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CÍRCULO DE CULTURA: UMA PROPOSTA


PEDAGÓGICA COM EDUCANDOSDO 6° ANO DO
COLÉGIO ESTADUAL DR. WILLIE DAVIDS –
LONDRINA-PR
Ana Carolina dos Santos Marques12
Guilherme Vinicius de Souza13
Karoline Oliveira Santos14
Marcelo Augusto Rocha15
Patrícia Honório Moura da Silva16
Tatiane Cintra17

Resumo
O presente artigo discute a proposta dos círculos de cultura desenvolvidos por Paulo Freire e
apresenta os resultados da aplicação de uma oficina pedagógica com educandos do 6º ano do
Colégio Estadual Dr. Willie Davids, em Londrina (PR). Para isso, foi necessária a leitura e
fichamento de obras relacionados ao tema, planejamento da oficina pedagógica, aplicação desta
e sistematização dos resultados. Aborda-se a biografia de Paulo Freire, a história e
características dos círculos de cultura e contribuições deste método para o ensino de Geografia.
Questiona-se se é possível aplicar os círculos de cultura nos dias atuais com turmas de ensino
médio e fundamental, visto que o primeiro círculo foi realizado na década de 1960, com o
objetivo de alfabetizar e politizar adultos. Por meio desta pesquisa espera-se contribuir para os
debates dessa temática, além de evidenciar a importância dos trabalhos de Paulo Freire para a
Educação.
Palavras-chave: círculos de cultura; Paulo Freire; ensino de Geografia.

Abstract
This article discusses the proposal of crop circles developed by Paulo Freire and presents the
results of applying an educational workshop with students of the 6th year of the State College
Dr. Willie Davids in Londrina (PR). For this, it was necessary to read and book report works
related to the theme of the educational workshop planning, implementation thereof and
systematization of the results. Approaches to Paulo Freire biography, history and characteristics
of crop circles and contributions of this method for teaching geography.Wonders whether it is
possible to apply the crop circles these days with middle and elementary school classes, as the
first round was held in the 1960s, with the goal of literacy and politicize adults. Through this
research is expected to contribute to the discussions of this subject, and highlight the importance
of Paulo Freire's work for Education.
Keywords: crop circles; Paulo Freire; teaching geography.

12
Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: anaaa0@hotmail.com.
13
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: guilhermevinicius.souza@outlook.com.
14
Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: okaroline22@gmail.com.
15
Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: marcellusaugustus@gmail.com
16
Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: patriciahonorio14@gmail.com.
17
Graduanda em Geografia pela Universidade Estadual de Londrina. E-mail: tati.cintra26@gmail.com.
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INTRODUÇÃO

Este artigo discute a proposta dos círculos de cultura desenvolvidos por Paulo
Freire e apresenta os resultados da aplicação de uma oficina com os educandos do 6º
ano do Colégio Estadual Dr. Willie Davids - Londrina-PR.
Ao longo do texto apresenta-se alguns aspectos da vida de Paulo Freire, o que
são os círculos de cultura, bem como um pouco da história deste método. Os resultados
obtidos por meio da oficina serão apresentados, relatando os desafios e benefícios da
atividade. Por fim, serão discutidas as contribuições do círculo de cultura no ensino de
Geografia.
Para elaboração desta pesquisa, foi necessária a leitura e fichamento de obras de
autores que contribuíram com a temática, organização e planejamento de uma oficina
pedagógica a partir das ideias do círculo de cultura, aplicação da oficina no Colégio
Willie Davis, com turmas de 6º ano e sistematização dos resultados obtidos.
A problemática norteadora da pesquisa caracteriza-se como: ―É possível a
aplicação dos círculos de cultura nos dias atuais?‖, tendo em vista que o primeiro
círculo de cultura aplicado foi na década de 1960 com o objetivo de alfabetizar e
politizar adultos. A resposta para esse questionamento é ―Sim‖, apesar de todas as
dificuldades apresentadas durante a realização da atividade, como o fato dos educandos
atualmente serem muito diferentes dos educandos do passado, como por exemplo, em
relação às tecnologias. Porém, o resultado da atividade foi satisfatório, possibilitando a
compreensão dos benefícios dos círculos de cultura para o ensino de Geografia.
Desta forma, por meio deste artigo espera-se contribuir para os debates
relacionados à temática, fomentando discussões e explicitando o quão importante é o
papel de Paulo Freire na educação.

PAULO FREIRE E A IDEALIZAÇÃO DOS CÍRCULOS DE


CULTURA
Paulo Reglus Neves Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, em Recife, sua
formação abrangeu os campos da Filosofia e Pedagogia, deixando um amplo legado no
viés da pedagogia crítica. Além disso, vale ressaltar que Paulo Freire, dedicou parte de
sua vida lutando contra a educação elitista, em busca de uma educação construída com
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os educandos, valorizando seus conhecimentos prévios e dando sentido social aos


mesmos (MCLAREN, 1997).
Nesse sentido, e sob a ótica de Paulo Freire, a educação representa um
instrumento de libertação, pois por meio desta, os homens tornam-se politizados e
cidadãos críticos, em busca da cidadania, respeitando seus direitos, mas também
reconhecendo seus deveres em busca da justiça social. O pensamento do Paulo Freire
era alicerçado com base na criatividade, ideias, princípios e acima de tudo, um
pensamento crítico, sempre em busca da construção de conhecimentos novos, aliados ao
desenvolvimento e organização da sociedade (MARINHO, 2009).
Dentro desse contexto, Marinho (2009) ressalta que os trabalhos iniciais,
realizados por Freire surgiram com base no contexto da sociedade brasileira, no período
da modernização, que envolvia contextos diversificados, como por exemplo, as disputas
pelo poder entre as atividades agrícolas e as atividades industriais-urbanas. Neste
período buscava-se entre os anos de 1955 e 1965 o desenvolvimento do país, e esse
contexto ao qual o Brasil estava passando, despertou ideias críticas em Paulo Freire, que
via a necessidade de conscientização da sociedade a cerca dos contrastes relacionados
ao espaço e o tempo que concretizavam-se no país, deste modo, sob essa ótica as massas
populares deveriam participar das decisões de forma crítica, acompanhando as
dinâmicas socioespaciais.
A partir desses pressupostos, entre as décadas de 1960 e 1970, Freire iniciou o
método do círculo de cultura, para alfabetizar e politizar adultos, nesse sentido:

