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SEGURANÇA NA MOVIMENTAÇÃO

MANUAL E MECÂNICA DE CARGAS


ÍNDICE

Objectivos Gerais .................................................................................................................................. 3


Conteúdos Programáticos ..................................................................................................................... 3
Glossário ............................................................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................. 5
Desenvolvimento ................................................................................................................................... 7
1. Movimentação Manual de cargas .................................................................................................... 7
1.1. Legislação Aplicável.................................................................................................................... 7
1.2. Movimentação Manual de Cargas - momento da força/torque .................................................... 9
1.3. Riscos e Lesões........................................................................................................................ 12
1.4. Regras de boas práticas ........................................................................................................... 14
1.4.1. Exemplos de procedimentos desadequados.......................................................................... 16
1.4.2. Recomendações a adoptar na Movimentação Manual de Cargas ......................................... 18
2. Movimentação Mecânica de Cargas.............................................................................................. 22
2.1. Legislação Aplicável.................................................................................................................. 24
2.1.1. Porta Paletes ......................................................................................................................... 24
2.1.2. Medidas de Protecção / Prevenção ....................................................................................... 25
Bibliografia........................................................................................................................................... 28

Manual de Segurança na Movimentação Manual e Mecânica de Cargas


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Objectivos Gerais
Conhecer os requisitos principais e regras de segurança na movimentação manual de cargas e
movimentação mecânica com recurso ao porta paletes eléctrico.

Conhecer as exigências em termos técnicos e de segurança.

Objectivos Específicos

No final da formação, os formandos deverão ser capazes de:

Conhecer as exigências legais, de acordo com o Dec-Lei 50/2005, de 25/02 e Lei 102/2009 de
10 de Setembro e Decreto-Lei 330/93, de 25 de Setembro, em termos de Higiene e Segurança
do Trabalho e essencialmente, Movimentação Mecânica de Cargas com recurso a
porta paletes e Movimentação Manual de Cargas;
Identificar os perigos e os principais riscos na movimentação manual de
cargas e movimentação e mecânica de cargas, com recurso ao porta-paletes eléctrico;
Conhecer as regras de segurança na movimentação manual de cargas e
movimentação
mecânica de cargas, com recurso ao porta-paletes eléctrico.

Conteúdos Programáticos

COMPONENTE TEÓRICA
Enquadramento Legal 1H
Princípios Gerais e Procedimentos de Segurança – movimentação manual de cargas e
1,5 H
movimentação mecânica de cargas, com recurso ao porta-paletes eléctrico
COMPONENTE PRÁTICA
Exercícios Práticos 1,5 H
Total 4H

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Glossário

Acidente de Trabalho - É acidente de trabalho aquele que se verifique no local e no


tempo de
trabalho e produza directa ou indirectamente lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que
resulte redução na capacidade de trabalho ou de ganho ou a morte.
Doença Profissional - Doenças profissionais são as doenças constantes da lista das
doenças
profissionais e ainda toda a lesão, perturbação funcional ou doença (não incluída na lista), que seja
consequência necessária e directa da actividade exercida pelos trabalhadores desde
que não representem o normal desgaste do organismo (art.310º CT e 2º L248/99 de
2 /7). As doenças profissionais em nada se distinguem das outras doenças, salvo pelo facto de terem
origem em factores
de risco existentes no local de trabalho.
Ergonomia - Ergonomia é a aplicação de conhecimentos científicos relativos ao Homem
para
conceber objectos, sistemas e envolvimentos adequados. Sistemas de trabalho, de desporto, de lazer,
ou outros, devem incluir princípios ergonómicos na sua concepção, visando de forma
integrada a saúde, a segurança e o bem-estar do indivíduo, bem como a eficácia dos sistemas. A
Ergonomia está
presente
Higiene em
no tudo o que envolve
Trabalho as pessoas.
- A higiene do trabalho ou higiene ocupacional é um conjunto de
medidas
preventivas relacionadas ao ambiente do trabalho, que consiste em combater as
doenças profissionais.

NIOSH - Referência Internacional NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) para a
movimentação de cargas.

Perigo - Fonte ou situação com potencial para provocar danos em termos de lesão, doença, dano à
propriedade, dano ao meio ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes.

