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COLEC GAO ENSINO DA CIENCIA E DA TECNOLOGIA ANALISE COMPLEXA E EQUAGOES DIFERENCIAIS LUIS BARREIRA Luis Py w AN Luis Barreira é Professor Catedratico de Matematica no Instituto Superior Técnico, onde se licenciou Seren ite Rect enone MDa RCE em Meena Fee Oar ia LO, ono ces accent Oe eC Seca co een CRN Cre Ree Rey eon eee eS ea anc ‘em 2008 (outorgado pelo Institut <’Estudis Catalans, Barcelona). f, autor dos livros Lyapunco Exponents and Smooth Eigodic Theory (American Mathematical Society, 2002) ¢ Nonuniform Hyperbotiity (Cambridge University Press, 2007), ambos com Yakov Pesin, ¢ também Stability of Nonaudonomous Diferential Equations (Springer, 2008), ‘com Claudia Valls, ¢ Dimension and Recurrence in Hyperbolic Dynamics (Birkhauser, 2008, pelo qual recebeu 0 prémio Deseo TET mT eee Ree TE eM er eT cece tran rey at Fite nt scene rt ere ce nee Reet Teo aca e ToS ee Coe ca Peer cre ANALISE COMPLEXA E EQUAGOES DIFERENCIAIS L x(t) = e“'x(0) + [ cA \b(s) ds COLECCAO + ENSINO DA CIENCIA E DA TECNOLOGIA TITULOS PUBLICADOS 20 Introdugiio & Quimica Quintica Computacional, Lis Aledcer 21 Quimica Supramolecular: conceitos e perspectivas, Jean-Marie Lehn, 22, Fundamentos de Transferencia de Massa, Mavia Norberta de Pinko, Duarte Miguet Praceres. 23 Fisica Relativista, Mecdnica e Electromagnetismo, Forge Lowreivo, 24 Uma Introdugao as Telecomunicagdes com Mathematica, Carlos Salema. 25 Fungdes de Variével Complexa: Teoria e Aplicacdes, Antinio H. Sides de Abreu. 26 Comunicagdes Audiovisuais: Tecnologias, Normas Aplicagées, Femando Pera, Ed. 27 Engenharia de Processos de Separagio, Féraundo Gomes de Azevedo, Ana Maria Atves 28 Teoria da Relatividade Geral: uma introducio, Aifredo Barbosa Henriques. 29 Ecologia Industrial: Principios ¢ Ferramentas, Paulo Cadete Ferrio. TITULOS A PUBLICAR Relatividade e Fisica Classica: continuidade e ruptura, Antinio Brotas. ANALISE COMPLEXA EEQUAGOES DIFERENCIAIS LU{S BARREIRA Eaitora: IST Press Ditector: Joaquim J. Moura Ramos Colecsio: Ensino da Ciéneia e da Tecnoloyia Coordenador Editorial: F Miguel Dionisio Titulo: Andtise Complexa e Equagdes Diferenciais Autor: Luis Barreira Produgio: Manucla Morais Design: Golpe de Estado — Produgies Criativas, Lda. Revisio de Texto: Luis Filipe Coelho ‘Composigao/Paginagio: Louriofficina, Atelier de Design da Lourinha, Lda. Impressio/Acabamento: Grilica Manuel Barbosa & Filhos, Lda. ISBN: 978-972-8469-87-0 Depésito Legal: 297905 /09 1" Edigao: Setembro 2009 ‘Tiragem: 2000 exemplares Copyright © 2009, Instituto Superior Técnico ANALISE COMPLEXA E. EQUAGOES DIFERENCIAIS PREFACIO I ANALISE COMPLEXA 1 NOGOES BASICAS 1.1 Naimeros complexos 1.2 Forma polar 13. Conjugado 1.4 — Fungdes complexas 15 Exercicios 2 FUNGOES HOLOMORFAS 2.1 Limites e continuidade 2.2 Diferenciabilidade 2.3. Condigao de diferenciabilidade 24 — Caminhos e integrais 2.5 Primitivas 2.6 Indice de um caminho fechado 27 Formula integral de Cauchy 2.8 Integrais e homotopia de caminhos 2.9 Fungées harménicas conjugadas 2.10 Exercicios 31 $2 o 34 35 41 42 43 44 45 46 Gi ba 53 a4 5.5 56 6.1 62 63 64 65 SUCESSOES E SERIES Sucessbes Séties de néimeros complexos Séries de nitmeros reais Convergéncia uniforme Exercicios FUNGOES ANALITICAS Séries de poténcias Zeros Séries de Laurent e singularidades Residuos Fungdes meromorfas Exercicios EQUAGOES DIFERENCIAIS EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS Nogdes basicas Existéncia ¢ unicidade de solugdes Equagdes lineares: caso escalar Equagées lineares: caso geral Calculo de exponenciais de matrizes Exercicios RESOLUGAO DE EQUAGOES DIFERENCIAIS Equagdes exactas Equagies redutiveis a exactas Equagies escalares de ordem superior a 1 ‘Transformada de Laplace Exereicios inDICE 69 u 3 3 al 1 93 104 105 ML 113, 1g 125 127 129) 132 139 141 149) 155 159 161 164 167 175 189 vii | inpice 7 72 73 74 7 76 17 8.1 8.2 83 a4 SERIES DE FOURIER Um exemplo Séries de Fourier Unicidade e ortogonalidade FungGes pares ¢ impares Séries de cosenos ¢ séries de senos Integragao e derivago termo a termo Exercicios EQUAGOES DIFERENCIAIS PARCIAIS Equagio do calor e modificagdes Equagiio de Laplace Equagao das ondas Exercicios BIBLIOGRAFIA INDICE REMISSTVO 193 195 199) 207 213 215 218 221 225 227 236 239 242 245 247 LUIS BARREIRA DEPARTAMENTO DE MATEMATICA INSTITUTO SUPERIOR TECNICO Este livro € uma introdugio a duas grandes areas da matemética: anélise complexa e equa- ges diferenciais. Estudam-se em particular fungdes holomorfas, fungdes analiticas, equagies diferenciais ordinarias, séries de Fourier e aplicagbes a equagdes diferenciais parciais. Estes so tpicos naturais € importantes por exemplo em cursos de Engenharia, Fisica, Economia, Gestdo ¢ naturalmente Matematica. Assumem-se ao longo do livro apenas os conhecimentos basicos de Igebra linear ¢ de céleulo diferencial ¢ integral dados por disciplinas anteriores des- tes cursos, como sejam 0s conceitos de valor proprio e vector proprio, diferenciabilidade em R” ¢ integrabilidade & Riemann. Otexto é dirigido a qualquer aluno que tenha obtido aqueles requisitos ¢ que esteja a frequentar uma disciplina que dé a primeira introducio a andlise complexa, a equagdes diferenciais, ou a ambas as areas. Mas pode também servir para estudo independente. Uma parte importante do livto sio os exemplos frequentes (cerca de quatro em cada cinco paginas), que ilustram detalhadamente os novos conceitos ¢ resultados, e 0s exercfcios no final de cada capitulo, com nivel de dificuldade varidvel ¢ sempre com as respectivas solugées. ‘A génesc do livro teve como ponto de partida a dificuldade que senti em encontrar um texto apropriado na literatura (quer seja ou nao em portugués), que pudesse ser usado numa disciptina de um semestre lectivo, cobrindo simultaneamente andlise complexa e equagdes diferenciais, ¢ que satisfizesse trés requisitos a) Acessibilidade e rigor. Como ja referi, 0 livro assume apenas conhecimentos basicos dados por disciplinas anteriores. Mas tem também o objectivo de servir de texto auto-contido para o estudo de anzlise complexa e equagGes diferenciais. Em alguns textos so por ve- PREFACIO zes evitadas demonstragées, apresentando-se certos resultados como se se tratasse de um receitudrio, com a justificagio de que seriam necessdrios conhecimentos mais avangados, quando por vezes ha alternativas, Enquanto numa sitagao concreta o professor pode, ¢ muito bem, escolher nao dar todos os detalhes, ou mesmo nenhum, de algo que considera apropriado, parece-me desajustado que o material de estudo sofra da mesma escolha. Por exemplo, os alunos interessados poderio fazer uma leitura detalhada, além do que foi leccionado na aula, mesmo que isso nao seja avaliado. Uma caracteristica principal deste texto é que permite todas as opcbes, quer por parte do professor quer por parte do aluno, mantendo a acessibilidade sem comprometer o rigor matemético. Nivel consistente, E muito dificil, sendo impossivel, encontrar textos completamente rigoro- 0s € simultaneamente acessivcis com um nivel consistente da exposicio. Por exemplo, no que diz respeito & existéncia ¢ unicidade de solugdes de equates diferenciais, recorre-se por vezes a t6picos de anilisc fimcional quando estes nao s4o necessdrios € € ainda as- sim possivel dar uma demonstracao breve e completa. Também no que diz respeito & convergéneia das séries de Fourier, a teoria é por vezes apresentada sem qualquer de- monstrago, como se fosse um receituario misterioso, e outras com demasiados tépicos, adicionais (em disciplinas posteriores) que padem causar confustio numa primeira abor- dagem. Uma caracteristica principal deste texto € que tudo ¢ demonstrado, com a tinica excepsio de algumas aplicacées a equacbes diferenciais parciais no Capitulo 8 , mas sem- pre de uma forma tio simples quanto possivel e mantendo um nivel analogo em todos os t6picos estudados. Conteido apropriado, Naturalmente, considero que seria desejavel, para uma formacio mais completa c abrangente, cobrir muitos outros tépicos, destas ¢ de outras areas. Mas isso no se compadece com os planos curriculares de muitos cursos, pelo que me parece im- portante fazer assumidamente uma introdugio rigorosa ao longo de toda a exposicao, naturalmente com uma seleccfio apropriada dos tépicos estudados, Claro que a incluso simultdnea de andlise complexa e equagdes diferenciais num mesmo texto foi também causada pelo contexto particular no Instituto Superior Técnico onde lecciono ha varios anos uma disciplina com este contetido, No entanto, ha uma relagio profunda entre as duas dreas (como entre muitas areas da matemética),¢ tanto quanto possivel tentei tornar esta relagio mais aparente em diversos pontos da exposigao. PREFACIO Este livro é pois apropriado para uma disciplina semestral de andlise complexa e equacoes difercnciais, sinmultaneamente com as caracteristicas de acessiblidade ¢ rigor, nivel consistente, e contetido apropriado, Assumidamente, uma caracteristica principal do texto é também a sua simplicidade, tanto quanto o material o permite sem abdicar das caracteristicas anteriores. E minha opinigio que ha mais vantagens que desvantagens em apresentar a matematica, seja a ‘que nivel for, da forma mais simples possivel, cvitando numa primeira abordagem © que é mais técnico ou detalhado. Propositadamente, nao sio discutidas aplicagdes dos t6picos estudados a outras areas, seja da propria matematica, da fisica, da engenharia ou de outras areas do conhecimento, natural- mente independentemente da sua importancia, Estas aplicagées esto detalhadas em referén- Gas incluidas na bibliografia. Este é assumidamente um livro de matematica que pretende ser acessivel e auto-contido, também com um tamanho controlado € sem comprometer as carac- teristicas ja detalhadas acima. Ora isso nfo seria de todo possivel com a inclusio consistente € rigorosa de diversas aplicagdes. ‘Um agradecimento muito especial é devido & Claudia Valls pelo seu encorajamento e pela sua ajuda fandamental, que determinaram a progressio répida da escrita deste texto. Luis Barreira Barcelona, Abril de 2009 ANALISE GOMPLEXA NOGOES BASICAS | NOGOES BASICAS Introduzimos neste capitulo 0 conjunto dos néimeros complexos, bem como algumas nogdes basicas. Descrevemos nomeadamente a adigio, a multiplicago, as poténcias ¢ as raizes de nGimeros complexos. Introduzimos ainda varias fincées que sio uma extensio natural de outras tantas no caso real, como a exponencial, 0 coseno, 0 seno € 0 logaritmo. 1.1 NUMEROS COMPLEXOS Introduzimos primeito © conjunto dos niimeros complexos como © conjunto dos pares ordena- dos de nimeros reais com determinadas operagies de adiga0 € multiplicagao, Definigao 1.1 O conjunto C dos mimeros camplexos 6 0 conjunto R? dos pares ordenados com as operagies (a,b) + (a',b’) = (a+a',b+0') (1) (a,b) - (a', 6) = (aa’ — bb", ab! + ba’) (1.2) para quaisquer (a, 6), (a’,2/) € R?. Notamos que o produto de miimeros complexos em (1.2) nao é 0 produto interno. Podemos verificar facilmente que as operagdes em (1.1) ¢ (1.2) sio comutativas, isto é, temos (a,b) + (a',b') = (a',b') + (a,b) (a,b) -(a’, b') = (a‘,B/) - (a,b) para quaisquer (a,b), (a’,b/) € R?. Exemplo 1.2 ‘Temos por exemplo (5,4) + G,2) = (8,6) (2,1) - (-1,6) = (2- (-1) —1-6,2-6+1- (-1)) = (-8,11) 6 | xumpros compLexos Para simplicidade da notagao escrevemos sempre (a,0) =a, identificando pois 0 par ordenado (a, 0) € R? com o niimero real a (ver a Figura 1.1), Defini- ‘mos a unidade imagindria por (ver a Figura 1.1) (0,1) Figura 1.1: Nimeros reais e unidade imagindria Proposigao 1.3 Temos i? = -Lea+ib (a,b) para quaisquer a,b € R. Demonstragao. De facto, =(0.1)-(0,1 =(-1,0)= a+ ib=(a,0) + (0,1) - (6,0) = (a,0) + (0,8) = (a,2), como queremos mostrar, a ‘Temos portanto C= {a+ib:a,beR}. Introduzimos agora algumas nogies basicas. Definig&o 1.4 Dado z = a+ ib € C, dizemos que a é a pare real de ze que b &a parte imaginéria de z (ver a Figura 1.2). Escrevemos ainda Re(a+ib)=a © Im(a+ib) Figura 1.2: Parte real ¢ parte imagindria Exemplo 1.5 Se z= 2+ 13 entioRez =2eImz =3. Definig&o 1.6 Dado z € C na forma z= rcosd + irsend, (13) comr > 060 € RB, dizemos quer &o méduls de 2 ¢ que @ é um argumento de 2 (ver a Figura 1.3). 3 | NUMBROS COMPLEXOS Escrevemos ainda Figura 1.3: Médulo, argumento e forma polar Notamos que o niimero real @ em (1.3) nao é tinico. De facto, se (1.3) é satisfeita enti rcos(8-+ 2km) + irsen(8 + 2k) para qualquer k € Z. Podemos demonstrar facilmente o seguinte resultado. Proposicao 1.7 Sez=a+ib © Centao a4 tg (b/a) sea > 0, mf? sea=0eb>0, arg? = (15) te M(b/a) +m sea <0, —n/2 swea=0eb<0, onde tg desigua wma qualquer inoersa da tangent NOGOES BASICAS Segue-se de (1.4) que [Rez] <2] e [mz] <|2|. (1.6) Exemplo 1.8 Se z= 2+ i2V3 entio le] = V2 422-3 = Vib =4 ¢ usando o primeiro ramo em (1.3) obtemos 2V3 8 tg arg2 = tg quando tg! € a inversa da tangente com valores no intervalo | — 2/2, 1/2|. O seguinte resultado é uma consequéncia imediata da Definigao 1.6. Proposigao 1.9 Sz = 29 enlto |24| = |2a| e angen — arg zz = 2k para algum k € Z. 1.2 FORMA POLAR E frequentemente titil escrever os nimeros complexos na forma (1.3) ou ainda na seguinte forma alternativa. Definig&o 1.10 Dado z € C na forma (1.3), com r > Oe 8 € RB, escrevemos z = re. Dizemos que (1.3) é a forma cartesiana de z € que z = re"® € a forma polar de 2. Exemplo 1.11 Se z = 1+ icntio |z| = V2eargz = tg7!1 = 1/4, pelo que a forma polar de z € Viet"/4, Descrevemos agora a multiplicagao e a divisio na forma polar 9 10 | FORMA POLAR Proposig&o 1.12 Sez = rye! ¢25 = ree entto an a 2 Demonstragao. Para o produto, usando (1.3) obtemos z122 = (ri.cos@y + iri sen6,)(r2 cos 62 + irz sen 62) =ryrz(cos®) + isen1)(cosB2 + isen 62) = rir2(cos 6; cos Be — sen 0; sen 2) + aryra(cos 4 sen Be + sen Oy cos 82) = rirg.cos(1 + 02) + iri sen(O + 82) = ryrpellOr+2) Para o quociente, notamos que se w = pe" € tal que w22 = 71 entio segue-se de (1.8) que way = pryclet®) — 7 08h Pela Proposigao 1.9 concluimos que pr2=1 € a+62—0, = 2kr para algum k € Z, de onde vem a pei = TH ll6a-es42hx) _ M1 gi(0s-0) a "2 T2 para 22 # 0, como queremos mostrar . Consideramos agora as poténcias e as raizes, também na forma polar. Para as poténcias, 0 seguinte resultado segue-se imediatamente de (1.7) Proposicao 1.13 Sez = rel ek € Nentdo z* = rkeiX, Consideramos agora as raizes de mtimeros complexos. nogors sAstcas | 1 Proposigao 1.14 Se =re'® ek EN enléo os nimeros complexos w lais que w* = z sto AfegilOIrD/e 5 = 9,1,, -1 (1.9) Demonstragio. Se w = pe! é uma raiz de 2 ento segue-se da Proposigio 1.13 que Koike — ppif ? Pela Proposigao 1.9 vem p* = re ka — 6 = 2j para algum j € Z. Portanto w= poll = rl/ei(@42m9)/4 Os Ginicos valores distintos de e(°+?"5)/® sio obtidos quando j € {0,1,...,k — 1} a Notamos que as raizes em (1.9) esto uniformemente distribuidas sobre a circunferéncia com centro na origem ¢ raio r/t Figura 1.4: Raizes quintas de 1 Exemplo 1.15 As raizes quintas (com k = 5) de 1 sfo (ver a Figura 1.4) A gilor2nI)/5 e281, w 0,1,2,3,4. GoNJUGADO 1.3 CONJUGADO. Introduzimos agora a nogo de conjugado de um néimero complexe. Definig&o 1.16 Dado a+ ib € C, dizemos que Z = a — ib é 0 conjugado de = (ver a Figura 1.5) Figura 1.5: Conjugado Claramente re'® entao z, Notamos também que se Proposigio 1.17 Temos 22 = |2/? para qualquer 2 € C. Demonstragiio. Dado z = re’? temos rere i? como queremos mostrar. Proposig&o 1.18 Tomos 2 = para quaisquer 2,1 € C. NOGOES BASICAS Demonstragio. Se 2=a+ ibew =a +i entio (Fi) +(e Fi) = (Fa) FIO 4H) =(a+a')—i(b4+0) = (aw) + (a -w) =74+U. Por outro lado, se z= re" ew = r'el®’ entio zw = ret?) € portanto rte OD peal como queremos mostrar. = Exemplo 1.19 Consideremos um polinémio ple) = Sage com coeficientes reais a, € IR. 