O círculo de cultura, no método Paulo Freire, re-vi-ve a vida em


profundidade crítica. A consciência emerge o mundo vivido, objetiva-
o, problematiza-o, compreende-o como projeto humano. Em diálogo
circular, intersubjetivando-se mais e mais, vai assumindo,
criticamente, o dinamismo, de sua objetividade criadora. Todos juntos,
em círculo, em colaboração, re-elaboram o mundo e, ao reconstruí-lo,
apercebem-se de que, embora construído também por eles, esse
mundo não é verdadeiramente para eles. Humanizado por eles, esse
mundo não os humaniza. As mãos que os fazem não são as que o
dominam. Destinado a liberá-los como sujeitos, escraviza-os como
objetos. (FIORI, 2014,p.30)
Desta forma, os círculos de cultura consistiam em espaços para a construção de
diálogo, onde se ensinava e se aprendia por meio de ações dialógicas, ou seja, o
conhecimento se constrói, por meio de trocas de experiências entre educandos e
docentes, a respeito de assuntos como o mundo e o lugar de vivência. Essa construção
do conhecimento visa a conscientização da realidade concreta, em outras palavras, uma
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reflexão crítica do mundo, como intuito de criar possibilidades para mudar a realidade
social. É a partir dessa realidade concreta que Paulo Freire sugere uma educação
problematizadora como prática da liberdade, pois é por meio desta que o homem se
constrói, por adquirir saberes novos, cultura, história e acima de tudo, tornam-se
cidadão críticos capazes de transformar o mundo. Sob essa ótica, Paulo Freire deu
origem aos círculos de cultura, na década de 1960 no Brasil e na década de 1970 na
África- Guiné Bissau (MARINHO, 2009).
Além disso, tal método idealizado por Freire, como o próprio nome já sugere,
deveria ser realizado em círculos, substituindo também a ideia de sala de aula e de
educandos, pois todos os participantes constroem os conhecimentos juntos, com base na
relação eu-tu, que representa a relação do ser inacabado que esta sempre em busca de
algo para construir a consciência. Deste modo, deve existir um tema problematizador,
um animador de debates alfabetizado, mas que aprende e ensina junto com os outros
componentes do círculo, pois a participação ativa é imprescindível para a construção do
conhecimento, exigindo assim o diálogo que constitui-se como o único método de
estudo no círculo. (BRANDÃO, 1981, p.23)
A cultura nesse viés representa muito mais do que o aprendizado individual, é
um pensar coletivo, onde todos integrantes constroem e trocam conhecimentos,
referentes a tema problemas associados à realidade. Em síntese:

Círculo de Cultura era uma idéia que substituía, naquele processo de


alfabetização, a sala de aula. Tinha a nomenclatura de Círculo porque
todos seus participantes formavam a figura geométrica do círculo,
nessa disposição todos se olhavam e se viam. Cultura porque havia
uma interação das relações do homem com a realidade, recriando-a e
buscando-se a dinamização de seu espaço no mundo. Aponta Freire
que o homem, no Círculo, ―Vai dominando a realidade. Vai
humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo que ele mesmo é
fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura.‖
(FREIRE, 2004, p. 51).
Os participantes refletem juntos a partir do tema gerador, que esta diretamente
relacionado com a realidade. Dentro desse contexto, o tema gerador dos círculos de
cultura realizados no Colégio Estadual Dr. Willie Davids, foram escolhidos com base na
vivência dos educandos, sendo o primeiro com temática de identidade e cultura, e o
segundo a cerca do uso das tecnologias, com ênfase para a internet.
A partir do desenvolvimento do diálogo no círculo de cultura, os participantes
vão adquirindo reflexões a cerca do tema gerador, proporcionando assim, compreensão
da realidade na práxis, além de delinear um novo conteúdo programático a ser
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trabalhado em outros círculos de cultura. Vale ressaltar, que o ―animador‖ do círculo de


cultura deve questionar os participantes para que assim seja possível construir um
conhecimento crítico e reflexivo (MARINHO, 2009).

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS CÍRCULOS DE CULTURA


Existem duas principais experiências que marcaram o início dos círculos de
cultura. O primeiro ocorreu em Guiné Bissau, na África em 1975, Paulo Freire realizava
aulas à distância com pesquisadores do local e algumas visitas para melhor auxiliá-los.
As primeiras pesquisas revelaram que a cidade possuía 90% da população analfabeta e
que havia mais de 20 etnias presentes na mesma. Muitos círculos de cultura foram
realizados, sendo que 82 coordenadores e sete supervisores foram formados, a fim de
dar continuidade às atividades. Entretanto, o país entrou em uma guerra civil após um
golpe militar em 1998, dificultando a continuidade dos projetos (MARINHO, 2009).
A outra experiência se deu no Brasil, realizada na cidade de Angicos no Rio
Grande do Norte no ano de 1963, em plena ditadura militar. A cidade escolhida por
Paulo Freire registrava que 80% da população era rural, além do alto índice de
subnutrição e analfabetismo. Foi neste cenário que a necessidade de uma educação
política e social se intensificou. Porém não bastava uma alfabetização baseada em
memorizações ou repetições sem sentido, era preciso buscar um método ativo que
dialogasse com o cotidiano dessa população e os fizessem entende-lo de forma crítica.
Como resposta a essas necessidades surgiu então o círculo de cultura (MARINHO,
2009).
Neste método de ensino a criticidade deveria ser aguçada, pois permitia colocar
os envolvidos para pensar e agir conscientemente no mundo em que estão inseridos. Era
preciso ir além da alfabetização, havia uma responsabilidade social e política. Para
tanto, temas como política, valores éticos, cidadania, trabalho, liberdade, entre outros,
eram abordados e discutidos com a orientação do chamado Coordenador de Debates.
Além disso, de acordo com Gomez e Penagos (2013), era preciso ir além do ser
epistêmico, aquele que só pensa racionalmente, buscava-se a expressão dos sentimentos
e assim a sensibilização de todos envolvidos.
Os coordenadores de debates tinham como papel principal o de mediar os
debates, sem monopolizar as falas e intervir demasiadamente nestas. Surge então a
maior dificuldade na preparação destes coordenadores, que é o abandono das
metodologias e procedimentos antes praticados a favor da total abertura ao diálogo.
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Além disso, eles deveriam passar confiança e simpatia aos envolvidos, incentivar a fala
de todos, possuir um planejamento das aulas, manter uma relação de humildade com
todos, lembrando sempre que o coordenador também aprende com os participantes
(MARINHO, 2009).
Apesar da tentativa de rompimento com as metodologias tradicionais de
ensino, o mesmo autor afirma que em alguns casos ainda ocorriam alfabetizações
baseadas na repetição exaustiva de conteúdos. Afim de evitar tais equívocos, alguns
supervisores eram encarregados de acompanhar e auxiliar no decorrer das atividades.
Além disso, na Universidade Federal do Pernambuco foi aberto um curso, ministrado
por Paulo Freire, que visava a formação dos coordenadores e o treinamento da prática
do diálogo. Os encontros simulavam um círculo de cultura para que se estimulasse a
participação dos futuros coordenadores, inicialmente a turma contou com 40 educandos,
sendo que apenas 21 concluíram. A duração do mesmo era de 10 horas distribuídas em
uma semana e durante o curso eram testadas técnicas que favorecessem o diálogo.
A postura esperada dos participantes do curso era a de preocupação com os
alfabetizandos, problematizando opiniões e fomentando discussões, sempre valorizando
o cotidiano e o saber prévio dos envolvidos. Nas palavras de Freire (1999, p.4) ―um
coordenador, quase sempre um jovem, sabe que não exerce as funções de educador e
que o diálogo é condição essencial de sua tarefa‖. Além disso, de acordo Marinho
(2009) existem alguns elementos estruturantes que deveriam fazer parte dos círculos de
cultura: codificação e descodificação; tema gerador; e conteúdo programático;
O primeiro elemento consistia na codificação e descodificação de letras em
palavras, de modo que houvesse uma alfabetização política ao mesmo tempo, sendo este
um elemento essencial para os círculos de cultura. A codificação se dava muitas vezes
por meio de elementos artísticos como quadros que contemplavam a realidade dos
educandos e os fazia refletir de forma crítica sobre a representação. Logo a
descodificação ocorria no processo da passagem do abstrato ao concreto, onde o
participante se reconhece na situação apresentada e entende que não está sozinho na
mesma. Desta forma, o indivíduo entende o contexto real da representação.
O tema gerador consiste na situação real que se apresenta codificada e que deve
ser descodificada no decorrer do círculo. O Coordenador deve criar condições
suficientes para que os participantes descubram essa realidade ―escondida‖ e pensem de
forma crítica a mesma, construindo assim o conhecimento a partir de sua leitura de
mundo. Existem grupos que não encontram estes temas que passam a ser chamados de
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temas do silêncio, onde a realidade não consegue ser explicitada. Nestes casos o
objetivo principal não é atingido, tendo em vista que o tema gerador prevê revelar as
concepções dos participantes sobre sua realidade e sua ação na mesma.
Quanto ao conteúdo programático vale ressaltar que este não se encontra
engessado, é criado em conjunto e como consequência do andamento dos círculos de
cultura. Além disso, parte de situações concretas e presentes na realidade, sendo uma
construção que surge da reflexão crítica que os participantes fazem da sociedade. Neste
sentido, não há a divisão entre prática e teoria e entre aprendizagem e ensino.

