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Résumé
Ayant pour base les parcours et les expériences sensorielles dans les musées, cet article
propose une discussion à propos de l´inclusion spatiale de personnes handicapées.
Le travail qui est à l´origine de cet article a cherché à connaître les conditions
d'accessibilité aux ambiances architecturales des musées et les émotions suscitées par ces
lieux auprès de ses visiteurs. Nous avons cherché à comprendre comment les espaces des
musées réussissent à produire des sentiments d´afect chez les personnes handicapées
physiques, sensorielles ou intellectuelles, l´accessibilité étant comprise dans sa diversité
sociale, politique, culturelle, économique et, surtout: environnementale. L´article présente des
exemples de musées au Brésil et à l´étranger et suggère l´importance de nouveaux paradigmes
pour le développement égalitaire , en vue de l'inclusion de personnes handicapé es dans les
ambiances des musées. En guise de conclusion, l'article souligne que l'accès aux musées est
un thème qui implique une approche interdisciplinaire et il doit pointer vers un nouvel
assouplissement des restrictions des lois de classement du patrimoine historique, pour faire en
sorte que la culture soit vraiment accessible à tous.
1. Introdução
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
É por meio dos sentidos que essa informação será despertada nos observadores. Assim,
compreende-se que uma ambiência museal adequada terá a capacidade de favorecer e até
fomentar, por meio de sentimentos de afeto e motivação, a plenitude dessa imersão no
conhecimento oferecido pelo museu.
Este trabalho trará comentários sobre alguns espaços museais bem sucedidos na questão da
acessibilidade mas, antes, parece-nos importante delinear rapidamente os conceitos de ambiência,
acessibilidade, sentidos e sensorialidade, exclusão espacial e afeto ao / pelo Lugar, para podermos
desenvolver as questões que estão na base deste trabalho.1
ambiência
As amziências são muito mais do que um simples ambiente: elas reúnem não apenas o que
pode ser apreendido pelos sentidos de quem está neste ambiente (a temperatura, os sons que nele
se produzem, os cheiros, a dinâmica do ar, a dinâmica dos corpos que nele transitam), mas
também a carga emocional que dele emana. Augoyard (2004) comenta que o conceito de
ambiência é fácil de sentir, mas é difícil de explicar. De fato, tendo um fundo sensível, a ambiência,
para ser explicada, perde um pouco da objetividade tão necessária ao rigor científico.
É preciso, contudo, compreender a ambiência como sendo um "pacote" constituído do lugar e de
suas características sensíveis e emocionais (Duarte et al, 2007; Duarte et al 2008). Ainda, segundo
Amphoux (2004) a ambiência permite a passagem da dimensão sensível para a dimensão
cognitiva e permite torná-la agradável por sua capacidade de ser reconhecida.
acessibilidade
1 A pesquisa para pós doutorado desenvolvida por Cohen (2008) sob a supervisão da Prof. Dra. Cristiane Rose de S.
Duarte, e pelo Núcleo Pró-Acesso do Programa de Pós Graduação em Arquitetura (PROARQ) da UFRJ, com o apoio da
Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), em conjunto com o IBRAM e com a
Superintendência Estadual de Museus, em conjunto com o IBRAM e com a Superintendência Estadual de Museus, além
de analisar o que já foi feito nesta matéria e o que se pode fazer no futuro, busca avançar da teoria e da pesquisa
acadêmica para a prática de uma acessibilidade universal nestas instituições.
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
Uma boa acessibilidade física do espaço não é suficiente: é indispensável criar condições para que
o conteúdo do museu possa ser acessado, compreendido e usufruído.
sentidos e sensorialidade
O processo cognitivo parte das etapas sensoriais como base de um sistema que leva à
consciência e ao conhecimento do lugar onde o corpo está situado.
Assim, sempre que possível, o ser vivo se utiliza de diversos sentidos como meios de
reconhecer o ambiente em que se encontra, mas nem sempre todos os sentidos estão à disposição
do "organismo que sente" que passa, então, a "compensar" a ausência de um deles com o
aumento da importância de outro. A interdependência do tato, da visão, da audição, da cinestesia,
do olfato e do paladar fica evidente no momento em que se analisa a experiência museal. Não é
diferente quando se busca a compreensão da experiência de pessoas com deficiência nesses
espaços.
Não é o olho que vê. Não é a alma. É o corpo como totalidade aberta. (...) A visão
dos sons ou a audição das cores ocorre com a unidade do olhar pelos dois olhos: [a
visão e a audição ocorrem] na medida em que meu corpo é não uma soma de
órgãos justapostos, mas uma síntese sinérgica na qual todas as funções são
retomadas ou ligadas ao movimento geral do ser no mundo. [..] Quando digo que
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
vejo o som, quero dizer que à vibração do som faço eco por todo meu ser sensorial.