'Temos ah, = a, para cada k e portanto 7) = Dat Goncluimos pois que as raizes naio-reais de p ocorrem em pares de mtimeros complexos conju- gados. Usamos ainda a nogio de conjugado para demonstrar o seguinte resultado. Proposig&o 1.20 Se z,w € C entdo: a) |2|20 o 13 “ PUNGOES COMPLEXAS by [ew z+ el < [21 + fol. Demonstrag&o. A primeira propriedade segue-se imediatamente de (1.4). Para a segunda i Propt ei notamos que se 2 = a+ ibe w = e+ id entio jew)? = ure = 2027 (1.10) Finalmente, jet wl? = (2+ w)(FF) =(2+w)(Z+0) sett w+ wE+ ww \z|? + |wl? + 2Re(zw). Segue-se de (1.6) ¢ (1.10) que Re(z@) < || = = [z|- lel, e portanto J+ w]? < el? + feo? + 2fe]- bo] = (lel + lel)? Obtemos assim a terceira propriedade. a 1.4 FUNGOES COMPLEXAS Consideramos agora fungées de varivel complexa. Dado um conjunto 2 C C, uma funga0 f: QC pode escrever-se na forma (z+ iy) = u(x, y) + iv(z,y) com u(x,y),v(2,y) € R para cada x + iy € 9, Na verdade, uma vez que identificimos com R2, obtemos fungées u,v: 2 — R. nogors wasicas | 15 Definig&o 1.21 Chamamos a fungdo u a parte real de f € fanco v a parte imagindria de f. Exemplo 1.22 Se f(z) = 2? entio Sa tiy) = (et+iy) =2-y +i2zy ce portanto u(e,y) =2ey, Exemplo 1.23 Se f(z) = 2 entio F(a + iy) = @+ ty)? = 2° — Bay? + i82°y — 9°) © portanto u(z,y) =23— Sry? e v(2,y) =307y—y". Introduzimos de seguida varias fungdes complexas. Definic&o 1.24 Definimos a exponencial de 2 = a + iy € C por = e*(cosy + iseny) Exemplo 1.25 Para z= 2+i0 € Rtemos €* (cos0 + isen 0) = e*(1 + i0) ‘ow seja, a exponencial de ntimeros reais coincide com a exponeneial j4 conhecida. Para 2 = i temos ot a otin = "(cosa + isenm) = 1(-1+40) = — Descrevemos agora algumas propriedades da exponencial. 16 | FUNGORS COMPLEXAS Proposicao 1.26 Para quaisquer 2,w € Cok € Z temas: g) et! = ee ele? = ye ¢ (eR =e; ertithe — @# Demonstragao. Se 2 = 1+ iye w= 2! + iy! entio = fete tilyty) ete +2 fcos(y + y/) + sen(y + 9/)) = e%e* [(cosy cosy" — senysen y’) + i(seny cosy! + seny’ cosy)] = e%e* (cosy + iseny)(cosy’ + iseny’) = (cosy +iseny)e (cosy/ + iseny’) Em particular, pelo que I/e* = ==, Obtemos assim a primeira propriedade, Para a segunda notamos que cosy + ie seny # cosy — ie® seny = e (cosy — iseny) = &[cos(—y) + ésen(—y)] = A terceira propriedade segue-se da primeira, por indugio, e para a quarta notamos que eeHOmk — pxtilytthn) *[cos(y + 2kx) + isen(y + 2kn)] =e (cosy + iseny) =e*, ‘como queremos mostrar, Consideramos agora fungées trigonométricas, NOGOES BASIGAS Definig&o 1.27 Definimos 0 coseno e 0 seno de z & C respectivamente por watitet aac cose Eg sone Se. “ 2 - ti Exemplo 1.28 Notamos que se z = 2 +10 € R entio em per 2 cos z osx +isene + cosx —isen) = cose 1 = pjlcosa + isena — cose +isenz) = sence. i Ou seja,0 coseno © 0 seno de um néimero real visto como mimero complexo sio respectivamente ‘© coseno ¢ 0 seno jé conhecidos. Exemplo 1.29 Resolvamos a equagao cos z = 1, ou seja, it pecs 2 Fazendo w = €* obtemos 1/w = e~* portanto 1 wt w ou seja, w? —2w+1= 2km com k € Z. Exemplo 1.30 Para 2 = iy temos ev te 2° “ Em particulary, a fiangao coseno nao ¢ limitada em C, ao contririo do que sucede em R. Mostra- cos(iy) se que a fungio seno também nao ¢ limitada, O seguinte resultado é uma consequéncia imediata da Proposig&o 1.26. ts | rungors comprexas Proposigao 1.31 Para quaisquer 2 € Ce k € Z tenos cos(z + 2km) =cosz ¢ sen(z + 2km) = senz. Definimos também o logaritmo complexo. Definig&o 1.32 Dado z € €\ {0}, definimos o (ealor principal do) lgaritmo por log = log 2| + iargz com arg €] ~ m7] Exemplo 1.33 Para z= —1 + i0 com x > 0 temos log(—) = log|—al + iarg(—x) = log + ix. Para 2 = i temos ogi = log |e] +5 = log + it Exemplo 1.34 Para z = x + iy com # > 0, segue-se de (1.5) que argz = tg} ale 1 onde tg"! € a inversa da tangente com valores no intervalo ] — /2,7/2[ (para que arg 2 esteja em] —x,71). Portanto log 2 = log |2| + iargz y 2 ee = glog(a? +97) + ice eas fungdes u(z,y) = gloala? +92) © ule,¥) sho respectivamente as partes real ¢ imagindria de log 2. Podemos usar o logaritmo para definir poténcias com expoente complexo, Nogoes Bastcas | 19 ‘onde log z é 0 valor principal do logaritmo. ENotamos que 2° = €°%€? = 1 para qualquer z € C\ {0}- Exemplo 1.36 Temos 2 = et bs? = coslog2 + isenlog2. ‘Como log i = i/2, temos Jlogi — yilin/2) — 9-7/2 Temos também. (Cy = e2ttowD a eailoer tin) A propésito, notamos que (= (Capt = (eit)? = (eitesttin)y? = (e*) Isto mostra que em geral as poténcias (2) e 2%" nio coincidem. 1.5 EXERCICIOS LiL Indique as representacdes cartesiana e polar do niimero complexo: a) (+a. by (24+ 44)/(3-1) P+ 20 EXERCICIOS 1.2 Determine o conjugado de 5(2 + i3)*/(2 + 4). 1.3 Determine o conjunto dos pontos (x,y) € I? tais que: a) a+ iy = |x + iy| b) je + iyl < [e+ iy 1] 1.4 Calcule as rafzes quadradas do néimero complexo: a) i. by l-i 6) 2412, 1.5 Verifique que: a) As raizes citbicas de i sao (V3 + i) /2, (—V3 + i)/2¢ =i. b) As raizes quartas dei sao €'7/8, ef57/8, ef87/8 @ @ilia/s, 1.6 Prove que ||2| — ||| < |2 + w| para quaisquer z, w € C. 1.7 Determine 0 conjunto: Ea 43}, a) {2€C: [2] b) {zeC: 1.8 Determine se é injectiva a fungao: a) ef b) 2+z 1.9 Determine se é sobrejectiva a fungao: a) e. b) 1.10 Determine se é bijectiva a fungi: a) 241 b) 1/(lel + 1). NOGOES BASICAS E21 Prove que |z*| < e* para qualquer z € C\ {0}. £2 Determine as partes real e imagindria da fungio: a) iz’ b) 2/z+1/z. 215 Mostre que a) cos? 2 + sen? 2 = 1 b) cos(z + w) = cos z cos w — sen zsen w. o) sen(z + w) = sen zcosw + cos 2 sen w. d) Re(iz) = ImzeIm(iz) = Rez. [14 Determine todas as solugdes da equacao: a) senz = b) cosz =3. 1.15 Classifique cada afirmagio em verdadcira ou falsa: a) log(zw) = log z + logw para quaisquer z,w € C \ {0} 6) Qualquer fungio periédica em C é limitada. d) A cquagdo sen z + cos z = 1 tem solugdes. ©) A fungio e* — 3cos 2 nunca se anula em C. f) A fungao e®* tem zeros. 1.16 Mostre que para quaisquer 2, w € C temos Jze-w?P?+|zet+u 22? + Jul?) LIT Mostre que se 2" =1ez# Lentiol -z4---+2"-1=0, 1.18 Mostre que sen(nz) sen|(n + 1) sen sen(2z) + sen(4r) + +++ sen(2nz) EXERCICIOS sen(nz) cos|(n+ 1)2] cos(22) + cos(dr) + +++ + cos(2ner) = oe ara qualquer n € N. Sugestio: calcule primeiro e!* + ef +--+ + 62” P lq P SOLUGOES 11 a)—44iede™ b)i+izeV2ei"'7 Ql tic V2", 1.2 -83 + 164. 1.3 a) {(x,0):2>0}. b){(x,y) €R?: (+ §)? +y? < §}. 14 a)e*/4 eeiX/4_ by YDet7/F ¢ YeHST/S, cy YBein/* c PBel*/® 17 aR. b{zeCc 1.8 a) Nao é. b) Nao é. 19 a)Naoé. b)E. 1.10 a) Nao é, b) Nao é. 112 a) —22yea?—y?. b) 3a/(x? + y) e —y/(2? +9"). 11d a)z=krcomk eZ. b)z=log(3+2V2) +é2km com k € Z. 1.15 a) Falsa. Bb) Falsa, c) Falsa. ) Verdadeira, ¢) Falsa. ) Falsa. FUNGOES HOLOMORFAS FUNGOES HoLomorras | 25 Introduzimos neste capitulo a nogo de fungao diferencivel, ou funczo holomorfa, a partir da nogio de detivada como limite de uma razdo incremental. Verificamos que a diferenciabilidade ¢ caracterizada por um par de equagdes, as chamadas equagdes de Cauchy-Riemann, Intro- uzimos também a nogio de integral ao longo de um caminho ¢ mostramos que este conceito esta intimamente relacionado com a nogio de fungio holomorfa. Finalmente, introduzimos 2 nogio de indice de um caminho fechado, obtemos a formula integral de Cauchy para uma fang&o holomorfa e discutimos a relacdo entre integrais ¢ homotopias do caminho. 2.1 LIMITES E CONTINUIDADE Seja f: 9 — C uma fungao complexa num conjunto © C C. Escrevemos sempre f(u + iy) = ulz,y) + tv(z,y), onde we v sio fungies reais. Introduzimos primeiro a nogdo de limite. Definigio 2.1 Dizemos que existe o limite de f em zq = 29 + iyo € De que este é dado porw up + ivp se (ule.),v(@sy)) = (uo, %0)- lim (eu) (20.00) esse caso escrevemos lim, f(2) = w. Introduzimos agora a nogo de continuidade. Definigao 2.2 Dizemos que f é continua em 2 € 2se slim £2) = F(@0)- Dizemos também que f € continua em se € continua em todos os pontos de Q. 26 DIFERENCIABILIDADE Exemplo 2.3 temos Para a fiangio f(z) u(y) =2°— ye v(a,y) = 2xy. Como as fungdes we y sio continuas em R?, a fungao f é continua em C. Exemplo 2.4 Mostramos que a fungi f(z) = log z nao é continua em nenhum ponto 2 = —2 + i0 com © > 0. Para w € C no segundo quadrante e fora de R~ temos log w = log jw) + targw comargw € [71/2,a[. Para w € Co tereeiro quadrante ¢ fora deR™ temos a mesma formula mas com argw €]—", 7/2]. Fazendo w — z obtemos respectivamente no segundo ¢ terceiro quadrantes logw —+ loge + ix logw — logx — in Como estas expressdes no sfo iguais, nfo existe o limite da fungo logaritmo em nenhum ponto de R™. Assim, 0 logaritmo nao é continuo em R~. Por outro lado, mostra-se que € continuo em C\ Ry (ver também o Exercicio 2.20). 2.2. DIFERENCIABILIDADE Consideramos agora uma fino f: © — C num conjunto aberto 9c C. Definigao 2.5 Dizemos que f € diferencidcel em zq € Ose existe o limite Heo) = tn £2) 160), eo Z— 2 Chamamos entio a f"(zo) a derivada de f em 20. FuNGOES HoLoMoRFAs | 27 Introduzimos também a nogao de funcao holomorfa. Definigao 2.6 Quando f é diferenciavel em todos os pontos de 9 dizemos que f é holomorfa em Q. Exemplo 2.7 Mostramos que a funcdo f(z) = 2? € holomorfa em C. De facto -2% lim = fg SE Et a gm me zm =e 29) = 229; ¢ portanto (22)! = 22, Mostra-se também que ey para qualquer n. € N (com a convengao de que 0° = 1), Exemplo 2.8 Para a fungao f(2) =, dado h = re’? temos @y Como ¢7? varia com #, nao existe o limite em (2.1) quando r — 0. Assim, a fungao f nao é diferenciavel em nenhum ponto. Exemplo 2.9 Para a funcio f(z) = |z|?, dado h = re'® temos f@+h—f@) _ (@th)\@+h-z h h zh+Zh+hh h zhi oup =Gteek are “0 gt etre” re =e 4 ze rez 28 | pirERENCIABILIDADE quando r — 0. Para 2 # 0, como este limite varia com 6, nao existe a derivada em 2. Por outro lado, F(2) = F(0) z _ PL “a quando z — 0. Portanto, f/(0) = 0. Em particular, f s6 é diferenciavel na origem. As seguintes propriedades obtém-se como em R, pelo que omitimos as demonstragies. Proposigao 2.10 Dadas fingies f,g: 2 —+ C holomorfas em O temas: gy (ftal=f+gs » (fay = f'9+ Fos 9 (S19)! = (S’9 — f9')/9 nos pontos onde g #0; d) (fog) =(F'og)o’ Mostramos de seguida que qualquer funcio diferencidvel é continua. Proposic&o 2.11 Se f 6 diferencivel em 29 entao f & continua em Zo Demonstragao. Para z # 2 temos fi F(2) — Fo) = — 20) operant sim, f2) = Jim [f(2) ~ f€0)] + 4(20) = f'(20)-0+ f(20) = f(20), emacs . Descrevemos agora uma condigao necesséria para a diferenciabilidade num ponto. FUNGOES HoLoMorRras | 29 Teorema 2.12 (Equagdes de Cauchy-Riemann} So f 6 diferancidvel em 2 = 20 + typ entdo Ou _ dv az dy * am (0; ¥o). Além dss, a deioada ¢ dada por Fea) = 2 (ao, y0) +452 90). [Demonstrapia. (Escrrvendo (en) =irt¥b tema Fae ~ 29) = (0+ i) lee 10) +10 ~ w) = [a(x — 20) — O(y ~ yo)] + a(x — 20) + éa(y — yo)] = (zou IG, o=(%, ‘). S(2) ~ f(z0) — f'(0)(2 = 20) = (u(a,y), (2) — (u(@o, Yo), v(ar0, yo)) — (% — 0,y — yo)C- onde © portanto, Para z # 2 temos (2) = f(40) = f'Go)(z = 20) [z= 26] _ £(2)= flea) = S'eo(z= 20) 2-20 z= % lz = 20] 12)- S20) _ yay) 2-0 = (EL — pe) ES none 2=20)_ jamal _lz-20l _ 20l| ~ [eal ~ 2= al” obtemos L(2) = f(20) = fo) —*) _, 4 lz— 20] quando 2 — 29, Isto é 0 mesmo que (u(@,y),0(@, ¥)) = Calo, 20), (Zo. Yo) = (@ = zo1¥= W)C _, 4 I@ = 20,4 = yo) 22) 3) (24) so | pirereNcrapiLipaDe quando (2,4) — (x0, yo), pois lz — 20] = |I(#— 20,4 — vo) |. Segue-se de (2.4) que (u(z,y),v(a,y))* = (u(z0,@0), veo, yo))* = Ce = zoy = wo) _, ° I= 20. —w)l quando (xr,y) — (zo, yo), onde A‘ denota a transposta da matriz A. Segue-se da definigao de diferenciabilidade cm IR? que a fungao F: 2 + R? dada por F(a, y) = (u(x,y), u(y) 2) € diferenciavel em (20, yo) com derivada $2 (#0, wo) cee) (; a) DF (20,40) = (2 a a : fom) G ory) B2(to, 0), Concluimos assim que sto satisfeitas as identidadees em (2.2) : Designamos as equagdes em (2.2) por equacies de Cauchy-Riemann. Exemplo 2.13 Scja F(x + iy) = ulz,y) + iv(x,y) uma fungao holomorfa em C com u(x, y) = 2? — zy — y”. Pelo Teorema 2.12 sabemos que io satisfeitas as equagdes de Cauchy-Riemann, Segue-se de € da primeira equagao em (2.2) que Portanto para alguma fungio C. Derivando obtemos du ov oe 9) =o 99 —G! a—Qy e¢ 2y — C'(«). FuNGOFS HOLOMORFAS | 31 Portanto — 2y = —2y — C(x), ou seja, C"(2) = x. Conchuimos assim que O() = 22/2 +e para algum c € Re 2 Ze v(e,y) =F +22y— Pte Temos entio f(a +iy) 2 2 * ayy?) +i(F +2ry-F 40). Reagrupando os termos obtemos Fle-+ iy) = (a? — y?) + i2ey) + [-a+i(2 -#) tie = 4 il? 9? =e +5[¢ w?) + i2xy] + te 2+ ie sien (145) 2400 Em particular, f"(2) = (2-+a)z. Exemplo 2.14 Mostramos que uma fungio f = u + iv holomorfa em C nao pode ter parte real u(x, y) = x? + y?, Caso contrario, pela primeira equagio de Cauchy-Riemann teriamos Ot oe Oz ~~ Oy ¢ portanto v(z,y) = 2ey + C(x) para alguma fungéo C. Mas pela segunda equagio de Cauchy-Riemann, como av a Hye F=w+C), ae teriamos também 2y = -(2y + C'(2)) ¢ portanto C"(z) = —4y. Mas esta identidade nao pode ser valida para quaisquer x,y € R. Por exemplo, derivando em relagio a y terfamos 0 = —4, 0 que ¢ impossivel, Como ilustragio dos conccitos anteriores, descrevemos de segnida condigées para que uma, fungao holomorfa seja constante, Recordamos primeiro a nogo de conjunto conexo. s2_ | pireRencianiipaDE Definigdo 2.15 Um conjunto 9 ¢ C diz-se desconexo se © = AU B com Ae B niio-vazios tais que Um conjunto 9 C C diz-se conexo se niio & desconexo. Introduzimos também a nocao de componente conexa de um conjunto. Definig&o 2.16 Dado C C, dizemos que um conjunto conexo A C é uma componente conera de Ose qualquer conjunto conexo BC @ que contém A coincide com A. Notamos que se um conjunto © € € é conexo entao ele € a sua tinica componente conexa. Mostramos agora que em abertos conexos as fungdes com derivada zero sfo constantes. Proposigao 2.17 Se f 6 holomorfa rum abertoconexo Oe f’ = 0.em 0 entao f &constante em O. Demonstracio. Por (2.3), temos pelo que, usando também as equagdes de Cauchy-Riemann, au _ Ou _ de dx dy Consideramos agora pontos a + iy ea + iy! em Q tais que o segmento (de recta) que os une esta totalmente contido em ©. Entao, pelo Teorema do valor médio, u(x, y) — ule, y') Healy Sl onde z é algum ponto entre y ¢ y’. Analogamente, ov v(a,y) —o(z,y) = 2 (a, w)y — (2,) —v(z,¥)) = 5 (@w)y—¥/) onde w é algum ponto entre y € y'. Isto mostra que fle +iy) (a+ iy’). (2.6) FUNGOES HOLOMORFAS Mostramos de forma andloga que se + iy’ e a” + iy/ sfio pontos em @ tais que o segmento que os une estd totalmente contido em © entao fle t+iy’) = f(a’ + ty’) 27 Consideramos agora um rectingulo aberto R. com lados horizontais e verticais que esta total- mente contido em 92, Dados # + iy, 2" + iy! € R, 0 ponto x + iy! também esti em R, bem como o segmento vertical entre c+ iy e + iy" eo segmento horizontal entre x + iy’ ea! +iy/ rnotamos que cada um destes segmentos pode reduzit-se a um ponto). Segue-se entto de (2.6) (2.7) que f(x + iy) = fle +i’) = f(a’ + wy’). Isto mostra que f € constante cm R. Consideramos finalmente sucessies Re = (Rn)new de rectingulos como acima tais que Ry = Re Rn 1 Rngi # 9 paran € N. Definimos Un=UU Bo. Raat Notamos que Up é aberto (pois é uma unitio de conjuntos abertos) e que f é constante em Up, pois é constante em cada unio Un? ; Rn. Além disso, o conjunto Up é conexo pela sua propria construgio. Se Ug nao ¢ uma componente conexa entio como @ é aberto existem 2 € Up \ Up, uma sucessio Ry em € N tais que Ry 1S ¢ @ para algum rectingulo SC Qcomo acima centrado no ponto z. Logo, § é elemento de alguma sucesso Rip, pelo que § C Up. Mas por outro lado, $9 (2.\ Un) # ; pois $ esta centrado num ponto da fronteira de Up. Esta contradigo mostra que Up € uma componente conexa de @, ¢ como 2 éconexo coneluimos que Up = 0. Portanto f é constante em 2. . Descrevemos de seguida varias aplicagées da proposi¢ao anterior. Exemplo 2.18 ‘Mostramos que para uma fungio holomorfa f = u + iv num aberto conexo, se u € constante ou v é constante entao f é constante, Se u € constante entio Farin) 33 4 CONDIGAO DE DIPERENCIABILIDADE, € segue-se da Proposigio 2.17 que f é constante. Analogamente, se v é constante entio ; Ou | dv f'{a+iy) oat ae Ov Ov dy Or f é também constante. Exemplo 2.19 ‘Mostramos agora que para uma fungio holomorfa f = u + iv num aberto conexo, se |f| € . constante ent&o f é constante. Notamos primeiro que | f|? = u? +v? é também constante. Se a constante é zero entdo necessariamente u =v = Oe f = u+ iv = 0. Suponhamos agora que a constante é ¢ # 0. Entio u? + v? = ce derivando vem ou av dus, +205, =0 ‘Usando as equagées de Cauchy-Riemann, podemos reescrever conjuntamente estas cas equa- C -)@) ‘Ges na forma Gomo o determinante da matriz. é —(u? + v?) = —c # 0 temos necessariamente du _ dv _4 dx ~ Be ~ € portanto fi Segue-se novamente da Proposigdo 2.17 que f é constante. 