APLICAÇÃO DOS CÍRCULOS DE CULTURA NO COLÉGIO


ESTADUAL DR. WILLIE DAVIDS

Primeiramente, com o propósito de aplicar os círculos de cultura no ensino fundamental


II foi necessário realizar leituras e fichamentos de textos sobre o tema, para
compreender como surgiu e como foi aplicado tal método, considerando que o público
alvo de Freire eram adultos, e nesta pesquisa são adolescentes.
Dentro desse contexto, após as leituras, o tema do primeiro círculo de cultura
foi definido, juntamente com todos os integrantes do grupo do Colégio Willie Davids, a
coordenadora do projeto e o docente responsável pelas turmas do ensino fundamental,
sendo primeiro tema, identidade e cultura. Posteriormente, a aplicação do círculo de
cultura aconteceu em duas turmas do 6° ano do colégio que é localizado em um dos
bairros mais antigos no município de Londrina.
As aplicações dos círculos de cultura ocorreram no pátio do colégio. As turmas
foram divididas em dois grupos, ficando três bolsistas responsáveis por cada um. No
inicio os educandos foram questionados se já ouviram falar sobre círculos de cultura e o
que eram. No entanto, os educandos não conseguiram desenvolver tal questão e foi
explicado a estes a origem dos círculos de cultura bem como seus objetivos.
Com o fim da explicação de como funcionaria a atividade, os educandos do
grupo se apresentaram informando seus nomes, idade e local onde residiam e,
posteriormente os bolsistas se apresentaram. Após o término da apresentação, a
pergunta seguinte foi: ―Vocês consideram-se crianças ou adolescentes?‖ visto que a
idade dos educandos variava de 11 até 14 anos de idade. As respostas a respeito da
questão foram variadas, uma parte identificou-se como criança e outra parte como
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adolescente. Assim, foi levantada a questão a respeito do que entendiam por cultura e
qual palavra eles associavam e pensavam quando ouviam essa expressão. As respostas
obtidas foram danças regionais, música, futebol, teatro e comidas típicas e a partir
destas foi formulada uma ideia geral a respeito da expressão identidade utilizando de
todas as respostas. A próxima questão foi o que os educandos entendiam por identidade,
a principal resposta obtida foi que identidade era o documento que nos identifica, porém
também responderam que identidade são as características que constituem a pessoa,
assim como a sua personalidade entre outras respostas. Os bolsistas, então, construíram
uma ideia geral de identidade a partir das respostas coletadas e junto aos educandos
definiram o termo identidade. Para a finalização do círculo no colégio, utilizou-se como
exemplo para a constituição de uma identidade cultural, o local onde esta localizada a
instituição, visto que está presente na comunidade local desde a década de 1940. Deste
modo, foi informado aos mesmos sobre a história bairro e como o a escola influenciou
seu crescimento tornando-o um dos mais antigos bairros da cidade de Londrina. O
círculo de cultura foi finalizado com uma questão diagnóstica, perguntando aos
educandos o que os mesmos aprenderam sobre o tema trabalhado.
Ao final da atividade os bolsistas notaram a heterogenia presente nas classes
trabalhadas, onde os educandos da mesma sala, quando separados em grupos distintos
apresentaram características singulares, por exemplo, na classe 6° ano B a aplicação do
círculo de cultura com o primeiro grupo aconteceu de forma tranquila, pois os
educandos contribuíram de forma grandiosa para o desenvolvimento da atividade dando
sugestões a respeito do tema tratado, constituindo ideias próprias e levantando outras
questões a respeito de cidadania, respeito escolar e as melhorias que seriam necessárias
para um melhor aprendizado no colégio, além de sugerirem temas para serem
trabalhado no próximo círculo, aos quais destacaram-se o preconceito, racismo, respeito
ao educador, bullying, internet e o bullying virtual.
No entanto, com a outra parte da sala do 6° ano B, a atividade ocorreu de
forma mais tumultuada, alguns educandos não demonstraram interesse para com a
atividade, conversando entre si e atrapalhando aqueles que gostariam de participar
sendo necessária a chamada de atenção dos mesmos para um bom andamento da
atividade. Embora a atividade não tenha decorrido da forma esperada a mesma foi
finalizada de modo satisfatório com as respostas obtidas a respeito do entendimento dos
discentes a respeito dos temas trabalhados. Neste grupo, os temas sugeridos para o
próximo círculo foram internet dança, esporte e puberdade.
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A atividade instituída na turma do 6° ano A também foi dividida em dois


