1. Introdução
Uma estrutura sob ação das cargas nela aplicadas pode ser solicitada a dois tipos de torção:
z
F
y
S
A
B D
x
RA
q C
RB
A
C B
RC
barra, a rotação é axial e ativa sua rigidez à torção, do que decorre o momento torçor. Na segunda
barra, esta mesma rotação ativa sua rigidez à flexão. Com isto, em B, onde as barras fazem 90º
entre si, o momento torçor em uma barra é o momento fletor na outra. É fácil ver que se em B
houvesse uma rótula, a compatibilidade de rotações deixaria de existir, i.e., e, anulando a
transmissão de momentos de uma barra para outra. Ainda assim seria possível o equilíbrio da
estrutura.
Nas estruturas de concreto, a torção de compatibilidade pode ser desconsiderada na análise. Isto
não quer dizer que a torção tenha desaparecido. Na realidade, as estruturas de concreto, na
passagem do Estádio I (sem fissuras) para o Estádio II (com fissuras), sofrem a queda na rigidez
à torção GJ t bem maior do que a queda na rigidez à flexão EI . Como os momentos transmitidos
por compatibilidade de rotação dependem da rigidez relativa k = GJ t EI , eles têm, nessa
ql 2 k ql 2 2k
MB = − ( )=− [ ]
12 1 + k 8 3(1 + k )
(1)
Gc J t
com k =
Ec I
(GJ t ) I
No Estádio I, a constante k vale k I = . No Estádio II, com as hipóteses admitidas, tem-
( EI ) I
(GJ t ) II 0,15(GJ t ) I
se k II = = = 0,3k I . Logo, o momento em B no Estádio II vale:
( EI ) II 0,5( EI ) I
ql 2 k II ql 2 0,2k I
M B , II = − ( )=− ( ) (2)
12 1 + k II 8 1 + 0,3k I
ql 2 ql 2
M B, I = −0,2225 , M B , II = −0,0527
8 8
(a) torção circulatória (ou torção de Saint Venant): o momento torçor é equilibrado por
tensões tangenciais que dão a volta na seção. É o caso das seções maciças ou vazadas
(fechadas). As tensões tangenciais τ originadas pela torção são concentradas, na solução
plástica, na periferia da seção de modo a maximizar o braço de alavanca das forças
resultantes das tensões tangenciais em cada lado da seção.
(b) flexo-torção (ou torção de empenamento): é a que ocorre nos perfis de paredes delgadas.
Neste caso, cf. a Figura 3 (a), o binário das tensões tangenciais circulatórias τ têm um
braço de alavanca muito pequeno (por causa da espessura δ , também muito pequena em
comparação com as demais dimensões gerais b / h da seção). Com isto, a resistência da
seção (com pelo menos três chapas, não todas concorrentes) passa a se dar através de
momento fletor e força cortante, com consequente empenamento da seção transversal,
como mostra a Figura 3 (c).
No item seguinte só será estudada a torção circulatória, mais comum em peças de concreto
estrutural.
V=T/z T
T
B D
C B
V
V
A D
A C
V=T/z
M
M
(b): Momento torçor resistido por forças (c): O empenamento da seção resulta de
cortantes com braço de alavanca grande ( curvaturas opostas das chapas AB e CD.
).
Examina-se de início a torção simples, i.e., sem combiná-la com qualquer outro esforço
solicitante. Usa-se o seguinte princípio da plasticidade: se uma seção (ou uma peça estrutural)
tem mais material do que o considerado no projeto, sua capacidade portante não pode ser menor
do que a calculada teoricamente. Assim, admite-se para a torção circulatória as hipóteses de
trabalho referidas a seguir.
(a) A seção maciça é transformada em um tubo (ou casca) resistente na sua periferia, cuja
espessura é escolhida de modo a atender as duas mencionadas condições da Mecânica
(equilíbrio sob ação das cargas de cálculo e limitação das resistências dos materiais a
valores de cálculo). Com isto, atende-se a inequação que relaciona o momento torçor
solicitante ao momento torçor resistente:
(b) O modelo resistente é o de campos descontínuos de tensão, como para força cortante e
momento fletor, atuantes em chapas formadas pelas paredes do tubo resistente à torção.
