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FUNDAMENTOS DO BIOGÁS:

Produção e uso energético

Características e aplicações do
biogás e do digestato

Aula
2
Fundamentos do Biogás: Produção e uso energético
Características e aplicações do biogás e do digestato

1º edição

Foz do Iguaçu, 2018.

2
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
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Todos os direitos reservados.

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Diretor Presidente

Joao Firmino Neto


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Revisão

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Produção e Roteirização de Vídeos

Como citar este documento:

CIBIOGÁS. Características e aplicações do biogás e do digestato. Curso de Fundamentos


do Biogás: Produção e uso energético do CIBiogás. Foz do Iguaçu, 2018.

Este documento faz parte de uma série de publicações que compõem o curso de Fundamentos do Biogás:
Produção e uso energético, sendo essas publicações:
- Aula 1 - Conceitos básicos e digestão anaeróbia;
- Aula 2 - Características e aplicação do biogás e do digestato;
- Aula 3 - Operação e manutenção de plantas de biogás, arranjos de viabilidade econômica e panorama do biogás.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Apresentação

Nessa aula, trataremos sobre as características, tratamentos e

aplicação energética do biogás e produção do biometano. Além disso,

apresentaremos sobre o digestato e sua aplicação para fertilização do solo.

Ao final da aula, assista aos vídeos complementares e, caso tenha, dúvidas

procure seu tutor.

Bons estudos!

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Sumário

1. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÃO DO BIOGÁS ................................................... 1


1.1. Tratamento do biogás .............................................................................................. 3
1.2. Armazenamento de biogás ..................................................................................... 9
1.3. Transporte de biogás e biometano ..................................................................... 11
1.4. Aplicação energética do biogás............................................................................ 13
1.4.1. Energia elétrica ................................................................................................ 15
1.4.2. Energia térmica ................................................................................................ 23
1.4.3. Energia mecânica ............................................................................................ 23
1.4.4. Produção e uso de biometano ..................................................................... 24
2. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÃO DO DIGESTATO ........................................... 28
2.1 Aplicação do digestato como biofertilizante líquido ....................................... 29
2.2 Utilização do digestato como matéria-prima para produção de fertilizante
organomineral ..................................................................................................................... 31
2.3 Tratamento para lançamento em corpo de água ............................................ 33

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Lista de figuras

Figura 1- Tratamento do biogás conforme o uso final. .................................................... 3


Figura 2- Membrana Polimérica ............................................................................................ 9
Figura 3 - Sistema de armazenamento de biogás em propriedades de pequeno
porte........................................................................................................................................... 10
Figura 4 - Gasômetro para armazenamento de biogás. ................................................ 11
Figura 5 - Módulo de armazenamento com cilindros ..................................................... 13
Figura 6 - Produtos energéticos que podem ser obtidos a partir do biogás. ............ 14
Figura 7: Esquema de utilização de um motor de combustão interna ....................... 15
Figura 8 - Microturbina a biogás (vista em corte) ............................................................ 17
Figura 9 - Esquema de uma usina de biogás com cogeração de energia. ................. 18
Figura 10 - Esquema de operação da geração distribuída ............................................ 20
Figura 11 - Esquema do fornecimento de energia no Mercado Livre ......................... 21
Figura 12 – Esquema do fornecimento de energia no Mercado Regulado ................ 22
Figura 13 - Moto bomba a biogás........................................................................................ 24
Figura 14 - Abastecimento no posto de biometano UD Itaipu. .................................... 27
Figura 15- Aplicação do digestato. ...................................................................................... 30
Figura 16 – Organomineral. .................................................................................................. 32
Figura 17- Fluxograma do processo geração e utilização de biogás da unidade da
JBS Swift. .................................................................................................................................... 34

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Lista de tabelas

Tabela 1- Principais gases que compõem o biogás........................................................... 1


Tabela 2 - Solubilidade de alguns gases em água ............................................................. 2
Tabela 3 - Comparação entre biogás e outros combustíveis. ......................................... 2

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
1. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÃO DO BIOGÁS

Em termos gerais, o biogás é composto majoritariamente por metano (CH4)

e dióxido de carbono ou gás carbônico (CO2), com outros gases presentes a baixas

concentrações, como sulfeto de hidrogênio ou gás sulfídrico (H2S), hidrogênio (H2),

e nitrogênio (N2), conforme Tabela 1.

Tabela 1- Principais gases que compõem o biogás.

Concentração Poder calorífico (kWh.kg-1)


Gás Sigla
no Biogás (%)
Inferior Superior
Metano CH4 50 - 80 13,88 15,40
Dióxido de carbono CO2 20 - 40 - -
Hidrogênio H2 1-3 33,29 39,40
Nitrogênio N2 0,5 – 0,3 - -
Sulfeto de
H2S, CO e NH3 1–5 4,22; 2,8 e 5,16 4,58; 2,8 e 6,23
hidrogênio e outros
Fonte: COLDEBELLA, 2006.

As características do biogás dependem da pressão, temperatura, umidade,

concentração de metano e concentração de gases inertes e/ou ácidos. Estes podem

ser usados nas condições em que são gerados e, dependendo da aplicação, pode

ser necessária a redução da concentração de H2S, CO2, redução da umidade ou

mesmo a elevação da pressão.

Os gases presentes no biogás também apresentam solubilidade em água

bastante diferenciadas, conforme dados disponíveis na Tabela 2. Essa informação é

útil para a escolha do sistema de purificação do gás, adaptando a necessidade do

usuário, haja vista que os sistemas envolvendo lavagem do biogás podem aumentar

significativamente seu poder calorífico pela remoção do CO2.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Tabela 2 - Solubilidade de alguns gases em água
Solubilidade (g L-
Componentes 1
)
Metano 0,025/0,064
Dióxido de carbono 520
Amônia 4,19
Gás sulfídrico 1,69
Mercaptanas <50
Fonte: LIMA, 2005.

Segundo Lima (2005), tendo um alto poder calorífico, o biogás constitui-se

como uma boa fonte de energia e pode ser transportado e armazenado. Quando o

biogás é comparado ao potencial calorífico da gasolina, chega-se a um fator de

equivalência energética de 0,60 litros de gasolina para cada m³ de biogás

(considerando o menor potencial calorífico para o biogás, de 5.000 kcal/m³). Com

relação ao querosene, este fator é de 0,57 litros para cada 1 m³ de biogás. Além dos

combustíveis citados, pode-se obter informações sobre outros fatores de

equivalência energética a partir dos dados disponibilizados na Tabela 3.