2.3. CONDIGAO DE DIFERENCIABILIDADE © exemplo seguinte mostra que para que f seja diferenciavel num ponto zo néio basta que as equuagdes de Cauchy-Riemann sejam satisfeitas nesse ponto. FUNGOES HOLoMORFas | 35 Exemplo 2.20 Mostramos que a fingao f(x + iy) = v/Jey] nao é diferenciével na origem. Dado h=re® = rcos0 + irsend, temos Or send] rd = V|cos sen Bje~. Como esta expressio depende de 6 nao existe o seu limi quando r — 0. Portanto f nao é diferenciavel na origem. Por outro lado u(@,0) — u(0, 0) 2-0 0 au 9g (09) = Lim, Uy oy — yor, WO) — (0,0) 30 a bem como ov av &@,0) = 20,0) =0, Hql020) = Gy (020) = 0 pois v = 0, Assim, as equagdes de Cauchy-Riemann so satisfeitas em (0, 0). Apresentamos de seguida uma condigio necesséria e suficiente para a diferenciabilidade num conjunto aberto. Teorema 2.21 Sciam u,v: 2 — C fagies de classe C num aberto 2 CC. Entao a fiengdo f = w+ iv é holomoyfa em Q see sé se as equagies de Cauchy-Riemann sao satisfeitas em todas os pontos de Q. Demonstrag&o. Pclo Teorema 2.12, se f é holomorfa em Q entio as equagies de Cau- chy-Riemann sao satisfeitas em todos os pontos de 2. ‘Supomos agora que as equacdes de Cauchy-Riemann sio satisfeitas em ©. Isto implica que & g)-C) sR boa 36 | CONDIGAO DE DIFERENGIABILIDADE em cada ponto de {2 (com a e b dependentes do ponto). Por outro lado, como ue v sio de classe C1, a fungio F = (u,v) em (2.5) € diferenciavel em Q. Segue-se também da demons- tragio do Teorema 2.12 que f é diferenciavel em z com f’(zj) = a+ ib see s6 se Fé diferenciével em (to, yo) com DF(oo,10) = (Gow % ca) = (; 2) $520.) $2(e0.4)) \b a Logo, f é diferenciavel em todos os pontos de ©. 7 Exemplo 2.22 Consideremos a exponencial f(z) = €*. Temos u(z,y) =eF cosy e v(z,y) =e7seny, e ambas as fungdes so de classe C! no aberto R?. Como * cosy —e* seny, as equagdes de Cauchy-Riemann sio satisfeitas em R?, Pelo Teorema 2.21 a fungio f € dife- rencidvel em C = RR?. Além disso, segue-se de (2.3) que 12) = OE 4 1M et cosy tie ny =e, x "Ox ou seja, (€?)! =e? Exemplo 2.23, Para 0 coseno ¢ 0 seno temos respectivamente tan (< +e (sen z)! = 08 Z. FUNGOES HoLoMoRFas | 37 Exemplo 2.24 Determinemos agora todos os pontos onde a fungdo F(e-+ iy) = ay + ia é diferenciavel. Temos u(z,y) = v(a,y) = ay. As fungdes u¢-v sao de classe C* em R?. Por outro lado, as equagdes de Cauchy-Riemann eee dz” By © By Or tomam a forma A nica solugdo 6 = y = 0. Pelo Teorema 2.12 sabemos que a fungao f no é diferencivel em nenhum ponto de C \ {0}. Mas como 0 conjunto {0} no é aberto nao podemos aplicar 0 Teorema 2.21 para decidir se f 6 diferenciavel na origem. ‘Temos pois de usar a definigao de derivada, isto é temos de verificar se existe 0 limite de f@+iv)-f(0) _ yd +8) @+iy—0 atiy quando (,y) > (0,0). Segue-se de (1.6) que lel -lylv2 Je + iv] zy(1 +i) a+iy < vic + iy| +0 quando (7,1) — (0,0) ¢ portanto f"(0) = 0. Em particular, f é diferencidvel na origem. Exemplo 2.25 Consideremos agora a fungio f(2) log 2. Segue-se de hoes glogeltiange = ell2l gia Jalen = 2 que log = é a inversa da exponencial. Portanto, se log 2 é diferenciavel em 2 entio (ers 38 | casunnos & INTEGRAIS e segue-se da formula para a derivada da composta na Proposicao 2.10 que een (log 2)! Ou seja, (log2)’ = az = 5 Mostramos agora que log z é diferencidvel (pelo menos) em R+ xR. Para isso usamos a formula 1 logs = 5 log(a? +92) + ig é (2.8) obtida no Exemplo 1.34 para x > 0. Segue-se de (2.8) que Ou_ to fet Oz +y Oy T4+(y/e? Pty a ee Oy +y? Ae 1+ (yf? a+ y? Portanto, pelo Teorema 2.21 a fungio log z € holomorfa em R* x R. 2.4 CAMINHOS E INTEGRAIS Para definir o integral de uma fungao complexa introduzimos primeito a nogo de caminho. Definigao 2.26 Uma fungio continua ¥: [a,8] + © C C diz-se um caminko em 9 ¢ a sua imagem (a, b]) diz-se uma cua em 0 (ver a Figura 2.1). Notamos que uma mesma curva pode ser a imagem de varios caminhos. Definimos agora duas operagdes. A primeira é a inversa de um caminho. Definigao 2.27 Dado um caminho 7: {a, | — 9 definimos 0 caminho ~7: [a,b] + © (ver a Figura 2.2) por (Nt) = a+ b-2), para cada t € [a, 8 FUNGOES HoLoMoRFas | 39 0) (0) a) (a) Figura 2.1: Caminhos e curvas | 0) Cala) i } 4 a) Ho Figura 2.2: Caminhos ye —7 4o | camrsnos & INTEGRAIS A segunda operacio é a soma de caminhos Definic&o 2.28 Dados caminhos 7; : [a;, bj] > 2 para j = 1,2 tais que 71(b1) = 72(a2) definimos o caminho ya +72: [abi +2 — a2] > Q (ver a Figura 2.3) por ee Me sete laybih alt —bi ag) set & [b1,b, +b. — ag], 71 (b1) = y2(a2) ig " alba) (a1) Figura 2.3: Caminho 1 +72 Consideramos ainda as seguintes propriedades. Definig&o 2.29 Um caminho 7: [a, 6] > © diz-se regular se é um caminho C tal que ¥(t) # 0 para qualquer t € [a,b], tomando derivadas laterais nos extremos do intervalo (a, b} Definigao 2.30 Um caminho -y: [a,b] + 0 diz-se seccionalmente regular se existe uma partigao de [a, 6] num niimero finite de subintervalos [a,, bj] tais que cada caminho 7;: [a;,bj] + © definido por g(t) = 1(@) para t € [aj,b,] é regular, tomando derivadas laterais nos extremos do intervalo (a, bj] ‘Temos entaio 0 seguinte resultado, Proposicao 2.31 Sey é seccionalmente regular entao > [ l'Oldt < ve. FuNGOES HoLomoRFas | a1 Demonstragio. Como 7 é seccionalmente regular, a fungio t + |4/(t)| ¢ continua em cada intervalo [43,0] na Definigo 230. Portanto ¢ + |y/(E)| é integravel A Riemann em cada intervalo [ay, bj] ¢ logo também na sua unio [a,b 2 Chamamos a Lo comprimento do caminho + Exemplo 2.32 Sejay: [0,1] + Co caminho dado por 7(¢) = t(1 +4) (ver a Figura 2.4). Temos ' 1,=f rol fi rl [nria=v3 b lta Figura 2.4: Caminho 7 no Exemplo 2.32 Exemplo 2.33 Seja 7: [0,22] + Co caminho dado por y(t) S t= [ole 2x = [Co rat= ann, 0 et (ver a Figura 2.5). ‘Temos [rie | at lcost + ésent| = y/cos®t + sen?é = 1 a CAMINHOS F INTEGRAIS Figura 2.5: Caminho 7 no Exemplo 2.33 Introduzimos agora a nocio de integral. Definic&o 2.34 Scja f: © + Cuma fangio continua e seja7: [a, ] + um caminho seceionalmente regular. Definimos o indegral de f em 7 por fi-f * polayn'cae 5 : = f rerown'olaess [miro@yolan [i [roe ‘Notamos que com as hipéteses da Definigao 2.34 as fungdes tro Relf(r(t))V'(O]_ & t> IM[FO®)7'O] sio integraveis & Riemann em (a,b), pelo que o integral f., f esté bem definido. Escrevemos também. Exemplo 2.35 Calculamos o integral [, Rez dz para os caminhos 71,2: [0,1] > C dados por PCL +i). nlt)=t(1+i e lt) FUNGOES HoLoMoRFAs | 43 ‘Temos ‘ [ rerae= [ Refé(1 + a)] - [1+ 0] at he 1 2 t ati -f t (+)a=F0+9), - 1 f Rezaz= [ Re{t?(1+4)]-(?(1+ a) de I 0 21+ a) dt 1 -[ 2 (1+ i)dé fh tt a =5+i) t lta lo 2 Exemplo 2.36 Caleulamos agora o integral [, Re dz para o caminho 7: [0,27] > C dado por 7(t) = e'*. ‘Temos Re 7(#) = cost ¢ portanto 2m [Reede= | cost ie! dt y 0 ae oft 4 git ete - [ Se lt ly 2 an =f ipeaie = (igre i = ge +1dt (i +i) = GE 1) + 50n-0) = 0+ im =i 2m lo ‘Temos também as seguintes propriedades. Proposic&o 2.37 Se fg: 1 © sao fines continuas ey: [a,b] —> 6 um caminho seccomalmente regular entao: 4) para quaisquer ¢,d € C temos fe ef + dg) efsrafs “4 CAMINHOS F INTEGRAIS y sempre que c: [p,q] —+ C &um caminka secioncdment euler com o(p) = "(b) tos [ i= [ f+ [ ie ra reli ar Demonstragio. Para a segunda propriedade notamos que (-1'() = -7 (a+ 6-8) © portanto : [ J [ivor-v'oau 3 Sih ~fO(a+b~t))7(a+b—t) at Fazendo a mudanga de varivel a +b — t = 8 obtemos Lief “Folay/(a)as --f ” FOL) (0) ds = — fs ‘como queremos mostrat. As outras propriedades resultam imediatamente das definigies. Mencionamos ainda mais duas propriedades. Para a primeira necessitamos da nogdo de cami- tnhos equivalentes. Definigio 2.38 Dois caminhos 7; : [aj,bj] + C para j = 1,2 dizem-se equivalentes se existe uma funcao 9: [az, bo] — [ar, ba] bijectiva e diferenciével com g! > O tal que yw» = 1g. ‘Temos entao o seguinte resultado. Proposigéio 2.39 Sef: O + C é wma fingto continua ¢ 4 € 2 so caminhas em Q seccionalmenteregulares e equivalentes: Leos entao FUNGOES HOLOMORFAS Demonstragao. Temos ‘ [t= [ fontorswae = [ Keneororttemeoae Fazendo a mudanga de varidvel s = g(t) obtemos [ue [ : Flouls))n4() ds = f A como queremos mostrar, Obtemos de seguida uma estimativa para o médulo do integral. Proposigao 2.40 Sef: 0+ C é uma fing continua ey: [a,b] > 2 é um caminko seccionalmente regular entda ; | f tls [vo@n oars typ {\re—oyl te ftp Demonstragao. Escrevendo J, f = re'®, temos fi “Foy Wat. Gomo | f, f| é real, segue-se de (1.6) que ff = [ Re [e~ F(y(t) '(t)] dt i < [ie*soor'ola. Como |e = 1, obtemos |/] < f oWyrwlae . < [ W@lat-sup (VO): fab} = Ly sup {If(v(t)| + # € (a, 5]}, como queremos mostrar, 45 46 PRIMITIVAS Exemplo 2.41 Consideremos o integral f_ 2(z ~ 1) dz para o caminho 7: [0,1] + C dado por 7(t) = 2 [ [2ie®| dt = 2n. lo Como |7(¢)| = 2 para cada t € [0,7], obtemos ‘Temos [s]s trp {le@ D122 € aD} < 2nsup{|z?| + |z|: 2 € (0, 7])} = 2n(4 +2) = 127 Por outro lado, = [ber -10Kv"oae 0 2.5 PRIMITIVAS Para o calculo de integrais ¢ itil conceito de primitiva, Seja f: 0 > C uma fungao. Definigao 2.42 Diz-se que uma funcio F: 2 + C é uma primitioa de f no conjunto Q se F é holomorfa em 2 cF=femQ. ‘Mostramos que em conjuntos conexos todas as primitivas diferem por uma constante. Proposigao 2.43 Se F e G sto primitioas de f mum aberto conexo ©. entto F ~ G é constante an 9. Demonstragao, ‘Temos (F-GY=F'-@’=f-f=0 em ®. Segue-se entdo da Proposicao 2.17 que F — G € constante em . FUNGOES HoLOMoRFAs | 47 As primitivas permitem calcular integrais, da seguinte forma. Proposigao 2.44 Se F € uma primitia de wna fingao continua f 2 —> C no conjunta Oey: [a,b] > 26 um caminko seecionalmente regular entda [5=F60)- FOU). l Demonstrag&o. Scjam [a,j] para j yess com by = 02, by = 03,.-.5bn—1 = ny os subintervalos de [a,b] onde 7 é regular, Notamos que a fungiot ++ f(>(t))9/(t) é continua em cada intervalo [a;, 0j]. Obtemos entao [f= ie ef Foon ae any ->f ” Fete) 7! (t) dt = Da (Foy) (dt aia F (00s) — F(a(a3))] = FO) - FO(@)), como queremos mostrar. s Exemplo 2.45 Consideremos o integral J, (2° + 1) dz onde o caminho +: [0,7] + C é dado por 7(t) = ev Pa Ge) =41, Como afungio F(z) = 24/4 + z é uma primitiva de 2° + Le | [e +1)dz = F(o(n)) - F(0)) 5 “CG Consideramos agora caminhos com 0 mesmo ponto inicial e final. Definigao 2.46 Um caminho 7: [a,] > C diz-se feckado se (a) = 7(b) (ver a Figura 2.6) O seguinte resultado segue-se imediatamente da Proposicao 2.44. as | priurivas Figura 2.6: Caminho fechado Proposigao 2.47 Se f: QC & uma fungao continua com primitioa no conjunto 2 ey: [a,b] + 2 é um caminko seccio- [rs Mostramos de seguida que as fungdes holomorfas tém primitiva. Recordamos que um conjunto nalmente regular fckado entdo CC se diz convexo se para quaisquer 2,w € Qe t € [0,1] temos tz + (1— tw EQ. Teorema 2.48 Se f: © C.é uma fing holomayfa num aberto convexo OC C entao f tem primitiva em Q. Mais geralmente temos o seguinte resultado. ‘Teorema 2.49 Se f: © C & uma fimgao continva mun aber consex0 2 CC e existe p € tal que F & holomorfa om Q\ {p} entao f tem primitioa em O. Demonstragao. Fixamos um ponto a € 9. Para cada z € 9 consideramos o caminho 2: (0,1) + Q dado por y(t) = a+ t(2—a) (lembramos que 2 € convexo). Definimos enti uma fungéo F: 2 C por F@=| fF Me FuNGOES HoLomorras | 49 Mostramos primeiro que F(e+h)- F(2)= [ 4; (2.9) com o caminho a: [0,1] + € dado por a(t) = 2 + th, Isto é 0 mesmo que Pneaset bet LP Joa? =Fe)+ [ s-F(e+h) 0. eth Yeth Figura 2.7: Triangulos Ay, Ag, Age Ay Seja A o triéngulo cuja fronteira é percorrida pelo caminho 7z -+ a + (Yen). Supomos primeiro que p ¢ A. Dividimos o tidngulo A em 4 triangulos, Ai, Ao, Ag e Aa, adicionando segmentos de recta que unem os pontos médios dos lados de A (ver a Figura 2.7), Entéo e Da tuma vez que se anulam os integrais ao longo de lados comuns dos triéngulos 4, pois tém sinal contrério, Notamos que existe i tal que | faa, f| 2 lel/4, ou terfamos ons far] peaBoqur wy) & “1 Td a th 2d td sooniga woo By a Ly sopSuytn so Sop ue opusuMEre oad 9 ont ‘oq Soraey aq “(6°% emMBUY v 209) aoNIPA oMOD dw} anb sope] Sou % a Th sowuod sod sopeuruuarap sojnSuenn sezoprstos wiseq Y ap 2NIDA UM 9 Sd = d opueNy “td v oysodo ope] ou ys donb apepyeaata® ap prod uras opuodns “(g'z eansiy v saa) d ‘8d “td 9 d“%d ‘td 10d sopeuruuarep somBuvin so serapssuo9 somapod Wy ap saonaga so Sd ‘2d ‘Td opuas ‘oLEnUOD ost9 ‘CIDE ACL song wn 9 d anb wo ose> o rezoprstioo wiseq anb soumony “Wy 3 d nb tose sowiodng 72) so9paqeiso anb 09 = f Vf = 9 aonb soumppuos 9 — 2 opuazey no wees | f [ars anb (11-2) 2 (01-2) ap as-anBas ‘wissy wa 2 G/ (02 — 2)(02),f — 2(02)f— vantusud w wor (02 — 2)(02),f — (02) f— ‘opey onno 10g 0 = =P ll — =)(02),f — ownentod ara) aes = “Vegas cove piles —=y(e2)f— (=F —Ce)s) | sowua) opuess quowoUsDYNs U eed “V7 ap opLoUTAduIOD 0 9 VET apuo every = VE 2 (uy ap onuawudu0s 0 owtoD ‘ouanbad amauraitarayns 9 |9z — 2] anb aidwias loz — 2s > |(02 — 2)(02),f — (2) — (2) Souln 9 < 2 pep 47 3 9 ojuod epeD ered “Vy wid wpLOWOJOY, 9 f OUIOD anb wIOBe soUTEON oer (11) y 2p opp eed sopngo F sop wn opuas ([ —u)y sono ou opputos wan epeD (u) a (ora) anb per sojnfiugin ap opssoons eum sorgo wed ‘7 omBuplN a1s9 Wo OluawNSE © anedax sourspog SVALLINDLL | 06 FUNGOES HOLOMORFAS | 51 Po PL Ps Figura 2.8: Caso em que p est num lado de A. Seja agora A’ o triingulo determinado por qi, g2,p. Fazendo q1 — p € g2 — p concluimos que | < Low sup {|f(2)| 12 A’} = 0, aa uma vez. que Loa’ — 0. Mostramos que Fé uma primitiva de f. Temos FEHB APE 902) =F fine seas, a [seas [ sena=sen. Como f € continua, dado ¢ > 0 temos | f(¢) ~ f(z)| < sempre que |¢ — 2| € suficientemente pequeno. Portanto FEAF _ 709 < 1 Aa [u@- 1014] < % - sempre que |h| é suficientemente pequeno (pois |¢ — 2] < |hl). Fazendo = + 0 obtemos Pz) = f(z). . By oF ” am de =a sod vpep 9 quad vam (¢1°z) 10d ‘ossip wapy “3 wa vapunid war f anb GFZ eusoi0ay, op as-anfiag -{g} \ 3 we epowofoy 2. wa eMUEAUOD 9 O= 208 I #298 2z/rus =O copsury 8 “WIS nb (1-4 opduraxgy 0 428) apawy ste sousaI2, I9'% Ordway, (ra) 2) souiaigo 9 = » opurwoy seonsed way 9 ra 4p (v—2)((0—2)2+ 0) fF [-@2 : aod epep 2 f 9p (9)% souras g}°z varioay_ op ogSenstourap BU *L oNUIUD o IE vapruud eum 20 cz ofduroxg 7 ap sons we vasa d anb wo osen 36°z BANE oD td SYALLINIYd | 25 Fungors HoLomorras | 53 seguinte resultado segue-se imediatamente do Teorema 2.49 e da Proposigéo 2.47, ‘Teorema 2.52 (Leorema de Cauchy) Se f : 1+ C é uma fimo continua mum aberio comvero 1 & C e existe p € GL tal que f é holomorfa em Q\ {p} entao [ f=0 ‘para qualquer caminko secconalmente regular fechado em 0. 