Este modelo pode ser simplificado, substituindo-se os campos de tensão pelas suas
resultantes, com o que se obtém uma treliça espacial. Em qualquer caso, as compressões
diagonais são atribuídas ao concreto e as trações às armaduras longitudinal e transversal.
O que talvez mascare a semelhança com a resistência à força cortante de alma de vigas
está no fato de alocar-se, nas vigas, a força longitudinal resistente (parcela Vd cot θ ) da
chapa aos banzos (cada qual recebendo 0,5 Vd cot θ ). Isto se faz com vantagens, pois no
banzo comprimido pelo momento fletor há uma descompressão pela ação da força
cortante, dispensando armadura se a descompressão não transformar o banzo de
comprimido em tracionado. Por outro lado, no banzo tracionado pelo momento fletor, há
um aumento de tração pela ação da força cortante, o que possibilita melhor
aproveitamento da armadura longitudinal. Não fossem estas duas vantagens, a armadura
longitudinal da força cortante poderia e deveria ser distribuída na alma da viga.
Considerando, então, para a torção o mesmo modelo resistente usado para a força cortante, trata-
se de substituir o momento torçor solicitante por forças cortantes a ele estaticamente equivalentes
e atuantes nas paredes do tubo.
(c) A espessura equivalente do tubo que forma a seção resistente, he , pode ser estimada igual
a:
A
he ≤ (4)
u
he ≥ 2c1
Nesta expressão, A é a área da seção cheia e u é o seu perímetro, c1 é a distância entre a face
lateral do elemento e o eixo da barra longitudinal de canto. Ver a Figura 4. A espessura obtida
A
pela expressão he = pode ser aumentada se a condição de segurança contra o esmagamento
u
A
do concreto for crítica, ou diminuída em caso contrário (cf. Regan, 1999). Se ocorrer ≤ 2c1 ,
u
A
pode-se adotar he = ≤ bw − 2c1 . Ver o item 17.5.1.4 da NBR 6118: 2014.
u
Se a seção for vazada, a determinação da espessura do tubo é calculada do mesmo modo, como
se a seção fosse maciça, mas he não pode superar a espessura real da parede he , ef . Ver a Figura
5.
A bh 400 × 600
he ≤ = = = 120 mm
u 2(b + h) 2(400 + 600)
(d) O monolitismo entre as diferentes paredes deve ser garantido através das armaduras, bem
detalhadas e ancoradas nos nós comuns. Ver as Figuras 5 e 10.
Sentido do fluxo de
cisalhamento
he
he,ef
(a) Seções maciças. (b) Seções vazadas (p.ex., seção caixão em
pontes).
As equações que permitem o dimensionamento no ELU são deduzidas a seguir para uma seção
retangular, cf. a Figura 6. Entretanto, as equações deduzidas são válidas para qualquer seção
poligonal convexa (cheia ou vazada). Para mais informações, ver a NBR 6118: 2014, itens 17.5
a 17.7.
B´
Perímetro médio
B he2 B
Vt2
z1 1
Vt1 Vt1 he1
Td (b) Equilíbrio na direção
longitudinal
A´
Vt2 A
z2
(a) Decomposição do momento torçor em
forças cortantes estaticamente
equivalentes.
Figura 6: Forças cortantes nas paredes do tubo e equilíbrio das tensões tangenciais nos planos
longitudinais
Esta equação mostra que o produto τ i hei da i − ésima parede – denominado fluxo de
cisalhamento – é constante na seção (dimensão F L ). Logo, a força cortante na parede i é o
produto do fluxo pelo correspondente comprimento zi da parede.
Como as forças cortantes das diferentes paredes equilibram o momento torçor, tem-se, usando a
(6):
Td
τ i hei = (7)
2 Ae
Esta é a fórmula de Bredt, estudada na Resistência dos Materiais. Nesta equação, substituiu-se
z1 z2 pela área Ae contida no perímetro médio das paredes do tubo. Substituindo (7) em (6),
obtém-se a força cortante em cada parede i :
Td
Vti = zi (8)
2 Ae
A partir deste ponto, a torção tem tratamento inteiramente análogo ao dado à força cortante atuante
na alma de uma viga. Ver a Figura 7, a qual mostra metade da face ABB´A´ da peça da Figura 6.