Tabela 3 - Comparação entre biogás e outros combustíveis.

Combustíveis 1m³ de biogás equivale à


Gasolina 0,613 litros
Querosene 0,579 litros
Óleo diesel 0,553 litros
Gás de cozinha (GLP) 0,454 litros
Lenha 1,536 kg
Álcool hidratado 0,790 litros
Eletricidade 1,428 kW
Fonte: Gaspar, 2003.

Para saber mais:

Para mais informações sobre a composição do biogás, acesse:


Coldebella, A. Viabilidade do uso de biogás da bovinocultura e suinocultura para
geração de energia elétrica e irrigação em propriedades rurais. Unioeste, Cascavel,
Dissertação, 2006. Disponível em:
http://tede.unioeste.br/bitstream/tede/2841/1/Anderson%20Coldebella.pdf

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
1.1. Tratamento do biogás

O biogás contém “impurezas” que são prejudiciais aos equipamentos. Além

disso, há elementos não combustíveis que reduzem o poder calorífico. Portanto os

processos de filtragem e refino têm como objetivo a retirada de elementos danosos

e o aumento do poder calorífico, para melhor eficiência do seu uso.

O tratamento requerido para o biogás é diferente conforme a aplicação

energética planejada. Basicamente, quanto mais avançada a tecnologia dos

equipamentos para gerar energia, maior será a exigência de tratamento ou refino

do biogás. Na Figura 1, você pode entender melhor essa relação entre o tipo de

tratamento do biogás e seu uso final.

Figura 1- Tratamento do biogás conforme o uso final.

Fonte: Adaptado de BTE, IFEU, ISA 2004 apud Probiogas, 2015

É importante ressaltar que a aplicação do biogás influencia na seleção do tipo

de tratamento, tecnologia e seu respectivo dimensionamento. Ou seja, para que o

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
biogás possa ser utilizado na geração de energia elétrica, térmica, mecânica e

também na produção de biometano, é necessário passar por alguns processos de

tratamento, retirando umidade, ácido sulfídrico e siloxanos, e separando o metano

e gás carbônico, por exemplo. Os principais tratamentos aplicados ao biogás são

apresentados a seguir, para melhor compreensão desses procedimentos.

1.1.1. Tratamento para retirada de umidade – Desumidificação

O biogás gerado nos biorreatores pode apresentar concentrações de

umidade relativa superiores a 100%, ou seja, saturado de vapor d’água (FNR, 2010).

Há condições onde a concentração de umidade pode chegar a 10% do volume de

biogás.

A retirada de parte da umidade contida no biogás é importante para que os

equipamentos utilizados nas etapas seguintes do tratamento e de aproveitamento

energético sejam protegidos contra desgaste e corrosão. Os processos utilizados

para esse tratamento são a condensação ou resfriamento, a adsorção, por exemplo,

com carvão ativado, e a absorção, como a desidratação por glicol. O processo mais

utilizado por sua praticidade e baixo custo é o de resfriamento. A descrição desses

processos encontra-se a seguir.

• Secagem por refrigeração: O princípio de separação se baseia no

resfriamento do biogás até o ponto de orvalho requerido. O processo pode

ser realizado através de uma troca direta ou indireta entre o fluido

refrigerante e o gás. No sistema de refrigeração por troca indireta, há um

circuito onde o fluido refrigerante refrigera a água que por sua vez refrigera

o gás. Já no sistema de troca direta a troca de calor ocorre diretamente entre

o gás e o fluido refrigerante.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
• Secagem por Absorção: A técnica utiliza-se do processo químico tipo

deliquescente onde determinada substância química (líquida ou sólida),

altamente higroscópica, incorpora massa de água formando uma terceira

substância como resíduo, sendo necessário assim o descarte e substituição

ao final da vida útil do material, como por exemplo, sais a base de Lítio e

Cálcio (FARGON,2006).

Segundo FRN (2010) o glicol pode ser utilizado para desidratar o gás, onde

o biogás flui em uma torre absorvedora em contracorrente com uma

solução de glicol ou trietilenoglicol. Na desidratação por glicol, a

regeneração se dá pelo aquecimento da solução de lavagem a 200 ºC, que

provoca a vaporização de materiais estranho. Segundo a literatura é

possível atingir um ponto de orvalho de -100 ºC.

• Secagem por adsorção: No processo de adsorção determinados materiais,

incorporam certa massa de água sem serem combinados quimicamente.

Quando saturado, um ciclo de regeneração através da dessorção é efetivado.

Os elementos mais utilizados em tal processo são: zeólitas, sílica gel e óxido

de alumínio.

1.1.2. Tratamento para retirada de gás sulfídrico (H2S)

A remoção do gás sulfídrico é um processo essencial e prévio a qualquer

processo de refino de biogás. O gás sulfídrico (H2S) é um gás corrosivo e pode


danificar tubulações e peças metálicas. O processo para retirada do H2S pode ser

biológico (filtro biológico percolador, injeção de ar no digestor), químico (adição de

compostos de ferro no substrato, filtros com óxido de ferro) ou físico (adsorção em

carvão ativado ou sistemas de water scrubbing). A seguir alguns desses processos

são caracterizados.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
• Biodessulfurização: Esta técnica pode ser realizada no biodigestor, e,

baseia-se na oxidação biológica aeróbia do H2S por um grupo específico de

micro-organismos, que convertem o gás sulfídrico em enxofre elementar,

elemento que ficará disponível no digestato para nutrição do solo.

O oxigênio necessário, é disponibilizado pela utilização de um soprador de

ar, por meio de uma bomba de aquário ou outro tipo de mini compressor,

introduzido no biodigestor. Neste processo é importante realizar o controle

das condições necessárias para eficiência e segurança no processo de

biodessulfurização.

Também pode ocorrer por meio da adição de oxigênio puro (O 2) que pode

ser obtido de outros processos químicos (como produção de hidrogênio) ou

com equipamentos que fazem a separação do oxigênio presente no ar.

