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LEI
N. 4.320/64 COMENTADA
COMENTADA
UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A ELABORAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR (§ 9º
DO ART. 165 DA CF/88)
É com grande satisfação que apresento este livro, fruto de um trabalho cuidadoso, que
traz comentários inovadores e atualizados sobre a Lei n. 4.320, de 17 de março de 1964, a
qual se constitui na principal referência da legislação financeira do País.
Nesta obra, o mestre e professor Jair Cândido da Silva demonstra, comenta e propõe
alterações de normas gerais de Direito Financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos
e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, contemplando as
alterações advindas da Lei de Responsabilidade Fiscal.
É importante ressaltar que esta obra se diferencia das demais pela sua atualidade e
praticidade, bem como por abranger alguns novos conceitos, com ênfase nas matérias de
receitas e despesas correntes e de capital; interpretação sistêmica dos artigos 34, 35, 36, 38 e
92 da Lei 4.320/64; tratamento contábil dos restos a pagar não processados; aspecto temporal
do empenho (art. 60); apuração do superávit financeiro; e restabelecimento da dívida
flutuante.
Este livro tem o perfil necessário para constituir peça fundamental de consulta para
contadores, técnicos nas áreas de finanças e demais interessados no assunto da Administração
pública Federal, Estadual, Municipal e do Distrito Federal. É indicado também para alunos
dos cursos de graduação e pós-graduação das áreas de Ciências Contábeis, Administração e
Economia, assim como para futuros funcionários públicos, sendo notório que a cada ano que
passa, mais, cresce o interesse de ingresso nas carreiras públicas.
A edição de uma obra com esse nível técnico é bastante gratificante. O meu amigo Jair
consegue fazer disso um prazer e um objetivo de vida. Após anos de vida pública, a
experiência lhe confere esta capacidade, aliada ao sonho de melhorar o trato da coisa pública.
É sem dúvida, um importante livro para os interessados em finanças públicas.
2
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................................7
INTRODUÇÃO........................................................................................................................11
1 DISPOSIÇÕES GERAIS.....................................................................................................13
1.1 Discriminação da receita e da despesa....................................................................................13
1.2 Princípio da unidade................................................................................................................14
1.3 Princípio da universalidade.....................................................................................................14
1.4 Princípio da anualidade...........................................................................................................14
1.5 Sumário geral da receita, por fonte e da despesa por função do governo............................15
1.6 Quadro demonstrativo da receita e da despesa......................................................................15
1.7 Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação....................................16
1.8 Quadro das dotações por órgão do Governo e da Administração.........................................16
1.9 Quadro demonstrativo da receita e planos de aplicação dos fundos especiais.....................16
1.10 Universalidade da receita.......................................................................................................17
1.11 Universalidade da despesa.....................................................................................................18
1.12 Dotações globais.....................................................................................................................19
1.13 Universalidade da despesa.....................................................................................................20
1.14 Exceção ao princípio da exclusividade..................................................................................22
1.15 Créditos suplementares..........................................................................................................22
1.16 Operações de crédito por antecipação de receita.................................................................22
1.17 Princípio do equilíbrio...........................................................................................................24
1.18 Operações de créditos e alienação de bens móveis e imóveis..............................................25
1.19 Discriminação da receita........................................................................................................26
1.20 Identificação da receita e da despesa por códigos................................................................26
2 RECEITAS E DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS................................................................27
2.1 Receita derivada.......................................................................................................................28
2.2 Destinação do tributo...............................................................................................................29
2.3 Categoria econômica da receita...............................................................................................29
2.4 Receitas correntes.....................................................................................................................30
2.5 Categoria econômica da despesa.............................................................................................35
2.6 Despesas de custeio...................................................................................................................35
2.7 Transferências correntes..........................................................................................................36
3
2.8 Das subvenções sociais e econômicas......................................................................................37
2.9 Investimentos............................................................................................................................39
2.10 Inversões financeiras..............................................................................................................41
2.11 Transferências de capital.......................................................................................................42
2.12 Classificação da despesa por elemento..................................................................................43
2.13 Unidade orçamentária e administrativa...............................................................................43
2.14 Material permanente e material de consumo.......................................................................45
2.15 Da concessão de subvenções sociais.......................................................................................46
2.16 Dos programas especiais de trabalho....................................................................................50
2.17 Transferências de capital.......................................................................................................51
3 PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA E PLANOS PLURIENAIS.............................................53
3.1 Conteúdo e forma.....................................................................................................................53
3.2 Projeto de lei orçamentária segundo a LRF...........................................................................55
3.3 Previsões Plurienais..................................................................................................................59
3.4 Quadro de aplicação de capital...............................................................................................61
3.5 Quadro de recursos e de aplicação de capital atualizado......................................................63
4 PREVISÕES ANUAIS E PARCIAIS...................................................................................64
4.1 Das previsões anuais.................................................................................................................64
4.2 Da base da estimativa da receita.............................................................................................65
4.3 Métodos e projeção de receitas................................................................................................66
4.4 Da revisão das propostas parciais...........................................................................................69
4.5 Da elaboração da lei orçamentária.........................................................................................69
4.6 Das emendas ao projeto de lei.................................................................................................70
5 DO EXERCÍCIO FINANCEIRO........................................................................................73
5.1 Do exercício financeiro.............................................................................................................73
5.2 Execução orçamentária............................................................................................................74
5.3 Destinação da receita e do saldo dos empenhos em 31 de dezembro....................................77
5.4 Regime misto............................................................................................................................79
5.5 Restos a pagar...........................................................................................................................81
5.6 Despesas de exercícios anteriores............................................................................................84
5.7 Anulação das despesas.............................................................................................................88
5.8 Dívida ativa...............................................................................................................................91
5.9 Créditos adicionais...................................................................................................................94
5.10 Fontes de financiamento........................................................................................................97
6 PROGRAMAÇÃO DA DESPESA.....................................................................................107
6.1 Cotas trimestrais....................................................................................................................107
6.2 Fixação das cotas....................................................................................................................108
4
6.3 Da programação da despesa..................................................................................................109
6.4 Alterações das cotas................................................................................................................109
7 TIPOS DE LANÇAMENTOS DE TRIBUTOS SEGUNDO O CTN................................112
7.1 Lançamento dos impostos diretos..........................................................................................112
7.2 Compensações de débitos e créditos contra a fazenda pública............................................115
7.3 Recolhimento ─ segundo estágio receita...............................................................................118
8 EXECUÇÃO DA DESPESA..............................................................................................120
8.1 Empenho da despesa..............................................................................................................120
8.2 Do limite para empenhar.......................................................................................................121
8.3 Despesa sem prévio empenho................................................................................................126
8.4 Do pagamento da despesa......................................................................................................129
8.5 Dos procedimentos de liquidação..........................................................................................129
8.6 Liquidação de bens serviços e demais despesas....................................................................131
8.7 Do pagamento..........................................................................................................................132
8.8 Dos órgãos autorizados a efetuar pagamento.......................................................................133
8.9 Adiantamento (Suprimento de fundos).................................................................................138
9 DOS FUNDOS....................................................................................................................141
9.1 Da constituição de fundos......................................................................................................141
9.2 Receitas vinculadas a fundos.................................................................................................141
10 CONTROLE ORÇAMENTÁRIO E CONTROLE INTERNO.......................................143
10.1 Disposições Gerais................................................................................................................143
10.2 Dos controles a serem exercidos pelo Poder Executivo......................................................145
10.3 Tipos de controle da legalidade da execução orçamentária..............................................147
10.4 Tomada e prestação de contas.............................................................................................150
10.5 Órgão responsável pela execução orçamentária ─ legalidade...........................................152
10.6 Competência sobre o controle das cotas trimestrais..........................................................152
11 CONTROLE EXTERNO..................................................................................................153
11.1 Da fiscalização exercida pelo Poder Legislativo.................................................................154
11.2 Da prestação de contas do Poder Executivo.......................................................................158
12 DA CONTABILIDADE....................................................................................................159
12.1 Disposições gerais.................................................................................................................159
12.2 Contas de resultado..............................................................................................................160
12.3 Interpretação das contas de resultado................................................................................163
12.4 Sistemas contábeis................................................................................................................166
12.5 Bens, direitos e obrigações...................................................................................................167
12.6 Dos responsáveis pela arrecadação da receita e da despesa ou bens................................168
12.7 A Contabilidade e a tomada de contas dos agentes responsáveis......................................170
5
12.8 Objetivos dos serviços de contabilidade..............................................................................175
12.9 Método de escrituração........................................................................................................175
12.10 Direitos e obrigações oriundos de Ajustes.........................................................................177
12.11 Operações ocorridas nos sistemas e sua contabilização...................................................180
12.12 Operações orçamentárias..................................................................................................181
12.13 Registro contábil da receita e da despesa..........................................................................183
12.14 Dívida flutuante..................................................................................................................185
12.16 Registro analítico dos bens permanentes..........................................................................191
12.17 Registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.................................................................191
12.18 Do inventário dos bens.......................................................................................................192
12.19 Registro das receitas patrimoniais....................................................................................193
12.20 Dívida fundada...................................................................................................................193
12.21 Da obrigação da apuração dos custos...............................................................................197
12.21 Do registro contábil das receitas e despesas patrimoniais...............................................198
12.22 Superveniências e insubsistência ativas e passivas...........................................................199
12.23 Insubsistências ativas e passivas........................................................................................199
13 OS BALANÇOS E A DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO..........200
13.1 Balanços e demonstrações....................................................................................................200
13.2 Balanço orçamentário..........................................................................................................200
Superávit de execução.........................................................................................................202
13.3 Balanço Financeiro...............................................................................................................204
Receita orçamentária..........................................................................................................205
Despesas orçamentárias......................................................................................................205
Receitas extra-orçamentárias.............................................................................................205
Despesas extra-orçamentárias............................................................................................205
Saldos do exercício financeiro anterior..............................................................................206
13.4 Saldo para o exercício financeiro seguinte..........................................................................206
13.5 Balanço Patrimonial.............................................................................................................212
13.6 Avaliação dos elementos patrimoniais.................................................................................220
14 CONTABILIDADE PÚBLICA........................................................................................224
14.1 Autarquias e outras entidades...............................................................................................224
14.2 Orçamento por inclusão.......................................................................................................225
15 DISPOSIÇÕES FINAIS..................................................................................................228
15.1 Do conselho técnico de economia e finanças.......................................................................228
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................232
I ANEXOS..............................................................................................................................234
1.1 Referencial bibliográfico.............................................................................................223
6
1.2 Plano de contas.......................................................................................................................234
APRESENTAÇÃO
Gleiser (1998, p. 254), acerca da busca incessante da cultura, sinaliza: “Apenas encontrar
novas conexões não é suficiente. Para que um pesquisador possa explorar novos territórios, é
necessário que tenha a coragem de enfrentar os antigos. É necessário acreditar em suas
próprias idéias”.
Nesse contexto, o presente estudo visualiza três ensinamentos distintos, que se interagem, por
possuírem os mesmos objetivos: bem informar e controlar o patrimônio de todos os entes da
Federação; tratar os ensinamentos já conhecidos (orçamento público, execução orçamentária,
contabilidade pública – Lei n. 4.320/64), usando uma nova percepção; e formular novas
idéias, no que tange ao enfoque, ao tratamento e à forma de apresentar a informação, o que
permite, em determinados casos, obter resultados diferenciados. Não que essas idéias venham
impor nova ordem aos temas já estudados, mas devem fazer parte do patrimonial cultural das
finanças públicas em sua totalidade. Espera-se que, definitivamente, haja um entendimento
sobre a reformulação de idéias e a descoberta de outras, e, o que é mais importante, embora
não se pratique, sobre a disseminação do conhecimento.
Nota-se, na atualidade, aparentemente, uma parcimônia ética por parte de muitos autores
quanto a não evidenciarem os novos caminhos descobertos no universo cultural ao qual
pertencem. Muitos dos conhecimentos alcançados bem que poderiam influenciar ou, até
mesmo, mudar de forma marcante determinado segmento do conhecimento humano. Tal
7
realidade, porém, torna-se inexistente, pois, conforme afirma Gleiser, esses conhecimentos
são atirados nos porões, justamente pelo fato de seus descobridores não terem acreditado em
seus próprios resultados, demonstrando, assim, uma atitude indigna de quem se dedica à árdua
missão de realizar pesquisas.
Expor uma idéia na forma de artigo científico ou de ensaio evidencia uma maior aproximação
dos demais interessados que buscam o enriquecimento cultural necessário em todos os setores
da atividade humana. Essa eterna busca há de ser do conhecimento humano, mesmo que não
venha de imediato representar o anseio de seu autor.
Este estudo tem a pretensão de rever determinados assuntos já discutidos, porém introduzindo
uma nova sistemática de avaliação ou de argumentação e, sempre que possível, estribadas em
posições sustentáveis.
O reconhecimento dessas novas propostas está vinculado ao grau de aceitação de todos que
atuam na Contabilidade, principalmente na Contabilidade Pública. Essa anuência deve ser
uma qualidade daqueles que estão abertos a novas propostas, questionado-as sem nenhuma
paixão, pois somente assim é que poderá haver mudanças nos enfoques que serão aqui
apresentados.
Cabe antecipar, neste momento, os assuntos que mereceram uma abordagem diferenciada
neste estudo e, em conseqüência, uma nova forma de interpretá-los:
8
g) a demonstração do cancelamento de uma dívida flutuante quando o
balanço patrimonial apresenta superávit ou déficit financeiro e seus
reflexos na execução orçamentária;
Ante todas essas proposições, alerta-se para o ensinamento de Descartes quanto à aceitação de
novas idéias como verdadeiras, as quais devem ser analisadas individualmente e com
percepção ampla, com a mente aberta às novas propostas e sentimento de aceitação, não
obstante o lapso em que estas venham a público.
O Autor
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo identificar, à luz de um enfoque calçado nos princípios da
hermenêutica e no princípio da segurança jurídica, o verdadeiro espírito de cada dispositivo
introduzido pelo legislador nesta Lei.
Com o passar dos anos, a necessidade de mudar alguns dispositivos da Lei tornou-se inadiável
por motivos diversificados, como a conclusão a que se chegou com este estudo, alcançando-se
resultados que divergem das interpretações já conhecidas.
Com essas novas propostas, espera-se estimular o debate, pois é por meio da troca de
experiências que novos horizontes são alcançados e, por extensão, contribui-se, sobremaneira,
para o crescimento da cultura em torno dos fenômenos ora pinçado para este estudo.
Para esse filósofo e matemático, que ficou famoso com a obra Discurso do Método, a
aceitação de um determinado conhecimento deve atender a princípios de interioridade
considerados básicos, a saber:
[...] O primeiro era o de nunca aceitar algo como verdadeiro que eu não conhecesse claramente
como tal; ou seja, de evitar cuidadosamente a pressa e a prevenção, e de nada fazer constar
de meus juízos que não se apresentasse tão clara e distintamente a meu espírito que eu não
tivesse motivo algum de duvidar dele. [...]
Algumas das interpretações relativas aos dispositivos desta Lei já demonstram carência de
uma revisão, ao passo que outras, conforme restou claro, apresentam evidências de que suas
orientações são incompatíveis com as operações realizadas, não representando, portanto, a
intenção do legislador.
Disposições preliminares
10
Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e
controle dos orçamentos e balanços: da União, dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, de acordo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da
Constituição Federal.
Destina-se este artigo a estabelecer o que a Lei deve regulamentar e identificar nos entes da
Federação que devem submeter-se aos seus preceitos. Assim, são alcançados por esta Lei: a
União, os Estados, os Municípios, e o Distrito Federal, assim como suas respectivas
autarquias e fundações.
Este dispositivo não deixa dúvida também quanto à sua abrangência, estabelecendo, desde
logo, que é de sua responsabilidade cuidar das diretrizes prescritas para a elaboração dos
orçamentos, de sua execução e do levantamento dos balanços gerais dos órgãos da
Administração Direta, os quais compreendem: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder
Judiciário. Depois do advento do Decreto-lei n. 200/67, a Lei passou a alcançar,
adicionalmente, as autarquias e fundações. Quanto às empresas públicas, isto ocorreu somente
depois da promulgação da Carta Política de 1988. A elas foi imposta a obrigação de
apresentar, da mesma forma que os órgãos já mencionados, o orçamento de investimento, para
compor o orçamento a ser encaminhado pelo Poder Executivo ao Poder Legislativo.
Assim, tanto o orçamento quanto à prestação de contas devem ser elaborados levando em
consideração a necessidade de permitir a identificação das aplicações de recursos desses dois
Poderes de forma consolidada e isolada.
1 DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º Integrarão a Lei
de Orçamento:
I - sumário geral da
receita por fontes e da
11
despesa por funções
do Governo;
II - quadro
demonstrativo da
receita e despesa
segundo as categorias
econômicas, na forma
do Anexo nº. 1;
III - quadro
discriminativo da
receita por fontes e
respectiva legislação;
IV - quadro das
dotações por órgãos
do Governo e da
Administração.
§ 2º Acompanharão a
Lei de Orçamento:
I - quadros
demonstrações da
receita e planos de
aplicação dos fundos
especiais;
II - quadros
demonstrações da
despesa, na forma dos
Anexos números 6 e
9;
III - quadro
demonstração do
programa anual de
trabalho do Governo,
em termos de
realização de obras e
de prestação de
serviços.
12
1.1 Discriminação da receita e da despesa
A discriminação da receita e da despesa, embora a Lei 1, neste artigo, não defina os seus
significados, permite identificar o desdobramento da classificação de ambas. Dessa forma, a
compreensão desses dois itens, assim como dos objetivos do governo em relação à política
econônico-financeira em seus detalhes ─ receita e despesa por natureza ─, foi a forma
visualizada pelos legisladores para evidenciarem a origem dos recursos (receitas) e a
respectiva aplicação (despesas). Este desdobramento, pelo teor do dispositivo, deve ser
elaborado com respeito aos princípios enumerados no caput deste artigo. Com o advento da
Constituição Federal de 1988 (CF), acrescentem-se os princípios de que trata o art. 37 da
Carta Política nesta seção, no que couber.
Este princípio parte da teoria de que o orçamento deve ser uno, ou seja, composto de um
único documento, no qual constem as receitas previstas e as despesas fixadas, bem como o
programa de trabalho para o exercício financeiro a que se refere. Em razão da dualidade de
entendimento, mesmo não declarada, esclarece-se que este princípio foi encampado pela Lei a
partir do art. 73 da Constituição Federal de 1946, a qual estabelecia: “O orçamento será uno,
incorporando-se à receita, obrigatoriamente, todas as rendas e suprimentos de fundos, e
incluindo-se discriminadamente na despesa as dotações necessárias ao custeio de todos os
serviços públicos”.
13
plano plurianual (PPA). As despesas fixadas devem, pois representar os dispêndios
indispensáveis à política de governo e, por extensão, a necessidade da população, tudo isso
combinado com os limites das disponibilidades financeiras.