2.6 INDICE DE UM CAMINHO FECHADO Introduzimos agora a nogio de indice. Definicao 2.53 Dado um camino seccionalmente regular fechado 4: [a,b] + C, definimos o indice de cada ponto z € €\ 7([a,0]) em relagio a 7 por dw Ind, (2) Exemplo 2.54 Seja 7: [0, 2x] + C 0 caminho dado por 7(t) =a + re. Entao are ae [ neat = f idt=1 rel O proximo resultado identifica os valores que o indice pode tomar. Ind, (a) Teorema 2.55 Ssjay: (a, 6] + C um caminko seccionalmente regular fchado e soja Q = C\ (a, 8])- Entao: a) Ind, (2) € Z para cada z € Q; B) a fumgao 2 Ind (z) é constant em cada componente conexa de; o) Indy(z) = 0 para cada z na componente conexa ilimitada de Q. 3t INDICE DE UM GAMINHO FECHADO. Demonstragéio, Definimos uma fungio y: [a,b] + C por snl staat) ¥(s) a8) —2 em cada subintervalo [a,, bj] de [a,b] onde 7 € regular. Entdo (62 e para cada j existe ¢; € C tal que ‘Temos (8) = ls) J = eee = 74s)9(s) _ 9 O@)-2? / els) (8) —2 = para qualquer s € [aj, bj]. Mas como 7 € ¢ sto fungdes continuas, conchuimos que existe © € Ctal que os) _ we) -2° para qualquer s € (a, 6]. Em particular, ols) _ of) it as)—2 yla)—z fa)— ou seja, = 105) 8) = 30 Fazendo s = b, como 7 é fechado obtemos (b) = ; ou seja, eld) = exp f re) at) = exp (2ai Ind, (2) = Q14) a2 Notamos que ere] & oeZ, pois 2 = cos(2na) +i sen(2ra). Segue-se entio de (2.14) que Ind,(z) € Z. FUNGOES HOLOMORFAS | 55 Para a segunda propriedade, notamos primeiro que lInd,(z) — Ind,(w)| Ful (S - =) «| 1 z-w glace |z-w| 1 . EA ae (ima aan (t) € [a,b]} > 0. Concluimos entio que [Ind (2) ~ Ind, (w)| < w oe AA e fazendo w — 2 obtemos Ind, (z) + Indy(2). Q.15) Como 0 indice s6 toma valores inteiros, segue-se da continuidade em (2.15) que a fungao 21+ Ind,(z) é constante em cada componente conexa de Q (notamos que como @ ¢ aberto, cada componente conexa de 2 é um conjunto aberto). Para a itltima propriedade, notamos que 218) {y'(t): t € [a, BI} [= sup{o(@) = t € [a,8]})° se | FORMULA INTEGRAL DE CAUCHY uma vez que h@ - 22 lel- hl sempre que |2|é suficientemente grande. Segue-se de (2-16) que para |2|suficientemente grande temos |Ind,(z)| < 1 € portanto Ind, (2) = 0 pois ja mostrdimos que o indice s6 toma valores inteiros, Segue-se novamente da continuidade em (2.15) que o indice é zero na componente conexa ilimitada de = Exemplo 2.56 Para cada n € N, sejay: [0,22n] + C 0 caminho dado por y(t) = a+ ret, que dan voltas 2 origem no sentido positive. Entio 1 Ind,(a) = 5 awe ~ 2m Jo Segue-se do Teorema 2.55 que : n Ind, (2) = 0 2.7, FORMULA INTEGRAL DE CAUCHY Podemos agora estabelecer a seguinte formula, que em particular garante que uma funglio holomorfa fica univocamente determinada pelos seus valores em caminhos fechados, ‘Teorema 2.57 Sef: % > C é uma fangao holomorfa mum aberto conser QC Ce: [a,b] + 96 um caminko seccionalmente regular fechado ent sleyind,(2) = hf LO dw ni J, wz para qualquer z € 2\,>((a, B)). FUNGOES HOLOMORFAS Demonstrag&o. Consideramos a funcio g: @— C definida por (f(w) — F@))/(w— 2) sew € 2\ {2}. g(w) = fz) sew Esta fungo é continua em 2 ¢ holomorfa em 2 \ {2}. Segue-se do Teorema 2.52 que =f ee s — f(z)2riInd. como queremos mostrar. = Exemplo 2.58 Scja f: € > C uma fungao holomorfa em Ce seja 7: [0,2] + Co caminko dado por a(t) = 2 + re, Entio Ind,(z) = 1 ¢ pelo Teorema 2.57 temos 1 f fw) a= Qn J, w— = Petre!) ett dt Qi Io ret ae =f ferredae 2.8 INTEGRAIS E HOMOTOPIA DE GAMINHOS “Mostramos nesta secgo que o integral de uma fungio holomorfa nao varia com homotopias do caminho. Recordamos primeiro a nogio de hemotopia. Definigao 2.59 Dois caminhos fechados 71,72: [a,] + @ dizem-se homotépicos em © se existe uma fungio continua H: [a,b] x [0, 1] + 9 tal que (wer a Figura 2.10}: a) H(t,0) = 7(t) ¢ H(t,1) = r2(¢) para qualquer # € [a, 5) 58 INTEGRAIS £ HOMOTOPIA DE GAMINHOS yal) = (8) Figura 2.10: Homotopia de caminhos b) H(a,s) = H(b,s) para qualquer s € (0, 1). ‘Temos entao o seguinte resultado. Teorema 2.60 Se f: 2+ © Ema. fengao holomorfa num aberto LC Ce € a sao caminkos seccionalmente regulares Jechados homotépicos em Q.entto (aoe Demonstragiio. Seja H a homotopia entre os caminhos 7, ¢ “72. Notamos que a imagem A = H((a,8] x (0, 1]) € um conjunto compacto (ou seja, A € limitado e fechado) pois H é continua c [a,b] x [0,1] € compacto. Logo, existe r > 0 tal que |z — w| > r para quaisquer 2 € Acw€C\ 0. Além disso, H € uniformemente continua, pelo que existe n € N tal que \H(t,8) - H(t,s!)| Pak © Prks bem como os caminhos aj: [j/n, (j + 1)/n] + C dados por aj (t) = 71(t) ¢ os caminhos 8;: [0,1] > C dados por Bj (t) = Pj+10 + P50 — Pj+10) Novamente pelo Teorema 2.52, como oj + é um caminho fechado na bola B,(pj,9), temos oe para j =0,...,n—1. Logo, f. 2.19) ie aa Por outro lado, segue-se de (2.18) que wou », f ie (2.21) OP in = Notamos que o caminho OP, inclui o segmento (de recta) de pj1,4 @ Pj+i,k41» percorride neste sentido, enquanto OP}+.1,« inclui o mesmo segmento mas percorrido no sentido con- trario, pelo que os termos correspondentes se cancelam na soma em (2.21). Além disso, OP, 60 INTEGRAIS E HOMOTOPIA DE CAMINHOS inclui o segmento de po,i+1 a Mp,t, percorrido neste sentido, enquanto @P, 1, inclui o mesmo segmento mas percorrido no sentido contrério. De facto, como cada caminho t + H(t,s) fechado, temos Pp, 4 Po,k- Coneluimos assim que Po.k+1 © Pn, eee eat ag! para k = 0,1,...,m— 1. O resultado pretendido segue-se entda de (2.19) e (2.20). = ou seja, O seguinte resultado segue-se imediatamente do Teorema 2.60, Teorema 2.61 Se f: © — C é uma fngdo holomorfa num aberto QC C ey € um caminko seccionalmente regular fechado omotipico a wn caminko constante em 2 entto [fro Descrevemos também como o indice varia com homotopias do caminho, Proposigio 2.62 ‘Sejam -y1 € 2 caminkos seecionalmente regulars fechados homotépicos em ©, Entfo para cada z € C\.Q demos Ind, (z) = Ind, (2). Demenstragao, Notamos que a funcio fw) nt w 5 éholomorfa em C \ {z} e portanto em particular em Q. Uma vez que [ f = 2nilnd,, (2) " para j = 1,2, o resultado segue-se do Teorema 2.60. 2 FUNGOES HOLOMORFAS 2.9 FUNGOES HARMONICAS CONJUGADAS Discutimos nesta secgo 0 conceito de fungio harménica conjugada. Recordamos que uma fungio u: @ + C com segundas derivadas num aberto @ C C se diz. harménica em 2 se Au =0, onde o laplaciano An é definido por Definigao 2.63 Dizemos que duas fungdes harménicas u, v: 2 + C no aberto 2 C C so harménicas conjugadas em se we v satisfazem as equagdes de Cauchy-Riemann. Se f = u-+ iv ¢ holomorfa num aberto Q C C com we v de classe C? entiio as equagdes de Cauchy-Ricmann sio satisfeitas ¢ temos eae a Oat en (tO (2 ~ ax? * OF ~ Oe Ge) By \Oy a (a), a a). 2 _ ®ve 4 a ay)” By \ Or) ~ dxdy~ Dydz ~~ Analogamente, Av = 0. Na verdade, pode mostrar-se que Au = Av = 0 mesmo sem supor a yartida que u € v sao de classe C? (ver o Exercicio 4.18). Assim, as partes real ¢ imaginaria de P ® G Pi gu uma fungo holomorfa num aberto so fumgdes harménicas conjugadas nesse aberto. Mostramos de seguida que num conjunto aberto simplesmente conexo uma fungio harménica de classe C? tem sempre uma fungao harménica conjugada, Recordamos primeiro as nogécs de conjunto conexo por arcos € conjunto simplesmente conexo. Definig&o 2.64 Um conjunto @ CC diz-se conexo for arcos se para quaisquer 2,w € Q cxiste um caminho 7: [a,b] + Mcom +(a) = ze 7(b) = w Em particular, um conjunto conexo por arcos € necessariamente conexo. Definig&o 2.65 Dizemos que um conjunto © C C 6 simplesmente conexo se € conexo por arcos e qualquer caminho fechado 7: a,b] > © € homot6pico a um caminho constante em 2. 62 FUNGOES HARMONICAS CONJUGADAS ‘Temos entao o seguinte resultado. Proposicao 2.66 Soja w: 1 + C uma fengao de classe C? num aberto simplesmente conexo 2 CC. Se Au = 0 entdo existe uma finedo v: 2 — C de classe C? com Av = 0 tal que ue v sao harménicas conjugadas, Além disso, a Fangio v é nica a menos de wana constante Demonstragao. Uma vez que 2 é simplesmente conexo e u é de classe C?, segue-se do ‘Teorema de Green que se a € um caminho fechado em 2 sem intersecgdes entdio ou a (du a Ou Lapse see fe (@e) ~ ae a) On ly \Oz\ de) ~ dy\” ae 2.2) = | Audzrdy=0, , onde a imagem de a é a frontcira do aberto limitado U, Isto mostra que dado p € 2, podemos definir uma fungao v: © + C pelo integral de linha Ou ou view) = | Fide + Se ay, (2.23) onde 7: [a,8] + © € um qualquer caminho entre p e (2,y). Mostramos agora que so satis- feitas as equagées de Cauchy-Riemann, Segue-se de (2.22) que av vet hy, ave v) Se = fim ee rs ii lees seen ‘onde o caminho Ym: (0, 1] + R? é dado por n(t) = (w+ thy). Como du, ou ou Lae ae f get t thy )hdt, obtemos a av du ae aim, f Be @ + thy) dt = — 7 uma vez. que a fun¢o —@u/@sr € continua. Mostramos de forma andloga que Ov _ Ou Oy Ox? FUNGOES HOLOMOREAS pelo que sao satisfeitas as equagdes de Cauchy-Riemann. Além disso, v é de classe C? e por- tanto Av = 0. Resta mostrar que v é tinica a menos de uma constante, Pelo Teorema 2.21 a fungio f é holomorfa em ©. Se w outra funcio de classe C? com Aw = O tal que f = u + iw é holomorfa em Q entio utiv—(u+iw) =i(v—w) € também holomorfa. Como 9 é conexo (pois é simplesmente conexo) e i(v — w) tem parte real constante, segue-sc do Exemplo 2.18 que v — w € constante, como queremos mostrar, I resultado seguinte obtem-se de forma andloga. Proposicao 2.67 Sojav: 2 —+ C uma fiengéio de classe C? num aberto simplesmente conexo Q CC. Se Av = 0 entio existe uma fing u: 1 + C de classe C? com Au = 0 tal que we v sdo harménisas conjugadas. Além disso, a fingao w €tinica a menos de uma constante. Demonstragao. Como @ é simplesmente conexo ¢ v é de classe C?, dado p € 2 podemos definir uma fungio u: © — C pelo integral de linha ‘onde 7: [a,b] + © € um qualquer caminho entre pe (x,y). Podemos agora proceder como nna demonstragio da Proposicio 2.66 para mostrar que so satisfeitas as equagdes de Cau- chy-Riemann, . Damos de seguida varios exemplos. Exemplo 2.68 onsideremos a fungio f = u + év com u(e,y) — ry — y? como no Exemplo 2.13. Como u é de classe O? Pu Pu Mu=a8 ap 2 63 oa BXERCICIOS no aberto simplesmente conexo 2 = C, pela Proposicao 2.66 existe uma fungao v de classe C? tal que f = u + iv é holomorfa em C. Usando (2.23) podemos tomar du, | du v(z,y) - [Re Sed = [cet 2upar (er— sa , com 0 caminho 7: (0, 1] + C dado por »(¢) = (te, ty). Obtemos entao : nC f [(éx + Qty) + (2tx — ty)y dt t=1 Lio? 4 Pye 422 2,2 = (5@2 +P yn + Pry — xt y 2 2 He — se 7 tamu > Exemplo 2.69 Consideremos agora a fungio (x,y) = 2? + y? no Exemplo 2.14, Como w é de classe C? ¢ Au =4 #0, fungio undo é a parte real de qualquer funco holomorfa num aberto 9 C C. Exemplo 2.70 Consideremos a fungaio u(x, y) = az? + by com a,b € R. Como u é de classe C? e Au = 2a, para que u possa ser a parte real de uma fungo holomorfa em algum aberto temos necessaria- mente a = 0, Além disso, segue-se da Proposicto 2.66 que se a = 0 entio em cada aberto simplesmente conexo 9 € C existe uma fungo v de classe C? tal que (e+ ty) = ule, y) + iv(e@, y) = by + iv(a,y) holomorfa em ©. Podemos usar as equacdes de Cauchy-Riemann para determinar v. De facto, segue-se da equacio Ju/Ax = Av/Ay que dv/Ay = 0, pelo que v no depende de y. Por outro lado, eu Oz Oy € portanto u(z,y) = br + ¢, come ER. 2.10 EXERCICIOS 2.1. Verifique que as fungdes Re 2, Im z ¢ |z| sao continuas em C, FUNGOES HOLOMORFAS 2 Determine o conjunto onde a fungao 2? + 7 ¢ continua. 2.3 Determine em que pontos € continua a fungao f(2) = (2 + 1) log z. 2.4 Diga para que valores de a,b € Ra funcao w é a parte real de uma fungdo holomorla em €: a) u(x,y) = ax? + 2xy + by?. b) u(a,y) = 0323 — 3ary? ©) ula, y) = ax? + Say — by*. 2.5 Para os valores de a ¢ b encontrados no Exerefcio 2.4 determine uma fungio holomorfa (fem C com parte real u. 2.6 Diga se existe a € R tal que a funcio fla + ty) = ax? + Qoy + (a? €holomorfa em C. 2.7 Determine todas as constantes a, € R tais que a fungao f(a + ty) = ax? + 2xy + by? + ily? — 2) é holomorfa em C. 2.8 Determine o conjunto onde a fungi ¢ diferenciavel: a) f(a + iy) = e¥ (cose + ésenz). b) f(a + ty) = 2?y + tay? 2.9 Determine todas as fungées u: R? + B de classe C7 tais que f(a + iy) = ulz,y) + iu(e,y) € uma fangio holomorfa em C. 2.10 Galeule o integral f (32? + 3) dz onde 0 caminho 7: [a,b] > C satisfaz 7(a) = 3 € n(b) = 243 6s | exercicios 2.11 Calcule o integral f, 22° dz onde ¥: [0,1] —* C é dado por (2) 2.12 Determine uma primitiva da fungio Sw + iy) = 20(1 — y) + ila? + 2y— 97). 2.13 Diga sea fungio f(x + iy) = + iy? tem primitivas em algum aberto, 2.14 Scjau: R? > Ra fncao u(z,y) = * seny. a) Determine v tal que f(x + iy) = u(z,y) + iv(x, y) é holomorfa e f(0) b) Sendo +a circunferéncia com centro na origem ¢ raio 4 percorrida trés vezes no sentido negativo, calcule o integral f) (f(z)/2) dz. 2.15 Mostre que se 7: [0,1] + C € dado por 7(t) = e entéo 2.17 Classifique cada afirmagio em verdadeira ou falsa: a) A fungio f: C + C definida por f(z) = (lz|? — 2)2 € diferenciavel em z b) Existe um caminho regular fechado 7 tal que sen zdz #0. ©) fe dz = 0 para algum caminho 7 cuja imagem é a fronteira de um quadrado. d) Se a fungio holomorfa f tem parte real dry + 2e* seny entio temos necessariae mente f(z) = —2i(e* + 22). ¢) A maior bola aberta centrada na origem onde z” + z € injectiva tem raio 1. 2.18 Mostre que se f ¢ f sio holomorfas em C entio f é constante. 2.19 Para uma fungio f (re) = a(r,6)+ib(r, 8) mostre que as equagdes de Cauchy-Riemann sio equivalentes a FuNgoEs HoLoMoRras | 67 2.20 Mostre que a fiangao log 2 € holomorfa no aberto C\ Rg . Sugestao: use 0 Exercicio 2.19. 2.21 Mostre que se f ¢ 9 sio holomorfas em C com f (0) = 9(20) = 0 ¢ g'(z0) # 0 entao oy £2) _ Seo) sm g(z) — g’(20)" 2.22 Mostre que J, f(2)f’(2)dz € um imaginario puro para qualquer caminho seccional- mente regular fechado -y e qualquer fungio f de classe C1 num aberto que contém a imagem de ¥. 2.23 Mostre que se f: C+ C é uma fumgao continua e limitada entio lim [ Mino tin, f 10) ag =27if0, ba He a onde 0 caminho jp: [0, 2m] + C é dado por 7,(t) = re. 2.24 Seja f: C — C uma fungao holomorfa em C, a) Para o caminho 7: [0,21] — C dado por 7(t) = z+ re'*, mostre que ve Ul 0 quando n — 00. Dizemos que 2 é 0 limite da sucess’o (2n)n € escrevemos lim 2n Introduzimos também a noglo de sucesso de Cauchy Definicao 3.2 Dizemos que (zn)n € uma sucessdo de Cauchy se dado ¢ > 0 existe p € N tal que ee eee ey Mostramos agora que as duas nogdes so equuivalentes. Proposigao 3.3 Una sucesso (2n)m, € camvergente see sé se é uma sucessto de Cauchy. Demonstragio. Se (2n)n ¢ convergente entio lem = Zenl S [en = 2] + [em Logo, se p € N é tal que |2, — 2| < © para n > p, obtemos l@n —zm|<2e para n,m >p. m2 | sucessors Portanto (zn) € uma sucesso de Cauchy. Supomos agora que (én)n é uma sucessio de Cauchy e escrevemos an = tn + iy com nin € R. Como 2 2 2 [en = 2m|? = (@n — 2m)? + (Yn = Yn)?» as sucesses de ntimeros reais (:¢;,)n ¢ (Yn)n SiO também sucessdes de Cauchy. Portanto sio convengentes (sabemos que em Ras sucessies de Cauchy sio exactamente as sucessdes conver- gentes). Sejam agora r= lim, e y= lim yy 08 seus limites. Tomando z = x + iy obtemos lan — 21? = (@n ~ 2)? + (un —y)? = 0 quando n — 00, ou seja, limn-sco Zn = io Exemplo 3.4 Para a sucessio z= Ltin ent temos lis li ee m zm = tim (—— 4,2 nade = tite (na Snel 1 n eee dmsai ttl apd Proposigao 3.5 Se zm = 2m + iy entdo (Zq)n, é convergent se ¢ 56 se (*n)n € (Yn)n sao convergentes. Nesse caso temos im 2n = lim ay +a Tim Yn G6.) Demonstragio, Dado 2 = x + iy, temos Portanto 2 — z se € 86 se TnL © Uns como queremos mostrar. 2 sucessogs stries | 73 3.2 SERIES DE NUMEROS COMPLEXOS Consideramos agora séries D% 4 z de ntimeros complexos. Definigao 3.6 Dizemos que uma série 77 Anjan & convergente € chamamos ao seu limite a soma da série. Caso contrario dizemos que a série & 2m & convergente se a sucesso de somas parciais ()7" divergent Exemplo 3.7 Consideremos a série 7° y 2”, Temos (pois é a soma de uma progressio geométrica). Se |z| < 1enta m+] jz" — 0 quando m — 00 € portanto Assim, a série 7° 9 2" € convergent para |; = ‘A seguinte propriedade permite por vezes estabelecer de forma simples a divergéncia de uma série Proposicao 3.8 Se a série ST 9 2m é convergente entiio 2, —> 0 quando n — 00. Demonstragio, ‘Temos m mal oe n=o en cel = € ambas as sucessies ST" g zn € DG! zn convergem para D% 9 zn quando m — co, pelo que 2m — O-quando m — oo. . 74 | sieizs ne NUMEROS COMPLEXOS Exemplo 3.9 ‘Segue-se da proposico anterior que a séric )_, 2” € divergente para |z| > 1 pois nesse caso =| 21 © 2” no converge para zero. Introduzimos de seguida a nocdo de série absolutamente convergente. Definicao 3.10 Dizemos que a série D729 Zn € absolutamente convergente se a séric dos médulos °° g |Z convergente. Mostramos que as séries absolutamente convergentes so convergentes. Proposig&o 3.11 Sea série Oy 2n é absolutamente convergente entiio é convergente, Demonstragao. Para p > q temos p 4 Doe Doan n=O n=O @.2) Notamos agora que > eal = Como D%. q > 00, Segue-se entao de (3.2) que dado ¢ > 0 temos: > a ands nao | l2nl > Dido nl quando q — co, concluimos que S244; [2a] —+ 0 quando < 2n de ntmeros complexos ¢ escrevemos 2 = En + iYn com ins Yn ER. Proposic&o 3.13 A série 7° %y & convergente see 56 se sto convergentes as series ae Bq & pcg Une Nesse caso temas G3) Demonstragao, ‘Temos Logo, pela Proposicao 3.5, a série — Zn € convergente se € sO se sdio convergentes as séries Do en € Lo yn. A identidade (3.3) segue-se de @.1). . A proposico anterior diz-nos que para efeitos do estudo da convergéncia de séries basta con- siderar séries de néimeros reais. 