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A análise institucional e a saúde coletiva

Institutional analysis and collective health

Solange L’Abbate 1

Abstract In its recent history, collective health Resumo Na sua história recente, a saúde co-
has become institutionalized in a double di- letiva se institucionalizou na dupla dimensão:
mension, the theoretical-practical and the po- teórico-prática e político-ideológica. Sendo a
litical-ideological. Institutional analysis, on análise institucional uma abordagem que bus-
the other hand, is an approach aimed at chang- ca a transformação das instituições a partir
ing institutions on the basis of the practices das práticas e discursos dos seus sujeitos, po-
and discourses of their subjects. For this rea- de-se dizer que há grande potencialidade pa-
son, there is clear potential for more widespread ra o crescimento da utilização do seu instru-
use of institutional analysis in collective health mental na saúde coletiva, considerando as di-
in the areas of research, interventions, and the mensões da pesquisa, da intervenção e da for-
training of professionals. Collective health itself mação dos profissionais. A tudo isso acrescen-
can also be analyzed as a complex and contra- ta-se a análise da própria saúde coletiva como
dictory institution, since it in turn involves uma instituição complexa, contraditória, sen-
countless other institutions. do ela mesma atravessada por inúmeras insti-
Key words Collective health, Institutional tuições.
analysis, Socioanalysis Palavras-chave Saúde coletiva, Análise ins-
titucional, Socioanálise

1 Departamento de Medicina
Preventiva e Social,
Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade
Estadual de Campinas.
Rua Tessália Vieira de
Camargo, Barão Geraldo,
13081-970, Campinas SP.
slabbate@fmc.com.br
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Introdução A primeira dimensão consiste na análise


institucional da saúde coletiva. Trata-se de con-
Compreendida como uma abordagem que de- siderar a saúde coletiva como instituição, o que
senvolve um conjunto de conceitos e instru- significa problematizar a própria constituição
mentos para a análise e intervenção nas insti- do seu campo como um conjunto de saberes e
tuições, a análise institucional surge no Brasil, práticas, relacionados a um contexto amplo, de
nos anos 70, a partir de alguns departamentos ordem político-social, ideológica e técnico-
e grupos de pesquisa de universidades brasilei- científica. Aqui teríamos a análise institucional,
ras e de outras organizações, congregando os entendida como “análise de papel” (Lourau,
mais diferentes tipos de profissionais. Embo- 1975; Melo, 2000), ou como recurso a estudos
ra tendo ampliado seu campo de atuação até o de caráter sócio-histórico (Savoye, 1988).
momento e venha sendo referenciada na área A segunda dimensão seria a análise institu-
da saúde, através da divulgação de trabalhos de cional na saúde coletiva e aqui é mais adequa-
caráter acadêmico e de relato de intervenções, do referir à socioanálise. Trata-se de utilizar a
apenas recentemente a análise institucional vem socioanálise como um recurso para atuar/in-
sendo aplicada no campo da saúde coletiva. tervir no interior de instituições que compõem
De início, é necessário esclarecer que a ex- a área da saúde coletiva enfatizando os proces-
pressão análise institucional não tem um senti- sos microssociais e micropolíticos, a partir de
do único, pois na realidade, ela se constituiu a grupos de profissionais ou de clientela (Lou-
partir de um conjunto de disciplinas e movi- rau, 1975 e 1993; Hess & Savoye 1988 e 1993).
mentos que ocorreram na sociedade francesa, a
partir dos anos 40 e 50. De acordo com Helia-
na de Barros Conde Rodrigues (1993) dentro A análise institucional da saúde coletiva
do institucionalismo francês, devemos consi-
derar a “análise institucional” e a “socioanáli- A expressão saúde coletiva é uma invenção tipi-
se”, de tradição dialética, originadas sobretudo camente brasileira que surgiu em fins da déca-
das obras de René Lourau e Georges Lapassa- da de 1970, na perspectiva de constituir um pa-
de, e, de outro lado, a “esquizoanálise”, inspira- radigma que permitisse uma nova articulação
da na filosofia da diferença, relacionada a Félix entre as diferentes instituições do campo da
Guattari e Gilles Deleuze. Como afirma a auto- saúde. Abrange atualmente um conjunto com-
ra, é indispensável conhecer a gênese teórico- plexo de saberes e práticas relacionados ao cam-
conceitual e histórica para a melhor compreen- po da saúde, envolvendo desde organizações
são desses campos. Reconheço, no entanto, a que prestam assistência à saúde da população
dificuldade de estabelecer, na produção brasi- até instituições de ensino e pesquisa e organi-
leira, limites precisos entre esses campos, dado zações da sociedade civil. Compreende práticas
a “migração” de conceitos entre eles. técnicas, científicas, culturais, ideológicas, polí-
Para as finalidades deste texto, parte-se de ticas e econômicas (Carvalho, 2002).
