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Materiais e Técnicas
Tradicionais de Construção
série REABILITAÇÃO
vasco pereira
joão guerra martins 1.ª edição / 2005
Apresentação
Embora o texto tenha sido revisto, esta versão não é considerada definitiva, sendo de supor a
existência de erros e imprecisões. Conta-se não só com uma crítica atenta, como com todos os
contributos técnicos que possam ser endereçados. Ambos se aceitam e agradecem.
Sumário
A presente monografia apresenta uma primeira parte em que são abordados aspectos ligados
aos materiais tradicionais e uma segunda aos procedimentos técnicos utilizados na
recuperação.
No que se refere à primeira parte do trabalho, é feita uma enunciação dos materiais
tradicionalmente utilizados e das suas respectivas características e formas de conservação,
comparando, em alguns casos, as suas vantagens e desvantagens em relação a materiais
actuais.
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1 Introdução 1
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2.3 Aviamentos 52
2.3.1 Cal 52
2.3.1.1 Derivados de cal aérea 54
2.3.1.2 Cal hidratada com óleo 55
2.3.2 Gesso 59
2.4 Revestimentos 60
2.4.1 Metodologias de trabalho 61
2.4.1.1 Análise química 61
2.4.1.2 Análise mineralógica por diafractometria de raios X (DRX) 62
2.4.1.3 Análise termogravimetrica (TG) 62
2.4.1.4 Análise ao MEV/AXDE 62
2.4.2 Argamassas de cal 65
2.4.3 Argamassas de gesso 68
2.4.4 Rebocos 70
2.4.5 Estuque 71
2.4.6 Pinturas 72
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2.4.6.1 Pigmentos 73
2.4.6.2 Cor 74
2.4.6.3 Tinta de cal 77
2.4.6.4 Tinta de cola 78
2.5 Madeiras 79
2.5.1 Corte 84
2.5.2 Teor de humidade 84
2.5.3 Defeitos das madeiras apresentados genericamente 85
2.5.4 Classificação das madeiras para a construção 86
2.5.4.1 Madeiras finas 86
2.5.4.2 Madeiras duras ou rijas 87
2.5.4.3 Madeiras resinosas 87
2.5.4.4 Madeiras brandas 87
2.5.5 Tipos de madeiras 88
2.5.5.1 Castanho 88
2.5.5.2 Eucalipto 88
2.5.5.3 Casquinha 88
2.5.5.4 Pinho 88
2.5.6 Flaqueamento da madeira 89
2.5.7 Caracterização da madeira de pinho bravo 89
2.5.7.1 Secagem 90
2.5.7.2 Trabalhabilidade 90
2.5.7.3 Durabilidade 90
2.5.7.4 Preservação 91
2.5.7.5 Inconvenientes 91
2.5.7.6 Vantagens 92
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3.1.3 Tipificação 95
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Bibliografia
[5] - Simões, Abel, “O tijolo, velho e sempre novo material de construção”, M291, LNEC
[13] - Sousa, Pedro Manuel, “A madeira como material de construção”, LNEC – Lisboa,
1999
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1. INTRODUÇÃO.
A presente monografia, apresenta uma primeira parte em que são abordados aspectos ligados
aos materiais tradicionais e uma segunda aos procedimentos técnicos utilizados na
recuperação.
O cimento portland, considerado por muitos o paradigma deste século, foi um dos principais
agentes de alteração da prática tradicional de construção, pois desde então para cá, o que era
um material utilizado para fabricar vasos de flores tornou-se o material de construção por
excelência. Todos os outros passaram a auxiliares do “rei” cimento. O cimento Portland
desenvolveu-se no século XIX e foi assim chamado porque se assemelha a uma pedra muito
utilizada em construção, extraída em Portland, Inglaterra. O reforço do cimento através de
uma armadura interna em varas de ferro tornou-o extremamente resistente a qualquer tipo de
esforços e cargas. De então para cá, o betão armado é a imagem da resistência e da
durabilidade, e consequentemente, um dos materiais de construção de maior prestígio.
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O betão armado, aquele material tido como eterno é, sabemo-lo agora, muito resistente mas
não de eterna duração. Desconhecem-se processos de manutenção e restauro rentáveis e
eficazes destas estruturas. Tal poderá significar que o início de demolições em larga escala
estará quase a começar, atingindo principalmente, e simultaneamente, os maiores e os mais
antigos edifícios de betão armado em todo o mundo.
Desconhecem-se também formas de o decompor nos seus produtos constitutivos, pelo que a
sua reciclagem não é actualmente encarável. O destino dos entulhos resultantes dessas
demolições está ainda por encontrar. Aterros não deverão ser a resposta adequada, pelos
volumes envolvidos e também por razões ecológicas, visto ser constituído por uma
percentagem significativa de compostos de cimento.
O betão armado é portanto hoje a base de quase toda a construção. A produção regular deste
material composto sobretudo no que respeita ao fabrico do cimento e do aço, requer
tecnologias muito avançadas e altas temperaturas, o que implica o consumo de enormes
quantidades de combustível. Tanto os altos fornos de ferro e aço, como os de cimento se
encontram entre os grandes consumidores de combustível. Os próprios métodos actualmente
utilizados na construção consomem muita energia. Sabendo-se que o petróleo é um recurso
não renovável e finito, devemos procurar diminuir o seu consumo, reduzindo o volume de
energia utilizada na fabricação dos seus materiais e na própria construção.
Os materiais de construção utilizados até à explosão do betão armado, tais como a pedra, a
terra ou a madeira, eram fáceis de encontrar. A forma de os utilizar foi estabelecida de
harmonia com as necessidades e os recursos disponíveis localmente. De tudo isso nos
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esquecemos ou já nem sequer chegámos a aprender. É-nos, hoje, mais fácil comprar e utilizar
alumínio ou cimento da América do Sul que tentar harmonizar as nossas necessidades com os
recursos disponíveis ao lado de fora da porta.
Isto não significa, de forma alguma, que devamos rejeitar ou recusar o uso dos materiais
industriais. Significa apenas que devemos aprender a tirar o melhor partido dos materiais
locais, e harmonizar o seu uso com outros, se necessário. Fazer portanto um pouco mais do
que o que foi feito durante este último século.
A madeira está, aos poucos, a reconquistar o espaço que perdeu na construção ao longo do
último século. Já é possível ver grandes edifícios, como o Conselho da Europa em
Estrasburgo, utilizando a madeira como principal elemento estrutural. Os países nórdicos têm
optimizado tecnologias de madeira com grande satisfação. Não é difícil acreditar que, mesmo
a um nível tecnológico menos elevado, a madeira retome o seu lugar, para um futuro longo e
brilhante. O seu uso é apenas limitado pelos recursos disponíveis. As florestas de todo o
mundo são ameaçadas por chuvas ácidas, incêndios e pragas de insectos para não mencionar
as devastações provocadas pela indústria do papel ou pelas novas áreas urbanas e agrícolas.
Há contudo que não esquecer que a mancha arbórea europeia de hoje é a maior de sempre, o
que nos deixa alguma esperança para o futuro. E a durabilidade da madeira leva a que os
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produtos com ela fabricados ultrapassem o tempo necessário ao refazimento de idêntica massa
lenhosa pela Natureza.
