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CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS DO SENHOR

PROVÍNCIA NOSSA SENHORA DE GUADALUPE/ BRASIL-BOLÍVIA


O CAPÍTULO LOCAL
I. O CAPÍTULO LOCAL COMO RESPOSTA A UMA NOVA COMPREENSÃO DA
PESSOA HUMANA.
Alguns elementos fundamentais da valorização da pessoa humana projetam luzes sobre o
capítulo local e lhe dão corpo dentro das fraternidades franciscanas.
1. A dignidade e a liberdade do ser humano
Na Igreja toda e na sociedade cresceu a compreensão da dignidade singular do ser humano
e sua liberdade. Os padres do Concílio Vaticano II estão convencidos de que “a obediência
religiosa, longe de diminuir a dignidade da pessoa humana, leva-a pela liberdade ampliada dos
filhos de Deus a maturidade…Os superiores levem os co-irmãos a cooperarem com obediência ativa
e responsável nas tarefas a cumprir e iniciativas a tomar. Os superiores escutem, pois, de boa
vontade os irmãos e promovam igualmente sua cooperação para o bem do Instituto e da Igreja,
mantendo-se, no entanto, a sua autoridade de decidir e prescrever o que deve ser feito” . (Perfectae
Caritatis, 14).
2. Avaliação positiva dos carismas
O que se diz geralmente dos membros da Igreja de Cristo, certamente vale também ara os
cristãos da vida religiosa: O mesmo Espírito Santo… repartindo s seus dons a cada um como lhe
apraz” (1 Cor 12,11), distribui entre os fiéis de qualquer classe graças especiais. Por elas os torna
aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e ofícios, que contribuem ara a renovação
e maior incremento da Igreja, segundo estas palavras: “A cada um é dada a manifestação do
espírito para a utilidade comum(1 Cor 12,7). Estescarismas, quer eminentes quer mais simples e
mais amplamente difundido, devem ser recebidos com gratidão e consolação, ois que isso
perfeitamente acomodados e úteis às necessidades da Igreja” (Lúmen Gentium, 12). Os carismas
pertencem à estrutura da Igreja de Jesus Cristo. Eles não são limitados aos leigos em oposição
aos ministro ordenados, nem aos religiosos em oposição aos cristão no mundo.
3. Somos “irmãos e irmãs”
Francisco estava profundamente convencido da palavra de Jesus, que para os verdadeiros
discípulos devem haver somente um “Senhor”, um “Mestre” e somente um “Professor”, e que
todos, consequentemente, são “irmãos” (Mt 2, 8). Em todo lugar, onde se encontram, devem dar
testemunho de um novo modo de ser, em que o relacionamento mútuo não se expressa com as
categorias normalmente habituais do ”de cima” e do “de baixo”, do “soberano” e do “oprimido”,
mas no dom do ser irmão(ã). A partir da mesma vocação dada por Deus, todos (as) os (as) irmãos
(ãs) são iguais entre si. Expressam sua igualdade fundamental no relacionamento recíproco,
baseado não na simpatia, mas no diálogo aberto e na partilha das experiências, particularmente,
nas dificuldades da vida comum e fraterna, na doença e na crise vocacional, seus freqüentes
encontros fraternais lhes dão oportunidade de estreitarem os laços de mútua estima e favorecem
o crescimento no seguimento do Senhor.
Para Francisco era claro que Deus doa o seu Espírito Santo a todos os seus irmãos e que Deus
não só manifesta a sua vontade através dos superiores e dos irmãos estudados (intelectuais), mas
de modo geral se revela nos irmãos simples e não estudados. Por isso, sempre os convocou e
aconselhou com eles, (cf 1 Cel 30, 39). Na palavra de cada irmão reconhecia a orientação de Deus.
Por isso gostava de se aconselhar com eles em momentos difíceis, cruciais, para a fraternidade e
pra a sua vida pessoal. Esta atitude de Francisco é de significado fundamental para a compreensão
do capitulo local numa fraternidade franciscana.
4. A comunicação faz parte essencial do ser humano
A antropologia bíblica e a teologia cristã nos fazem reconhecer que ser humano é total e
integralmente um ser dialogal. A palavra (proposta) e a resposta, responsabilidade e co-
responsabilidade fazem parte de sua essência. Somente no processo contínuo da palavra e da
resposta na partilha viva com as outras pessoas, desenvolve-se e amadurece toda a riqueza de
seus dons e de seus talentos.
Pergunta e resposta, comunicação e interação, debate e compromisso, busca e encontro comum
de soluções são essenciais para a convivência. Isto vale também, de modo particular, para cada
comunidade religiosa. Co- responsabilidade verdadeira e obediência digna só podem existir para
o ser humano onde esta estrutura dialogal é levada a sério e ode é respeitada.
5. O valor da democracia
O pensar democrático penetrou sempre mais forte, nas últimas décadas, também na Igreja e
nas comunidades religiosas. A constituição pastoral do Concílio Vaticano II sobre a Igreja no
mundo de hoje (“Gaudium et Spes”). Espera dos cristãos, que se comportamento na sociedade
sirva de exemplo. Através de seu exemplo devem perceber como s completam reciprocamente e
com sentido a autoridade e a liberdade, a iniciativa pessoal e a união solidária a valorização da
unidade e a frutificação da pluralidade, para o bem de toda a comunidade (cf Paulo VI, Adhortatio
Apostóica “Evangélica Testaficatio” – 1971). O comportamento da sociedade democrática marca,
também, sempre mais, a convivência dos (as) irmãos (ãs). Isto tem sua repercussão também na
compreensão e na prática da obediência. Tanto na área das fraternidades locais, como na grande
fraternidade provincial os (as) irmãos (ãs) estão envolvidos (as) mais fortemente nos processos de
decisão da fraternidade. Ultimamente, as assim chamadas “estruturas de decisão participativa”
ganharam um peso considerável. Isto s mostra na instituição de “conselhos”, de “comissões” e de
“capítulos” das mais variadas expressões (local, regional, esteiras, provincial – ordinário e
extraordinário – e gral.
6. Espontaneidade, criatividade e afetividade
A psicologia nos mostra que somente são vivas aquelas comunidades humanas (família,
associação, clube, ordem, comunidade cristã) que garantem a cada um de seus membros o espaço
necessário, no qual as necessidades básicas do ser humano, como a afetividade, a
espontaneidade, a criatividade, o lazer e a atividade física, encontram junto com as dos outros
membros da comunidade a sua realização satisfatória. Quando isto não é possível no meio da
própria comunidade de vida, acontece um atrofiamento psicológico ou então uma compensação
fora da comunidade. Quem não pode colocar em prática as riquezas de seus dons e de seus
carismas na própria comunidade religiosa para o bem de toda a comunidade, nunca será uma
“pedra viva” na construção de sua comunidade. É importante, sobretudo, para as pequenas
comunidades como a família e as fraternidades locais, que estas necessidades fundamentais do
ser humano encontrem uma realização adequada. Por isso, o capítulo local, para ser frutuoso,
precisa ser uma possibilidade privilegiada para o desabrochar das forças afetivas, espontâneas e
criativas dos irmãos e irmãs.
II. SIGNIFICADO E FUNÇÃO DO CAPÍTULO LOCAL