Riscos - Combinação da probabilidade de ocorrência e da(s) consequência(s) de um


determinado
evento perigoso.
Segurança no Trabalho – Segurança do trabalho é um conjunto de ciências e tecnologias
tem o
objectivo de promover a protecção do trabalhador no seu local de trabalho, visando a
redução de acidentes de trabalho.
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Introdução

A Movimentação de Cargas pode ser definida como qualquer operação de


movimentação ou
deslocamento voluntário de cargas, incluindo as operações fundamentais de elevação, transporte
e descarga.
A movimentação pode ser efectuada manualmente ou com recurso a sistemas
mecânicos. A
movimentação mecânica de cargas permite que, de um modo planeado e seguro, e com recurso a um
determinado conjunto de materiais e meios, se movimentem cargas de um determinado ponto
para
outro.
Esta operação compreende as seguintes fases:

- Elevação (ou carga);

- Manobra livre (ou movimentação);

- Assentamento (ou descarga).

Na movimentação manual de cargas, a ocorrência de acidentes de trabalho é


consequência de
movimentos incorrectos ou esforços físicos exagerados, de elevação, de descarga e transporte, bem
como, de períodos insuficientes de repouso, especialmente quando se tratam de cargas
volumosas e/ou pesadas. Este transporte configura-se frequentemente como uma tarefa árdua, mesmo
quando a carga a transportar não seja pesada ou volumosa. Para tal, basta que se proceda
à elevação e/ou
transporte
O parafísico
desgaste plataformas ou que sepesado
e o trabalho suba escadas.
são noções relativas, dado que a capacidade de
trabalho
individual varia de indivíduo para indivíduo. Uma determinada tarefa facilmente executada por
um determinado indivíduo pode conduzir a um elevado desgaste num outro indivíduo com mais idade ou
de mais fraca compleição física.
As principais consequências da movimentação de cargas são as lesões
musculoesqueléticas
provocando sofrimento, incapacidade profissional e perda de remunerações ao trabalhador, elevados
custos para os empregadores e para as economias nacionais

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Na Europa, diariamente, 24% dos trabalhadores queixam-se de dores de costas, 22% de
dores
musculares, e cerca de 15% das causas de incapacidade para o trabalho são relacionadas com lesões
da coluna vertebral (European inspection and communication campaign, 2007). Após a primeira lesão,
a coluna vertebral torna-se mais vulnerável, aumentando a probabilidade de novas lesões.
Na grande maioria dos casos, os acidentes de trabalho bem como as lesões associadas
tanto à
movimentação manual como mecânica de cargas resultam de actos inseguros, nomeadamente devido
à adopção de posturas incorrectas e zelo excessivo. Neste sentido a informação,
consulta e a formação como processo de transmissão de conhecimento e aprendizagem dos
colaboradores, desempenha um factor primordial como medida correctiva/preventiva de
acidentes de trabalhos e
doenças profissionais.

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Desenvolvimento

1. Movimentação Manual de cargas


A “movimentação manual de cargas” é qualquer operação de transporte ou sustentação de uma carga
que, devido às suas características ou a condições ergonómicas desfavoráveis, comporte riscos para a
segurança e saúde dos trabalhadores

A movimentação manual de cargas pode ser:


- Levantar;
- Transportar;
- Colocar;
- Empurrar;
- Arrastar;
- Puxar;
- Manter suspenso

1.1. Legislação Aplicável

A Lei 102/2009 de 10 de Setembro estabelece o regime jurídico da promoção da segurança e saúde


no trabalho

A nível europeu, os dois diplomas base sobre a Movimentação Manual de Cargas são a
Directiva
89/391/EEC e a Directiva 90/269/EEC. Em Portugal, destaque para o Decreto-Lei 330/93, de 25 de
Setembro, que transpõe para o nosso país a Directiva 90/269/EEC. Assim considera-se as seguintes
peças legislativas:
Portaria nº 53/71, de 3/2 - Regulamento geral de segurança e higiene do
trabalho nos
estabelecimentos industriais. Altera a Portaria n.º 702/80, de 22 de Setembro

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Decreto do Governo nº 17/84, de 4/4 - Aprova por ratificação, a Convenção 127, adoptada pela
Conferência Internacional do Trabalho, relativa ao peso máximo de cargas e transportar por um só
trabalhador.

Decreto-Lei nº 330/93 - Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º 90/269/CEE, do
Conselho, de 29 de Maio, relativa às prescrições mínimas de segurança e de
saúde na movimentação manual de cargas (altera a Lei nº 113/99 de 3 de Agosto).