A pedra perdeu quase totalmente o seu peso na indústria de construção, enquanto material
estrutural directo. De extracção difícil, exige meios muito pesados de tratamento. A pedra é,
hoje, um material usado quase exclusivamente em folha de revestimento. Paredes de alvenaria
de pedra já não são de uso comum. São difíceis de construir e teoricamente mais caras.
Acredito, no entanto, que poderão ser reformuladas as contas referentes ao custo da pedra em
paredes de alvenaria, se para tal forem recuperadas as sobras e desperdícios das pedreiras, e
compará-las globalmente com o gasto efectivo em materiais, combustíveis e mão de obra
duma construção de alvenaria de tijolo. Também aqui haverá que equacionar os ganhos
obtidos pelo menor isolamento térmico necessário ao bom comportamento da parede. Tudo
depende, mais uma vez, das necessidades e das condições locais.
O cimento pode ser usado como material aglutinante, sendo a pedra o material inerte.
Também a alvenaria de pedra seca, isto é, não argamassada, é simples de construir, tendo até
em algumas circunstâncias, bastantes vantagens sobre outro tipo de paredes mais sólidas.
Basta lembrar que este tipo de construção é bastante permeável à água, retendo no entanto a
terra transportada por esta, o que torna a alvenaria seca ideal para limites de propriedades em
zonas de chuvadas súbitas.
Há muita investigação a desenvolver sobre o material pedra, quer em termos estruturais, quer
em termos estéticos. Enquanto material de revestimento, é ainda hoje difícil encontrar um
material com as suas características estéticas e de resistência ao desgaste.
A terra é um material existente em todo o Mundo. Poucas são as regiões que não têm ou não a
podem utilizar. As cidades de hoje são disso um exemplo: a construção em altura proíbe o uso
de terra. Os nossos regulamentos não permitem, ainda, tal tipo de construção.
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Contudo, têm de ser solucionados alguns pontos fundamentais neste material: a sua fraca
resistência à água, à humidade e à tracção. A adição de fibras naturais, ou sintéticas, aumenta
grandemente a sua coesão e resistência, mas muito trabalho terá de ser desenvolvido nesse
domínio. A permeabilidade à água e à humidade são problemas que podem ser, pelo menos
parcialmente, resolvidos com aditivos. Uma simples camada de cal aplicada anualmente é
uma das respostas possíveis mas, dado o ritmo de vida a que hoje somos forçados, temos que
encontrar outras soluções.
As técnicas da terra ainda eficazes e em prática por todo o mundo provam que elas
prevalecem através dos tempos, e mesmo técnicas que julgamos inadequadas possam vir a ser
reprocessadas e tomar um novo alento.
Se a tradição já não é o que era, o facto é que a tradição é um produto da cultura e não
podemos ignorar as nossas próprias raízes. As grandes cidades ficam vazias aos fins de
semana, precisamente porque já não são amigas, já não respondem às nossas necessidades.
Devemos pegar nas nossas próprias referências culturais e reprocessá-las em novos termos.
Talvez uma nova paisagem urbana pós-indústrial apareça, menos consumidora que as actuais
cidades, e também mais agradável. Bastará pôr um pouco do nosso passado no nosso futuro.
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Observa-se muitas vezes que a degradação dos materiais, e por consequência das estruturas,
está ligada ao modo como estes são empregues. Tal facto deve-se, na maioria das vezes, ao
desconhecimento das suas características e ao uso conjunto de materiais incompatíveis entre
si, devendo por isso proceder-se a uma breve análise das características dos materiais e das
principais causas da sua degradação.
- Pedras naturais
- Madeiras
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2.1.PEDRAS NATURAIS
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A composição química e a estrutura das pedras é muito variável, pois resulta da confluência
da vários factores naturais que determinam tanto a formação da sua rocha de origem, como as
sucessivas alterações sofridas por esta até se transformar em matéria disponível para ser
extraída da pedreira, resultando então nas diferentes classes de pedras conhecidas.
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Constituída por pedra irregular assente em argamassa, sendo o seu modo de fazer
análogo ao da alvenaria aparelhada, observando-se porém que este trabalho é
menos cuidado e por isso mais fácil e rápido [3]. Esta alvenaria é normalmente
executada para ser revestida com reboco. De qualquer modo, as pedras devem
ser assentes pela parte mais lisa para não oscilarem, nem deixar espaços vazios
sem argamassa.
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Figura 2.1.1.2.2 – Da esquerda para a direita e de cima para baixo: pedra irregular; alvenaria
de junta larga; pedra irregular; pedra lamelar; pedra irregular natural; pedra irregular corrigida
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Figura 2.1.1.3.2 – Técnica mista, aplicação de tijolo burro no arranque da abóbada, enchimento com
alvenaria ordinária e a secção do arco em alvenaria aparelhada
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- Trabalhabilidade;
- Regularidade na cor;
- Regularidade de textura;
- Resistência ao desgaste.
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Qualquer material, por mais resistente que seja, está sujeito à degradação. No caso das
pedras, verifica-se que a acção do clima (chuva, vento e temperatura) é a responsável
pela degradação das rochas. [2]
Alguns dos factores que podem determinar a alteração das pedras utilizadas na
construção são:
- O tipo de pedra, por causa da sua composição química e propriedades mecânicas que
as compõem.
- Os factores climáticos, tais como a acção da água, do gelo, do vento e das variações de
temperatura.
- Os factores físicos, como as cargas a que está sujeita, as eventuais fissuras provocadas
por sismos ou por assentamentos do terreno.
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i) O excesso de carga exercida sobre um elemento construído, o que pode provocar forças
de flexão que fissuram verticalmente os elementos horizontais, como as arquitraves, ou
pode provocar forças de compressão que fracturam horizontalmente os elementos
verticais, como as colunas e pilares. Estes fenómenos podem ser resultantes de erros de
projecto ou de assentamentos de terreno.
a) b) c) d)
Figura 2.1.4.1 – Causas que provocam a fissuração em materiais como a pedra e o tijolo, devido à sua pouca
flexibilidade determinando a baixa resistência a certos tipos de esforços mecânicos.
a) Fissuração em arquitrave devido à força de flexão
b) Fissuração em mísula devido à força de flexão
c) Fissuração em coluna devido à força de compressão
d) Degradação gradual da pedra aplicada em fachadas devido à diferença de temperatura dia/noite.
iii) A acção do homem, tendo influência no modo como se trabalha o material, é um factor
que pode determinar a sua posterior degradação.
A acção da água é uma das causas principais de deterioração dos materiais, uma
vez que percorre muito facilmente o interior das estruturas e dos materiais. A sua
presença pode ainda implicar acções químicas (formação de sais e corrosão
devido aos ácidos que pode transportar) e acções fisico-mecânicas (cristalização
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Para além da água da chuva que entra em contacto directo com o material, seja
pela sua superfície absorvente, seja por fissuras que nela existam, os restantes
fenómenos que determinam a entrada de água no interior do material são a sua
capilaridade e higroscopicidade própria.
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a) b)
c) d)
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2.2.PEDRAS ARTIFICIAIS
2.2.1. Tijolo
Ao longo dos séculos a actividade construtiva, um pouco por todo o mundo [5],
manteve sempre o uso do tijolo como um dos seus principais materiais,
independentemente dos estilos arquitectónicos ou do modo como era empregue.