Historicamente, o princípio da anualidade tem abrangência bem mais elástica do que a que lhe
é atribuída no momento. Nos comentários sobre o art. 34, esta abrangência será focada com
profundidade. No momento, deve ficar apenas o entendimento de que este princípio refere-se
ao período de duração do exercício financeiro, que, no Brasil, é de um ano ─ mais
precisamente, de 1º de janeiro a 31 de dezembro.
1.5 Sumário geral da receita, por fonte e da despesa por função do governo
A receita por fonte encontra-se amparada pela Portaria Interministerial n. 163/01 STN/SOF e
alterações posteriores. Já as despesas por função e subfunção encontram esteio na Portaria n.
42/99, que, além de relacioná-las, estabelece os critérios para essa nova classificação. A fonte
representa a origem das receitas, sejam elas derivadas ou ordinárias. As despesas representam
as aplicações, seja qual for a classificação. Tanto as receitas quanto as despesas, no que se
refere à aplicação e à fonte, recebem os mesmos critérios didáticos das contas de resultado da
contabilidade privada. As despesas por função representam as programações do governo no
seu mais alto nível de agregação de gastos.
Relativamente à legislação mencionada na seção anterior, sobre a classificação da receita e da
despesa, aconselha-se aos interessados acompanhar as alterações elaboradas e publicadas pelo
setor competente do Ministério do Planejamento e Gestão Orçamentária, em relação ao
orçamento, e pelo órgão também autorizado do Ministério da Fazenda, quanto aos temas
voltados para a contabilidade.
Com relação às receitas e às despesas, como foi mencionado na seção anterior, parte da
Portaria Interministerial n. 163/01 e verifica as alterações posteriores ocorridas, em razão das
mudanças que estão acontecendo com certa freqüência, o que não compensa a inclusão desses
dois itens nesta obra.
14
O objetivo deste sumário é evidenciar os déficits e os superávits tanto corrente quanto de
capital, por ocasião da elaboração do orçamento. O déficit orçamentário é previsto na Lei
somente em sua elaboração, ao dispor:
Neste artigo, o § 1º deixa claro que a elaboração do orçamento pode ser deficitária, mas não
vai além disto. Ora, se há um orçamento equilibrado, mesmo que deficitário, compete à
autoridade tão-somente executá-lo na forma elaborada, com as alterações que normalmente
ocorrem durante o exercício financeiro. Se para cada despesa existe uma receita, somente nos
casos de créditos abertos sem o respectivo financiamento justifica-se a existência de déficit
de execução.
Este quadro tem a finalidade de correlacionar cada receita prevista com a respectiva norma
que a instituiu, atendendo, assim, ao princípio da legalidade, pois não pode existir receita
que não seja criada por lei. Este quadro consiste em relacionar as receitas, agregando a elas a
lei que lhes deu origem, indicando, até mesmo, o número e a data em que foi publicada.
A Lei ora menciona dotação, ora menciona créditos. A dotação representa o montante
disponível para a emissão do empenho no momento da consulta, ao passo que os créditos
representam a soma do crédito inicial mais os créditos adicionais abertos durante o exercício
financeiro (ver comentários do art. 90). Por esta razão é que a dotação sempre será igual ou
inferior ao crédito autorizado.2
Refere-se apenas às receitas dos Fundos Especiais, já que os outros quadros demonstrativos
que são exigidos no § 1° referem-se às receitas em sua totalidade.
2
Os quadros e demonstrações que deixaram de ser apresentados foram extintos pela Lei de Responsabilidade
Fiscal.
15
O plano de aplicação trata-se da destinação que o Fundo pretende dar às receitas previstas
para o exercício de elaboração do orçamento. É necessário, portanto, correlacionar as
despesas fixadas e as despesas realizadas no exercício financeiro.
Com o advento da LRF, os quadros citados pelo artigo em comento foram extintos, dando
lugar ao que determina a lei que regulamentou o art. 50 da LRF.
3
O verbete Estado quando for usado isoladamente estará referindo-se aos entes da Federação.
16
Pela execução do orçamento da receita
D/C CÓDIGO NOME DA CONTA DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
D 1.9.1.02.001 Receita Recebida 1.000 SO
C 1.9.1.01.001 Receita a Arrecadar 1.000 SO
TOTAL GERAL 25.000 1000 -24.000- TOTAL GERAL 25.000 1.000 -24.000-
PASSIVO PERMANENTE
Operações de Crédito 1.000
Soma do Ativo Real 1.000 Soma do Passivo Real 1.000
TOTAL 1.000 TOTAL 1.000
17
Na ocasião em que este dispositivo foi elaborado, tinha-se um ponto de vista bastante
diferenciado da realidade atual. Depois de 1988, com a promulgação da Constituição Federal,
o orçamento tornou-se obrigatório para todos os órgãos da Administração Direta, alcançando
também os órgãos anteriormente não contemplados, a saber: autarquias, fundações, fundos, e
empresas públicas, estas somente no tocante ao orçamento de investimentos.
Art. 5º. A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender
indiferentemente as despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências
ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no art. 20 e seu parágrafo único.
A utilização de dotações globais, de acordo com o teor deste artigo, fica proibida quando
forem desdobradas em aplicações de recursos que envolvam despesas de pessoal, material,
serviços de terceiros, transferências, etc. Em seguida, este mesmo artigo arremessa para o art.
20 a única possibilidade para o uso destas dotações (comentários sobre o tema serão feitos
quando da análise deste artigo). As despesas que podem acorrer pelo processo normal de
aquisição e utilização serão consignadas em dotações próprias.
Esse pequeno desenvolvimento foi realizado com a intenção de posicionar o leitor quanto às
dotações globais, facilitando o entendimento de classificações semelhantes. Este artigo, no
entanto, já foi revogado.
18
1.13 Universalidade da despesa
Art. 6°. Todas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos totais,
vedadas quaisquer deduções.
§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra, incluir-se-
ão como despesa no orçamento da entidade obrigada à transferência e como receita
no orçamento da que as deva receber.
§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o cálculo das cotas terá por
base os dados apurados no balanço do exercício anterior àquele em que se elaborar a
proposta orçamentária do Governo obrigado à transferência.
Ao mencionar “todas as receitas e despesas”, a Lei quer deixar claro que devem ser feitas por
meio de despesas orçamentárias as transferências a serem pagas às entidades beneficiárias –
despesas fixadas −, porquanto estas devem escriturar esses recursos a título de receitas
orçamentárias, as quais devem estar previstas no orçamento.
Quanto à forma de cálculo, deve, a princípio, ser cumprido o que determina o § 2° deste
artigo. É comum, porém, a mudança desse critério quando o Estado muda o foco e pretende
que o órgão beneficiário das transferências seja mais participativo nas ações do governo, em
relação ao ano anterior.
Com o objetivo meramente ilustrativo, serão apresentadas, a seguir, as escriturações a serem
feitas tanto na entidade pagadora quanto na recebedora. O exemplo abordará a escrituração do
orçamento e sua execução.
19
DADOS
20
Este dispositivo foi absorvido pela Constituição Federal de 1988, passando a constar do § 8°
do art. 165 da Carta Política, o qual prescreve:
Ao final dessa autorização, caso o Poder Executivo necessite abrir outros créditos
suplementares, terá que submeter seu pedido ao Poder Legislativo.
A Lei, ao alertar para o que dispõe o art. 43, está, na verdade, adiantando que esses créditos só
podem ser abertos se houver fonte para financiá-los.
Essa contratação, porém, deve atender ao que prescreve a LRF sobre esse tema. Pode ocorrer
também quando se pretende implementar algum programa que tenha receita vinculada, que irá
se realizar somente meses depois. Esse procedimento, no entanto, não é recomendável, pelas
suas próprias características, na medida em que sugere risco de não realização da receita, além
dos juros que serão pagos. Somente é cabível nos casos de extrema necessidade e que possam,
na prestação de contas, ser perfeitamente arrazoados.
21
Uma insuficiência de caixa que não esteja relacionada à realização de programas vinculados a
determinada receita não ocorre ao acaso. A ela precede sempre alguma falha. Pode ser de
forma indireta, causada pela instituição de programas pelo Governo Federal, com reflexos nos
Estados, Municípios e no Distrito Federal, ou, ainda, o que é mais usual, por expectativas
frustradas em relação a determinadas receitas, cujos motivos são diversificados.
Em casos dessa natureza, é importante que determinadas medidas sejam tomadas antes
mesmo de se identificar a causa, para então realizar um estudo profundo com vistas a
identificar os motivos da queda na arrecadação. Alternativas urgentes devem ser apresentadas,
cujo objetivo, além da responsabilidade em si, é cumprir o que estabelece a LRF, que a esse
respeito determina:
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência
de caixa durante o exercício financeiro e cumprirão as exigências mencionadas no art. 32 e
mais as seguintes:
Vê-se que as atribuições do Estado no tocante à solução desse tipo de problema exigem dos
seus agentes uma altíssima tecnicidade, em razão de o prazo que têm para recuperar o nível de
arrecadação e liquidar o empréstimo no exercício de sua contratação.
Trata-se, pois, de uma exceção ao princípio da exclusividade, em razão de esses dois temas
não estarem diretamente relacionados às receitas e às despesas.
22
Observa-se, em razão dessa determinação, que há uma imposição indireta do princípio do
equilíbrio.4 Explica-se: no caso de déficit, é necessário indicar as fontes que irão financiar as
despesas. No caso de superávit, porém, a Lei é silente. O silêncio, no caso do superávit,
propicia uma pergunta: Pode o orçamento ser superavitário? Evidentemente que não. Por
detrás desse silêncio da Lei evidencia-se o princípio do equilíbrio. A criação de impostos é
uma forma de responder a esta pergunta, uma vez que esses vêm com objetivos previamente
definidos. Caso contrário, o Governo está sacrificando a população sem nenhuma justificação
real.
4
SILVA, Jair Cândido da. Dissertação para a obtenção do grau de Mestre. Título: Divergências conceituais da literatura sobre a
contabilização do restabelecimento e cancelamento da dívida flutuante. Brasília-DF. Universitá Degli Studi di Torino. 27.10.1999. p. 54.
Volume nº 1.
23
dispor de habilitação para constar do orçamento nas previsões das receitas ─ receitas de
capital ─, a título de alienação de bens imóveis.
A despesa, no entanto, pode ter um desdobramento ainda mais abrangente e pode chegar ao
item de despesa. A inclusão do item de despesa, porém, ocorre somente em nível de
24
escrituração contábil. O nível máximo em que deve ser desdobrado o orçamento para torná-lo
operacional é o de elemento de despesa (princípio da discriminação art. 15).
Assim, torna-se fácil a identificação, pois o código numérico inicial que compõe a natureza da
despesa é que vai determinar a categoria econômica da receita e da despesa, conforme
demonstrado anteriormente. Essa classificação divide-se em: receitas correntes; despesas
correntes; receitas de capital; e despesas de capital.
25
2 RECEITAS E DESPESAS ORÇAMENTÁRIAS
Art. 9º. Tributo é a receita derivada, instituída pelas entidades de direito público,
compreendendo os impostos, as taxas e contribuições, nos termos da Constituição
e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio
de atividades gerais ou específicas exercidas por essas entidades.
26
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os
seguintes tributos:
I impostos;
§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente
para conferir a efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e
nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
Imposto
É o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer
atividade estatal específica em relação ao contribuinte. Isto é, o pagamento do imposto não
obriga o Estado a retribuir diretamente ao contribuinte o que foi pago em bens e serviços.
Essa é a principal característica deste imposto.
Taxa
Contribuição de melhoria
É o tributo cujo fato gerador está relacionado a obras que valorizam os imóveis dos
contribuintes. O limite máximo para sua cobrança é o valor da obra e o limite individual é a
importância relativa à valorização do imóvel do proprietário. Seja, por exemplo, uma obra
cujo custo tenha sido de R$1.000,00 (mil reais), este é teto que se pode usar para ratear entre
os beneficiários. Se um determinado imóvel valorizou 20%, seu proprietário deverá pagar
27
R$200,00 (duzentos reais); se outro valorizou 10%, seu proprietário deverá pagar R$100,00
(cem reais), e assim até chegar ao teto de R$1.000,00 (mil reais). Deve ter a participação de
todos os beneficiários e, conseqüentemente, 100% do valor da obra.
O tributo destina-se à manutenção dos bens e serviços criados. Tal destinação deve ser de
iniciativa do ente que receberá o tributo. Assim, à exceção de algumas vinculações tributárias,
os demais se destinam a financiar as despesas correntes de forma geral, por se tratar de uma
receita de característica continuada, em relação ao tempo de sua duração. Dessa receita, o que
se destina aos investimentos é o montante do superávit corrente, que é uma receita de capital.
Art. 10- (vetado).
A definição da Lei sobre os dois tipos de receitas é puramente econômica. Receitas Correntes
são aquelas cuja arrecadação é contínua no tempo, pois podem ser destinadas ao
financiamento das despesas com essas características. Receitas de capital são aquelas que têm
fonte esporádica e devem ser direcionadas para as despesas de capital, em razão de suas
características. Em conseqüência, devem financiar despesas que possuam essas mesmas
características ─ portanto, financiam as despesas de capital que atendem a essas exigências e
são, às vezes, suplementadas pelo superávit corrente.
28
Na categoria receitas de capital, os recursos fazem-se presentes esporadicamente, ou seja, de
forma extraordinária. Em face de se tratar de um fato descontinuado, sua classificação como
receita de capital é uma questão importante, pois na sua falta deixa-se de realizar o
investimento ou a inversão financeira, o que não pode ocorrer, teoricamente, com as despesas
correntes, por exemplo: falta de remédios, de médicos em hospitais e de professores.
Trata-se de recursos obtidos pelo Estado por meio de empréstimos contraídos, os quais, antes
do advento da LRF, denominavam-se operações de crédito, interna ou externa. Com o
advento da LRF, devem ser considerados como receita de capital os recursos oriundos:5
O montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação
assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações
de crédito para amortização em prazo superior a doze meses. Este tema é definido pela LRF
da seguinte forma:
5
Definições estabelecidas pelo art. 29 da Lei n. 101/2000 (LRF).
29
Dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das
obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos,
convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo
superior a doze meses.
Este tipo de dívida, depois do advento da LRF, passou a ser vista da seguinte forma: “Dívida
pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os
do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios”.
Operação de crédito
30
Sobre esta equiparação, a LRF definiu: “Equipara-se a operação de crédito a assunção, o
reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16”.
Sobre estas operações, a princípio, fica o entendimento de não se tratar de um fato a ser
escriturado no passivo permanente. Reafirma-se que este é o passivo em que ela deve ser
escriturada. A LRF deu a seguinte definição sobre esta operação: “Também integram a dívida
pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas
tenham constado do orçamento”.
31
§ 3º O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das
receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo número 1,
não constituirá item de receita orçamentária. (Redação dada pelo Decreto-lei n. 1.939, de
20.05.82.)
Este superávit não constitui item por não estar relacionado na codificação das receitas de
capital, mas é considerado receita de capital. Esse conceito ─ por sinal, muito oportuno ─
decorre dos recursos que são considerados excedentes nas transações correntes. Em
conseqüência, são canalizados para as transações de capital, as quais dificilmente deixam de
ser deficitárias. A demonstração do superávit financeiro ─ Anexo 1 da Lei n. 4.320/64 ─,
embora tenha sido elaborada com dados aleatórios, demonstra como essa inversão de
recursos, com sua respectiva denominação, ocorre, facilitando a assimilação desse tema. Por
exemplo, tem-se o total das receitas correntes, que supera as despesas correntes em R$300
(trezentos reais). Esse montante, por exceder suas obrigações com as operações correntes,
pode ser usado no financiamento das despesas de capital, conforme evidencia o exemplo a
seguir:
RECEITA DESPESA
Receita Agropecuária 20
Receita Industrial 30
32
RECEITA DE CAPITAL DESPESA DE CAPITAL
Essa classificação recebeu várias alterações. Vê-se que tecer qualquer comentário é totalmente
desnecessário. A Portaria Interministerial n. 163/2001─ STN/SOF e suas alterações
posteriores detalham com precisão a classificação da receita e da despesa usada atualmente.
Assim, quando o tema relacionar-se a essas classificações, os interessados devem-se valer
desta Instrução, ou a que estiver em vigor no momento da consulta, no site do órgão próprio
de que trata o art. 113 desta Lei.
DESPESAS CORRENTES
Despesas de Custeio
Transferências Correntes
DESPESAS DE CAPITAL
Investimentos
Inversões Financeiras
Transferências de Capital
A classificação da despesa por categoria econômica está relacionada ao impacto que causa no
setor econômico. Trata-se de uma visão voltada para a gestão das aplicações dos recursos
arrecadados e aplicados, cujo acompanhamento é feito por órgão específico de cada ente da
Federação.
33
Despesas de capital.
Subcategoria econômica das despesas correntes:
Despesas de custeio; e
Transferências correntes.
Subcategoria econômica das despesas de capital:
Investimentos;
Inversões financeiras; e
Transferências de capital.
34
despesas correntes. Em razão da natureza da despesa, não haverá, em nenhuma hipótese, por
parte do beneficiário, contraprestação em bens e serviços. Em outras palavras, quem recebe
uma transferência corrente não tem a obrigação com o órgão que efetuou a transferência de
entregar bens ou de realizar a prestação de serviços de forma direta, mas sim de fazer o bom
uso desses recursos, na forma aprovada pelo órgão transferidor e constante do ajuste entre as
partes.
Logo depois de os recursos recebidos serem aplicados, o que deve ocorrer no prazo
estabelecido no ajuste, a entidade beneficiária deve elaborar a prestação de contas, na forma
estabelecida pelo órgão transferidor, e encaminhá-la, na data legalmente estabelecida,
juntamente com as demais exigências constantes do acordo, se houver.
Subvenções sociais
Trata-se de uma iniciativa perfeita sob os pontos de vista legal, político e humano. A única
ressalva que se faz é quanto à fiscalização da aplicação desses recursos e às condições que
devem possuir as entidades candidatas à sua obtenção, o que, obviamente, é de
responsabilidade de quem concede, por meio dos seus órgãos fiscalizadores.
35
As subvenções destinadas às entidades públicas sem fins lucrativos são representadas pelos
recursos transferidos às autarquias e fundações públicas, ambas pertencentes à Administração
Indireta, juntamente com as empresas públicas e às sociedades de economia mista.
Subvenções econômicas
Quanto à Administração tanto Direta quanto Indireta, foram introduzidas por meio da reforma
administrativa implantada pelo Decreto-lei n. 20067, que prescreve:
Art. 4° A Administração Federal compreende:
a) Autarquias;
b) Empresas Públicas;
36
podendo tal entidade revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito (ver nova
denominação dada pela LRF).
Existem determinadas atividades que são peculiares às áreas privadas, porém o Estado é
obrigado a intervir e desempenhá-las quando a iniciativa privada demonstra desinteresse ou
fique comprovado que não existe a possibilidade de sua atuação em determinados serviços
que são de natureza essencial e estratégica. Não obstante essas possibilidades, a de maior
destaque está diretamente voltada ao atendimento à população, numa acepção ampla. A
construção de Brasília evidenciou uma dessas necessidades ao criar a Sociedade de
Abastecimento de Brasília (SAB) para a oferta de gêneros alimentícios a preços facilitados às
pessoas que aqui se estabeleceram, pois não houve interesse da iniciativa privada, o que
revelou a importância social e estratégica do Estado, até mesmo em atividades típicas da área
privada.