1- O capítulo local como expressão do carisma franciscano

As fontes franciscanas ensinam que os primeiros irmãos sentiram a necessidade de formar


fraternidades de vida em torno do pai Francisco e manter entre si um contato permanente.
Sentiam-se impulsionados a partilhar suas experiências com os irmãos quando voltavam de suas
viagens apostólicas. Era comum o colóquio entre eles quando se fazia necessário realizar
determinados trabalhos ou tarefas apostólicas. Anualmente se reuniam em capítulos, com
propostas bem nítidas de aprofundar a observância do santo Evangelho e da Regra,
determinarem as tarefas e não esmorecerem no meio de suas atividades (cf.LTC 57-59).
Neste contexto, o capítulo local, redescoberto e revivido em seu sentido original, é um meio
extremamente valioso para alimentar a convivência dos(as) irmãos(ãs) e possibilitar sua troca de
experiências na busca da fidelidade a que se propuseram.
Com outras palavras, o capítulo local é um instrumento que ajuda a fraternidade local e a cada
irmão(ã), em particular, a compreender e a viver melhor sua vocação franciscana. Quanto mais
regularmente acontecer o capítulo local, e quanto mais ativa e construtivamente os (as) irmãos
(ãs) participarem na busca da vontade de Deus e do bem da fraternidade, tanto mais frutuoso se
tornará ele para aquela fraternidade. No capítulo local, os (as) irmãos (ãs) reunidos (as), poderão
experimentar o quanto sua vida com Deus e com a fraternidade está impregnada da vocação
cristã e franciscana, e quanto o Espírito Santo opera em todos (as) na construção da fraternidade.
Ao contrário, a experiência mostra também que quanto mais raramente os (as) irmãos (ãs) se
reúnem para a oração e para a reflexão em comum de sua vida, como os irmãos e irmãs de São
Francisco, no seguimento de cristo, tanto mais fraca se torna a união entre lês e mais frágil o
testemunho da fraternidade. O encontro regular dos (as) irmãos (ãs) no capítulo local promove e
fortalece sua unidade interna e externa. Os (as) que convivem e trabalham com eles, bem como
aqueles e aquelas a quem servem, saberão respeitar este tempo indispensável para o seu
crescimento.
Especialmente os (as) irmãos (ãs) que por causa de suas atividades vivem e trablham, por um
período mais longo fora da fraternidade local, necessitam de um encontro mais regular com os
(as) irmãos (ãs) da fraternidade a que pertencem. Não bastam encontros casuais.
Um capítulo local, bem elaborado e bem realizado, favorece os (as) irmãos (ãs) mais ausentes
da fraternidade a manterem uma união interna e externa com a fraternidade local e provincial.
Será, igualmente, um lugar oportuno para condividir com os (as) irmãos (ãs) as experiências ricas
da atividade apostólica, no empenho comum de viver e testemunhar a vocação franciscana.
Acresce ainda que o capítulo local é para cada irmão (a) um acertado espaço de contribuição
para a renovação constante da vida religiosa. No capítulo local cada irmão (a) é convidado (a) a
fazer frutificar seus carismas específicos em benefício de toda a fraternidade, revelar seus
sentimentos, medos, preocupações e dificuldades, como Francisco o desejava de seus irmãos (cf
Cap VI da Regra).
O certo é que a realização do carisma franciscano necessita de estruturas claras e execuções
reais. Onde elas existem e funcionam, os irmãos e irmãs experimentam a bênção de tais estruturas.
Se estas estruturas porém, são fracas ou até inexistentes, torna-se visível o prejuízo para a
fraternidade e para cada irmão (a) em particular. Ainda que o capítulo local não seja a única forma
de expressão do carisma franciscano, é, sem dúvida, uma possibilidade singular que os (as) irmãos
(ãs) encontram para alimentar a solidariedade fraterna em Cristo, a abertura para a orientação do
Espírito Santo, para a busca comum da vontade do Pai do céu.
O capítulo local permite que todos (as) os (as) irmãos (ãs) de boa vontade detectem os desvios
a que cada fraternidade está sujeita e despertem para o desejo de renovar a vida da fraternidade,
no espírito do Evangelho, a partir da correção fraterna e da revisão de vida. Somente um diálogo
aberto, uma revelação verdadeira das dificuldades, na escuta humilde da palavra que Deus quer
dizer em cada situação, na acolhida misericordiosa do (a) irmão (a) será capaz de renovar
constantemente a vida de todos (as) e de cada um (a).
2- O capítulo local como lugar privilegiado para a vida da fraternidade

Numa visão teológica, a fraternidade local é o lugar privilegiado de encontro com Deus.
É na fraternidade que os irmãos(ãs) realizam o “discipulado de Cristo” como membros da
igreja. A própria regra os remete, sempre de novo, ao Evangelho, como lei fundamental de sua
vida (cf. RegNB c.1,c2,c3,c.10, c.12). É certo ainda que não basta cada um(a) ler zelosamente a
Palavra de Deus, acolhendo-a e meditando-a em seu coração, como o fez a bem-aventurada
Virgem Maria. Importa, verdadeiramente, “escutar a Palavra de Deus e confrontar-se com ela para
que seja alimento para ávida pessoal de cada irmão(ã) e para a fraternidade. No entanto, o
capítulo local será certamente, um instrumento mais adequado para, em fraternidade, ouvir a
Palavra do Senhor e pô-la em prática, reconhecendo-o na vida, na palavra e na ação dos(as)
irmãos(ãs).
Numa visão eclesiológica, a fraternidade local é uma unidade (célula) básica, na qual se realiza
e se enraíza a vida fraterna. Como a família é a base vital para a sociedade, assim também as
fraternidades locais são para a ordem franciscana, para as congregações e para a Igreja as
(células), sem as quais o todo não subsistirá. Os princípios do diálogo, da responsabilidade e da
participação positiva na vida dos outros membros da fraternidade são importantes para a vida da
família natural. O mesmo vale para a fraternidade local. O capítulo local deverá fazer desabrochar
justamente estes princípios inerentes à pessoa, criada por deus como ser social – dialogal,
capacitada para a interação, a comunicação e a transcendência própria na liberdade e no amor.
3- O capítulo local como expressão da obediência por amor.
No capítulo local se expressa bem a obediência caritativa, como nota própria de uma vida
fraterna. Nesta obediência mútua, os/as irmãos/ãs servem-se mutuamente, promovem a
criatividade de todos/as e comunicam os dons pessoais.O próprio São Francisco admoesta na
Regra não Bulada: “E onde quer que estiverem e se encontrarem os irmãos, mostrem-se afáveis
entre si” (6,6).
E, “com confiança, manifestem um ao outro as suas necessidades, porque, se uma mãe nutre e
ama seu filho carnal” (cf 1 Ts 2,7), com quanto maior diligencia não deve cada um amar e nutrir
seu irmão espiritual? (6, 6-8).
Para Francisco é mais importante a fidelidade dos/as irmãos/ãs para com o espírito de Deus e
o amor atencioso de todos/as para com todos/as, do que as ligações e relações jurídicas entre os
superiores e súditos. A obediência dentro da fraternidade somente desabrocha plenamente, onde
se fazem presentes o amor e a caridade.
Esta obediência não renuncia em nenhum momento a própria responsabilidade e iniciativa;
ao contrário, o amor abre os olhos para as necessidades e interesses dos/as irmãos/ãs e de toda
a fraternidade; o amor desperta força criativa e faz descobrir novos caminhos e impulsiona a andar
por eles. Em sua força criativa, o amor também se preocupa com toda a fraternidade, como um
todo: seu progresso espiritual e a atuação da vontade de Deus em todos/as.
No capítulo local se expressa muito bem esta atitude fundamental. A “obediência por amor”
movimenta os/as irmãos/ãs para que se encontrem, para que se coloque a serviço um/a do/a
outro/a, para que partilhem seus talentos e capacidades para o bem de todos/as. O capítulo local
dá espaço à espontaneidade, à criatividade e à co-responsabilidade de cada um/a. Juntos com a
coordenação da fraternidade (guardião, discretório, ministra, superiora, coordenadora) procuram
um caminho para a solução das questões e problemas que afetam todas as dimensões da vida da
fraternidade.
4- O capítulo local como instrumento de apoio à coordenação da fraternidade local