O tijolo tradicionalmente utilizado em paredes pode ser maciço ou furado. Por maciço
designa-se o tijolo feito à fieira ou prensado (tijolo burro), cuja função é garantir a
resistência mecânica. O tijolo furado tem canais paralelos às suas maiores arestas,
tendo funções de enchimento e isolamento térmico. O facto de ser mais leve favorece a
sua utilização em relação ao tijolo burro.
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Ao levantar a parede, nunca se deve deixar parte dela com altura superior a um metro
relativamente à construção feita anteriormente. Caso se tenha de deixar por tempo
ilimitado uma parede por acabar, devem deixar-se as fiadas terminadas em forma de
escada, para que quando se retomar a obra, se possam endentar as novas fiadas. Deste
modo garante-se o travamento da parede.
A elevação das paredes deve fazer-se com grande precisão, fixando-as às mestras
com o auxilio do fio de prumo, para que sirvam de orientação no levantamento
da parede.
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Deve procurar-se que a argamassa aplicada nas juntas horizontais tenha uma
espessura constante, entre 1 e 1,5 cm.
Para executar uma parede com junta refundada ou reentrante, pode utilizar-se
uma régua calibrada. Este processo evita o transbordo da argamassa e melhora o
aspecto visual da parede. Contudo, se se deixar a junta parcialmente cheia
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passado algum tempo a argamassa começa a secar e o excesso pode ser removido
com auxílio de uma régua em chapa metálica com um dente na extremidade, o
qual terá aproximadamente a configuração final da junta. Deste modo, o
refundamento da junta é uniforme e a argamassa removida por estar semi seca,
não suja a face do tijolo aplicado. Posteriormente deve fazer-se o acabamento
final com auxílio de ferramentas adequadas, de molde a dar à junta a
configuração pretendida.
ALÇADO PLANTA
Formado pelo tijolo assente ao baixo de forma que a sua largura corresponda
à espessura da parede. Para que as suas juntas possam ser alternadas devem-
se começar as fiadas por um tijolo cortado ao meio. Este sistema apresenta
uma estabilidade superior ao anterior e não necessita de ser reforçado com
prumos para formar os tabiques ou divisórias anteriores.
ALÇADO PLANTA
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ALÇADO PLANTA
Falando dos tijolos, deve-se referir as condições técnicas a que devem obedecer
de modo a poderem ser aplicados satisfatoriamente, sobretudo em paredes
exteriores:
o A estrutura da massa deve ser uniforme, de boa porosidade aparente, sem ser
demasiado áspero, isenta de impurezas, nódulos calcários ou outras, que
comprometam o seu comportamento. Deve permitir o corte por percussão
com picadeira, ou aresta da colher, sem se fragmentar.
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o Resistência mecânica dos tijolos, não deve, em caso algum, ficar aquém dos
15 Kg por cm2 da superfície exterior do tijolo [5], quando utilizado em
panos de enchimento de painéis de estruturas de betão armado; e 30 Kg por
cm2 para construções resistentes de alvenaria de tijolo.
2.2.2. Telha
Figura 2.2.2.1 – Telhados do Centro Histórico do Porto vistos da Torre dos Clérigos
O fabrico das telhas é já antigo no nosso país, pois as coberturas revestidas com telhas
cerâmicas constituem um elemento tradicional na paisagem portuguesa. Estas fazem
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parte da nossa cultura, identificando uma forma de viver adaptada a cada uma das
regiões em que se inserem.
Inicialmente as coberturas eram feitas com materiais perecíveis, como o colmo, a casca
de certas árvores, folhagens, peles de animais, etc., com que eram cobertas as cabanas
primitivas, de que chegaram aos nossos dias alguns exemplos.
Embora concorrendo com outros materiais alternativos, as telhas cerâmicas têm vindo
progressivamente a ganhar terreno nos países da Europa do Norte, como consequência
quer das suas características estéticas, quer do eficaz comportamento que as suas
propriedades lhes facilitam, mesmo sob a acção das mais rigorosas condições
climáticas.
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Figura 2.2.2.2 – Inclinação mínima das coberturas dependente da localização (%). [7]
Desenvolvimento Localização
Modelo de Telha Exposição
da vertente Zona I Zona II Zona III
Protegida 32 40 45
Normal até 6.00 m 39 44 50
Exposta 44 51 57
Lusa
Protegida 39 44 50
Normal 6.00 a 10.00 m 43 48 55
Exposta 48 56 63
Protegida 61 65 70
Normal até 6.00 m 67 73 78
Exposta 77 84 90
Marselha
Protegida 66 72 77
Normal 6.00 a 10.00 m 74 80 86
Exposta 85 91 99
Protegida 50 55 59
Normal até 6.00 m 55 61 66
Exposta 64 69 76
Canudo
Protegida 55 59 65
Normal 6.00 a 10.00 m 61 67 73
Exposta 69 77 84
Protegida 40 45 49
Normal até 6.00 m 44 49 55
Exposta 51 57 64
Romana
Protegida 44 50 55
Normal 6.00 a 10.00 m 48 55 61
Exposta 56 63 69
Protegida 58 64 68
Normal até 6.00 m 64 70 76
Exposta 75 81 87
Plana
Protegida 64 69 75
Normal 6.00 a 10.00 m 71 77 84
Exposta 83 89 96
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- Telha LUSA
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- Telha MARSELHA
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- Telha CANUDO
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- Telha ROMANA
- Telha PLANA
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O bom posicionamento das telhas resulta do apoio das saliências previstas para o
efeito nas faces da telha. A parte inferior de cada telha apoia-se superiormente na
fiada inferior.
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repartição regular. Acima de uma inclinação de 300% todas as telhas devem ser
fixadas. O mesmo deve acontecer às telhas dos beirados para inclinações
superiores a 100% ou em situação exposta.
A telha canudo pode também ser assente sobre subtelha, exigindo remates
especiais de forma a evitar infiltrações.
As fiadas são alinhadas. A parte larga da telha inferior dispõe-se virada para
cima, enquanto na telha superior a disposição é oposta.
A fixação das telhas pode ser necessária, seja para evitar o seu deslizamento, seja
para se opor ao efeito da acção do vento sobre as coberturas. As telhas podem ser
fixadas pelos seguintes processos:
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- através de argamassa.
Embora não sendo uma solução frequente em Portugal, devem ser respeitados
procedimentos adequados a este modelo.
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2.2.2.7. Permeabilidade ao Ar
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Deve definir-se uma pressão limite de estanquidade, que será o valor máximo de
pressão do ar interior para o qual não ocorra nenhuma entrada de matéria em
suspensão.
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- a alteração do aspecto;
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Como regra elementar para obtenção de um correcto alinhamento das fiadas de telha
(para além da execução do ripado respeitando com rigor os valores de projecto), deve-
se prever o início da colocação das telhas paralelamente ao beirado ou beiral e, caso
não seja possível manter o paralelismo até à linha da cumeeira, executar aí os cortes
imprescindíveis, corte mecânico e não manual, de preferência, rematados tão
uniformemente quanto possível com os adequados acessórios cerâmicos, em especial
com os remates e telhões de cumeeira.
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Os adobes são tijolos crus, simplesmente secos ao sol e ao ar, cuja aplicação em obra se
faz de maneira idêntica à dos tijolos cozidos.
