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“O TRUK DA TRUP”

INÍCIO DA PEÇA OCORRE FORA DO TEATRO, TODOS OS ATORES ESTÃO


NUM CLIMA DE EUFORIA.
O CLIMA DE ALEGRIA LEMBRA UM CIRCO, UMA TRUPE DE TEATRO
FAZENDO VÁRIAS COISAS: PIRUETAS, CANTANDO, PIRÂMIDES,
PALHAÇADAS, CUSPINDO FOGO, ETC...

TODOS CANTAM UMA MÚSICA

NOBRE ESPECTADOR, LÁ VEM A MEGERA,


SÓ O AMOR, PRA DOMAR A FERA.
NOBRE ESPECTADOR, LÁ VEM A MEGERA,
SÓ O AMOR, PRA DOMAR A FERA.
E QUANDO ELE CHEGAR,
PELAS MÃOS DE ALGUÉM,
O QUE SERÁ DA DONZELA.

PEDRO: Venham todos. Venham.


VIVIANE: Isso mesmo, venham conhecer uma história espetacular.
PRISCILA: Uma história de arrepiar os “cabelos da venta”.
LUANA/TATI: Venham ver a “cólera” / dar lugar a “submissão”.
RONNI/PEDRO: Um “monstro” / se transformar numa “lady”.
TIDELLY/PEDRO: Ou será...uma “fera” / se transformando numa “gatinha
domesticada”.
TATIANA: Tomem cuidado. Não deixem que ela perceba que vocês
estão olhando pra ela. Disfarcem!!!
PRISCILA: Protejam-se! Ela é capaz de tudo.
SANDRA: Atira qualquer coisa que estiver a sua frente.
TATIANA: Tudo isso pra acalmar a sua fúria.
VIVIANE: Ela é capaz de agredí-los com palavras e até morder a
sua orelha.
PAULA: E não estamos falando de nenhum animal.
PEDRO: E nem estamos sendo sensacionalistas.
TATIANA: Estamos falando dela...
TODOS: Katharina, a fera.

A PARTIR DAQUI COMEÇA A PEÇA NO PALCO

CONTADOR I: A muito tempo atrás, na cidade de Pádua, na Itália,


TATIANA existia um nobre muito rico, o velho Baptista. Ele tinha
duas filhas: Bianca, a filha mais nova e Katharina, a filha
mais velha.
CONTADOR II: Katharina, a fera, tinha um feitio nada dócil e dona de
PEDRO um temperamento colérico, era tão resmungona e azeda,
que toda a gente em Pádua lhe chamava de Katharina, a
Fera.

CONTADOR III: Parecia muito improvável ou mesmo impossível, que


VIVIANE algum fidalgo se atrevesse a se casar com ela. O velho
Baptista era muito censurado por não aceitar as muitas e
excelentes propostas de casamento que eram feitas à sua
filha mais nova, a doce e gentil Bianca. Respondia então
Baptista a todos os pretendentes de Bianca, que só
teriam a mão dela, quando a filha mais velha estivese em
boas mãos.

CONTADOR IV: Certo dia, porém, um fidalgo jovial e despreocupado


TATIANA chamado Petruchio, chegou a Pádua com a intenção de
procurar uma esposa, nada desencorajado com o que
ouviu do temperamento de Katharina e sabendo que ela
era rica e bonita, decidiu que havia de casar com a
famosa megera e que havia de transformá-la em esposa
dócil e submissa.

CONTADOR V: E na verdade, ninguém como Petruchio estaria melhor


PRISCILA armado para tão hercúleo labor, já que seu gênio era tão
terrível como katharina, além disso, era um homem
muito espirituoso e grande amigo de folgar e também tãp
perspicaz e dotado de um tão apurado discernimento,
que sabia perfeitamente simular um comportamento
irascível e furioso.

CONTADOR VI: Decidiu pois Petruchio fazer a corte a Katharina e em


SANDRA primeiro lugar, tratou de falar com o Sr. Baptista,
pedindo-lhe autorização para namorar a sua gentil filha,
como Petruchio lhe chamava, dizendo maliciosamente
que tanto ouvia falar de tão grande timidez e dos tão
meigos modos de Katharina, que viera propositadamente
de Verona para rogar o seu amor.

CONTADOR VII: O pai, embora desejando vê-la casada, foi obrigado a


PAULA confessar que Katharina por certo não corresponderia ao
retrato que Petruchio dela traçara.