O Decreto – Lei n.º 330/93 impõe as prescrições mínimas de segurança e saúde na Movimentação
Manual de Cargas, definindo esta actividade como “qualquer operação de transporte e sustentação de
uma carga que, devido às suas características ou condições ergonómicas desfavoráveis,
comporte riscos para os trabalhadores, nomeadamente na região dorso-lombar”.

De acordo com o Decreto-Lei 330/93, o empregador deve:

- “adoptar medidas de organização do trabalho adequadas ou utilizar os meios


apropriados,
nomeadamente equipamentos mecânicos, para evitar a movimentação manual de cargas.”
- “adoptar as medidas apropriadas de organização do trabalho, utilizar ou
fornecer aos
trabalhadores os meios adequados, a fim de que essa movimentação seja o mais segura possível.”
- “proceder à avaliação dos elementos de referência do risco da movimentação manual das cargas
e das condições de segurança e de saúde daquele tipo de trabalho”.

Essa avaliação deverá ter em conta os seguintes aspectos fundamentais:

- Características da carga;

- Esforço físico exigido;

- Características do local de trabalho;

- Exigência da actividade a desempenhar;

- Os factores individuais.

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O Decreto-Lei 330/93 declara igualmente que “ o empregador deve facultar aos
trabalhadores
expostos, assim como aos seus representantes na empresa ou no estabelecimento, informação sobre:
a) Os riscos potenciais para a saúde derivados da incorrecta movimentação manual de cargas;

b) O peso máximo e outras características da carga;

c) O centro de gravidade da carga e o lado mais pesado da mesma, quando o conteúdo de uma
embalagem tiver uma distribuição não uniforme de peso.”

A entidade empregadora deve também “providenciar no sentido de os trabalhadores


receberem
formação adequada e informações precisas sobre a movimentação correcta de cargas”.

1.2. Movimentação Manual de Cargas - momento da força/torque

A tendência que uma força tem para provocar movimento de rotação a um corpo denomina-se Torque.
Quando uma força é aplicada perpendicularmente ao braço de alavanca produzindo um movimento
rotacional designa-se por Momento da Força

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Grande parte das forças compressivas aplicadas à coluna é devida ao torque dos
músculos
posteriores. Como o seu braço de alavanca é pequeno (5 cm ou menos, dependendo da
zona da coluna) em relação ao peso do corpo, a força gerada por estes músculos é elevada
para manter a
alavanca em equilíbrio (M = 0).
Pode-se, desde já deduzir, matematicamente, que aumentando o comprimento do braço da alavanca
peso na parte anterior (transportando uma carga) ou aumentando o comprimento do
braço da alavanca da força do peso do corpo (flectindo o tronco) implicará um aumento da força dos
músculos paravertebrais, aumentando assim a compressão intervertebra.

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1.3. Riscos e Lesões

A movimentação manual de cargas está intrinsecamente associada a todos os sectores de actividade


(desde as PME às grandes empresas) no entanto, há alguns onde assume um papel de
destaque, como por exemplo: armazenamento, metalomecânica, indústria têxtil, construção civil, etc.

A movimentação manual de cargas pressupõe a utilização do corpo do trabalhador como


próprio
“instrumento” de trabalho.
A movimentação manual de cargas é uma actividade susceptível de envolver vários riscos
não só
adjacentes ao trabalho físico desenvolvido pelo trabalhador para movimentar as cargas, mas também
relacionados com a própria composição dessas mesmas cargas – muitas vezes
constituídas por diversificados materiais, nem sempre completamente inócuos.
Em termos biomecânicos, no processo de movimentação de cargas, o peso dos segmentos corporais
juntamente com a carga transportada correspondem à resistência e a força muscular exercida
para realizar o trabalho corresponde à força de potência.

Os trabalhos de transporte manual impõem a existência de


uma
carga estática a diversos músculos da coluna vertebral.
Desta forma, os vasos sanguíneos são comprimidos em
consequência da contracção dos músculos, o fluxo sanguíneo
fica reduzido, com a correspondente falta de oxigénio para a
combustão
do açúcar muscular.
Acontece, também, que na contracção muscular repetida
ou
duradoura, a evacuação de produtos ácidos do metabolismo, faz-se
devido à compressão quase permanente dos vasos, com
alguma dificuldade. Esta dificuldade traduz-se
posteriormente no aparecimento da sensação
de fadiga. Esta, por sua vez, pode desencadear uma
redução nos reflexos dos trabalhadores, o que
pode estar na origem de alguns acidentes de trabalho ou incidentes.