uma primeira distinção entre análise institu- Na década de 1970, sobretudo a partir de
cional e socioanálise referida por Hess & Savo- 1975, as importantes transformações que ocor-
ye, (1993): L’analyse institutionnelle a pour but reram na sociedade brasileira, marcadas pelo
la compréhension d’une realité sociale, partant esgotamento das possibilidades do chamado
des pratiques et des énoncés de ses acteurs. La mé- “milagre econômico” e pela derrocada do go-
thode utilisée met en oeuvre un ensemble de con- verno militar, que sustentava tal modelo, pro-
cepts dont les principaux sont ceux d’institution, duziram, de um lado, uma forte crise econômi-
de transversalité, d’analyseur, d’implication, de ca, acentuando a dependência do país aos mer-
commande et demande. Idéalement, l’analyse est cados externos e a desigualdade na distribuição
effectuée, collectivemen et en situation, par les de renda da população, e de outro, contribuí-
acteurs eux-mêmes, avec ou sans le recours à des ram para o processo de redemocratização que
analystes extérieurs. On parle alors de socioa- iria resultar, nos anos 80, na volta das eleições
nalyse. diretas e na criação dos novos partidos.
No campo da saúde coletiva, as duas for- A crise econômica se refletia fortemente no
mas são possíveis, sobretudo quando se consi- setor da saúde. Diminuíram-se os recursos des-
deram duas dimensões de ordem mais geral, tinados à saúde pública e, em contrapartida,
relacionadas à investigação de temas de interes- houve o aumento dos gastos com a assistência
se desta área. médica individual, mediante os repasses de
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dinheiro público à Previdência Social para a A tendência de recomposição do campo


compra de serviços ao setor privado. Por isso, apontada por Cecília Donnangelo é relevante,
processavam-se mudanças nas duas áreas, o sobretudo quando se pensa na dicotomia re-
que desde os anos 60, ocasionou um reorde- forçada ao longo do tempo, no Brasil, entre as-
namento da política de saúde para fazer face a sistência médica individual e saúde pública, e
essa crise político-financeira, principalmente na hegemonia da primeira em relação à segun-
porque o setor da assistência médica previden- da. Tal hegemonia se dá, não apenas no nível
ciária sempre foi considerado hegemônico, por econômico, como também no ideológico, pois
defender os interesses do capital. a prática médica, tendo como base de conhe-
Nesse contexto, profissionais das áreas da cimento científico as ciências naturais, acaba
saúde pública e da medicina preventiva, que por assumir o caráter de uma aparente neutra-
sempre tiveram significativa presença na cena lidade e ahistoricidade, o que lhe confere uma
política brasileira através de algumas organiza- relativa cristalização de seu objeto e de sua prá-
ções de caráter científico e/ou sindical, passa- tica.
ram a defender o sistema público de saúde, no Verifica-se, portanto, a necessidade de dis-
âmago da luta pelos direitos de cidadania, en- cutir o sentido da palavra “coletivo” como ad-
fatizando o direito à saúde. Realmente, a ques- jetivo de saúde. A partir da análise das princi-
tão da saúde sempre foi altamente politizada pais transformações pelas quais passavam, na
no Brasil, e o chamado “movimento sanitário” década de 1970, a prática médica e a própria
teve papel importante na resistência ao regime saúde pública, e que dizem respeito ao aumen-
militar brasileiro e na luta pela democratização to do consumo de serviços médicos dado o au-
do país. mento do número de trabalhadores, com direi-
Assim, já em 1976, um grupo de médicos to à assistência médica previdenciária, Cecília
sanitaristas criava o Centro Brasileiro de Estu- Donnangelo, no mesmo artigo, observava que
dos de Saúde/Cebes com o objetivo de ampliar essas questões penetraram na escola médica,
e prosseguir “as discussões no sentido de rea- através dos departamentos de Medicina Pre-
firmar a íntima relação entre saúde e a estrutu- ventiva e/ou Social. Isto resultou numa produ-
ra social”. A revista Saúde em Debate foi o veí- ção acadêmica bastante diferenciada daquela
culo criado para divulgar tais discussões. A da década anterior, sobretudo pela utilização
maior parte dos seus artigos e ensaios consti- mais intensa do instrumental teórico-metodo-
tuíam-se análises críticas ao sistema de saúde lógico das Ciências Sociais, principalmente o
vigente, algumas feitas a partir de trabalhos marxista. Assim são produzidos estudos epide-
acadêmicos. Mantendo o mesmo perfil, a revis- miológicos sobre o processo saúde-doença da
ta continua a ser editada até o momento atual, população e estudos de política de saúde, nos
tendo, portanto, 26 anos. Nos primeiros anos quais se destacavam as investigações sobre as
de sua publicação, seu principal lema era “saú- práticas e sobre o trabalho em saúde.