CONTADOR I: Com efeito, depressa se tornou evidente que de gentil a


TATIANA jovem nada tinha, pois o seu mestre de música irrompeu
nesse momento pela sala, queixando-se de que a gentil
Katharina, sua aluna, lhe partira a cabeça com o alaúde,
unicamente porque ele lhe apontara erros na execução de
uma música.

CONTADOR II: Vendo aquilo, Petruchio que é muito perspicaz, começou


PEDRO a tecer elogios a Katharina, dizendo que mais do que
nunca precisava falar com ela. E antes que Baptista
disesse alguma coisa, começou a suplicar ao ancião uma
resposta positiva, acrescentando que ele tinha muita
pressa, pois não podia vir até Pádua todos os dias para
cortejar Katharina. E que o seu pai morrera e que ele era
o único herdeiro de todos os bens e terras. Após esse
magnífico discurso, tratou logo de perguntar que dote ele
daria a sua filha se ele conquistasse o seu amor.

CONTADOR III: Baptista achou tais modos um tanto rudes para um


VIVIANE apaixonado porém, estava tão contente por ver alguém
que queria se casar com Katharina, que tratou logo de
oferecer um dote de vinte mil coroas e metade de suas
propriedades à filha.

CONTADOR IV: E assim, o estranho contrato foi firmado e Baptista


PEDRO correu a contar à intragável filha os galanteios de
Petruchio, ordenando-lhe que fosse ouvir da boca do
jovem o tão aguardado pedido de casamento.

CONTADOR V: Entretanto, Petruchio pensava na melhor forma de


PRISCILA prosseguir a sua corte e assim concluiu que teria de usar
de algum engenho no seu namoro. E começou a pensar:

“Se comigo gritar, direi que o seu canto é tão doce


como o do rouxinol”. “Se virar para mim com o seio
carregado, direi que o seu semblante é tão suave como
uma rosa orvalhada”. “Se não abrir a boca, louvarei a
eloqüência de seu discurso”. “Se me pedir que a deixe,
agradecer-lhe-ei como se me tivesse pedido que com ela
ficasse uma semana”. (E finalmente a altiva Katharina
apareceu e Petruchio saudou-a nos seguintes termos:)

MÚSICA PARA TRANSFORMAÇÃO - KATHARINA E PETRUCHIO

PETRUCHIO: Bom dia Kata, pois ao que sei, é este o vosso nome.
GILBERTO
KATHARINA: (desdém) Quem me dirige a palavra, é Katharina que me
THAÍS chama.

PETRUCHIO: Mentis...mentis...porque vos chamam simplesmente de


GILBERTO Kata, ou a encantadora Kata, e por vezes Kata: a Fera,
mas Kata, vós sois a mais bonita Kata de toda a
Cristandade e por isso Kata, e também porque em todos
os lugares ouví louvores à vossa brandura, que vim aqui
rogar-vos que sejais minha esposa.

PANTOMIMA: A BRIGA

CONTADOR VI: Namoro muito estranho foi aquele. Ela que só lhe gritava
VIVIANE iradas palavras, mostrava que a alcunha de Fera era
inteiramente merecida, ele em contrapartida, louvava-a
por dizer palavras doces e corteses.

PETRUCHIO: Meiga Katharina, seu pai aí vem...concluamos já esta


GILBERTO inútil conversa pois, vosso pai consentiu no nosso
casamento, o vosso dote está combinado e com ou sem o
vosso consentimento, casarei convosco no domingo que
vem.

KATHARINA: Prefiro ver meu pai enforcado do que me casar com


THAÍS você.

CONTADOR I: E assim, Petruchio pediu a mão de Katharina na frente


TATIANA do pai, dizendo para o mesmo tratar da boda e dos
convites pois, teria que partir para comprar anéis, belos
vestidos, roupas das mais ricas, para que Katharina
pudesse apresentar-se em todo o seu esplendor. E assim,
Petruchio partiu...

(MÚSICA PARA A PREPARAÇÃO DO CASAMENTO)


TODA A MULTIDÃO EM CENA E POR TRÁS DAS PESSOAS SURGE
KATHARINA, VESTIDA PARA O CASAMENTO.

CONTADOR II: Chegado o domingo, muito esperavam os convidados


PEDRO por Petruchio.