As 90 º Vti Td
f ywd = =
sl z i cot θ 2 Ae cot θ
zicos θ zicot θ
Vti 1 Td 1 T 1 f
σ cwd ,T = ( )= = d ≤ cd 2
sin θ hei zi cos θ 2 Ae hei sin θ cos θ Ae hei sin(2θ ) 1,2
f ck
Sendo f cd 2 = 0,6(1 − ) f cd , com f ck em MPa , e observando que
250
1 1
= + cot θ , resulta:
sin θ cosθ cot θ
Td 1 Td 1 f
σ cwd ,T = = ( + cot θ ) ≤ 0,5(1 − ck ) f cd (9)
Ae hei sin(2θ ) 2 Ae hei cot θ 250
Como se vê nesta expressão, a compressão no concreto é máxima onde a espessura do tubo for
mínima (paredes com espessuras diferentes podem ocorrer em seções caixão). A equação que
contém sin(2θ ) tem uso mais fácil quando se deseja obter o mínimo ângulo θ possível, sem
alterar a seção (ou seja, hei e Ae ) e/ou a resistência do concreto. Note-se que, se ocorrer a
Conforme mostra a Figura 7, a armadura transversal, ortogonal ao eixo da peça, deve resistir à
força cortante Vti no segmento zi cot θ . Sendo sl o correspondente espaçamento longitudinal, o
zi cot θ
número de estribos nesse segmento é igual a . Como a área do estribo existente na
sl
z cot θ
espessura he do tubo é As 90 º , tem-se a força total resistida pelos estribos, As 90 º i f ywd ,
sl
igual a Vti . Logo, usando a (8), obtém-se:
As 90 º Td
f ywd = (10)
sl 2 Ae cot θ
Nas seções maciças, usualmente tem-se, dentro da espessura do tubo, um único ramo de estribo
compondo a área As 90 º . Se a seção for efetivamente vazada (como em seção caixão de viga de
ponte, mostrada na Figura 5 (b)), deve-se incluir em As 90 º todos os ramos do estribo (usualmente
dois) contidos na parede considerada.
A armadura longitudinal da parede i deve, por sua vez, resistir à componente longitudinal da
resultante do campo de compressão, Vti cot θ . Ver a Figura 7. Sendo Asl , i f yd a força total
resistida pela armadura longitudinal da parede i , resulta, usando de novo a (8):
Td
Asl ,i f yd = zi cot θ
2 Ae
Somando as forças longitudinais de todas as paredes, obtém-se, pondo ∑A sl , i = Asl (área total
da armadura longitudinal) e ∑z i = ue (perímetro da seção média do tubo):
A sl T
f yd = d cot θ (11)
ue 2 Ae
Asl A
f yd = s 90 º f ywd cot 2 θ (12)
ue sl
Esta expressão mostra que, sendo iguais as resistências das armaduras longitudinal e transversal
( f yd = f ywd ), a armadura longitudinal por unidade de comprimento da parede média do tubo é
cot 2 θ vezes maior que a armadura transversal por unidade de comprimento longitudinal da peça.
Note-se ainda que estas duas áreas por unidade de comprimento são iguais para θ = 45º .
Das equações (9), (10) e (11) pode-se ver que se θ diminuir (e, portanto, se cot θ aumentar)
aumentam a tensão de compressão no concreto e o consumo de armadura longitudinal, e
simultaneamente diminui o consumo da armadura transversal.