Uma das grandes tarefas do capítulo local é a de ser apoio e ajuda à coordenação da
fraternidade local, pois, a fraternidade é sempre o grande governo de si mesma. Ao capítulo local
compete, principalmente, avaliar e promover, pelo diálogo, o que deve ser assumido num
planejamento comum, incentivar a concórdia e a cooperação ativa e responsável de todos/as,
examinar e avaliar as obras realizadas pela fraternidade ou pelos/as irmãos/ãs individualmente e
tratar de assuntos de maior importância.
Resumidamente, pode-se dizer que ao capítulo local compete:
v Aprofundar o seguimento do senhor;
v Favorecer a busca conjunta da vontade de Deus;
v Animar o espírito fraterno (obediência); promover a co-responsabilidade; dialogar sobre
tudo que diz respeito à vida fraterna (doméstica);
v Cuidar da oração;
v Observar a pobreza;
v Cuidar da formação da fraternidade; (pastoral, vocacional, formação permanente);
v Assumir, organizar serviços apostólicos e avalia-los.
No espírito da vida franciscana se entende que o bem – estar da fraternidade depende de
todos/as os/as irmãos/ãs. O Capítulo local, é esta oportunidade que cada irmão/ã de boa vontade
tem para participar, ativa e construtivamente, da organização e do desenvolvimento da vida da
fraternidade. Nele se abre o espaço para que cada um/a possa desempenhar sua co-preocupação
e co-responsabilidade, desenvolvendo propostas e iniciativas para a solução das questões em
pauta, expressando livre e abertamente sua opinião, auxiliando nas decisões, colaborando
ativamente nas votações, arriscando uma palavra crítica (correção fraterna) em situações não
sadias e até escandalosas, colocando-se, voluntariamente, à disposição para as tarefas e serviços
necessários à fraternidade.
É tarefa da coordenação de quem modera o capítulo local animar os/as irmãos/ãs para estas
formas de participação ativa na coordenação da fraternidade, através do acolhimento benévolo
das contribuições, propostas e iniciativas. Deveriam sentir que a realização do capítulo local não
é prática de um mero exercício obrigatório nem estratégia da coordenação da fraternidade para,
“democraticamente” impor sua opinião e serem aprovadas suas idéias. Trata-se de escutarem
juntos/as: o chamado de Deus, os sinais dos tempos e a palavra dos/as irmãos e irmãs, para
reconhecerem melhor o que deve ser feito pela fraternidade e o que compete a cada um/a fazer.
A experiência tem mostrado que onde os/as irmãos e irmãs são convidados/as de modo sincero
a refletir juntos/as e a decidir juntos/as cresce a disposição para assumir responsabilidades e
diminui a murmuração, o descontentamento, a crítica sem amor, feita longe das autoridades…
5- O capítulo local como instrumento de formação permanente
Entre as muitas tarefas do capítulo local atribui-se-lhe a da formação permanente. O primeiro
responsável pela formação permanente é o/a próprio/a irmão/ã, que encontra na fraternidade
seu primeiro centro de formação. Aos capítulos, de qualquer tipo, compete animar e organizar a
formação permanente e providenciar os subsídios necessários.
A preocupação por uma formação permanente sadia e sólida, que se baseie na espiritualidade
franciscana, não pode ser entregue somente a cada irmão e irmã cada um/a cuida de si ou à
fraternidade provincial (vamos ver o que vamos oferecer). A fraternidade local tem especial
obrigação de criar condições para que cada irmão/ã possa continuar se formando. A estas
condições pertencem, sem dúvida, além do capítulo local, os cursos e encontros dos mais variados
tipos, uma boa biblioteca, com obras básicas de teologia e espiritualidade e com revistas boas.
Deste quadro fazem parte, ainda, as mais variadas iniciativas da fraternidade, quer no campo
da reflexão, da informação, da partilha, da confrontação com as fontes da espiritualidade
franciscana, quer na programação comum de atividades culturais e recreativas, quer nas
celebrações de momentos fortes da vida da fraternidade local, quer na comunicação da vida e
das obras dos/as irmãos/ãs, através dos órgãos de comunicação da província. Da formação
permanente, como processo de aprofundamento do carisma, no seguimento do Senhor,
ninguém, nenhuma fraternidade pode fugir.
6- O capítulo local como instrumento de promoção da vida espiritual do/as irmãos/ãs
O capítulo local, realizado de maneira certa, já é , em si, um acontecimento eminentemente
espiritual dentro da fraternidade local. É um antigo costume na vida religiosa e na Igreja iniciar
qualquer reunião com uma oração. Com isso, quem se reúne abre-se conscientemente à ação do
deus escondido e ao chamado de seu espírito. “…onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome, eu estarei no meio deles,” (Mt 18,20). Estas palavras de Jesus certamente, valem também
para o capítulo local. Aliás, não deveria esgotar-se, jamais, nas questões materiais, técnicas ou
financeiras. Sua principal função se concentra sobretudo, na revivificação e no aprofundamento
do carisma franciscano. Deve ajudar a:
v Melhorar a oração pessoal e comunitária;
v Realizar a vida comunitária a partir de uma verdadeira fraternidade;
v Criar e aprofundar uma base de confiança mútua;
v Partilhar as necessidades e dificuldades, favorecendo melhor o conhecimento mútuo;
v Abrir o ângulo de visão para os desejos, interesse e necessidades dos/as outros/as e
da
fraternidade, superando o egoísmo e o individualismo;
v Participar na vida e na atividade dos/as outros/as irmãos/ãs e da fraternidade;
v Exercitar-se no trabalho de equipe, seja a nível de fraternidade, seja com quem forma
a grande comunidade eclesial local;
v Praticar o diálogo verdadeiro e construtivo;
v Levar a sério a conversão e aprender a formar-se constantemente;
v Realizar a “pluriformidade na unidade”, já que também numa fraternidade pequena se
encontram uma variedade de opiniões, projetos de vida, carismas, perspectivas de futuro. Por
isso, é preciso uma abertura espiritual para tudo o que é bom, verdadeiro, sincero, e que se revela
através dos outros. Somente na sincera acolhida, no respeito diante da dignidade e opinião do/a
irmão/a, se consegue encontrar uma solução que seja justa para cada um/a e para toda a
fraternidade.
7- O capítulo local como instrumento de correção das deformações
Quem não saberia dizer como é difícil partilhar com as outras pessoas as suas necessidades e
dificuldades pessoais? Mais difícil ainda é chamar à atenção do confrade ou da co-irmã de tal
modo que esteja disposto/aa aceitar uma palavra de ajuda em relação aos seus erros e
comportamentos falhos. A correção fraterna é obra de misericórdia, de auxílio. Não busca ofender
ou agredir. Não diminui a vida do/a outro/a como um todo. Seu objetivo é o reatamento das
forças positivas. A correção fraterna e a revisão de vida em comum são, sem dúvida, algo bem
difícil na convivência dos religiosos/as. Exigem uma grande dose de empatia, pois se assemelham
a uma intervenção solícita de um médico. Será necessário cuidar para que o capítulo local nunca
acabe num tipo de
“reunião de tribunal” em que se façam presentes a condenação e a humilhação.
Deve-se falar somente o que é indispensavelmente necessário para o esclarecimento do caso,
abrindo-se ao/à irmão/ã espaço para que possa apresentar também a sua visão. Deve-se ainda
esclarecer o caso com fatos demonstráveis, evitando preconceitos. O tipo e o modo da correção
fraterna devem deixar transparecer que se trata simplesmente do bem do/a irmão/ã e não da
imposição de idéias ou estruturas a serem salvas.
Certamente, o capítulo local não é o único lugar e nem o mais adequado para corrigir o/a
irmão/ã e levá-lo/a à “conversão”. Mas o capítulo local pode ser um convite constante, um apelo
a cada um/a a que examine seu próprio comportamento à luz do Evangelho e dá espiritualidade
franciscana, e que se disponha a viver numa fidelidade sempre renovada ao carisma franciscano.
A Palavra do Evangelho e a palavra de admoestação aos/às irmãos/ãs querem mostrar caminhos
que levam para fora da culpa; querem abrir horizontes novos e positivos. Através do perdão da
culpa deve ser dado ao/à irmão/ã uma oportunidade para sinceramente recomeçar, na e com a
fraternidade. A correção fraterna somente atingirá a sua meta no capítulo local, quando toda a
fraternidade, reconciliada e em paz puder fazer seu recomeço com o/a respectivo/a irmão/ã.
III – CONDIÇÕES ESPIRITUAIS PARA O BOM ÊXITO DO CAPÍTULO LOCAL
Algumas condições práticas são necessárias para o bom êxito do capítulo local:
1. Abertura espiritual
O capítulo local é um acontecimento eminentemente “espiritual”. Os/as irmãos/ãs se reúnem
na fé da presença de Deus velada (escondida), porém, real e ativa.
Expressão desta fé é a oração inicial. Conscientemente, os/as irmãos/ãs reunidos/as para o
capítulo se colocam sob Palavra do Deus vivo, que fala para seres humanos para todos os tempos.
Convém que se leia, no início, um trecho das Sagradas Escrituras e todos e todas se perguntem
individual e comunitariamente o que Deus lhes quer dizer na situação concreta da fraternidade.
Na fé, os as irmãos/ãs se dispõem a ouvir também aquilo, que o Espírito Santo quer dizer através
dos/as irmãos/ãs. Uma certeza está na raiz da vocação de cada um/a dos/as irmãos/ãs: o mesmo
Espírito que se mostrou em Jesus de Nazaré, que atuou em Francisco e Clara, também atua
efetivamente nos/as irmãos e irmãs, em sua busca, em seu questionamento, em seu encontro, em
sua alegria e em sua caminhada.