(Merleau-Ponty apud Novaes, 2003).
Assim, para as pessoas com deficiência visual, o tato, do cheiro e o som, representam os
sentidos essenciais na sua apreensão de um museu e de suas obras. Elas necessitam tocar em
esculturas, maquetes ou obras táteis, sentir o cheiro das plantas ou ouvir as explicações acerca
das obras e do próprio ambiente por meio de aparelhos especiais com audiodescrição.
De modo semelhante, para as pessoas com deficiência auditiva, uma eficiente sinalização
visual, constitui-se para elas em importante fator para a sua percepção da ambiência museal, sem
considerar ainda que a comunicação deverá ser feita com profissionais devidamente treinados na
Língua de Sinais, o que pode influenciar decisivamente na sua experiência.
exclusão espacial
Para Cohen e Duarte (2000), a “exclusão” personaliza o espaço como um ator que pode
excluir a pessoa com deficiência na sua relação com a sociedade. Desta forma, as ambiências
podem constituir-se na cristalização da própria deficiência, em práticas de segregação a partir dos
espaços e em uma percepção de sociedade que não valoriza o ser humano com suas diferenças
físicas, sensoriais e intelectuais.
No caso desta pesquisa, a exclusão espacial é uma “atitude dos museus e instituições
culturais” que impossibilita a vivência destas ambiências em igualdade de condições, fazendo com
que a própria pessoa com deficiência rejeite estes lugares.
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
O conceito de "afeto ao/pelo Lugar", por sua vez, tem sido estudado na psicologia
ambiental, que tem aprofundado seus significados e analisado as relações pessoa-ambiente com
foco em sentimentos motivados pela experiência espacial.
Ter "afeto pelo Lugar" e "ser afetado por ele" são, na verdade, como duas faces de uma
mesma moeda: a experiência nas ambiências desencadeia impulsos que motivam a ação e essa
ação leva a um sentimento de apropriação. Deixar-se afetar por um Lugar significa experienciá-lo,
significa evocar memórias afetivas relacionando-as aos momentos dessa experiência e agir de
acordo com elas. Assim, afetar-se por um Lugar é reconhecê-lo como parte de uma experiência
sensorial e emocional.
Algumas ambiências são capazes de motivar esse sentimento de afeto de forma muito mais
imediata do que outras, já que as características sensoriais são propícias ao desencadear de
memórias afetivas mais ou menos encobertas nas profundezas subjetivas dos sujeitos.
Segundo Magalhães (2005), os museus e o seu acervo são detentores da memória cultural
de um coletivo, tendo importância basilar nas sociedades contemporâneas, expressando ainda o
aspecto material de identidades consolidadas ao longo da história. São expressões de elementos
familiares ao usuário, que se reconhece neles usando seus próprios sentidos de maneira
interdependente.
Magalhães (2005) ainda adiciona que esta configuração estabelecida, tanto nos museus
quanto no patrimônio, evidencia identidades particulares sempre únicas e diferentes, “em contextos
novos de deslocação espacial e temporal” (p.11). De fato, a contemporaneidade trouxe novas formas
de visitação em um museu, com instalações e exposições interativas, que demandam do usuário
mais do que uma simples apreciação passiva.
Assim, já vai longe no tempo a ideia antiga de que o museu é um local estanque com a função
apenas de exibir. É a interação, o aprendizado, a percepção e o estímulo à reflexão que tomam
frente no rol de metas museais. A célebre declaração do museólogo francês Georges Henri Rivière
ilustra essa visão:
“(...) o sucesso de um museu não se mede pelo número de visitantes que ele
recebe, mas pelo número de visitantes aos quais ele ensinou alguma coisa. (...) não
se mede pelo número de objetos que ele expõe, mas pelo número de objetos que
puderam ser percebidos por seus visitantes (...); pela quantidade de espaços que o
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
Na sentença acima citada, Rivière menciona a percepção e o percurso dos espaços como
fatores importantes desse aprendizado proporcionado pelos museus. De fato, à medida que
penetramos nossos corpos em ambiências que predispõem a percepção por meio de todos os
sentidos, é que somos capazes de apreender e despertar o processo de reflexão acerca do que é
transmitido. Assim, a cinestesia se une ao processo cognitivo, favorecendo o despertar do
conhecimento não apenas pela visão, ou pela audição, mas por todos os meios de troca emocional
com o ambiente.