Os adobes são fabricados com terras marginais das ribeiras. A moldagem faz-se em
moldes de madeira. As dimensões dos adobes não estão fixadas variando conforme as
necessidades ou conveniências de utilização. No entanto, os adobes mais vulgares
medem 0.08 x 0.16 x 0.35m e aplicam-se constituindo paredes a meia vez.
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Para as construções de terra com adobes, a técnica de pôr em obra tradicional, não tem
sofrido alteração nem é susceptível de sensíveis melhoramentos. Exige-se sempre o
emprego de mão de obra especializada e de tipos de acabamentos semelhantes aos da
construção corrente como a alvenaria de tijolo. A vantagem que possa apresentar em
relação a estes materiais reside no seu menor custo, no isolamento térmico e sonoro. [8]
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- Antes de iniciada cada nova fiada é de uso aplicar uma fita de argamassa de
cal e areia a contornar todas as arestas do troço construído. Esta fita de
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Figura 2.2.3.1.3 – Travamentos que deverão ser feitos e como devem ser lançadas as fiadas de
alvenaria.
Os vãos das portas e janelas são usualmente abertos depois da parede executada,
por demolição dos espaços correspondentes. Os vãos podem ser guarnecidos e
nesse caso os aros de carpinteiro ligam-se directamente à taipa, ou então tem
guarnecimento de tijolo ou cantaria. Raramente se começa a construção pela
execução dos aros dos vãos em tijolo, mas caso o façam são depois encostados
os taipais para execução da taipa. As vergas dos vãos são vulgarmente
constituídas por barrotes de madeira. [4]
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Nos casos em que as terras naturais não mostram qualidades suficientes para serem
utilizáveis isoladamente ou em que, mesmo sendo boa, se exigem condições que por si
só não pode garantir, mistura-se à terra natural, extraída dos locais previstos, outras
terras naturais que, por adição, a corrijam, ou materiais estranhos que a aglomeram e
lhe dêem coesão.
Entre os casos mais comuns surge o de terras demasiadamente argilosas a que convirá
adicionar areias ou cascalho miúdo ou, inversamente, o de terras fracas a que convém
adicionar argilas. Como correctivo pode também considerar-se a palha cortada em
pequenos pedaços que se adicionam às terras muito argilosas, tanto em taipas como em
adobes com o fim de aumentar a uniformidade do material, e sobretudo, diminuir a
retracção aquando da secagem. [8]
Parece, entretanto, que a cal só funciona de verdadeiro estabilizante com certas argilas
pozolânicas. Nos terrenos vulgares julga-se que a sua acção deve ser puramente
superficial, visto a hermeticidade do meio não permitir a carbonatação da cal no
interior da parede. Se assim for, a protecção conseguida pode também obter-se pela
simples caiação dos paramentos de um muro de terra simples. No entanto, a
possibilidade de um aumento da plasticidade pela amassadura com cal, revela um certo
interesse para a facilidade e perfeição do trabalho.
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trabalho. Caso se use as betoneiras, convém que a potência do motor seja superior à
vulgarmente usada para os betões normais.
Quando a terra tenha de ser corrigida e haja necessidade de misturar areias ou argilas, é
conveniente lançar primeiro na betoneira as areias e só depois as terras argilosas. Outro
processo aconselhado é o de fazer, durante pelo menos um dia, a embebição das argilas
com água, depois amassá-las em qualquer misturador até uma consistência de massa de
pão. Aí mistura-se a massa facilmente com areias ou cascalho. Quando a terra é
estabilizada a mistura é feita, regra geral, por meios mecânicos e a ordem de
lançamento dos materiais deverá ser:
Sem estabilizantes, e porque não existirá assim qualquer elemento activo, a terra pode
ser preparada em grandes quantidades e conservada até aplicação, em depósito coberto.
Antes de adicionada a água, o estabilizante deve ser uniformemente repartido na massa.
A mistura final deverá ter o aspecto de um betão seco, que não adira às ferramentas. Os
tempos de mistura, variáveis conforme a potência do misturador, são da ordem dos 3
minutos para a terra estabilizada e cerca de metade para a terra simples.
Tradicionalmente verifica-se se uma terra pode dar boa taipa, amassando-a com água e
enchendo um molde quadrangular de madeira com 0.50 x 0.50 m em camadas
sucessivas de cerca de 0.10 m de espessura, bem amassadas e comprimidas. Por fim
cobre-se o molde com uma tampa. Ao fim de uma semana a terra está bem seca e
retira-se o molde e verifica-se se ao longo de vários meses se a sua consistência
aumentou ou diminuiu o que determinará a qualidade da terra.
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Porém, para um dado material e para um sistema de compactação, existe uma dada
percentagem de água que conduz à compacidade máxima da mistura, isto é, à maior
resistência final.
Além da protecção contra a acção da água, as paredes de terra exigem outros cuidados
a ter tais como :
- Nos casos em que seja de temer excessiva retracção do material com a secagem e
consequente fendilhação da parede, tem que se separar, como é tradicional, as
sucessivas fiadas de terra por camadas de argamassa, limitando assim as superfícies
afectadas.
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2.- A nível energético: dado poder ser utilizado localmente com baixos custos de
transporte e, sobretudo, sem necessitar de ser submetido a transformação indústrial,
este material permite importantes economias de energia a montante, sobretudo quando
comparado com as energeticamente muito dispendiosas indústrias do cimento, do aço
e do tijolo cozido. Para além disso, há outras apreciáveis economias domésticas de
energia, dado que a inércia térmica das paredes de terra pode contribuir para a
redução do custo do aquecimento e climatização dos edifícios.
4.- A nível político: A terra crua é por definição um material de utilização local, de
acordo com as potencialidades de cada região e país; presta-se ainda a uma
descentralização das actividades em termos de ordenamento do território.
6.- A nível cultural: A terra crua sempre permitiu, em todas as civilizações, rurais ou
urbanas, assegurar a manutenção de uma linguagem criativa e adaptada aos
particularismos de cada uma delas.
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1.- Escolha da madeira a utilizar para cada fase do processo construtivo. Por ser um
elemento estrutural deverá ter recebido um tratamento adequado, estar bem seca e ter
idade que permita garantir qualidade.
2.- Assentam-se sobre as paredes de alvenaria de pedra, vigas horizontais, que vão,
simultaneamente, servir de suporte às paredes e de encaixe para as vigas de apoio do
soalho. Caso a parede a erguer não tenha apoios laterais o seu travamento deverá ser
garantido através do encaixe e travamento das vigas na base de pedra do rés-do-
chão.
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3.- Sobre as vigas mestras constrói-se um apoio de solho que posteriormente levará o
seu acabamento, soalho. As vigas de apoio deste solho terão cerca de 8 x 15 cm.
Quando se quiser construir um segundo andar, ou mais, parte-se da construção de
pavimento do piso e sobre ele apoiarão as novas paredes.
4.- Sobre o solho são pregadas as chamadas vigas soleiras, vigas horizontalmente
colocadas, com cerca de 10x13 cm para servirem de suporte à parede.
5.- Definição do pé direito através de vigas verticais que são pregadas às vigas
soleiras, no topo das quais se colocam outras vigas onde apoiará o tecto.
6.- Definição dos vãos com a montagem de aros e caixas de janelas em madeira.