NESSE MOMENTO SEMPRE CHEGA ALGUÉM E GRITA O NOME DE


PETRUCHIO E ISSO SE REPETE 3 VEZES ATÉ TODOS SE CANSAREM.
(CENA NO INTERIOR DA IGREJA)

PADRE: Senhor Petruchio, aceita a senhorita Katharina como a


PRISCILA sua legítima esposa.(pausa)

PETRUCHIO: (berrando) Aceito. (nisso o padre se assusta e deixa cair


GILBERTO a Bíblia e quando o padre se abaixou para apanhar o
livro, o demente Petruchio dá-lhe uma palmada na
bunda e o faz cair e todos começam a rir muito).

PADRE: Senhorita Katharina, aceita o senhor Petruchio como o


PRISCILA seu legítimo esposo. (silêncio total, o olhar e o rosto de
Katharina se transformam, um ódio mortal e quando ela
vai responder que não, Petruchio tasca-lhe um beijo e
todos ficam contagiados de tanta alegria, enquanto
Katharina está muito contrariada. Aí começa a festa).

MOMENTO DA FESTA.
PETRUCHIO SEMPRE SE COMPORTANDO COMO UM LOUCO, COMO UM
GROSSEIRÃO. NESTE MOMENTO OS ATORES COMEÇAM A INTERAGIR COM
A PLATÉIA, A FESTA MAL COMEÇA E PETRUCHIO ANUNCIA:

PETRUCHIO: Um momento. Espero que todos se divirtam bastante


GILBERTO pois, eu e minha adorável esposa vamos nos retirar.

TODOS FICAM DESOLADOS

CONTADOR VII: (triste) E com isso terminou a...(vai morder uma coxa de
PAULA frango e vem alguém e tira)...festa. Petruchio agora
transformado ordenou à esposa que montasse num
cavalo miserável, muito magro e fraco, que escolhera
propositadamente e sempre que o cavalo vacilava, ele
berrava e praguejava o pobre animal. Quem ouvia
Petruchio, diria por certo que não haveria no mundo
homem mais furioso.

CONTADOR I: E por fim, chegaram a casa de Petruchio, após longa e


TATIANA cansativa jornada. Petruchio recebeu-a muito
amavelmente em sua casa, mas logo decidiu que,
naquela noite a esposa não descansaria um só momento,
nem comeria um naco de pão. As mesas estavam postas
e a ceia foi servida.

CONTADOR II: Petruchio, continuou a simular, achou defeitos em todos


PEDRO os pratos e atirou todos ao chão, ordenando que os
criados levassem e sempre dizendo que fazia aquilo em
amor a sua adorável e meiga Katharina.

CONTADOR III: E quando Katharina estava esgotada e esfomeada,


VIVIANE retirou-se para dormir. Então Petruchio, foi examinar a
sua cama e novamente...berrando...xingou os criados e
espalhou tudo pelo chão, de tal modo que a esposa se
viu obrigada a sentar-se numa cadeira, onde se pôs a
dormitar. Mas, era acordada em minuto em minuto pela
voz possante do marido, que vorazmente brigava com os
criados.

CONTADOR IV: E, no dia seguinte, Petruchio continuou fazendo o


PAULA mesmo. Era amável em tudo que dizia a Katharina, mas
quando ela se preparava para comer, logo encontrava
defeitos na comida. E Katharina, a arrogante Katharina,
resignava-se a pedir aos criados que, em segredo, lhe
trouxessem um naco fosse do que fosse, mas os criados
lhe diziam que não ousariam desobedecer o seu amo.

KATHARINA: (pensativa/quase mudada) Ah, terá ele se casado comigo


THAÍS para me matar de fome? Os mendingos que pedem à
porta de meu pai têm sempre o que comer. Mas eu, que
nunca soube o que era pedir fosse o que fosse, desfaleço
de fome porque nada comi, cambaleio de tonta porque
nada dormi pois, com pragas acordo e é dos seus gritos e
brigas que me alimento e o que mais me intriga é que ele
faz tudo isto em nome do amor mais perfeito.

PETRUCHIO: (Entrando com um prato de comida) Como tem passado


GILBERTO a minha querida Kata? Reparai, meu amor, vede quão
zeloso é o vosso marido. Eu mesmo preparei a vossa
comida. Estou certo de que tanta amabilidade merece o
vosso merecimento. (Katharina nada fala) O quê? Nem
uma palavra? Não, então não gostais da comida e de
nada serve todo o trabalho que tive.

