbatchev renunciou à
presidência de uma União Soviética que não mais existia.

Exercícios

1) (FUVEST-SP) – Qual das seguintes afirmações explica, sinteticamente, o fim da União


Soviética?

a) o regime entrou em colapso porque os dirigentes estavam desmoralizados, desde as denúncias de


Kruschev no XX Congresso do Partido;

b) o regime deixou de ser sustentado pelo exército, adversário tradicional do Partido Comunista;

c) o colapso do regime deveu-se à crise generalizada da economia estatal, combinada com o


fracasso da abertura controlado de Gorbatchev;

d) a vitória militar dos EUA na Guerra Fria tornou inviável a manutenção do regime;

e) os líderes soviéticos abandonaram a crença no socialismo e decidiram transformar a União


Soviética em um país capitalista;
2) (FGV-SP)- Nesfe final de século observa-se uma série de transformações políticas ocorridas em
nível mundial:

I. A década de 1980 demostrou, com a guerra britânico-argentina e ado Irã-Iraque, que guerras que
nada tinham a ver com o confronto global das superpotências eram uma possibilidade permanente;

II. A democratização e a privatização dos meios de destruição, através de atentados ou de ataques


com explosivos e armas largamente disponíveis no mercado mundial, transformaram a perspectiva
de violência e degradação em todo o globo;

III. Em meados da década de 1990 encontramos a Rússia reduzida ao tamanho que tinha no século
XII, a Grã-Bretanha e a França gozando de um status puramente regional, a Alemanha e o Japão
consolidados como grandes potências econômicas e os Estados Unidos da América reconhecidos
como a grande potência mundial;

IV. A década atual consolidou uma forma de intervenção do Estado na economia em que a
participação econômica, política e social tornou-se cada vez mais intensa, levando alguns analistas a
cunhar a expressão “Estado máximo” para dar conta dessa realidade;

V. O perigo de um confronto nuclear entre as duas grandes potências do planeta tornou-se, neste
final de século, cada dia mais concreto, em especial após a crise do chamado “socialismo real”.

Assim é correto apenas o que se encontra em:

a) I, II, III
b) I,II, IV
c) I, II, V
d) I, III, V
e) II, IV, V.

3)(Fuvest-SP) – A Revolução Mexicana de 1910, do ponto de vista social, caracterizou-se:

a) pela intensa participação camponesa;


b) pela aliança entre operários e camponeses;
c) pela liderança de grupos socialistas;
d) pelo apoio da Igreja aos sublevados;
e) pela forte presença de combatentes estrangeiros.

4) (UPF-RS)- Sobre a história recente de Cuba, considere as seguintes afirmativas:

I. a guerrilha só atingiu o status de guerra civil aberta graças ao apoio das classes médias urbanas,
garantindo a vitória dos revolucionários;

II. A crise dos mísseis foi típica do contexto da Guerra Fria, tendo sido provocada pela intenção dos
norte-americanos de instalar armamentos nucleares em Guantâmano;
III. A invasão da baía dos porcos foi promovida por exilados cubanos, com a concordância velada
do governo dos Estados Unidos;

IV. O governo Fidel Castro sofreu sanções dos estados Unidos devido, especialmente, à sua
proximidade política com a União Soviética e a adoção do ideário marxista.

É (são) verdadeira(s) apenas:


a) II
b) I e IV
c) II e III
d) I, III e IV
e) IV.

Respostas

1) C 2) A 3) A 4) D

Aula 09 - Brasil colonial

Administração e Economia

O período colonial brasileiro pode ser dividido em período pré-colonial e período colonial.

1.PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500/1530)

Fase caracterizada por uma certa marginalização de Portugal em relação ao Brasil. O interesse
português neste momento era o comércio com as Índias. Ademais, os portugueses não encontraram
na área colonial - de imediato - produtos lucrativos. À exceção do pau-brasil, que seria extraído
pelos indígenas.

Neste período a Metrópole realizou algumas expedições no litoral brasileiro, sem fins lucrativos ou
colonizadores.

Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma expedição com o objetivo de
reconhecimento geográfico.

Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gonçalo Coelho; prosseguiu o reconhecimento
da nova terra. O navegador italiano Américo Vespucio acompanhava as duas expedições.