7.- Para enchimento da parede, e começando por um dos lados, são pregadas às vigas
horizontais tábuas com cerca de 3 x20 cm, dispostas ao alto e com uma folga de 4
cm entre si. Estas tábuas são de solho não aplainadas.
8.- Construído este primeiro pano, pregar-se sobre ele uma nova fiada de tábuas, mas
agora diagonalmente dispostas.
9.- A seguir e para finalizar o travamento da parede, coloca-se uma série de ripas
horizontais, com cerca de 2 cm de largo, mantendo-se uma distância entre elas de 2 a
3 cm. A este ripado dá-se o nome de fasquio, sendo esta a identificação da própria
técnica.
11.- Aplica-se o reboco à colher, devendo este ter uma espessura de 1,5 cm. A
argamassa apresenta o seguinte traço:
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13.- Para finalizar o acabamento do reboco, aplica-se com a talocha uma argamassa
com espessura de 1 cm, o estanhado, e cujo traço é:
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As fases por que passa esta técnica são iguais às descritas anteriormente para a taipa
de fasquio até ao ponto 6, tendo como fases seguintes as que passamos a descrever:
7.- Pregar na base e no topo várias vigas a prumo com 12 x 12 cm mantendo uma
distância entre elas de cerca de 50 cm.
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9.- Preencher os espaços entre as vigas assentando o tijolo burro com argamassa. A
direcção do assentamento dos tijolos é variável. Os tijolos que se adossam às vigas
devem ter sempre um corte lateral em V, para melhor se encaixarem na madeira,
permitindo à parede comportar-se como um todo. Com esta técnica, em que se
utilizam diferentes materiais, tem de se ter sempre um bom conhecimento da
qualidade e das características dos elementos utilizados e da forma de os aplicar
correctamente usufruindo de todas as suas potencialidades.
10.- Antes de aplicar o reboco e para que este agarre melhor, procede-se ao golpear
a madeira, com um pequeno machado.
11.- Finalmente, aplica-se o reboco à colher, devendo ter uma espessura de 1,5 cm.
A argamassa utilizada apresenta o seguinte traço:
13.- Para finalizar o acabamento do reboco, aplica-se com a talocha uma argamassa
com espessura de 1 cm, o estanhado, e cujo traço é:
2.3. AVIAMENTOS
2.3.1. Cal
A cal pura não se encontra na natureza. A que se encontra no mercado, e que depois de
ser tratada se utiliza na composição de argamassas, é a cal pura ou viva, a que os
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antigos davam o nome de cal virgem, que resulta do aquecimento da pedra calcária a
uma temperatura elevada, através da qual o óxido de cálcio é extraído. Este processo é
que dá ao ligante a capacidade de reagir com a água e posteriormente, quando
misturado na argamassa, endurecer em contacto com a água ou com o ar. [3]
O tempo necessário para se completar perfeitamente a operação, só pode ser fixado por
meio de experiências, não dependendo unicamente da natureza da pedra e da qualidade
do combustível, mas também do sistema do forno, da sua capacidade, do estado da
atmosfera, etc. A presença do vapor de água facilita a calcinação e convém, por isso,
que os calcários tenham alguma humidade. Ao resultado de uma excessiva calcinação
emprega-se a denominação de cal morta, ou queimada, que é imprópria para a
construção.
- Cal aérea
- Cal hidráulica
A cal aérea só endurece em contacto com o ar, sendo adequada para alvenarias e
rebocos, ao contrário das cais hidráulicas que, também endurecem em contacto com a
água ou em ambientes húmidos, servem igualmente para construções como cisternas,
poços, pontes, azenhas e fundações. Como se disse, a cal viva resultante da calcinação,
já se encontra preparada à venda no mercado. Para se conseguir uma melhor qualidade,
ela deverá ser extinta em obra.
O processo de extinção é a reacção resultante da adição de água à cal viva, o que leva a
um grande desenvolvimento de calor e resulta na transformação das pedras de cal viva
em pó ou em pasta conforme a necessidade em obra. Este processo requer bastante
cuidado, pois as altas temperaturas podem provocar queimaduras graves.
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- Extinção por irrigação: consiste em colocar a cal viva em estâncias de madeira e regá-
la lenta e cuidadosamente com um regador. A vantagem deste método está em fazer
abrir a cal devagar o que resulta num controlo do processo de hidratação.
A água usada na extinção deve ser o mais pura possível e doce para evitar, no momento
da secagem, o aparecimento de sais à superfície das construções.
A cal aérea comum, quando atinge o estado a que se dá o nome de cal hidratada,
apagada ou extinta, torna-se solúvel em 700 vezes o seu peso. Se a água for em
maior quantidade do que a suficiente para a hidratação, resultará numa calda,
mais ou menos espessa, a que se dá o nome de leite de cal. Em repouso, o leite
de cal torna-se límpido, água de cal, depondo no fundo as partículas que tem em
suspensão, formando o que se chama a pasta de cal.
- Leite de cal: serve para a caiação e como base das tintas calcárias.
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A argamassa feita com a cal hidratada, com óleo, substitui com vantagem
qualquer tipo de argamassa bastarda, pois consoante o traço escolhido poder-se-á
ter uma argamassa de cal quer para consolidação, quer para reboco exterior ou
interior.
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Carbonatação
Ca(OH)2 + CO2 = CaCo3 + H2O
Cal hidratada + dióxido de carbono = carbonato de cálcio + água que
evapora
- É polivalente, pois tanto pode ser aplicada como uma argamassa de cal aérea,
porque faz presa em contacto com o ar, como também faz presa debaixo de água
ou em ambiente húmido, tal como uma argamassa hidráulica.
- Um traço com cimento tem de ser utilizado imediatamente após ter sido feito,
porque em contacto com o ar e a humidade o cimento endurece rapidamente.
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Isto implica que, em obra, tem que estar sempre a fazer-se a mistura, sendo
difícil garantir um traço igual desde o princípio até ao fim dos trabalhos.
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- Por último refira-se que as misturas com cimento são geralmente consideradas
como desagradáveis à vista, obrigando à pintura ou ao revestimento com outros
materiais. Ao contrário, a argamassa de cal não só oferece um resultado plástico
muito agradável, como ainda tem a vantagem de permitir a adição de
determinados pigmentos, obtendo-se assim a coloração desejada.
Aditivos:
2.3.2. Gesso
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- Gesso para esboço - gesso escuro ou pardo resultante de tratamento térmico normal
proveniente de gesso bruto escuro, com granulometria mais elevada do que o gesso
para estuque, para ser utilizado sobre esboço de paredes executado com argamassa
de cal e areia.
- Gesso para estuque – gesso branco resultante do tratamento térmico do gesso bruto
branco ou amarelo a 140ºC utilizado em mistura com cal ou outro retardador.
A técnica ligada ao uso do gesso, implica muitas vezes o emprego de aditivos, que têm
a função de retardar ou acelerar o seu endurecimento e de reforçar a sua resistência.
Para aumentar a velocidade de presa, usam-se acelerantes como o sal ou o gesso
hidratado; para retardar o tempo de presa, usam-se normalmente materiais orgânicos,
como o amido ou a cola animal; para reforçar a capacidade de resistência, usam-se
reforçantes como o alúmen ou ainda o leite de cal.