grupos, sendo que o primeiro não demonstrou tanto interesse em participar da atividade,
e o outro grupo pequeno apresentou interesse em construir conjuntamente com os
bolsistas uma ideia a respeito dos temas tratados, porém, alguns educandos se
recusaram a participar sendo necessária a atuação dos bolsistas para conter as conversas
paralelas. Este grupo obteve maior êxito na aplicação da atividade, pois obtiveram um
grande número de participações dos educandos, contribuindo para a grande fluidez da
proposta. Assim como na outra turma, ao final da atividade foi construída uma ideia a
respeito do tema trabalhado com a ajuda das respostas obtidas por todos.As sugestões
de temas para a aplicação do próximo círculo foram: profissão, sonhos e internet.
Com relação ao segundo círculo de cultura, com o tema ―internet‖,os
educandos demonstraram pouco interesse, embora o mesmo tenha sido escolhido
mediante opinião destes. Deste modo, de acordo com a observação feita no término do
primeiro círculo, as turmas foram divididas em quatro grupos menores, visto que a
dispersão da turma é menor em grupos pequenos. O círculo de cultura começou com a
pergunta referente ao que os discentes entendem por internet e de que forma fazem uso
da mesma, as respostas obtidas foram em grande maioria que a internet é uma rede onde
as informações ficam disponíveis para acesso no mundo todo e que o acesso se dá em
grande parte para visualização de vídeos, músicas e acesso a redes sociais,
principalmente Facebook e Whatsapp.
Além disso, foram discutidos com os educandos os benefícios e os malefícios
do uso desregrado da internet, onde a maioria disse não haver malefícios em se utilizar a
internet em excesso, mediante essa resposta os bolsistas fizeram indagações da forma de
utilização da internet para que os educandos conseguissem verificar que o uso de forma
continua da internet é nocivo para seu desenvolvimento social e formação das crianças.
Após tal contextualização, o tema bullying também foi utilizado, construindo assim ao
final do círculo a ideia de uso consciente da internet e dos perigos escondidos nas redes
sociais, assim como a existência do bullyinge como ele é prejudicial às pessoas que
sofrem destes atos. Além de dar ênfase para o uso de tal tecnologia, o acesso desigual
também foi problematizado, com objetivo de proporcionar aos educandos uma
construção do conhecimento crítico e reflexivo sobre a realidade mundial.
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AS CONTRIBUIÇÕES DO CÍRCULO DE CULTURA PARA O


ENSINO DE GEOGRAFIA

A Geografia é considerada uma ciência dinâmica, pois está diretamente


relacionada às transformações do espaço geográfico que ocorrem por conta das
intencionalidades dos atores sociais. Nesse sentido, o ensino de Geografia pode
proporcionar aos educandos uma visão crítica do mundo, possibilitando que se
reconheçam enquanto integrantes do espaço e busquem a cidadania e a justiça social,
pois os conhecimentos geográficos dos educandos devem ir além de localizar, conhecer,
devem partir do viés da compreensão das práticas sociais (DAMIANI, 1999).
De acordo com tais perspectivas, o ensino de Geografia e as demais ciências
que estão incluídas no currículo do ensino fundamental e médio, têm como propósito
desenvolver e construir conhecimentos com os educandos que envolva a capacidade de
interpretar e pensar criticamente a realidade, ou seja, a totalidade entre a sociedade e a
natureza. Por meio desse viés, a Geografia visa levar o educando a compreender os
diversos contrastes presentes na sociedade, suas desigualdades e contradições bem
como, as relações de produção (OLIVEIRA, 1989, p.142).
Dessa forma, com a realização dos círculos de cultura, constatou-se que os
educandos, em sua maioria interagiram e se interessaram em participar do método,
apresentando reflexões acerca das temáticas propostas. Nesse sentido, houve indícios de
melhora no entendimento dos conceitos trabalhados, considerando a aproximação destes
com a realidade dos educandos.
A aplicação do círculo de cultura foi uma feita por meio de uma adaptação do
tema identidade cultural, onde os educandos puderam falar do que entendiam por
identidade, junto com o educador que ao explicar sobre o tema também pode falar de si
próprio, não como se estivesse apenas ensinando, mas sim trocando experiência e
conhecimento com os educandos, sobre o que é identidade cultural e inserindo questões
geográficas dentro desse contexto. Resgatando, desta forma, a ideia proposta por Paulo
Freire a cercada construção do conhecimento que se dá de forma conjunta entre
educador e educando.
É possível elencar diversas contribuições dos círculos de cultura para o ensino
de Geografia, como as elencadas a seguir.
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Aproximação entre educandos e educadores, que facilita a construção de uma


relação próxima entre estes por meio da troca de conhecimento e experiências de vida
dentro do círculo, criando uma maior compreensão da realidade um do outro, além de
facilitar o futuro diálogo entre educador e educando, quebrando as barreiras muitas
vezes impostas pela educação bancária criticada por Paulo Freire, que coloca o
educador numa posição muito mais elevada que o educando, deixando de valorizar seu
conhecimento de mundo e sua vivencia, sendo o educador detentor único do
conhecimento e depositador deste no educando. Nesse sentido, as contribuições são
imensas pois possibilitam a compreensão dos diferentes contrastes sociais.
Com temas dentro do contexto da Geografia, o educador pode usar como base,
os resultados obtidos para saber de que forma irá aplicar os conteúdos da matéria aos
educandos, já que,por meio do círculo de cultura é possível conhecer melhor os
educandos e também suas noções sobre Geografia, buscando metodologias que sejam
melhor aproveitadas nos processos de ensino e de aprendizagem.
Conhecimento sobre o bairro em que ao dialogar com o educando sobre os
saberes que ele tem do seu próprio bairro, o educador interage com a realidade da escola
onde trabalha, podendo identificar os aspectos socioeconômicos do bairro onde está
localizado o colégio, possibilitando o desenvolvimento de meios que facilitem o ensino
de Geografia, usando temas simples do dia a dia do bairro que os educandos já
conhecem e são de fácil assimilação com a realidade. Desta forma, a ideia original de
Paulo Freire de que por meio do círculo de cultura é possível aprender a escrever e se
politizar dentro do contexto social do próprio educando, mostra-se possível, provando
que o método realmente funciona e se bem empregado caracteriza-se como metodologia
útil para o ensino de Geografia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando todo o percurso teórico realizado ao longo deste artigo e a


divulgação dos resultados obtidos mediante a aplicação da oficina pedagógica. Conclui-
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se o quanto os círculos de cultura são importantes para o ensino tanto de Geografia,


possibilitando a construção do conhecimento por meio da interação dos educandos e
docentes e da troca de conhecimentos, valorizando as vivências e concepções de mundo
dos educandos.
Apesar dos círculos de cultura serem idealizados na década de 1960 e possuírem
como público alvo pessoas adultas buscando alfabetizá-las e politizá-las, o método
ainda pode ser adaptado para os dias atuais, mesmo com as dificuldades encontradas.
Atualmente, os educandos caracterizam-se como uma nova geração, movida pelo
crescente uso das tecnologias e desinteresse pela escola. Desta forma, o método
encontra dificuldades em sua aplicação, porém mostra-se possível e de importante
contribuição para o ensino, fato comprovado pela oficina pedagógica realizada no
Colégio Willie Davids.
Por fim, é importante ressaltar que ao realizar um círculo de cultura é
extremamente necessário se tenha mente a importância da educação como instrumento
de libertação, que ao estabelecer um tema gerador seja considerada a vivência dos
educandos e as problemáticas apresentadas em seu cotidiano, que o mediador não
interfira nos diálogos e sim que incite essas práticas, além de realizar a atividade de
maneira democrática, objetivando a construção do conhecimento.