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Simultaneamente, o transporte de objectos pesados e/ou volumosos pode causar outro tipo de efeitos
sobre o corpo humano: as doenças profissionais.

Cerca de 25% de todas as lesões que ocorrem na indústria estão directamente relacionadas com o
levantamento, transporte e deslocação de materiais.

Dores nas costas, hérnias, lesões nos pés e mãos são consequências normais dos movimentos que
estão para além da capacidade física dos trabalhadores, bem como, pela aplicação de métodos
de trabalho perigosos.

Podem surgir ainda os seguintes problemas ou complicações:

Aumento do número de acidentes e incidentes;

Aumento do absentismo;

Elevada incidência de traumatismos músculo-esqueléticos;

Aparecimento de patologias.

As várias patologias que a movimentação manual de cargas poderá ser agente causal são:

a) Hérnias discais – uma hérnia discal consiste numa ruptura parcial do disco
intervertebral (a
substância mole do seu interior escapa-se através de uma área débil da camada exterior, que é dura),
para fora do espaço entre as vértebras, podendo assim exercer um efeito de compressão sobre
as
raízes nervosas
Geralmente, asadjacentes, provocando
hérnias discais dor. na zona inferior das costas (coluna lombar) e
surgem
costumam
afectar somente uma perna. As hérnias discais na zona lombar costumam também provocar debilidade
nas pernas e, por isso, a pessoa pode ter muita dificuldade em levantar a parte anterior do
pé (pé pendente). Uma hérnia discal de grande dimensão localizada no centro da coluna costuma
afectar os nervos que controlam a função intestinal e da bexiga urinária, alterando a capacidade de
defecar ou de
urinar.
b) Lumbagos - situação dolorosa da região lombar ocorrida após um esforço brusco. É muitas vezes
considerada como a consequência do deslocamento do núcleo do disco inter-vertebral. Trata-se
do

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segundo estádio de gravidade: à lombalgia junta-se uma noção de esforço deslocante assim
como
uma noção de blocagem lombar, desencadeando uma atitude anti-dor (geralmente uma
inclinação para a frente).

c) Ciática – regra geral, a dor ciática é caracterizada pelo facto de ser muito intensa. Está situada ao
longo do trajecto do nervo ciático e suas ramificações. Encontra-se portanto, por trás da coxa, depois
atrás da rótula ou sobre o seu lado externo. A sua origem está na agressão do
nervo ciático, geralmente por uma hérnia do disco intervertebral, quer entre a 4ª e a 5ª
vértebras lombares, quer entre a 5ª lombar e a 1ª vértebra sagrada.

Distracção e fadiga que podem desencadear vários erros. Isto acontece especialmente quando para
além da incumbência de movimentação manual de cargas os trabalhadores também são solicitados
para realizarem operações de comando de máquinas.

Condições como a ciática, deslocações da hérnia discal, roturas de ligamentos, lesões musculares ou
das articulações acarretam incómodos para trabalhadores e empregadores, implicando, além do óbvio
sofrimento, deslocações a médicos, pedidos de baixas e custos com recuperações, substituições de
funcionários, etc...

Além dos riscos específicos relacionados com a movimentação manual de cargas, enumera-se de
seguida outros riscos que podem estar associados:

- Quedas de objectos sobre os pés:

- Ferimentos causados por objectos penetrantes;

- Choque com objectos;

- Entalamentos.

1.4. Regras de boas práticas

Quando numa empresa existe um ou mais trabalhadores afectos à movimentação manual de cargas, é
necessário tomar algumas medidas, no intuito de salvaguardar a segurança e
saúde dos trabalhadores.

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Assim sendo, é necessário ter em consideração os seguintes pontos:

a) Características e tipo de carga que é necessário movimentar / transportar:

Constituição da carga (material, forma, volume, etc.);

- Peso e centro de gravidade - os trabalhadores deverão conhecer um e outro; o


centro de
gravidade pode não coincidir com o centro geométrico, (líquidos, por ex.) podendo
haver aumento das forças compressivas…
- Tamanho – influencia a postura: evitar larguras superiores a 60 cm e
comprimentos superiores a 35 cm, ou 50 cm no limite.
- Adequabilidade da pega
- Superfície – arestas afiadas ou cortantes implicam riscos; objectos muito quentes ou muito
frios também são factores de risco…
Localização da carga no contexto do espaço de trabalho;
Intensidade (peso da carga).