2.4. REVESTIMENTOS
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parede apresentam particular importância dado que deles depende o aspecto final e a
protecção do edifício. As argamassas, a par dos barramentos e pinturas, são pois um dos
componentes dessa protecção do edifício que importa caracterizar por forma a garantir a
compatibilidade com os materiais de construção actuais. Outro aspecto importante a realçar
em relação à caracterização dos revestimentos antigos é que o seu estudo pode fornecer
importantes informações acerca da história do edifício.
O núcleo de Química do LNEC tem vindo a ser cada vez mais solicitado no âmbito da
caracterização de revestimentos/argamassas de monumentos antigos, tendo-se desenvolvido,
por forma a uniformizar a sua actuação, uma metodologia para a caracterização destes
materiais.[12] Esta metodologia inclui a realização de análises químicas, mineralógicas e
microestrutural. Numa 2ª fase, pretende-se completar o trabalho já realizado com a aplicação
de técnicas de análise orgânica, nomeadamente espectrofotometria da absorção de
infravermelhos, para a pesquisa de compostos orgânicos.
2.4.1.1.Análise química
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A TG é uma técnica que permite conhecer a variação de massa sofrida por uma
amostra quando a um aquecimento contínuo e uniforme. As variações de massa
que ocorrem em argamassa de cal carbonatadas estão essencialmente
relacionadas com a decomposição do carbonato de cálcio.
2.4.1.4.Análise ao MEV/AXDE
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Na sua aplicação prática estas novas soluções de renovação, como por exemplo os
rebocos à base de ligantes hidráulicos ou de cimento Portland, acabados com pinturas
filmogénicas de base oleosa, ou feitas com outras substâncias mais ou menos
sofisticadas, que se revelaram, muito rapidamente, desadequadas. Na sua aplicação
prática apresentaram deficiências óbvias, tais como: incompatibilidades químicas e
funcionais; falta de durabilidade; mau comportamento construtivo.
As razões para se picar até ao osso e se fazerem rebocos com cimento eram: [11]
- Aplicação mais rápida, mais lucrativa e porque o construtor dizia que tinha de ser
assim, ou não assumia a responsabilidade do resultado.
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- O cliente querer uma pele resistente e impermeável à água e uma imagem exterior
mais moderna para o seu velho edifício.
- Evitar ao máximo a adição de água nas argamassas à base de cal aérea apagada.
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Entende-se por argamassa de cal as misturas plásticas obtidas com areia, água e um
ligante, que servem para ligar entre si as pedras ou os tijolos das construções de
alvenaria e para as revestir com camadas protectoras e ou decorativas.
Para se fazer uma boa argamassa é necessário saber escolher as areias, a água e o
ligante a utilizar, pois há argamassas com diferentes finalidades e características.
A base de uma boa argamassa está no traço correcto, entendendo-se por traço o
doseamento dos inertes e do ligante.
Por isto, o traço deverá ser feito no começo da obra, em quantidade suficiente e pela
mão de um operário experiente. Deste modo, garante-se que a qualidade da mistura de
cal e areia se mantém constante ao longo dos trabalhos, pois, como se sabe, na maior
parte das vezes a mão-de-obra é variada, e desta forma evitam-se diferentes traços. O
traço pode ser armazenado num monte ao ar livre sem cuidados especiais, porque não
perde as suas qualidades. Em contacto com o ar e com a humidade cria-se uma crosta
envolvente do monte, por baixo da qual se encontra o traço em óptimas condições de
conservação.
- areia do rio
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As areias devem ser bem crivadas e bem lavadas, a fim de as libertar de substâncias
orgânicas e químicas, porque, além de prejudicarem a resistência das argamassas, criam
condições para uma fácil penetração da água nas alvenarias.
Com argila:
- Areia Vermelha
- Areia de Saibro
Sem argila:
A melhor água para as argamassas é a potável que não contenha sais nocivos à presa da
argamassa e ao comportamento desta em obra.
É importante salientar que esse mínimo de água necessária varia consoante o estado de
humidade das areias, a temperatura ambiente e o estado das superfícies a ligar ou a
revestir.
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A argamassa para reboco de interiores, porque está naturalmente mais protegido que
um reboco de exterior, não necessita de ser tão forte e, por isso, o traço poderá ser feito
com uma menor quantidade de cal, sem que se prejudique a sua qualidade.
A aplicação do reboco com argamassa de cal para poder ter qualidade é necessário
que as paredes estejam limpas. No caso das paredes antigas é necessário picar e retirar
todos os velhos rebocos e limpar a seco, com a ajuda de uma escova de ferro.
Consoante o clima, é preciso humedecer de maneira diferente a alvenaria. No verão é
necessário molhar a parede para que a argamassa agarre, embora no inverno baste
salpicá-la com uma vassoura.
Para que a argamassa agarre bem à alvenaria é necessário que seja atirada com força.
- espessura do reboco = 1 cm
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deve esperar-se apenas 4 dias sobre a aplicação deste, pois o lento endurecimento do
reboco permite prender o pigmento, tornando a tinta mais resistente e duradoura. Por
fim, pode-se dizer que devido ao endurecimento lento da argamassa de cal, a princípio
nota-se que o interior dos rebocos está brando, o que não significa menor qualidade da
argamassa, porque é deste processo carbonatação prolongada que resulta a sua maior
resistência e dureza.
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O gesso ao fazer presa aumenta de volume em cerca de 1%, o que pode evitar-se
amassando-o com água de cal, existindo ainda tem a vantagem de aumentar a
resistência.
- 1 volume de areia
Esta mistura já permite uma utilização que pode situar-se entre os 10 e 30 minutos,
sendo, no entanto, conveniente a utilização de retardador relacionado com o gesso.
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2.4.4. Reboco
1 – Imitar o material nobre, como a pedra natural, pois razões económicas impediam de
o usar:
O reboco, feito tradicionalmente, utilizava ligantes que iam desde as terras argilosas ao
gesso e à cal. Consoante o seu coeficiente de retracção adicionavam-se cargas, que
podiam ter origem orgânica ou inorgânica [11].
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- Ter boa aderência aos materiais, pois isto garante desde logo um bom
comportamento em relação à fissuração.
2.4.5. Estuque
É com o gesso dissolvido em água, e por vezes com a adição de uma cola forte, que se
forma a massa do estuque. Todo o processo posterior à sua aplicação se reduz a dar-lhe
o maior grau possível de firmeza e densidade e a polir-lhe a superfície [4]
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2.4.6. Pinturas
Quanto às pinturas como técnica tradicional, como as tintas de cal, estas resultam
sempre em soluções cromáticas transparentes, criando um efeito de vibração e de
variabilidade cromática tipo aguarela, efeito que importa reter, ou reproduzir, visto que
é inútil procurar efeitos mais homogéneos, pois os próprios materiais e técnicas não o
permitem.
Os efeitos luminosos das tintas de cal eram, em geral, incentivados pela aplicação
prévia de uma camada de pintura com água de cal, situação corrente entre nós e
cientificamente já comprovada. A durabilidade, persistência de cor e aderência das
tintas de cal são também fortemente aumentadas se estas forem aplicadas enquanto as
superfícies de acabamento final do reboco estão ainda frescas, pois assim, provoca-se
um efeito similar à técnica do fresco já que se processa a inclusão do pigmento na
camada final da carbonatação. Aumentando, deste modo muito substancialmente a sua
duração e resistência ao envelhecimento natural [11].