Como o ar é composto por 70% de nitrogênio, quando o biogás produzido

for utilizado para a produção de biometano, faz-se mais interessante a

adição de oxigênio puro em vez de ar, uma vez que o nitrogênio é de difícil

remoção nos processos de refino.

• Carvão ativado: A adsorção em carvão ativado utilizada como método de


dessulfurização fina se baseia na oxidação catalítica gás sulfídrico na

superfície do carvão ativado. É possível impregnar o carvão ativado, com

determinados compostos como o iodeto de potássio, para aumentar a

velocidade da reação e melhorar a capacidade de carga. A dessulfurização

adequada exige a presença de vapor e oxigênio.

O carvão ativado é utilizado para uma dessulfurização mais refinada.

Geralmente utiliza-se quando as concentrações são de no máximo 200 ppm,

pois, acima disso, os custos operacionais podem se tornar inviáveis.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
1.1.3. Tratamento para retirada de siloxanos

O Siloxano, componente presente no biogás, oriundo do tratamento de

resíduos sólidos urbanos e esgoto, é normalmente retirado por materiais

adsorventes, como carvão ativado, sílica gel, zeólitos e peneiras. Contudo, há

processos com o uso de lavagem com misturas líquidas de hidrocarbonetos,

congelamento (método criogênico) e resfriamento.

Definição

O siloxano é composto por: sílica + oxigênio + metano.


Estes compostos são muito utilizados em vários processos industriais e frequentemente
adicionados a produtos de consumo (por exemplo: Shampoo, pasta dental, cremes,
tintas, óleos), sendo o destino final as águas residuais e/ou aterros sanitários.
Essa ligação de componentes no biogás causa incrustações e reduzem o tempo de vida
dos equipamentos (ATLAS SEIS, 2017).

1.1.4. Tratamento para retirada do gás carbônico (CO2)

O objetivo desse tratamento é separar o gás carbônico do biogás para que a

concentração de metano se eleve, atendendo as especificações para biometano

definidas em cada país ou região. Assim, caso atenda aos requisitos legais, pode ser

utilizado como gás natural.

As principais tecnologias para separação de metano e dióxido de carbono

seguem os princípios de: adsorção, absorção, permeação ou criogenia (PROBIOGÁS,

2015). Abaixo estão descritos alguns exemplos dessas tecnologias:

• Adsorção com modulação de pressão (Pressure Swing Adpsortion - PSA):

O princípio desse tratamento se baseia no uso de adsorvente sólido poroso,

sílica, zeólito, carvão ativado ou um peneiro molecular de carbono (CMS -

Carbon Molecular Sieve), e, o biogás a ser purificado é pressurizado a uma

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
determinada pressão. Em determinadas pressões os gases tendem a ser

atraídos para superfícies sólidas (adsorvidos). Quanto maior for a pressão,

maior a quantidade de gás adsorvido, e quando a pressão é reduzida, o gás

é liberado ou dessorvido.

• Lavagem por Água (Water Scrubbing – WS): O método utiliza o princípio da

solubilidade, onde o dióxido de carbono tem maior solubilidade, cerca de 26

vezes maior do que o metano em água. O gás carbônico é separado do

biogás e dissolvido em água na coluna de absorção através da alta pressão,

normalmente 6 a 10 bar, e retirado da água através de uma coluna de

dessorção, adicionando ar a pressão atmosférica. Esse processo é

usualmente utilizado e bastante eficiente, pois seu custo operacional é baixo

e o processo é relativamente fácil (BAUER et al., 2013).

Membranas: A purificação através de membranas utiliza o princípio das

diferentes características de permeabilidade dos elementos químicos

através de filtros de membrana. Durante a separação do CO2 do CH4, um

feixe de membranas poliméricas é utilizado. Geralmente a separação por

membrana ocorre entre uma faixa de pressão de 10 a 20 bar (HOYER et

al.,2016). A Figura 2 demonstra uma membrana polimérica.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 2- Membrana Polimérica

Fonte: CIBiogás, 2017.

1.2. Armazenamento de biogás

O biogás é produzido de forma constante em condições normais de operação

dos biodigestores, já o consumo de biogás é variável, pois os períodos de operação

dos equipamentos geralmente não são constantes, como grupos moto geradores,

sistemas de filtragem para biometano, ou até mesmo a queima para geração de

energia térmica em fogões ou secadores rurais.

Sendo assim, é preciso armazenar o biogás a fim de evitar seu desperdício

em intervalos de não operação do sistema de consumo, pois seu objetivo é suprir a

demanda dos equipamentos, visando a eficiência máxima do sistema para geração

seja ela elétrica, térmica ou veicular. A Figura 3 apresenta um modelo de sistema de

armazenamento, chamado também de gasômetro, utilizado por pequenas

propriedades em Marechal Cândido Rondon – PR, no Condomínio Ajuricaba.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 3 - Sistema de armazenamento de biogás em propriedades de pequeno porte.

Fonte: CIBiogás, 2017.

Para isso, é essencial entender como funciona este processo de

armazenamento, os cuidados envolvendo a segurança do sistema, e a escolha

correta do tipo e tamanho de gasômetro de acordo com as necessidades da

unidade. A Figura 4 apresenta o gasômetro utilizado na Unidade de Demonstração

Itaipu, que armazena o biogás produzido para posterior produção de biometano.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 4 - Gasômetro para armazenamento de biogás.

Fonte: CIBiogás, 2017.

Conforme estudamos na Aula 1, alguns biodigestores já possuem espaço

para armazenar uma determinada quantidade de biogás, em maiores ou menores

quantidades de acordo com o modelo e material utilizado. Neste caso, é preciso

analisar a necessidade de se instalar um gasômetro na unidade.

1.3. Transporte de biogás e biometano

Atualmente não é possível transportar biogás bruto comprimido por meio de

cilindros, devido à presença de dióxido de carbono (CO2) em sua composição, pois

o CO2 liquefaz a pressões inferiores às necessárias para a compressão do biogás em

cilindros, ocasionando assim o bloqueio do compressor sem que o metano (CH4)

consiga ser armazenado para o transporte. Além disso, o biogás bruto possui

concentrações consideráveis de gás sulfídrico (H2S) que é altamente corrosivo em

contato com metais, composição dos cilindros que suportam as altas pressões

exigidas para se armazenar e transportar gases.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Independentemente da aplicação final do biogás, se recomenda a retirada

de sulfeto de hidrogênio (H2S) e umidade, a fim de proteger da corrosão todos os

componentes produtivos (tubulações, bombas, motores etc.). Sensores,

controladores e medidores também têm vida útil reduzida em contato com esses

compostos, o que conduz, na inexistência de precaução, à perda de segurança e de

confiabilidade no processo.