de e democracia” (Saúde em Debate, 1976). Esse conjunto de aspectos, tanto em relação
à reorganização do atendimento à saúde, como
ao redirecionamento da produção acadêmica,
A fundação da saúde coletiva acabou por produzir a necessidade de se repen-
como instituição sar os nomes pelos quais era conhecido o cam-
po da saúde: “polícia médica”, “medicina so-
Por que saúde coletiva? De acordo com Cecília cial”, “saúde pública”, “medicina preventiva”,
Donnangelo (1983), num clássico artigo escri- “medicina comunitária”, “saúde comunitária”,
to, sob encomenda da Associação Brasileira de bem como certas dicotomias, já bastante insti-
Pós-Graduação em Saúde Coletiva/Abrasco, a tuídas, tais como “saúde X medicina”, “medici-
saúde coletiva deve ser entendida como uma de- na preventiva X medicina curativa”, “medicina
limitação aproximada do campo (da saúde) não individual X medicina social”, “saúde pública X
através de definições formais, mas considerando assistência médica individual”. Embora não ti-
como ponto de partida, que a posição ocupada vessem esgotado totalmente seus significados
pela Saúde Coletiva no contexto das práticas sa- e inclusive continuem a ser mencionadas, tais
nitárias brasileiras se expressa atualmente em um denominações e oposições supunham diver-
conjunto de tendências de ampliação e recompo- sidades teóricas, históricas e ideológicas e não
sição de seu espaço de intervenção ou, correspon- conseguiam abranger o campo da saúde em sua
dentemente, de seu campo de saber e prática. multiplicidade.
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Por tudo isso, conclui a autora, é exatamen- em setembro de 1979 e a divulgação do artigo
te devido aos muitos significados da palavra sobre o conceito de saúde coletiva em abril de
“coletivo”, no âmbito das ciências sociais, que o 1983, a fundação da saúde coletiva como insti-
termo, embora impreciso, é adequado para de- tuição. Assim, a criação da saúde coletiva e de
signar a diversidade de aspectos do campo da sua aplicação para designar uma grande multi-
saúde. Isto porque essas variações reproduzem plicidade de eventos e atividades sejam acadê-
efetivamente a amplitude possível da gama de micas, sejam político-ideológicas, centralizadas
conotações assumidas pela noção de coletivo: co- na Abrasco, teve, sem dúvida, um caráter insti-
letivo/conjunto de indivíduos; coletivo/intera- tuinte inovador, tendo em vista o que já estava
ção entre elementos; coletivo como conjunto de instituído na área da saúde no Brasil (Lourau,
efeitos ou conseqüências da vida social; coletivo 1975 e 1993; Hess & Althier, 1994).
transformado em social como campo específico e É de se questionar em que medida as mar-
estruturado de práticas (Donnangelo, 1983). cas desta origem incidem na forma como a saú-
Com tal multiplicidade de significados, e de coletiva se apresenta na atualidade. Quais as
partindo da iniciativa de intelectuais das áreas transformações preservam os princípios desse
de medicina preventiva e saúde pública, o ter- momento fundador?
mo saúde coletiva começou a ser utilizado no
final da década de 1970, para nomear reuniões,
eventos, cursos, departamentos, núcleos e insti- A institucionalização da saúde
tutos de pesquisa, e finalmente, para dar nome coletiva pela Abrasco
a uma entidade, a Associação Brasileira de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva/Abrasco (Nu- A Abrasco foi aos poucos se fortalecendo como
nes, 1996). o movimento-instituição, síntese desse sujeito
A associação é fundada em 1979, com a fi- histórico e epistêmico constituído pela Saúde Co-
nalidade de atuar como mecanismo de apoio e letiva, de acordo com Maria Cecília de Souza
articulação entre os centros de treinamento, ensi- Minayo, (2001).