A tinta é na sua base composta por um meio veículo através do qual se fixa o pigmento
ao suporte (leite de cal, óleo, cola, gomas, água, ovo, etc) e por pigmentos, substância
corante de origem mineral ou vegetal.
A qualidade da pintura reside na escolha da tinta adequada ao suporte onde vai ser
aplicada (madeira, pedra, argamassa de reboco, estuque, tijolo, etc.), devendo, antes de
mais, ser compatível com essa superfície, sob pena de se degradar facilmente. No
entanto, outros factores podem contribuir para a degradação da pintura, como sejam as
alterações da superfície, os factores atmosféricos e os agentes biológicos.
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2.4.6.1. Pigmentos
- as terras – terra de siena queimada, terra de siena, terra preta, terra verde;
- o pó de sapato.
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2.4.6.2. Cor
Não há cor sem luz. Significa isto, que é através dos raios luminosos que a cor se
propaga chegando até ao nosso olhar. Esta propagação faz-se através de ondas
electromagnéticas que são de comprimento superior ao das radiações
infravermelhas. Estes comprimentos de onda podem ser longos, médios ou
curtos, e são estas que determinam as características peculiares de cada tom. Há
cores, como o azul e o verde cobre, que apresentam comprimentos de onda
longos e que provocam o efeito de repelir os insectos.
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Sebo ou óleo de linhaça cru – Sendo aplicado no momento em que a cal viva é
hidratada, ferve em conjunto e permite dar à tinta um carácter isolante;
Fresco – É uma pintura feita com cores diluídas em água sobre uma preparação
de argamassa húmida. Esta preparação é feita à base de cal hidratada que ao
fazer presa, absorve o dióxido de carbono que existe no ar transformando-se em
carbonato de cálcio. Este é uma espécie de crosta transparente que envolve e
protege os pigmentos. O pigmento apesar de não entrar no interior da superfície,
apoia-se nela e funciona como uma carga inerte que é envolvida pela
carbonatação. A carbonatação do pigmento é feita no próprio dia em que o
mesmo é aplicado, enquanto que a carbonatação da superfície subjacente é mais
lenta, podendo durar até cerca de 1 ano.
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Para o emboço é necessário cal gorda e areia do rio. A cal deve ser pura, sem
gesso e apagada, caso contrário as cores seriam queimadas e a preparação tornar-
se-ia quebradiça. Depois de extinta, a cal deve ser peneirada para garantir um pó
fino e sem impurezas. A areia empregue deve ser bem lavada e seca, libertando-a
de todos os vestígios de argila que podem fazer estalar a argamassa. Para a
camada de emboço deve utilizar-se o seguinte traço:
Este traço deverá ser amassado até que resulte uma massa consistente e sólida.
Este revestimento, aplicado à colher, deve ter 1 a 1,5 cm de espessura.
3.- Aplica-se seguidamente uma última preparação muito fina de argamassa, cujo
traço é :
Esta última preparação serve de base à fixação das cores pondo-se mais água de
cal na superfície.
4.- Relativamente às cores, tem que se ter um conhecimento prévio dos tons, de
forma a aplicar correctamente a cor que se quer, pois estas, ao secarem baixam
de tom. Como estamos na presença da cal, é necessário que os pigmentos
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1.- Num recipiente misturam-se a cal em pedra, uma vela de sebo e alguma
quantidade de água. A vela vai derretendo enquanto a cal ferve. Durante esta
operação deve mexer-se a mistura com um pau ou uma colher de madeira.
2.- Depois destes ingredientes misturados, obtém-se uma massa pastosa à qual se
vai juntando a água necessária, até se verificar uma consistência tal que faça
com que o pincel corra com facilidade na parede.
3.- Esta pasta final está pronta a ser aplicada em qualquer superfície, mas se lhe
quisermos dar outra cor que não seja o branco, deverá juntar-se um pigmento à
escolha. O pigmento deverá ser diluído primeiramente num recipiente com
água e depois junto à restante tinta.
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- É uma tinta que por conter cal permite desinfectar o ambiente onde é aplicada.
- Tem uma expressão plástica que não se consegue alcançar com as tintas
industriais. No entanto, esta tinta é conhecida por ter determinados
inconvenientes como sejam a pouca durabilidade, pois é facilmente lavada pela
água das chuvas, a pequena resistência ao desgaste e a dificuldade de fixação
do pigmento, necessitando por isso mesmo de uma frequente manutenção.
Diga-se que são às vezes usados alguns produtos que se misturam à tinta de cal,
como cola branca de madeira, para lhe aumentar o poder de fixação e
longevidade. Contudo, além de não resolverem completamente o problema,
podem manchar a pintura.
1.- Num recipiente, colocar a cola e a água e por ao lume. O traço óptimo para uma
boa mistura seria :
2.- A barra da cola vai-se desfazendo. Durante esta operação, deverá mexer-se a
mistura com um pau ou colher de madeira, para evitar que a cola se agarre ao
recipiente.
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4.- Conforme se sentir a mistura mais presa ou solta, assim se junta água ou cola
respectivamente. Deve-se ter em atenção que uma base mal preparada origina o
estalar da tinta depois da sua aplicação.
5.- Na fase final de preparação da tinta, acrescenta-se à mistura o gesso cré, que a
engrossa e lhe dá corpo, bem como o pigmento com a cor desejada. Como
verificação à consistência da mistura final, pinta-se uma unha, deixa-se secar e
depois esfrega-se. Se esta não sair, será porque está boa.
6.- Para o apuramento do tom desejado, pintam-se pedaços de telha bem secos e,
conforme se quiser um tom mais claro ou mais escuro, assim se junta gesso cré
ou pigmento. Esta tinta requer um acerto de cor que se torna difícil de se
repetir, pelo que se aconselha a calcular as necessidades de utilização em obra e
a fazer a quantidade necessária.
2.5. MADEIRAS
A exploração correcta da floresta é essencial para que se possa trabalhar a madeira enquanto
material nobre de construção, sem pôr em causa o equilíbrio ecológico necessário à qualidade
de vida, introduzindo assim o próprio conceito de arquitectura ecológica.
O seu aspecto ecológico, prende-se, entre outros factores, pela sua capacidade de ser reciclada
e reaproveitada. Igualmente, este material permite um aproveitamento optimo que responde a
alguns problemas de construção, nomeadamente no que se refere à substituição de elementos
deteriorados por outros, sem pôr em causa toda a estrutura da construção.
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A madeira não é um material homogéneo, cada árvore é diferente das demais, variando a sua
composição consoante o clima e o solo. Esta sua característica, apesar de exigir um
conhecimento rigoroso e abrangente, tanto quanto possível, confere-lhe uma riqueza estética
excepcional. A heterogeneidade da madeira, verifica-se dentro da própria árvore, isto é, um
toro de madeira compõe-se de vários círculos concêntricos que se diferenciam entre si, quer se
trate do cerne do toro (interior da madeira) ou do borne (exterior da madeira). O cerne, é uma
zona de boa madeira, porque à medida que este se vai formando, começa a ser depósito de
resinas (quando se trata de uma árvore resinosa) ou de gomas (se se tratar de árvores
folhosas), e por este motivo a água não encontra espaço para aí se depositar [4].