A taxa geométrica mínima das armaduras de torção é estabelecida no item 17.5.1.2 da NBR 6118:
2014. Para a seção retangular, essa taxa consideradas as duas direções (longitudinal e transversal)
vale:
ρ sl f ctm
≥ 0,2
ρ sw f ywk (13)
A A
ρ sw = sw , ρ sl = sl
bw sl he u e
onde f ctm = 0,3 f ck para concretos de resistência f ck ≤ 50 MPa , e f ctm = 2,12 ln(1 + 0,11 f ck )
2/3
50 < f ck ≤ 90 MPa , em MPa , e f ywk = 500 MPa para o CA-50 e CA-60. Asw refere-se à área
de dois ramos do estribo. Como se vê, a taxa geométrica da armadura transversal mínima é a
mesma estabelecida para força cortante.
Se a torção de compatibilidade for desprezada na análise (o que é permitido por norma, como se
disse), deve-se providenciar armaduras transversal e longitudinal mínimas, dadas por (13). Nesse
caso, a rigidez à torção é tomada igual a zero na análise. Entretanto, é permitido considerar a
torção de compatibilidade na análise (e no dimensionamento), mas as rigidezes devem ser
realistas, ou seja, devem levar em conta especialmente os trechos nos Estádios I (sem fissuras) e
II (com fissuras). Além disso, a fluência do concreto também deve ser considerada. A torção
resultante dessa análise deve ser considerada no dimensionamento (ELU). Ver os itens 3.8 e 6.3.5
do MC-90. Ver também o item 17.5.2.2 da NBR 6118: 2014.
A armadura mínima de torção (seja de compatibilidade, seja de equilíbrio), deve ter estribos
fechados, com seus ramos na periferia da seção, e as barras longitudinais – pelo menos uma em
cada canto de estribo – devem ser uniformemente distribuídas ao longo da parede fictícia com os
espaçamentos máximos estabelecidos na NBR 6118. Permite-se concentrar toda essa armadura
nos cantos dos estribos, desde que espaçadas no máximo em 350 mm , cf. o item 18.3.4 da NBR
6118.
As seções vazadas fechadas (p.ex., seção caixão), em que cada parede é armada transversalmente
com estribos de dois ramos, podem ser tratadas como seção retangular no cálculo da armadura
mínima, quer dizer, substitui-se bw em (13) pela espessura efetiva da parede. A armadura
longitudinal mínima é distribuída (ou concentrada) nas duas faces dessa parede.
A torção dificilmente aparece sozinha nas estruturas, como, aliás, acontece também com os
demais esforços solicitantes. No caso de atuação simultânea de momento torçor e força cortante,
a NBR 6118: 2014 permite calcular as armaduras em separado e somá-las em seguida. Neste
cálculo, adota-se o mesmo ângulo θ para ambas as solicitações, na faixa 45º a 30º .
σ cwd ,V σ cwd ,T
+ ≤1 (14)
f cd 2 f cd 2
( )
1,2
Vd 2 V 1
σ cwd ,V = = d ( + cot θ )
bw z sin(2θ ) bw z cot θ
Td 1 T 1
σ cwd ,T = = d ( + cot θ )
Ae he sin(2θ ) 2 Ae he cot θ
Nestas expressões, ambos os esforços são tomados em valor absoluto, como no dimensionamento
das armaduras. Na expressão de σ cwd ,V , a distância z entre os banzos comprimido e tracionado
pelo momento fletor pode ser estabelecida como aquele da seção de momento máximo, obtido no
dimensionamento à flexão no ELU. A NBR 6118: 2014 adota, como simplificação, o valor
z = 0,9d , sendo d a altura útil da seção de momento máximo.
A força no banzo inferior (ou mais tracionado), considerando-se as influências dos três esforços
solicitantes, é igual a:
Md 1
Rs , inf = + Vd cot θ + Vdt , inf cot θ
z 2
onde Vdt ,inf é a força cortante na parede inferior proveniente da torção. Seu valor é dado pela
Equação (8), com zi = z2 = b − he para a seção retangular. Logo:
Md 1 T
Rs ,inf = + Vd cot θ + d (b − he ) cot θ (15a)
z 2 2 Ae
No banzo superior (ou comprimido, Rsup = Rc ,sup , ou menos tracionado, Rsup = Rs ,sup ), tem-se:
Md 1 T
Rsup = − + Vd cot θ + d (b − he ) cot θ (15b)
z 2 2 Ae
Estas expressões são válidas nas zonas B (zonas da viga sem mudança brusca de carga, e/ou
geometria e/ou armadura). Nelas, só o momento fletor deve entrar com seu sinal, pois tanto a
força cortante quanto o momento torçor sempre produzem tração longitudinal,
independentemente dos respectivos sinais.