O transporte do biogás pode ser realizado por meio de redes coletoras de

biogás, tubulações de baixa pressão que operam com pressão de trabalho de até

14 kPa (o equivalente a 2 psi = 0,14 kgf/cm2 = 0,14 bar = 1,4 mH2O). Tem como

finalidade interligar as fontes produtoras de biogás e realizar seu transporte até a

fonte consumidora. É composto por ramais primários localizados nas propriedades

rurais, ligados aos ramais principais e direcionado até um determinado ponto de

consumo.

Normalmente a produção e consumo de biometano se localizam em

diferentes lugares, havendo, assim, a necessidade de realizar o transporte do

biometano, do ponto produtor até o consumidor. As principais formas de

distribuição de biometano ocorrem através da injeção na rede de gás natural e

através do transporte na forma comprimida (Gás Biometano Comprimido - GBC).

O biometano injetado na rede de GN deve conter a qualidade requerida em

normas. Em determinados países a qualidade pode variar entre o biometano

injetado na rede e o fornecido exclusivamente para ser utilizado como combustível

veicular (WELLINGER,2014). Contudo no Brasil a composição deve ser a mesma para

ambos os casos (BRASIL,2015). O transporte do biometano pode ser realizado por

cilindros, dessa maneira, o recurso tem o potencial de estar disponível em lugares

sem infraestrutura de recebimento.

O transporte dos cilindros pode ocorrer de diversas formas, entre elas

através de módulos contendo cilindros (Figura 5), e o transporte destes através de

veículos transportadores. Na operação com os módulos, estes são pressurizados

com biometano, transportados por caminhões, e substituídos por módulos vazios

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
no consumidor. A troca é realizada por máquinas, o que torna mais rápido o tempo

de carga e descarga dos módulos.

Figura 5 - Módulo de armazenamento com cilindros

Fonte: CIBiogás, 2017.

1.4. Aplicação energética do biogás

Após o tratamento, o biogás pode ser utilizado para a geração de energia

elétrica, produção de calor ou energia térmica, energia mecânica, biometano e CO2.

A Figura 6 apresenta os produtos energéticos que podem ser obtidos a partir do

biogás e a escala de necessidade de tratamento do biogás de acordo com a sua

aplicação.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 6 - Produtos energéticos que podem ser obtidos a partir do biogás.

Fonte: Ferreira, 2012.

É importante entender que a decisão sobre qual aplicação será dada ao

biogás é precedida por uma análise das demandas energéticas da planta e do

entorno. Sendo assim, devemos buscar dados sobre que tipo de energia é

consumida, a quantidade, o custo e a demanda, ou seja, o consumo energético

conforme o período do dia, do mês e do ano.

EXEMPLO

Vamos exemplificar isso para facilitar a compreensão:

O biogás pode ser usado para aquecimento em aviários onde


substitui o GLP ou lenha, e pode ser usado como combustível em
secadores de grãos, caldeiras de agroindústrias além de outras
aplicações.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Assim, sabendo como é o comportamento da demanda de energia elétrica e

térmica ou de combustíveis da planta e do seu entorno, é possível decidir qual será

o melhor arranjo técnico para o aproveitamento energético do biogás.

Dentro deste contexto, vamos entender melhor as opções disponíveis.

1.4.1. Energia elétrica

As tecnologias disponíveis para geração de energia elétrica a partir do biogás

podem utilizar diferentes processos:

• Combustão interna: Os motores de combustão interna são motores térmicos

que tem por finalidade transformar energia calorífica em energia mecânica,

através da queima de combustível e vapor dentro de um cilindro (ALMEIDA,

2016). Nesse caso, o biogás é utilizado como combustível em um motor de

combustão interna (ciclo otto ou ciclo diesel descritos na sequência) para

movimentar um gerador de energia elétrica. O esquema de funcionamento

desse sistema para obtenção de eletricidade é ilustrado na Figura 7.

Figura 7: Esquema de utilização de um motor de combustão interna

Fonte: FEAM, 2015.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
- Moto gerador ciclo Otto (ignição por centelha): Os motores de ciclo otto foram

especialmente desenvolvidos para operar a gás e funcionam sob o princípio dos

motores otto. Esta tecnologia é a mais utilizada atualmente e seu funcionamento

ocorre a partir da mistura de ar com o combustível no cilindro, onde ocorre a

explosão devido à ignição e compressão da mistura. A força da explosão é

transferida ao pistão, que por sua vez desce e sobe em um movimento periódico.

Esse movimento é transformado em movimento rotativo e ligado ao eixo do

gerador (MACHADO, 2014).

- Moto gerador ciclo Diesel (ignição por compressão): Os motores com ignição a

compressão trabalham sob o princípio do motor a Diesel. Nem sempre são

utilizados motores especialmente desenvolvidos para a combustão de gás, o que

exige que sejam adaptados. Para esta adaptação é necessário remover a bomba

injetora, inserir um carburador e um sistema de ignição por centelha, reduzir a taxa

de compressão, entre outros.

• Turbina a vapor (ciclo rankine): neste sistema o biogás é utilizado como

combustível para a produção de vapor em caldeiras que faz a turbina girar e,

acoplada ao gerador, a energia elétrica é gerada.

• Microturbina a gás (ciclo brayton): Neste sistema o biogás é utilizado para

realizar a combustão interna, que em conjunto com a pressão constante e

elevada temperatura, provoca a expansão dos gases liberados pela queima do

biogás e a movimentação das turbinas, devido a diferença de pressão interna e

externa. Essa energia mecânica pode ser transformada em energia elétrica,

quando há um gerador acoplado à turbina (GEHRING, 2014). Este sistema é

destinado à produção de eletricidade e calor, sendo formado por um gerador

elétrico ligado a um conjunto turbo compressor, o qual é acionado por um

queimador de combustível, como pode ser observado na Figura 8.

