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Sistema Penal e violência sexual contra a mulher:

proteção ou duplicação da vitimação feminina

Carlos Henrique G Pereira

Professor: Adgmar Ferreira

Ano

2017
A respectiva obra em apreço o autor se debate as duas
vertentes do movimento feminista, a igualdade ou as
diferenças ao masculino. Retrata o processo de liberação
sexual através de instituições feministas que incentivaram a
criação de projetos ao longo dos anos 80 e 90, buscando
acolher mulheres mal tratadas e violentadas.

Ao longo desse desenvolvimento, evidenciaram que o


problema era muito mais sério que se imaginavam, abusos e
estupros era frequentes, além dos maus-tratos, tornando-se um
problema público e carente de legislação punitiva.

Haja vista a situação reiterada de atos de violência doméstica


no âmbito familiar e no trabalho, movimentos feministas
voltada ao combate moral e sexual da mulher, provocaram o
poder público, criando mecanismos punitivos e criminaliza
tórios. Regras estabeleceram uma nova corrente a fim de
combater condutas até então atípicas.

O feminismo alterou principalmente as perspectivas


predominantes em diversas áreas da sociedade ocidental,
que vão da cultura ao direito. As ativistas femininas fizeram
campanhas pelos direitos legais das mulheres (direitos de
contrato, direitos de propriedade, direitos ao voto), pelo direito
da mulher à sua autonomia e à integridade de seu corpo,
pelos direitos ao aborto e pelos direitos reprodutivos (incluindo
o acesso à contracepção e a cuidados pré-natais de
qualidade), pela proteção de mulheres e garotas contra a
violência doméstica, o assédio sexual e o estupro, pelos direitos
trabalhistas, incluindo a licença-maternidade e salários iguais,
e todas as outras formas de discriminação.

A autor associa os sistemas feministas em relação aos


problemas estruturais sociais capitalistas, retratando seus
impactos e consequências nas condutas ilícitas. A mulher na
sociedade vista com inferioridade, e seus impactos no sistema
penal. Assim o autor em seu entendimento, acredita que os
movimentos feministas tiveram grande influencias e
representaram um grande desenvolvimento para a proteção
do interesse da mulher.

Com o avanço das políticas públicas acerca da legislação


para proteção da mulheres se criaram a lei Maria da Penha, A
Lei Maria da Penha, denominação popular da lei número
11.340, de 7 de agosto de 2006, é um dispositivo legal brasileiro
que visa aumentar o rigor das punições sobre crimes
domésticos. É normalmente aplicada aos homens que
agridem fisicamente ou psicologicamente a uma mulher ou à
esposa. No Brasil, segundo dados da Secretaria de Política
para Mulheres, uma a cada cinco mulheres é vítima de
violência doméstica. Cerca de 80% dos casos são cometidos
por parceiros ou ex-parceiros.[1]
Decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 7 de agosto de 2006, a
lei entrou em vigor no dia 22 de setembro de 2006, e já no dia
seguinte o primeiro agressor foi preso, no Rio de Janeiro, após
tentar estrangular a ex - esposa .

Outra importante lei e a Lei nº. 13.257/16, publicada no dia 09


de março, alterou o art. 318 do Código de Processo Penal,
para acrescentar mais duas hipóteses em que será possível a
substituição da prisão preventiva pela prisão domiciliar, além
de deixar de exigir que este direito somente possa ser usufruído
pela mulher gestante em risco ou acima do sétimo mês de
gravidez.

Assim, com a alteração, deverá o Juiz substituir a prisão


preventiva pela domiciliar quando o agente for gestante;
mulher com filho de até doze anos de idade incompletos ou
homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho
de até doze anos de idade incompletos.

A modificação foi extremamente salutar e põe em relevo a


importância do princípio da dignidade da pessoa humana
(especialmente das mulheres e das crianças) já ressaltada por
nós em artigo escrito em parceria com Alexandre Morais da
Rosa, quando advertíamos não fazer sentido a limitação
imposta pela lei (com a redação anterior) de que a gravidez
fosse de alto risco ou a gestação a partir do sétimo mês.
Tratando-se do sistema penal o autor faz sua crítica arguindo
que o sistema é ineficaz, haja vista que o mesmo não previne
novas violências, não busca o real interesses de suas vítimas,
não contribuindo para a própria violência sexual. Não deve ser
visto como um referencial de coesão, mas sim como um fator
de dispersão e uma estratégia seletiva na medida em que as
divide, recriando as desigualdades e preconceitos sociais.

O sistema penal tem sido um propagador de violência estatal


seletiva, atuando incisivamente sobre as classes sociais mais
fragilizadas, criando e reproduzindo a desigualdade social,
arbitrária e seletiva, como controle social, por causa da sua
função repressiva, simbólica e da utilização de uma ideologia
irracional. Isto é, o sistema tem sofrido um déficit no
cumprimento da sua função garantidora, devido à existência
de um falso discurso por sua incapacidade de ser substituído
por outro discurso, pelo fato de haver a necessidade de serem
defendidos os interesses e direitos de determinadas pessoas,
não sendo, portanto, um produto de má fé ou conveniência.
propiciou uma redução dos conflitos domésticos e familiares
contra a mulher, devido à atuação do sistema penal, sobre as
classes sociais mais frágeis, sendo assim, indiferente à violência
estrutural, até mesmo, favorecendo a impunidade dos que
estão vinculados às relações. Pelo contrário, ao invés de
minimizar o conflito acaba criando novos problemas, visto que
os valores do sistema penal são contrários aos pretendidos
pelas mulheres, contrariando, principalmente, a forma
utilizada por elas para resolver os conflitos, como a
preservação das relações pessoais por meio da mediação.

Desse modo, a ineficácia do sistema penal acabou por não


promover a prevenção de novos crimes, pelo contrário,
aumentou a criminalização de novas condutas, não
compreendo a violência contra a mulher ao invés de escutar
os interesses das vítimas

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