2.9 Investimentos
Compreendem os dispêndios com o planejamento e com a obra em si, que podem incluir:
estudos preliminares, projetos e, até mesmo, a aquisição de imóvel usado, se destinado à
realização da obra, etc. Essa classificação é decorrente do aumento de bens produzidos e
colocados à disposição da população e, por dependência, do aumento da ação do Estado, o
qual deverá manter esses serviços criados em funcionamento. A disponibilidade de bens pode
ocorrer por meio das empresas revendedoras de bens em geral, desde que sejam novos, ou do
próprio Estado, ao realizar uma obra ou construir outro bem qualquer. O que difere,
basicamente, investimentos de inversões financeiras é que aqueles se referem aos bens
produzidos e estas a bens usados.
37
Dos programas especiais de trabalho
Este programa já extinto não faz parte da classificação da natureza da despesa de que trata a
Portaria n. 163/01 STN/SOF. Assim, as despesas realizadas com estas características têm
seguir a legislação em vigor.
Obras e instalações
O verbete instalações faz-se acompanhar por outro, obras, e ambos formam a classificação
denominada: “obras e instalações”, que representa um dos desdobramentos da classificação da
despesa de capital por natureza da despesa. Assim, tem-se, por exemplo: elevadores que
representam instalações e são incorporados à obra, cuja classificação econômica deve recair
em “obras e instalações”. As instalações são representadas “pelo conjunto de aparelhos ou de
peças que compõem uma determinada utilidade”.
A dificuldade em distinguir material permanente de material de consumo fez com que a Lei
estabelecesse uma forma que se tem mostrado eficiente para realizar tal distinção. Assim, se o
bem, em condições normais de uso, durar dois anos ou mais, é considerado “material
permanente”; caso contrário, sua classificação é “material de consumo”.
38
Vê-se que neste item excluíram-se dos investimentos a constituição ou o aumento de capital
de empresa comercial e financeira. A Lei, nesse aspecto, ao comparar os investimentos com as
inversões financeiras, fez simplesmente a seguinte diferenciação: o aumento do capital de
uma empresa que produz bens representa um investimento, isto porque há uma previsão do
aumento da produção de bens, em razão da expansão das atividades da empresa. Já as
empresas comerciais que não produzem, e sim repassam o que é produzido, e as financeiras,
que trabalham com recursos de terceiros, intermediando recursos, representam uma inversão
financeira.
Este inciso define que são consideradas inversões financeiras os títulos representativos de
capital de empresas ou entidades de qualquer espécie já constituídas, desde que não haja
aumento de capital. Assim, a aquisição de ações de uma empresa, desde que o seu capital não
seja alterado, independente da forma, deve ser classificada como inversão financeira, pois não
há a perspectiva de expansão dos negócios, o que caracterizaria aumento na produção de bens,
nas empresas industriais.
A aquisição de títulos de empresas já constituídas, desde que não haja aumento de capital,
não significa expansão dos negócios, pois o que se está adquirindo é o que já está em
operação. Em outras palavras, não constitui aumento, tampouco, a expansão da produção de
bens da empresa, pois esta continuará operando com o patrimônio já existente.
39
Constituição ou aumento do capital não produtivo
No que se refere à produção de bens, o aumento de capital das empresas que se apóiam em
capital não produtivo é nulo. Aquelas que se dedicam a objetivos comerciais são simples
intermediárias de mercadorias, porquanto as outras procuram alcançar seus objetivos ao
intermediar recursos de terceiros. Portanto, também sem nenhum objetivo de crescimento na
oferta de bens novos à população.
Conclui-se que investimento relaciona-se aos bens novos lançados no mercado: bem
produzido e final. Quando for um bem já em utilização, considera-se uma inversão
financeira, exceto as aquisições de imóveis destinados à realização de obras.
Deve-se observar que o auxílio não necessita de lei anterior que o tenha constituído. Ele pode
ser introduzido diretamente na Lei Orçamentária Anual. A contribuição, por sua vez, já é
conhecida por ocasião da elaboração do orçamento, em face de ter sido criada por uma lei
anterior, o que obriga a autoridade responsável pela elaboração do orçamento a considerá-la,
40
sem nenhum questionamento. Esta, porém, é de inclusão obrigatória no orçamento, enquanto
o auxílio depende da votação da LOA.
A essência deste artigo continua mantida. A classificação usada no momento foi modificada.
Passou-se a adotar a classificação da receita e da despesa estabelecida pela Portaria n.
163/2001 e alterações posteriores. Em razão das constantes alterações, é necessário que os
interessados acompanhem essas mudanças, que são realizadas pelo órgão central e
normatizador, de que trata o art. 113 desta Lei, ou pelo órgão que atualmente esteja com essa
incumbência, pois elas podem ocorrer a qualquer momento.
DESPESAS CORRENTES
Despesas de Custeio
Pessoa Civil
Pessoal Militar
Material de Consumo
Serviços de Terceiros
Encargos Diversos
Transferências Correntes
Subvenções Sociais
Subvenções Econômicas
Inativos
Pensionistas
Salário Família e Abono Familiar
Juros da Dívida Pública
Contribuições de Previdência Social
Diversas Transferências Correntes.
41
DESPESAS DE CAPITAL
Investimentos
Obras Públicas
Serviços em Regime de Programação Especial
Equipamentos e Instalações
Material Permanente
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Industriais
ou Agrícolas
Inversões Financeiras
Aquisição de Imóveis
Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Empresas ou Entidades Comerciais
ou Financeiras
Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Empresa em Funcionamento
Constituição de Fundos Rotativos
Concessão de Empréstimos
Diversas Inversões Financeiras
Transferências de Capital
Em face do teor do dispositivo, não se pode inferir que a descentralização seja feita por
iniciativa do Poder Executivo sem amparo. Esse procedimento, por certo, tem amparo, mas
não neste artigo.
Atente-se para o que está disposto no parágrafo único: “Em casos excepcionais, serão
consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão”. Esta
afirmativa leva à conclusão ─ em razão da palavra grifada e de sua comparação com a forma
como ela foi usada no caput do artigo ─ que quando determinado órgão usa uma unidade
42
administrativa para executar o orçamento esta terá de acompanhar o orçamento para
aprovação.
Entende-se, em face do termo grifado usado no caput do artigo, que a descentralização deve
ter o mesmo tratamento das unidades orçamentárias, ou seja, deve ser do conhecimento do
Poder Legislativo. As unidades administrativas, porém, devem constar do orçamento da
mesma forma como nas unidades orçamentárias. Deve-se fazer apenas a distinção entre as
duas. Caso contrário, não haveria necessidade de informar a unidade orçamentária
responsável pela execução de um determinado programa de trabalho, o que ocorre com as
unidades administrativas quando são destinadas para este fim.
Antes mesmo do advento da LRF, a União já havia criado uma nova classificação para a
natureza das despesas, a qual sofreu algumas modificações desde seu advento. Nem todos os
entes da Federação usam essa classificação, porém, com a aprovação da LRF originou a
necessidade de uniformizar, em nível nacional, as informações de caráter orçamentário e
contábil, com vistas à consolidação das contas. Em conseqüência, esta nova classificação
tornou-se obrigatória para todos os entes da Federação (ver comentários sobre o art. 13 desta
Lei).
Mas o que importa é que o caput do artigo estabelece o nível mínimo em que o orçamento
deve ser apresentado ─ ou seja, elemento de despesa. No § 1° deste artigo, fica definido que a
Lei considera como elemento de despesa: material de consumo, pessoal civil, militar, material
permanente, obras e instalações, etc.
O § 1° cuida de definir o que vem a ser elemento de despesa, ao estabelecer “[...] meios de
que se serve à administração pública para a consecução dos seus fins”. O § 2°, já comentado,
faz da diferenciação entre o que representa material permanente e o que representa material de
43
consumo a ser considerado por esta Lei. Assim, reafirma-se que o material permanente é
aquele que, usado em condições normais, dura dois anos ou mais.
Numa visão clássica, trata-se do que está a serviço da comunidade. Nada mais justo que o
próprio Estado subvencione as atividades de assistência social, médica e educacional, em face
da necessidade dos serviços e, como bem frisa o texto do artigo, sempre que os recursos de
origem privada não forem suficientes para o atendimento originário da iniciativa privada.
Em alguns casos, no entanto, o próprio Estado toma a iniciativa de, ele mesmo, executar essas
atividades, o que ocorre por intermédio das fundações.
Mesmo com esta iniciativa, o Estado nunca deve deixar de subvencionar essas entidades que
se instalaram com essa finalidade e que, evidentemente, necessitam de sua ajuda para atender
à demanda cada vez maior pelos serviços que oferecem.
Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado
com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição
dos interessados, obedecidos aos padrões mínimos de eficiência previamente
fixados.
O que estabelece este parágrafo é o mínimo que se deve exigir para que se subvencionem as
entidades sem fins lucrativos. A realidade é que, às vezes, são totalmente esquecidas, por
motivos diversos. Ou seja, os recursos são colocados à disposição de entidades que não
atendem a essas condições mínimas, como também se deixa de transferi-los para aquelas que
satisfazem plenamente as condições exigidas.
Quaisquer entidades dessa natureza que pleiteiem recursos do Estado para esses fins devem
ser vistoriadas, para que as exigências constantes deste parágrafo se façam presentes em um
44
instrumento de controle devidamente assinado pelo agente público autorizado, que possa, no
futuro, responder pelas falhas que porventura venham a ocorrer.
Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das empresas públicas, de natureza
autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente
incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município
ou do Distrito Federal.
O déficit de manutenção é caracterizado pela receita corrente inferior à despesa corrente.
Nesse caso, pode-se realizar essa cobertura por meio das despesas correntes incluídas nos
orçamentos dos órgãos transferidores. No entanto, para que isso aconteça há necessidades de
lei anterior que autorize essa transferência. A cobertura do déficit tanto de pessoas físicas
quanto de pessoas jurídicas disciplina-se por meio do que estabelece a LRF.6 Acerca da
cobertura de déficits, dispõe esta LRF:
6
Com o advento da LRF, as empresas públicas passaram a se denominar “empresas públicas dependentes.
45
§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações
públicas e empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as
instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.
Percebe-se que a LRF, por intermédio deste artigo, foi mais abrangente que a Lei n. 4.320/64.
Em primeiro lugar, a existência de lei anterior e, para o atendimento das necessidades, tanto
de pessoas jurídicas quanto de pessoas físicas, as condições estão estabelecidas no caput do
artigo e alcançam as autarquias, fundações e empresas públicas. Quanto ao atendimento da
LDO, trata-se de uma situação, a princípio, contraditória, em face da obrigatoriedade de estes
recursos constarem do orçamento, pois isto já ficaria definido na LDO. No entanto, esta lei é
que define as prioridades que deverão constar do orçamento. Assim, mesmo ante uma lei
anterior, é necessário constar da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
O § 1º mostra, porém, que somente as instituições financeiras e o Banco Central, desde que os
recursos sejam destinados às atividades para as quais essas instituições foram criadas, são
dispensados as exigências do caput do artigo.
Trata o § 2° de estabelecer o ritual para essa concessão. Mais precisamente, a forma como
esse déficit pode ser coberto, a saber:
Caso a empresa interessada atenda a esses quesitos, a concessão poderá ser concedida da
seguinte forma;
1. concessão de empréstimos;
46
3. concessão de subvenções; e
Não resta dúvida que o espaço para negociação aumentou, porém as dificuldades para atender
às exigências criadas também aumentaram.
Para uma empresa criada para executar determinado tipo de atividade e que não obtém o
retorno pretendido nos serviços prestados quando seu principal cliente é o dono da empresa,
somente as subvenções ou o aumento de capital podem ser uma alternativa de interesse da
empresa e de seu sócio majoritário.
A cobertura do preço de mercado é uma estratégia econômica que a União tornou-a de sua
competência, no tocante à parte rural, por meio da Lei n. 8.427/92. A equalização também é
usada para a cobertura de encargos praticados em financiamentos governamentais e para os
limites admissíveis por lei.
Assim, se o custo de determinado produto ficar acima do preço praticado pelo mercado, em
face de importação e de outras medidas, até mesmo aquelas tomadas pelo próprio Governo,
essa diferença é paga ao produtor por meio desse elemento de despesa.
Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a
empresa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão
tenha sido expressamente autorizada em lei especial.
A ajuda financeira a ser feita às empresas de fins lucrativos deve ocorrer somente por meio de
subvenções econômicas, vedados, evidentemente, outros mecanismos que venham a servir de
manobra para tal fim. Como se observa, fica proibido usar o orçamento como meio para
estabelecer tal condição. De acordo com o teor deste artigo, esta ajuda pode ocorrer. Há, no
entanto, necessidade de lei anterior para, então, ser consignada no orçamento (ver comentários
do art. 18).
47
2.16 Dos programas especiais de trabalho
No caput deste artigo, a Lei tratou de enfatizar que as obras a serem realizadas devem estar
vinculadas a um projeto. Acrescenta-se que outras aplicações, obviamente relacionadas às que
mencionam, também devem constar da dotação. Essas “outras aplicações” são despesas de
custeio referentes aos investimentos que deverão começar a operar no exercício financeiro,
para o qual se elabora o orçamento com data e valores aproximados, para que possam constar
do orçamento.
O parágrafo único, como já mencionado, foi extinto pela Portaria Interministerial n. 163/01─
STN/SOF.
Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se
devam incorporar ao patrimônio das empresas privadas de fins lucrativos.
É evidente que os recursos destinados a cobrir o déficit operacional de uma empresa de fins
lucrativos que recebe auxílio justificam-se somente nos casos em que os recursos próprios ou
transferidos de outros órgãos venham a ser usados para cobrir déficit de capital.
É evidente também que os recursos destinados a cobrir déficit corrente de empresas de fins
lucrativos têm finalidade bem diferente daqueles que aumentam o capital ou recebem recursos
48
a este título. Os primeiros têm o objetivo de não interromper as atividades da empresa, uma
vez que os recursos destinam-se à sua manutenção. No segundo caso, os recursos destinam-se
a expandir os negócios da empresa, em relação tanto ao aumento do capital quanto às
transferências de capital, uma vez que, ao aumentar o ativo permanente, permite-se que a
empresa possa expandir seus negócios. A exceção somente ocorre quando esses recursos
destinam-se à recomposição do ativo.
O aumento do capital de uma empresa de fins lucrativos é mais um sacrifício que se estende à
população, por meio dos impostos. Porém, essas empresas são criadas para desenvolver
atividades estratégicas do Governo, ou seja, aquelas que podem ser desenvolvidas por
terceiros, mas, em determinados casos, devem ser do conhecimento ou da obrigação exclusiva
do Estado, como no exemplo da SAB, em que não havia interesse da iniciativa privada e a
população estava necessitando adquirir gêneros alimentícios. Outro exemplo oportuno refere-
se a empresas de processamento de dados que cuidem de impostos da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal, que são informações, às vezes, confidenciais.
49
3 PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA E PLANOS PLURIENAIS
50
A mensagem que encaminha o orçamento ao Poder Legislativo deve ser conjugada com o que
determinam a LFR e a Constituição Federal, em face das mudanças de prazos estabelecidas
pela Constituição, as quais devem prevalecer até que seja aprovada a Lei Completar que irá
substituir a Lei n. 4.320/64. O prazo para o encaminhamento do orçamento ao Poder
Legislativo é 31 de agosto do ano de elaboração do orçamento (art. 35, § 2º, inciso III – Atos
das Disposições Constitucionais Transitórias), ou seja, quatro meses antes do encerramento do
exercício financeiro vigente.
Situação econômico-financeira
Por questões culturais ou, até mesmo, políticas, algumas dívidas não são contabilizadas, como
é o caso dos precatórios, dos vencimentos dos funcionários em atraso e de restos a pagar
processados e cancelados ainda não prescritos, além de outras do gênero. São obrigações
de escrituração contábil obrigatória no passivo permanente, em face do que estabelece o § 4°
do art. 105 da Lei, que prescreve: “O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e
outras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate”.
51
A justificação da receita e da despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital,
deverá estar consubstanciada na proposta orçamentária – previsão da receita e fixação da
despesa. A LDO é o documento que responde a esse questionamento.
A realidade depois do advento da LRF é outra. Esta Lei tornou obrigatória a continuidade dos
programas cujo cancelamento venha a prejudicar um serviço criado ou deixar de terminar um
projeto já iniciado. Sobre esta questão, a LDO deverá dispor anualmente, segundo
determinação da LRF:
Projeto de lei
O projeto de lei diz respeito aos artigos, incisos, alíneas e tudo mais que faça com que o
orçamento torne-se legal e possa ser posto em execução sem adversidade. Além de atender ao
princípio da legalidade, há de ser resumido e deve conter todas as cláusulas consideradas
essenciais, bem como atender aos princípios aplicáveis à elaboração de leis.
Tabelas explicativas
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3.2 Projeto de lei orçamentária segundo a LRF
A LRF introduziu novas exigências, as quais devem constar do Projeto de Lei de Orçamento.
Essas inovações estão no art. 5 da LRF, que estabelece:
Art. 5º. O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano
plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:
III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com
base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias,
destinada ao:
a) (VETADO)
§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a
um exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a
sua inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição.
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De acordo com a exigência desse inciso, deve acompanhar a LOA a demonstração que
contenha a compatibilidade dos programas, dos orçamentos das unidades orçamentárias, com
os objetivos e metas de que trata o §1° do art. 4° da LRF, o qual prescreve:
[...]
[...]
Assim, este documento deve demonstrar qualquer uma das operações mencionadas no § 6º
que afetarão o montante da receita a ser arrecadada, por meio de demonstrativo que evidencie
a ocorrência do impacto, em face da diminuição da receita. Relativamente às despesas,
também, deverá evidenciar esses efeitos. Em casos dessa natureza, há necessidade de que elas
venham acompanhadas de outros benefícios à comunidade, como a concessão de incentivos
fiscais para que uma fábrica instale-se na região onde deveriam ser cobrados os impostos. No
entanto, mesmo deixando de recebê-los, justifica-se pela criação da fábrica, a qual abrirá
vagas para um número determinado de empregos diretos e indiretos. Ou seja, é necessário
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demonstrar que essas ações sejam precedidas de outras que criaram benefícios à população,
por meio de empregos diretos e outros serviços, e que venham a justificar a decisão tomada.
O orçamento deverá apresentar reserva de contingência, uma dotação que não se destina à
nenhum programa em especial, mas que poderá servir de fonte de financiamento, no caso de
surgir qualquer risco fiscal que deixou de ser previsto no orçamento. Como frisa o teor do
inciso, a forma de utilização e o montante serão definidos pela LDO, com base na receita
corrente líquida.