REFERÊNCIAS

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dispositivo de pesquisa e intervenção educacional. In: Colóquio Internacional Paulo
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74

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epistemológicas. 2009. 125 fls. Dissertação (Mestrado em Educação). Universidade de
São Paulo, São Paulo, 2009.

MC LAREN, Peter. O legado de luta e de esperança. Pátio Revista Pedagógica, Porto


Alegre, v. 1, n. 2, ago/out 1997.

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brasileira. In. OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino (org.) Para onde vai o ensino de
Geografia? São Paulo, SP: Contexto, 1989. p. 135-144.
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CÍRCULO DE CULTURA: METODOLOGIA PARA INOVAR NA


EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA

Giovana Silva Rocha18


GabrielStrazzi da Silva19
Hiago Bruno da Cruz Fachini20
Maycon Moraes Souza21
Rafael de Souza Maximiano22
Margarida de Cássia Campos23

Resumo
Algumas metodologias pedagógicas possuem a função de estreitar a relação educando e
educador com o intuito de aliar conteúdos discutidos em sala de aula com o cotidiano do
educando, e de despertar nos estudantes o poder e a capacidade de criticidade em relação a
realidade. O objetivo do presente texto é discutir sobre os resultados obtidos na organização de
um ―Círculo de Cultura‖ baseado nas ideias de Paulo Freire. Para a construção do artigo, fez- se
necessário a leitura de alguns textos que abordam o círculo de cultura, a fim de adquirir
embasamento teórico para discorrer sobre a atividade. Ainda foram realizadas reuniões em
grupo com todos os integrantes do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a
Docência) com o intuito de proporcionar um debate das diferentes interpretações de cada
membro a respeito do tema. O presente artigo ainda utilizou das experiências práticas que os
pibidianos obtiveram durante a aplicação do círculo no ensino médio e fundamental do Colégio
Estadual Tsuru Oguido e se o mesmo ainda possui a capacidade de despertar nos educandos um
pensamento crítico e reflexivo da realidade que os cercam.
Palavras-chave:

Abstract
Some teaching methods have a role to strengthen the relationship student and educator in order
to combine contents discussed in the classroom to everyday
educating, and to awaken in students the power and critical capacity in relation to reality. The
objective of this paper is to discuss the results obtained in the organization of a 'Culture Circle
"based on Paulo Freire's ideas. For the construction of the article did- if necessary to read some
texts that address the crop circle in order to acquire theoretical basis to discuss the activity.
group meetings also were held with all members of the PIBID (Institutional Program Initiation
Grant to member on the subject. This article also used the practical experience that pibidianos
obtained during the application of the circle in the middle and primary school of the College
State TsuruOguido and if it still has the capacity to awaken in students a critical and reflective
thinking of the reality surrounding them.
Keywords: CultureCircle; Educational Tool; Paulo Freire.

18
Graduanda de Geografia do primeiro ano do curso de Geografia UEL e bolsista PIBID,
giovana.s.rocha@hotmail.com
19
Graduando do terceiro ano do curso de Geografia UEL e bolsista PIBID; strazzigabriel@hotmail.com
20
Graduando do terceiro ano do curso de Geografia UEL e bolsista PIBID; hiago_fachini@hotmail.com
21
Graduando do primeiro ano do curso de Geografia UEL e bolsista PIBID; maycon.moraes@live.com
22
Graduando do segundo ano do curso de Geografia UEL e bolsista PIBID; ra.fa452@hotmail.com
23
Docente Departamento Geociências UEL e orientadora do presente trabalho;
mcassiacampos@hotmail.com.
76

INTRODUÇÃO
Este ensaio provém de algumas discussões e reflexões referente a uma prática
pedagógica do Projeto PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência)
de Geografia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), utilizamos como
metodologia pedagógica o Círculo de Cultura, baseado nos ensinamentos de Paulo
Freire, no qual procurou-se discutir questões sociais próximas ao cotidiano dos
estudantes, como a violência nos seus mais distintos tipos e escalas e a identidade
cultural. A atividade foi realizada com os educandos do ensino fundamental II (7º) e
uma turma do ensino médio (2º ano) do Colégio Estadual Tsuru Oguido, localizado na
zona oeste da cidade de Londrina PR no Conjunto Santa Rita II.
A atividade proposta denominada Círculo de Cultura demonstrou ser uma
metodologia interessante na busca por uma discussão analítica e construtiva com os
estudantes, pois o educador passa a ter função de um mediador, colocando- se na mesma
posição que os educandos, contudo com o objetivo de instigar os mesmos ao senso
crítico e extrair suas ideias e concepções dos temas pré-estabelecidos para a reflexão.
Neste sentido, o presente artigo apresenta como objetivo discutir os resultados da
organização de um Círculo de Cultura com educandos do Colégio Estadual Tsuru
Oguido e também refletir sobre a eficácia desta metodologia.
Para a construção do presente artigo, utilizamos como procedimentos
metodológicos inicialmente uma seleção de referenciais teóricos, leituras e fichamentos
das obras acerca da temática Círculo de Cultura, afim de adquirir o embasamento
teórico necessário para a aplicabilidade da oficina. Sequencialmente foi realizado a
sistematização dos conceitos e ideias pinçados nas obras lidas, para facilitar a
compreensão dos principais tópicos a serem abordados, por fim, por meio de discussões
e debates foi feito uma análise dos resultados obtidos durante as oficinas.
Sendo assim o referido artigo está dividido em quatro partes: na primeira
discute-se o idealizador do Círculo de Cultura Paulo Freire e sua Pedagogia Libertadora,
na segunda parte expõe- se os conceitos do Círculo suas ideologias e funcionamento, a
terceira apresenta- se os resultados obtidos durante á aplicação da atividade no Colégio
Estadual Tsuru Oguido e por fim as considerações finais.
77

