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GEOGRAFIA

História da Geografia II
Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online

HISTÓRIA DA GEOGRAFIA II

MÉTODO REGIONAL

Do embate entre o Determinismo alemão e o Possibilismo francês surgiu,


dentro da geografia tradicional, o Método Regional, na 1ª metade do século
XX, do qual Richard Hartshorne se destaca como principal expoente, ainda que
não seja o pioneiro. De acordo com o Método Regional, o que define a geografia
como ciência não é o objeto, mas o método. Assim, cabe à geografia estudar
as diferentes áreas do planeta. Desta forma, o Método Regional tira o foco das
questões relacionadas a “o quê determina o quê”.
Posterior à geografia tradicional, tem-se a geografia renovada, resultante
da evolução da própria sociedade, que se torna mais urbana e industrializada.
As correntes tradicionais não conseguem mais explicar o mundo pós 2ª Guerra
Mundial.
Da necessidade de mudança surge a geografia quantitativa (pós 2ª Guerra),
também conhecida como geografia pragmática, geografia teórica (teorética), geo-
grafia quantitativa ou geografia nova. Nascida nos EUA, a geografia quantitativa
faz uma ruptura com o percurso eurocêntrico, trabalhando intensamente com a
estatística e com dados. Ela cria, ainda, modelos matemáticos com capacidade
de generalização. Há uma forte influência da Escola de Chicago e da Economia
Liberal, além de críticas à Escola Francesa por uma ausência de teoria, pois,
segundo a geografia quantitativa, somente descrever regiões não é geografia,
sendo necessário o uso de dados, modelos e estatística.
A geografia quantitativa acaba tendo muita utilidade para o planejamento (ter-
ritorial, urbano). Podemos citar como exemplo Christaller e seu estudo de rede
urbana. Ao se falar em urbanização, há que se diferenciar uma rede urbana
christalleriana, em que se tem a ideia de várias pequenas cidades, cada uma
desempenhando uma função, de uma rede de cidades macrocefálica, na qual
um grande centro reúne todas as funções e toda a área periférica depende dele
para tudo.
ANOTAÇÕES

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GEOGRAFIA CRÍTICA (1960 – 1970)

Os marxistas, apesar de apoiarem a renovação da geografia, não concorda-


vam com os critérios da Escola de Chicago e da Economia Liberal, pois eram
muito matemáticos. Dessa forma, desenvolveram a vertente geográfica conhe-
cida como geografia crítica (geografia radical), que faz crítica à Geografia Tradi-
cional (neocolonialismo) e à Geografia Pragmática (Capitalismo). Seu objeto de
estudo é o espaço (conjunto de objetos e ações).
Outro conceito importante para a geografia é o de lugar. Mílton Santos, em
uma de suas obras, diz que há uma “guerra dos lugares”, em que uns têm mais
acesso do que outros, de forma que podem se posicionar melhor nessa socie-
dade globalizada que afeta cada vez mais as relações do homem com a natu-
reza. É nessa ideia que se tem a importância da DIT (Divisão Internacional do
Trabalho), cujo objetivo é entender por que algumas coisas são feitas em alguns
lugares em detrimento de outros.
Ainda sobre a ideia de lugar, tem-se o conceito de “ação externa com reflexos
locais sendo combatida, pois vai contra o interesse local” (por exemplo, a usina
de Belo Monte).
Vale mencionar que o marxismo é tardio na geografia, já que não é fácil achar
espaço em Marx, uma vez que ele trabalha com a unidade.

GEOGRAFIA HUMANISTA (1970)

Dentro da geografia há, ainda, a geografia humanista (também chamada


humanística ou pós-moderna) que, sem a pretensão de ser hegemônica, critica
o objetivismo e o economicismo de todas as vertentes anteriores. Na geografia
humanista, há a valorização da subjetividade da nossa relação com os lugares:
nossa relação com os lugares não pode ser reduzida ao aspecto econômico. Um
dos grandes nomes dessa corrente é o geógrafo chinês Yi-Fu Tuan, que discute
a Topofobia e Topofilia.
ANOTAÇÕES

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Direto do concurso
37. (TPS/2010) Os primeiros anos da modernidade são marcados pela produção
de uma enorme quantidade de dados e de informações dificilmente tratáveis
de maneira sistemática pela ciência da época. A ausência de segmentação
no seio da ciência impossibilitava a análise de certos temas particulares nas-
cidos desses dados. Assim, a partir do início do século XIX, os domínios dis-
ciplinares específicos organizaram-se definindo seu objeto próprio em torno
dessas questões. Paulo César da Costa Gomes. Geografia e modernidade.
Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007, p. 149 (com adaptações).
A partir do texto acima, assinale a opção correta acerca da história do pensa-
mento geográfico e da institucionalização da geografia como ciência.
a. A institucionalização da geografia como disciplina acadêmica originou-se
na França, com os estudos regionais empreendidos pelos herdeiros do
Iluminismo do século XVIII, como Vidal de La Blache.
b. A geografia firmou-se como domínio disciplinar específico na Antiguidade,
com obras de geógrafos como Estrabão e Ptolomeu, que delimitaram o
objeto de estudo próprio da nova disciplina que surgia: o espaço terrestre.
c. Grande parte dos historiadores da geografia atribui a Alexander von Hum-
boldt a responsabilidade pelo estabelecimento das novas regras do pen-
samento geográfico moderno, visto que ele rompeu com o enciclopedismo
francês e abandonou as narrativas de viagens e as cosmografias.
d. A geografia moderna tornou-se científica com a ascensão do possibilismo,
cujos ideais, já em meados do século XIX, superaram as ideias determinis-
tas e naturalistas em voga no início do século.
e. A geografia científica, que surgiu a partir do século XIX, com as obras de
Alexander von Humboldt e Carl Ritter, foi influenciada pelo saber geográ-
fico anteriormente produzido e pelo sistema filosófico de Emmanuel Kant,
que considerava a geografia uma ciência ao mesmo tempo geral/sistemá-
tica e empírica/regional.
ANOTAÇÕES

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25. (TPS/2011) Com relação à geografia moderna, estruturada no século XIX,


julgue (C) ou (E) os itens subsequentes.
a. A guerra franco-prussiana é considerada episódio central para o desenvolvi-
mento da geografia na França, visto que a derrota francesa foi creditada, em
parte, à superioridade da reflexão e do conhecimento geográfico alemães.
b. O surgimento de escolas nacionais decorreu da necessidade de criação de
identidades culturais no âmbito da geografia e da dificuldade de integração
entre geógrafos de nacionalidades distintas.
c. A motivação colonial foi uma das bases do desenvolvimento dos estudos
de geografia, visto que cada metrópole pesquisava o espaço das respec-
tivas colônias.
d. A geografia moderna, desenvolvida principalmente por autores alemães (e
prussianos), foi impulsionada pelo processo de unificação nacional tardio
da Alemanha.

GABARITO

37. e
25. a. C
 b. E
 c. C
 d. C

Indicações de Leitura:

Yves Lacoste (para o qual existem duas geografias: uma maior, utilizada pelas
grandes empresas; outra escolar, que apenas descreve coisas e tem pouca serventia)
Livro: Geografia serve antes de mais nada para fazer a guerra

Milton Santos
Livro: Por uma geografia nova

Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a
aula preparada e ministrada pelo professor Helges Samuel Bandeira.
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