Trata-se de dar cumprimento ao princípio da legalidade, bem como, de não criar conflito com
dívidas consideradas de prazo. Este parágrafo é oportuno, pois, embora a Lei faça referência à
dívida de longo prazo – superior a doze meses –, em relação à dívida fundada o critério de
classificação e, por dependência, de escrituração, nos grandes grupos do balanço patrimonial,
não leva em consideração o prazo para o resgate, mas, sim, se será por meio de autorização
legislativa ou não.
§ 2° do art. 5º da LRF
§ 3° do art. 5º da LRF
Observa-se que neste parágrafo a LRF tratou de estabelecer o índice a ser usado no
refinanciamento da dívida mobiliária, o que permite antever o montante dos gastos com essas
operações.
§ 4° do art. 5º da LRF
Este parágrafo proíbe uma técnica que foi muito usada por dirigentes de órgãos, cujo objetivo
era, no decorrer do exercício financeiro, usar de sua influência política para injetar recursos
no programa a ser desenvolvido por meio de créditos adicionais. Esta proibição veio
tardiamente.
55
§ 5º do art. 5º da LRF
Este parágrafo repete a determinação constante do § 1° deste art. 167 da Constituição Federal
de 1988. Ou seja, se o investimento ultrapassar o exercício financeiro, deverá constar do PPA
ou de lei que nele o inclua.
§ 6 do art. 5º da LRF
A partir de então, fica o Banco Central obrigado a incluir no orçamento as despesas que o
parágrafo enumera. O futuro é que dirá se estas despesas são suficientes para se conhecer o
mínimo desejável deste órgão, pois antes do advento da LRF pouco ou nada se sabia desta
entidade.
A importância do PPA está no fato de ser o mediador entre o chefe do Poder Executivo eleito
e a implementação de seu programa, lançado por ocasião da campanha eleitoral.
Enquanto não for aprovada a lei complementar que irá substituir a atual Lei n. 4.32064, o
prazo de duração do PPA será de quatro anos. O eleito tem até oito meses para encaminhar
este programa ao Poder Legislativo (31/08) do ano da posse. O Poder Legislativo, por sua
vez, tem até o final do início do segundo recesso do ano para aprová-lo.
O Plano Trienal era elaborado para o período de três anos, sendo que a cada ano incluía-se
mais um ano, de forma que o que era empossado tivesse um plano de três anos. O PPA tem a
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duração de quatro anos, de acordo com a legislação atual, mas o Poder Executivo sempre
estará executando um ano de PPA de seu antecessor e, da mesma forma, adentrando um ano
na administração do próximo chefe do Poder Executivo.
Note-se que, conforme prescreve este artigo, o quadro de aplicação de recursos alcançava
apenas as despesas de capital, diferentemente do que ocorre com o PPA, que foi elaborado
com uma visão de planejamento bem mais abrangente, deixando de fora apenas despesas de
investimentos que se realizam no próprio exercício financeiro.
Com a extinção dos arts 23, 24, 25, 26 e 27, em face do advento da Constituição Federal de
1988 (CF), a qual, em seu art. 165, dispõe:
Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
I - o plano plurianual;
II - as diretrizes orçamentárias;
§ 3º O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo Poder
Público;
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III - o orçamento da seguridade social, abrangendo todas as entidades e órgãos a ela
vinculados, da administração direta ou indireta, bem como os fundos e fundações
instituídos e mantidos pelo Poder Público. [...]
O critério sobre como a LDO prioriza os programas que serão implementados no exercício
subseqüente à sua elaboração é de qualidade inquestionável, em face da possibilidade de todo
o ano, no universo de programas do PPA e, dada às condições que o Estado vive naquele
momento, redirecionar a programação planejada de forma a adequá-las às novas necessidades
reinantes.
Não se pode perder de vista, porém, a situação paradoxal que a mencionada interface sofre
toda vez que há necessidade de elaborar a LDO e a LOA sem que o PPA seja aprovado. Tal
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fato ocorre de quatro em quatro anos, quando termina um PPA, prazo a que esses
instrumentos de planejamento estão submetidos.
Legalmente, os prazos são os seguintes, segundo a Constituição Federal de 1988 – Atos das
Disposições Constitucionais Transitórias:
Art. 35. [...]
§ 2º Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9º, I e II, serão
obedecidas as seguintes normas:
I - o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro
do mandato presidencial subseqüente, será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
da sessão legislativa;
II - o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio
antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento
do primeiro período da sessão legislativa;
III - o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do
encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa. (Grifos do autor)
Toda a legislação relativa ao plano trienal deve dar lugar à nova legislação mencionada, pois a
CF, depois de seu advento, deve nortear os caminhos a serem seguidos sobre esse tema, em
que pese a divergência de datas que enunciam uma situação que deve ser dirimida pela lei que
irá substituir a atual Lei n. 4.320/64. Enquanto isso não acontece, o primeiro ano do PPA será
igual ao primeiro ano do orçamento.
De acordo com a proposta deste artigo, o orçamento tinha de conter, de forma atualizada, as
despesas de capital: investimentos, inversões financeiras e transferências de capital.
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Esse quadro de aplicação de recursos representava uma programação de investimentos,
inversões financeiras e transferências de capital de forma atualizada. Isto porque a cada ano
era-lhe acrescentado um ano de programa, de sorte que ele sempre estava com o período de
vencimento de três anos. Este também foi mais um artigo suprimido pela Constituição de
1988.
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Todo governo ao ser empossado traz consigo o programa que o elegeu, o qual se transforma
em realidade quando implementado pelo orçamento. Para que isso aconteça, os passos
mencionados neste artigo devem ser seguidos rigorosamente.
A justificativa é simples: para que o Governo possa pôr em execução seu programa de
trabalho, todos os órgãos devem estar afinados com a política central, que é estabelecida pelo
chefe do Poder Executivo.
Com o advento do PPA, essas exigências, ditas necessárias ou indispensáveis, passaram a ser
de responsabilidade da LDO. Enquanto a lei complementar não entrar em vigor ─ Lei que
deverá substituir a Lei n. 4.320/64, por determinação Constitucional ─, há de serem
61
observadas as exigências emanadas das leis que versam sobre esta matéria e quese encontram
em vigor.
Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o
artigo anterior à arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem
como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras que possam afetar a
produtividade de cada fonte de receita.
A base escolhida é a mais consistente que existe. Torna-se ainda mais confiável quando o
dispositivo em estudo determina que essa base deve conjugar-se com as circunstâncias de
ordem conjuntural, econômica, política e outras. Assim, não se pode deixar de evidenciar que
o resultado depende bastante de quem está realizando o trabalho, principalmente no tocante à
sensibilidade para captar todos os itens mencionados e projetar as receitas, amparado em
realidades que podem ser posteriormente sustentadas.
62
4.3 Métodos e projeção de receitas
Quanto aos modelos de projeção de receitas, a literatura dispõe de outros modelos, os quais
têm suas vantagens e desvantagens. Os métodos mais conhecidos são apresentados a seguir. 7
Método automático
A estimativa da receita não pode ultrapassar o montante das receitas arrecadadas no exercício
financeiro anterior.
Crítica. Preocupação com a continuidade das políticas tanto da União como do próprio ente
que a adota. Não se preocupa com o crescimento do Estado, o que fatalmente aumenta a
arrecadação, e vice-versa. É um método que trabalha com uma perspectiva de receita
estagnada e, por extensão, da economia.
Projeta sobre a arrecadação do exercício anterior o crescimento verificado nos últimos três
anos.
Crítica. Não se levam em conta as perspectivas do Estado para o ano seguinte. Corre-se o
risco de se efetuar uma projeção e de esta não se realizar pelo simples fato de a economia não
se comportar como nos anos anteriores. Como conseqüência, a projeção estará prejudicada.
Além desse fator, considera-se o crescimento, se houver, de acordo com a média traçada. E,
hoje, o que mais se tem visto é uma alternância nos rumos do crescimento de um país sempre
em desacordo com as projeções.
Agrega a arrecadação do último exercício à média dos excedentes dos três ou cinco últimos
exercícios.
Crítica. Assim como nos outros métodos comentados, os “rumos da economia” são vistos
como uma regra que está associada aos fatos passados e que devem dar continuidade. Mesmo
assim, essa média, para ser considerada, tem de estar dentro das variações que foram
previamente previstas, até mesmo o desvio previsto.
7
GOMES, Carlos Roberto de Miranda. Manual de direito financeiro e finanças. 2. ed. Brasília: Brasília Jurídica,
2000.
63
Método de avaliação direta
As receitas do exercício encerrado são agregadas aos resultados de estudos realizados nas
receitas de anos anteriores, os quais são transformados em índices, depois de levar em
consideração as condições econômicas e políticas que influenciaram no desempenho da
arrecadação de cada ano.
Método da extrapolação
Utiliza ferramentas estatísticas às quais se adiciona a premissa de que tudo que aconteceu no
passado tem probabilidade muito grande de acontecer no futuro. É um item a ser considerado
no trabalho de projeção da receita.
Neste método, a receita é prevista utilizando-se uma média simples dos três últimos anos.
Crítica. Trata-se de um método que deve ser usado desde que não haja outro. Essa posição
leva em consideração o fato de que este é o mais simples de todos. Ao utilizá-lo, o ente da
Federação fica exposto às críticas, devendo ser receptivo a elas, pois, na maioria das vezes,
vêm para enriquecer o trabalho.
A previsão da receita é feita depois de o estudo ser realizado, em que cada título de receita é
estudado com profundidade, verificando o comportamento de suas oscilações, juntamente
com sua origem, ocasião em que o técnico tem a oportunidade de verificar o que afetou aquele
título de receita sob todos os aspectos.
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Crítica. É o mais completo dos métodos até aqui comentados. Tenta se aproximar-se ao
máximo da realidade.
O método adotado no Brasil é determinado pelo art. 30 da Lei n. 4.320/64, que determina:
Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o artigo
anterior, a arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos, bem como as circunstâncias
de ordem conjuntural e outras que possam afetar a produtividade de cada fonte de receita.
Assim, com base nas informações obtidas da Contabilidade nos três últimos anos, no mínimo,
e depois de uma análise circunstanciada de ordem política e econômica, em curto prazo, que
possa afetar cada fonte de receita. Chega-se, então, às condições necessárias à projeção da
receita, levando-se em conta as oscilações políticas e econômicas, desde que obedecida essa
nova filosofia, que é a globalização. Atualmente, esse método sofre, naturalmente, os efeitos
da globalização.
Crítica. Para a Administração Pública, este método tem-se revelado eficiente e eficaz, tanto é
que está sendo usado há mais de 35 anos. Sua principal característica, que o diferencia dos
demais e o tornou tão consistente, foi a sua curta duração; 3 anos que se usa para colher os
resultados da execução orçamentária, bem como os fatores que afetam diretamente o nível de
arrecadação, ou seja, a ordem conjuntural e outros que tragam reflexos para a arrecadação.
Esta revisão, porém, tem como objetivo específico verificar se as projeções de receitas feitas
anteriormente, sob determinadas circunstâncias, podem ser mantidas à luz dos novos
horizontes que se mostram. Estes, para que a proposta possa ser fechada, tem que permanecer
como dantes.
Trata-se de um procedimento normal nos entes da Federação que possuem órgão central de
orçamento. As propostas parciais devem ser revistas, em primeiro lugar, para verificar se estão
em consonância com a política do órgão central do Poder Executivo, em que pese ao disposto
no § 5 do art. 5 da LRF; e, em segundo lugar, para verificar se a unidade orçamentária está
projetando os recursos que lhes foram destinados, de acordo com a política previamente
65
estabelecida. Somente depois de todas as conferências de ordem política e financeira é que o
órgão central começa o trabalho de promover a consolidação da proposta geral. Essa revisão,
porém, tem como objetivo específico verificar se as projeções das receitas anteriormente
projetadas se mantêm até a data do fechamento da proposta geral.
Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições
ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como
proposta a Lei de Orçamento vigente.
Não há o que discutir quanto ao teor deste artigo. Poderia até ser que outras propostas, sob o
ponto de vista de muitos, constituam uma alternativa mais coerente.
66
O teor desta alínea proíbe a alteração de despesas de custeio por meio de emenda – despesas
destinadas à manutenção dos serviços criados. Quem tem a informação precisa dos gastos
necessários à manutenção dos serviços criados é o Poder Executivo, até mesmo daqueles que
serão destinados aos serviços que entrarão em funcionamento no ano para o qual foi
elaborado o orçamento.
[...]
§ 2º - As emendas serão apresentadas na Comissão mista, que sobre elas emitirá parecer, e
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário das duas Casas do Congresso Nacional.
b) serviço da dívida;
67
Conceder dotação para o início de obra cujo projeto não seja aprovado pelos órgãos
competentes.
Não poderia ser de outra forma. O projeto sequer está aprovado e se inclui no orçamento dotação
para obra que nem se sabe se será aprovada.
8
Serviço criado é aquele que demandará serviço de manutenção para o seu funcionamento.
68
5 DO EXERCÍCIO FINANCEIRO
Essa execução, no entanto, requer ações conjuntas e bem pensadas da Administração Pública
em sua totalidade. São ações abrangentes, pois há necessidade de cada unidade orçamentária
engajar-se na política da qual fazem parte. Assim, cada unidade orçamentária deve cumprir
sua parte, sem perder de vista a abrangência macro dos objetivos do Governo. O
desenvolvimento coeso desse trabalho permite que, ao final do exercício financeiro, as metas
e os objetivos possam se aproximar, ao máximo, da previsão, ou até mesmo, ultrapassa-la.’ Se
tudo ocorrer conforme planejado, no período de quatro anos o Governo eleito terá cumprido,
ou ultrapassado as previsões do início do ano e respectivas re-projeções.
Uma meta de receita, depois de estimada, só é realizada com a mobilização de vários setores
da Administração Pública. Realizar as despesas segundo o que estabelecem as normas
vigentes, principalmente as mais recentes, exige de cada ordenador de despesa9
desprendimentos pertinentes aos objetivos que se pretende alcançar com o orçamento, assim
como o conhecimento das atribuições regimentais do órgão, aliados à realidade política global
da qual tal documento faz parte.
9
Ordenador de despesa é a autoridade competente, dentro de um órgão da Administração Pública, para executar
o orçamento segundo os objetivos desse documento, conjugado com o regimento do órgão.
69
Em conseqüência, na maioria das vezes, um aspecto apenas técnico, porém desprovido da
capacidade de assimilação de novos conhecimentos e percepção política global dos objetivos
do Estado, pode ser o suficiente para prejudicar os resultados que se pretende alcançar.
Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nenhum será
cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa
aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.
Aprovado o orçamento, torna-se necessária a sua publicação. Esta deve se dar tanto na forma
aprovada quanto na forma analítica ou operacional. Essa forma é a que desdobra o orçamento
até o nível de elemento de despesas, comumente denominado de “Quadro e Detalhamento da
Despesa (QDD)”. Atende, pois, ao princípio da discriminação e permite que tal documento
70
torne-se operacional. Em seguida, é feita a publicação da programação financeira e de
10
desembolso. Ocorre, então, por força da Lei n. 8.666/93, o processo de licitação, ou sua
dispensa. A despesa pode, ainda, ser considerada inexigível, nos casos de inviabilidade de
competição estabelecidos pela Lei n. 8.666/93.
O exercício financeiro refere-se ao período no qual o orçamento deve ser executado. Nesse
período, são verificadas todas as operações relativas às receitas e às despesas consideradas
dependentes da execução orçamentária e outras provenientes destas operações.
Pode-se afirmar que as principais informações acerca do princípio da anualidade têm suas
origens no Regulamento de Contabilidade de 1922, em que pese as diversas alterações
ocorridas antes e depois desse Código. Nessa ocasião, trabalhava-se com o período adicional,
cuja finalidade era realizar as operações citadas no parágrafo anterior, mas, especialmente, o
encontro das contas de receitas e despesas. O orçamento era executado durante o ano
financeiro, porém, para que isso acontecesse, havia o período adicional, já que o exercício
financeiro começava em 1 de janeiro e ia até 30 de abril do exercício seguinte, enquanto o ano
financeiro tinha duração de 1 a 31 de dezembro do mesmo ano.
10
“Art. 8o.. da Lei 101/200 ─ LRF. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser
a lei de diretrizes orçamentárias, e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo
estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.”
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados exclusivamente para
atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.
71
meses, tanto para complemento das operações relativas à cobrança dos restos da receita como
para a liquidação e o pagamento dos restos da despesa, com a correspondente escrituração.11
Somente em 1946, por meio da Lei n. 869, de outubro, é que o período adicional foi extinto,
passando o exercício financeiro a coincidir com o ano civil, cujo procedimento foi encampado
pela Lei n. 4.320/64.
Período adicional
Oliveira estabelece também que o espaço de tempo adicionado ao ano financeiro é empregado
na liquidação e no encerramento das operações do exercício, “denominado período adicional”.
Nesse período, não se pode empenhar despesa nova, mas apenas liquidar as já empenhadas até
o último dia do ano financeiro. As receitas e despesas executadas até esse último dia do ano
financeiro podem representar matéria a ser tratado no período.
Sabe-se que a extinção do período adicional, de certa forma, foi providencial. A sua
substituição, na forma estabelecida pela Lei n. 4.320/64, por restos a pagar não processado
11
Fonte: OLIVEIRA, Manoel Marques. Lições de Contabilidade Pública. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1955.
72
revelou-se um ato oportuno e eficiente pelo que se vem observando desde o advento desta
Lei.
Neste artigo, tanto as receitas quanto as despesas, pelos próprios termos do instituto, devem
fazer parte do exercício financeiro. É importante destacar, neste momento, a essência deste
artigo e seus dois incisos. O caput do artigo determina: “devem pertencer ao exercício
financeiro”, ou seja, de 1 de janeiro a 31 de dezembro, toda a receita arrecadada [...]. Todo o
significado do artigo prende-se a esta palavra: pertence ou pertencer ─ fazer parte de alguma
coisa, que a ela pertence. Este é o entendimento de Houaiss que dá o seguinte significado a
este verbete:
“substantivo masculino”
1 aquilo que faz parte de alguma coisa, que a ela pertence.
2 objeto de uso pessoal (mais us. no pl.)
3 Regionalismo: São Paulo.
peça circular de crochê, outrora us. sob bibelôs, jarros etc.
4 Rubrica: termo jurídico.
m.q. pertença.”
De qualquer forma que se tente visualizar todo o significado da palavra, somente a acepção n.
1 está relacionada ao tema.
Tentar relacionar o que estabelece este artigo com o regime misto ─ caixa para as receitas e
competência para as despesas ─ seria distanciar-se demasiadamente do próprio método das
partidas dobradas, definido pelo art. 86 desta Lei, principalmente, ao correlacionar o teor
deste artigo com o regime misto, ensinado pela literatura.
12
Existe entendimento de que receita arrecadada diferencia-se de receita recebida. A primeira refere-se àquelas
que cumprem os três estágios da receita, enquanto que a segunda refere-se àquela que não cumpre o segundo
estágio da receita. Neste trabalho, será usado apenas o verbete arrecadação.