3.3. SERIES DE NUMEROS REAIS Consideramos agora séries °° 9 sty de mimeros reais. Exemplo 3.14 Consideremos a série Como temos 76 | SiRIES DE NUMEROS REAIS quando m — co. Portanto Lae Ante) Mais geralmente temos o seguinte resultado, Proposicao 3.15, Seq = On — On41 onde (An) py, é uma sucessio comvergente entao San = ane1) = a9 = lim an. G4) = Demonstracao. ‘Temos Yen = ans) = (ao = a1) + (a = a2) +++- + (Om = nga) =) =) — Ginga © que estabelece o resultado pretendido. . As séries da forma em (3.4) designamese habitualmente por séries telescépicas. Consideramos de seguida outro tipo de séries. Exemplo 3.16 ‘Mostramos que a série ee ie é convergente para a > 1 e divergente para a < 1. Para a > 1 basta notar que nat Para a < 1 basta considerar a = 1 pois para quaisquer a < 1 en € N temos aa 0, & convergente se € 56 se a sucessita de somas parciais (Sor majorada. Demonstragdo. Basta notar que uma sucessfio monétona nio-decrescente 6 convergente se ¢ 86 se é majorada. . A proposigao tem a seguinte consequéncia imediata, Proposicao 3.18 Suponkamos que O < apy < Yn paran > 0. 4) Se 774 Ym écomvergente entdo Ng Xn convergente, B) Se Tg tn é divergente entido S>°° Ym & divergente. Como corolrio obtemos por sua vez o seguinte resultado. Proposicao 3.19 Seln,Yn = Oparan > 06 rn/ yn > 0 > 0 entto TO 4 an & comvergente se e $6 8 I 4 Yn é comvergente, Demonstragio. Como r,/y, + @ > 0, existe p € Nal que Ben S p. Ou seja, 2 Tn <2ayn © Yn p. O resultado pretendido segue-se entio da Proposigao 3.18. : Ilustramos de seguida como pode ser usado o critério anterior a SERIES DE NUMEROS REAIS Exemplo 3.20 Gonsideremos a série Sn = re) 7 Ann ed Como n waa! quando n — 00, segue-se da Proposi¢ao 3.19 que a série em (3.5) € convengente se e s6 se € convergente a série 22, 1/n5. Ora sabemos pelo Exemplo 3.16 que esta tiltima converge, pelo que a série em (3.5) também converge. Descrevemos agora mais um critério de convergéncia. Proposig&o 3.21 (Critério da razio) Para a strie 2 ny COM Lp, > OF a) seexiste @ < Lal que tp41/2%n < a para qualquer n suficientemente grande entao re convergent; b) se n41/2tq > 1 para qualquer n sufcientemente grande entto Y 9° oy Xn & divergente. Demonstragiio. Na primeira propriedade temos net SAL, ND No, para algum no € N. Por indugdo obtemos By SA" Ming, NZ Now Portanto 3.6) quando m — 00 ea série 77g En é convergente. ‘Na segunda propricdade temos 2n41 > &q > 0 para qualquer n suficientemente grande. Mas isto implica que &y ndo converge para zero, pelo que a série 75g tn é divergente. . Gomo corolario obtemos o seguinte resultado. GESSOES E SERIES Proposig&o 3.22 (Critério de D'Alembert) Para a sire TN9° 9 &n, com Xy > 0, suponhamos que tq1 En + a) Sea <1 entito 7% 0 ain é convergent, 8) Sex > Lento gn 6 divergente. Exemplo 3.23 Consideremos a série 7°, n/5". Temos n+l n+i1 5" ntl 1 =" = sl n Bett pe Be bn quando n + 00. Segue-se do critério de D'Alembert que a série € convergente. Exemplo 3.24 Consideremos a série 2%, €” /n!. Temos etl gn @4D! nl &@sil ast quando n + 00. Segue-se do critério de D'Alembert que a série é convergente. ‘Deserevemos ainda mais um critério de convergéncia. Proposig&o 3.25 (Critério da raiz) Para a série 2 5 tn, comm Lp, > 0, temas: a) se existe a < L tal que Fm < 0 para qualquer n suficientemente grande entita T°? 9 ay é convergent; 8) se fq > 1 para um niomer infinito de valores de m entdo °°» a & divergent Demonstragiio, Na primeira propriedade temos zn < a” paran > no, para algum no € N. Procedendo como em (3.6) concluimos que a série 7% 9 2n € convergente. Na segunda propriedade temos zn > 1 para um némero infinito de valores de n, pelo que st, ni converge para zero ¢ a série 37° 9 atm & divergente, . ‘Temos também o seguinte corolitio. 79 so | series pe NUMEROS REAIS Proposig&o 3.26 (Critério de Cauchy) Para.a sirie Ty in, com Xn > 0, temas: a) selimsup, a, (/Tn < 1 entdo 7% 4 rn é convergente; B) selim sup, Fa > Lentdo Yo an é divergente. Demonstragao. Para primeira afirmagdo notamos que como lim sup Ym <1, dado > 0 com 8 += <1, existe p € N tal que Vinp. O resultado segue-se ento da primeira afirmago na Proposigao 3.25. Para a segunda afirmaco notamos que existe um ntimero infinito de valores den para os quais {na > 1. O resultado segue-se entao da segunda afirmacio na Proposigdo 3.25. . Exemplo 3.27 Consideremos a série ‘Temos o<1 [stn _ yBEn n quando n — 00, pois {/3-n — 1. De facto temos log IER = PEB*M _, 9 eportanto YF n — 1. Pelo critério de Cauchy a série I (3 + n)/n” € convergente. Exemplo 3.28 Notamos que para uma série 92.9 2q, com ay > 0, se lim sup Ym (8.2) entdo podemos ter convergéncia ou divergéncia. Por exemplo, quando aim = 1/n temos (3.7) com a série SY, 1/n divergente ¢ quando :t,, = 1/n? temos (3.7) com a série T_, 1/n? convergente (ver 0 Exemplo 3.16) sucessozs £ séries | 81 Consideramos agora séries de termos alternadamente positivos e negativos. Proposig&o 3.29 (Critério de Dirichlet) Seatn > Oe tn \,O quando m > 00 entdo a série 7 9(—1)"am é comvergente. Demonstragao. Consideramos a sucesso Sm = S2(-1)"tn. nt Como an \, 0, as sucessbes (S2m)m € (S2m+1)m 840 mondtonas e portanto so convergentes. Supomos agora que Stm 0 © Samer > B quando m — 00. Como Som+1 = Sam — Tam+1 © £2m41 — 0 quando m —+ 09, obtemos c = 8. Como todos os sublimites da sucessio (Syx)m so iguais, a série 77° g(—1)"tq € convergente. = 3.4 CONVERGENCIA UNIFORME Estudamos nesta seosao a nog&o de convergéncia uniforme. Seja (f)n uma sucessio de fan- gies fy: Q—+ C num conjunto Oc C. Definigao 3.30 Dizemos que a sucesso (f,) & unformemente convergete em © se: a) para cada z € 0 existe o limite $02) = fim, Fal) b) para cada e > O existe p € N tal que se n > p enti lfn(2) — Fell 1 quando n — 00, para qualquer 2 € C. Por onto lado, lfn(z) — 1] z/n| 0 tomamos p € N tal que (3.8) é satisfeta para quaisquer n > p ez€f. Entio |F(2) — £(@0)] S|) — fol2)I + fol) — folz0)| + lfo(z0) — F(z0)| <2e+ |fol2) — fo(20)| para quaisquer 2, 2 € 9. Como fy € continua, obtemos IF) — F0)| < 3= sucess0zs eséries | as sempre que |2 — | é suficientemente pequeno. Como ¢ é arbitrario, concluimos que lim f(2) F (20) para qualquer 29 € Qe f é continua em 2. . Mostramos que quando temos convergéncia uniforme o limite comuta com o integral. Proposigao 3.34 Seja (fn)n uma sucesso de fancies continuas que converge uniformemente em Q para wma fingao f. Se 7: [a,b] > 26 um caminko seccionalmente regular entao dig [m= [ [a] < Ly sup {Ifalv®) — F(v@)1 + € a, 6} S Ly sup {Ifn(z) — f@| 22 €Q} +0 Demonstragio. Temos oe quando n — 00, como queremos mostrar. . Consideramos agora a nocio de convergéncia uniforme para séries. Definigdo 3.35 Dizemos que a série de fungdes 2%, fn € unifirmemente convergente em 2.se a sucesso de somas parciais 7" fa converge uniformemente em 9 quando m — co. Apresentamos de seguida um critério para a convergéncia uniforme de séries de fungées. Teorema 3.36 (Gritério de Weierstrass) Dadas fiangies fr: 1 —» C para n € N, se existe constantes dy > O tais que S772, On é convergente e lfn(2)| S an paran ENezeQ entao a série T3°°_, fy éuniformemente convergente an O. a CONVERGENGIA UNIFORME Demonstrag&o. Observamos primeiro que para cada z € Qe p > q temos p 4 p Pa | 2a tal@) — Sal) < DY lm@l< YO a. 9) = = Tin not Como 32; dn & convergente, concluimos que Shy fn(2) é uma sucesszio de Cauchy € portanto existe o limite {= Y pe m1 para cada 2 € 9. Fazendo p — 00 em (3.9) obtemos < Ya n=gtHt ‘ S(2)— 0 ial) = Logo, dado ¢ > O existe q € N tal que cy ms Sime nom amet f(z) — SO fale) a para m > p. Isto mostra que a convergéncia é uniforme. 2 Exemplo 3.37 Consideremos as fungdes fa? © > Cem 9 = {z € C: |2| < 1} dadas por In(2) = 2"/n?. ‘Temos | fn(z)| < 1/n? para z € Qe pelo Exemplo 3.16 a série I, 1/n? € convergente. nel Segue-se ent&o do Teorema 3.36 que a série °° , fy é uniformemente convergente cm 2. Mostramos também que quando temos convergéncia uniforme a série comuta com o integral. Proposigao 3.38 Sef = SO Juma sie de fandes continuas que converge wiformemente om Q endo f continua an O. Além disso, so fr-L fe ‘para qualquer camino seecionalmente regulary em O. sucessors Eseries | a5 Demonstragao. Consideramos a sucessao de funges continuas Gn = > fee i Como ga converge uniformemente para f, segue-se do Teorema 3.33 que f € continua ¢ pela Proposigio 3.34 temos im | gn f 6.10) Por outro lado, © portanto tim, [ m= 92 [ fe 6.1) weedy sal Comparando (8.10) e (3:11), a unicidade do limite dé o resultado pretendido, 7 Finalizamos esta secco com um resultado relativo & derivacao de uma série termo a termo. Proposigao 3.39 Dadas fiangies fy: 2 + C paran € N de classe C* no aberto 2 < C, sea série I, fn é convergente em Qe asirie I~ f', Euniformemente concergente em Dent no conjunto 2. Demonstragao. Sejam Pela Proposicao 3.38 a fimgao é continua. Tomamos agora > € eh € C tais que 0 segmento entre 2 ¢ z +h esta contide em (2. Gonsideramos ainda o caminho 7: [0,1] + C dado por on = 2+ th. Também pela Proposicio 3.38 temos G12) lta +) fale) = Fle +h) - Fle). i 86 EXERCICIOS ‘Mostramos agora que L , ting [ 9=ate 8.13) Basta observar que 2) 5 [9% f toe) — abw)}aw Jao fo ‘Como g é continua obtemos (3.13). Segue-se entio de (3.12) que f'(z) = g() para qualquer © portanto, < tmp (los) — fe +e] ++ 10.1} = sup {|9(2) — o(2 + th)| : ¢ € (0, 1]}. 2 € Q, o que estabelece a identidade no teorema. . 3.5 EXERCICIOS 3.1 Calcule a soma da série: a Deas b) Deg ony, ) Dia U(r? + 2n). od) Da Yin(n + Yn +2)] 3.2 Diga se é convergente ou divergente a série 7% 9 n com xy dado por: a) 1/(n® +2). b) nfvVn8 Fr? +1. o) ¥nt+1— yn. 3.3 Diga se é convergente ou divergente a série 7. fn com rq, dado por: a) 6"/nl. b) n3rfer. ¢} nl/(n3 +4"). sucessOzs £ séries | 87 34 Determine se é convergente, absolutamente convergente ou divergente a série 79 Zn com £p, dado por: a) -Y)"/vn b) (-1)"n/(n3 +4). 3.5, Determine para cada x > 0 0 valor da série fe/@nea) — gt/an—0), nt 3.6 Determine a tal que a série x ant Snel é convergente para x = —5 e divergente para x 3.7 Verifique que é convergente a série SS (1 ey”, a 3.8 Determine se é convergente ou divergente a série: a) 2%, cos(1/n) sen(1/n?). b) 0%, cos[n/(n? + /7)] cosin3 /(n” + 2)]. 3.9 Determine se € convergente ou divergente a série: a) S92, log(1 + 1/n) b) Daa V/logn, 9) Dyea U(mlogn). 4) O25 1/(mlogn loglogn). 3.10 Verifique que a série 37° 5 1/(n-V/ilog® n) é convergente. B11 Seja D2, fa uma série de anges continuas num conjunto K CR”. a) Mostre que se existem constantes @, > 0 tais que S52, ay, é convergente € temos lfn(x)| < dm paran € Nex € K ent&oa série D%; fa é uniformemente convergente em K’. sa | exercicios b) Mostre que se °°, fn € uniformemente convergente em K entio *) fn é continua em ©) Mostre que se as fungies fy siio de classe Cl num aberto K com 7%, fn conver- fay = gente em Ke D%, ff, uniformemente convergente em K entio (SI we, fem K. 3.12 Diga se é convergent ou divergente a série 37° 9 zn com zm dado por: a) eS /ne b) cos(in)/e”. 3.13 Mostre que se 7%, |Zn|, com 2, € C, € convergente entio )* , 22 também é con- vergente, 3.14 Mostre que € uniformemente convergente a sucessio de fangdes: a) fa(z) = e-™* no conjunto Rez > 3. b) fa(2) = 2% no conjunto |z| < 1/2. ©) faz) = 2"/(n? + 2”) no conjunto |2| <1. 3.15 Determine se é uniformemente convergente a sucessio de flungdes: a) fa(2) b) fa(2) =n2" no conjunto |2| < 1/2. 2" no conjunto 3.16 Mostre que converge uniformemente a série: a) Dee b) €-™= no conjunto Rez > 3. 2° nz" no conjunto |2| < 1/3. 3.17 Mostre que a série D2 I/n* converge para Rez > 1 3.18 Mostre que Ce a Sugestdo: calcule o médulo ¢ o argumento de (1 + 2/n)" 3.19 Use o Exercicio 3.18 para mostrar que e+ = ee SUCESSOES & SERIES SOLUGOES 3.1 a)Z. BR dF ad 3.2 a) Convergente, b) Convergente. _c) Divergente. a) Convergente, b) Divergente. ) Divergente. 3.4 a) Convergente, _b) Absolutamente convergente. 35.1 3.6 } 3.8 a) Convergente, _b) Divergente. 3.9 a) Divergente. b)Divergente. c) Divergente. d) Divergente. 3.12 a) Convergente. _b) Divergente. 3.15 a)Naoé. b) B. 89 PUNGOES ANALITICAS ‘Neste capitulo introduzimos a nogio de fungo analitica, como uma func&o representavel por séries de poténcias. Mostramos que as fungdes analiticas so exactamente as fungdes holomor- fas. Introduzimos ainda a nogiio de singularidade, com base nas séries de poténcias positivas negativas, as chamadas séries de Laurent. Finalmente, mostramos como calcular os integrais de uma classe de fungées com singularidades e descrevemos aplicagdes ao célculo de integrais impréprios. 4.1 SERIES DE POTENCIAS Consideramos agora a série @) onde z,a,¢, € C para cada n € NU {0}, com a convengao de que 0° = 1. Dizemos que a série em (4.1) 6 uma série de poténcias centrada em a. Definigao 4.1 Chamamos a R=1/limsup Veal © raio de convergéncia da série em (4-1). Notamos que R também pode tomar 0 valor +00. Exemplo 4.2 O raio de convergéncia da série I y(z — i)"/5" 6 R=1/limsup /1/5" = Exemplo 4.3 O raio de convergéncia da série °°, (2 — 1)" /né R=1/limsup /1/n pois {/T/m — 1 quando n — oo. 93 ot | striss De poréncras Por vezes possivel calcular o raio de convergéncia de outra forma. Proposicao 4.4 Tamos R= lim | (42) Cnet sempre que o limite existe Demonstracio. Seja po limite em (4.2). Dado ¢ > 0, existe p € N tal que (1/e—<)lenl < lensil < (1/e + e)lenl para n > p. Logo, (/e—e)" ep] < lon] < (A/p +e)" Pep, € portanto também Q/e—ep-?/" < Vien para n > p. Fazendon — oo obtemos (/p+e) "eg" Ap—e Slimsup Veal < 1/p +e. Como € é arbitrario, concluimos entao que R = p. . Exemplo 4.5 O raio de convergéncia da série Dg 23" /(4" +n) é et attind R- impo eH an 4 =) im Shee _ 4 Bn 1l+n/4" 3 Exemplo 4.6 O raio de convergéncia da série 79 2" /n! € ao (n+1)! rT asc nl jim (n +1) = +00. Ilustramos agora o caleulo de R com a formula R=1/limsup Vin. FuNgOES aNnatiticas | 95 ‘Temos nl=n(n—1)---2-122"7, nbd, nl=n(n—1)+++3-2-123"7, n>3, = U)e (R121 SRE nah Portanto Val > VET quando n — 00. Como k é arbitrério, concluimos que ¥/n! + +00 quando n — 09. Portanto R= too, Exemplo 4.7 raio de convergéncia da série 2% ,[2+ (—1)"|(z— 4)" é R=1/limsup Y2+ 1)" = Neste caso nao existe o limite em (4.2), pelo que nfo podemos usar a Proposigao 4.4. De facto, cast _2-(-1)" _ f1/8 senépar, te DECIR 3 sen éimpar. proximo resultado discute a convergéncia das séries de poténcias. Denotamos a bola aberta com centro em @ € Ce raio r > 0 por (ver a Figura 4.1) B,(a) = {2€C:|z—a| O existe p € N tal que Viel< t+. "OR para n > p. Portanto Lis =p Ser < Rentio, tomando ¢ suficientemente pequeno, temos (Frnt © a série de poténcias em (4.1) ¢ absolutamente convergente. Isto estabelece a primeira propri- cdade. ~a)"| 5 G +e) - nop Para a segunda propriedade, notamos que dado ¢ > O existe uma sucesso de néimeros naturais In 7 00 tal que k 1 Tee, | > R | > Rentio, tomando ¢ suficientemente pequeno, temos lek (z — a)k|4/Fe G -2) |z—a|>1. Portanto, se Fungozs anaLiticas | 97 Logo, a série em (4.1) é divengente. Finalmente, procedendo como na primeira propriedade, se p = (1/R + €)r < Lento om para m > p. Isto mostra que a convergéncia € uniforme, . Exemplo 4.9 Consideremos a série °° 2"/n. O raio de convergéncia € R=1/limsup V1/n Portanto a série é absolutamente convergente para |2| <1, divergente para |2| > 1 ¢ unifor- memente convergente em cada bola B-(0) com r < 1 Para os pontos com médulo |z| = 1 pode haver convergéncia ou divergéncia. Por exemplo, para La série é divergente ¢ para 2 = —1 € convergente. Nao iremos deserever nenhum método geral para estudar 0 que sucede na fronteira da regiao de convergéncia das séries de poténcias Introduzimos agora a nogio de Fungo analitica. Definig&o 4.10 Diz-se que uma fungao f: + C é analitica num aberto © C C se para cada bola By (a) ¢ © existe uma série de poténcias D> 9 en (z — a)” que converge para f(z) para qualquer 2 € By(a). Exemplo 4.11 ‘A fungio f(z) = 1/(z — 1) é analitica em C \ {1}. De facto, dado a € C\ {1} podemos eserever 1 A L 1 I ‘Mostramos que as fimgdes analiticas so de classe Ce portanto, em particular, so holomorfas. 98 SERIES DE POTENCIAS ‘Teorema 4.12 Se f: &— Cé analitica entao f é de classe C™ e todas as suas derivadas f *) sito analiticas em O, com fH) ae ay* (43) para EN ez € B,(a) CO. Além disso temos Ck) met aay ke NU {0}. 