Mas será que essa experiência museal tão desejada por Rivière tem sido democratizada? O
que dizer de museus que oferecem seus acervos apenas para quem pode vê-los ou apenas para
quem pode percorrê-los sem dificuldades?
Temos afirmado em nossos trabalhos (COHEN e DUARTE, 2000; 2007) que o espaço que
não é capaz de acolher a todos é um espaço deficiente. Da mesma forma, sustentamos que o
museu que não é capaz de proporcionar aprendizado, informação e reflexão a todos os cidadãos é
um museu deficiente (COHEN, DUARTE e BRASILEIRO, 2009; 2010a; 2010b; 2011).
Nesse sentido, podemos dizer que algumas ambiências museológicas são deficientes, por
não permitirem a motricidade e a mobilidade de pessoas com dificuldade de locomoção ou não
proporcionarem a experiência museal satisfatória a algumas pessoas com deficiência sensorial ou
intelectual.
Não somente a pessoas com algum tipo de deficiência, mas a quaisquer de seus usuários,
concordamos que um museu deve estimular o desenvolvimento de experiências, memórias e
passados diversos, construindo os laços afetivos que podem ser formados com a instituição,
cooperando para seu estabelecimento pleno na cidade.
Prosseguindo nesse raciocínio, seria necessário também considerar a maneira pela qual as
pessoas chegam aos museus e a relação destes com a cidade e seu entorno imediato.
Entendemos, conforme Myrian Sepúlveda dos Santos (2007), que uma cidade é construída por
seus habitantes e apresenta marcas deixadas ao longo do tempo.
“(...) uma visita ao museu é um prazer para quem se interessa pela arte, pelo
conhecimento.(...) Portanto, o museu não pode ser esquecido como produtor de
prazer, de gozo, de estímulo emocional e intelectual”.
Lygia Martins Costa apud Chagas, 2005
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
4. Alguns Exemplos
Atualmente, tem sido possível catalogar iniciativas que têm buscado estimular diferentes
sentidos simultaneamente, para a constituição de uma ambiência sensível.
É crescente, no mundo todo, o número de museus que realizam atividades voltadas para
pessoas com deficiência, convidando os visitantes a explorarem as formas e textura das obras, a
percorrerem os espaços, a cheirar as plantas e flores de seu jardim, a tocarem algumas esculturas,
a vivenciarem a estética, a arte e a cultura.
No museu do Quai Branly, em Paris, um espaço central foi concebido como símbolo do
tempo das civilizações. Este percurso museográfico, denominado "rio", se remete às coleções do
museu em ordem geográfica e contém dispositivos multisensoriais que favorecem a percepção
evocando diversas sensações sonoras, olfativas, táteis e visuais. Os visitantes são convidados a
tocar nas paredes de couro com esquemas em alto-relevo e inscrições em Braille, mergulhando
numa atmosfera étnica que, segundo a diretora de acessibilidade do museu2, tem ultrapassado as
expectativas em termos de aceitação do público.
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2 Em entrevista para nossa pesquisa, a diretora geral de acessibilidade do museu do Quai Branly, Delphine HARMEL-
CHEMINEE, acompanhada se seu cão guia, mostrou às autoras deste artigo as possibilidades interativas do referido
museu.
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
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A mostra deixou evidente que as pessoas cegas ou com baixa visão geralmente utilizam
outros sentidos – olfato, tato, audição e paladar – para enriquecer sua experiência não só em um
museu, como na própria vida. Algumas vezes estes sentidos necessitam de treinamento adequado
para funcionar melhor, especialmente se a pessoa perde sua visão em uma idade avançada. Pode
ser considerado como mais importante o tato, que é o instrumento para a leitura em Braille. Para
pessoas com surdez e cegueira (como Helen Keller) o toque, obtido por meio do tato, é a ponte
para o conhecimento do mundo.
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Neste mesmo museu temos acesso aos textos de Tilly Aston, um pioneiro da comunidade
cega australiana, que escreveu muitos poemas sobre sua falta de visão, enquanto o trabalho de
Barbara Blackman é exuberante no seu desfrute da vida. Também podemos encontrar obras de
Lloyd Rees, um dos artistas australianos mais cultuados, que continuou a pintar quando lhe faltou a
visão e nos deixou um legado de trabalho luminoso.
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
“Às vezes é amável tocar coisas que parecem agradáveis, mas freqüentemente é
como eu navego no mundo. O cheiro é a mesma coisa e absoluto, áudio também é
fundamental. Nós devemos possuir algum sentido humano inato de desejar
conhecer o máximo que podemos acerca do mundo ao nosso redor tanto quanto se
faltar uma de suas maneiras de fazer isto, você utiliza tudo o que você pode”.