no e pesquisa em saúde coletiva para fortaleci- A sua constante estruturação se dá agora
mento mútuo das entidades membros e para a num outro contexto bem diferente, pois ao fi-
ampliação do diálogo com a comunidade técni- nal dos anos 80 e início dos anos 90, tanto a de-
co-científica. Enfatiza-se ainda que o compro- mocracia, como a Reforma Sanitária, que insti-
misso maior da Abrasco e, portanto dos seus as- tucionalizou o Sistema Único de Saúde/SUS,
sociados individuais e institucionais, vincula-se encontravam-se bem mais consolidados. Na
à formação de pessoal e produção de conheci- saúde coletiva como área da pós-graduação,
mentos que contribuam para superar as desi- avanços significativos podiam ser observados.
gualdades econômicas, sociais e sanitárias pre- É evidente que tais êxitos foram o resultado de
sentes na sociedade brasileira. Em consonância várias “lutas intermediárias” e, sem dúvida, a
com o movimento também existente na Amé- Abrasco se fez presente nessas várias etapas
rica Latina, no mesmo período, a Abrasco pre- (Belisário, 2002).
tende congregar todos os programas de pós-gra- Uma vez percorrido este caminho, a saúde
duação em saúde coletiva do país, constituindo- coletiva, através da Abrasco, hoje com 23 anos
se no órgão regional da Associação Latino Ame- de existência, e 6.000 associados, encontra-se
ricana de Escolas de Saúde Pública-ALAESP li- totalmente consolidada como evidenciam al-
gada à Organização Pan-Americana da Saú- gumas de suas atuações e atividades mais signi-
de/OPS (Abrasco, 1983). ficativas, colocadas a seguir.
Apesar dessa consonância com o movimen- No âmbito científico-acadêmico, os gru-
to latino-americano (Nunes, 1994) somente no pos de trabalho já constituídos (epidemiologia,
Brasil, esta recomposição do campo da saúde ciências sociais, planejamento em saúde, vigi-
assumiu o nome de saúde coletiva. Daí a afir- lância sanitária, ciência e tecnologia em saúde,
mação de que “inegavelmente, a saúde coletiva saúde indígena e educação popular em saúde,
é uma invenção brasileira” (Canesqui, 1995). trauma e violência e promoção à saúde) vêm
Como referi acima, é essa associação, a realizando e divulgando, de forma sistemática,
Abrasco, que demandou a Cecília Donnangelo debates e estudos que depois tornam-se subsí-
o artigo para discutir o conceito de saúde cole- dios para os congressos e para as publicações;
tiva. Temos, então, nesses dois acontecimentos no plano editorial, tem publicado vários livros
que se complementam: a criação da Abrasco e coletâneas, alguns em co-edição, e desde 1995
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publica Ciência & Saúde Coletiva, revista que A saúde coletiva e o futuro:
juntamente com a Revista de Saúde Pública, da novos desafios
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de
São Paulo, e os Cadernos de Saúde Pública, da Estando nos dias atuais num processo de cres-
Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação cente reconhecimento e institucionalização, o
Oswaldo Cruz, são consideradas as três publi- mais provável é que a saúde coletiva, através da
cações de excelência na área da saúde. Além da Abrasco, continue sua trajetória como entida-
revista, a Abrasco publica boletins para os as- de científica e política, com as vantagens e des-
sociados. vantagens que esta dupla missão pode signifi-
No plano político-acadêmico, tem promo- car. E o “movimento pendular” terá sempre,
vido grandes congressos, em diversas regiões como referência, os próprios movimentos que
do país (15 ao todo) alguns gerais, contemplan- atravessam a área da saúde como um todo.
do as diversas áreas que compõem a entidade, Em relação à produção de conhecimentos,
outros específicos das áreas de epidemiologia e a saúde coletiva – constituída nos limites do bio-
ciências sociais, com público que tem variado lógico e do social – ainda continua a ter pela
de 250 a 5.000 pessoas. Devido ao grande nú- frente a tarefa de investigar, compreender e in-
mero de participantes em seus congressos, a terpretar os determinantes da produção social
Abrasco realiza a cada três anos um congresso das doenças e da organização dos serviços de saú-
geral, apelidado de “Abrascão” e, no intervalo, de tanto no plano diacrônico como sincrônico da
congressos específicos. Destes últimos, os de história, conforme conclui Everardo Nunes, ao
Ciências Sociais têm tido um público mais re- fazer uma retrospectiva histórica do conceito
duzido (de 250 a 600 pessoas) e os de Epidemio- de saúde coletiva (Nunes, 1994).