Além destas expedições de reconhecimento da nova terra, Portugal enviou outras duas expedições -
em 1516 e 1526 - com objetivos militares. Foram as chamadas expedições guarda-costas,
comandadas por Cristovão Jacques, com a missão de aprisionar navios franceses e espanhóis, que
praticavam o contrabando no litoral brasileiro.

Estas expedições contribuíram para a fixação - em solo brasileiro - dos primeiros povoadores
brancos: degredados, em sua maioria.

2. PERÍODO COLONIAL (1530/1822)


O início da colonização brasileira é marcada pela expedição de Martim Afonso de Souza, que
possuía três finalidades: iniciar o povoamento da área colonial, realizar a exploração econômica e
proteger o litoral contra a presença de estrangeiros.
Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza fundou a vila de São Vicente, em 1532 e o
primeiro engenho: Engenho do Governador. Também iniciou a distribuição de sesmarias, isto é,
grandes lotes de terra para pessoas que se dispusessem a explorá-los. Com este expedição, o sistema
de capitanias hereditárias começou a ser adotado, iniciando efetivamente o processo de colonização
do Brasil.

ADMINISTRAÇÃO COLONIAL

A administração colonial portuguesa no Brasil girou entre dois eixos: o centralismo político -
caracterizado por uma grande intervenção da Metrópole, para um melhor controle da área colonial;
e o localismo político - marcado pela descentralização e atendia os interesses dos colonos, em
virtude da autonomia dos poderes locais para com a Metrópole.

1. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

Implantadas em 1534, por D. João III, objetivavam garantir a posse colonial e compensar as
sucessivas perdas mercantis do comércio com as Índias. Pelo sistema, o ônus da ocupação,
exploração e proteção da colônia era transferido para a iniciativa privada. Semelhante processo de
colonização já fora adotado pelos lusitanos nas ilhas do Atlântico.

O Brasil foi dividido em 14 capitanias que foram entregues as 12 donatários. O sistema de


donatárias possuia sua base jurídica em dois documentos:

Carta de Doação: documento que estabelecia os direitos e deveres do donatário e outorgava a posse
das terras ao capitão donatário.
É importante notar que o donatário não possuia a propriedade da terra, mas sim a posse, o usufruto;
cabendo ao rei o poder ou não de tomar a capitania de volta.

Foral: documento que estabelecia os direitos e obrigações dos colonos.

Pelo regime das donatárias, os capitães donatários possuiam amplos poderes administrativos,
jurídicos e militares, sendo por isto caracterizado como um sistema de administração
descentralizado.

FRACASSO DO SISTEMA

O sistema de capitanias hereditárias, de um modo geral, fracassou. Na maioria dos casos, a falta de
recursos financeiros para a exploração lucrativa justifica o insucesso.

Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, ambas graças ao sucesso da agricultura
canavieira. Além do cultivo da cana, a capitania de São Vicente mantinha contatos com a região do
Prata e iniciaram uma nova atividade comercial: a escravidão do índio.

Um outro fator para justificar o fracasso do sistema era a ausência de um órgão político
metropolitano para um maior controle sobre os donatários. Este órgão será o Governo-Geral, criado
com o intuito de coordenar a exploração econômica da colônia.

2. O GOVERNO-GERAL

Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo chamado Regimento - documento que reafirmava a
autoridade e soberania da Coroa sobre a colônia, e definia os encargos e direitos dos governadores-
gerais - o Estado português assumia a tarefa de colonização, sem extinguir o sistema de capitanias
hereditárias.
O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um período de quatro anos e contava com três
auxiliares: o provedor-mor, encarregado das finanças e responsável pela arrecadação de tributos; o
capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância do litoral e o ouvidor-mor, encarregado de aplicar
a justiça.

A seguir, os governadores-gerais e suas principais realizações:

Tomé de Souza (1549/1553)

-fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e capital do Brasil;

-criação do primeiro bispado do Brasil (1551);

-vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega, e início da catequese dos índios;

-ampliação da distribuição de sesmarias;

-política de incentivos aos engenhos de açúcar;

-introdução das primeiras cabeças de gado;

-proibição da escravidão indígena e início da adoção da mão-de-obra escrava africana.