2. Respeito e aceitação mútua como irmãos e irmãs


Como acontecimento eminentemente espiritual, o capítulo local pressupõe, como cada
encontro humano, o respeito pelo/a irmão/ã. Nele pode aparecer, de modo muito chocante, a
diversidade dos/as irmãos/ãs: a diferente origem, a diferente história de vida, as diferentes idéias
e opiniões, as diferentes características, as diferentes experiências de vida e os diferentes níveis
de formação.
Algumas considerações, neste particular, devem merecer cuidados:
v Cada participante do capítulo local, também o mais jovem e o mais despreparado
intelectualmente, é uma pessoa humana com dignidade singular. Ninguém deve ser menos
valorizado por causa de sua idade, de sua origem ou por causa de sua formação intelectual.
Francisco dava importância ao irmão ainda muito jovem, escutando-o e respeitando-o;
v Cada irmão/ã é um ser insondável, com uma potencialidade infinita e um mistério
profundo que ninguém deve ferir; nenhum/a irmão/ã deve ser obrigado/a a revelar seu mistério
único e profundo, às vezes, insondável para ele/a mesmo/a. Somente no espaço da confiança o/a
outro/a se abrirá e comunicará suas “coisas” mais pessoais e originais;
v Cada irmão/ã é um ser singular e não repetitivo, com seu caráter próprio e sua riqueza de
dons e talentos que devem ser desenvolvidos durante toda vida. Quanto mais sua diversidade
criativa for respeitada e incentivada dentro da fraternidade tanto mais ganhará em espírito e vida.

3. Disponibilidade para a recíproca doação e acolhimento


Para seu desenvolvimento e realização, cada ser humano necessita da complementaridade
dos outros. A inter-comunicação da riqueza dos dons de cada um/a, num constante dar e acolher,
fazem desabrochar a totalidade do ser a que cada um/a é chamado/a a realizar, como condição
para ganhar ou perder a vida. Isto vale também para os/a irmãos/ãs e suas fraternidades: ninguém
é tudo, ninguém sabe tudo, ninguém pode fazer tudo. Como cada comunidade humana também
a fraternidade é uma comunidade de doação e acolhimento. Cada um/a pode aprender do outro,
crescer com o outro, fazer-se com o outro. Isto se torna imperativo e expressivo justamente no
capítulo local.
Ninguém se isola, mesmo no capítulo local bloqueie eu próprio crescimento e
amadurecimento, impedindo a realização dos/as outros/as, prejudicando-se a si e á fraternidade.
A abertura faz acolher e transformas os/as irmãos/ãs em dons e graça uns/umas para os/as
outros/as. Não permitirá que adversidade (diferença) seja um peso insustentável para a vida da
fraternidade.
4. Diálogo fraterno
O capítulo local reúne pessoas, que a partir de uma vocação divina escolheram o mesmo
gênero de vida. A motivação mais profunda para a sua comunhão de vida não está nas simpatias
pessoais ou nas idéias semelhantes que defendem. O assunto fundamental do capítulo local não
é a discussão de programas ideológicos os pessoais, mas a busca da realização individual e
conjunta da evangélica forma de vida, abraçada e prometida, no seguimento de cristo, a exemplo
de Francisco. No coração do capítulo local estão todos os ideais que marcam e sustentam a vida
inteira (vocação e missão) dos/as irmãos/ãs. As normais grupais, os interesses pessoais se inclinam
diante do bem e da felicidade dos/as irmãos/ãs, na fidelidade à sua vocação. Para isso, é
indispensável o diálogo fraterno que não se identifica com:
v Uma informação (instrução) recíproca;
v Uma disputa acadêmica;
v Um debate político;
v Uma conversa sem compromisso.
O diálogo fraterno quer levar os/as irmãos/ãs a identificarem melhor os problemas,
conhecerem-se mais e encontrarem caminhos para a solução das questões e dificuldades que
enfrentam na realização da forma de vida a que se propuseram. O diálogo não buscará converter
ou vencer o/a outro/a. No final do capítulo local haverá vencedores/as e vencidos/as. O diálogo
deve ter feito aparecer a dinâmica espiritual da vida de cada irmão/ã.
Condições especiais para um diálogo
v O silêncio como expressão do recolhimento interno e externo;
v A disponibilidade de ouvir (a Deus e aos/as irmãos/ãs; a Deus nos/as irmãos/ãs);
v A palavra aberta e tranqüila: sem medo e sem agressão;
v A orientação absoluta na verdade e no bem;
v A abertura radical para com o/a outro/a e sua aceitação incondicional;
v A disposição para renunciar os próprios interesses e posições para o bem do todo;
v A disposição para corrigir a própria opinião, se necessário;
v A disposição para o compromisso, para o primeiro passo;
v A disposição para sempre de novo recomeçar;
v A paciência e a perseverança;
v A generosidade no pensar e no relacionamento (mesquinhez irrita);
v O acolhimento dos pensamentos positivos e construtivos dos outros;
v O reconhecimento grato pela colaboração e por passos realizados.
Principais dificuldades no diálogo fraterno:
v Medo mútuo, o medo diante do desconhecido: (que pensarão os outros de mim?);
v O medo de ter que corrigir-se ( está tudo tão bem assim, para que mudar?);
v Os preconceitos que cultivamos antes do capítulo local (os rótulos);
v A desconfiança de ser manipulado/a pelos/as outros/as;
v A aflição que alguns/algumas irmãos/ãs sentem ao manifestar suas opiniões em público;
v Desânimo (decepção não vencida: o que adianta? Vai ficar tudo na mesma!)
5. O capítulo local: uma motivação positiva, um clima sereno e alegre
É indispensável a preocupação com um clima pacífico e sereno no capítulo local, mesmo que
na pauta (ou por causa disso) estejam problemas sérios a serem tratados.
Se houver tensão antes do capítulo, se se criarem blocos ideológicos, toda a atenção deverá
estar voltada para o clima fraterno indispensável para o bem êxito do capítulo local. Uma boa
estratégia para desarmar os espíritos é informar previamente os/as irmãos/ãs sobre os assuntos
a serem tratados e pedir expressamente que dêem sua opinião como colaboração.
Um clima fraterno e positivo pode ser atingido:
v Quando os/as irmãos/ãs participarem ativamente na preparação e organização do
capítulo;
v Quando se apresentarem com antecedência as informações necessárias (tema e tempo);
v Quando não reinar uma mania de “segredinhos” mas de total transparência;
v Quando já estiverem esclarecidos, antes do capítulo, na medida do possível, os
desentendimentos existentes.
A motivação positiva para o capítulo local é decorrente da própria vida da fraternidade. Onde
os/as irmãos/ãs se sentem aceitos na fraternidade e onde vêem que seu trabalho é reconhecido
dentro e fora da casa, onde existe um bom clima na convivência quotidiana, onde se procura um
diálogo sincero e uma partilha verdadeira, ali os/as irmãos/ãs se encontram quase sempre,
animados/as para e pelo capítulo local. O capítulo local, como a oração deveria exercer a função
de pulmão: oxigenar a vida franciscana. Normalmente, onde um não funciona o outro já está
morrendo. Será necessário, por isso, ter presente que o capítulo local é um espelho da vida dos/as
irmãos/ãs, feito também de tensões, conflitos e problemas. O que conta é que se reconheça
sensato e realisticamente o desafio quotidiano que é colocado na vida dos/as irmãos/ãs. A
fraternidade a ser construída (permanente canteiro de obras). Portanto, a fraternidade franciscana
é também o palco sobre o qual os irmãos/ãs vivenciam e experimentam suas limitações, fraquezas
e erros. Importa que façam prevalecer a coragem e o ânimo para sempre de novo começar.
Importa que:
v Se reconheçam todos/as seres humanos a caminho, dispostos a crescer e aprender dos
erros para viver com maior fidelidade sua vocação;
v Experimentem, sempre de novo, que são aceitos, mesmo com seus erros;
v Possam conversar uns/umas com os/as outros/as apesar da diversidade de origem, caráter
e opinião;
v Experimentem a fraternidade como lugar em que cada um/uma pode desenvolver
livremente sua personalidade e dizer francamente o que pensa, em que acredita, e no que espera;
v Vivenciem a fraternidade como espaço em que se trabalham as questões fundamentais
da vida (vocação e missão) a partir da profundidade da fé;
v Experimentem, sobretudo, a busca comum, na oração, que leva a descobrir qual a vontade
de Deus e a examinar a vida à luz do Evangelho.
Estas e semelhantes experiências positivas têm uma repercussão positiva na celebração do
capítulo local: possibilitam um capítulo local sem medo e sem confrontações agressivas e
desrespeitosas. Acostumados/as a experiências quotidianas positivas na fraternidade, os/as
irmãos/ãs participarão ativamente do capítulo local com franqueza, espontaneidade e
criatividade. Karl Rahner dizia: A Igreja faz a Eucaristia e a Eucaristia faz a Igreja. Do mesmo modo,
certamente, se pode dizer: a Fraternidade faz capítulo local e o capítulo local faz Fraternidade.