logia, um público bem mais amplo (de 2.000 a Em relação à análise do processo saúde-
3.500); finalmente os Congressos Gerais têm doença, por exemplo, a saúde coletiva tem tido
contado com um público bem mais numeroso: como desafio a necessidade de incorporar no-
o VI e último “Abrascão”, realizado em agosto vas abordagens teórico-metodológicas, sobre-
de 2000 em Salvado (BA) contou com 5.000 tudo as que procedem da fenomenologia (Mi-
participantes (Belisário, 2002). nayo, 1992) valorizando as dimensões do indi-
No plano da política científica participa do víduo e dos pequenos grupos, bem como das
Fórum de Coordenadores de Pós-Graduação representações sociais. Trata-se, enfim de se
em Saúde Pública/Saúde Coletiva da Fundação aproximar das diversas maneiras pelas quais as
Capes, uma das mais importantes instituições pessoas experimentam o estar com saúde ou o
de pesquisa do Brasil, atual responsável pelo sentir-se doente. Sem deixar de levar em conta
processo de avaliação de todos os cursos de as condições sociais mais amplas, estas perdem
pós-graduação do país, bem como pela atribui- seu caráter determinante.
ção de bolsas; e, finalmente, no cenário políti- Quanto às práticas de saúde, trata-se de
co-institucional, tem representação formal no analisar como vem ocorrendo, atualmente, a
Conselho Nacional de Saúde, que exerce o con- convivência de atividades médicas de caráter
trole social da Política Nacional de Saúde. individual como a clínica, que desde alguns
Não é difícil perceber os pontos de contato anos foi incorporada às unidades básicas de
entre os planos dessas várias atuações, bem co- saúde, com as atividades mais tradicionais da
mo as contradições que podem ocorrer entre saúde pública. Trata-se também de perceber o
os diferentes grupos, seja devido a diversas po- usuário como uma pessoa portadora de vonta-
sições políticas, seja pelas disputas de ordem des e de desejos, capaz de agir e reagir diante
científica e acadêmica, seja por corporativis- do que está sendo oferecido a ela como respos-
mos. Isto ocorre, apesar do pluralismo existen- ta às suas queixas e aos seus incômodos. Para
te hoje. Soraya Almeida Belisário sintetiza tais tanto torna-se necessário aproximar a saúde
contradições numa das conclusões de sua tese coletiva de campos disciplinares como a filoso-
sobre a Abrasco: misto de sociedade científica e fia e a psicanálise, tendo em vista a complexi-
de atuação política, (a Abrasco) evidencia sua dade que as questões da saúde assumem na
natureza mista, ambígua, mesclada e diferencia- atualidade, conforme propõe Gastão Wagner
da, cujos componentes políticos e de formação de Sousa Campos (Campos, 2000a).
convivem e interagem, num movimento pendu- Outro desafio consiste em perceber os mo-
lar, mas, ao mesmo tempo, potencializador (Be- vimentos de aproximação entre a saúde coleti-
lisário, 2002). va e outras áreas do campo da saúde, tradicio-
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nalmente distantes. Cecília Minayo (2001) cha- viços de saúde, não haverá mudanças na forma
ma atenção para esse fato, comentando que as- desses serviços funcionarem, no sentido de ga-
sim como certas especialidades médicas, entre rantir o acesso, a qualidade e a resolutividade,
as quais a cardiologia e a pediatria vêm dando no atendimento de saúde à população. Isso sig-
destaque em seus congressos para temas co- nifica levar em conta alguns dos princípios
mumente tratados pela saúde coletiva, como fundamentais da proposta do Sistema Único de
“orientações sobre estilos de vida”, ou “orienta- Saúde, ainda que este sistema esteja já legal-
ções em relação ao grave problema da violência mente instituído praticamente em todo o país.
doméstica”, a Abrasco deve promover maior E mais: sem levar em consideração essas di-
diálogo com estas e outros campos de especia- mensões, não será possível construir uma nova
lidades, dentro da real preocupação com a pro- intersubjetividade entre os sujeitos envolvidos
moção da saúde. na produção da saúde (L’Abbate, 2001a).