44) Demonstragao, Notamos que basta mostrar que (4.3) é s feita para k = 1, De facto, para k > La identidade (4.3) obtém-se entao por indugio. Além disso, fazendo z = a em (4.3) obtemos f(a) = ku amy = Hee que da (4.4). Finalmente, como | =limsup Yn(n— 1) (RF Deal =limsup Vjenl, o aio de convergéncia da série de poténcias em (4.3) coincide com o raio de convergéncia da série de f em (4.1). Mostramos agora que (4.3) € satisfeita para k = 1. Seja 92) = » ne,(z—a)"-} =i Para w = z+ h temos fw) = Sle) wea") Notamos que o primeito termo da série (para n = 1) é zero. Por outro lado, podemos mostrar por indugao que para n > 2 é satiseita a identidade (w= ay" = (@~ a)" - “ SE = nlz =a) = Shwe)" ea) (4.5) rungoxs anatiticas | 99 De facto, para n = 2 temos (w— 2)(w+2~2a) (or eF na (gg) = Was te— 9) _(e_a) =h, Além disso, supondo que (4.5) é satisfeita para um dado n obtemos (waar (em aye Ne=a)® = (w= af — a)" = (20+ (=I) _ Yip aye = (wa) (ae ane a) + (w—a)n(z—a)""! + (z — a)" - (n+1)(z-4)" =(w— ah kw —a)-*-1(z — a)*? + n(w — a)(z — a"? —n(z - a)" ei = WS kway" FT (y — @)*-1 4 n(w—a—z+a)(z—a)"* i = AST bw = a)HF1Gs = alt, = ‘o que demonstra a identidade (4.5). Para 2,w € B,(a), segue-se de (4.5) que [Moe HO oc] < Sop [HE co et DSI lenl 2 Renate = am (4.6) < lhl > lenin"? ee at a = PAY fool Dee at Como limsup { © B,(a) C9, temos 1 x << = — Tim sup,,_... Yen] limsup,,_,., V/len|n(n — 1)/2 too | sérres DE POTENCIAS Assim, a iiltima série em (4.6) ¢ convergente. Fazendo h — 0 obtemos entio, fleth)-f@) lim 7. g(2), 0 como queremos mostrar. . Exemplo 4.13 Usando a formula para os coeficientes em (44) obtemos, por exemplo, lei, (4.7) oo, ged, Na verdade, as formulas em (4.7) para €7, sen 2 € cos 2 so as definigées usuais destas fungdes (mesmo em R). Exemplo 4.14 Usando a série para o seno em (4.7) obtemos para z #0, Como as fungies analiticas (como a série no lado direito de (4.8)) sto diferenciaveis ¢ portanto sao também continuas, obtemos (=) oan Da Qe => ‘com a convengio de que 0° = 1. Analogamente, usando a série para o coseno em (4.7) obtemos senz zo 2 =1 Sy a geral, > es nt para 2 # Oc portanto cosz—1 1 rungoes anatiticas | 101 Como ja referimos, 0 Teorema 4.12 mostra cm particular que as fungGes analiticas sao holo- morfas. Mostramos de seguida que as fungées holomorfas sto analiticas. Teorema 4.15 Se f: 0+ CE holomarfa num aberta 2 CC entéo Fé analitic. Demonstragéio. Dados a € Qer > 0 tais que B,(a) C ®, consideramos a restrigfio de f Abola B,(a), que é um aberto convexo. Consideramos também o caminho 7s: [0,2x] + C dado por q(t) = 2 + se'*, com 8 O tal que sup {|f(y(t))| + € (0, 2n]} < L. Segue-se entiio de (4.11) que 7 L irais%—o quando r + 00 € f'(2) = 0 para qualquer z € C. Pela Proposisio 2.17 concluimos que f é constante. . Estabelecemos agora o Teorema fundamental da algebra como consequéncia do Teorema 4.18 Teorema 4.19 (Teorema fundamental da Algebra) Qualuer polindmio P(2) com coefcientes em C tem zeros em C. _____eS<37vm7 rungoes anatiticas | 103 Demonstragio. Procedemos por contradigio. Se P(2) nao tivese zeros em C entéo f(z) = 1/P(2) seria uma fungo holomorfa em C, Eserevemos agora Plz) = 2" +ay_12") $+ Faz +a, onde a9, a,...;@,—-1 € Cen EN, Fazendor 2| obtemos |P(2)| 2 lel" — |an—a2"1 +--+ az + ao Br" — (lan—alr"? +--+ Jarl + laol) =r = Jana = += |a1| = |aa|) — +00 quando r — oo. Isto mostra que a funcao f é limitada, Segue-se entdio do Teorema 4.18 que f €constante, 0 que é falso, pelo que P tem necessariamente zeros em C. . ‘Mostramos ainda, como aplicagao do Teorema 4.16, que o limite uniforme de fungées holo- morfas é uma fungio holomorfa. ‘Teorema 4.20 Soja (Jn )n uma sucessio de fingdes holomorfas que converge uniformemente mum aberto 2 < C. Entdo a func lite f é holomanfa em 2. Demonstragéo, Para cada a € 2, tomamos r > 0 tal que B,(a) C 9. Como cada fungao fr € holomorfa, pelo Teorema 2.52 temos [ue para qualquer caminho seccionalmente regular fechado 7 na bola B, (a). Pela Proposigéo 3.34 [tam [m= Procedendo como na demonstragio do Teorema 2.49 podemos mostrar que f tem a primi- obtemos entio tiva F em (2.12) na bola B,(a). Ou seja, f € a derivada de uma fimgao holomorfa em B,(a). Como as fungées holomorfas sao analiticas, f € a derivada de uma fungo analitica € portanto € também analitica. Finalmente, como as fungdes analiticas so holomorfas concluimos que f éholomorfa. . ios | zeros. 4.2. ZEROS Mostramos nesta seecio que os zeros das funges analliticas ndo-nulas sao isolados. Teorema 4.21 Soja f: 1+ C uma fuego analitica ndo-mula num aberto conexo 2 € C. Entdo {z € 2: f(z) =O} é tun conjunto de pontos isolados. Demonstragao. Suponhamos que o conjunto A= {z60:/M@ O param € NU {0}} é ndo-vazio. Dado z € AND, existe uma sucesso (q)n em A convergente para 2. Observamos agora que pelo Teorema 4.12 a fungio f € C™ em &c portanto L(2) = Bim, f'n) param € NU {0}. Isto mostra que z € A, ou scja, Ang (4.12) Por outro lado, dado a € A, tomemos r > O tal que B,(a) C ©. Como f é analitica temos Logo, Br(a) C Ac portanto A é aberto, Assim, se A # Mentio Ae 2\ A sio conjuntos ndo-vazios com, Q=AUO\ A), tais que An(Q\ 4) = (409) \ (An A)=e (por (4.12) An®\d=., pois A é aberto, Mais isto é impossivel, pois ® é conexo. Logo, A= 2. FUNGOES ANaLiticas | 105 Dado a € 2 com f(a cemos 0 tomamos agora r > 0 tal que Bp(a) ¢ 2. Como f é analitica f@= Spatenay 2€ B,(a) (4.13) =o para algumas constantes ¢, € C. Como A = @, existe n € NU {0} tal que cy # 0 em (4.13). Sejam o menor inteiro nestas condigdes. Ento ¢, F(2)= n(z — a)" = (z —@)9(z) para 2 € B,(a), onde 92) = Yo ene - ayn. Como g é analitica, pelo Teorema 4.12 é também continua. Logo, como g(a) = cm # 0, existe s 0 tal que f é holomorfa em B,(a) \ {a} (pois 9 € aberto). Neste caso, ¢ mais geralmente para fungdes holomorfas num anel (ver a Figura 4.2), podemos mostrar que f € dada por uma série de poténcias positivas ¢ negativas. Figura 4.2: Anel {2 € Cir < |z al r. Segue-se de (#18) que h est bem definida, pelo que ¢ holomorfa em C. Além disso, como a segunda série em (4.18) no tem termo de ordem zero, temos h(2) —» 0 quando |2| = oo. Isto mostra que h € limitada, pelo que resulta do Teorema 4.18 que h € constante. Logo, h = 0 pois h(z) + 0 quando |z| + 0. Segue-se entio de (4.18) que aby =O para n>0 ban n=O para n>1, ‘0 que estabelece a unicidade das constantes em (4.16). . Chamamos a série em (4.16) uma série de Laurent Exemplo 4.29 Gonsideremos a fungio 1 ae- que € holomorfa em C \ {0,1}. Noanel {z € C : 0 < |z| < 1} podemos escrever Iss ”™ " ape we: (4.19) 10 SERIES DE LAURENT B SINGULARIDADES enquanto no anel {2 € C: 1 < |z| < co} = {2 € C: |z| > 1} podemos escrever Pela unicidade dos coeficientes no Teorema 4.28 estas sio necessariamente as séries de Laurent da fimo f em cada um dos anéis, ‘Tomando r = 0 no Teorema 4.28 concluimos que uma fungio holomorfa no anel {2€C:0<|z-al 0) tem repre~ sentagao (tinica) em série de Laurent. Usamos esta propriedade na definigdo seguinte Definigio 4.30 Se a é uma singularidade isolada de f os niimeros cn para n € Z, so os coelicientes na série de Laurent em (4.16) dizemos que: a) a € uma singularidade removtvel se cn = 0 para n <0; b) @éum pio de ordem m EN sc Cm #0€ cy =0 paran <—m; ©) a é uma singularidade essencial se cy, # 0 para um ntimero infinito de valores negativos de n. Exemplo 4.31 Segue-se do Exemplo 4.26 qu 0 € uma singularidade removivel da fungo sen 2/2 Exemplo 4.32 Para a fungio segue-se de (4.19) que z = 0 é um pélo de ordem 1. Temos também 1 1 =1 1+@-1) e-yr=O-ye— yet = f(2) € portanto z = 1 é um pélo de ordem 1. Fungors anaLiticas | 111 Mais geralmente, mostra-se que se ay)" +++ (2 = a4)" bm bm com os k +1 niimeros a; ¢ b; distintos entre sie com expoentes nj,m, € N entio cada ponto 2 = by um péllo de ordem mm; Exemplo 4.33 A fungio f(z) = €!/? tem uma singularidade essencial em = 0. De facto ere a(2y (4.20) ea série de Laurent tem um mimero infinito de poténcias negativas. 44 RESIDUOS No sentido de podermos calcular de forma expedita muitos integrais de fungies niio-holomorlas sobre caminhos fechados, introduzimos agora a nogo de residuo de uma singularidade isolada. Definig&o 4.34 Se a é uma singularidade isolada de f entio o niimero Res(f,a) = mae f onde 0 caminho 7: [0,2] + € € dado por >(t) = a + re* com r arbitrariamente pequeno, chama-se residuo de f em a. O residuo pode calcular-se da seguinte forma, Proposigio 4.35 Se a é uma singularidade isolada de f enti Res(f,a) = c_y, onde c_1 é 0 coeficiente do termo de grau —1 na série de Laurent em (4.16). 12 RESIDUOS. Demonstrag&o. De forma andloga a da demonstragao do Teorema 4.8, mostra-se que a série de Laurent em (4.16) converge uniformemente no conjunto {z€C:m<|z-al< po sempre que pi € py Sao tais que 0 < pi < po < R (ver (4.15)). Segue-se entio da Proposi- ‘ho 3.38 que Res(f,a) = malt =m [Dae are arent reef (2-a)" dz, ] + C dado por 7(t) = a + pe*t com p €]pr, pal (notamos que os com 0 caminho 7: [0,2 integrais nfo dependem de p). Para n # —1 temos n(an) (4.21) Portanto como queremos mostrar 8 Exemplo 4.36 Determinamos o residuo da fangio z z fO- Ty 3- GGT) no pélo 2 = i. Temos |e Ne Ley FUNGOES anaLiticas | 115 Portanto x = i é um pélo de ordem 1 com Res(f,i) = 1/2. “Mais geralmente temos o seguinte resultado. Proposi¢io 4.37 ‘Se a é um pélo de ordem m de f entéo Res(f,a) = kim lle - ay sayin. Demonstragio. Se $2) = YD ealz ay" entio (2 =a)" f(z) = com + ¢-mai(z— a) +++ e [(2-a)" F(z] = (mle +, © que do resultado pretendido. 5 Exemplo 4.38 Para.a fungao f do Exemplo 4.36 temos Exemplo 4.39 Para a fungao f(2) = e!* obtivemos a séric de Laurent em (4.20). Segue-se da Proposigio 4.35 que Res(f,0) = 1, 4.5 FUNGOES MEROMORFAS Introduzimos agora a nogao de fiungo meromorfa. 14 | pUNGOES MEROMORFAS Definigao 4.40 Dizemos que uma funcdo f ¢ mewmorfa num aberto 9.C C se existe AC tal que: a) f éholomorfaem 2\ A; b) f tem um polo em cada ponto de As ©) Anio tem pontos de acumulagio em Q. [As fungGes holomorfas so um caso particular das fungdes meromorfas (correspondem a tomar A= @ na Definigio 4.4 Exemplo 4.41 ‘Segue-se do Exemplo 4.32 que a fungio f(z) 1/(z?—2) tem apenas as singularidades = = 0 que sao polos. Logo, f é uma fungio meromorfa. Mais geralmente mostra-se que se f(2) = P(z)/Q(2) com P e Q polinémios entao f é mero- morfa, seguinte resultado permite calcular o integral de uma fungio meromorfa num caminho fe- chado. Teorema 4.42 (Teorema dos residuos) ‘Se f &meromorfa num aberto simplesmente conexo QC C ey é um caminko seccionalmente regular fechado em Q\ A entéo ; wa [f= SBalhedtod(o, onde A C260 conjunto dos pélos de f. Demonstragao. Como a imagem de + esta contida num compacto ¢ A no tem pontos de acumulagio em 22, 0 conjunto B= {ae A:Ind,(a) £0} é finito (pois um subconjunto infinito de um compacto tem sempre pontos de acumulagao). Seja agora P, a soma das poténcias negativas da série de Laurent de f no anel {zeC€:0<|z-a| Cer: [0,1] + C dados respectivamente por (ver a Figura 4.4) malt) =t e n(t)=Re® Para R > 1 temos Ind, (i) = 1 ¢ Ind,(—i) = 0. Portanto, se f(z) = 1/(1 + 2?) entio [sonnet t.9 Ind,(@) = 2nd, (4.23) pois Por outro lado, Como FuNGOES anaLiticas | 117 para |2| > 1, obtemos | [ iis quando R — oo. Portanto [i [Prous [5-2 [08 quando R > 00. Segue-se entao de (4.23) que f de 7 1+2? a préximo exemplo é usado mais A frente no estudo da transformada de Laplace. Figura 4.5: Caminho y= +72 +73 +%4 Exemplo 4.45 Consideremos o integral sen de, b = Dados r,R > 0. comr < R, consideramos o caminho (ver a Figura 4.5) yantrntnaty ie | PUNGORS MEROMORFAS onde 1: [7 R] + ©, 72: [0,4] + C, 82 [-R, ] n®=t vw) =e, wi) =t © wlt)=re — Ce: [0,1] + C sao dados por Pelo Teorema 4.42, temos J. f = 0 paraa fungio f= ‘Temos também. (4.24) Notamos agora que pela Proposigio 2.40, LA IE |f( Re") Rie" | dt lo or 2 a4 fl ermtatn [Peneta 2 Jo af 1—me-P2 s TR dt = «fe eM quando R — +00, pois sent > 2t/ para t € [0,7/2] (basta comparar os graficos de sent 2t/n), Além disso, como z = 0é uma singularidade removivel de (e* — 1)/2, temos M £m} para r < Le portanto sft dz Sor an{ Logo, fazendo R + +oo er — 0 em (4.24) obtemos * sen © ee dx = — ir =". l= R 2 FunGOEs anatiticas | 119 A propésito, notamos que sent z dg = +00. rc De facto, temos sena = sena L : de Se aren a fat 4.6 EXERCICIOS 4.1 Desenvolva a fungao em série de poténcias em torno de zero, indicando 0 raio de con- vergéncia: a) f(z) =1/(1 +22). b) f(z) =1/(1- 2). ) F(z) = cos(z! 4.2 Desenvolva a funcao em série de poténcias, indicando o raio de convergéncia: a) f(z) =1/zem torno dea = b) f(z) = 2/{(2- 1)(2 — 3)] em torno de a 0) f(2) = emtomo dea =1 4.3 Determine o raio de convergéncia da série: a) Drea l2/n)". b) Drea(ne)” 9 Dano 2" @) Deol — N"/(n® + 2) 4.4 Seja u: R? + Ra fungao u(r,y) =e cosx + y(x — 1), a) Determine v tal que J (#-+ iy) 1) + tv(a,y) éholomorfa com (0) 120 | exErcicios b) Sendo 7a circunferéncia com centro na origem e raio 2 percorrida duas vezes no sentido positivo, calcule o integral f., f(2)/(z — dz. 4.5. Determine ¢ classifique as singularidades da fungio e indique 0 raio de convergéncia da sua série de poténcias em torno do ponto a: a) 1/(22 +1), b) 2?/(2? 2), Oe /(2-2),a=0. 4.6 Classifique a singularidade da fangao na origem: a) (cosz —1)/2. b) zcos(1/z). ©) 1/(1-e?). d) 1f/z—1/senz. ©) 1/(z—senz). 4.7 Determine o limite da fungi quando z — 0: a) log(1 — z)/z. b) (2? = 1)/z. o) ( —e*)/z. 4.8 Obtenha as séries de Laurent das fungdes senz 1 f@) =F © o@)=5 es Fz nos anéis 0 < |2| <3e |2| >3. 49 Para o polinémi f@) =a +02 tez+d © acaminho 7: [0,47] — C dado por 7(t) = e*, calcule o integral SG) dz. 4.10 Parao caminho 7: |, 2n] > C dado por +(t) = e* calcule o integral / az’ + bsen(z4) + esen" z dz. a FuNGOES ANALiTIcas | 121 4.11 Para o caminho 7: [0, 2x] + C dado por 7(t) = 5e'* caloule o integral 4.12 Considere a fungio a) Determine ¢ classifique as singularidades de f. b) Caleule o integral de f sobre a circunferéncia |2| = 2 percorrida uma vez no sentido positiv. 4.13 Considere a fungao f(z) = z/(2? + sen* 2). a) Classifique a singularidade z = 0 de f. b) Determine os termos de ordem —1 —2 da série de Laurent de f em torno de z=0. 4.14 Calcule o integral fj" 1/(3-+2cos#) dé. Sugestao: considere o caminho 7(¢) = e com £€ [0,2n] co imegral f, 1/(2? +32 + 1) dz. 4.15 Caleule o integral: a) fo (+a) dex. b) Jor 1/(2? +9)? de. 9 JP G+ 22)/(1 +24) de. 4.16 Classifique cada afirmagio em verdadeira ou falsa a) Nao existem séries de poténcias com raio de convergéncia 2ero, ? z em torno de z = 2€ 2. b) O raio de convergéncia da série de poténcias de ) A fancio f(z) = 2/(e* — 1)? + el/(—9) nao tem singularidades essenciais. d) A fungdo e®”” tem um pélo. 6) Afangao 2/ sen z tem desenvolvimento em série de poténcias em 0 < |z| <7. 1) A fronteira do conjunto {z € C : 2.o(1 + 1/2)” é convergent} é uma recta. 4.17 Mostre que sc a funcio f é analitica em C e |f(0)| < 1 para qualquer n € N entio lF@| < elt 12 | ExErcicios 4.18 Mostre que se a fungio f = u+ iv é holomorfa no aberto 2 C C entao Au = Av em 2. Sugestio: note que ue v sao de classe C?, 4.19 Considere a funcao y= (2). Determine o raio de convergéncia da série ¢ verifique que 2J"(z) + J'(z) + 2d(2) = 4.20 Seja f uma fungao holomorfa no aberto 2 C C, com f(z0.) # 0 num ponto zo € @. Mostre que se 7(£) = zo-+re' com € [0, 2n] entio para suficientemente pequeno te- _ ri dz i) f F@)~ Fle)" Sugestdo: verifique que a fungdo - 2) = F=f) tem uma singularidade removivel em z = 29. SOLUGOES 4.1 a) D%o(—1)"2" com R b) O=, n2"} com R= ©) Dol)" 2""/(2n)! com R 4.2 a) D2 (—1)"(z — 3)" /3"44 com R b) 2 13 + (-1)"|(z — 2)"/2 com R= 1 6) 1+.3(z— 1) +3(z — 1)? + (z— 1)8 com R = +00. 3 43 a)+oo. b)0. Ql. dl. 4.4 a)e¥ sena — (a? —y?)/2+a. b)—4a(1 +71) + 4a. FUNGOES ANALITICAS 4.5 a) z= bi sho pélos de ordem 1 e R = V2. b) 2 = 2e z = —1 sio pélos de ordem 1e R o) 2 = 26 polo de ordem le R= 2. 4.6 a) Singularidade removivel. _b) Singularidade essencial. _¢) Pélo de ordem 1 d) Singularidade removivel. ¢) Pélo de ordem 3. 47 a)-1. b)2. 93. 48 f(z) =X g(—1)"2"-#/(2n + 1)! para 0 < |2| <3e para |z| > 3. 9(2) = Deg 2"/3"* para 0 < |z| < 3e g(2) = — Dpeg 3"2-" para [z| > 3. 4.9 Anbi. 4.10 0. 411 Qni(e’ — e-?)/5. 4.12 a) 0€ polo de ordem 1 e 2kmi com k € Z \ {0} € polo de ordem 2. b) 2r. 4.13 a) Pélo de ordem 1. b) Le 0. 4.14 2n/ V5. 4.15 a) /(2V2). b)x/108. c) 1/2. 4.16 a) Falsa, b)Falsa. c)Falsa. ) Falsa. e) Verdadeira. {) Verdadeira. 4.19 R= +00. 