6. Boa preparação externa


Fazem parte da boa preparação externa do capítulo local:
a) A data do capítulo local precisa ser conhecida com antecedência. É aconselhável marcar
no início de cada ano as datas previstas para o capítulo local e, se possível, sempre no mesmo dia
da semana.
b) É importante consultar som antecedência todos/as os/as irmãos/ãs sobre os pontos a
serem tratados e os temas espirituais desejados (palestra, reflexão, etc)
c) Avisar por escrito, a pauta definitiva alguns dias antes do capítulo local;
d) Avisar, com antecedência os colaboradores necessários: moderador/a, secretário/a,
liturgia;
e) Colocar à disposição os documentos e subsídios necessários;
f) Arrumar o local do capítulo: colocar em ordem as mesas e cadeiras de tal maneira que
se criem um clima fraterno e condições para um diálogo frutuoso. O ideal é um círculo para
conversar e onde cada um/a possa ver e escutar bem o/a outro/a. A pesar da pobreza franciscana,
o local deveria ser agradável: bem ventilado, temperatura agradável, enfeite de flores, quadro,
etc.
g) Para que todos/as os/as irmãos/ãs tenham presente a “grande linha” , o fio condutor
dos capítulos já realizados, deveria estar disponível a ata dos capítulos anteriores, com as
respectivas decisões.
IV – ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO CAPÍTULO LOCAL
1. Primeiro elemento: o início do capítulo
1.1. Saudação pelo guardião (ministra, superiora, coordenadora) da
fraternidade (presidente de direito do capítulo local:
Uma palavra especial de boas-vindas dirigida aos hóspedes e aos novos membros da
fraternidade.. Uma grata alegria e um reconhecimento pelos(as) irmãos(ãs) que vierem
para o capítulo.
1.2. Oração inicial ou canto inicial: Pedido de ajuda divina no capítulo local e de uma
colaboração frutuosa, ativa a e construtiva de todos(as) no capítulo local. A oração inicial pode
ser formulada livre e espontaneamente; porém, pode-se usar também uma oração também já
formulada. Muitas fraternidades rezam uma hora da Liturgia das Horas (Laudes ou Terça ou Noa
ou Vésperas).
1.3. Apresentação da pauta: eventualmente distribui também, por escrito, para todos os
membros do capítulo, uma pequena explicação dada pelo(a) moderador(a) do capítulo local,
predispondo para um bom trabalho.
1.4. Contribuição dos(as) irmãos(ãs): Dar possibilidade aos(as) irmãos(ãs) para
apresentar perguntas de esclarecimento quanto à pauta e dar liberdade para acrescentar outras
questões que deverão ser trabalhadas no capítulo.
2. Segundo Elemento: a escuta em comum do que Deus quer dizer