Md 1 T T
− + Vd cot θ + d (b − he ) cot θ ≤ d (b − he ) cot θ
z 2 2 Ae 2 Ae
Ou seja:
1
Md ≥ Vd z cot θ (16)
2
Se esta inequação não se verificar, é mais desfavorável dimensionar a armadura pela Equação
(15b). Notar que as Equações (15a) e (15b) ao permitirem obter as forças nos banzos, determinam
com mais facilidade a interrupção da armadura longitudinal, especialmente a do banzo tracionado,
bastando adicionar na longitudinal o comprimento de ancoragem necessário das barras
interrompidas que compõem o banzo tracionado.
4. Exemplos
Fd=140 kN
h=0,40m
b=0,40m
L=2 m
Fd=140 kN
Como se vê, esta viga tem como esforço solicitante unicamente um momento torçor constante e
igual a Td = Fd b = 140 × 0,40 = 56 kNm .
Logo
Asl As 90 º mm 2
= cot 2 θ = 511× 1,96 = 1001
ue sl m
A armadura longitudinal total no perímetro ue = 1,2 m vale Asl = 1001×1,2 = 1202 mm . Pode-
2
As barras longitudinais devem ser bem ancoradas tanto no engaste quanto na seção onde se
aplica o binário. Além disso, os estribos devem ser fechados, com ganchos dobrados a 135º ,
fazendo, portanto, 45º com os seus ramos.
Note-se que nesta expressão Asw refere-se a dois ramos do estribo, quer dizer,
As 90 354 mm 2
( ) min = = 177 .
s 2 m
Td=55,9 kNm
z1=h-he
2
z2=b-he
z1=z3=0,50 m 1
h=0,60 m
Md=188,1 kNm
Vd=215 kN
3
4
b=0,30 m
z2=z4=0,20 m
Figura 9: (a) Geometria da seção e esforços solicitantes; (b) Decomposição dos esforços
solicitantes
Dados:
A bh 300 × 600
he ≤ = = = 100 mm , e he ≥ 2c1 = 2 × 50 = 100 mm . Logo,
u 2(b + h) 2 × 900
2º Passo: Verificação da segurança do concreto diagonal para a ação simultânea de VSd e TSd .
Ver as Equações (14).
Resistências:
30 30
para a força cortante: f cd 2 = 0,6(1 − ) = 11,31 MPa , e
250 1,4
f 11,31
para o momento torçor: cd 2 = = 9,43 MPa .
1,2 1,2
σ cwd ,V σ cwd ,T
Condição de segurança: + ≤ 1 ou
f cd 2 f cd 2
( )
1,2
2,867 5,6 1
( + ) ≤ 1, donde sin(2θ ) ≥ 0,847, e 2θ ≥ 57,9º ou θ ≥ 29º .
11,31 9,43 sin(2θ )
Como
σ cwd ,V σ cwd ,T 2
+ = 0,293 + 0,686 = 0,978 >
f cd 2 f 3
( cd 2 )
1,2
o espaçamento longitudinal máximo do estribo é limitado ao menor dos dois valores seguintes,
cf. a NBR 6118:2014, item 18.3.3.2:
Se ocorresse o oposto na desigualdade acima (o que é também o caso das regiões de armaduras
transversal e longitudinal mínimas de cortante e torção), seria:
0,6d
max sl = min
300 mm
Na direção paralela ao menor lado, cf. o mesmo item da NBR 6118, limita-se o espaçamento
transversal entre ramos do estribo a:
No exemplo, esta última condição prevalece. Além disso, no caso tem-se efetivamente o
espaçamento transversal entre os ramos do estribo:
st = b − 2c − φt = 300 − 2 × 30 − 10 = 230 mm
Estas condições dos espaçamentos longitudinais entre os estribos e transversais entre os ramos
dos estribos visam manter a uniformidade das tensões de compressão nas diagonais de concreto.