133 EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS EQUAGOES DIFERENGIAIS ORDINARIAS | 129 Introduzimos neste capitulo a nogao de solugio de uma equagio diferencial ordinaria, Alem de estabelecermos a existéncia ¢ a unicidade de solugdes, estudamos a classe de equagies dife- renciais lineares com cocficientes constantes, bem como as suas perturbagdes. Em particular, ‘mostramos como se podem resolver equacdes lineares calculando exponenciais de matrizes ¢ demonstramos a formula de variacao das constantes para perturbacdes destas equagies, 5.1 NOCOES BASICAS Consideramos neste capitulo equagdes diferenciais ordindrias a! = f(t,2). (6.1) onde f: D > RR” é uma fimeio continua num aberto D CR xR”. Introduzimos primeiro a nogio de salugao. Definigo 5.1 Dizemos que uma fungio w: Ja, b+ R” de classe C? é uma solugdo da equagao diferencial (5.1) se (ver a Figura 5.1): a) (t,2(#)) € D para cadat €]a,o[, b) 2"(0) = f(t,2(2)) para cada t €Ja, Of Figura 5.1: Uma solugio da equagio a 130 | Nogors BAsicas Exemplo 5.2 Consideremos a equacdo 2’ = em R. Notamos que se (t) & solugio entéo ta (t) + eta’ (t) -2(t) +2'(0) =0. E habitual nao escrevermos explicitamente a dependéncia da solug&o em ¢, apenas para sim- plificar a notacio, escrevendo antes (ertay' =-etr penta! =e'(-r+e')=0, Isto mostra que existe k € R tal que e~ta(#) = k, ou seja, a(t)=ke, teR. 6.2) As solugées da equacio x” = x so pois as fungbes em (5.2). Exemplo 5.3 Consideramos de novo a equagio 2” = a em R e descrevemos um processo alternativo de resolucdo. Designadamente, quando 2(é) é uma solugio que nao se anula temos a c=1 6 (l me = (log [2 ¢ portanto log |x(2)| = t+ para algun c € R. Obtemos assim je()|=e%e', ter. Como z(t) no se anula e € continua (pois ¢ de classe C1), concluimos que é sempre positiva ou sempre negativa. Assim, a(t)=ke', tER com k # 0, pois variando ¢ € R a fungao e® toma todos os valores de R*+. Por substituicao directa na equagio verificamos que a fungi nula também € soluga EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 131 Exemplo 5.4 Consideremos a equagao (z,u)' = (y,-#) em R®, que podemos escrever na forma i (e? +97)! = 2a! + 2yy! = 2ery + 2y(—2) = Se (x(t), y(t)) € uma solugio entio Portanto existe r > 0 tal que a(t? +(e) Escrevendo a(t) =rcosO(t) e yt) =rsend(t), como a’ = y obtemos x'(#) = —rsend(t) -0"(t) = rsend(i) (notamos que x nfo seria diferenciavel se 6 no fosse diferenciavel). Portanto 6"(t) = —le existe ¢ € R tal que @(¢) = —t + c. Obtemos assim (2, ¥@)) (rcos(—t+0),rsen(—t+<)), tER. Exemplo 5.3 Gonsideremos a equacio a! =%te+t (5.3) em R, Pocemos escrever ar+1 sempre que a solugo a no toma o valor ~1/2. Segue-se de (5.4) que existe c € IR tal que 1 1 gloel2e) +1] = 50 +6, ‘ou seja, [2x(t) +1| = e+. 132 EXISTENGIA E UNICIDADE DE SOLUGOES Procedendo como no Exemplo 5.3, obtemos Zz 2 a()=—p+ke", teR com k € IR. Estas sio as solugdes da equagio (5.3). 5.2 EXISTENCIA E UNICIDADE DE SOLUGOES Da mesma forma que ¢ importante saber que um polinémio tem raizes mesmo quando nio as sabemos determinar, é também importante saber quando uma equacio diferencial tem solugdes mesmo quando nao as sabemos determinar. ‘Temos o seguinte resultado de existéncia e unicidade de solugies Teorema 5.6 Se J: DR" é uma fingao de classe C mum aberto DC Rx" ento para cada (to, eo) € D existe uma ¢ uma sé soluyaa da equagao x! = f(t, 2) com 2(to) = 0 em algum interval abertocontendo ty Mais geralmente podemos considerar fungGes f que niio sto necessariamente de classe Ct Definic&o 5.7 Dizemos que f: D — BR" € localmente Lipschitz em a sc, para cada compacto KC D, existe E> Otal que IlF(.2) - f(y)l| < Elle — yl para quaisquer (t,.), (ty) € K. ‘Usando 0 Teorema do valor médio, podemos mostrar que as fungdes de classe C? sao local- mente Lipschitz em a, Mas ha muitas outras fungdes que so localmente Lipschitz. Exemplo 5.8 ‘Sabemos que para quaisquer «, y € B temos Isto mostra que a fungi f(t, 2) = € localmente Lipschitz, em 2, com L = 1. EQUAGOES DIFERENCIATS ORDINARIAS | 133 Damos também um exemplo de uma fungio que nao é localmente Lipschitz. Exemplo 5.9 Para a fungi f: R? + R definida por f(é,x) = /fx] temos 1 If@,#) — (9) = Viell = FI2 - 01 Como 1//[z] + +50 quando « — 0, a fungao f nao € localmente Lipschitz em qualquer aberto D CB x R com interseegio nio-vazia com Rx {0}. O seguinte resultado inclui o Teorema 5.6 como caso particular. ‘Teorema 5.10 (Teorema de Picard-Lindelit) Sef: D+ IR” é uma fit continua e lacalmente Lipscitz em a mam aberto D f(s, «r(s)) é também continua, pois € uma composigao de funcdes continuas. Portanto t+ ff, f(s,2(s)) ds & de classe CG. Derivando em relagio at em (6.6) obtemos entéo v(t) = ft2(0) para qualquer ¢ €]a, bf, Segue-se também de (5.6) que (to) = 1s¢ 1 exisT&NCIA E UNICIDADE DE SOLUGOES Dados a < to < be B > O tais que [a,b] x Ba(zo) CD, seja X = C(Ja, bf) 0 conjunto das fincdes continuas 2: Ja, B[—+ R® tais que |lx(t) — oll < 8 para t €]a, b{. Consideramos a transformacio T definida para cada. € X por : (Pa)(t) = 2+ [ fls.xls))as Notamos que Tx é continua ¢ que ||(rxy@) -20|| < | * ss,2(s)) ds to <|t-tolM < 6-a)M, onde M = sup {|[f(t,2)|| :t € [a, 6], x € Ba(o)} Bo(wo) = {y RB": |ly — aol] < B}. Observamos que M ¢ finito, pois f € continua e 0 conjunto [a, 6] x Bao) € compacto, Para b —a suficientemente pequeno, temos (b— a)M < fe portanto T(X) CX. Notamos agora que para cada x,y € X temos lerayeo— rnp < | fvceeten ~ reeaienies} = [’n12(6) sites S (b-a)L le — yllooy onde [lz — alloo = sup {||2(t) — y(t)]| : € €]a, bf}. Portanto [2x —Tylloo = (b= a) Las — ylloo- Consideramos agora a sucesso Im =Tim1=T"2, meEN, BQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 135 onde 27) € X denota a funcio constante igual a ay. A sucessio esta bem definida, pois T(X) C X. Se for necessirio reescolhemos ae ble modo a termos também c= (b~a)L < 1, e notamos que para p > q temos pol ey Ip — t¢lloo SD) lls+1 — 25lla0 S D> IT’ (Leo) — T'eolloo ima i Ma <)> ellT 20 — zolloo IT — ao |}o0- Para cada t Ja, d[ temos llep(#) — za(O)ll < llep — ralloc S 7 ||220 — xolleo (5.7) € portanto (m/(t))m € uma sucesso de Cauchy em R™. Logo, a sucesséio é convergente ¢ existe o limite a(t) = lim 2m(t) Fazendo p — oo em (6.7) obtemos a lle(t) — ea(t)I| < < po ylTe0 — Holle 68) Mostramos agora que «¢ € X e satisfaz (5.6). Temos lle(t) = aol] = im, Iatm(t) ~ oll < 8. Além disso, para cada t, s €]a, b{ temos [lae(t) — @(s) |] < x(t) — ‘m(t)|| + l|arm(t) — tm(s)l| + lltm(s) —2(s)||. (5.9) Dado > 0, segue-se de (5.8) que existe p € N tal que Ilam(t) — a(t)I| <= para quaisquer t Ja, [em > p. Tomando m = p, segue-se de (5.9) que lla(t) — x(s)|] < 2 + |lz(t) — zp(s)]]- 6.10) Por outro lado, como rp é continua, existe 6 > 0 tal que Up) —z,(s)l 0 quando m — 0. Segue-se entao de (5.11) que « satistaz. (5.6) Resta mostrar que a solugao 2 € nica. Suponhamos que y € X também é solugo, Entio lle — yllac = 22 —Tylleo < elle ~ tlleos pois Tx = xe Ty = y. Mas como ¢ < 1, temos necessariamente ||zt — ylloo = 0 e portanto Exemplo 5.11 Gonsideremos a equacio x’ |x|. Pelo Exemplo 5.8 ¢ pelo Teorema 5.10, sabemos que para cada (to,79) € R? existe uma e uma s6 solugio da equagao com x(to) = Zo. Claramente 2(t) = 0 solugao. Por outro lado, quando x > 0 obtemos a equacio a! pelo Exemplo 5.3 tem as solugdes a(t)=ke’, teER, agora com & > 0 (para que x(t) seja positive). Quando zr < 0 obtemos a equagio 2" = —x cojas solugdes satisfazem © portanto EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 187, com k <0. Obtemos assim as solugdes ket comk >0, 2(t)= 40. (6.12) ke comk <0. Podemos verificar facilmente que para cada (tp,79) € IR? existe uma solugio que satisfaz (to) = 2p. Por outro lado, sabemos pelo Teorema 5.10 que cada uma destas solugdes é tiniea. Logo, cada solugio da equacio 2! = || toma uma das wés formas em (5.12). préximo exemplo mostra que para fungées f (t,x) que nao sao localmente Lipschitz as so- lugdes nao tém de ser tinicas. Exemplo 5.12 Para a fungdo continua f(t,27) = Ja] no Exemplo 5.9 podemos verificar facilmente que a(t) =06 P/4 set20, a(t) = -#/4 set <0 sfo solugdes da equagio «! = y/|i] definidas em R, que satisfazem a condigao (0) Verificamos de seguida que cada sohugao dada pelo Teorema 5.10 pode ser estendida a um intervalo maximo de forma jimica. Teorema 5.13 Se fs D — IR" é uma fingdo continua e localmente Lipschitz em 2 num aberta D TR do mesmo problema, temos Le C]a, bl ¢ x(t) = y(t) quando t € I. Demonstragio. Definimos J = Uz Iz. Notamos que J é necessariamente um intervalo aberto, pois a uniio de qualquer fumilia de intervalos abertos contendo to é ainda um intervalo aberto. Definimos agora uma funciio g: J — R® da seguinte forma. Para cada t € Ip tomamos p(t) = 2(¢). Mostramos de seguida que a fungio ¢ esta bem definida, isto é, que (#) niio depende da fungao «. Sejam entdox: Iz + R” ey: Ly > R” solugdes do problema (5.5) Seja Z 0 maior intervalo aberto contendo fy onde x = y. Queremos mostrar que I = Iz Ty opuanarasa sareasar se souraiqo qq oumeyur opearoyur uray anb (9 = (7)z o¥SnIOs vp wETY “;2 = ,v oRSenba v souDrapisuoD A1's o[duraxg {y OUNXEUT OTearayUT WH} soOSNjos se sePOF tot aNb ur o[duroxs wm "PMBrs ap soueg, “yy ownxpur opearorur war eum epes owuenog (GI"¢) 10d sepep o¥s |x| = x oxSenbo ep sagimpos se 11°¢ opdwaxg opg org ojdurexy "q 3 qonbrenb eed epruyap paso siod Sy oumxput ojearoruy wor ewan vper “{z°¢) 40d sepep os x = ,x ogSenba ep sogSnyos se Z°¢ ojdwwoxy ojag, ST's ofdenoxy sojduroxo souya vio8e soureqy + m9 @ wos opr -ujoo anb ogSnjos eum arsexa apuo ]g “o[ ouaqe opeataruy sorweur ov (29) f =r ovdenbo ep aL = 7 =x oeSnjos eum ap (ooupsee ap) ownpu opera soureured ‘¢ ["G vILIAIOAT, Op SaQSIPUOD Sey] F's ovSiuyoq ‘ogSnjos eum ap (eaugnstxe 2p) oupepur ojeaiojur ap ogSou e vuLs0j ajumBas ep stznpanut soupod g]°¢ wUIaIoay, oP . ‘oprpuaiaid opeynsaz 0 souraqo anb ojad ‘(¢°¢) eurayqord op ovSnjos 2 yy — ogbury v ouaunerey “Ay U7 wa ft = 29% #7 = J “oR “A = x apuo 0} opuaruos oudqe operant Joreur 0 298 7 9p 12"] 0 zPENUOD Org 4 P\Jo+8%—s[ ow “A = wapuo M727 D)p+s 4—s| ong opearoruy wun awse9 (ds) 10d opmmpsqns (02 07) woo 9|°¢ BUaLORY, OY (a) taf = (9) tat =: sown 47 U 7 ojeatoutr ou ft a 2 ap apepmunuco eg “#7 U 77 ap owanxe 9 ogu anb J ap ¢ owanxs um ayspso ‘oupnuOD ose, S99DN70§ Jd FAVGIOINA 4 VIONTLSIXG eet EQUAGOES DIFERENGIAIS ORDINARIAS | 139. Portanto 1 20 para algum ¢ € R. O intervalo mé 1 +e (6.13) oui] 23c;44-60 [leonsoant-o instante inicial fo esta contido no primeiro ou no segundo intervalos. Por exemplo, a solugéo com (2) = 3 € determinada substituindo t = 2 em (5.13): obtemos ento ela © portanto a(t) = para t €] — 00,7/3| pois 2 €] — 00, 7/3] 5.3 EQUAGOES LINEARES: CASO ESCALAR Gonsideramos nesta seegao 0 caso particular das equagées em R da forma a! = a(t)x + H(t) 6.14) onde a,b: R + R sio fimgdes continuas. Temos a seguinte solugao geral Teorema 5.18 Para cada (tp, 29) € R?, a solugio da equagdo (5.14) com x(to) = ao é dada por re a = ast folate a elem interoalo mdximo BR. Demonstrag&io. Notamos primeiro que a funcio f(t,2) = a(t)x + 6(#) € continua e local- mente Lipschitz em a. De facto, lf 2) ~ F(t,u)| = la(t)| |e — yl € como a fungo a é continua tem maximo em cada compacto, pelo que f & localmente Lips- chitz em @. Pelo Teorema 5.10, para cada (tq,t9) € R? existe uma e uma s6 solucdo da equaso (5.14) com x(t) = a0. 140 | EQUAGOES LINEARES: GASO ESCALAR Notamos agora que se x(t) é a solugao com (tp) = stp entao (xe far ay =e Foal) 4 tet) — a(a(t)] =e Sig a0) de y(t), Integrando, obtemos io 9) bu) du . ‘ 7 jefe ay =f a(t) "H+ [ efi) tb) du E Como as fungdes integrandas so continuas, a solugio esti definida para qualquer t € Re portanto o seu intervalo maximo é R. = Exemplo 5.19 Pelo Teorema 5.18, tomando 6(t) = 0 coneluimos que a solugio da equagio 2” = a(t) com (to) = 29 é dada por a(t) (6.15) ¢ tem intervalo maximo R. Exemplo 5.20 Consideremos a equagio x’ = xcost. A solugio com «(0) = 2 € dada por (5.15), isto é, a(t) = elo 88s = geet Exemplo 5.21 Consideremos a equagio Bart com a condigio «(1) = 0. Pelo Teorema 5.18 a solugio é dada por : x)= 2-04 fou ; ‘ ata (8,2 ° (344 EQUAGOES DIFERENCTAIS ORDINARIAS | 141 Exemplo 5.22 Gonsideremos a equacaio Notamos que as fungoes, a(t) e+1 so continuas. Determinamos agora a solucao da equacao com (0) = 1. Como lig as)as _ eee “V+ pelo Teorema 5.18 a solugio é dada por B41 7 = 1 +i * J, a - veri+ Eri [ f = V@41+ Verve si, = VP +1+P+1-Ve+1 a(t) ¢ tem intervalo maximo R. 5.4 EQUAGOES LINEARES: CASO GERAL Consideramos agora as equagdes em IR” da forma a! = Av+H(t), (5.16) onde A é uma matriz n x n com entradas reais e b: R + R” é uma funcao continua. Propo- sitadamente, niio consideramos neste texto 0 caso mais geral das equages em IR” da forma x! = A(t) + Ot), onde A(#) é uma matriz nxn que varia continuamente com t, pois apesar de ser extremamente importante € também de natureza muito mais complicada. 142 | EQUAGOES LINEARES: CASO GERAL Principiamos o nosso estudo com o caso b(t) = 0, e portanto com a cquagio a! = Az, (6.17) ‘onde A é uma matriz n x n com entradas reais. Como a fungio f(t,2r) = Az é de classe C? 6 também continua € localmente Lipschitz em &. Exemplo 5.23 Consideremos a equagio ¢)-(,)(): su que pode escrever-se na forma. Esta é a equagio do Exemplo 5.4 que tem pois a solugio x(t)) _ (reos(-t +e) u(t) — \rsen(-t + 0), comr > 0¢¢ € (0,2n[. Podemos escrever a(t) _ [ reosecost +rsencsent u(t) —reosesent +rsenccost, cost sent =reose +rsene sent cost, Concluimos assim que 0 conjunto das solugdes da equagao (5.18) é um espago linear com di- cost sent e ; —sent, cost Para resolvermos a equagao (5.17) no caso geral, isto é, para uma matriz arbitréria A, introdu- mensio 2, gerado pelos vectores zimos a nogio de exponencial de uma matriz, EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 143 Definigio 5.24 Definimos a exponencial de A por 6.19) com a convengio de que A° = Id. Mostramos primeiro que a série converge. Proposigio 5.25 A série em (5.19) é convergents, isto 6, existe uma matriz Bn x n tal que ma, Da —B entrada a entrada quanto m — 00. Demonstragio. Definimos \lAzll [|All = sup : 20 (lel ‘Temos WAIL < [Als (6.20) pois a%at avo Tl A‘ = np AED wo aetego TA = ne, (ea et) 240, attego \ TAF Fa| Tal kot, < up Hall, 4 wo liell aso Tel = [4ll-l4* 7, de onde vem (5.20) por indugao. Assim, Eleel-Zaer Sl aie is y gla = lll < 00, co 6.21) ist | RQUAGOES LINEARES: CASO GERAL Notamos agora que se as entradas de A sio aij, com i,j = 1,..