b) Esforço físico exigido na tarefa:

Intensidade das forças que é necessário exercer para vencer a resistência que a carga oferece;

Tipo de músculos e órgãos envolvidos na manipulação da carga;

Frequência do número de elevações e outros movimentos efectuados.

c) Condições físicas dos trabalhadores:


Sexo;
Idade;
Capacidade e condição física no momento;
A gravidez, nas mulheres;
A constituição física;
Os conhecimentos.
A existência previa de lesões dorso-lombares
O vestuário e equipamentos de protecção individual que usam
Outras características individuais.

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d) Exigências específicas de cada actividade em particular:

Condições ambientais do local / espaço de trabalho onde é efectuada a movimentação


das
cargas;
- O espaço existente (o vertical principalmente);

- A qualidade do piso (risco de desequilíbrio e/ou queda);

- A iluminação;

- A temperatura (consumo energético) vibrações…

Duração e frequência dos ciclos de trabalho;

Percurso e deslocamentos que os trabalhadores têm de percorrer (existências de


portas,
escadas no percurso, etc.).

1.4.1. Exemplos de procedimentos desadequados

Como já foi referido, a movimentação manual de cargas pode acarretar uma série de
riscos e
patologias para os trabalhadores, caso as condições de trabalho não sejam as mais indicadas. Para
que se possa compreender melhor, as situações de perigo e risco associadas à movimentação manual
de cargas, apresentam-se a seguir, alguns exemplos de más práticas:
Carga mal equilibrada ou com conteúdo sujeito a oscilações;

Carga mal posicionada, de tal modo que tenha que ser mantida ou manipulada a
grande
distância do tronco ou com flexão / torção do tronco;

Carga susceptível, devido ao seu aspecto exterior e/ou à sua consistência, de provocar lesões
no trabalhador, nomeadamente em caso de choque ou balanceamento;

Carga demasiado pesada ou demasiado volumosa;

Carga muito pesada (inadequada às características fisiológicas do trabalhador) ou difícil


de
agarrar;
Inexistência de espaço suficiente para o trabalhador se movimentar juntamente com a carga;

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Movimentação da carga a alturas inapropriadas ou adoptando posturas incorrectas;

Pavimento degradado e / ou com desníveis;

Movimentação de cargas a diversos níveis (ex. ter que transportar cargas entre
diferentes
pisos);
Pontos de apoio instáveis – ex.: existência de tapetes ou carpetes não fixadas ao chão;

Condições ambientais desfavoráveis (temperatura, humidade, velocidade do ar);

Utilização de calçado inapropriado (ex.: calçado com saltos altos);

Realização de esforços que solicitem a coluna vertebral por períodos


demasiadamente
prolongados;
Tempo insuficiente de descanso fisiológico ou de recuperação quando se realizam tarefas que
implicam esforços mais pesados;

Necessidade de movimentos de abaixamento ou elevação das cargas demasiado grandes;

Ritmos de trabalho excessivo sem possibilidade de os trabalhadores efectuarem


pequenas
pausas.

Caso alguma destas regras de más práticas seja identificada, convém que seja alvo de
correcção
imediata. A sua continuidade ao longo do tempo pode provocar sérias lesões nos
trabalhadores atingidos, ou ainda, determinados tipos de acidentes ou incidentes.
A correcção das referidas não conformidades deve pautar-se pela correcta aplicação dos
vários
princípios ergonómicos a fim de optimizar a compatibilidade entre o homem, as máquinas e o ambiente
físico de trabalho. Isto conseguir-se-á através do equilíbrio entre as exigências das
tarefas, das máquinas e as características anatómicas, fisiológicas, cognitivas e percepto-motoras do
“É necessário ter sempre em conta que se deve tentar sempre proceder à
homem.
adequação do
trabalho ao Homem e não do Homem ao Trabalho.”
O conhecimento dos factores de risco é importante, visando a prevenção das lombalgias.

