O livro “Frankenstein, ou o moderno Prometeu” de Mary Shelley (1797-1851), publicado em 01 de janeiro de 1818, é uma obra prima da literatura inglesa e mundial, com uma profunda mensagem filosófica e científica. Escrito nos primórdios da Revolução Industrial e Energética, ele se mantém atual, pois aborda questões que tratam do princípio da vida, dos limites da Razão e das consequências não antecipadas da ciência e da tecnologia. Em 2017, o Massachusetts Institute of Technology (MIT), em Boston, realizou um seminário para comemorar os 200 anos de o “Frankenstein” e fazer uma edição comentada do livro, deixando claro que a mensagem de Mary Shelley continua válida nestes tempos da 4ª Revolução Industrial. O alerta frankensteiniano pode ser relembrado, por exemplo, quando o físico inglês, Stephen Hawking, falecido em março passado, disse: "O desenvolvimento da inteligência artificial total poderia significar o fim da raça humana". Ou quando o visionário empresário Elon Musk diz: “Com a Inteligência Artificial estamos convocando o demônio”. O objetivo da palestra é debater a importância do livro “Frankenstein, ou o moderno Prometeu”, no contexto da sua elaboração, abordando suas principais mensagens e mostrando como ele continua relevante, em especial, quando a humanidade avança no incerto caminho do desenvolvimento da Inteligência Artificial.
Mary Shelley usou o monstro como uma metáfora das consequências não antecipadas do desenvolvimento racional e científico (utopia da razão iluminista) e da revolução social que prometia uma sociedade democrática e justa (utopia da reforma social iluminista). Escrevendo em 1816 e 1817 ela já refletia sobre os fracassos da Revolução Francesa e distopia da restauração da monarquia europeia e do autoritarismo. A monstruosidade é humana.
Mary Shelley quis mostrar no livro que a racionalidade humana – tão decantada pelos revolucionários iluministas do século XVIII, em especial os seus pais – poderia não gerar sempre bons frutos. Ao invés de alcançar a “perfectibilidade do ser humano”, ela realça a imperfectibilidade. O retrocesso, ao invés do progresso. O colapso e não a abundância fáustica. Enfim, em vez de um novo ser humano, monstros.
No século XXI, o livro “Frankenstein” serve de alerta contra os novos monstros: Inteligência Artificial, robôs sapiens assassinos e transumanos.
Título original
O Frankenstein de Mary Shelley e os desafios da Inteligência Artificial
O livro “Frankenstein, ou o moderno Prometeu” de Mary Shelley (1797-1851), publicado em 01 de janeiro de 1818, é uma obra prima da literatura inglesa e mundial, com uma profunda mensagem fil…