2.1. O texto pode ser tirado: da Sagrada Escritura – das Fontes Franciscanas – das
Constituições e dos elementos da Ordem ou Congregação – de um escrito de qualquer autor
contemporâneo.
2.2. O texto deve ser escolhido anteriormente pelo(a) presidente ou pela equipe de
preparação: textos mais compridos e mais difíceis deveriam ser entregues para todos os
participantes, por escrito.
2.3. O texto escolhido deveria ser lido em público por um(a) irmão(ã) nomeado(a) com
antecedência.
2.4. O guardião (ministra, superiora, coordenadora), ou o(a) irmão(ã) que escolheu
o texto que deve explicar, depois de um bom tempo de reflexão silenciosa, que situação
concreta ou necessidade quer iluminar com o texto. Também os(as) irmãos(ãs) deverão ser
convidados(as) a partilhar espontaneamente sua impressão e confrontar, conscientemente, sua
vida e a da fraternidade com o texto apresentado. Esta escuta da Palavra de Deus e este exame
da própria vida pode ocupar maior espaço nos capítulos locais de revisão de vida ou naqueles
em que está prevista uma duração de tempo maior.
2.5. Em alguns capítulos locais, a reflexão fraterna que levou os(as) irmãos(ãs) a se
confrontarem com a vontade de Deus a seu respeito, a partir do texto proposto, pode
desembocar numa oração, que será rezada em comum ou formulada espontaneamente.
3. Terceiro Elemento: revisão crítica dos capítulos anteriores.
3.1 Revisão: Como foram colocadas em práticas as decisões e sugestões dos capítulos locais
anteriores? A partir das atas dos capítulos locais anteriores, pode ser examinado o que foi
decidido e realizado: se for o caso, o(a) secretário(a) do capítulo local poderá ler em público a ata
da capítulo anterior ou uma seleção com as respectivas decisões e tarefas.
3.2 Informações: Éextremamente importante para uma convivência pacífica e sem tensões,
que todos os membros da fraternidade sejam regularmente informados sobre os acontecimentos
e tarefas que dizem respeito a toda a fraternidade. A informação exata e em momento certo tem
um efeito socializante: fortalece a ligação com a fraternidade e da fraternidade entre si; desperta
em cada irmão(ã) o sentimento de pertença à família franciscana e o espírito de fraternidade; em
conseqüência, cresce a participação ativa na vida franciscana, promove iniciativas e decisões
pessoais e ao mesmo tempo ações comunitárias. Finalmente, a informação é uma condição
indispensável para a aceitação dos(as) outros(as) na singularidade única, dotados(as) de vários
dons e talentos.
¨ O guardião (ministra, superiora, coordenadora) da fraternidade informe
os(as) irmãos(ãs) sobre todas as questões e atividades importantes.
¨ Também o(a) ecônomo(a) da casa deve informar os(as) irmãos(ãs) sobre as
entradas e saídas, sobre os projetos realizados e ainda a serem realizados.
¨ Da mesma maneira, aqueles(as) irmãos(ãs), aos(ás) quais são confiados
determinados encargos dentro da fraternidade, devem prestar contas regularmente sobre sua
realização.
¨ É aconselhável aos((às) irmãos(ãs) que realizam tarefas específicas dentro
da fraternidade local ou provincial, relatarem, oportunamente, suas atividades. Através disso,
sentem que seu trabalho é apoiado pela fraternidade toda e enriquecem, através de suas
experiências, a vida da fraternidade local.
4. Quarto Elemento: diálogo sobre novas questões e tarefas
4.1. Os temas que deverão ser discutidos dependem primeiramente da fraternidade
local, das suas necessidades concretas e atuais. Poderá acontecer, às vezes, que a fraternidade
provincial ou até a Ordem/Congregação proporão ao capítulo local o tema a ser tratado.
4.2. É aconselhável colocar em ordem as questões, os interesses, os problemas,
segundo a sua importância. Isso facilitará um tratamento objetivo dessas questões. É tarefa do(a)
moderador(a) do capítulo local marcar a seqüência dos temas a serem tratados.
4.3. Novos temas, em princípio, não deveriam ser aceitos durante o capítulo local a não
ser que sejam extremamente importantes e urgentes. Seria bom, por isso, pedir o consentimento
dos(as) capitulares.
4.4. Questões materiais x questões espirituais…em algumas fraternidades o
capítulo local se ocupa exclusivamente de questões materiais. Esquece-se que a vida fraterna não
consiste primeiramente na construção e manutenção de prédios e negócios financeiros. Quando
a fraternidade se restringe as questões materiais e financeiras é sinal de que a dimensão espiritual
está definhando. O mesmo vale também para uma pauta cheia de atividades pastorais e
apostólicas (ativismo). Corre-se, então, o perigo de nunca se perguntar sobre o porque de tudo
isso. Há, também, irmãos(ãs) que experimentam certa timidez para falar, em fraternidade, sobre
temas espirituais e questões de fé. Apesar dessas dificuldades é necessário que no capítulo local
os temas espirituais tenham primazia sobre as questões materiais e organizativas.
O capítulo local deverá examinar a vida concreta da fraternidade, a saber:
¨ A oração comunitária e pessoal dos (as) irmãos(ãs);
¨ O viver na pobreza e o lidar com responsabilidade com os bens terrenos;
¨ A vida na fraternidade, a constante formação permanente;
¨ A atividade apostólica;
¨ Os erros e defeitos da fraternidade: correção fraterna;
¨ Os programas da fraternidade.
5. Quinto Elemento: conclusão do capítulo local
5.1. Resumo breve
¨ Os temas tratados e as decisões tomadas;
¨ As questões que talvez não foram abordadas;
¨ Aviso da data do próximo capítulo local.
5.2 Agradecimento do(a) presidente do capítulo pela participação e colaboração.
5.3 Oração final em comum, feita espontaneamente ou já preparada.
5.4 Conclusão festiva, se possível, num ágape fraterno (almoço, jantar, recreio fraterno, etc)
6. Sexto Elemento: medidas depois do capítulo local
6.1 Redação da ata do capítulo pelo(a) secretário(a).
6.2 Publicação por escrito e comunicação das decisões tomadas no capítulo local,
sobretudo em vista dos(as) irmãos(ãs) que não puderam estar presentes. Apresentar, ao menos,
uma síntese das decisões.
6.3 Realização das iniciativas e tarefas decididas no capítulo local. È aconselhável procurar
ainda no capítulo local, irmãos(ãs) que sejam aptos(as) e disponíveis para as determinadas tarefas.
Nunca ficar apenas com o que se vai fazer. Sempre perguntar também quem vai fazer.
V – DINÂMICA DO CAPÍTULO LOCAL

1. A tarefa do guardião(ministra, superiora, coordenadora) da fraternidade no capítulo local


Pode-se resumir atarefa pastoral do/a presidente em quatro pontos:
1.1.O guardião (ministra, superiora, coordenadora) é, juridicamente, o/a presidente do
capítulo local, enquanto animador/a da fraternidade local; é o/a responsável pela fraternidade
diante da Província como também diante das repartições civis. Isto porém não impede que
delegue a coordenação do capítulo local a outro/a irmão/ã para fazer o papel de moderador/a.
Em alguns casos é até aconselhável que as funções do/a moderador/a do capítulo local estejam
separadas das tarefas do presidente. O/a presidente poderá estar mais atento/a para que o clima
fraterno e a dimensão espiritual do capítulo local sejam mantidos, enquanto o moderador ficará
atento/a ao procedimento dinâmico e objetivo do capítulo.
1.2. Como animador/a e “pastor/a” de sua fraternidade, o guardião ( ministra, superiora,
coordenadora), procurará ser mediador/a entre as diversas opiniões, grupos e “partidos”.Atuará
como “catalisador/a” no processo de busca dos/as irmãos/ãs e não aspirará a impor a sua opinião
pessoal e seus interesses próprios.
1.3. Sua responsabilidade para com todos/as irmãos/ãs da fraternidade local e sua
responsabilidade para com toda a casa, com todas as suas relações internas e externas, o/a
ajudarão para que os/as irmãos/ãs lancem sempre de novo o olhar no todo, no comunitário,
naquilo que unifica e une.
Nas decisões e votações deverá ele/a estar atento/a para que o capítulo local fique dentro do
quadro de suas competências: de um lado, no capítulo local deveriam se manifestar francamente
todos os interesses e também crítica objetiva e construtiva; e de outro, o capítulo local não poderá
pressionar a coordenação da fraternidade. O capítulo local precisará manter frequentemente a
função de conselho.Quanto mais transparente o guardião ( ministra, superiora, coordenadora)
organizar a vida fraterna, através do capítulo local, tanto menos correrá o perigo de possibilitar
ao capítulo local se transformar em instrumento de pressão contra ele/a.
2.Alguns pontos para o/a moderdor/a do capítulo local
2.1. A tarefa mais importante do/a moderador/a será a de coordenar a discussão dos/as
irmãos/ãs;
¨ Apresentando brevemente o tema a ser tratado;
¨ Coordenando e resumindo a discussão,
¨ Fazendo, nas divagações, os/as irmãos/ãs voltarem ao tema.
2.2.Pressuposto para o bom êxito do diálogo no capítulo local é um clima de confiança, de
estima e
franqueza. Para isto o/a moderador/a deverá ter um cuidado especial.
2,3. É importante que o/a moderador/a apresente brevemente, com clareza, argumentos
organizados. Antes de iniciar o próprio debate deverá verificar se todos/as entenderam a questão
a ser discutida.
2.4. O/a moderador/a não deve interromper precipitadamente ou “violentamente” a
discussão de um tema, mas buscar o consentimento dos/as irmãos/ãs para finalizá-la e poder
passar para outro assunto.
2.5. O/A moderador/a não deve, durante o capítulo, querer impor suas próprias idéias e seus
interesses; deve escutar, promover através de questionamentos objetivos e francos, a participação
ativa de todos/as; deve acolher positivamente as propostas e o parecer do/as outros/as irmãos/ãs;
finalmente, deve ajudar a que o capítulo chegue a um consentimento viável e exeqüível das
decisões; poderá, sem cair no perigo de manipulação, entrar na discussão e propor as soluções
que lhe pareçam mais apropriadas.
2.6. O/A moderador/a precisará ter o cuidado, com prudência e bondade, para que a discussão
fraterna não se torne discussão de alguns poucos, deixando que o aborrecimento tome conta dos
outros. Se a discussão de um tema se transformar em conflito e agressões pessoais, o/a
moderador/a deve tentar fazer com que a discussão deixe o nível emocional e volte para um nível
objetivo.
2.7. Perguntas e questionamentos dirigidos ao/a moderador/a não precisam necessariamente
serem respondidos por ele/a; é aconselhável passar tais questões para o grupo todo.
2.8.O/A moderador/a deve resumir os resultados e consensos encontrados no final do
capítulo.
2.9. O objetivo do capítulo local é reconhecer a vontade de Deus. Certamente o capítulo local
é o lugar para procurar a paz, evitar polêmicas e trabalhar a tentação de teimosia e da mania de
sempre ter razão. Roger Schutz dá , na Regra de Taizé, um conselho aos seus irmãos: “Evite o tom
que não tolera um questionamento. Não recolha muitos argumentos para serem escutados.
Apresente, em poucas palavras, aquilo que mais lhe parecer ser o plano de Deus, sem dar a
impressão de impor”.