73
Por outro lado, levando-se em conta o teor deste artigo com a aplicabilidade, ao direcionar as
receitas arrecadadas, durante o exercício financeiro, para os programas em que estão a
financiar, sente-se que há objetividade na proposta do artigo. Além deste aspecto, deve-se
considerar também que é por meio deste artigo que fica estabelecida a necessidade de
confrontar as receitas arrecadadas com as despesas legalmente empenhadas, atividade
desenvolvida no período adicional, o qual foi extinto.
O primeiro argumento vem da própria proposta da Lei, cujo objetivo geral é: executar o
orçamento no exercício financeiro. Não se justifica, portanto, a existência de superávits que
não sejam resultantes de previsões para outros fins ou residuais. Em segundo lugar, esse
dispositivo está correlacionado ao art. 34, que prevê a extinção das receitas no próprio
exercício de sua arrecadação, até mesmo por motivos históricos. E, por último, figuram os
próprios termos do artigo e seus incisos, que não dão espaço para outro entendimento, isto
porque a própria interpretação literal encarrega-se de dar outro norte ao seu teor.
Neste instante, torna-se necessário recorrer a outros dispositivos da Lei para amparar o que
será apresentado em seguida.
Em face da arrecadação das receitas que ocorrerem durante o ano financeiro, os programas
são implementados por meio de um planejamento rígido, e ficam, portanto, submetidos à
liberação dos recursos constantes da programação financeira e de desembolso elaborada de
acordo com o ingresso dessas receitas. Essa necessidade obrigou o legislador a instituir
mecanismos para controlar a liberação de recursos ─ princípio da segurança jurídica ─, por
sinal, de extrema importância neste contexto.
O legislador, ao prever essa situação, incluiu dispositivos na Lei para evitar que alguma
unidade orçamentária comprometa as suas dotações orçamentárias sem os respectivos
recursos financeiros necessários ao pagamento na data aprazada. Assim, o empenho feito em
desacordo com esta programação é considerado ilegal, para fins do que estabelece o
inciso II deste artigo.
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites
nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que
cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.
Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes
objetivos:
74
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de recursos necessários e
suficientes a melhor execução do seu programa anual de trabalho;
Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito do disposto no artigo anterior,
levará em conta os créditos adicionais e as operações extra-orçamentárias.
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados o limite
da dotação e o comportamento da execução orçamentária.
Com o advento da Lei n. 101, de 4 de maio de 2000 – Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
─, essas disposições da Lei passaram a viger com a seguinte redação:
Art. 8o.. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei
de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder
Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso.
A finalidade é a mesma. Porém, como esta programação será anualmente revista pela LDO,
vê-se que ela se tornou flexível em face da revisão a cada ano, o que permite, noutra vertente,
dar um novo direcionamento adequado, se for o caso, para o período a que ela se refere.
Posto isso, retoma-se o discurso anterior para esclarecer que a Lei, ao determinar que “as
receitas pertençam ao exercício financeiro”, não acrescentou a expressão “em sua totalidade”,
e nem poderia fazê-lo, pois seria como se alguém pretendesse que ao final de um exercício
financeiro qualquer a situação líquida do período de uma determinada entidade fosse nula. Ou
seja, um fato muito provavelmente impossível. Não se tem notícia de nenhum até esta data.
A Contabilidade Pública tem regime próprio, o que será discutido na ocasião apropriada,
quando fica claro como se deve proceder em relação às receitas e despesas financeiras, bem
como às patrimoniais.
75
O déficit orçamentário de execução não encontra amparo nesta Lei. Pelo menos, não foi
possível correlacionar nenhum dos seus dispositivos a este resultado.
Os restos a pagar são as contas que dão suporte para o encontro das receitas arrecadadas com
as despesas empenhadas, o que permite desenvolver um trabalho no qual se utilizam somente
as receitas arrecadadas para cobrir as despesas legalmente empenhadas. As despesas
empenhadas que excederem as receitas, no caso de empenhos pendentes da execução do
acordo, devem ser anulados e empenhados no exercício seguinte, na mesma classificação em
que se encontravam. Somente os restos a pagar processados do exercício que porventura
tenham que ser anulados devem ser empenhados em despesas de exercícios anteriores e
efetuado o pagamento, pois já houve o implemento de condições. Porém, se uma instituição
chegar ao ponto de anular um empenho em que já houve o cumprimento do acordo para evitar
o déficit, é uma demonstração inequívoca de uma péssima gestão orçamentária.
Orçamento impositivo
O orçamento impositivo, de acordo com os estudos dos arts. 34, 35 e 36, fica claro a partir do
momento em que a Projeto de Lei Orçamentária é proposto para votação. Nesta oportunidade,
o Poder Executivo, por meio do orçamento, faz textualmente a seguinte proposta ao Poder
Legislativo: se arrecadar a importância prevista, será realizada a programação constantes das
despesas. Trata-se de um aspecto subjetivo e é “inacreditável” como os membros do Poder
Legislativo alegam não aperceberem dessa proposta. Objetivamente, é determinado pelo art.
35, em especial pelo inciso I, ao prescrever: “pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas
nele arrecadadas”. A única forma de se tornar verdadeira essa afirmativa da Lei é aplicando as
receitas arrecadadas nos programas constantes das despesas fixadas.
O período adicional, enquanto vigorava, tinha essa finalidade; ou seja, realizar o encontro das
contas de receitas e despesas. Pagava-se até o limite da arrecadação. O que restasse de
obrigações tinha dois tratamentos: os empenhos que tivessem os implementos de condições
concluídos no ano financeiro eram anulados e as dívidas que estavam a representar eram
reconhecidas e pagas no exercício financeiro em execução, enquanto aqueles empenhos que
ainda dependiam dos implementos de condições eram anuladas e empenhadas no orçamento
em execução, na mesma classificação anterior. Caso não existisse a dotação, a entidade
pública deveria socorrer-se de crédito especial.
76
Figura 1: Demonstração das vinculações da despesa no exercício financeiro
ORÇAMENTO CRONOGRAMA
DETALHADO FINANCEIRO E
DE DESEMBOSO
EMPENHO DA
DESPESA
LIQUIDAÇÃO
RESTOS A RESTOS A
PAGAR DESPESAS PAGAR NÃO
PROCESSADO PAGAS PROCESSADO
Fonte: Autor
Art. 36: consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas, mas não pagas ate
o dia 31 de dezembro.
Os restos a pagar de que trata o art. 36, combinado com os arts. 34, 35, e 58, dão a orientação
para o encerramento do exercício financeiro, mais precisamente em relação ao encontro das
contas financeiras de resultado ─ receitas e despesas. A figura 1 demonstra como ocorre o
início de uma determinada despesa e o seu encerramento no final do exercício financeiro.
Os restos a pagar são: processados e não processados. Os restos a pagar processados são
representados pelas despesas empenhadas que alcançaram o estágio da liquidação ─ portanto,
com o cumprimento do pacto com fornecedor. Os restos a pagar não processados são
representados pelas despesas empenhadas que ainda dependem dos implementos de
condições. Em relação a esses empenhos, a liquidação ocorrerá quando for cumprido o pacto
constante da nota de empenho. Acontece, porém, que esta não é a função mais importante dos
restos a pagar, especialmente os não processados. Ao figurarem como uma obrigação de
pagamento no passivo financeiro, os restos a pagar não processados permitem que se possam
aplicar as receitas arrecadadas no exercício financeiro do seu recebimento. Noutra ótica, estas
obrigações possuem outra função de grande relevância no encerramento do exercício
financeiro, pois dispensam o período adicional que sempre constou do exercício financeiro,
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suportando as obrigações ainda pendentes dos implementos de condições e não interferindo
no encaminhamento das operações do exercício financeiro seguinte.
A inscrição dos restos a pagar não processados afeta a situação líquida do Estado, embora o
acordo − implemento de condição − ainda não tenha ocorrido. Esse procedimento contraria o
princípio e o regime da competência, na forma ensinada pela literatura no momento, porém
pode ser evitado, desde que seja usada uma conta retificadora para esse fim.
Provisão
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(-) Provisão para Restos a Pagar não Processados (3.000)
Este artigo foi regulamentado pelo Decreto n. 62.115, de 12.1.1968, que estabelece:
Art. 1º. Poderão ser pagas por dotações para despesas anteriores, constantes dos quadros
discriminativo de despesas das unidades orçamentárias, as dívidas de exercícios encerrados
devidamente reconhecidas pela autoridade competente.
Parágrafo único. As dívidas de que trata esse artigo compreendem as seguintes categorias;
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II – despesas de “Restos a Pagar” com prescrição interrompida, desde que o crédito
respectivo tenha sido convertido em renda;
III – compromissos reconhecidos pela autoridade competente, ainda que não tenha sido
prevista a dotação orçamentária própria ou não tenha esta deixado saldo no exercício
respectivo, mas que pudessem ser atendidos em face da legislação vigente.
Sabe-se que na Administração Pública faz-se somente o que a lei determina ou autoriza. É o
princípio da legalidade, que deve ser seguido pelo agente público. Conseqüentemente, no
orçamento em execução as obrigações contraídas em exercícios financeiros pretéritos somente
poderiam ser pagas à conta do orçamento vigente com o amparo da Lei. Assim, este
dispositivo foi inserido na Lei única e exclusivamente para dar o suporte legal ao pagamento
dessas obrigações.
De acordo com este inciso, o pagamento pode ser feito desde que a dotação em que deveria
ocorrer a despesa tenha deixado saldo na dotação. Ou seja, se houvesse tempo hábil para
empenhar a despesa e, até mesmo, realizar a liquidação e o pagamento.
Neste caso, há uma observação interessante a fazer: a Lei autoriza o pagamento da obrigação,
porém impõe a condição de que o cancelamento tenha-se convertido em renda.
Essa regulamentação ocorreu sob a égide da Constituição Federal de 1968, a qual, a esse
respeito, estabelecia, em seu § 2º do art. 165: “A previsão da receita abrangerá todas as
rendas e suprimentos de fundos, inclusive o produto de operações de crédito” (sem grifos no
original).
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Deduz-se, portanto, que o uso do verbete renda teve origem neste parágrafo, pois ele é claro
ao intitular a receita de renda. Tal procedimento já consta do art. 38 da Lei n. 4.320/64.
Portanto, totalmente desnecessário o condicionamento imposto pelo inciso em comento.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº. 19, de 1998)
[...]
“III - compromissos reconhecidos pela autoridade competente, ainda que não tenha sido
prevista a dotação orçamentária própria ou não tenha esta deixado saldo no exercício
respectivo, mas que pudessem ser atendidos em face da legislação vigente”.
A conclusão que se extrai, principalmente da parte final deste inciso, quando menciona, “mas
que pudesse ser atendidos em face da legislação vigente”, é que existiam condições
financeiras para realizar o pagamento. Ou seja, havia fonte de financiamento que permitiria a
abertura de crédito suplementar ou especial criando ─ portanto, dotação para o pagamento da
obrigação contraída nos exercícios pretéritos.
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Os pagamentos relativos às obrigações contraídas em exercícios pretéritos devem ser
empenhados e pagos à conta desta rubrica, mesmo que não se enquadrem nas regras impostas
pelo Decreto que regulamenta o artigo. Caso o pagamento seja feito como despesa normal do
exercício financeiro, esta operação infringe o princípio da legalidade que está representado,
neste estudo, pelo art. 37 da Lei n. 4.320/64, combinado com o art. 37 CF de 1988 − princípio
da legalidade.
Para as obrigações originadas no decorrer do exercício financeiro e que não sejam amparadas
por empenho ─ por exemplo, um carro novo levado para revisão e que faça uso de materiais
não amparados pelo contrato de revisão gratuita ─, quando o pagamento for requerido, o
procedimento correto é empenhar, liquidar e pagar a conta do orçamento corrente e em
classificação normal. Esta operação não caracteriza despesa sem prévio empenho, como será
visto nos comentários sobre o art. 60 desta Lei, nem exceção a qualquer artigo da Lei.
Esse dispositivo poderia ser mais explicativo; porém, ao contrário deixa muitas dúvidas. A
mais expressiva refere-se à inexistência das providências a serem adotadas no caso de a
obrigação não vir a ser enquadrada em nenhuma das três condições enumeradas. No entanto,
como foi mencionado anteriormente, aplica-se o princípio da responsabilidade objetiva, com
direito de regresso por parte do órgão onerado. A Constituição de 1946 já estabelecia essa
obrigação ao prescrever
Art. 194. As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis pelos
danos que seus funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros.
Observa-se, enfim, que não se deve confundir o teor do inciso IV do art. 37 da Lei 101/2000
LRF com o teor deste artigo, que, em tese, ocasionalmente, gera dificuldades de entendimento
por parte dos órgãos executores. Este deve atender somente a casos excepcionais, enquanto
aquele se refere às operações continuadas. O artigo da LRF estabelece:
[...];
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obrigado. Portanto deve ser demonstrada nos balanços do Estado. Contraído esse tipo de
obrigação ao final do exercício financeiro, deverá ser feita a seguinte escrituração contábil:
Como se pode observar, a Lei ora fala em crédito orçamentário, ora em dotação orçamentária.
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emergirá nos balanços orçamentário e patrimonial os déficits orçamentário e financeiro,
respectivamente.
Evidencia-se, então, que o cancelamento das despesas a crédito das receitas, como estabelece
o artigo em estudo, deve ater-se aos limites das disponibilidades 13 existentes no balanço do
ano anterior.
Um pequeno exemplo evidencia com maior precisão o que se pretende informar. Suponha,
portanto o seguinte balanço patrimonial:
Balanço Patrimonial do ano (no)
ATIVO FINANCEIRO VALOR PASSIVO FINANCEIRO VALOR
DISPONÍVEL
Bancos conta Movimento 5.000 Restos a Pagar 6.000
REALIZÁVEL
Créditos 1.000
Soma do Ativo Real 6.000 Soma do Passivo Real
SALDO PATRIMONIAL
Ativo Real Líquido 1.000
TOTAL 6.000 TOTAL 6.000
Balanço orçamentário
Discriminação Previsão Execução Diferença Discriminação Fixação Execução Diferença
13
O estudo detalhado sobre o cancelamento de dívida flutuante e seus reflexos pode ser encontrado na
dissertação de mestrado defendida por Jair Cândido da Silva, na Università Degli Studio de Torino, em convênio
com a Universidade Latina, Americana e do Caribe (ULAC), 1997, intitulada “O cancelamento e o
Restabelecimento da Dívida Flutuante”.
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Créditos
Receitas 31.000 30.000 -1.0000 Iniciais e Suplementares 31.000 31.000 -0-
-1.000 Superávits
Déficits 1.000 1.000
TOTAL GERAL 31.000 31.000 -0- TOTAL GERAL 31.000 31.000 -0-
Ante ao resultado apresentado, ou seja, déficit financeiro de R$1.000 (um mil reais)
evidencia-se a necessidade de inserir um dispositivo ou mais que impeça essa anomalia,
embora nesta obra, o déficit financeiro tenha sido desconsiderado por falta de amparo legal.
Contudo, diante da nova situação cria da pela LRF pode-se proceder da seguinte forma, com
vistas a evitar este erro:
Redação atual:
Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício, quando a anulação ocorrer após o
encerramento deste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar.
Proposta de alteração:
Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício, quando a anulação ocorrer após o
encerramento deste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar.
Parágrafo único. A despesa anulada a título de receita deve ater-se aos limites das
disponibilidades apuradas no balanço patrimonial do exercício anterior.
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1º Os créditos de que trata esse artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para
pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em
registro próprio, depois de apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita
será escriturada a esse título.
Neste artigo, a Lei fez a distinção entre os créditos tributários – impostos, taxas e
contribuições de melhoria – e os demais créditos apurados pelo ente da Federação.
Esses créditos, quando recebidos, são classificados em “Outras receitas correntes”, para
diferenciar do que é recebido de tributos no exercício financeiro e o que é referente a tributos
de anos anteriores.
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Essa classificação está na segunda parte do caput do artigo, o qual determina que esse
recebimento seja escriturado em rubricas próprias. Com essa determinação, os tributos
recebidos na condição de dívida ativa são escriturados na forma prescrita neste artigo.
Cada ente da Federação tem uma lei própria para estabelecer a forma como deve ocorrer a
inscrição e demais detalhes pertinentes aos devedores da Fazenda, que são inscritos em dívida
ativa.
A escrituração de receitas provenientes da dívida ativa deve ter sua classificação em outras
receitas correntes. No entanto, é necessário distinguir a origem da dívida ativa. Por exemplo, a
escrituração contábil do recebimento de ICMs inscrito em dívida ativa deve aparecer de forma
que se possa identificar esta origem, ou seja: Receita da Dívida Ativa – ICMs.
Um item importante deste parágrafo refere-se ao dispositivo relacionado aos fatos que podem
vir a se tornar dívida ativa tributária ou não. Conseqüentemente, fatos que não sejam
relacionados neste parágrafo e que o cidadão deixe de pagar ao Estado constituem dívida dele
com aquele, mas não dívida ativa, tendo em vista que esta inscrição requer o cumprimento de
um ritual estabelecido em lei.
Na data da notificação ou intimação, será feita a conversão à taxa cambial para compra. Na
ausência do devedor, essa conversão será feita na data da inscrição na dívida ativa. A partir da
inscrição em dívida ativa, todos os créditos, tributários ou não, serão reajustados na forma da
lei.
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A cobrança da dívida ativa vem circundada de outros valores acessórios que prejudicam a
interpretação do quantum foi recebido de cada fonte de receita.
Esse dispositivo tem também o objetivo de determinar que a receita da dívida ativa deve ser
compacta, e não esmiuçada de forma a dificultar a identificação do montante recebido de
determinado crédito. Ela agrega, além do principal, todas as receitas acessórias oriundas de
sua cobrança, além de ter que incluir o nome da fonte.
Por sua vez, o § 4º, pelo próprio teor, preocupa-se em determinar o que deve compor a dívida
ativa, a saber:
b) a atualização monetária;
O orçamento como documento de planejamento que é, está sujeito a ajustes durante sua
execução, por envolver objetivos e metas que se pretende alcançar por meio evolucional. Isso,
em face da forma como os recursos são disponibilizados e da rapidez com que as políticas se
alternam, principalmente por se tratar de um documento de estimativa tanto das receitas
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quanto das despesas, o que torna as modificações imprescindíveis ao alcance dos seus
propósitos.
Por assim ser é que a Lei criou os créditos adicionais, possibilitando ao Poder Executivo,
desde que autorizado pelo Poder Legislativo, promover alterações neste documento de forma
a atender às necessidades do momento. Assim, este artigo, ao instituir estes mecanismos de
retificação do orçamento, os quais são de importância estratégica na sua execução, permite
que os fatos ocorridos no exercício financeiro possam ser corrigidos a tempo e a hora.
Este artigo estabelece os critérios que permitem distinguir os créditos adicionais, os quais
estão divididos em suplementares, especiais e extraordinários.
Créditos suplementares
São todos os valores que aumentam uma determinada dotação, permitindo que esta possa
realizar dispêndios além dos que estavam fixados na Lei Orçamentária Inicial, em face de o
valor inicialmente autorizado ter-se mostrado insuficiente. Em relação a esses créditos, o
orçamento, ao ser aprovado, normalmente, traz no texto da Lei autorização para que o Poder
Executivo abra crédito até determinado percentual, nunca ilimitado, cujo objetivo é dar folga
ao Poder Executivo, no caso de uma ou mais necessidades de abrir crédito suplementar, sem
ter que se recorrer ao Poder Legislativo.