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 8 - Microturbina a biogás (vista em corte)

Fonte: FEAM, 2015.

Em todos os casos, além da energia elétrica, é possível gerar energia térmica

por cogeração, ou seja, aproveitando os gases de escape ou o vapor excedente.

A tecnologia mais utilizada, principalmente para plantas de biogás de

pequena e média escala, são os moto geradores, pois as plantas são de escalas

menores que 500 kW. O uso de turbinas a vapor se viabiliza em usinas acima de 20

MW.

• Cogeração

A cogeração de energia é o processo de geração de energia elétrica

combinado com o aproveitamento da energia térmica podendo alcançar maior

eficiência energética. O calor produzido pelo gerador, seja pela exaustão dos gases

de escape, ou pelo líquido de arrefecimento do radiador, pode ser aproveitado para

produção de água quente para aquecimento de piscina e/ou água de banho, para

geração de vapor em processos industriais, e para refrigeração de ambientes por

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Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
meio de chillers. A Figura 9 exemplifica como esse processo de cogeração de energia

ocorre em uma planta de biogás.

Figura 9 - Esquema de uma usina de biogás com cogeração de energia.

Fonte: PROBIOGÁS, 2015.

1.4.1.1 Uso da energia elétrica gerada em uma planta de biogás

A energia elétrica gerada a partir do biogás pode ser enquadrada como

geração distribuída de pequeno porte, aderindo, assim, ao sistema de compensação

de energia, estabelecido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) em 2012

por meio da Resolução Normativa nº 482.

Definição

Geração distribuída ou geração descentralizada, é a expressão usada para designar


a geração elétrica realizada junto ou próxima do(s) consumidor(es) independente da
potência, tecnologia e fonte de energia (INEE, 2015).

18
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Além disso, no Brasil, o mercado de energia é composto por dois tipos de

ambientes de contratação, regulamentados através do Decreto nº 5.163/2004,

sendo eles: o Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e o Ambiente de

Contratação Livre (ACL).

Vamos agora entender como funcionam as possibilidades de uso da energia

elétrica gerada em uma planta de biogás:

● Sistema de compensação de energia elétrica:

Sistema de compensação de energia, do termo em inglês net metering, é

definido como um sistema no qual a energia ativa injetada por unidade

consumidora através de micro ou mini geração distribuída é cedida, por meio de

empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o

consumo de energia elétrica ativa (Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012).

A Resolução Normativa n°482 (de 17 de abril de 2012) da Aneel é a norma

que determina as condições para o acesso de micro e mini geração distribuída em

sistemas de distribuição de energia por meio de compensação de energia. Esta

resolução passou por aprimoramentos e alterações em 2015 com a Resolução

Normativa nº 687 (de 24 de novembro de 2015 - em vigor desde 1º de março de

2016) e em 2017 com a Resolução Normativa n° 786 (de 17 de outubro de 2017).

Com essas atualizações a REN n°482 permitiu o uso de fontes de energia renovável

e classificou a micro geração como uma central geradora com potência instalada de

até 75kW e mini geração como centrais de potência instalada superior a 75kW e

menor ou igual a 5MW, conectadas à rede de distribuição de energia elétrica por

meio de unidades consumidoras.

O sistema de compensação consiste em converter a energia gerada pela

unidade consumida com GD em créditos de energia (empréstimo gratuito de

energia para concessionária) que são descontados do consumo de energia elétrica

ao fim de cada mês. No caso de consumo menor do que a quantidade de créditos

19
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
gerados (energia injetada) no mês de referência, ele é acumulado e pode ser

debitado nos meses subsequentes pelo prazo máximo de 5 anos (60 meses). A

Figura 10 ilustra o esquema de operação em GD.

Figura 10 - Esquema de operação da geração distribuída

Fonte: BGS, 2013.

• Venda de energia elétrica no mercado livre de energia – ACL:

A Contratação Livre refere-se ao segmento de mercado em que as operações

de compra e venda de energia ocorrem através de contratos bilaterais, negociados

livremente, conforme as regras e procedimentos específicos de cada caso. Nesse

ambiente, consumidores e fornecedores negociam as condições de contratação de

energia.

Neste mercado participam as usinas (que querem vender eletricidade), os

consumidores livres (que querem comprar) e as comercializadoras (como

intermediárias).

Os consumidores livres compram energia diretamente dos geradores ou

comercializadores, através de contratos bilaterais com condições livremente

negociadas, como por exemplo, preço, prazo, volume, etc. Cada unidade

consumidora paga uma fatura referente ao serviço de distribuição para a

concessionária local (tarifa regulada) e uma ou mais faturas referentes à compra da

energia (preço negociado de contrato).

20
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
O prazo contratual será definido entre as partes, assim como a tarifa

contratual. A Figura 11 apresenta um esquema de como é o fornecimento de

energia no Mercado Livre.

Figura 11 - Esquema do fornecimento de energia no Mercado Livre

Fonte: ABRACEEL, 2016.

• Venda de energia elétrica no mercado regulado – ACR

No ambiente de
Definição
contratação regulada (ACR) o
Ambiente de Contratação Regulada (ACR):
governo abre leilões para venda refere-se ao segmento de mercado em que
as operações de compra e venda de
de energia nova. Participam as eletricidade ocorrem através de agentes
vendedores e agentes de distribuição.
usinas (que querem vender), as

distribuidoras (que querem comprar) e o governo como intermediário (ANEEL, EPE,

CCEE, ONS).

Não existe uma capacidade pré-definida de geração, máxima ou mínima,

pois, a cada ano o governo faz a projeção de demanda elétrica para os anos

seguintes e calcula o quanto falta contratar para atender o mercado.

Além de regras específicas de cada leilão, só podem participar

empreendimentos com licenciamento ambiental, com comprovação de

21
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
disponibilidade de combustível (no caso das térmicas) ou monitoramento de vazões

(no caso das usinas hídricas) ou monitoramento anemométrico (para as eólicas).

Esses requisitos podem ser encontrados nos documentos de “Instruções para

Solicitação de Cadastramento e Habilitação Técnica com vistas à participação nos

Leilões de Energia Elétrica” disponível no site da EPE para cada fonte de energia

específica.