VI – O QUE É CONVENIENTE PROGRAMAR NO CAPÍTULO LOCAL


1.Aspectos da vida espiritual da fraternidade É fundamental que no capítulo local se
organize tudo o que diz respeito à vida espiritual dos/as irmãos/ãs. Particularmente:
¨ Se programe o horário das celebrações da Liturgia das Horas e das celebrações próprias
da vida franciscana;
¨ Se estabeleçam as formas concretas de penitência, como sinal de participação no mistério
da Paixão de Cristo e solidariedade com aqueles que sofrem fome, pobreza, dor e miséria;
¨ Se organize, quanto possível, a oração do ofício litúrgico com a participação dos fiéis;
¨ Se preveja o cronograma dos retiros mensais e a participação nos retiros anuais;
¨ Se determine os locais e horários que se há de observar maior silêncio, resguardando
sempre um clima propício a oração, ao trabalho e ao descanso;
2.Aspectos da vida da fraternidade o capítulo local não poderá esquecer de:
¨ Estabelecer o programa anual , semestral ou mensal de suas reuniões;
¨ Promover a vida de oração da fraternidade;
¨ Fazer a revisão de vida dos/as irmãos/ãs e, nessa ocasião, a oportuna correção fraterna;
¨ Zelar pelo atendimento fraterno dos/as enfermos/as;
¨ Promover os cargos internos da fraternidade (secretário/a do capítulo, bibliotecário/a,
cronista) e serviços específicos como a coordenação da pastoral vocacional local, etc;
¨ Examinar a situação econômica e financeira da casa;
¨ Deliberar sobre o local e o tempo de oportuna recreação, bem como sobre as formas e
meios aptos a promover o espírito fraterno;
¨ Planejar e rever atividades de evangelização
¨ Conservar, na memória a história e vida da fraternidade, tendo para isto um cronista, que
periodicamente fará ser aprovada pelo capítulo local a Crônica da Casa;
¨ Planejar o período de férias de cada membro da fraternidade;
¨ Fazer o planejamento das atividades dos membros da fraternidade, para que cada um/a
encontre espaço necessário para o cuidado com a vida espiritual e para que ninguém assuma
compromissos sem a devida aprovação do capítulo local;
3.Aspectos diversos Algumas questões merecem, sempre de novo um cuidado
especial por parte do capítulo local:
¨ Necessidades e dificuldades dos pais de algum/a irmão/ã;
¨ A manutenção e conservação da residência e dos bens;
¨ A preocupação com o bem-estar e justiça para com os funcionários e funcionárias.
VII – SUGESTÕES PARA O/A MODERADOR/A DO CAPÍTULO LOCAL
1. O clima do capítulo local (como também da fraternidade) é decisivamente determinado
pelo seu estilo de liderança (animação do ou da moderador/a). Tenha presente a idéia chave:
no capítulo local não é importante o que você falou, os conteúdos que você apresentou,
mas o relacionamento, o modo como você se comportou diante dos/as irmãos/ãs.
Nb: Cada capítulo local é um passo para frente ou um passo para trás na confiança e no respeito
mútuo, especialmente por parte dos/as irmãos/ãs diante do guardião (ministra, superiora,
coordenadora). Deixar faltar respeito para com algum/a irmão/ã ou não aceita-lo/a transmite a
fraternidade um clima de qualificação, que ao longo prazo trará conseqüências negativas para
todos/as.
2. Esteja profundamente convencido/a: cada participante tem a dar e a dizer algo a
fraternidade; trata-se de uma colaboração única e insubstituível.
3. A melhor solução para cada situação de sua fraternidade é aquela que nasce do esforço
da discussão fraterna e da comunicação; não aquela que seria ótima para uma outra
fraternidade.
Nb: Uma solução, que é menos exigente a nível de empenho, mas que é aceita por toda
fraternidade, deve ser vista como um passo para o crescimento da fraternidade.
4. Tenha confiança na fraternidade: quando se escuta detalhada e profundamente a
fraternidade é capaz de achar seu próprio caminho, como também a melhor solução para o
caminho fraterno.
5. Tenha um olho especial para aqueles/as que têm pouco peso na fraternidade; quando
você dá espaço e eco às suas palavras, faça isto na convicção de que esses/essas irmãos/ãs
representam as forças secretas da fraternidade. Além disso, você perceberá que em suas
colocações, que as vezes são tímidas e acidentais, encontram-se indicações valiosas para o
caminho da fraternidade.
Nb: Ajude o/a irmão/a que se expressa de maneira confusa ou, se repete a expressar com mais
certeza e exatidão os seus pensamentos.Isto terá um efeito exemplar também para todos os
outros/as irmãos/ãs.