PAULO FREIRE E SUA PEDAGOGIA LIBERTADORA


Ao se tratar de educação inovadora e popular, sabe-se que um dos mais
renomados educadores foi Paulo Freire. Este, nascido em Recife (PB), no ano de 1921 –
tendo concluído sua formação no mesmo estado, dedicou sua vida inteiramente à
educação das classes populares, visando à alfabetização de jovens e adultos. Seu maior
intuito era fazer com que essa alfabetização pudesse libertar as pessoas de quem as
oprimia (INSTITUTO PAULO FREIRE, 2016).
Acreditando que a educação é construída em conjunto, entre educador e
educando, Paulo Freire lançou um método pedagógico diferente dos demais para fugir
do que ele mesmo denominava de ―educação bancária‖, onde o docente apenas
transmitia seu conhecimento ao educando (não valorizado enquanto ser consciente),
através de conteúdos desconexos, sem qualquer proximidade com a realidade do
mesmo.
A esta nova forma de pensar a educação, deu-se a denominação de Pedagogia
Libertadora, pautada na construção e não transmissão do conhecimento. Freire apontou
que uma educação para ser válida, necessita de vinculação com o contexto em que se
está inserida, visto que, somente dessa maneira, é possível que se formem pessoas
críticas (MACIEL, 2011).
Em relação a Pedagogia Libertadora, é preciso levar em conta o contexto em que
Freire viveu durante sua juventude e formação, pois essa referência geográfica de lugar
possibilita o maior entendimento do motivo pelo qual a Pedagogia Libertadora foi
criada. O Nordeste do Brasil, logo no início do século XX, era considerado uma das
regiões mais pobres do país, com um dos maiores níveis de analfabetos registrados. Por
conta disso, após anos de estudo e análise crítica, Freire formulou uma pedagogia
direcionada para libertar a classe trabalhadora dos coronéis que detinham o poder na
região (INSTITUTO PAULO FREIRE, 2016).
Ademais, o filósofo enfatiza em suas obras a importância da ideologia no
ambiente escolar e mesmo fora dele, visto que não é possível a neutralidade enquanto se
busca o conhecimento. Isso tudo devido ao fato de que esse conhecimento, ao ser
construído, tem como objetivo a formação de uma sociedade mais justa e digna em
especial para as classes populares (FREIRE, 1996):

Para que a educação fosse neutra era preciso que não houvesse
discordância nenhuma entre as pessoas com relação aos modos de
78

vida individual e social, com relação ao estilo político a ser posto em


prática, aos valores a serem encarnados. Era preciso que não
houvesse, em nosso caso, por exemplo, nenhuma divergência em face
da fome e da miséria no Brasil e no mundo; era necessário que toda a
população nacional aceitasse mesmo que elas, miséria e fome, aqui e
fora daqui, são uma fatalidade do fim do século. Era preciso também
que houvesse unanimidade na forma de enfrentá-las para superá-las.
Para que a educação não fosse uma forma política de intervenção no
mundo era indispensável que o mundo em que ela se desse não fosse
humano. (FREIRE, 1996, p. 68)

Freire, enquanto filósofo pauta sua teoria em torno da construção do diálogo,


pois, é por meio dele, que se dá a interação entre as pessoas, seja estabelecendo uma
comunicação entre os seres ou mesmo proporcionando um embate de ideias dos
mesmos. Relacionando-se ao diálogo, surge o conceito de linguagem que o autor sugere
como aquilo que constitui a existência humana porque foi através dela que os primeiros
seres humanos puderam se relacionar, seguindo o mesmo padrão nos dias atuais .
O escritor tem diversas obras significativas a serem discutidas, entre elas o livro
Pedagogia da Autonomia, em que o mesmo cita, em seus três capítulos e sub capítulos,
os saberes necessários aos educadores enquanto formadores de sujeito críticos e
reflexivos, o autor explica ainda a sua teoria de educador que ―pensa certo‖. Por
exemplo, quando o mesmo escreve ―Ensinar exige corporeificação da palavra pelo
exemplo‖ (FREIRE, 1996, p. 19), dizendo que o educador deve se mostrar verdadeiro
enquanto sua vida e firme em sua conduta e ideologia para com o educando: ―Quem
pensa certo está cansado de saber que as palavras a que falta corporeidade do exemplo
pouco ou quase nada valem.‖ (FREIRE, 1996, p. 19)
Nessa mesma obra, em diversos momentos, o autor coloca o educando, enquanto
parte essencial na construção do conhecimento, sendo tão importante quanto do
educador. As experiências e os conceitos que trazem para o ambiente escolar e os
conhecimentos sistematizados das ciências são extremamente necessários para a
construção do saber em sua totalidade. É o que podemos observar quando Freire
escreve:

Qualquer discriminação é imoral e lutar contar ela é um dever por


mais se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar. A
boniteza de ser gente se acha, entre outras coisas, nessa possibilidade
e nesse dever de brigar. Saber que devo respeito à autonomia e à
identidade do educando exige de mim uma prática em tudo coerente
com este saber. (FREIRE, 1996, p.35)
79

Além de propor práticas pedagógicas que valorizem o educando, o escritor


enfatiza em sua obra a necessidade de estimar os educadores, dando a eles melhores
salários e maior reconhecimento. O respeito de ambas as partes é o maior incentivo para
que aconteça a libertação por meio da pedagogia. Contudo, esse respeito não deve partir
somente dos constituintes da educação, como também do poder público, que há anos
trata a classe dos educadores com descaso e indiferença.
Para que haja mudança em tal quadro, Paulo Freire defende a ideia de uma luta
política, pois não é possível permitir e aceitar que a educação brasileira seja
negligenciada. Dentro da questão das lutas políticas, é preciso analisar e repensar o
conceito de greve, mesmo que ainda seja algo eficaz, é necessário reinventá-la.
(FREIRE, 1996, p. 40)
Em certo momento no livro Pedagogia da Autonomia, o educador escreve sobre
a importância de saber escutar o outro, ou seja, ter a preocupação de sempre aceitar o
que o educando traz consigo, mesmo que isso seja contrário às suas ideias ou aos seus
ideais. Em hipótese alguma o educador deve pensar que a aula se concentra somente
nele. É dever de um educador ter sempre o cuidado e perceber as inquietudes de seus
educandos, pois, para Freire, ―[...] quem tem o que dizer tem igualmente o direito e o
dever de dizê-lo‖ (FREIRE, 1996, p. 73).
Ao final da obra, Paulo Freire analisa a importância de ―[...] querer bem aos
educandos‖. Basicamente, o que o autor quer dizer é que não se deve priorizar um ou
outro educando somente porque se tem maior apreço pelo mesmo, bem como não se
deve discriminar nenhum devido ao distanciamento com este. Contudo, nesse mesmo
tópico, Freire constata que nada do que foi dito anteriormente é possível de ser realizado
se não se têm estima especial por seus educandos:

Como prática estritamente humana jamais pude entender a educação


como uma experiência fria, sem alma, em que os sentimentos e as
emoções, os desejos, os sonhos devessem ser reprimidos por uma
espécie de ditadura reacionalista (FREIRE, 1996, p.92).

Paulo Freire, vencedor de diversos prêmios nacionais e internacionais tornou-se


referência como educador no mundo todo, faleceu em maio de 1997, na mesma cidade
onde nasceu e se formou. Quase vinte anos depois, ele ainda é referência para a maioria
dos educadores que tem como desejo não somente formar profissionais, e sim sujeitos
críticos e reflexivos.
80

CÍRCULO DE CULTURA: METODOLOGIA DE EMANCIPAÇÃO


DO SUJEITO

Primeiramente, quando fala- se em Círculo de Cultura, deve- se ter em mente,


que o mesmo se trata de um processo de ensino e aprendizagem que não está restrito
apenas ao espaço escolar, mas sim situado em vários outros espaços de vivência em que
se possa construir um ambiente educacional que permita aos seus participantes situações
de reflexão, prática e intervenção, num constante e permanente processo de dialógico.
Para entender o processo de criação do Círculo de Cultura é necessário voltar a
década de 1960, em Rio Grande do Norte com a eleição do governador Aluísio Alves
para governador do Estado.