Trata-se, enfim de perceber, com um outro Tais estudos, apesar das diferenças de apor-
olhar as relações entre o coletivo e o individual. tes teóricos nos quais se fundamentam, abrem
Trata-se de perceber que, na verdade, elas se muitas possibilidades para processos de inter-
constituem em configurações extremamente venção, na perspectiva da socioanálise. Trata-se
dinâmicas e mutáveis. São microprocessos num de intervenções no interior das organizações de
fluxo molecular permanente e contínuo, como saúde que objetivam transformá-las em espa-
diria Félix Guattari (1987), que atravessam o ços menos burocratizados, não produtores/re-
conjunto das atividades humanas, e dentre elas produtores de indivíduos passivos e submissos.
as relacionadas à saúde. Ou seja, intervenções, nas quais as perspectivas
Enfim, como conclusão, pode-se inferir que do sujeito, da subjetividade e da autonomia se-
as relações entre o coletivo e o individual cons- jam respeitados e até promovidos, desde que
tituem-se em analisadores históricos da maior tais processos estejam, eles mesmos, postos “em
importância para toda a constituição da saúde análise”. É o que vem a seguir.
coletiva e a compreensão do seu campo de sa-
beres e práticas. Analisadores, porque provo-
cam, fazem a instituição saúde coletiva falar, A socioanálise na saúde coletiva:
mostrar suas contradições, seus limites e possi- alguns processos de intervenção
bilidades (Lapassade, 1979; Lourau, 1975)
Apesar de acreditar nas possibilidades de uti-
lização da socioanálise como ferramenta para
A análise institucional na saúde coletiva realizar intervenções em organizações de saúde,
conforme referido no início desta parte, é bas-
Em relação à segunda dimensão, assinalada no tante escassa a bibliografia referente a trabalhos
início, observa-se, já há alguns anos, a crescen- de intervenção, tanto na área da saúde e da saú-
te referência, na produção acadêmica da saúde de coletiva. O número de trabalhos nesse senti-
coletiva, de categorias como sujeito, subjetivi- do tanto nas publicações francesas, às quais te-
dade e autonomia, abordadas, seja do ponto de nho tido acesso (Pratiques de Formation e Les
vista teórico (Minayo, 2001), seja a partir de Cahiers de l’Implication) como nas coletâneas
processos microssociais e/ou micropolíticos brasileiras já referidas neste texto é bastante re-
que ocorrem no interior das organizações de duzido.
saúde, tais como: o processo de trabalho como Nesse sentido, algumas experiências das
“trabalho vivo em ato” (Merhy, 2002); a rele- quais participei e continuo participando dire-
vância das relações entre “gestão e subjetivida- tamente são exemplares da possibilidade da
de” (Campos, 1997); a relevância dos proces- utilização da socioanálise em processos de in-
sos pedagógicos (L’Abbate, 1998) e da educa- tervenção em organizações de saúde.
ção em saúde (L’Abbate, 1997); a inter-relação Na perspectiva da capacitação profissional,
entre as dimensões analítica, pedagógica e da coordenei uma intervenção de longa duração
gestão, na construção de um novo modelo de (de 1993 a 1999), realizada a partir de uma en-
atenção para os serviços de saúde (Campos, comenda da direção do Serviço Social do Hos-
2000). pital Universitário da Unicamp, junto a 92 as-
De forma geral, esses vários trabalhos apon- sistentes sociais, que trabalham nos mais diver-
tam para a seguinte direção: sem transformar sos setores do hospital. A análise dessa inter-
as práticas cotidianas dos profissionais dos ser- venção a partir do registro das seções e de en-
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trevistas semi-diretivas, realizadas com alguns volvidas no Departamento de Medicina Pre-


dos participantes (L’Abbate, 2000, 2001, 2001/ ventiva e Social/DMPS da Faculdade de Ciên-
2002) revelou a importância da abordagem da cias Médicas da Unicamp, departamento que
socioanálise para que os assistentes sociais pu- vem sendo, em certa medida, pioneiro no Esta-
dessem refletir sobre o seu papel profissional do de São Paulo, na utilização da análise insti-
no interior de um hospital público, bem como tucional e da socioanálise no âmbito da saúde
perceber e atuar sobre a grupalidade que vi- coletiva. Em outros estados, como Rio de Janei-
nham construindo, no sentido de torná-la mais ro, Minas Gerais e Ceará já existem há mais
favorável a processos de trabalho mais adequa- tempo grupos que trabalham nas perspectivas
dos, inovadores e produtivos. Atualmente, este da análise institucional, da socioanálise e da es-
trabalho tem continuidade, praticamente com quizoanálise (Kamkhagi & Saidon 1987; Rodri-
as mesmas caraterísticas, junto ao grupo do gues, 1993; Baremblitt, 1997; Petit, 1997), mas
serviço social que trabalha na área de DST/ com restrita aplicação aos campos da saúde e
Aids. da saúde coletiva.