6. Você cumpre bem sua tarefa, quando:


¨ Você mesma fala pouco, mas em troca disso está atento/a para fazer os/as
outros/as falarem;
¨ Você toma a palavra mais para aliviar a comunicação de uma mensagem ou
uma interação, do que para tomar posição de conteúdos especiais;
¨ As suas colocações se dirigem mais para o interesse de toda fraternidade do
que para um/a irmão/ãs;
¨ Suas colocações servem mais ao fazer sair uma solução verdadeira, do que
você mesmo/a dar as soluções;
7. Veja as objeções e os protestos como um presente. Cada objeção que for escutada e
tratada com abertura e serenidade, sem culpar ou levar a mal aquele/a que a fez, fará crescer
a confiança em você. Levar em consideração: quem faz objeções num processo de grupo,
serve com isso à fraternidade (pense com isso nas dúvidas do apóstolo Tomé); A aceitação
de uma decisão ou de um ponto de vista, que é seguida por uma discussão com objeções,
é mais verdadeira, mais constante, mais objetiva. Aceitar uma colocação agressiva significa
pedir ao/a respectivo/a irmão/ã que expresse detalhadamente o seu desejo e ofereça
propostas para o aprimoramento da situação.
8. Se existir entre dois/duas participantes alguma tensão, não negue o conflito com
palavras vazias; não se esforce para esclarecer quem tem razão ou quem não tem razão, mas
se preocupe em fazer com que cada um/a explique seus medos e desejos em relação aos/as
outros/as.
9. Não fique contente quando não se faz objeções. Se você tiver a impressão de que a
situação é mais passiva do que crítica, tente provocar objeções e dê espaço a elas. Isto
ajudará a prevenir dificuldades posteriores, especialmente na fase da execução.
10. Uma dificuldade especial no capítulo local são os momentos de silêncio. Existem vários
tipos de silêncio, ou, um silêncio com vários motivos de fundo, por isso, é bom analisa-los,
como de costume, em seu contexto: por exemplo, no início, durante o capítulo local, depois
de uma colocação determinada, etc. Quando você considera o respectivo contexto, você
pode reconhecer com mais facilidade o significado do silêncio. Pode ser bom aprender a
suportar o silêncio, sem entrar em pânico, o que levaria somente a uma colocação forçada e
exagerada, como também para uma mudança precipitada do tema.
Nb: Ficar em silêncio por alguns momentos no capítulo local, deveria tornar-se uma experiência
habitual: é uma forma para se concentrar e para refletir sobre aquilo que se escutou. Quando o
silêncio demorar (não tenha, porém, pressa na constatação de que o silêncio seria “demais”) e o mal
estar do grupo ou em você se tornar forte demais, então você poderá pedir aos participantes para
explicar este silêncio: como se sentem, que impressões constatam, que soluções propõem. Superar o
silêncio se torna muito mais difícil, quando expressa protesto, rejeição e desconfiança. Nesta
situação é necessário deixar falar e escutar detalhadamente as experiências ligadas a isso. Deve ser
feito de maneira que todos/as possam dar a sua colaboração. Porém, evite escutar apenas um
participante, ou, o que seria mais terrível ainda, você se perder numa discussão polêmica com um/a
único/a participante.
11. Não perca nunca a delicadeza e o respeito no que também poderá ser dito a você.
12. Evite absolutamente e considere como uma ferida grave da fraternidade:
¨ Cair numa polêmica;
¨ Obrigar alguém a calar-se ou fazê-lo/a dar respostas brilhantes e com presença
de espírito;
¨ Ridicularizar alguém ou até humilhar;
¨ Unir-se aos/as mais fortes ou aqueles/as que mais concordam;
¨ Fazer alusões a comportamento ou a pessoas, se você precisa dizer algo diga-o
com toda clareza e diretamente, esteja especialmente atento/a a eventuais desconfianças e
medos;
13. Outros aspectos que devem ser explicados no primeiro capítulo local: as datas, a
modalidade, a elaboração da pauta, os serviços a escolha do/a secretário/a etc.
VIII – PROPOSTAS PARA OS/AS PARTICIPANTES DO CAPÍTULO LOCAL.
1. Não participe do capítulo local com a intenção mais ou menos expressa de corrigir os
outros/as: certamente você será decepcionado/a.
2. Quando você estiver disposto/a ou e interessado/a a entender melhor os e as
irmãos/ãs, você encontrará tesouros nunca esperados.
3. Esteja convencido/a além de todas as diversidades de opinião, que cada irmão quer
aprimorar para o aprimoramento da fraternidade e para o reconhecimento da vontade de
Deus.
4. Se uma colaboração lhe parecer destrutiva, tente entende-la melhor: talvez você ainda
sinta a amargura daquilo, que ou o/a decepcionou e o/a feriu em experiências anteriores e,
por isso, ainda tem medo de abrir-se novamente à esperança e à confiança.
5. Quando uma contribuição lhe parecer que estar em lugar errado ou é supérflua tente
entendê-la melhor: nem todos/as conseguem expressar imediatamente e com clareza os
seus pensamentos e seu carisma pessoal.
6. Atenção: você pode ter tranquilamente uma outra opinião; isto, porém, não deveria levá-
lo/a a bloquear ou manipular a colocação do/a irmão/ã.
7. Se você tem a sensação de que a solução é clara e sem dúvidas, porém os/as outros/as
não entenderam, então leve em consideração que a contribuição de alguém mesmo que
seja a melhor possível precisa de tempo para ser entendido por todos/as. Este esperar
também é útil para você: dá a você a possibilidade de se converter à paciência e à reflexão,
que são necessárias para o aprofundamento de uma idéia ou uma proposta.
8. Não se identifique com as suas propostas. Quando você se sentir ferido/a quando suas
propostas não foram valorizadas lembre-se de que você pode trilhar o caminho da renúncia,
que leva sempre para a purificação e a libertação interna; quando você pensa que a
fraternidade precisa daquilo que você propõe, então insista com serenidade; porém, não se
esqueça: é muito melhor dar um passo em conjunto com os/as outros/as do que 100
sozinho/a
9. Quanto mais tempo uma fraternidade precisar para a discussão de uma idéia ou uma
proposta tanto maior será a certeza de que antes terá uma aceitação convicta e depois uma
colaboração plena na fase da execução.
10. Rir sobre si mesmo/a e das próprias propostas, e não levar a sério demais a própria
disponibilidade, as próprias possibilidades e de querer “salvar o mundo”, é uma capacidade
que nasce de uma personalidade sadia e de uma caminhada de vivência interior da pobreza.
Esta capacidade leva a uma serenidade interior e psico-física.
11. Tomar a palavra numa reunião da fraternidade não é somente um direito que nós temos,
porque somos todos/as iguais; é um dever que nós temos, porque somos todos/as irmãos/ãs
e participamos plenamente do caminho da fraternidade.
12. A um/a irmão/ã que revela a sua dificuldade, não interessa, em primeiro lugar, a sua
solução mais ou menos brilhante, mas o presente de sua proximidade de sua compreensão.
Somente quando você o/a escutou até o fim e partilhou mais ou menos do seu estado de
alma, você pode eventualmente oferecer a sua experiência e a sua solução.
13. Quando você tenta ajudar um/a irmão/ã e você percebe que ele/a responde sempre às
suas palavras com apenas “Sim, mas…” “você tem razão, mas…”, então você deve deter-se:
vocês se movem em duas estradas paralelas. Se você quer realmente encontrar o/a irmão/ã,
você precisa mudar o caminho: talvez o/a irmão/ã queira apenas uma resposta
compreensível, ou queira se sentir próximo/a como irmão/ã e não como… pregador(a).
14. O objetivo verdadeiro de um capítulo local é criar uma concordância (convergência) das
intenções em vista do “próximo passo” para o caminhar da fraternidade.
15. Se você quer falar, leve em conta as condições comunicativas que são exigidas daquele/a
que toma a palavra:
¨ Seja claro(a): evite expressões e alusões gerais;
¨ Tente descrever: evite avaliações, interpretações, rótulos;
¨ Seja pessoal: fale em seu próprio nome, evite a fuga em citações de autoridades
famosas e em acusações;
¨ Se quer falar do comportamento dos/as outros/as (por ex: na correção fraterna),
restrinja-se em descrever fatos e depois expresse a sua opinião, a sua reação, ou ainda melhor:
peça ao(à) respectivo(a) irmão/ã que ele/a comunique os motivos e intenções de seu
comportamento. Leve em consideração que toda revisão de vida, se quer ser positiva, precisará
ser precedida de uma escuta dos vários medos de ver a realidade.
16. Evite conscientemente:
¨ Confundir a atenção com o comportamento;
¨ Confundir o comportamento com a pessoa;
¨ Supor intenções ao comportamento do/a outro/a, e que ainda é pior, pregar rótulos
no/a outro/a.
Lembre-se que acusar, avaliar, julgar, são modos de comportamentos que não ajudam nem
a você nem ao/a outro/a, mas põem em movimento o aspiral do desentendimento.
Segundo a lei da ação recíproca, cada comportamento desperta um comportamento
semelhante. A aceitação recíproca cria, com o tempo, um clima de confiança e de respeito,
enquanto a avaliação produz agressividade e fechamento em si.
17. Quando você escutar o/a outro/a:
¨ Não o/a interrompa, mesmo quando você acha que ele/a se desviou do caminho;
¨ Não pense nas suas respostas enquanto ele/a ainda fala;
¨ Tente fazer-se um/a: escute com atenção, com interesse, esforce-se para entender o
ponto de vista do/a outro/a, seus pensamentos e suas emoções;
¨ Certifique-se, especialmente nas situações difíceis e quando você estiver confuso/a,
se você entendeu direito o interesse do/a outro/a: tente por exemplo, que o/a outro/a repita a
sua mensagem para conseguir dele/a uma confirmação (isto também é um bom exercício para a
escuta concreta).
18.Evite fazer o papel do “pai/mãe espiritual” do/a “professor/a” ou do/a
“psicólogo/a”. O capítulo local não é o lugar certo para isto. Estas formas de ajuda suscitam
desagrado e provocam reações negativas quando são aplicadas em lugar errado e em relação a
alguém que não as desejou. Com este comportamento se evitará, frequentemente, a participação.
19. Não esqueça: preservar com discrição o que foi dito no capítulo local, é um sinal de
seriedade de sua parte e garante um clima de confiança mútua na fraternidade.

Fonte: Tradução adaptada de um artigo de Frei Viktrizius Veith OFM Cap, feita pela Província
franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Adapta-se a toda a família franciscana.

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