CONTADOR V: (alegre e cobiçando a comida) Petruchio, ordenou então


PRISCILA ao criado que levasse o prato.

KATHARINA: (suplicando) Rogo-vos, senhor, deixai ficar a comida.


THAÍS
PETRUCHIO: Ao mais modesto dos serviços são devidos
GILBERTO agradecimentos. Agradecei, pois, o meu, se quereis
comer.

KATHARINA: (rápida e desesperada) Agradecida estou, senhor.


THAÍS

PETRUCHIO: Bom proveito vos faça, Kata, ao vosso gentil coração,


GILBERTO comei depressa! E agora, meu doce amor, voltemos a
casa de vosso pai e festejemos com a mais rija festa, com
vestidos e toucas de seda e anéis de ouro, com rufos e
mantilhas e leques e atavios a dobrar.

CONTADOR VI: E para que Katharina acreditasse que ele tencionava dar-
SANDRA lhe todas aquelas belas coisas, mandou chamar um
alfaiate, que trouxe algumas roupas novas que Petruchio
encomendara para ela.

PETRUCHIO: (antes que a esposa tivesse saciado a fome) O quê, já


GILBERTO haveis jantado? (Katharina fica paralisada)

ALFAIATE: Eis a touca que Vossa Senhoria encomendou.


PEDRO

PETRUCHIO: (aos berros) Tire isso da cabeça. Onde já se viu, o molde


GILBERTO da touca foi tirado de uma tigela. Veja, isso é tão
pequeno como uma concha de amêijoa ou uma casca de
noz. Pegue isto e faça uma maior.

KATHARINA: (não se contendo) Ficarei com a touca, todas as damas


THAÍS usam toucas iguais a esta.

PETRUCHIO: Tereis uma também, quando o vosso caráter se tornar


GILBERTO gentil.

KATHARINA: Ora senhor, creio que é me permitido falar e assim


THAÍS falarei. Não sou nenhuma criança, tão pouco bebê de
colo, homens com mais poder que vós aceitaram que
lhes disesse os meus pareceres e se vós não podeis fazer,
então deixai de ouvir.

PETRUCHIO: (muito paciente e amável) Ora tendes toda a razão, é


GILBERTO uma touca muito feia e crede que vos adoro porque dela
não gostais.
KATHARINA: Adoreis-me ou não, o certo é que gosto da touca e ou
THAÍS fico com esta ou fico com nenhuma.

PETRUCHIO: (discimulado) Dizeis que quereis ver o vestido, pois vê-


GILBERTO lo-eis já. (vendo o vestido) Valha-nos Deus! Mas que
tecido é este? E isto, chamais a isto uma manga? Pois
mais parece um canhão e é tanto o franzimento e é tanto
o pregueado, que faz lembrar uma torta de maçã.

ALFAIATE: Mas Vossa Senhoria ordenou-me que fizesse segundo a


PEDRO moda ora corrente.

KATHARINA: (maravilhada) É isso mesmo, és magnífico. E todas as


THAÍS damas usam...

PETRUCHIO: (furioso) Saia...Vamos sua lesma...Depois eu pagarei


GILBERTO tudo...Mas suma da minha frente seu asno. (para
Katharina) Pois bem, minha Kata, vinde, iremos a casa
de vosso pai assim mesmo como estamos, com estas
roupas androjas que ora trazemos.

CONTADOR VII: Dito isto, Petruchio mandou que aparelhassem os


PAULA cavalos, afirmando que deviam chegar a casa de Baptista
à hora do jantar. Katharina atreveu-se a dizer, ainda que
com tímidos modos, que não passava das duas da
manhã.

KATHARINA: Permiti senhor que vos emende, pois garanto-vos que já


THAÍS são duas horas da tarde e não chegaremos antes da ceia.

PETRUCHIO: Minha adorável esposa, para podermos partir, as horas e


GILBERTO os minutos terão que ser, as horas e os minutos que eu
bem entender. Por que? Tudo o que eu digo ou
faço...estais sempre em contradição. E sendo assim não
irei hoje e quando for, serão as horas que eu digo.