Duarte da Costa (1553/1558)

-conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo a escravidão indígena;

-invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555 pelo huguenotes (protestantes), e fundação da França
Antártica;

-fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de Piratininga pelos jesuítas José de Anchieta e
Manuel de Paiva;

-conflito do governador com o bispo Pero Fernandes Sardinha, em virtude da vida desregrada de D.
Álvaro da Costa, filho do governador;

Mem de Sá (1558/1572)

-aceleração da política de catequese, como forma de efetivar o domínio sobre os indígenas;

-início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as chamadas missões;

-restabelecimento das boas relações com o bispado;

-expulsão dos franceses e fundação da Segunda cidade do Brasil, São Sebastião do Rio de Janeiro,
em 1565.
Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a administração da colônia entre dois governos:
D. Luís de Brito, que se instalou em Salvador, a capital do Norte,e; ao sul, D. Antônio Salema,
instalado no Rio de Janeiro.

UNIÃO IBÉRICA ( 1580/1640)

D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante a batalha de Alcácer-Quibir contra os


mouros sem deixar herdeiros diretos. Entre 1578 e 1580 o reino de Portugal foi governado por D.
Henrique, tio-avó de D. Sebastião - que também morreu sem deixar herdeiros.

Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto de D. Manuel invadiu Portugal com suas
tropas e assumiu o trono, iniciando o período da União Ibérica, onde Portugal ficou sob domínio da
Espanha até 1640.

Com o domínio espanhol sob Portugal, as colônias portuguesas ficaram sob a autoridade da
Espanha. Este domínio implicou mudanças na administração colonial: houve um aumento da
autoridade do provedor-mor para reprimir as corrupções administrativas; houve uma divisão da
colônia em dois Estados: o Estado do Maranhão ( norte ) e o Estado do Brasil ( sul ), com o objetivo
de exercer um maior controle sobre a região.

Outras conseqüências da União Ibérica: suspensão temporária dos limites impostos pelo Tratado de
Tordesilhas, contribuindo para a chamada expansão territorial; invasão holandesa no Brasil.

RESTAURAÇÃO ( 1640)

Movimento lusitano pela restauração da autonomia do reino de Portugal, liderado pelo duque de
Bragança. Após a luta contra o domínio espanhol, inicia-se uma nova dinastia em Portugal - a
dinastia de Bragança.

O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses e levou Portugal a perder importantes áreas
coloniais, colocando Portugal em séria crise econômico-financeira. D. João IV intensifica a
exploração colonial criando um órgão chamado Conselho Ultramarino.

Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a colônia não era apenas econômico, mas
também político: as Câmaras Municipais tiveram seus poderes diminuídos e passaram a obedecer
ordens do rei e dos governadores.

D. João IV também oficializou a formação da Companhia Geral do Brasil, que teria o monopólio de
todo o comércio do litoral brasileiro e o direito de cobrar impostos de todas as transações
comerciais. Após pressões coloniais, a Companhia foi extinta em 1720.

AS CÂMARAS MUNICIPAIS

Os administradores das vilas, povoados e cidades reuniam-se na Câmaras Municipais, que


garantiam a participação política dos senhores de terra. As Câmaras Municipais eram compostas por
vereadores, chamados "homens bons" ( grandes proprietários de terra e de escravos). A presidência
da Câmara ficava a cargo de um juíz.
As Câmaras Municipais representavam o localismo político na luta contra o centralismo
administrativo português.

A IGREJA E A COLONIZAÇÃO

A igreja Católica teve um papel de destaque na colonização americana.

Várias ordens religiosas atuaram no Brasil - carmelitas, dominicanos, beneditinos entre outras - com
destaque para a Companhia de Jesus, os jesuítas.

A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de Loyola, surgiu no contexto da Contra-
Reforma e com o objetivo de consolidar e ampliar a fé católica pela catequese e pela educação.

A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um intenso conflito com os colonos, que queriam
escravizar os índios. A existência de um grande número de índios nos aldeamentos de índios - as
Missões, atraía a cobiça dos colonos, que destruíam as Missões e vendiam os índios como escravos.

A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exatamente intensões humanitárias, pois
dominavam culturalmente os índios, facilitando sua submissão à colonização e impondo um novo
modo de vida. O excedente de produção - realizado pelo trabalho indígena - era comercializado
pelos jesuítas.

A catequização do índio fortaleceu e incentivou a escravidão negra, pelo tráfico negreiro.

ECONOMIA COLONIAL

A primeira atividade econômica na colônia foi a extração do pau-brasil ( período pré-colonial ). A


extração era efetuada pelos indígenas e em troca do trabalho, os europeus davam produtos
manufaturados de baixa qualidade. Esse comércio é chamado de escambo.