Apesar deste carácter eclético, existem, no entanto, características que se podem considerar
“comuns” à grande maioria das madeiras:
a) deixar um espaço “entre madeiras” para que ela possa inchar sem prejuízo da obra,
bem como gutilar evitando a proliferação de fungos.
b) quando em contacto com outros materiais que contenham água, deve ser objecto de
um tratamento apropriado nas zonas de contacto, pois a madeira irá naturalmente
absorvê-la ou perdê-la em função do que sucede com a superfície comum, sendo
certo que, além da própria humidade em si, os ciclos de molhagem e secagem são
altamente prejudiciais para qualquer madeira.
A madeira foi desde sempre um material construtivo de eleição, comprovando a sua enorme
resistência e durabilidade, pois não só se escolhia boa madeira e o melhor de cada árvore,
como também o mestre carpinteiro, conhecedor do seu ofício, sabia como a utilizar
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Materiais e Técnicas Tradicionais de Construção
No caso concreto da madeira, tais investigações permitem obter informações para responder
às questões mais prementes da sua boa utilização, relacionadas com a sua conservação,
manutenção e durabilidade. Por existirem muitos tipos de madeira, é necessário proceder-se à
classificação de cada um deles, para que posteriormente se possa realizar a homologação. Esta
análise inclui vários ensaios de resistência ao choque, à estanquidade (ao ar e à água), a cargas
excêntricas, etc., tentando sempre fazer-se uma aproximação daquilo que seria passível de
acontecer na realidade. [15]
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Materiais e Técnicas Tradicionais de Construção
f) Ausência de efeitos prejudiciais à saúde das pessoas que aplicam ou utilizam a madeira
tratada.
Em segundo lugar, a referida ficha indica os seguintes tipos de produtos preservadores para
madeiras:
c) Fraca ou nula acção corrosiva sobre os órgãos metálicos em contacto com as peças
tratadas;
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c) Ausência, em geral, do efeito de inchamento na madeira por não conterem água na sua
composição, o que permite utilizá-los em peças já acabadas ou aplicadas;
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2.5.1. Corte
Uma das questões essenciais para uma boa utilização da madeira, diz respeito ao modo
como se efectua o corte, porque o modo como este é feito influencia de forma decisiva
o comportamento deste material.
A água, ou seja, o teor de humidade da madeira é um factor que se deve ter sempre em
conta aquando da sua utilização.
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Ph − Po
H= × 100
Po
H – humidade da madeira em %
Determinar a humidade que a madeira contém é muito importante, pois vai influenciar
o seu comportamento em obra. A título de exemplo, referira-se que, caso a madeira não
tenha água no interior das sua células, os fungos não se desenvolvem.
A madeira pode-se considerar seca quando entra no ponto de equilíbrio de acordo com
o sítio onde vai ser aplicada. Este ponto de equilíbrio, também chamado de saturação
das fibras, dá-se quando a água se encontra somente nas paredes das células, e não nas
células em si.
- Os nós.
A sua existência é devida ao corte dos ramos junto ao tronco da árvore. São
inconvenientes na madeira, porque alteram a homogeneidade das suas fibras, devem
extrair-se e substituir-se por uma espécie de rolha de madeira dura embebida em
alcatrão, que se mete no orifício do nó.
- As fendas
O frio congela a seiva que aumentando de volume rebenta a casca, produzindo fendas
longitudinais, as quais chegam por vezes ao corpo lenhoso. A madeira nestas condições
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não deverá ser utilizada na construção. Se as fendas forem transversais, o que pode
acontecer devido às intempéries ou às alternâncias de secura/humidade, a madeira pode
ser aproveitada, tapando as fendas com alcatrão.
- O pé de galinha
É uma fenda aberta do cerne para a periferia, pode surgir coberta de bolor. A madeira
com este defeito é imprópria para a construção, principalmente se a fenda estiver
coberta por um pó roxo, sinal que manifesta podridão.
Este facto ocorre por exposição da madeira à violenta acção do vento, quando ainda era
uma árvore nova. Se o torcimento é demasiado, a serragem da madeira é difícil e a sua
resistência muito pequena.
- Madeira picada
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Pertencem a esta classe o mogno, o vinhático, o ébano, o pau santo, o buxo, entre
outras.
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2.5.5.1. Castanho
2.5.5.2. Eucalipto
2.5.5.3. Casquinha
2.5.5.4. Pinho
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2.5.7.1. Secagem
É conduzida facilmente tanto ao ar, por secagem natural, como em estufa, por
meios artificiais. A madeira, no estado verde e pela elevada tendência que
apresenta para “azular”, deve sofrer uma secagem imediata, bastante rápida mas
não tão violenta que vá originar ou agravar os defeitos inerentes e uma secagem
mal conduzida, tais como fendas, empenamentos, etc. [16]
2.5.7.2. Trabalhabilidade
2.5.7.3. Durabilidade
Esta madeira pode ser atacada por carunchos das madeiras ou, em algumas zonas
do país, por uma térmite vulgarmente conhecida por “formiga branca”.
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2.5.7.4. Preservação
O borne pode facilmente ser tratado, mais ou menos profundamente, por simples
imersão, pulverização ou pincelagem. Quando se pretende fazer penetrar o
produto preservador em toda a profundidade, como no caso de peças destinadas a
obras expostas ao ar livre ou imersas em água salgada, o tratamento deve
efectuar-se em autoclave sob vácuo e pressão ou por imersão prolongada a
quente seguida de arrefecimento.
2.5.7.5. Inconvenientes
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2.5.7.6. Vantagens
O pinho é uma excelente madeira de construção, tanto para interiores como para
exteriores, devido às suas características de resistência, trabalhabilidade e
facilidade de tratamento com produtos preservadores.
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3.1.Análises e diagnóstico
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3.1.3. Tipificação
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DESAJUSTAM. FACE
ANOMALIAS DEVIDAS À HUMIDADE
ÀS EXIGÊNCIAS
ENVELHECIMENTO E DEGRADAÇÃO
Humidificação dos materiais
Exigências de segurança
ELEMENTOS DE
Exigências de economia
Exigências de conforto
CONSTRUÇÃO
Higroscopicidade dos
Humidade do terreno
DOS MATERIAIS
Causas fortuitas
FISSURAÇÕES
Paredes { { z z materiais
{ { { z { { { z z
Elementos Primários
Exteriores
Paredes { { { { { { { { { { {
Interiores
Pavimentos { { { { { { { { { {
Coberturas { z z { { z { z z
Janelas { z { { z { { { {
Cerramento
Elementos secundários
{ z { { z {
dos vãos
Portas { z { { z { { { {
exteriores
Portas { { { {
interiores
Guardas { { { { { {
Lanternins { z { { { { { { {
Acabam. Ext. { { z { z { { {
em paredes
Acabam. Int. { { { z { { { { { {
em paredes
Acabamentos
Acabam. Int. { { { { { { { { {
em tectos
Acabamentos { { { { { { { { {
em pisos
Acabam. em { z { { { { { {
coberturas
SIMBOLOGIA NOTAS
{ Anomalias correntes 1 – Em pisos térreos e enterrados
z Anomalias mais relevantes 2 – Em pisos sob cobertura
3 – Em locais húmidos
4 – Pavimentos sobre espaços abertos ou não
aquecidos
5 – Guardas exteriores
6 – Em paredes exteriores
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3.2.1. Manutenção
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3.2.4.1.Reabilitação higrotérmica
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