Com isto, no exemplo é possível usar estribos de dois ramos apenas. Ver, no final do exemplo, a
alternativa para quatro ramos.
Armadura transversal (Estribos verticais de dois ramos, ou seja, a área Asw refere-se a dois
ramos):
Armadura transversal:
Armadura longitudinal:
Asl T A mm2
= ( d ) cot θ = ( s 90 º ) cot 2 θ = 371× 3 = 1113
ue 2 Ae f yd s m
Asw Asw As 90 º mm 2
( )V +T = ( )V + 2 × ( )T = 571 + 2 × 371 = 1313
sl sl sl m
A área total de um estribo φ10 , dois ramos, é igual a Asw = 2 × 80 = 160 mm2 , donde o
espaçamento longitudinal:
160
sl = = 0,12 ≅ 0,10 m ≤ max sl = 0,165 m .
1313
A força do banzo inferior decorre da Equação (15a). Dividindo-a pela resistência f yd do aço,
obtém-se a área total da armadura longitudinal nesse banzo.
Td
(b − he ) = 55,9 kN
2 Ae
Md 1 T
Rs ,inf = + Vd cot θ + d (b − he ) cot θ =
z 2 2 Ae
Rs ,inf
Asl ,inf = = 865 + 428 + 223 = 1515 mm 2
f yd
Para esta área bastam 5φ 20 = 1575 mm 2 . A parcela excedente pode ser alocada às duas faces
laterais, donde a área (1575 − 1515) / 2 = 30 mm 2 para cada uma.
A armadura longitudinal total devida à torção vale Asl ,T = 1113 × 1,4 = 1558 mm 2 . Em cada face
maior deve-se ter a parcela:
(b − he ) 0,20
Asl ,T = 1558 = 223 mm 2
ue 1,40
A armadura excedente da face menor também pode ser computada nas faces maiores. Dispondo-
se três barras de diâmetro φl = 12,5 mm na face superior, sobra para cada face maior a área
[3 × 125 − 223] / 2 = 76 mm 2 .
Note-se na Figura 9(b) que a armadura do banzo superior, neste exemplo comprimido, está em
excesso, a favor da segurança com a consideração dos efeitos simultâneos do momento fletor, da
força cortante e do momento torçor, pois:
2 × 80 + 2 × 31,5
sl = = 0,165m ≅ 0,15m < max s = 0,165 m
1354
O leitor poderá refazer a solução para ângulos das diagonais comprimidas sucessivamente iguais
a θ = 35º , 40º , 45º , notando que, em relação ao caso examinado de θ = 30º : (1) o concreto daa
diagonais estará cada vez menos solicitado, (2) o consumo de estribos aumenta e (3) o consumo
de armadura longitudinal diminui.
4.3 A viga caixão da figura, de peso próprio desprezado neste exemplo, é engastada em uma
extremidade e livre na outra. As quatro paredes são armadas transversal e longitudinalmente nas
duas faces. Seu vão é igual a l = 4m . Na ponta do balanço aplica-se a carga Qd = 2025kN na
linha média da parede vertical esquerda. Dadas as resistências dos materiais
e = 0,80m
Qd = 2025kN
z2 = 1,60m
bint = 1,20m
bext = 2,00m
Neste problema a geometria do tubo resistente à torção coincide com a da seção transversal dada,
pois as paredes têm armaduras nas duas faces cada qual. Isto mostra que a linha média do tubo
resistente à torção deve coincidir com o CG das armaduras longitudinal e transversal, pois ambos
os materiais trabalham em conjunto para resistir à torção (e à força cortante).
