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Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE

Disciplina: História e Cultura Afro-Brasileira

Professora Maria Emília Vasconcelos

Data: 26 de junho de 2018

Nathália Niédja da Costa Barbosa

LOVEJOY, Paul E. A África e a escravidão. In: A escravidão na África: uma história de


suas transformações;Tradução Regina A. R. F. Bhering e Luiz Guilherme B. Chaves. Rio
de Janeiro, Civilização Brasileira, 2002. p.27-56

O autor da obra resenhada é Paul Lovejoy, canadense e um dos mais reconhecidos


historiadores africanistas. É professor da Universidade de York, em Toronto no Canadá.
Onde ministra aulas de História da África e da Diáspora Africana. Também é conhecido por
ser estudioso da histórica econômica, com enfoque na escravidão africana e sua diáspora,
especialmente no Sudão Central. Possui diversas obras e artigos que versam sobre a
África, sua economia e claro, sobre a economia movimentada pela escravidão.

O capítulo é dividido em cinco tópicos: A escravidão: Uma definição; A escravidão


nas formações sociais; O ambiente africano; O fator Islâmico ; O comércio transatlântico.
Ja de início a expansão escravidão também é subdividida, esta em três estágios: De 1350
a 1600; De 1600 a 1800; De 1800 a 1900. Tal expansão é exposta em dois níveis. O
primeiro aponta para a expansão geográfica da escradidão e seu envolvimento com o
comércio exterior. A segunda aponta para a crescente importância do papel do escravo na
economia e sociedade.

Talvez para reafirmar o ja dito, talvez para que o leitor não esqueça, mas o autor
retoma varias vezez durante o decorrer do capítulo as mesmas ideias. Principalmente o
fato de que as pessoas escravizadas eram tratadas como uma propriedade, daqueles que
se diziam seus senhores, utilizando-se de termos como “bens móveis”e “mercadorias”

O autor realiza uma relativização do conceito de liberdade, onde nenhum ser é


totalmente livre devido às determinações sociais. A escravidão faz com que ocorra uma
coação física ou psicológica que impede até os mais simples atos da vida civil, não há
classe ou direito de escolha para estas pessoas. Na sociedade escravocata as pessoas

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livres possuem direitos e deveres definidos por seu status social, político e até religioso,
aqui oss escravos possuem apenas obrigações.

A escravidão também é apresentada com forma de negar a cultura do outro. Uma


vez que é mais fácil ignorar a cultura, a língua e a crença que não lhe é nativa. Quanto mais
semalhante ao dominador menor o nível de exploração e/ou de escravos. Por isto, era
comum enviar os cativos a locais distantes , porém de certo modo a convivência dificultava
a manutenção do distanciamento, cultural, linguístico e religioso.

As guerras na África eram a principal forma de adquirir escravos, usada tanto pelos
Europeus como pelos Islâmicos, ambos compravam os cativos de guerra das comunidades
locais. Também era possível haver escravidão como forma de punição a crimes como
assassinato, roubo, adultério e bruxaria, existiam procedimentos judiciais e religiosos
responsáveis por este processo. A escravização voluntária também era possível, mas esta
era fruto do desespero humano, quando ja não haviam mais opções além de morrer de
fome.

Mesmo com tanta importância econômica dada ao trabalho forçado, este coexistia
com outras formas laborais, como a servidão, a clientela, o trabalho assalariado, o penhor
e o trabalho comunal. Estes trabalhadores ainda que dependessem de alguém para garantir
o seu sustento possuiam a relativa liberdade inerente a todos aqueles que pertenciam a
classe “livre” da sociedade, no caso dos trabalhadores escravos os senhores decidiam se
estes poderiam casar-se e com quem. Inclusive seus direitos reprodutivos eram tolhidos,
muitos homens eram castrados, no caso das mulheres, seus desejos raramente eram
levados em consideração. As famílias, legalmente falando não poderiam se separadas,
mas na prática muitas vezes isto não ocorria e núcleos familiares eram desfeitos.

Ainda dentro da questão familiar e de natalidade surge a questão da expectativa de


vida muito baixa devido aos mais diversos fatores. O trabalho muito rigoroso, uso dos
escravizados como sacrifícios funerários, operações de castração malsucedidas, o
transporte em condições precárias e o desequilíbrio demográfico entre os sexos. Em muitos
locais haviam mais homens que mulheres, e algumas destas acabavam sendo utilizadas
como concubinas ou tomadas como esposas pelos homens livres que não possuiam
dinheiro suficiente para pagar o dote de uma esposa em condição social equivalente.
Nestes casos, a mulher tomada como esposa tornava-se livre, ou o mais próximo disto.

Diante de uma inserção tão intensa de estrangeiros escravizados este tipo de mão
de obra tornou-se essencia para o funcionamento da economia de locais como América e
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Islã. Existem três situações que refletem bem a necessidade deste modo de produção, a
primeira é a relação entre a África e a demanda por escravos no mundo islâmico do norte
da África e Oriente Médio; a segunda enfatiza a conexão entre a África e as Américas; a
terceira diz respeito a utilização produtiva de escravos na África.

Antes de iniciar a abordagem ao comércio transatlântico é importante salientar que


as problemáticas deste caso, no Brasil, são tratadas com os estudantes brasilerios desde
a mais tenra idade, sedo possível observar, sem dificuldades, uma identificação com o que
o autor relata. Assim, é apresentado ao leitor uma tabela que estima a quantidade de
africanos trazidos as Américas para serem escravizados. Aqui, ao contrário do que ocorria
na África e no Oriente Médio, dificilmente os senhores iam capturar pessoalmente os
escravos. De modo que o tráfico também movimentava a economia e por vezes os seres
humanos eram a principal “mercadoria”.

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