CONTADOR I: E mais um dia, foi obrigada Katharina a praticar esta


TATIANA nova obediência e só quando o seu gênio orgulhoso
volveu total submissão e do seu espírito se varreu a
palavra contradição, é que Petruchio a autorizou a ir a
casa de seu pai. E mesmo quando iam a meio dia da
jornada, Katharina correu o risco de ter que voltar para
trás, unicamente porque sugeriu que era o sol o astro que
via no céu, quando o marido afirmava, pelo meio-dia,
que nunca vira luar mais radioso.
PETRUCHIO: Ora atentai no que vos diz o filho de minha mãe, que
GILBERTO esse sou eu. A lua há de ser, ou as estrelas, ou o que a
mim me aprouver, antes que chegue a casa de vosso
pai.(fingindo que volta para trás)

KATHARINA: (obediente e suplicando) Rogo-vos senhor, prossigamos


THAÍS caminho já que tanto caminhamos, e será o sol, será o
que vos apraz e se vos apraz chamar-lhe vela, juro-vos
que para mim vela há de ser.

PETRUCHIO: Pois digo que é a lua.


GILBERTO

KATHARINA: Eu sei que é a lua.


THAÍS

PETRUCHIO: Mentis, porque é o sol abençoado.


GILBERTO

KATHARINA: Será então o sol bendito.


THAÍS

PETRUCHIO: Mas...
GILBERTO

KATHARINA: Mas não será o sol, quando dizeis que não é. Dai-lhe o
THAÍS nome que quiserdes, pois esse será o nome e o que lhe
chamareis, chamar-lhe-á Katharina.

PETRUCHIO FICA FELIZ COM O QUE ESCUTA, PORÉM, DESEJANDO PÔR À


PROVA A OBEDIÊNCIA E A ATUAL ATITUDE DA ESPOSA, ELE DIZ:

PETRUCHIO: (pegando alguém da platéia) Bom dia, gentil menina.


GILBERTO Katharina alguma vez você vira jovem tão bonita.
Observe as cores louçãs do rosto desta jovem!!! E estes
olhos parecem duas estrelas radiosas. Donzela bela entre
as belas, uma vez mais vos dou os meus bons dias!
Minha querida Kata, abraçai-a, pois tão bela é.

KATHARINA: (inteiramente vencida, logo adotou a opinião do marido


THAÍS e falando para o mesmo homem da platéia) Jovem
donzela, que bela sois e que louçã e graciosa! Para onde
ides e onde é vossa morada? Felizes os pais de tão belo
rebento!!!

PETRUCHIO: Essa agora, Kata! Espero que não tenhais enlouquecido,


GILBERTO pois não é uma donzela quem tendes a vossa frente,
antes um homem, velho e enrugado, murcho e mirrado.

KATHARINA: Perdoai-me, pobre ancião mas, o sol tanto me encadeou


THAÍS que tudo à minha volta me parecia jovem e viçoso.

CONTADOR II: E depois desse belíssimo exemplo de obediência e


PEDRO amabilidade, Petruchio, Katharina e o velho ancião que
se chamava Vicêntio, foram em direção a Pádua. E no
caminho Petruchio reconheceu Vicêntio, que era pai de
Lucêntio, um jovem que ia casar com Bianca, a filha
mais nova de Baptista.

CONTADOR III: E as palavras de Petruchio deixaram o velho muito feliz


VIVIANE pois, contou-lhe que o filho ia fazer um casamento muito
rico. E os três prosseguiram viagem animadamente até
chegarem a casa de Baptista, onde muitos convidados se
tinham reunido para festejarem o casamento de Bianca
com Lucêntio. E já que Baptista, havia casado Katharina,
de bom grado consentira em dar a mão de Bianca.

CONTADOR IV: Quando entraram, Baptista correu a recebê-los e deu-


SANDRA lhes boas-vindas à boda, onde estava presente um outro
par recentemente casado.

CONTADOR V: Lucêntio, marido de Bianca e Hortêncio, o outro jovem


PRISCILA que acabara de casar, não podiam evitar de trocar
maliciosos gracejos, a propósito, ao que parecia do mau
gênio da esposa de Petruchio e estes apaixonados noivos
pareciam muito satisfeitos com a brandura de feitios das
damas que haviam escolhido para esposas, zombando
então de Petruchio porque a sua escolha, pensavam eles,
fora menos afortunada.

CONTADOR VI: Petruchio pouca importância deu a tais gracejos, até que
SANDRA retirando-se as senhoras depois do jantar, verificou que
o próprio Baptista se juntara à mofa pois, quando
Petruchio afirmou que a sua esposa era mais obediente
que as dos outros dois. Até o pai de Katharina disse a
ele, que a mais desobediente das esposas seria a dele.
CONTADOR VII: Então...ele olhou para todos...e disse com toda
PAULA convicção.