Outra intervenção que também utiliza o Isto porque, no caso do DMPS, as cinco áreas
instrumental da socioanálise, mas em articula- que o compõem – ciências sociais, epidemiolo-
ção com o referencial grupalista (Barros, 1994) gia, planejamento e administração, medicina
e de gestão e planejamento (Campos, 2000) es- comunitária, medicina do trabalho e saúde
tá sendo feita por um grupo de seis profissio- ambiental – criaram as condições para que,
nais, dentre os quais me incluo, a partir de uma desde 1991, a pós-graduação se tornasse autô-
demanda do atual secretário da saúde de Cam- noma da Faculdade de Ciências Médicas, e pas-
pinas, Gastão Wagner de Sousa Campos, como sasse a denominar “pós-graduação em saúde
um suporte às equipes para lidar com o processo coletiva”. A partir de então, o curso adquiriu
de mudança iniciado com a nova gestão (que as- um caráter multiprofissional, pois, até aquele
sumiu em janeiro de 2001, com a eleição de um momento, só eram aceitos médicos como alu-
governo do Partido dos Trabalhadores), contri- nos, e passou a conter diferentes linhas de in-
buindo para aumentar a capacidade de análise e vestigação, dentre as quais “análise institucio-
de intervenção, fortalecendo o grau de autono- nal” e “práticas educacionais”.
mia das equipes, e com isso, melhorar o padrão Em sua maioria, os alunos matriculados na
de oferta de serviços e os resultados em termos de pós ou os que freqüentam as disciplinas como
produção de saúde (Moura et al., 2002). Assim, alunos especiais são oriundos de diversos ser-
desde março de 2001, vem sendo realizada uma viços de saúde, e também, em sua maioria, con-
“intervenção institucional” junto aos cinco tinuam trabalhando durante o curso da pós-
Distritos de Saúde e ao Hospital Mário Gatti e graduação, dado a escassez de bolsas, atualmen-
a partir de março de 2002 incluindo também o te. E é muito comum os alunos elegerem como
Colegiado Gestor e as equipes de coordenação objeto de pesquisa para a dissertação de mes-
do programa de DST/Aids e da Visa da Secre- trado ou para a tese de doutorado temas rela-
taria Municipal de Saúde de Campinas, abran- cionados a sua prática nas organizações de saú-
gendo cerca de 145 profissionais dos níveis cen- de, na perspectiva de ter na pós-graduação, a
tral e intermediário da Secretaria. oportunidade de “refletir sobre essa prática”,
Devido ao fato dessas intervenções serem desejo manifesto de vários alunos.
de longa duração, assumem, em determinados Assim, sob a orientação de professores do
momentos, o caráter de uma atividade pedagó- DMPS da área de planejamento e da área de
gica, e em outros momentos se articularam a ciências sociais têm sido produzidas disserta-
práticas de supervisão, avaliação e assessoria. ções e teses que se utilizam da análise institu-
cional, articulando conceitos da socioanálise e
da esquizoanálise.
Os profissionais da saúde coletiva Não caberia nos limites deste texto abordar
e o processo de formação em análise esses trabalhos e, na realidade, essa produção
institucional e socioanálise visando deverá constituir-se objeto de uma investiga-
às atividades de investigação ção específica. No entanto, a leitura de algumas
e de intervenção dissertações e teses permite perceber que os
conceitos da análise institucional e da socioa-
Para abordar esta temática, toma-se como refe- nálise são colocados sem que se faça referên-
rência algumas atividades atualmente desen- cia a sua gênese teórica e histórica e a referência
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à expressões, como por exemplo “intervenção Embora não se pretenda que, ao final da
institucional” não significa intervenção socioa- disciplina, os alunos tornem-se socioanalistas,
nalítica. é provável que alguns se interessem em adqui-
No sentido de contribuir para aprofundar rir mais experiência nesse campo, e nesse caso
o conhecimento sobre análise institucional, co- seria necessário pensar em outras formas de
mo professora da área de ciências sociais, co- “especialização”. A questão da “especialização”
mecei a ministrar, desde 2001, a disciplina Aná- em análise institucional e em socioanálise se dá
lise Institucional: Teoria e Prática. Essa tarefa entre nós de um modo bastante informal, e ela
concretizou-se, sobretudo, devido à realização ocorre na conjunção da teoria e da prática, a
de um pós-doutorado de setembro de 1999 a partir da experiência de alguns grupos que se
dezembro 2000 no Laboratório de Pesquisas constituem em torno de trabalhos de interven-
em Análise Institucional, da Faculdade de Ciên- ção e de seminários, de forma não muito dife-
cias da Educação da Universidade Paris 8-Saint rente do que ocorreu com os analistas institu-
Denis, França, sob a direção dos professores Re- cionais franceses (Lourau et al., 1972).