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A seguir, serão referidos alguns factores intrinsecamente relacionados com os trabalhadores que são
necessário ter em consideração, uma vez que podem limitar ou mesmo impedir a
realização de trabalho – movimentação manual de cargas:

Altura superior a 1,80 m no homem, e 1,70 m na mulher;

Obesidade;

Gravidez;

Alterações da estática da coluna, nomeadamente as escolioses, as hipercifoses dorsais e as


hiperlordoses lombares. A hipercifose e a hiperlordose são exageros das curvas normais
da coluna vertebral. As escolioses são desvios laterais da coluna, e nem sempre são patológicas;

Malformações da coluna vertebral;

Traumatismos diversos;

Trabalhos com máquinas ou utilização de ferramentas susceptíveis de provocar elevados níveis


de vibrações;

Desportos violentos ou actividades radicais.

1.4.2. Recomendações a adoptar na Movimentação Manual de Cargas

Evitar manuseamento de cargas não adequadas em termos de volume ou peso – de acordo o


NIOSH (não superior a 23 Kg);

Conceber embalagens com formas e tamanhos apropriados ao tipo de objecto a manusear;

Procurar adaptar pegas ergonómicas na carga manuseada para facilitar o


levantamento e
transporte;
Usar técnicas adequadas em função do tipo e especificidade da carga – evitar a utilização do
tronco como alavanca, mantendo-o na posição vertical e procurar utilizar os membros inferiores
como alavanca;

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Sempre que possível, colocar as cargas em planos elevados relativamente ao solo (antes de
proceder à elevação);

Evitar ao máximo “dobrar” a coluna; esta deve servir como suporte;

Aquando da movimentação e levantamento/abaixamento de cargas, o trabalhador deve evitar


rir, tossir, falar ou efectuar outros movimentos bruscos;

Os movimentos de torção do tronco em torno do corpo devem ser sempre evitados;

As cargas transportadas devem ser suportadas pela coluna e membros inferiores,


sendo a
coluna apenas elemento estático de transmissão e nunca de articulação;
Suster uniformemente as cargas em cada uma das mãos (quando possível);

Ter em consideração os pesos a elevar, conforme a idade, constituição física e


sexo do
trabalhador;
Promover o exercício físico e o reforço muscular dos músculos que participam mais activa na
movimentação de cargas;

A movimentação de cargas deve ser efectuada, em zonas, em que o pavimento se encontre


devidamente nivelado e desobstruído de obstáculos, entulho, cabos e fios
condutores de electricidade.

Sempre que tecnicamente possível, utilizar meios auxiliares de elevação e transporte


para
movimentar as cargas;
As cargas a transportar, devem estar devidamente acondicionadas e
simetricamente
distribuídas de modo a evitar oscilações e sobre-esforços;
Se possível, proceder à deslocação das cargas por rolamento (ex. deslocação de
barris de
cerveja ou bidões);
Os braços devem estar posicionados junto ao corpo de uma forma descontraída;

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Quando o tipo de trabalho implica movimentos muito repetitivos ou monótonos,
deve-se
procurar efectuar pequenas pausas acompanhadas de alguns exercícios, de
forma a desentorpecer os músculos e articulações e melhorar a circulação.
É importante relembrar que apesar de todas estas recomendações, será necessário ter sempre
em
consideração que o desempenho de todos trabalhadores, vai depender directamente da sua aptidão
física e psíquica paralelamente à qualidade da formação que lhes é ministrada.

Ao ter que levantar manualmente uma carga, devo seguir os princípios seguintes:

- O joelho deve ficar adiantado em ângulo de 90 graus.


- Braços esticados entre as pernas.
- Dorso plano.
- Queixo não dirigido para baixo.
- Pernas distanciadas entre si lateralmente.
- Carga próxima ao eixo vertical do corpo.
- Tronco em mínima flexão.

Caso tenha de efectuar uma movimentação lateral de


carga, devo observar os seguintes princípios:

Movimentação de um barril
Posição dos pés em ângulo de 90 graus, para evitar a
torção do tronco.

Transporte de uma caixa


O porte da carga é feito com os braços esticados, de modo a obter menor tensão nos músculos dos
mesmos.

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Exemplo:

Planeie o que pretende fazer e, se necessário, vá buscar ajuda;

Afaste os seus pés, de modo a equilibrar a distribuição do peso;

Flicta os joelhos e agarre firmemente a carga com as duas mãos;

Levante a cabeça e mantenha as costas direitas enquanto levanta a


carga;

Levante a carga até à sua cintura devagar, enquanto endireita as suas pernas, ao
mesmo tempo que mantém os seus cotovelos junto ao seu tronco.

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Para colocar a carga no chão, dobre os joelhos e mantenha sempre as costas
direitas.