-,m © 1y-+.4€n € a base canénica de R” entio UAe;l llesl (Set) 2 leuk Al >= |lAeyll Segue-se pois de (5.21) que a série D7fq al)? |/A!, onde a) sao as entradas de A, 6 conver- gente. Concluimos assim que a série DP2q A*/K! é convergente entrada a entrada, . Exemplo 5.26 ‘Temos e” = Id, pois como 0* = 0 para k € N vem wl 1 O=> toed ae Oo Exemplo 5.27 ‘Temos el = eld, pois = wl i ie a é qd plreld t= Descrevemos na préxima secc4o um método expedito para calcular explicitamente a exponen- ial e4 de uma matriz A arbitraria. Mostramos aqui que a exponencial é fundamental para a resolugio das equagoes (5.17) e (5.16). Principiamos com o seguinte resultado, Proposigao 5.28 Temos (et)! = Ae** para qualquer t € IR, com a derivada caleulada entrada a entrada. Demonstragao. Notamos que So Leak Sythe a =o Logo, cada entrada de e“* é uma série de poténcias em ¢ com raio de convergéncia +00, pois pela Proposigio 5.25 a exponencial esti bem definida para qualquer matriz. Como as séries de poténcias podem derivar-se (termo a termo) no interior da sua regidio de convergéncia, obtemos EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS assim como queremos mostrar. Exemplo 5.29 Mostramos que nao existe nenhuma matriz A 2 x 2.com ace (ort o4 Caso contratio, teriamos ‘mas sabemos que temos sempre 4° Exemplo 5.30 Determinamos agora a matriz A 2 x 2 tal que 2b eae oe (ey Qe e™ + ate 21 fe = = any 0 ett 0 2 Por outro lado, segue-se da Proposicao 5.28 que Derivando, obtemos (co = Logo, 145 146 | EQUAGOES LINEARES: CASO GERAL Obtemos agora a solugao geral da equacio (5.16). ‘Teorema 5.31 (Formula de variagio das constantes) Para cada (to, 20) € Bx IR, a solupdo da equasao x! = Ax + b(t) com (to) = o & dada por a(t)= Mey + f eAG-) (5) ds. 6.22) ¢ tem intervalo maximo R. Demonstragio. Basta verificar que a fungio x() em (5.22) satisfaz 2(to) = e4%xp = exo = Idty = 9 ‘ = Aettag + J AeA b(s) ds + eA Mbt) to “ =A(cAe a0 f AC 4(5) 3) + €%b(t) to a(t = Ax(t) + b(t). Como a fungdo integranda é continua, a fungio &(t) esta definida em B. 1 Por sua vez, a solugio geral da equacio 2” = Az pode ser obtida como caso particular do ‘Teorema 5.31 Proposig&o 5.32 Para cada (to, 20) € RB x R", a solugao da equagaa x! = Asx com (to) = wo é dada por a(t) = eA) x9 ¢ tam intervalo méximo R. Além disso, 0 conjuanto das soluptes da equagao x! = Aa: é wm espao linear com dimensao n. Demonstragio. A primeira afirmagao segue-se do Teorema 5.31 fazendo b(t) = 0. Para a segunda notamos que qualquer combinagao linear de solugoes da equagio a” = Az é ainda so- lug desta equagio, pelo que o conjunto das solugdes é um espago linear, gerado pelas colunas da matriz e4¢-"), Como Alito) EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 147 as colunas da matriz e“('~*®) sio lincarmente independentes, pois sio linearmente indepen- dentes para um valor particular de t. Assim, o espaco das solugdes tem dimensao 1. . Exemplo 5.33 Consideremos a equacio Pelo Exemplo 5.30, para a matriz temos Logo, a solugio geral da equacao é dada por a(t) _ (et) (t — ta)e?l*-t0)\ (to) wo} \ 0 et) ] \y(t0) € (20-9) (p—s)e2-9)\ (0 LCC SEC apés alguns cdlculos obtemos Por exemplo, quando ty = a(t)\ _ (e%x(0) + te*y(0) a Jot — s)e**-)sds u(t) e'y(0) Seteds €7tx(0) + te"y(0) + 3(1 +t — e% + te) ey(0) — 4 + 2t—e*) 4 Exemplo 5.34 Mostramos agora que Altos (6.23) para quaisquer t, s € R. Dado v € R”, consideramos as fungdes a(t) =eAC—)y © y(t) =eAe“Aty, Ls EQUAGOES LINEARES: CASO GERAL Estas satisfazem, Além disso, Assim, se mostrarmos que (5.24) segue-se da unicidade das solugdes da equagio 2’ = Az que «(¢) = y(t) para qualquer t € R. Ou seja, Alt para quaisquer t,s € Rev € R", 0 que estabelece (5.23). Mostramos agora que (5.24) € satisfeita, Notamos primeiro que AB eteed = Aebten ctr, is ‘Temos também pois AA* = A*A para cada k. Obtemos assim Litem) =0 Finalmente, como concluimos que (5.24) € satisfeita para qualquer s € R. EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 149 Segne-se em particular de (5.23) que eAtgAs = pAsedt para quaisquer t, 5 € R. 5.5 CALCULO DE EXPONENCIAIS DE MATRIZES Descrevemos nesta secgaio um método expedito para calcular a exponencial de uma matriz, Recordamos primeiro um resultado importante de Algebra linear: ‘Teorema 5.35 (Forma canénica de Jordan complexa) Para cada matric An x n existe wna matric Sm x 1 inwertivel com entradas em C tal que Ry 0 SAS = « 6.25) 0 Re onde cada bloco Ry é wna matriz ny x m5, para algum ny ) =[0 &% te Oc 3,0,1)* é dada por Ax com x(0) Por exemplo, a solugdo da equagio 3 ‘Be + Liter a(t) =e" 1o] = tee 20 BQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 153 Consideramos agora matrizes arbitrérias. Proposigao 5.42 Se A éwna matriz quadrada com a forma canénica de Jordan complexa em ( 25) entdo so (6.33) para cadat € R. Demonstragéio. Considcramos a mudanga de varidvel y = S~'x. Sea = x(t) € solugio da equagao 2! = Az entio a funcio y satisfaz y =Sz! = St Ar= Ouseja, y’ = By onde B = S~1AS. Portanto ylt) = e'y(0) = eS" 45ty(0). 6.34) Por outro lado, como 2(0) = Sy(0) temos também y(t) = S-42(t) = Ste*2(0) = S~te** Sy(0). (5.35) Comparando (5.34) ¢ (5.35), concluimos que e(S TAS) = g-teAtg, o que estabelece a primeira identidade em (5.33). 154 | GALCULO DE EXPONENCIAIS DE MATRIZES Além disso, como $~1AS tem a forma canénica de Jordan complexa, obtemos Ri 0 oasye = NO Re, x Ry o\" => 1m m=0 a 0 Ry a ‘Re 0 -Sie ~ cs ml! 0 Re. Cipeo wre RE 0 eit como queremos mostrar. Exemplo 5.43 Consideremos a matriz Como Rut ORDINARIAS EQUAGOES DIFERENCIA! Exemplo 5.44 Consideremos a matriz. A em (5.26). Segue-se de (5.27), (5.28) e (5.29) que At (ST AS)t gL ea 0 1 et = sel stas(" ta) S ‘Usando as formulas iv2t 4 g-iv2 eiv2 2 —e cos(/2t) ‘obtemos entio gt _1_ (vB v2) (ev 0) (i v2 nv2\a 4 0 ev Ne v2 _ (EMH pe“NM 2 Delve WVF (04) ~ aleve ey j(av9i) (MF pew /2 _ cos(V2t) v2sen(V2t) © \~sen(v2t)/v2 cos v2) 5.6 EXERCICIOS 5.1 Determine a solugao geral da equaga a) a! = te. b) a! + wt cos attra, @) a = 2te/1+h)+2-1 5.2 Mostre que se «: Ja, [> R" é uma solugao da equagio x! = f(z) entdo para cada c € Ra fungio y: Ja +.¢,b + [+ R” definida por y(t) = 2(t — ¢) é também solugio da equagio. 5.3 Para a equagio 2’ = f(r), mostre que se cos é solugao entiio — sen t também é solute. ise | exercicios 5.4 Para a equagio 2” = f(x), mostre que se 1/(1+ t) é solucio entio 1/(1—t) também é solugio. 5.5 Mostre que uma funcio f(t, ) de classe C1 é localmente Lipschitz em «. ss ,_ (6 -2 5.6 Determine asolugdo geral da equasio x! =|” ) 5.7 Determine a solucao do problema: , fad _(4 oz-()s «0=('. va (31 _f-2 b) a ( ie «o-(3) 410 0 v= 10 4 O}a, 2(0)=]1 0 0 2 3 0 -7 3 5.8 Determine a solugio do problema 2’ = ( ° ) 2, 2(0) = () 5 i 5.9 Use a formula de variagio das constantes para determinar a solugao do problema #- }*(): -(): 5.10 Mostre que todas as solugdes da equagio (x’,4/) = (ye*, —e*) sfo limitadas. 5.11 Mostre que todas as soluges da equagao (2’, y’) = (y— 3, —x —y!) sio limitadas para t>0. 0-1 1-1 5.12 Mostre que se A = entio e@f = 0 0 ou 5.13 Diga se existe alguma matriz A 2 x 2 tal que: 21 et a (Cte cost) - ss cost, EQUAGOES DIFERENCIAIS ORDINARIAS | 157, ) et ef eat je sent 1 5.14 Considere a matriz Sooce onoo a) Determine e4*. b) Diga que solugdes da equacio a’ = Ar sio limitadas para t > 0. 5.15 Para uma matriz An x n, mostre que a fungio f: R” \ {0} — IR definida por Fe) = lip log le*2 toto t pode tomar no maximo n valores distintos. 5.16 Mostre que se A s6 tem valores préprios com parte real negativa entio todas as solucdes da equagio 2” = Ax convergem para zero quando t + +00. (; we) a ne \g 1 5,18 Mostre que dete** = e** 4, Sugestdo: use o Teorema 5.35. 5.17 Mostre que 5.19 Use o Exercicio 5.18 para mostrar que a dete rao = A. SOLUGOES 5.1 a) cet/? come ER. b) ce~*!#0! come ER. jltcefcomceR. A(1+#2)(c+t—2tet) comeeR. iss | exercicros 5 (tet Be + 207") fa een coma,beR. 2eSt —2e% et + de? J \b 5.7 a) (4e',0). b)(—e*, 2c"). c) (te**#, 8, 34), 5.8 (3cos(7t) — sen(7t), 3sen(7t) + cos(7#)). 59 (Se + Ste% + Let, Beit — Let), 5.13 a) Nao existe. b) Nao existe. c) Nao existe. ot tex ae oo) 54a)| ° a 0 © |b) Sotusso 2(¢) 14 +b) Solugdo a 0 0 et _tett : 0 o oO ett RESOLUGAO DE EQUAGOES DIFERENCIAIS RESOLUGAO DE EQUAGOES DIFERENCIAIS, Apresentamos neste capitulo varios métodos para encontrar as solugSes em algumas classes de cequagées diferenciais. Designadamente, consideramos equagies exactas ¢ redutiveis a exactas, equagdes escalares de ordlem superior a 1, bem como a resolugio com o ausilio da transformada de Laplace, Notamos que estes sao apenas alguns métodos entre tantos outros na teoria, que & muito vasta, Propositadamente nao estudamos métodos adaptados a classes muito particulares de equagdes diferenciais. 6.1 EQUAGOES EXACTAS Consideramos nesta secgao equagdes em R. da forma M(t,2) + .N(t,2)2!" (.) onde M e N sao fungées continuas com N ndo-nula, Definico 6.1 ‘A cquacio diferencial em (6.1) diz-se exacta num aberto SC R? se as funcées M e N sao Giferenciveis em $e existe uma fungio diferenciével &: S — R tal que > Sa) = M(t) © Bez) N(t,2) (62) para qualquer (t,:2) € 8. Exemplo 6.2 Consideremos a equacao —4t + (524 +3)2! (6.3) Procuramos uma funcio diferencivel ® tal que ao ao He, Ra © Bye t8 Da primeira equago vem ‘&(E,c) = —2t7 + Cla), para alguma fungio diferencivel C, e portanto OF ay) _ ned = Cle) = 504 +3 it 162 | EQUAGOES EXACTAS Podemos assim tomar C() = 2° + 3x e (t,x) = 227 +25 + 32. 6.4) Em particular, a equagao (6.3) é exacta. A importincia das equagdes exactas tem a ver com a seguinte propriedade. Proposigao 6.3 Sea equagaa (6.1) éexacta ea funcdo ® satisfac (6.2) entao cada solucao :e(t) da equagdo (6.1) satsfaz ®(t,2(t) (6.5) para algun ¢ € BR. Demonstrag&o. Derivando (t. x(t) em relacao a t, obtemos J a(e,2() = e210) + Pe 2(0)2') = M(t.2(t)) + N(t,2(t))a'(t) = 0, 0 que implica (6.5). a Exemplo 6.4 Por (6.4), cada solugio da equagio (6.3) ¢ dada implicitamente por —2t7 + 2(t)® + 3x(t) =¢ para algum ¢ € R. Descrevemos agora uma condigao necesséria e suficiente para que a equaco (6.1) seja exacta. ‘Teorema 6.5 Soiam Me N fiagies de classe C" no rectingulo aberto S em $ see sé se [Je a. Eno a equagio (6.1) é exacta Demonstragiio. Sc a equacio (6.1) é exacta ento existe uma fungio diferenciavel ® que satistez /6.2)em S. Como Ad ¢ NV séo de classe O". a lunge B é de classe C? Obtemos entio Se Ge ~ Oe GH Gx f ~ Ot RESOLUGAO DE EQUAGOES DIFERENCIAIS | 163 em S, 0 que estabelece (6.6). Supomos agora que (6.6) € satiseita. Integrando em relagio a t, obtemos a /, M2) ds = N(t,x) — N(tos«). 6.7) Consideramos agora a fungo B(t,2) = J N(toy) dy+ if M(s,2)ds. ‘Temos Fe AM (Es), emeguesede © Tidus ea) = N(to,2) + ih Pe ez) ds = N(t,2). Isto mostra que a equagio (6.1) é exacta. . Damos de seguida varios exemplos. Exemplo 6.6 Consideremos a equagio Sx + 2e! + (3¢+sena)a! = 0. (6.8) Como M(t,x) =3242e' ¢ N(t,2) =3t+senz, temos 5 oe IM . Fe x3 ¢ = Assim, pelo Teorema 6.5, a equacao (6.8) € exacta c existe uma fungao diferenciavel ® tal que ab 1, ob Be Tete © Fra Btsenz Da primeira equacio vem ‘O(t,x) = 3at + 2e' + C(2) para alguma fungao diferenciavel C. Logo, an . Oz =3t+ C"(x) = 3t + senz, 164 EQUAGOES REDUTIVEIS A EXACTAS dc onde vem C"(z) = sen. Podemos entio tomar C(x) = —cosxe (t,x) = Bat + 20t — cos. Pela Proposigio 6.3, cada solugdo da equacio (6.8) satisfaz ®(t, 2(t)) = ¢ para alguma cons- tantec€ R. Exemplo 6.7 Consideremos a equagio y — oft) w= F(z) em R, dita equagao separdvel, que pode escrever-se na forma M(t,z)+N(t,x)2’ onde M(t,2)=9(t) © N(t,2)=-f(x). Como on or oN <0 Podemos tomar to, tg € Re “ atna)= [ o(syas— [" soran. to a 6.2. EQUAGOES REDUTIVEIS A EXACTAS, Consideramos agora equagdes que no so exactas ¢ tentamos encontrar uma fungio y(t, 2) tal que multiplicada por esta funcio a equagio (6.1) fica exacta, RESOLUGAO DE EQUAGOES DiFERENCIAIS | 165 Definigio 6.8 Dizemos que a equagio (6.1) € reduttel « exacta no rectangulo aberto $ =]a,b[x]¢,d_ se existe uma fingio diferencidvel jr: $ — R tal que a equacio a(t, 2)M(t,2) + p(t,2)N(,2)2" = 69) € exacta e tem as mesmas solugbes que a equagio (6.1). Nesse caso dizemos que js € um factor integrante da equaciio (6.1) De acordo com o Teorema 6.5, quando M, N c 1 sio de classe C, a equagio (6.9) é exacta em S see so se A(uM) _ (uN) dz «OF em S. Mas esta é uma equacio diferencial parcial, pelo que, propositadamente, consideramos 6.10) apenas casos particulares. Proposigio 6.9 A equagt (6.10) tem va solusa nio-nula da forma: 1 (9M _ Or a) w(t,x) = p(t) se (6.11) no depende de x, e ness caso 4 satisfaz (6.12) 2) ult,x) = w(x) se nit depende de te nesse caso a satisfaz _1 (aM _ aN «= —Mi\ae ~ ae )* Demonstragao. Quando y(t, 2) = u(t), segue-se de (6.10) que eM, on a we 166 EQUAGOES REDUTIVEIS A EXACTAS ou seja, py (joo N\ de” a J! Uma ver que ji ¢ jx" no dependem de 2, esta equagdo tem solugdes se € s6 se a expresso ‘em (6.11) no depende de «x, A segunda propriedade é obtida de forma andloga. . Exemplo 6.10 Consideremos a equago wet + de + 2(rem* + 1a’ (6:13) Temos +42 e N(t,x)=2ce* +1). Em particular 1(aM _aN\_y N\ Oe ot) ~ © a equagio (6.12) toma a forma p! = 2p. Uma solugo nao-nula é y(t) = €2, Mulipli- cando (6.13) por e% obtemos a equagiio exacta (ae! + 4re™) + (ae! + Segue-se de wet + dre que wet + 2xe* + C(x), para alguma fungi diferencidvel C. Logo, OF = ane! 4.26 4. O'(2) = Que! + 208, oe de onde vem C’(z) = 0 ¢ podemos portanto tomar O(«) = 0. Concluimos assim que cada solugao a(t) da equacio (6.13) satisfaz O(t, x(t) = a(t)*et + 22(t)e* =e para algum ¢ € R, RESOLUGAO DE EQUAGOES DireRENcIAIs | 167 6.3 EQUAGOES ESCALARES DE ORDEM SUPERIOR A 1 Consideramos nesta secgio as equacdes em R da forma, 2 + Gy") 4--- tage” + aya’ +aoz =0 (6.14), com @o, @1,..-,4n—1 € BR. Exemplo 6.11 Gonsideremos a equagio 2” +. = 0, Tomando y = 2” podemos escrever esta equacio na ()-( )() a= sy No entanto, veremos nesta secgio que para equagSes da forma (6.14) hé um processo alternativo forma que tem a soluco geral de resolugio que é frequentemente mais pratico. Fscrevemos primeiro a equagio (6.14) de outra forma, Introduzimos a notaco Por exemplo, Dx = D(z’) = 2" A equagio (6.14) pode ent&o escrever-se na forma (D" + an_1D™™ + +++ + aD? + aD + a9) 2 Gonsideramos também o polindmio caracteristico D(A) =X" + ag —N"1 $+ Fag? + a+ a9. 168. EQUAGOES ESCALARES DE ORDEM SUPERIOR A I Proposigéio 6.12 Se pA) = (A= (A= Aa) (A Any com 1,0... An © C distintos emy,...,my € N entao a equagio (6.14) é equivalente a (D—ay™(D = 2)" ++ (D= Ax) ™* 2 = (6.15) Demonstragao. Basta notar que (A=a)(A—b) =? — (a+ B)A + ab e (D—a)(D — 6)x = (D —a)(a"' — bz) a! — br — az! + abr (6.16) =a" —(a+d)2" + abr = (D? —(a+b)D + aba, ou seja, (D ~a)(D —b) = D® — (a +8)D + ab. (6.17) Usando indusio no grau do polinémio caracteristico, obtemos ento o resultado pretendido. = Basta pois considerar as equagdes (6.14) ja escritas na forma (6.15). Consideramos primeiro dois tipos particulares de equagies. Proposigéo 6.13 Dados \ € Bem € N a solugao geval da equagao (D-))™2=0 (6.18) . ri 2(0) = Vo cathe = ge $-+ tema it™ te (6.19) ko com ¢0;--+y€m—1 ER. RESOLUGAO DE EQUAGOES DiFERENGIAIS | 169 Demonstragao. Demonstramos o resultado por indugao. Param = 1a equagio toma a forma (D-A)e=2'- dx =0, que tem as solugdes x(t) = eoe* com ¢ € R. Supomos agora que o resultado é valido para um dado m. Como (D-d)™*1z = (D—A)™(D - A)t = 0, temos (D = dja = coe + crte™ + +++ + emit Te" com ¢9,.++;Cm—1 € R. Obtemos entao (-*e) eta(t) = e+ cot-+ fe para algum c € R, Logo, a solugao 2(t) € dada por (6.19). . Exemplo 6.14 Consideremos a equagao 82’ + 162 = 0. O polinémio caracteristico & 8A +16 =(A- 4)? ¢ pela Proposigio 6.13 a solugao geral da equagio & 2(t) = ae + bte™ coma,b€ R. vio | equagoes |ALARES DE ORDEM SUPERIOR A | Exemplo 6.15 Consideremos a equagao (D—a)(D—b)x=0 (6.20) com a,b € Rea £b. Notamos primeiro que por (6.17) temos (D -a)(D ~6) = (D-»)(D a) (6.21) Por outro lado: a) se (D —b} = Dentiio segue-se de (6.20) que (D~a)(D-b)x=(D-a)o=0 ea € solugao da equagio (6.20); b) se (D — a) = O entio segue-se de (6.21) que (D -a)(D —b)x = (D -)(D —a)x = (D—6)0 ex € também solucio da equagio (6.20). Podemos ainda verificar facilmente que qualquer combinagio linear de solugdes da equagio (6.20) é ainda soluco desta equaga ». Assim, a(t) = cre" + ce (6.22) é solugio para cada c1,c2 € R, pois cre © cze" sao respectivamente as solugées gerais de (D-a)x =0¢ (D-b)r =0. “Mostramos de seguida que nao hi mais solugdes. Escrevemos a equacio (6.20) na forma (wer 6.16) a! —(a+b)a! + abe =0, © que 60 mesmo que eter i ex Pela Proposigio 5.32, 0 espaco linear das solugdes da equacio (6.23) tem dimensio 2. Assim, 0 espaco lincar das solugées da equacio (6.20) tem no maximo dimensio 2, pois ¢ obtido a partir da primeira componente das solugdes da equagio (6.28). Mas como as fungSes em (6.22) geram {ja um espago com dimensao 2, concluimos que sio todas as solugies RESOLUGAO DE EQUAGOES DIFERENCIAIS " Consideramos agora o segundo tipo de equacées. Proposicao 6.16 Dados X= a+ ib comb Oem € N a soluao geral da equagao (D-A)"(D-))™2 =0 (6.24) c mot x(t) = > [ext*e** cos(bt) + dythe sen(bt)] i= com ¢9,49,.--;€m—1;4m—1 € R. Demonstragiio, Repetindo a demonstragdo da Proposigao 6.13, concluimos que a solugio geral em C da equagio (6.18), também para \ € C, ¢ dada por mt 2(t) = > axt*e* = com to,-+-4@m-—1 € C. Da mesma forma, a solugio geral em C da equagio (D-3)"x édada por mat a(t) = >> butte =o com by, -..; 01 € C. Notamos agora que (6.16) é também valida para a,b € C, pelo que (D-a)(D ~ 6) =(D-2)(D-a) para quaisquer a, b € C. Segue-se por indugiio que (D - dy"™(D 3) = (D—Xy"(D— ay”. Por outro lado, procedendo como na demonstragao da Proposigo 5.32 mostramos que 0 espago linear em C" = R2” das solugdes de uma equagio x’ = Ax tem dimensio real 2n. Podemos entio proceder como no Exemplo 6.15 para mostrar que a solugo geral em C da equacio (6.24) € dada por mwa a(t) = D> (axthe® + oyt%e%) =

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