A atividade econômica que efetivou a colonização brasileira foi o cultivo da cana-de-açúcar.

EMPRESA AGRÍCOLA COMERCIAL - A CANA-DE-AÇÚCAR

No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi uma colônia de exploração. Sendo assim, a
economia colonial brasileira será de caráter complementar e especializada, visando atender às
necessidades mercantilistas. A exploração colonial será uma importante fonte de riquezas para os
Estados Nacionais da Europa.

Portugal não encontrou, imediatamente, os metais preciosos na área colonial. Para efetivar a posse
colonial e exploração da área, a Metrópole instala no Brasil a colonização baseada na lavoura da
cana-de-açúcar com trabalho escravo.

Por que açúcar?

O açúcar era um produto muito procurado na Europa e, além disto, Portugal já tinha uma
experiência anterior nas ilhas do Atlântico. Contribuiu também o clima e solo favoráveis na colônia.
Estrutura de produção

Para atender as necessidades do mercado consumidor europeu a produção teria de ser em larga
escala, daí a existência do latifúndio (grande propriedade) e do trabalho escravo.

Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam a base da economia colonial, também


denominado PLANTATION.

As unidades açucareiras agroexportadoras eram conhecidas por engenhos e estavam assim


constituídas:

-terras para o plantio da cana;

-a casa-grande, que era a moradia do proprietário; -a senzala, que abrigava os escravos;

-uma capela;

-a casa de engenho, onde se concentrava a principal tarefa produtiva de transformação da cana-de-


açúcar.

A casa de engenho, por sua vez, era formada pela moenda, onde a cana era esmagada, extraindo-se
o caldo; a casa das caldeiras, onde o caldo era engrossado ao fogo e, finalmente, a casa de purgar
em que o melaço era colado em formas para secar. O açúcar, em forma de "pães de açúcar" era
colocado em caixas de até 750 Kg e enviado para Portugal.

Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram aqueles movimentados por força hidraúlica; e
Engenhos Trapiches - mais comuns - movidos por tração animal. A produção de aguardente,
utilizada no escambo de escravos, era realizada pelos "molinetes" ou "engenhocas".

Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo obrigados a moer a cana em outro engenho e
pagando por isto, eram os chamados senhores obrigados.

Deve-se destacar a intensa participação dos holandeses na atividade açucareira no Brasil. Eram os
responsáveis pelo financiamento na montagem do engenho do açúcar, transporte do açúcar para a
Europa, refino e sua distribuição.

TRÁFICO NEGREIRO

A implantação da escravidão na área colonial serviu de elemento essencial no processo de


acumulação de capitais.

Os negros eram capturados na África e conduzidos para o Brasil em navios ( navios negreiros ),
chamados de tumbeiros. Quando chegavam ao Brasil era exibidos como mercadorias nos principais
portos.

A mão-de-obra africana contribui para a acumulação de capitais no tráfico - como mercadoria; em


seguida, como força de trabalho na produção do açúcar.

ATIVIDADES SUBSIDIÁRIAS
O mundo do açúcar será possível graças a existência de outras atividades econômicas que
contribuem para a viabilidade da produção açucareira: a pecuária, o tabaco e a agricultura de
subsistência.

Pecuária- atividade econômica essencial para a vida colonial. O gado era utilizado como força
motriz, transporte e alimentação.

Atividade econômica voltada para atender as necessidades do mercado interno, a pecuária


contribuiu para a interiorização colonial e usava o trabalho livre ( o boiadeiro ).

Tabaco- atividade econômica destinada ao escambo com as regiões africanas, onde era trocado por
escravos. A principal área de cultivo era a Bahia. A produção do tabaco era realizada com mão-de-
obra escrava.

Lavoura de subsistência- responsável pela produção da alimentação colonial: mandioca e hortaliças.


A força de trabalho era livre ( mestiços ).

A economia açucareira entra em crise a partir do século XVIII, dada a concorrência das Antilhas e
da produção de açúcar na Europa, a partir da beterraba. No entanto, o açúcar sempre foi importante
para a economia portuguesa, obedecendo ciclos de alta e baixa procura no mercado consumidor.

A ECONOMIA MINERADORA

A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mudança na estrutura do Brasil colonial e auxilia