Na posição “sentada” a fim de cumprir as exigências de ergonomia, o local de trabalho na caixa dever-
se-á caracterizar por um espaço de trabalho apropriado que
possibilite movimentos livres ao colaborador e assegurar um
equipamento que diminuirá a carga do aparelho de movimento
(p.ex. uma cadeira com apoio lombar, rolos de deslocação de
mercadorias, leitores portáteis de
códigos de barras).

2. Movimentação Mecânica de Cargas


O transporte de cargas volumosas e/ou pesadas pode ser realizado manual ou mecanicamente.

O método mais eficaz para diminuir as lesões músculoesqueléticas é evitar a movimentação manual
de cargas. Estas actividades requerem a mecanização ou automatização das tarefas que
exigem movimentação de cargas. A necessidade de utilizar
equipamento técnico, nomeadamente equipamento de elevação, pode
agravar o custo da organização de um posto de trabalho. Contudo, este acréscimo de custos
pode ser compensado por uma diminuição do tempo despendido, uma redução dos períodos
de baixa do trabalhador e uma melhoria das condições de trabalho e da imagem
da empresa. A utilização de equipamento de elevação e um exemplo de uma boa prática
No transporte das mercadorias, incluindo a sua colocação nas lojas, se utilizar o porta-
paletes
eléctrico, elimina a necessidade de aplicação de grande forca ao empurrar e puxar.

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A movimentação mecânica de cargas é uma actividade que compreende o transporte de cargas de um
determinado ponto para outro, de forma planeada e segura, e com recurso a um determinado conjunto
de meios mecânicos e materiais.

Esta operação compreende as seguintes fases:


- Elevação (ou carga);
- Manobra livre (ou movimentação);
- Assentamento (ou descarga).
Existem várias formas de classificar os equipamentos de movimentação mecânica de
carga. Por exemplo, a Fédération Européenne de la Manutention (FEM), criou uma classificação em
1960, e cuja revisão de 2004 tinha os seguintes campos:
- Aparelhos pesados de elevação e movimentação;
- Transportadores contínuos;
- Empilhadores;
- Gruas móveis;
- Elevadores, escadas rolantes e tapetes rolantes;
- Aparelhos de elevação série.
Outra hipótese de classificação é quanto ao seu
tipo de funcionamento e mobilidade:
- Equipamentos de funcionamento contínuo em percurso pré-
estabelecido;
- Equipamentos de funcionamento descontínuo de
movimentação limitada;
- Equipamentos móveis de funcionamento descontínuo.
De seguida, vamos analisar o porta-paletes eléctrico de transporte mecânico de cargas em armazém,
os riscos associados e o que fazer para os prevenir.

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2.1. Legislação Aplicável

Portaria nº 53/71, de 3/2 - Regulamento geral de segurança e higiene do


trabalho nos
estabelecimentos industriais. Altera a Portaria n.º 702/80, de 22 de Setembro
Portaria nº 987/93, de 6/10 - Estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde nos locais de
trabalho.

Decreto-Lei n.º 50/2005 - Transpõe para a ordem jurídica interna a Directiva n.º
89/655/CEE, do
Conselho, de 30 de Novembro, alterada pela Directiva n.º 95/63/CE, do Conselho, de 5 de Dezembro,
e pela Directiva n.º 2001/45/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de Junho, relativa às
prescrições mínimas de segurança e de saúde para a utilização pelos trabalhadores de equipamentos
de trabalho.
Decreto-Lei n.º 103/2008 de 24 de Junho - Estabelece as regras a que deve obedecer a colocação no
mercado e a entrada em serviço das máquinas bem como a colocação no mercado das
quase máquinas.

2.1.1. Porta Paletes

Os porta-paletes podem ser hidráulicos ou eléctricos. Possuem dois garfos


fixos,
adaptados ao manuseamento de euro-paletes (120x80cm). Os porta-
paletes de última geração possuem travões nas rodas e célula de
pressão que não deixa movimentar a carga caso o peso máximo de operação
seja ultrapassado.

Tipo de Porta Paletes

Porta paletes de condutor apeado - Económico para o transporte horizontal de paletes.


Porta paletes com plataforma – Para movimentações de alta intensidade incluindo cargas e descargas.

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Order picker de nível baixo - Para uma preparação rápida e frequente de encomendas nos níveis de
recolha mais baixos.
Order picker vertical - Para uma preparação rápida e frequente de encomendas nos níveis de recolha
mais alto.