A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação
da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receita,
nos termos da lei.
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Esses dois quesitos representam exceção ao princípio da exclusividade, pois incluem temas
que não se relacionam com a previsão da receita e a fixação da despesa.
Cálculos
a) percentual autorizado 10%;
b) incidência sobre as receitas previstas.
Tem-se:
10 x 6.000/100 = 600
O total que o Poder Executivo fica autorizado a abrir de créditos suplementares sem se
recorrer ao Poder Legislativo (autorização existente no texto da Lei de Orçamento) é de
R$600 (seiscentos reais). Findo esse montante, outros créditos só podem ser abertos com a
autorização do Poder Legislativo, cujo pedido deve ser acompanhado de exposição de
motivos bem fundamentada.
Créditos especiais
Os créditos especiais ocorrem quando um determinado programa não foi contemplado na Lei
Orçamentária em execução. Nesse caso, trata-se de incluir um programa no orçamento, o
qual, por não ser do conhecimento do Poder Legislativo, somente poderá ocorrer por meio de
lei. Dessa forma, o interessado − no caso, o Poder Executivo − deve encaminhar o pedido ao
Poder Legislativo, devidamente justificado, inclusive com a informação da fonte que
financiará esse aumento.
Créditos extraordinários
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Art. 167. São vedados:
[...]
§ 2º Os créditos especiais e extraordinários terão vigência no exercício financeiro em que
forem autorizados, salvo se o ato de autorização for promulgado nos últimos quatro meses
daquele exercício, caso em que, reabertos nos limites de seus saldos, serão incorporados ao
orçamento do exercício financeiro subseqüente.
§ 3º A abertura de crédito extraordinário somente será admitida para atender a despesas
imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de guerra, comoção interna ou calamidade
pública, observado o disposto no art. 62.
[...]
Os créditos extraordinários serão abertos por iniciativa do poder Executivo, o que deve
ocorrer somente nos casos enumerados pela Lei, ou seja, em situações imprevisíveis e
urgentes. Esses créditos, portanto, devem ser abertos nos seguintes casos: guerra, comoção
interna ou calamidade pública. Outra característica importante deste crédito é que, dadas as
suas peculiaridades, não há a necessidade de indicação de fonte de financiamento para sua
abertura.
Este crédito poderá ser aberto, como enfatiza este artigo, no caso de guerra, o que é
perfeitamente identificável. O País, ao declarar guerra, já terá à sua disposição o fato gerador
para providenciar a abertura desses créditos. O caso de comoção interna caracteriza-se quando
há grave perturbação da ordem interna, cuja urgência requer dos entes da Federação ações
rápidas, que não podem aguardar a aprovação de créditos especiais nem suplementares com
vistas a solucionar o problema. Os casos de calamidade pública ocorrem com freqüência ─
alternadamente ─ em todos os entes da Federação e quase sempre são motivados por ações da
natureza que não puderam ser previstas no orçamento. Quando isso ocorre, o chefe do Poder
Executivo decreta, de imediato, o estado de calamidade pública, ficando autorizado a abrir
créditos extraordinários destinados a combater essas adversidades. A característica que
suporta a abertura dos créditos extraordinários é a imprevisibilidade; ou seja, são ocorrências
que fugiram à capacidade dos técnicos de prevê-las. Não se deve, porém, confundir a
ocorrência de um fato imprevisível, que é atendido pelos créditos extraordinários, com os
fatos imprevistos, pois estes poderiam ser previstos, e quando isto não ocorre, eles são
atendidos pelos créditos especiais, porquanto para aqueles não há a mínima possibilidade de
antevê-los.
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Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por
decreto executivo.
92
Neste artigo, a Lei cuida de estabelecer quais são as fontes de financiamento que podem ser
usadas na abertura de créditos suplementares e de créditos especiais. Essas fontes se destinam
a suportar o aumento de gastos que se impõem com a abertura desses créditos.
As fontes legítimas que dão sustentação ao aumento dos gastos de um programa por meio de
crédito suplementar e/ou especial são:
a) superávit financeiro;
b) excesso de arrecadação;
c) anulação total ou parcial de dotações;
d) operações de crédito; e
e) a diferença porventura existente entre a receita maior que as despesas
depois da aprovação do orçamento.
Superávit financeiro
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O superávit financeiro precisa ser alterado, pois, em que pese a sua legitimidade, mencionada
anteriormente, quando foi dito que se tratava de dinheiro em caixa, na sua composição, além
das disponibilidades, incluem-se as saídas de recursos sem o empenho da despesa, as quais
são inscritas no grande grupo Realizável. Sua inclusão deve-se à crença de que legislador via
nesses créditos sua realização, no máximo, até o final do exercício financeiro seguinte. Na
maioria das vezes, é quase impossível receber créditos, principalmente quando se trata de
desfalques e desvios, ou seja, situações em que a ausência do numerário em caixa deu-se por
razões contrárias à vontade do Estado. Portanto, o ato pode ser por culpa ou por dolo.
Quando o superávit financeiro for usado como fonte de financiamento e executado, caso não
ocorra o recebimento do valor inscrito no Realizável, teoricamente, tem-se um déficit
orçamentário e, até mesmo, financeiro. Trata-se de uma falha de fácil solução, bastando uma
pequena alteração na Lei, o que será demonstrado adiante.
A Lei não prevê essa dedução. No entanto, considerando tal possibilidade, a título ilustrativo,
será desenvolvido um exercício para demonstrar esse equívoco da Lei, a partir de um balanço
patrimonial denominado de ano (no).
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No desenvolvimento do exercício, foi usado o superávit bruto, para facilitar a assimilação do leior.
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g) a despesa executada total foi inscrita em restos a pagar e o valor foi de
R$4.500.
Depois de desenvolvido o exercício, o balanço patrimonial apresenta os seguintes números:
Balanço Patrimonial do ano (n1)
ATIVO FINANCEIRO VALOR PASSIVO FINANCEIRO VALOR
DISPONÍVEL
Bancos conta Movimento 2.500 Restos a Pagar 4.500
REALIZÁVEL
Créditos 2.000
Soma do Ativo Real 4.500 Soma do Passivo Real 4.500
TOTAL 4.500 TOTAL 4.500
Observa-se que o resultado financeiro foi nulo. Isso se deu porque não houve o recebimento
do crédito inscrito no realizável, porém ocorreu sua utilização na composição da fonte de
financiamento – superávit financeiro – do crédito suplementar aberto e executado no período.
Em conseqüência, deve-se o montante de R$4.500, enquanto que os recursos em caixa são
insuficientes, pois existem apenas R$2.500, o que não ocorreria caso houvesse o recebimento.
Neste caso, existem recursos suficientes para efetuar o pagamento das obrigações, o que vem
confirmar a necessidade de alteração na definição desta fonte de financiamento, que, a
princípio, poderia ter a seguinte redação:
Redação atual
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos
disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
[...]
§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o
passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as
operações de credito a eles vinculadas (sem grifos no original).
Proposta de alteração
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Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos
disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
[...]
§ 2º Entende-se por superávit financeiro bruto a diferença positiva entre as disponibilidades
e o passivo financeiro.
Justificativa
Redação atual
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos
disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
§ 1º Consideram-se recursos para o fim desse artigo, desde que não comprometidos:
I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II - os provenientes de excesso de arrecadação;
III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos
adicionais, autorizados em Lei;
IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao
poder executivo realizá-las.
[...]
Proposta de redação
Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos
disponíveis para ocorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:
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III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos
adicionais, autorizados em Lei;
[...]
§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o disponível do ativo financeiro e o passivo
financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos, os recursos vinculados e as
operações de credito a eles vinculadas.
Justificativa
Os valores inscritos no realizável devem ser incluídos nas fontes de financiamentos, pois
quando forem realizados passam a representar dinheiro em caixa, sem nenhuma outra
vinculação, em razão de sua escrituração, a qual ocorre em contrapartida de uma conta do
grupo disponível. Foram incluídos os recursos vinculados em face de ter destinação
previamente estabelecida, o que não deve ocorrer com os recursos do superávit financeiro.
Excesso de arrecadação
§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins desse artigo, o saldo positivo das
diferenças acumuladas mês a mês, entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-
se, ainda, a tendência do exercício.
A Lei não estabelece uma forma para se chegar ao valor do excesso de arrecadação. Em
conseqüência, fica a critério do ente da Federação trabalhar com o método que melhor atenda
as suas peculiaridades.
O excesso de arrecadação deve representar, então, seja qual for o método usado, uma
expectativa positiva entre a receita prevista e a receita arrecada, mês a mês, devendo ainda ser
feito um estudo com vistas a demonstrar que a tendência apresentada continuará até o final do
exercício financeiro. Caso esse estudo não revele esta tendência, o excesso de arrecadação a
ser usado é somente aquele apresentado até a data da realização do estudo. Do valor
encontrado, deve-se deduzir a importância dos créditos extraordinários reabertos, na forma
estabelecida no § 4° deste artigo.
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No caso do excesso de arrecadação, deve-se realizar o lançamento no sistema orçamentário,
na forma estabelecida pelo plano de contas. Isto equivale a dizer que as receitas previstas
serão aumentadas, diferentemente do item anterior.
A anulação total ocorre quando todos os recursos alocados num determinado programa são
anulados para serem adicionados a outro. A anulação parcial acontece quando apenas uma
parte da dotação de um determinado programa é anulada para reforçar outra dotação. Embora
não aumente nem diminua as despesas fixadas, esse procedimento conta para fins de limite
dos créditos suplementares autorizados pelo Poder Legislativo.
Operação e crédito
Os créditos abertos por meio de empréstimos referem-se a recursos vinculados, os quais são
destinados a investimentos que o Estado conclui que não podem ser postergados, em face da
importância da obra ou serviço para a sociedade.
Em relação às operações de créditos, elas devem constar do orçamento, desde que tenham
sido autorizadas em lei específica (ver art. 3° desta Lei). Elas entram como fonte de
financiamento quando há alteração na base orçamentária. Nesse caso, ocorre o aumento tanto
da previsão da receita quanto da fixação da despesa. Devem acontecer somente quando não
constar do orçamento ou quando houver renegociação do empréstimo em que fique
estabelecido o ingresso de mais recursos, e esses ingressam no decorrer da execução
orçamentária.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 (CF), surgiu outra fonte destinada a financiar
os créditos suplementares ou especiais. Essa autorização está contida no § 8° da CF de 1988, a
saber: “Os recursos que, em decorrência de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei
orçamentária anual, ficarem sem despesas correspondentes poderão ser utilizados, conforme o
caso, mediante créditos especiais ou suplementares, com prévia e específica autorização
legislativa”.
Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que deles
dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.
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Este dispositivo estabelece a faculdade de o Poder Executivo abrir crédito extraordinário
sem a autorização prévia do Poder Legislativo e sem a obrigatoriedade de indicar a fonte de
financiamento. Trata-se do único crédito que dispensa, de início, a existência da fonte. O
Poder Executivo, em face da natureza da despesa que se pretende realizar, a qual possui
características imediatistas, pode tomar a iniciativa de abrir crédito extraordinário para
atender a demanda que a lei enumera.
Esses recursos são destinados ao atendimento de despesas com fatos que extrapolaram a
capacidade humana de prevê-los, cujos motivos são inegáveis. Quando ocorrer a abertura
desse tipo de crédito, deve-se dar imediato conhecimento ao Poder Legislativo. Caso este
Poder esteja em recesso, pode ser convocado imediatamente pelo chefe do Poder Executivo,
na forma prescrita pelo art. 62 da Constituição Federal de 1988, para apreciar a matéria, o
qual estabelece:
Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que
forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e
extraordinários.
Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espécie do
mesmo e a classificação da despesa, até onde for possível.
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O ato que abre o crédito adicional é o Decreto. Assim, esse instituto deve discriminar a
despesa até o nível de elemento de despesa, pois é a amplitude mínima exigida pela Lei,
estabelecendo, ainda, qual é o tipo de crédito, seu valor e a classificação, que, nesse caso,
inclui: a institucional, a funcional programática, por natureza.
6 PROGRAMAÇÃO DA DESPESA
Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos
limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais
100
da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.
Este artigo foi extinto, dando lugar ao que dispõe o art. 8º da LRF, que prescreve:
Art. 8o. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei
de diretrizes orçamentárias, e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o
Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal
de desembolso.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados
exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso
daquele em que ocorrer o ingresso (sem grifos no original).
Segundo este novo instituto, o Poder Executivo tem até trinta dias depois da publicação do
orçamento para tornar pública a programação financeira e o cronograma de desembolso, os
quais serão elaborados na forma estabelecida na LDO, segundo o caput do art. 8°, citado no
parágrafo anterior.
O parágrafo único deste artigo legalizou uma prática aplicada há bastante tempo. Isto porque
os recursos vinculados jamais poderão ser aplicados em objetos diversos daqueles para os
quais foram contratados ou conveniados.
Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder
Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando
cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações
ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos
tributários passíveis de cobrança administrativa.
Noutra vertente, essa mudança pode ser considerada oportuna, na medida em que permite, a
cada ano, que se avalie a desenvoltura do que foi implementado no exercício anterior e tome
as providências com vistas às mudanças para o exercício financeiro seguinte, caso entenda ser
este o melhor caminho, em razão do resultado alcançado no exercício anterior.
101
orçamento são arrecadados no decorrer do exercício financeiro. Dessa forma, nada mais justo
do que estabelecer o quantum cada unidade orçamentária fica autorizada a aplicar em um
determinado período, desde que seja o tempo mínimo que o ordenador de despesas necessite
para se programar.
Art. 48. A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes
objetivos:
a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil, a soma de recursos necessários e
suficientes a melhor execução do seu programa anual de trabalho;
b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita
arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências
de tesouraria.
Este artigo é preciso em sua determinação, embora tenha sido extinto pela LRF. Ele não deixa
dúvidas quanto aos propósitos da programação financeira, a saber:
Em que pese à mudança da nova ordem nesse sentido, a essência dos itens “a” e “b”
permanece, mesmo que subentendida. Em qualquer dispositivo que venha em sua
substituição, sua essência subsistirá em face do seu vínculo com a realidade dos fatos.
Não resta dúvida de que a programação financeira deverá levar em conta os créditos
adicionais e as operações de natureza extra-orçamentária, pois se refere à entrada e saída de
recursos do caixa. A previsão da receita e a fixação da despesa não prosperam sem a
realização de uma e da outra. Assim, quando se fala em mudanças na peça orçamentária,
102
existe a obrigação, também, de se rever a destinação dos recursos financeiros e, por
dependência, da programação financeira e de desembolso, como bem exemplifica o
dispositivo em comento.
Em relação aos créditos adicionais, trata-se de uma expansão do orçamento ou, apenas, de
alteração de dotação. Em conseqüência, a elaboração da programação financeira deverá
observar a origem dos recursos que darão suporte ao financiamento de cada crédito,
procedendo-se à devida alteração na programação financeira. A Lei não faz distinção entre os
créditos adicionais. Assim, os créditos extraordinários são considerados excepcionalidades, e
por esta razão terão um tratamento equânime.
Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados o
limite da dotação e o comportamento da execução orçamentária.
A alteração pode também ser feita em razão da necessidade de dar prioridade a determinado
programa em detrimento de outros, o que não significa que o programa deixará de ser
executado, ou, ainda, no caso da não utilização por motivos justificáveis, caso em que a
diferença passa a compor o montante do trimestre seguinte. No primeiro caso, trata-se de uma
alteração por razões estratégicas, pois, na verdade, o orçamento tem de ser executado no
103
exercício financeiro, o que significa que as receitas arrecadadas têm de ser aplicadas, em sua
totalidade, nas respectivas despesas que o financiam (ver comentários do art. 35). No segundo
caso, pode ocorrer por motivos diversos.
Com o disposto no art. 8º da LRF, esses artigos foram abolidos. Alerta-se, contudo, para o fato
de que os objetivos, os fins e os demais atos relacionados à programação financeira e de
desembolso ficaram submetidos aos ditames da LDO ─ lei anual ─, à qual a LRF deu
competência para dispor sobre o assunto.
A Lei determina que cada ente da Federação, por intermédio do Poder Executivo, torne
públicos, até trinta dias depois de publicada a LOA, a programação financeira e o cronograma
de desembolso. Embora esse artigo faça referência à alínea “c” do art. 4º da LRF, tal
determinação será executada sem considerar a alínea “c”, que foi vetada.
Art. 51 – Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nenhum
será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa
aduaneira e o imposto lançado por motivo de guerra.
Relativamente ao teor deste artigo, dois pontos despertam atenção: primeiro, quando se refere
à “Lei”, o que deve ser entendido no sentido restrito da palavra, pois há instituto específico
para esse fim ─ no caso, “lei ordinária” −; segundo, quando destaca que não deve confundir o
aumento de uma alíquota com o aumento do imposto em si. O aumento da alíquota é
permitido.
Em seguida, vem a criação de tributo por meio de lei, que nada mais é do que a aplicação do
princípio da legalidade, de que trata o art. 37 da Constituição Federal de 1988.
104
7 TIPOS DE LANÇAMENTOS DE TRIBUTOS SEGUNDO O CTN
Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com
vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.
Este dispositivo foi revogado pelo Código Tributário Nacional (CTN), que, sobre os tipos de
lançamentos, estabelece:
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário
pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente à verificar a
ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável,
calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a
aplicação da penalidade cabível.
Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.
Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro,
quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa
informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
105
§ 1º. A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir
ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes
de notificado o lançamento.
§ 2º. Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício
pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou
o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante
processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não
mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos
pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de
contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.
Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos
seguintes casos:
I - quando a lei assim o determine;
II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da
legislação tributária;
III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do
inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de
esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o
preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade;
IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido
na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória;
V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada,
no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte;
VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente
obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária;
VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com
dolo, fraude ou simulação;
VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do
lançamento anterior;
IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da
autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade
essencial.
Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o
direito da Fazenda Pública.
Art. 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação
atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da
autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando
conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
106
§ 1º - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos desse artigo extingue o crédito,
sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento.
§ 2º - Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
crédito.
§ 3º - Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém,, considerados na apuração
do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação.
§ 4º - Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da
ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha
pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.
De forma bem simplificada, os arts. 147 a 150 do CTN, que dispõem sobre as modalidades de
lançamentos, têm a finalidade de deixar os entendimentos ‘a seguir:
Lançamento direto ou de ofício
É aquele de iniciativa da administração que procede na forma do art. 142 do CTN. Depois de
identificar o devedor e apurar o montante, notifica-o para que este possa realizar o pagamento.