Em sua campanha eleitoral, esse político populista fizera de alarmante


taxa de analfabetismo no Estado, um dos seus principais temas e
prometera remediar essa situação. Nesse contexto na geografia de
Angicos, uma pequena cidade, eram registrados casos de subnutrição
e envelhecimento precoce devido ao clima semiárido da região, local
que possuía 80% de seus habitantes como moradores da zona rural.
Com uma população supersticiosa e politicamente acomodada,
iniciou-se um experiência de educação popular (MARINHO, 2009, p.
49).

Diante deste cenário de mazelas sociais e políticas que enfrentava a população,


Angicos era o local ―perfeito‖ para uma experiência de alfabetização que não sofresse
de intervenção política. Paulo Freire (2003, p.49) diagnosticou a necessidade de uma
intervenção no cotidiano de seus habitantes com o objetivo de proporcionar aos
habitantes, maneiras de conhecer e enfrentar a dura realidade que viviam baseado em
experiências vividas pelos seus participantes, através de um diálogo crítico, com uso de
codificação e redução de palavras. O nascimento desta metodologia de ensino e
aprendizado de aproximação dos educandos e educadores no processo de educação
proporcionaria aos seus participantes a possibilidade de um debate sobre questões
centrais de seus cotidianos, como religiosidade, trabalho, liberdade e direitos sociais
vivenciado pelos mesmos. A experiência foi extremamente positiva como resultado
obteve-se a alfabetização de cerca de 300 pessoas em quarenta e cinco dias.
Segundo Paulo Freire (2003), o próprio nome ―Círculo‖ deriva da figura
geométrica, pois neste ambiente todos estão numa mesma posição, num mesmo nível de
igualdade, tanto educando quanto educador, em que todos se olham e se veem.
81

No Círculo de Cultura não há a figura de um educador que objetiva a


transmissão de conteúdos para seus educandos, mas sim o educador transfigurado em
coordenador que ao mesmo tempo não detém da ―obediência‖ de seu grupo e que tem a
função de promover o debate e o diálogo permanente entre os participantes. Freire
(2003) ainda diz que ―Cultura‖, a outra parte da nomenclatura deste processo de
alfabetização, deriva das relações existentes dos homens com suas experiências vividas,
e que a partir delas o próprio homem, modifica, recria seu significado no espaço em que
está inserido. Desse modo há a transformação dos homens diante de uma alfabetização
integradora que objetiva conscientizar política, cultural e socialmente, o colocando
como ator principal no palco de sua realidade.
Formado por um grupo de pessoas que possuem uma situação existencial em
comum, o Círculo de Cultura se desenvolve tendo como norte um método científico
denominado ―Itinerário de Pesquisa‖ baseado em três etapas. Segundo Oliveira (2015).
A primeira etapa é a ―Investigação‖, no qual se busca um tema ou palavra geradora
obtida no cotidiano vivido dos participantes; nesta etapa pode surgir uma situação que o
próprio Paulo Freire denominou de ―tema do silêncio‖, no qual os indivíduos não
expressam concretamente os temas geradores do diálogo fazendo com que os mesmos
se calem diante de ―situações-limite‖; porém Paulo Freire orienta para que essas
situações não apareçam é necessário que se faça uma análise das causas deste
acontecimento que impede a construção de um diálogo, para que num futuro próximo
não ocorra novamente está situação e as pessoas fiquem mais dispostas em falar.
Segundo Oliveira (2015) é necessário a segunda etapa: a ―Tematização‖, o
momento onde se toma consciência da realidade dos participantes através da análise dos
significados sociais dos temas geradores; é o momento principalmente daquilo que
Paulo Freire denominou como ―codificação‖ e ―decodificação‖ dos temas geradores,
isso ocorre da seguinte forma: através de uma situação da vida dos participantes que se
relaciona com a ―palavra geradora‖ é que se chega aos problemas que se quer debater e
dialogar, já a ―decodificação‖ é o momento dos indivíduos participantes do Círculo de
Cultura formulam as suas ideias e concepções a respeito do tema em questão sempre
munidos de materiais de apoio, como por exemplo, livros, jornais, revistas, reportagens,
filmes etc.
Por fim Oliveira (2015) conclui a respeito da terceira e última etapa, que é a fase
da ―problematização‖, almejando no final a ―conscientização‖, ocorrendo da seguinte
maneira: diante das informações obtidas nas duas fases anteriores o
82

educador/coordenador faz os educandos refletirem acerca da visão distorcida que


possuíam da realidade é importante frisar que os mesmos podem assumir uma postura
crítica a respeito do ―tema-gerador‖, ocorrendo o desvendamento de tal assunto
discutido, porém ao mesmo tempo o Círculo de Cultura deve proporcionar um caminho
que leve e traga de volta o educando ao problema do assunto/fenômeno discutido, pois
só assim será possível o entendimento dos processos pelos quais o mesmo passou para
se configurar como tal.

APLICAÇÃO DO CÍRCULO DE CULTURA: DESAFIOS E


RESULTADOS
Após a realização do estudo e discussão das teorias elaboradas por Paulo Freire
feitas nas reuniões quinzenais do PIBID, os bolsistas se organizaram para a aplicação do
Círculo de Cultura no Colégio Estadual Tsuru Oguido, na zona oeste da cidade de
Londrina-PR, com educandos do sétimo ano, no período vespertino e noturno com os
jovens do 2º ano do ensino médio.
Para a aplicação dos Círculos de Cultura, a professora Cleusa Bento Traldi
dividiu a sala em dois grupos, posteriormente os bolsistas conduziram os educandos até
o gramado na parte exterior do colégio. Em seguida os grupos foram separados e cada
grupo ficou com 2 bolsistas com a função de atuar como mediadores do círculo.
Feita a separação dos grupos, para dar início a atividade todos se sentaram em
um círculo como podemos observar na figura 1 e foi feita uma apresentação do que se
tratava a atividade e dos nomes de cada participante do círculo para que os bolsistas
conhecessem os educandos e tivessem maior abertura quando fosse necessário mediar a
discussão.
Os temas geradores escolhidos para os círculos de cultura realizados foram a
Identidade Cultural e a Violência presente no dia-a-dia dos jovens e adolescentes.
Nossos principais objetivos com essa atividade foi saber a realidade no qual os mesmos
encontram-se e escutar as opiniões que viriam acerca dos temas geradores. Desde a
formulação da atividade, tínhamos em mente que no decorrer da aplicação poderiam
surgir falas com o senso comum e até mesmo preconceituosas, e que seria preciso
desconstruir essas visões na dinâmica que o círculo propunha.
83