Os consumidores deste mercado são os consumidores cativos, que são

aqueles que compram a energia das concessionárias de distribuição às quais estão

ligados. Cada unidade consumidora paga apenas uma fatura de energia por mês,

incluindo o serviço de distribuição e a geração da energia, e as tarifas são reguladas

pelo Governo. A Figura 12 demonstra as principais características do fornecimento

de energia elétrica no mercado regulado.

Figura 12 – Esquema do fornecimento de energia no Mercado Regulado

Fonte: ABRACEEL, 2016.

22
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
1.4.2. Energia térmica

A conversão do biogás, em energia térmica pode ser feita de duas formas:

● Cogeração, a partir da instalação de trocadores de calor nos coletores

de escape dos motores geradores de energia, para aquecimento de diversos

sistemas.

● Pela utilização direta de biogás como combustível em caldeiras ou

fornos, substituindo a lenha, o bagaço de cana, o diesel ou combustíveis fósseis

usualmente empregados.

Sua geração está associada a diferentes processos, como queima direta,

queima indireta, produção de vapor e cogeração. Em processos como de cocção,

onde é gerado calor por meio de um fogão, fogareiro ou forno, o calor pode ser

utilizado no cozimento de alimentos, aquecimento de água para higienização das

instalações ou equipamentos no processo de ordenha das vacas, aquecimento de

água para uso pessoal, entre outros usos.

Também pode ser utilizado no resfriamento, por meio de dispositivos de

troca de calor, para a refrigeração de produtos perecíveis ou na calefação e uso

direto para queima em caldeiras e em processos que exijam aquecimento.

A aplicação do biogás na geração de energia térmica permite substituir lenha

ou combustíveis fósseis, como gás natural ou GLP. Mas, de maneira geral, deve-se

avaliar a disponibilidade de gás em relação à demanda de energia térmica, como

forma de identificar o melhor aproveitamento possível.

1.4.3. Energia mecânica

O biogás pode ser utilizado como combustível para a geração de energia

mecânica em um motor e assim, bombear fluídos.

A maior aplicação no Brasil é no bombeamento do digestato para as áreas

de lavoura, para uso como biofertilizante. Porém, normalmente a quantidade de

23
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
biogás requerida é baixa em comparação com a quantidade de biogás produzido

no processo, sendo necessária sua queima em flare ou aproveitamento do biogás

para geração de outro tipo de energia. A Figura 13 apresenta uma moto bomba a

biogás, utilizada para bombeamento de digestato.

Figura 13 - Moto bomba a biogás.

Fonte: Biogas Motores, 2017.

1.4.4. Produção e uso de biometano

Outra aplicação que pode ser dada ao biogás é a produção de biometano,

um combustível que exige uma composição com propriedades equivalentes ao gás

natural.

Para a comercialização em território nacional cabe à Agência Nacional de

Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), regulamentar e dispor as diretrizes para uso

do biometano.

24
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Segundo a última norma da ANP Nº685/2017, fica dispensado o atendimento

à especificação e às obrigações quanto ao controle da qualidade, o produtor de

biometano, que comercializar o produto exclusivamente para fins de geração de

energia elétrica.

Para que o biometano seja injetado na rede de gás natural e utilizado para o

abastecimento de veículos, devem-se respeitar as especificações vigentes para o

biometano. Tais especificações são informadas no Quadro 1.

Quadro 1 - Especificação do Biometano de produtos e resíduos agrossilvopastoris e


comerciais, e, de aterros e estações de tratamento de esgoto.

Limite1 Método

Característica Unidade Centro-


Oeste,
Norte Nordeste NBR ASTM D ISO
Sudeste e
Sul
34.000 a
Poder Calorífico kJ/m3 35.000 a 43.000 15213 3588 6976
38.400
Superior
kWh/m 3
9,47 a 10,67 9,72 a 11,94
40.500 a
Índice de Wobbe kJ/m 3
46.500 a 53.500 15213 6976
45.000
Metano, mín % mol. 90,0 90,0 14903 1945 6974
Oxigênio, máx. % mol. 0,8 0,8 14903 1945 6974
CO2, máx. % mol. 3,0 3,0 14903 1945 6974
CO2+O2+N2, máx. 10,0 14903 1945 6974
6326-3
Enxofre Total,
mg/m3 70 15631 5504 6326-5
máx. 23
19739
4468
Gás Sulfídrico 4084 - 07 6326-3
mg/m 3
10 15631
(H2S), máx. 5504 19739
6228
6327
Ponto de orvalho
10101-2
de água a 1atm, ºC -39 -39 -45 15765 5454
10101-3
máx.4
11541
Teor de 16560
mgSi/m3 0,3 0,3
siloxanos, máx. 16561
Fonte: ANP Nº 685/2017.

1
Os limites especificados são valores referidos a 293,15K (20ºC) e 101,325kPa (1atm) em base seca, exceto os pontos
de orvalho de hidrocarbonetos e de água.
2
A odoração do Biometano, quando necessária, deverá atender a norma ABNT NBR 15616 e NBR 15614.
3
É o somatório dos compostos de enxofre presentes no Biometano.
4
Caso a determinação seja em teor de água, a mesma deve ser convertida para ponto de orvalho em (ºC), conforme
correlação da ISO 18453. Quando os pontos de recebimento e de entrega estiverem em regiões distintas, observar
o valor mais crítico dessa característica na especificação.

25
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
O principal parâmetro para diferenciar o biogás do biometano é a

concentração de metano, que deve passar de cerca de 60% para 90%. Esse processo

também é conhecido como refino, separação ou upgrading.

Conforme exposto no capitulo de Tratamento do Biogás, as tecnologias

disponíveis para isso são: adsorção com modulação de pressão (PSA), lavagem com

água e gás pressurizado; absorção química com solventes orgânicos; absorção física

com solventes químicos; e membrana. O gás carbônico (CO2), quando separado e

captado, pode ser utilizado como matéria-prima para indústrias de bebidas

gaseificadas, injetado de forma controlada em estufas de produção de alimentos

para aumentar sua concentração no ar e, assim, aumentar a produtividade do

cultivo, gelo seco, extintor, entre outros.