São submetidos a esse tipo de tratamento o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial
Urbana (IPTU) e o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
Lançamento por declaração
Restou ainda dúvida sobre o verbete rendas. A Lei não esclarece que tipo de renda poderia ser
objeto de lançamento direto, em prejuízo do leitor, que tem que recorrer a outras literaturas e
leis para reconhecer aquelas que são objeto de lançamento direto. Observa-se, no entanto, que
a Lei foi aprovada em 1964, o que significa que ela encampou o texto Constitucional de 1946,
o qual dispõe:
107
Art. 73. O orçamento será uno, incorporando-se à receita, obrigatoriamente, todas as rendas
e suprimentos de fundos, e incluindo-se discriminadamente na despesa as dotações
necessárias ao custeio de todos os serviços públicos.
Conclui-se, portanto, que renda pode ser, num primeiro instante, apenas os proventos ─ inciso
II do art. 43 do CTN ─, pois é por meio destes que se chega a bens de capital. De posse de
bens de capital e dos proventos é que se obtêm a renda e os proventos, ou a combinação de
ambos.
Lançamento pela repartição competente
Neste artigo, a Lei preocupa-se em estabelecer os principais passos a serem seguidos pela
Administração Pública com vistas à realização do lançamento direto, a saber:
Identificar a repartição competente para realizar os passos ─
significa que há um determinado setor do Estado com competência
para realizar todos esses passos, os quais devem resultar no
lançamento da receita.
108
7.2 Compensações de débitos e créditos contra a fazenda pública
Art. 54. Não será admitida a compensação da observação de recolher rendas ou receitas
com direito creditório contra a Fazenda Pública.
Trata-se de um assunto bastante polêmico. O novo Código Civil, sobre este tema, prescreve:
Art. 368. Se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra, as duas
obrigações extinguem-se, até onde se compensarem.
Art. 369. A compensação efetua-se entre dívidas líquidas, vencidas e de coisas fungíveis.
Art. 370. Embora sejam do mesmo gênero as coisas fungíveis, objeto das duas prestações,
não se compensarão, verificando-se que diferem na qualidade, quando especificada no
contrato.
Art. 371. O devedor somente pode compensar com o credor o que esse lhe dever; mas o
fiador pode compensar sua dívida com a de seu credor ao afiançado.
Art. 372. Os prazos de favor, embora consagrados pelo uso geral, não obstam a
compensação.
Art. 373. A diferença de causa nas dívidas não impede a compensação, exceto:
Art. 375. Não haverá compensação quando as partes, por mútuo acordo, a excluírem, ou no
caso de renúncia prévia de uma delas.
Art. 376. Obrigando-se por terceiro uma pessoa, não pode compensar essa dívida com a que
o credor dele lhe dever.
Art. 377. O devedor que, notificado, nada opõe à cessão que o credor faz a terceiros dos
seus direitos, não pode opor ao cessionário a compensação, que antes da cessão
teria podido opor ao cedente. Se, porém,, a cessão lhe não tiver sido notificada, poderá opor
ao cessionário compensação do crédito que antes tinha contra o cedente.
Art. 378. Quando as duas dívidas não são pagáveis no mesmo lugar, não se podem
compensar sem dedução das despesas necessárias à operação.
Art. 379. Sendo a mesma pessoa obrigada por várias dívidas compensáveis, serão
observadas, no compensá-las, as regras estabelecidas quanto à imputação do pagamento.
109
Art. 380. Não se admite a compensação em prejuízo de direito de terceiro. O devedor que
se torne credor do seu credor, depois de penhorado o crédito desse, não pode opor ao
exeqüente [...].
Assim, o teor deste dispositivo dá lugar aos artigos do Código Civil apresentados, os quais
evidenciam essa possibilidade, porém nos limites que o próprio Código impõe.
Por se tratar de matéria exclusiva e de competência do fisco, o art. 374 foi revogado. Assim,
em se tratando de tributos, é de competência da legislação tributária, estabelecer as regras
para esse fim.
Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das importâncias que
arrecadarem.
Todos os cidadãos que efetuam pagamento ao Estado devem exigir o comprovante de
pagamento. Trata-se de uma obviedade, pois quem paga tem que receber um comprovante que
sirva, a qualquer momento, de documento hábil para atestar a quitação da dívida com o
Estado.
Este recibo deve ter todas as informações que permitam caracterizar, para as duas partes
(devedor e credor), o montante, o objeto e outras informações de caráter acessório que posam,
no futuro, vir a dirimir qualquer tipo dúvida.
§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma arrecadada, proveniência
e classificação, bem como a data e assinatura do agente arrecadador.
110
§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.
Este parágrafo não oferece nenhuma controvérsia para o leitor. O Estado, ao receber a quantia
paga, tem de fornecer recibo, com os dados enumerados no parágrafo anterior. Caso o
contribuinte necessite de mais de uma via, basta tirar uma cópia e pedir ao próprio agente
público para autenticar, pois este está investido desse poder, não podendo se recusar a
autenticar o documento.
Cumpre esclarecer, no entanto, que qualquer recurso, até mesmo de Fundo especial, que não
passa pelo controle pelo caixa único, ilide o princípio da unidade de tesouraria.
Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 3º desta Lei serão classificadas
como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, todas as receitas arrecadadas,
inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento.
O ingresso de qualquer recurso no caixa do Estado cuja destinação seja o financiamento das
despesas representa uma receita orçamentária. Caso a destinação seja outra, representa uma
receita extra-orçamentária ─ passivo financeiro/dívida flutuante. Este instituto tem ainda a
finalidade de evidenciar que, mesmo não estando prevista no orçamento, por exemplo, uma
receita de restituição, caso ela venha a ocorrer, deverá ser escriturada como receita
orçamentária, e com esse título. Este item tem gerado dúvidas em determinados entes da
Federação, que, sem uma posição literária precisa, terminam escriturando esta receita em
variações ativas, com o uso equivocado de duas contas auxiliares: transferências financeiras e
transferências patrimoniais. Quando o Estado procede dessa forma, esses recursos somente
111
serão utilizados no ano seguinte, quando emergirem a título de superávit financeiro, além de
distorcerem as informações contábeis, em razão da forma do registro contábil.
8 EXECUÇÃO DA DESPESA
112
8.1 Empenho da despesa
Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o
Estado uma obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
Esta assertiva foi encampada pela Lei, que, embora numa desordem organizada, deixa nas
entrelinhas esta mesma idéia por meio dos arts.: 58, que define o empenho da despesa; 62 e
63, que estabelecem como liquidar uma despesa pública; e 64 e 65, que focam o pagamento
de uma despesa orçamentária.
Sem dúvida, a definição de empenho da despesa estabelecida pelo art. 58, englobando duas
obrigações de pagamento ─ pendente ou não do implemento de condições ─ é a única que
apresenta dificuldade interpretativa, na parte relacionada à obrigação de pagamento, que se
impõe, até mesmo, para empenhos cujo objeto pactuado ainda não foi cumprido pelo
fornecedor.
A posição que se aconselha a seguir está amparada na lógica da realização da despesa e nos
destinos dos empenhos liquidados e não liquidados ao final do exercício financeiro. No estudo
deste artigo, não restou nenhuma dúvida quanto à obrigação de pagamento constante do teor
do art. 58. Deve-se observar que o empenho cria duas obrigações de pagamentos: a primeira,
pendente do implemento ajustado; e a segunda, independente desse implemento. Sendo assim,
e correlacionando a classificação dos restos a pagar no balanço patrimonial ─ art. 92,
combinado com o § 3º do art. 105 da Lei n. 4.320/64 −, conclui-se, sem nenhuma dúvida, que
as mencionadas obrigações são estritamente contábeis. Conseqüentemente, sem nenhuma
providência a ser tomada, a não ser pagar os restos a pagar processados, e aguardar o
momento para realizar a liquidação dos restos a pagar não processado e, em seguida, o
respectivo pagamento.
113
Ao definir que o empenho da despesa cria duas obrigações de pagamento, define-se também o
fato gerador da despesa, uma vez ques estes, no final do exercício financeiro, criam um
passivo para o Estado sem o correspondente ativo.
Assim, não é o art. 35 que determina quando a despesa e a receita devem ser escrituradas, mas
sim o art. 58, combinado com os arts 86 e 100 desta Lei, estes dois últimos ainda a serem
comentados.
Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.
(Redação dada pela Lei nº 6.397, 10/12/76)
§ 1º Ressalvado o disposto no art. 67 do Constituição Federal, é vedado aos Municípios
empenhar no último mês do mandato do prefeito mais do que o duodécimo da despesa
prevista no Orçamento vigente.
114
(Redação dada pela Lei 6.397, 10/12/76)
Este dispositivo tem a finalidade de impedir que déficits, tanto orçamentários quanto
financeiros, originem-se em face da interpretação equivocada da execução do orçamento.
Se os recursos que o Estado possui para realizar seus programas constam da despesa e se o
orçamento cumpre o princípio do equilíbrio, as obrigações contraídas no exercício financeiro
serão suportadas pelas receitas. No caso da realização de qualquer pagamento sem a dedução
do saldo da dotação, se esse saldo, depois do pagamento, for totalmente comprometido, por
certo ocorrerá um déficit orçamentário, até mesmo financeiro ─ nesse caso, se não houver
superávit financeiro do anterior para cobrir esse desembolso.
RECEITAS DESPESAS
115
TÍTULOS PREVISTA EXECUTADA DIFERENÇA TÍTULOS FIXAÇÃO EXECUÇÃO DIFERENÇA
Déficits Superávits
Eis, portanto, o motivo de a Lei não permitir que os empenhos sejam superiores aos créditos
autorizados. Com o pagamento de R$20 (vinte reais) acima dos créditos autorizados e
considerando que tanto as receitas quanto as despesas foram executados em valores idênticos
aos previstos e fixados, respectivamente ─ ou seja, o resultado orçamentário igualou-se a zero
─, o resultado financeiro se mantém idêntico ao ano anterior. Ante os números apresentados
neste último balanço, evidencia-se que há uma obrigação de R$150, a qual deve ser paga pelo
valor constante do disponível, o qual registra apenas R$130. A diferença é, justamente, o valor
pago sem a dedução da dotação disponível.
Os demais dispositivos deste artigo foram extintos depois do advento da LRF. Sobre este
tema, estabelece LRF:
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência
de caixa durante o exercício financeiro e cumprirão as exigências mencionadas no art. 32 e
mais as seguintes:
[....]
IV - estará proibida:
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.
[...]
Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois
quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida
integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem
que haja suficiente disponibilidade de caixa para esse efeito.
116
Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os
encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.
No caso de calamidade pública, deve ser observado o disposto na LRF, que estabelece:
I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e
70;
A LRF, sobre este tema, tornou-se mais abrangente ao incluir os demais entes da Federação,
os quais ficam impedidos de contrair obrigações nos dois últimos quadrimestres do último
ano de seu mandato.
A presença do déficit financeiro encontrou, em parte, amparo a partir do advento da LRF. Esta
Lei proibiu somente as obrigações contraídas nos dois últimos quadrimestres do último ano de
mandato do chefe do Poder Executivo de todas as esferas. Assim, de forma indireta, admitiu o
amparo de déficits em outras situações. Com esse entendimento, pode-se admitir como
amparado pela Lei o déficit durante todo o mandato e, ainda, dívidas contraídas no primeiro
quadrimestre do último ano de mandato, o que evidencia um avanço e, ao mesmo tempo, um
retrocesso. Avanço, ao estabelecer o período em que não pode existir dívida de um chefe do
Poder Executivo para outro; e retrocesso, ao permitir que esse Poder possa apresentar em suas
contas déficit nos três primeiros anos do seu mandato.
Atenção interpretativa cuidadosa deve ser dada ao § 3 o do art. 59, ora em comento. Sabe-se,
pelo que enfatiza o art. 43 desta Lei n. 4.320/64, que a necessidade de fonte de financiamento
é exigida somente para os créditos suplementares e especiais.
O mencionado parágrafo cuida dos créditos extraordinários, para os quais a lei autoriza
abertura sem a indicação da fonte de financiamento, nos termos dos dispositivos apresentados.
Observa-se que, na ocorrência de calamidade pública, ficam suspensos os prazos
estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70, os quais dispõem:
117
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os
limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o
percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo
menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3 o
e 4o do art. 169 da Constituição.
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente
ficará também impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.
§ 5o As normas desse artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da
dívida mobiliária e das operações de crédito internas e externas.
Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com pessoal no exercício
anterior ao da publicação desta Lei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos
nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios,
eliminando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por cento
ao ano), mediante a adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.”
Este artigo encampa a definição de despesa estabelecida no art. 227 do CCP. Naquela época,
já se tinha entendimento de que a despesa realizada deve passar pelos estágios de empenho,
liquidação e pagamento. A esse entendimento, acrescentem-se, apenas, as contrapartidas de
118
restos a pagar que também representam despesas, embora os restos a pagar não processados,
ainda, dependam do cumprimento das condições contratadas.
O art. 37 da Lei estabelece as obrigações assumidas nos exercícios pretéritos podem ser pagas
na classificação estabelecida por este artigo. Esta, porém, não deve ser considerada uma regra,
mas sim uma exceção à sua aplicação e, ainda, deve ser conjugada com a Lei n. 8.666/93, que
normatiza os procedimentos de contratação de compras em geral, no serviço público. Todavia,
nunca é demais lembrar que as obrigações contraídas em exercícios pretéritos, só adquirem o
direito de serem pagas a partir do teor deste artigo. Portanto, aqui não reside nenhuma
exceção ao disposto no art. 60, muito menos qualquer tipo de esquecimento. Trata-se de dar
amparo às obrigações que serão pagas à conta do orçamento em execução, de obrigações que
teriam que ocorrer à conta dos respectivos orçamentos da época ─ princípio da legalidade.
2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar
15
MENDES, Gilmar Ferreira & FORSTER JÚNIOR, Nestor José.´Manual de redação da Presidência da
República. 2. ed. rev. e atual. – Brasília : Presidência da República, 2002.
119
A lei não se refere ao empenho ordinário, mas somente ao empenho estimativo e global. Na
prática, contudo, os empenhos estão assim conceituados, sem nenhuma controvérsia:
Como foi visto, trata-se de um empenho cujo montante a ser pago é conhecido e será efetuado
em parcelas. Caracteriza-se, então, como uma despesa global. Normalmente, são empenhos
usados em despesas contratuais. Mas, como o próprio parágrafo sinaliza, nada impede que
este tipo de empenho seja usado em despesas sujeitas ao empenho para pagamento numa
única parcela.
Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado “nota de empenho”
que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa, bem como a
dedução desta do saldo da dotação própria.
120
Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato,
nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.”
(Sem grifos no original.)
Vê-se que abaixo do valor estipulado em lei a nota de empenho substitui o contrato. Daí a
importância de esta conter os dados mínimos indispensáveis à caracterização do ajuste entre
as parte.
Não se deve também confundir o teor deste artigo quando menciona: “para cada empenho
será extraído um documento denominado nota de empenho”, isto porque a Lei é de 1964, e de
lá para cá muitas alterações ocorreram no orçamento. Assim, às vezes, há necessidade de
emitir mais de uma nota de empenho para uma mesma despesa, simplesmente porque ela deve
correr por conta de duas ou mais fontes de recursos. Considerando os ensinamentos desta Lei,
tal entendimento deve-se ater somente no nível de natureza de despesa, para estabelecer se
haverá a necessidade da emissão de mais de uma nota de empenho. Em resumo, uma despesa
pode ter mais de uma nota de empenho, no caso de se usar mais de uma fonte de recursos.
Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenada após sua regular
liquidação.
Nenhum recurso sai do caixa do Estado sem que passe pela liquidação. A liquidação é um
processo importantíssimo para a realização da despesa e para a execução do orçamento. É ela
que decide se o credor está ou não em condições de receber o que está sendo faturado. Além
da liquidação, há necessidade de ser ordenada ─ ou seja, que a autoridade competente
determine mediante despacho o pagamento da obrigação.
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor
tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
121
O setor de Contabilidade é que faz a análise da participação de cada setor na operação de
liquidação. Nesse sentido, procura, inicialmente, verificar o procedimento de cada um,
segundo suas responsabilidades no processo administrativo. Quando observa, por exemplo,
que o executor da obra não atestou a execução do serviço ou o fez em desacordo com o
cronograma ou contrato, deve colocar o procedimento administrativo em diligência para
averiguar o fato. E assim deve proceder com os demais participantes do procedimento de
liquidação.
Embora se tenham mencionado os principais responsáveis por qualquer erro que venha a ser
cometido – o ordenador de despesa e o gestor do contrato ─, as decisões dos tribunais
costumam ser de responsabilidade solidária, envolvendo todos que tenham contribuído para
aquele fim, em que pese ao disposto no Decreto-Lei n. 200/67, aliás, muito oportuno, o qual
estabelece:
Art. 80. Os órgãos de contabilidade inscreverão como responsável todo o ordenador da
despesa, o qual só poderá ser exonerado de sua responsabilidade após julgadas regulares
suas contas pelo Tribunal de Contas.
Mesmo com essa intervenção legal, não há como desincumbir o ordenador de despesa da responsabilidade por
qualquer irregularidade na realização de um pagamento.
122
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
Não se pode efetuar um pagamento sem obter o conhecimento pleno do objeto a ser pago:
bens de consumo, material permanente, obras, etc. Isto porque, de repente, pode-se estar
pagando um objeto, quando a aquisição realizada foi de outro. Portanto, deve-se conhecer a
origem do objeto. Uma aquisição jamais pode ocorrer com documentos falsos que entregam
bens que não tramitaram na forma estabelecida em lei.
A importância exata a ser pagar só é conseguida a partir do contrato e dos aditivos. Ocorre
que no documento fiscal cobra-se, a título de exemplo, o dissídio coletivo, e o contrato não
prevê esse acréscimo. A responsabilidade por esse pagamento indevido, a princípio, seria do
servidor que faz a conferência dos documentos com vistas ao pagamento. No entanto, alerta-
se que os Tribunais costuma, em seus julgamentos sobre temas dessa natureza, culpar de
forma solidária todos que tiveram acesso aquele documento.
Identificar o credor também requer cuidado. Às vezes, o nome que consta do recibo ou da
nota fiscal não é o do credor de direito, pois podem ocorrer transações outras que passa a
propriedade de quem está emitindo o documento de cobrança. Tudo isso deve ser
considerado, para se chegar ao credor.
O servidor responsável pela liquidação deve possuir facilidades, perspicácia e uma atitude
policialesca para visualizar com mais rapidez a legalidade, ou não, de um processo de
pagamento.
123
apresentados, não podendo deixar de constar entre esses o contrato, a nota de empenho e os
comprovantes de entrega do que foi contratado.
Esse dispositivo é claro quanto aos documentos que devem constar do procedimento
administrativo, ficando tácita a impossibilidade de se efetuar adiantamento nos casos citados
neste parágrafo.
A esse respeito, Justem Filho (2002, p 465) entende que pode ocorrer o pagamento
antecipado, e estará amparado pela própria Lei n. 4.320/.64, em face de ela adquirir o status
de Lei Complementar depois da promulgação da Constituição de 1988. Embora exista uma
argumentação robusta nos comentários feitos pelo citado autor, aconselha-se manter o que se
vem fazendo até então. Se for fazê-lo, deve-se exigir segurança no caso de ocorrer qualquer
impropriedade no ajuste que impeça sua efetivação. Recorre-se, assim, à segurança exigida.