Com os dados:
obtém-se, em unidades N, mm :
σ cwd ,V Vd 1
=[ (cot θ + )] / f cd 2 = 2025 × 103 × 2,2 /(11,22 × 0,80 × 103 × 1400) = 0,355
f cd 2 Σbw z1 cot θ
σ cwd ,T Td 1
=[ (cot θ + )] /( f cd 2 / 1,2) =
( f cd 2 / 1,2) 2 Ae he ,v cot θ
1620 × 106 × 2,2 /(9,35 × 2 × 2,24 × 106 × 400) = 0,213
Note-se que as paredes horizontais, de espessura igual a he ,h = 0,20m , metade da espessura das
paredes verticais, têm a tensão relativa apenas da torção, igual ao dobro da anterior, ou seja,
2 × 0,213 = 0,42 < 0,57 , e, portanto, não é crítica. Neste cálculo não está considerada a força
cortante nas paredes horizontais que formam os banzos superior e inferior devida à variação das
tensões normais de flexão ao longo do vão, a qual deve ser considerada adicionalmente ao
exposto nesta questão.
(b) Em uma parede vertical, calcular a armadura transversal por força cortante e por torção. Usar
em cada parede estribos de dois ramos φt = 10mm .
Considerando que a força cortante é resistida pelas duas paredes verticais, a cada uma cabe a
parcela 0,5Vd . Lembrando que a armadura transversal da torção é a contida na espessura do tubo
resistente, tem-se:
Td 1620 ×106 mm 2
As 90 / s = = = 0,534
(2 Ae cot θ ) f ywd 2 × 2,24 × 106 ×1,558 × 435 mm
1 mm 2
( Asw / sl )total + As 90 s l = 1,067 + 0,534 = 1,601
2 mm
2 × 80
donde o espaçamento longitudinal dos estribos sl = = 100mm , ou seja,
1,601
Eφ10, c / 10cm, 2 ramos em cada parede vertical. Alternativamente, pode-se considerar a força
cortante total, correspondente às duas paredes verticais, desde que se dobre a armadura transversal
da torção. Mas neste caso tem-se quatro ramos verticais de estribos.
(c) Nas paredes horizontais obter a armadura transversal, usando estribos de dois ramos
φt = 6,3mm .
Do cálculo anterior, As 90 / sl = 0,534 mm2 mm ,
tem-se ou seja,
sl = 2 × 31,5 / 0,534 = 118 ≅ 100mm , Eφ 6,3, c / 10cm, 2 ramos em cada parede horizontal.
z2 z 1
Com M d = −Qd l / 2 , = 2 = obtém-se:
Ae z1 z2 z1
Md T z cot θ M T
Rs ,sup = − + 0,5 Vd cot θ + d 2 = − d + 0,5 Vd cot θ + d cot θ
z1 2 Ae z1 2 z1
0,8 × 1,558
Rs ,sup = 2025[−(−2 / 1,4) + 0,5 × 1,558 + ] = 2892,9 + 1577,5 + 901,4 = 5371,7kN
2 × 1,4
Donde a área
5371,7
As ,sup = = 12349mm 2 ≅ 26φ 25mm
0,435
2892,9
Notar que no engaste, a parcela do momento fletor dobra, e tem-se então = 14φ 25mm
0,435
a mais. Assim, a armadura longitudinal total no engaste resulta igual a 40φ 25mm .
(e) Da mesma forma, obter nas paredes verticais a armadura longitudinal. Usar φl = 10mm .
(f) Considerando que o momento fletor varia de zero ao valor mínimo no engaste, − Qd l , a que
distância da ponta do balanço é nula a força no banzo inferior? A favor da segurança, qual
armadura longitudinal poderia ser adotada nesse banzo?
Notando que no banzo inferior, há compressão somente pelo momento fletor, uma vez que a força
cortante e o momento torçor sempre produzem tração nos banzos, tem-se:
Este resultado mostra que o banzo inferior está tracionado quase em toda a metade da viga
próxima ao balanço, e só fica comprimido daí até o engaste. A favor da segurança, pode-se usar
nesse banzo as parcelas constantes do cortante e do torçor, em toda a viga, ou seja:
26Φ 25
EΦ10 sl = 10cm
4Φ 25 4Φ 25
(h) Consideração do cisalhamento nas paredes horizontais originado pela variação do momento
fletor, ver Buchaim (2007).
MARTI, P. u. a. Autographie Stahlbeton GZ I Und II. Zürich: Institut für Baustatik und
Konstruktion (IBK), 2001(?).