Para cada classe de equipamentos é necessário observar a generalidade das regras


previamente
analisadas (isto quando aplicáveis). Cada porta-paletes, seja eléctrico ou manual, terá igualmente que ser
acompanhado de um manual de instruções, onde se deve verificar:
Condições normais de funcionamento;
Dimensões;
Tipo de construção;
Material de fabrico;
Carga máxima a suportar;
Limites de emprego.
Apesar de simples de operar, identificaram-se os seguintes riscos na operação de um porta-paletes:

- Esforço físico por parte do operador;


- Esmagamentos, entalamentos e cortes devido à queda de cargas;
- Esmagamentos, entalamentos e cortes, devido a choques contra obstáculos ou objectos;
- Queda do operador ao mesmo nível; quedas a níveis diferentes;

- Atropelamento;
- Colisões e choques contra outros veículos;
- Incêndio ou explosão
- Risco eléctrico

- Agarramento ou arrastamento (nas engrenagens e órgãos rotativos das máquinas)

2.1.2. Medidas de Protecção / Prevenção

Não utilizar como patim ou skate.

Movimentar o porta-paletes a baixa velocidade

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Sempre que possível deverão ser utilizados meios de movimentação mecânica de cargas
cuja
translação não seja assegurada pela força de tracção humana.
O manobrador do porta-paletes deverá sempre adoptar posturas correctas (na sua movimentação) de
modo a evitar esforços desnecessários e perturbações de ordem músculo-esquelética.

Os manobradores dos porta-paletes devem ter especial cuidado nos cruzamentos e


desníveis no
pavimento. Estas zonas devem ser sinalizadas ou eventualmente, proceder-se à
colocação de espelhos.
O pavimento deve ser resistente e não deverá possuir irregularidades.

Ao carregar ou descarregar num camião, assegure-se que a plataforma de


passagem é
suficientemente resistente.
Nunca se poderá elevar uma carga superior à capacidade máxima de transporte do porta-paletes. Este
deverá possuir uma placa indicadora da carga máxima de transporte.

A carga a elevar terá que estar devidamente equilibrada e o manobrador deve conhecer o seu centro
de gravidade.

Quando não está a ser utilizado, o porta-paletes deve ser devidamente arrumado. Para o efeito, os
garfos devem estar sempre protegidos (ex.: colocados numa palete) de modo a não constituírem risco
de queda para os trabalhadores.

Todos os sinais de trânsito e / ou sinalização de segurança devem ser criteriosamente respeitados.

É obrigatório o uso de calçado de protecção e luvas. As operações de levantamento e


descida da
carga devem ser feitas com especial atenção de modo a evitar o entalamento e o esmagamento dos
membros.

Ao levantar uma palete, deverá ter em conta os aspectos seguintes:

- Estado da palete: Se tiver madeiras partidas, tenha muito cuidado;

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- Colocação da palete: Se tiver paletes encostadas, introduza os garfos até ¾ da
dimensão,
puxe a palete para fora, e depois coloque os garfos totalmente entre os espaços da base;
- Estabilidade da carga: Ver se a carga está uniformemente distribuída e se os
volume individuais estão unidos por filme plástico ou equivalente.

É aconselhável rever o sistema hidráulico e/ou eléctrico dos porta-paletes com uma frequência mínima
anual, para garantir o seu correcto funcionamento e detectar potenciais problemas que podem levar ao
abate do equipamento antes do seu fim de vida útil, tais como fugas de óleo, elementos de baterias em
mau estado, etc.

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Bibliografia

Freitas, Luís Conceição, “Segurança e Saúde do Trabalho”, 1.ª Edição, Edições Sílabo, 2008,
Lisboa;

Grandjean, Etienne, “Manual de Ergonomia - Adaptando o Trabalho ao Homem”, 1.ª


Edição,
Bookman
Miguel, Alberto Sérgio S. R., “Manual de Higiene e Segurança do Trabalho”, 7.ª Edição, Porto
Editora, 2004, Porto;

Nunes, Fernando M. D. Oliveira, “Segurança e Higiene do Trabalho – Manual


Técnico”, 2.ª
Edição, Cooptécnica Gustave Eiffel, 2009;
Rosa, Manuel, M., “Segurança e Saúde do Trabalho: Avaliação e Controlo de
Riscos”, 2.ª
Edição, Almedina, Junho de 2004, Coimbra.

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