PETRUCHIO: Pois bem, asseguro-vos que não e para que vejais que
GILBERTO falo a verdade, chame agora cada um de nós a respectiva
esposa, a mais obediente será aquela que vier mais
depressa e o marido dela ganhará a aposta que a seguir
combinaremos.

CONTADOR I: Concordaram de bom grado os outros dois pois,


TATIANA confiavam que as suas gentis esposas se mostrariam
mais obedientes que a obstinada Katharina e propuseram
uma aposta de vinte coroas. Mas Petruchio retorquiu,
com um ar divertido, que vinte coroas era o que
costumava apostar no seu falcão ou no seu cão de caça,
mas que a sua esposa merecia vinte vezes mais
dinheiro.(todos tem uma reação de espanto)

CONTADOR II: Lucêntio e Hortêncio subiram então o valor da aposta


PEDRO para cem coroas e Lucêntio foi o primeiro a mandar
chamar a esposa.

CRIADO: (espivitado) Senhor, a minha ama manda dizer que, está


TATIANA muito ocupada e não pode vir.

LUCÊNTIO: Como se atreve ela a dar tal resposta?


PRISCILA

PETRUCHIO: Será essa resposta própria de uma esposa?


GILBERTO

NESTE MOMENTO TODOS RIEM DE PETRUCHIO, DIZENDO QUE


ELE TERIA MUITA SORTE SE KATHARINA NÃO LHE MANDASSE RESPOSTA
PIOR.

HORTÊNCIO: Criado, vai e roga a minha esposa que venha ter comigo!
PEDRO

PETRUCHIO: Ho, ho! Rogais a vossa esposa?! Estou a ver que o que
GILBERTO ela precisa é que lhe ordeneis.

HORTÊNCIO: Receio bem senhor, que vossa esposa virá.


PEDRO

ENTRA O CRIADO
HORTÊNCIO: Como é possível? Onde está minha esposa?
PEDRO

CRIADO: Senhor, minha ama diz que estais por certo tramando
RONNIERY alguma brincadeira e que por isso não virá. Ide ter vós
com ela, é o que vos pede.

PETRUCHIO: Cada vez pior! Criado, vai ter com tua ama e diz-lhe que
GILBERTO ordeno que venha procurar-me.

NESTE MOMENTO TODOS VÃO TIRAR SARRO DE PETRUCHIO, EIS QUE


CHEGA KATHARINA.

TODOS: Virgem Santa! Aí vem Katharina!!!

KATHARINA: (trazendo as outras duas pelo braço humilde) Que


THAÍS desejais senhor, já que me chamastes?

PETRUCHIO: Katharina encarrego-vos de explicar a estas obstinadas


GILBERTO mulheres o respeito que devem aos seus maridos e
senhores.

KATHARINA: (discursando) Tem vergonha! Desfaz essa expressão


THAÍS ameaçadora e não lança olhares desdenhosos para ferir
teu rei, teu soberano. A mulher irritada é uma fonte
turva, enlameada, desagradável de aspécto, ausente de
beleza. O marido é o teu senhor, tua vida, teu protetor,
teu chefe e soberano. Pois é ele quem sofre a tempestade
à noite, de dia o frio, enquanto dormes no teu leito
morno, salva e segura. Tenho vergonha de ver mulheres
tão ingênuas que pensam em fazer guerra quando
deviam ajoelhar e pedir a paz. Nós devemos amar, servir
e obedecer. Assim, compreendido o inútil desse orgulho,
devemos colocar as mãos, humildemente aos pés do
senhor. Para esse dever, quando o meu esposo quiser, a
minha mão está pronta.

PETRUCHIO: Sim, eis uma mulher. Vem, dá-me um beijo, Kata. (os
GILBERTO dois se beijam enquanto todos observam atônitos e
alegres).

CONTADOR III: E uma vez mais Katharina se tornou famosa em Pádua,


VIVIANE não por ser Katharina, a Fera, como outrora...mas por
ser Katharina, a esposa mais obediente e submissa de
toda Pádua.

- A PEÇA TERMINA COM UMA FOTOGRAFIA, BEM DIFERENTE, ONDE


TODOS OS ATORES PARTICIPARÃO -

FIM

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