né Lourau e Antoine Savoye, o que me permi- Nesse sentido, têm sido desenvolvidas e de-
tiu participar efetivamente das atividades do batidas, dentre outras, análises sobre temas de
laboratório, e conhecer a bibliografia sobre aná- interesse para o campo da saúde coletiva, a par-
lise institucional e socioanálise, praticamente tir das inserções dos alunos nos diferentes ser-
inexistentes no Brasil. A disciplina vem desper- viços de saúde de Campinas, enfatizando os as-
tando bastante interesse entre os estudantes de pectos micropolíticos e da constituição de gru-
pós-graduação em saúde coletiva, e de outros palidades, seja das equipes, seja dos usuários,
profissionais das áreas de educação e assistên- sempre se reportando às dimensões mais am-
cia social, alguns participando na condição de plas das transformações pelas quais passa o Sis-
alunos especiais. Dado o interesse dos estudan- tema Único de Saúde atualmente.
tes, venho ministrando disciplinas e seminários Destaca-se na realização desses diversos tra-
complementares, que no semestre, iniciado em balhos a relevância da utilização do conceito de
agosto de 2002, contou com uma turma de 20 instituição em seus três momentos (instituí-
alunos, e já cursaram a disciplina cerca de 35 do/instituinte/institucionalização), a percep-
alunos. ção da transversalidade, a elucidação dos anali-
O processo didático da disciplina tem sido sadores, e, sobretudo para os alunos que optam
o de introduzir os principais conceitos, de por analisar situações relacionadas diretamente
acordo com sua gênese teórica e histórica, arti- a sua situação de trabalho, o contato com suas
culando-os com textos que descrevem e anali- próprias implicações, o que lhes permite maior
sam intervenções institucionais, sobretudo as clareza das suas possibilidades e/ou impossibi-
coletâneas produzidas por grupos de profissio- lidades de atuar e intervir, principalmente face
nais do Rio de Janeiro, citadas acima. aos processos de sobreimplicação (Lourau,
O contato com o referencial da análise ins- 1994 e 1997; Guattari, 1987).
titucional e da socioanálise tem levado os pro- Enfim, as experiências, brevemente relata-
fissionais/estudantes a utilizá-lo, seja como ele- das, de investigação, intervenção e formação
mentos relevantes para a investigação dos te- que se utilizam do referencial da análise insti-
mas de suas dissertações e teses, seja para com- tucional e da socioanálise aplicadas ao campo
preender melhor os processos institucionais da saúde coletiva em Campinas demonstram
nos quais estão inseridos e a ter mais condições uma articulação promissora entre as instâncias
para atuar, ainda que na perspectiva de uma da academia e as do poder público, que geren-
“análise interna” (Boumard, 1988). Muitas ve- cia os serviços de saúde, no sentido de contri-
zes, é com base nessa primeira aproximação buir para o seu constante questionamento. Os
que os alunos vão elaborando, ao longo do cur- sujeitos imbuídos do desejo de transformar os
so, o trabalho da disciplina, unindo assim ex- processos cotidianos das instituições poderão
periência prática e reflexão teórica. Os estu- encontrar nesse referencial meios potentes pa-
dantes têm sido instados a utilizar como ins- ra colocar tais processos em análise constante,
trumento empírico o “diário institucional”, de o que poderá fazer com que a saúde coletiva te-
acordo com Hess (1988) e inspirados na im- nha mais condições de enfrentar criticamente
portância do diário de pesquisa, conforme Lou- os desafios permanentes com os quais se de-
rau (1988). fronta.
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Artigo apresentado em 16/10/2002


Aprovado em 12/11/2002
Versão final apresentada em 25/11/2002

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