Esses processos de

separação dos gases são


Para fixar:
relativamente caros, quando Biogás: gás bruto obtido da decomposição
biológica de produtos ou resíduos
comparados aos de geração de orgânicos;
energia elétrica ou térmica. Assim, Biometano: biocombustível gasoso
constituído essencialmente de metano,
a produção de biometano torna-se derivado da separação de gases do biogás.

mais viável em plantas de biogás

de médio e grande porte e em locais onde há demanda pelo gás.

De qualquer forma, a possibilidade de produzir biometano em qualquer

região do país e próximo aos consumidores é muito interessante para a economia

e o setor energético.

Como o gás natural, o biometano pode ser utilizado como combustível em

indústrias ou em veículos e injetado na rede de gás natural. Dependendo da

aplicação, o transporte e a armazenagem devem ser em baixa ou alta pressão. A

Figura 14 apresenta o abastecimento sendo realizado na Unidade de Demonstração

Itaipu.

26
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 14 - Abastecimento no posto de biometano UD Itaipu.

Fonte: CIBiogás, 2018.

A produção de biogás e/ou biometano pela iniciativa privada é possível e

independe de autorização ou concessão do Poder Público, ou seja: o

aproveitamento do biogás e/ou biometano como fonte de energia é possível e sua

circulação em território nacional pode se dar por qualquer meio de transporte. A

questão da comercialização esbarra, contudo, na circulação desses produtos por

meio de gasodutos, a qual, constitucionalmente, é monopólio dos Estados, que

poderão, por sua vez, delegar essa circulação à iniciativa privada por meio da

assinatura de contratos de concessão.

Alguns projetos de biometano que estão em operação ou sendo implantados

no Brasil comercializam o gás de duas formas: realizando o abastecimento

diretamente no local de produção e separação dos gases ou transportando o

biometano comprimido em caminhões até o local de consumo.

De qualquer forma, os arranjos e formas de comercialização que viabilizem

a produção e uso do biometano ainda estão em fase de definição e discussão no

Brasil. Na Europa, já há centenas de plantas de biometano em operação, sendo um

combustível consolidado em diversos países daquele continente.

27
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
2. CARACTERÍSTICAS E APLICAÇÃO DO DIGESTATO

O material obtido após a biodigestão é chamado digestato, que dependendo

das características sanitárias pode ser aplicado ao solo, disponibilizando nutrientes

para a agricultura. Após a biodigestão a carga orgânica dos substratos é reduzida,

causando menor impacto na disposição direta nos solos e águas do ambiente.

Uma das principais vantagens do uso de digestato na agricultura é o baixo

custo, não geram problemas referentes à salinização do solo e muito menos níveis

de desestruturação como ocorre com o uso de fertilizantes químicos. Segundo

Angonese (2006), o digestato desempenha uma série de benefício ao solo, dentre

elas: poder de fixação, pois mantêm no solo sais minerais na forma aproveitável

pelas plantas, evitando a solubilidade excessiva; melhora a estrutura e a textura do

solo, favorecendo o enraizamento das plantas e umidade do solo; firmeza aos

agregados do solo, proporcionando melhor absorção da chuva, o que evita a

erosão; aumenta a porosidade do solo, favorecendo melhores condições no

desenvolvimento da planta, e; a multiplicação das bactérias, fator importante na

fixação do nitrogênio no solo.

O conhecimento da composição do digestato é indispensável, pois permitirá

calcular a adubação adequada para cada cultura, baseando-se na produtividade

pretendida. Através de análises laboratoriais, é possível tomar conhecimento das

características do solo, e determinar a quantidade de nutrientes que cada cultura

precisa para atender a demanda por produtividade. Diante destes dados é possível

calcular a quantidade necessária de digestato que será aplicado de acordo com a

cultura.

O processo de biodigestão possibilita que os nutrientes minerais do efluente

estejam mais concentrados que no substrato. Esses nutrientes são: nitrogênio (N),

fósforo (P) e potássio (K), com variação na sua composição dependente do tipo de

material utilizado no processo de biodigestão, clima, taxas de diluição e o sistema

de tratamento, por exemplo.

28
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
2.1 Aplicação do digestato como biofertilizante líquido

O digestato é mais homogêneo, em comparação com o lodo bruto, com um

saldo N-P-K melhorado. O digestato contém mais nitrogênio inorgânico, mais

disponível para as plantas, comparado ao lodo não tratado. A eficiência de

nitrogênio aumentará consideravelmente e as perdas de nutrientes por lixiviação e

evaporação serão minimizadas se o digestato for usado como biofertilizante em

conformidade com boas práticas agrícolas.

Segundo o Decreto n° 86 955 de 18 de fevereiro 1982, do Ministério da

Agricultura, o biofertilizante é um “produto que contém princípio ativo ou agente

capaz de atuar direta ou indiretamente sobre o todo ou parte das plantas cultivadas,

elevando sua produtividade”. O biofertilizante pode ter origem dos mais diversos

tipos de fontes, alterando suas características físico-químicas. Portanto, para

caracterização dos fertilizantes orgânicos simples, mistos, compostos,

organominerais e biofertilizantes destinados à agricultura, do ponto de vista

legislativo, utiliza-se a Instrução Normativa SDA/MAPA 25 de 2009.

O digestato pode ser utilizado para aplicação no solo se houverem cultivos

nas proximidades da planta de biogás. Há muitas experiências na utilização do

digestato como biofertilizante. Para realizar esse aproveitamento deve-se elaborar

um plano de manejo de biofertilizante que considere as características do digestato,

a qualidade do solo e a rotação de cultura para determinar a forma e a aplicação do

digestato. A Figura 15 demonstra a aplicação do digestato, produzido na Unidade

de Demonstração Itaipu.

29
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 15- Aplicação do digestato.

Fonte: CIBiogás, 2018.

Ainda que haja um alto valor de nutrientes, o uso do resíduo gerado na

biodigestão como fertilizante agrícola nem sempre é possível. Os fatores que

limitam sua aplicação podem ser de ordem prática ou de ordem logística, como a

indisponibilidade ou dimensões insuficientes de área agrícola disponível; ou elevada

distância entre o local da geração do material e sua área de aplicação – o que pode

inviabilizar seu uso ou acarretar em custos que inviabilizam a prática; ou legais,

como a proibição do seu emprego como fertilizante.