5 A Mostra “Assim Vivemos” de filmes sobre deficiência já está se estendendo para outras cidades do país.
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
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O depoimento de Marco Antônio acima transcrito reitera o que já havíamos ilustrado com a
fala de Catherine Mahony, citado anteriormente: a carga emocional que emana de ambas as
declarações. Enquanto Marco Antônio enaltece a percepção como fator essencial para entender a
realidade artística, Catherine pronuncia palavras como "amável" e "agradável", relacionando esse
sentimento positivo à vontade de conhecer mais, como se a agradabilidade fosse uma condição
inicial para a propensão do aprendizado.
Estamos tratando aqui do afeto a que nos referimos anteriormente: os Lugares afetam seus
visitantes, e recebem afeto de quem identificou nele algo que fez sua memória trabalhar, algo que
o motivou, que gerou um impulso no sentido de absorver as informações que a exposição oferecia.
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
Temos visto pequenas intervenções físicas serem realizadas em alguns museus fluminenses,
também com a implementação de medidas esparsas que tornem seus acervos acessíveis por meio
de todos os sentidos ou sentimentos e do corpo em movimento, mas apesar destes esforços, aqui no
Estado do Rio de Janeiro, ainda não temos ações efetivas que permitam a criação de uma
verdadeira relação afetiva entre o visitante com deficiência e o museu ou o patrimônio.
“O que eu tenho a dizer é que é uma relação de fato muito delicada, porque
determinadas intervenções nas edificações acabaram descaracterizando de uma
maneira ou de outra o monumento. É obvio que existem soluções, as mais diversas
possíveis, mas o que acontece é que há uma legislação que é conflituosa que é a
relação de uma lei que obriga a ter cuidados especiais com o prédio por conta do
tombamento”.
Nas circunstâncias das condições de acesso às ambiências dos museus tombados pelo
Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), é importante considerar também que
alguns deles estão situados em cidades históricas, como é o caso de Paraty e Vassouras. Deve-se
ressaltar, contudo, que estes não são apenas cenários de uma vida passada preservada na
memória, mas como ressalta Magnani (2007), são lugares onde a vida ainda pulsa. O passado
glorioso acompanha o cotidiano atual dessas cidades, e preservar um patrimônio também
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
demanda selecionar e adotar critérios e diretrizes que possam ser aproveitados por todos no seu
usufruto igualitário destes bens culturais.
Para Françoise Choay (2006), o conceito de "patrimônio histórico" – adotado por muitos
países no mundo –, nos faz confrontar nossas interrogações sobre a acessibilidade em bens
tombados.
Assim, procuramos mostrar que o planejamento de museus seria deficiente caso não houvesse
uma real preocupação com as formas pelas quais as ambiências são percebidas e com os
processos identitários e afetivos que seus visitantes virão a experienciar.
Assim, sustentamos que ter acesso aos ambientes museais não pode ser simplesmente
compreendido como o fornecimento de um conjunto de medidas que favoreceriam apenas às
pessoas com deficiência - o que poderia até aumentar a exclusão espacial e incentivar a
segregação destes grupos, mas sim planejar medidas técnico-sociais que visam facilitar o acesso
de todos os visitantes em potencial (COHEN e DUARTE, 2000).
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Acessibilidade e sensorialidade como motivadores do afeto em museus
É nesse sentido que acreditamos que devam ser repensadas as questões do engessamento
do patrimônio histórico: preservar intacta uma obra que só pode ser acessada por alguns;
imortalizar um bem que não transforma a experiência em emoção, seria a melhor maneira para
enriquecer culturalmente nossas sociedades? Podemos acrescentar a essa interrogação alguns
argumentos de caráter prático, mas que já se tornaram um fato em edificações dessa natureza:
não se concebe, hoje em dia, o uso de um edifício histórico sem que tenham sido adotadas
medidas de conforto, como instalação de ar-condicionado; medidas de cuidado com o próprio
acervo/patrimônio, como desumidificadores, filtros UV e sistemas de segurança contra furto, sem
mencionar o sistema de prevenção contra incêndio e pânico. Todas essas medidas interferem
fisicamente no patrimônio, seja para o seu próprio bem ou para o bem das pessoas que lá estão.
Porém, ao não ser permitido o acesso universal e irrestrito àquela obra, todas as outras
intervenções implementadas acabam por restar inócuas, pois não contribuem, na prática, para um
aumento da divulgação da cultura, como acontece com as intervenções destinadas à ampliação da
acessibilidade ao patrimônio histórico.
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Cristiane Rose Duarte = Regina Cohen - Alice Brasileiro
E-mail: crduarte@ufrj.br
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Alice Brasileiro
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