Figura 1 – Oficina ―Círculo de Cultura‖ realizada no Colégio Estadual TsuruOguido

Fonte: Bolsistas PIBID, 2016

Dado início a atividade notamos que no círculo de cultura com a temática sobre
identidade cultural, muitos educandos não queriam participar por vergonha ou medo de
falar algo errado. Mas explicamos que aquele era o momento deles exporem sua
opinião.
Já no segundo círculo percebemos uma liberdade maior dos educandos com os
mediadores e com o tema, pois muitos deles relacionaram a Violência como algo
presente no seu dia-a-dia, sendo na escola, em casa, ou no bairro em geral. Como
mediadores buscamos dar exemplos em diversas escalas, desde a sua cidade, região,
chegando até as escalas globais, mas buscando sempre trazer exemplos próximos do seu
cotidiano. Outro ponto discutido foi os agentes transformadores do espaço geográfico
que interferem de forma direta na cultura e em sua dinâmica resultando muitas vezes na
violência.
A conscientização foi um ponto marcante nos dois círculos, pois foi preciso
apontar que todos tem sua cultura e precisamos respeita-las, e que a violência não é uma
meio necessário, por que violência só gera mais violência.
Em tais exposições também foi possível notar educandos com realidades sociais
distintas, alguns tendo uma família desinteressada para com os problemas de seus
filhos, e que por conta disso, há muitas divergências de pensamentos, fazendo com que
tais contradições transcendam o campo familiar, chegando no campo escolar. Nota-se
ainda a necessidade de trabalhar outras culturas na educação básica, pois só assim os
estereótipos preconceituosos que ainda existem podem ser contextualizados.
84

Com relação ao resultado dos círculos, o saldo foi positivo, pois além de trazer
uma dinâmica diferente das aulas expositivas rotineiras para os educandos, o interesse
se comparado ao ambiente de sala de aula foi maior, tendo em vista que o Círculo de
Cultura foi realizado em um ambiente extraclasse. Os educandos ampliaram seus
conhecimentos além de propor muitas ideias que os bolsistas não tínhamos
entendimento, em especial a partir dos relatos de vida e fatos da zona oeste da cidade
que só os moradores conseguem visualizar.
Porém, percebe-se que alguns educandos do período vespertino (fundamental)
não estavam preparados para participar de um Círculo de Cultura. Não estamos
afirmando que eles não têm opinião crítica, mas que comparando os jovens do noturno
que apresentam uma idade mais avançada e mais experiências de vida, percebeu-se que
a atividade trás mais resultados com os educandos do Ensino Médio.
De recursos didáticos utilizamos de colchonetes para que houvesse um maior
conforto dos participantes do Círculo de Cultura, pois o mesmo foi realizado em um
gramado e alguns adolescentes ou jovens poderiam se negar a sentar.
Também utilizamos perguntas norteadoras para encaminhar o Círculo de
Cultura, principalmente no primeiro em que não tínhamos experiência com a atividade,
e como seria o papel de um mediador sem apresentar explicações, mas sim em construir
o conhecimento no decorrer da discussão.
Ainda houve a utilização de uma bola com o intuito de não centralizar a
discussão em um só educando ou deixar os educandos quietos e intimidados. Notamos
que a bola em alguns Círculos foi utilizada corretamente, mas que em outro só serviu
como distração e em certo momento teve que ser retirada da atividade. Entretanto ela só
foi utilizada durante a primeira oficina, contudo, na segunda oficina a mesma não se fez
necessária por conta de um maior interesse com o tema gerador e a participação dos
educandos.
Ao final das duas atividades foi realizada uma confraternização com os
educandos no período vespertino, onde os adolescentes e bolsistas do PIBID levaram
um lanche para partilha e jogaram futebol no gramado onde foram realizadas as
atividades.
Quando foi proposto em reunião aplicar uma atividade desconhecida das que
éramos acostumados, nossa primeira reação foi de insegurança por que Paulo Freire não
trabalhou com adolescentes e jovens e sim com adultos. Mas no decorrer das atividades
foi possível perceber que a dinâmica proposta pode ser agregada como forma de ensinar
85

e aprender, saindo da zona de conforto de muitos educadores que não buscam novas
metodologias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a organização e aplicação do Círculo de Cultura de Paulo Freire no


Colégio Estadual TsuruOguido, os estagiários do projeto PIBID puderam desfrutar do
momento de interação com os estudantes, contribuindo de maneira direta nas reflexões e
discussões das temáticas violência e identidade cultural.
Por meio da atividade, faz- se uma observação que o saldo foi positivo de um
modo geral, pois perante a dinâmica extracurricular proposta, os educandos, mostraram-
se interessados para discutir de maneira construtiva e respeitosa os assuntos ali trazidos
para o diálogo, demonstrando ainda interesse e vontade de participar. Os educandos
portanto, agregaram um amplo conhecimento á atividade, expondo ideias, questionando
os estagiários e até mesmo os colegas de sala, por fim, atuando e formando seu senso
crítico. Contudo, notou- se que alguns adolescentes do sétimo ano, não se encontravam
com maturidade o suficiente para participar de um diálogo de tal gênero, já era esperado
que alguns estudantes procurassem tumultuar a atividade, porém os poucos que não
demonstravam interesse na atividade, ao menos respeitaram a fala dos demais colegas e
não atrapalharam o andar da oficina.
Por fim, conclui- se que todo o esforço para leitura que garantisse um
embasamento teórico e as discussões realizadas em reuniões foram importantes durante
a aplicabilidade do Círculo, pois para os estagiários do projeto PIBID, o programa
sempre soma com o processo de formação docente que se faz tão necessário para
melhoria da qualidade da educação brasileira, além de proporcionar experiências com
diversas metodologias pedagógicas que colaboram diretamente na formação de
educadores mais preparados para os desafios da educação contemporânea.

REFERÊNCIAS
MARINHO, Andrea Rodrigues Barbosa. Círculo de cultura: origem histórica e
perspectivas epistemológicas. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade
de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Acesso em: 2016-10-08.
86

INSTITUTO PAULO FREIRE. Paulo Freire: o patrono da educação brasileira.


Disponível em <https://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-
brasileira> Acesso em 2016-10-08.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à pratica educativa. São


Paulo: Paz e Terra, 1996.

MACIEL, K. F. O pensamento de Paulo Freire na trajetória da educação popular.


Educação em Perspectiva, v. 2, n. 2, p. 326-344, Viçosa, jul./dez. 2011.

OLIVEIRA, Leandro Pastorinode. Educação para a transformação: Círculo de


Cultura.2015. Disponível em: <http://www.univali.br/imprensa/eventos/meio-
ambiente/Paginas/educaca-transformacao-circulo-cultura-253.aspx>. Acesso em: 11 set.
2016.

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