No caso de substratos, como esgoto e lodo sanitário, resíduos sólidos

urbanos e de origem animal (matadouros, frigoríficos, processamento de leite), é

imprescindível a higienização dos materiais digeridos para a eliminação de

coliformes fecais e parasitas antes de sua aplicação no campo. Para tanto, é

necessária uma exposição ao calor acima de 50°C durante sete dias, de acordo com

a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2006). O processo de

30
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
higienização pode ser feito por meio da inclusão de um tratamento térmico antes

ou depois da digestão anaeróbia.

A aplicação do biofertilizante gerado na metanização na agricultura depende

de fatores como o tamanho da área disponível, a distância entre o local da geração

do resíduo e a área de utilização (a fim de viabilizar seu transporte), e,

principalmente, da qualidade do resíduo gerado, já que sua composição varia em

função do substrato tratado. No Brasil, a produção, a comercialização e a utilização

do biofertilizante devem seguir as regulamentações estabelecidas pelo Ministério

de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

O lodo de esgoto, por exemplo, é um fertilizante orgânico composto,

proveniente do sistema de tratamento de esgotos sanitários, que resulte em

produto de utilização segura na agricultura, atendendo aos limites estabelecidos

para contaminantes já determinados na legislação. O lodo estabilizado, subproduto

do processo, pode ser encaminhado para aplicação agrícola como biofertilizante ou

organomineral, porém, para atender à resolução n° 375/2006 do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA), que define critérios e procedimentos para o uso

agrícola de lodos de esgoto gerados em ETEs, é necessário que seja submetido a

etapas de pós-tratamento que envolvem os processos de higienização e

desaguamento do material. Normalmente, esse lodo, é desidratado, misturado ao

calcário e só após estabilizado então pode ser deslocado para as áreas agrícolas.

2.2 Utilização do digestato como matéria-prima para produção de

fertilizante organomineral

O fertilizante organomineral se constitui num produto novo e alternativo,

fruto do enriquecimento de adubos orgânicos com fertilizantes minerais. A Figura

16 apresenta uma imagem do organomineral.

31
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 16 – Organomineral.

Fonte: MF Rural, 2014.

Como decorrência da maior concentração de nutrientes em relação aos

fertilizantes orgânicos, apresenta a vantagem de poder ser empregado em menores

quantidades por área, além do menor custo de transporte (FERNANDES, et.al. 2002).

Além disso, Kiehl (1994) observa que o fertilizante organomineral, ao

contrário do químico, pode ser empregado de uma só vez no solo, pois seus

nutrientes estão sob a forma orgânica e mineral. Por exemplo, o nitrogênio mineral

é prontamente assimilado pelas raízes, enquanto o nitrogênio orgânico, do adubo

orgânico, será absorvido pela planta quando o nitrogênio mineral já foi absorvido

ou lavado pela água da chuva, ou irrigação, que atravessa o perfil do solo.

Pelo Decreto n.º 86955, de 18-02-82, do Presidente da República, foi criada a

categoria FERTILIZANTE ORGANOMINERAL, assim caracterizada: fertilizante da

mistura ou combinação de fertilizantes minerais e orgânicos. Nessa composição, a

parte orgânica e inorgânica pode ser obtida a partir de digestatos resultantes da

digestão anaeróbia. Principalmente digestatos de dejetos suínos e aves, que

possuem alta concentração de nutrientes NPK e reduzida concentração da fração

orgânica em relação ao dejeto não biodigerido.

32
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
No Brasil, a produção, comercialização e a utilização do biofertilizante devem

atender às regulamentações estabelecidas pelo Ministério de Agricultura, Pecuária

e Abastecimento. As certificações são realizadas de forma opcional e, assim como

na Alemanha, é realizada por uma empresa certificadora, denominada Organismo

da Avaliação da Conformidade Orgânica (OAC), que é credenciada junto ao MAPA.

2.3 Tratamento para lançamento em corpo de água

Assim como para a aplicação no solo, o tratamento através da digestão

anaeróbia não é suficiente para atingir os padrões de lançamento brasileiros, sendo

necessário um pós-tratamento. Deve-se observar o artigo 16 da Resolução CONAMA

nº 430/2011, o qual estabelece os limites máximos de emissões para parâmetros

físicos, químicos e biológicos para lançamentos em corpos hídricos.

Os reatores anaeróbios dificilmente geram efluentes que atendem aos

padrões de lançamento estabelecidos pelas normativas ambientais. Dessa forma, o

pós-tratamento é uma etapa de grande importância.

Em uma estação de tratamento de esgotos (ETE), por exemplo, as etapas de

pós-tratamento usuais para o efluente líquido são: filtro biológico de alta taxa ou

filtro biológico percolador; filtro aerado submerso ou biodiscos; lodos ativados; e

biofiltro aerado submerso.

No fluxograma apresentado na Figura 17, segue um exemplo de aplicação

do processo de produção de biogás em agroindústria de abate animal seguido do

tratamento do biogás e digestato. O material digerido resultante do processo é

submetido à separação das frações sólida/líquida. A fração sólida é utilizada como

fertilizante por agricultores dos arredores. Já o efluente líquido é enviado para

lagoas de tratamento/estabilização, onde é possível a recuperação do residual

energético, por meio da reinserção no processo, como líquido para ajuste de teor

de sólidos do material em digestão (GREER, 2008).

33
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
Figura 17- Fluxograma do processo geração e utilização de biogás da unidade da JBS Swift.

Fonte: FEMA, 2015

Na próxima aula estudaremos sobre a operação, monitoramento e

manutenção de plantas de biogás, arranjos de viabilidade econômica e panorama

do biogás.

34
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRACEEL – Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia. Mercado livre


de energia elétrica - Um guia básico para consumidores potencialmente livres e
especiais. Disponível em: <http://www.abraceel.com.br/archives/files/
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COLDEBELLA, A. Viabilidade do uso do biogás da bovinocultura e suinocultura para


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(Dissertação em engenharia agrícola / engenharia de sistemas agroindústrias) -
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<http://www.fargon.com.br/catalogos/manual_tratamento_ar_comprimido_Fargon
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35
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético
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36
Fundamentos do Biogás: produção e uso energético

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