Essa orientação não deve levar em consideração o entendimento do citado autor. Ocorre que o
seu entendimento ainda trata-se de uma cultura solitária, pois não consta de lei e tampouco de
qualquer convenção. Quando isso ocorrer, aí sim, passa-se a praticar a proposta do autor.
8.7 Do pagamento
Relativamente ao pagamento e procurando evitar que se use desse mecanismo para outros
fins, a Lei n. 8.666/93 determina:
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas licitações terão como expressão
monetária a moeda corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta lei, devendo
cada unidade da Administração, no pagamento das obrigações relativas ao fornecimento de
bens, locações, realização de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte
diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades,
salvo quando presentes relevantes razões de interesse público e mediante prévia justificativa
da autoridade competente, devidamente publicada (sem grifos no original).
124
Com este dispositivo, a autoridade fica impedida de dar preferência a quem quer que seja
quanto aos pagamentos a serem feitos pela mesma fonte de recurso.
Da ordem de pagamento
Este dispositivo tem a finalidade de incumbir à Contabilidade ser o órgão responsável pela
organização de todo o procedimento financeiro de desembolso. Com isso, acredita-se que há
maior rigor na saída de recursos do Estado, tendo em vista ser a Contabilidade detentora das
informações e métodos que permitem esse controle, em face dos tipos de informações que
estão sempre à sua disposição. Deve-se, na verdade, ser feito pela Contabilidade ou por órgão
a ela subordinado.
O artigo cuida de relacionar o meio pelo qual o Estado quitará suas dívidas com seus credores.
Assim, conforme estabelece o artigo, os pagamentos poderão ser realizados por intermédio de
qualquer um dos órgãos enumerados no artigo, com exceção das despesas a serem pagas por
meio de adiantamento, as quais deverão exigir essa forma de pagamento, em face de suas
peculiaridades.
Não resta dúvida que se trata de uma forma de pagamento feita pelo Estado, o qual é
intermediado por agentes especialmente credenciados para esse fim. Tal procedimento tem a
finalidade de permitir que o Estado realize despesas em lugares ou em situações que somente
um agente credenciado para esse fim pode realizá-las.
Para que ocorra o pagamento por meio de adiantamento, é necessário adotar os seguintes
procedimentos:
a) credenciamento do agente;
125
d) a entrega do numerário ao agente; e
Este artigo foi extinto pelo inciso VI do art. 167 da Constituição Federal de 1988, que
estabelece:
[...]
[...]
A flexibilização permitida ao final do inciso é que vem permitindo que, ao final do exercício
financeiro, essa atividade de grande importância para o encerramento do exercício financeiro
permita o remanejamento das dotações pelo órgão central de orçamento. Esse remanejamento
tem a finalidade de tirar dotação de quem apresenta economia orçamentária e abrir créditos
para aquelas que ainda dependem de dotações para cobrir os compromissos ainda pendentes
no final do exercício.
126
Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das dotações de pessoal, de uma
para outra unidade orçamentária, quando considerada indispensável à movimentação de
pessoal dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a que se realize em
obediência à legislação específica.
Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária,
far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos,
sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos
créditos adicionais abertos para esse fim.
127
indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de
sentença transitada em julgado. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 30, de 2000)
§ 5º A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º desse artigo, segundo as
diferentes capacidades das entidades de direito público. (Parágrafo incluído pela Emenda
Constitucional nº 30, de 2000 e Renumerado pela Emenda Constitucional nº 37, de 2002)
[...]
Deliberados os recursos orçamentários e financeiros para o pagamento da dívida, esta deve ser
quitada imediatamente, em face de sua característica e, ainda, sob pena da sua não
128
concretização, o que a torna dívida de longo prazo ─ dívida consolidada ─, sujeita a limites
financeiros para esses tipos de dívidas.
Em resumo, sobre este tema, os entes da Federação têm de obedecer, em primeiro lugar, às
determinações da CF 1988, com as quais as disposições da LRF têm de se conjugar. Há na
Constituição Federal de 1988 inovações de grande efeito administrativo, tanto para o Poder
Judiciário quanto para o Poder Executivo. São elas:
129
8.9 Adiantamento (Suprimento de fundos)
Este artigo, ao completar o sentido de pagamento feito por meio de adiantamento, também
completa a definição de pagamento feita no art. 65, ao estabelecer que o adiantamento seja a
entrega de numerário ao servidor para que este realize despesas que não podem subordinar-se
ao processo normal. O verbete entrega demonstra a intenção do legislador de deixar claro que
esse ato não representa um pagamento e, por dependência, uma despesa, mas tão-somente
uma operação contábil. E esse servidor passa, a partir do recebimento dos recursos, a
representar o caixa móvel do Estado. Onde quer que se encontre, desde que realize qualquer
tipo de pagamento, estará fazendo-o em nome do órgão ao qual pertence e, por extensão, ao
ente da Federação a que pertence o órgão.
Quanto ao empenho, que o artigo determina que seja efetuado, destina-se a realizar a dedução
da dotação em que deve ocorrer a despesa. Esse procedimento tem a finalidade de evitar que
se façam compromissos sem a respectiva dotação, pois, caso contrário, provoca, teoricamente,
um déficit orçamentário e, por dependência, um déficit financeiro.
130
D 2.9.2.02.001 Dotação Disponível 1.000
C
2.9.2.02.002 Dotação Empenhada 1.000
Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois
adiantamentos.
Como se vê, o artigo não deixa dúvidas quanto às condições em que o beneficiário de
aditamento fica impedido de pleitear novo pedido. É necessário, portanto, que este seja
responsável por, no máximo, dois adiantamentos e que não esteja em alcance ─ ou seja, que
nenhuma dessas duas prestações de contas tenha sofrido restrições para que ele possa
131
candidatar-se ao recebimento de um outro adiantamento tão logo uma delas tenha sido
liberado.
Essa é a forma de aquisição de bens, serviços e obras no Serviço Público. Quando o artigo diz
“respeitado o princípio da concorrência”, a Lei está referindo-se à forma como se devem tratar
todos os interessados em ser fornecedor do Estado. Atualmente, os princípios colocados à
disposição das comissões de licitações são bem mais consistentes, embora o princípio da
igualdade entre os participantes seja destaque.
A Lei n. 8.666/93, agora, é que norteia as compras dos entes da Federação e demais entidades
que ela enumera.
9 DOS FUNDOS
132
9.1 Da constituição de fundos
Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei vinculam-se
à realização de determinados objetivos ou serviços, facultado à adoção de normas peculiares
de aplicação.
O fundo especial surge de uma decisão política, a qual tem o objetivo de atender a
determinado atributo ou aliado. O seu financiamento decorre da vinculação de uma receita
especificada em lei, a qual é repassada ao fundo periodicamente, conforme estabelecer a lei
que o criou.
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos especiais far-se-á
através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou em créditos adicionais.
O que o artigo exige é que o fundo seja uma unidade orçamentária. Por esta razão, o artigo
determina que as dotações consignadas no orçamento sejam executadas por meio das receitas
que a ele se vinculam.
A previsão da receita que irá financiar o fundo deverá ser feita no órgão central transferidor.
Quando ocorrerem o seu recebimento e sua escriturada no título em que foi prevista, será
transferida para o fundo, a título de transferências intragovernamentais. De posse da receita,
que permitiu a designação dos créditos orçamentários, essas serão aplicadas na forma
estabelecida neste artigo, na implementação dos programas a serem realizados pelo fundo.
Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo
especial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do
mesmo fundo.
133
Evidencia o artigo que se a lei que instituiu o fundo não fizer oposição, em todos os exercícios
financeiros, a diferença positiva apurada no balanço do fundo será transferida para o exercício
seguinte, incorporando-se aos créditos orçamentários, aumentando assim sua capacidade de
realização. É o superávit financeiro do fundo.
Dessa forma, o fundo passa a contar com os créditos que serão consignados no seu orçamento
à razão do montante das receitas que lhes devem ser transferidas e, mais, o superávit
financeiro para a implementação de seus programas no exercício financeiro seguinte.
Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei
de diretrizes orçamentárias e, observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder
Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso.
Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica
serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação,
ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso (sem
grifos no original)
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de controle,
prestação e tomada de contas, sem, de qualquer modo, elidir a competência específica do
Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
Neste caso, institui-se o “estatuto, ou o que couber, do fundo”. Nesta Lei, são estabelecidas
todas as obrigações e os direitos do fundo, bem como sua abrangência, finalidade e tudo mais
que dê a ele condições normais de desenvolver as atribuições para as quais foi criado. As
normas especiais aqui referenciadas ao controle são oportunas, pois pode o fundo contratar
auditoria externa para a verificação de suas contas. Não poderá, no entanto, adentrar em
nenhum espaço que venha refutar posições estabelecidas pelo Tribunal de Contas ou órgão
equivalente ─ nesse caso, o Controle Interno. Assim, o fundo, uma vez existindo de direito,
terá suas próprias normas internas, que, de acordo com o teor deste artigo, poderão vir na lei
que o estabeleceu ou ser instituídas imediatamente à lei que lhe deu origem. Nada impede,
porém, que leis posteriores estabeleçam ou modifiquem as cláusulas oriundas de sua
instituição ou da lei posterior.
134
I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa,
o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;
II - a fidelidade funcional dos agentes da administração responsáveis por bens e valores
públicos; e
III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em termos monetários e em termos
de realização de obras e prestação de serviços.
Em relação ao controle, o Decreto-lei n. 200/67 determina como esse controle deve ocorrer ao
estabelecer:
Art. 13. O controle das atividades da Administração Federal deverá exercer-se em todos os
níveis e em todos os órgãos, compreendendo, particularmente:
b) o controle, pelos órgãos próprios de cada sistema, da observância das normas gerais que
regulam o exercício das atividades auxiliares;
c) o controle da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos bens da União pelos
órgãos próprios do sistema de contabilidade e auditoria.
Legalidade
Fidelidade
Numa acepção ampla, a fidelidade representa o fiel cumprimento da lei por parte dos agentes
públicos que sejam responsáveis pela atribuição que o cargo ou a função lhe impõe,
executando suas tarefas com lealdade, zelo e sinceridade.
135
O controle, em relação à realização do programa de trabalho, deve ser traduzido no resultado
alcançado quanto aos objetivos e metas de cada programa, delineado por ocasião da
aprovação do orçamento. E, agora, com a Constituição Federal de 1988, o controle abrange
também o que estabelece o art. 74 da Carta Política, o qual dispõe:
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
[...]
[...]
A LRF veio para estabelecer definitivamente o controle e, de forma abrangente, em face dos
desmandos que se estabeleceram nos estados e, principalmente, nos municípios, ocasião em
que esses entes encontravam-se quase todos falidos. Não resta dúvida que a LRF trouxe
novidades que há anos eram requeridas pela população, porém ainda se mostra inoperante
diante de muitos fatos que ocorrem nos três Poderes da União.
Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de controle a que se refere o artigo 75,
sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
136
Trata o artigo de dispor sobre as atribuições de controle a serem exercidas pelo próprio Poder
Executivo. Repete-se o que já foi estabelecido no artigo anterior, acrescentando apenas,
independentemente das atribuições do TCU, que compete ao Poder Executivo exercer os três
tipos de controle que a Lei menciona, agora de responsabilidade também da LRF.
Cumpre-se evidenciar que a Carta Política de 1988 tratou de dar uma abrangência maior ao
Controle Interno, ao dispor:
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física, jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União;
137
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena
de responsabilidade solidária.
Art. 75. As normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização,
composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem
como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios.
Não se pode alegar que os fatos que se sucederam na União, nos Estados, nos Municípios e no
Distrito Federal antes do advento da LRF foram por falta de legislação que amparasse as
iniciativas dos órgãos fiscalizadores. Quanto aos órgãos de Controle Interno, pode-se afirmar
que não houve por parte dos chefes dos Poderes, principalmente do Poder Executivo, vontade
política de criar um segmento de servidores dispostos em carreira, que seria, então, o Controle
Interno. Essa carreira teria a função de fiscalizar as ações dos secretários de Estado e chefes
dos demais órgãos e, em última instância, as próprias ações do seu instituidor. Não se pode
generalizar esse entendimento, porém a União, em menor grau, como não poderia ser, está
bem além dos demais entes da Federação neste tema.
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o
sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o
cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos
termos dos arts. 22 e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes
das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
138
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do
limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da
concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos
limites;
§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa
total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia,
concomitante e subseqüente.
O próprio teor do dispositivo estabelece a forma como devem atuar os órgãos responsáveis
pela verificação da legalidade no Poder Executivo. Há, portanto, a necessidade de que os
órgãos encarregados desta tarefa estejam preparados para exercer essas atribuições.
Acrescente-se que a execução orçamentária, por força deste artigo, deve, então, exercer o
controle antes de dar início a qualquer operação relativa à execução orçamentária, mas
exercê-lo também na implementação desta operação e ao seu final, de sorte que possa o ente
da Federação atingir seus objetivos, os quais foram destacados no orçamento.
139
Por oportuno, mostram-se, a seguir, os princípios que devem nortear a Administração Pública,
a saber:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)” (Sem grifos no original.)
Afirma-se que os princípios têm papel expressivo, pois é por meio deles que o ordenamento
jurídico torna-se legítimo. De forma geral, a literatura entende que os princípios legitimam o
ordenamento jurídico, pois representam as expressões da mente ajustada à necessidade do
momento ─ ou seja, à lei. Os princípios, em última análise, representam o norte de um povo
(nação).
Legalidade
Impessoalidade
A responsabilidade pelas realizações governamentais deve ser atribuída aos órgãos públicos
responsáveis pelo feito, e não ao agente que o desenvolve. Tudo que se realiza no mandato de
quem quer que seja nada tem a ver com a responsabilidade dos governantes e seus agentes,
mas tão-somente das secretarias, autarquias e fundações. Enfim, com os órgãos que estiveram
a serviço. Nas realizações públicas, diz-se que esses feitos são atos impersonalizados. Há
entendimentos equivocados, aparentemente, principalmente por parte dos políticos, que
confundem o princípio da impessoalidade com o princípio da pessoalidade. Esta obra, sim,
atende ao princípio da pessoalidade de quem a assinará. A impessoalidade impede a promoção
140
e a discriminação dos seus agentes nos resultados que se obtêm em qualquer realização
governamental.
Assim, é nesta linha que se introduziu na Carta Política atual, reafirmando que os atos dos
agentes são de responsabilidade do Estado, desde que no exercício de suas atribuições,
respeitado, no entanto, o direito de regresso, que poderá ser exercido pelo Estado.
Moralidade
Publicidade
Acrescente-se que a ninguém se escusa alegar o desconhecimento da lei, uma vez que esta
entra em vigor a partir de sua publicidade.
Eficiência
141
A eficiência na manutenção e obtenção dos serviços públicos resulta de meios utilizados para
a consecução dos bens e serviços de interesse da sociedade, ocasião em que se manifesta o ser
humano exercendo suas atividades no limite ou acima do que dele se espera. É a dignidade
humana posta a serviço da comunidade por meio do serviço público. É a renúncia desse
agente público a outros interesses que não seja o de bem prestar os serviços que lhe foram
confiados. Surge daí o princípio da eficiência do servidor público, que, por dependência,
estende-se às atividades por ele desempenhadas, tornando-as um serviço de qualidade
traduzido em bom atendimento, urbanidade, rapidez e segurança.
Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou por fim
de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de
todos os responsáveis por bens ou valores públicos.
Este artigo tem caráter preventivo ao enunciar, desde logo, que os responsáveis por bens ou
valores públicos devem estar prevenidos, pois há a possibilidade de a qualquer momento
serem abordados por inspeções de órgãos regimentalmente autorizados para esse fim.
Atualmente, tanto o Controle Interno quanto o Controle Externo têm uma programação de
inspeção para o exercício financeiro, cujos propósitos, numa acepção abrangente, são
oportunizados por ocasião da elaboração deste instrumento de fiscalização.
142
§ 1º Não providenciado o disposto no caput, o Tribunal determinará a instauração de
tomada de contas especial, fixando prazo para cumprimento dessa decisão.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica aos processos convertidos em tomada
de contas especial pelo Tribunal, sendo nesse caso obrigatória, entretanto, a cientificação do
ministro de Estado supervisor da área ou autoridade equivalente.
Parágrafo único. Esse controle far-se-á, quando for o caso, em termos de unidades de
medida, previamente estabelecidas para cada atividade.
Na elaboração deste artigo, houve desobediência à segregação de função, pois quem elabora
não pode controlar, mesmo em se tratando de uma etapa seguinte à elaboração, em face do
vínculo existente entre as duas atividades.
Essa irregularidade foi sanada com a criação do Controle Interno para os órgãos da
Administração Direta, o que não impede que cada entidade da Administração Indireta tenha
sua própria auditoria interna, com vistas a realizar esse acompanhamento e outros, até mesmo
de maior repercussão.
143
Por oportuno, esclarece-se que este artigo e o 75, embora aparentemente não revogados,
tacitamente estão inatuais.
Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes verificar a exata
observância dos limites das cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária,
dentro do sistema que for instituído para esse fim.
Ao determinar que a responsabilidade pelo acompanhamento dos limites das cotas trimestrais
seja da Contabilidade, a Lei, ao evidenciar a importância dessas atividades, mostra que são
por meio desses procedimentos que se viabilizam os pagamentos relativos aos compromissos
assumidos pelas unidades orçamentárias.
Com o advento da LRF, este dispositivo deve dar lugar aos novos ditames estabelecidos no
novo diploma legal. A LRF, a esse respeito, estabelece:
Art. 8o. Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei
de diretrizes orçamentárias, observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder
Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso.
A regra que prevalece no momento é a deste artigo da LRF, porém a atividade em si gira ainda
em torno da Contabilidade, pois é esta que possui os números da arrecadação para que tais
programações sejam realizadas.
144
A LRF estabeleceu o prazo de até trinta dias após a sanção da LOA para tornar pública a
programação financeira e de desembolso, cujos critérios de duração e outros inerentes ao
assunto ficaram a cargo da LDO.
A partir dessa orientação, houve grande avanço na elaboração desse documento, pois a
flexibilidade criada, com a lei encarregada de dispor sobre este tema tem duração anual,
podendo, assim, ser modificada no ano seguinte. Isso caso os procedimentos do ano anterior
tenham se mostrados inadequados e venham a ensejar adaptações ou no caso de uma revisão
dos objetivos a serem propostos para o exercício seguinte.
11 CONTROLE EXTERNO
Art. 81. O controle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por objetivo
verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprego dos dinheiros públicos e
o cumprimento da Lei de Orçamento.
Este artigo prevê o controle somente da probidade administrativa, em relação aos princípios
que norteiam a administração pública, a guarda e o legal emprego das receitas púbicas e o
cumprimento da lei orçamentária na forma prevista.
O controle feito pelo Poder Legislativo, em face do que dispõe o art. 37 da Constituição de
1988, tornou-se mais abrangente, pois manteve o que consta deste artigo e acrescentou os
princípios da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da publicidade e da eficiência,
sobre os quais foram feitos comentários quando da abordagem do art. 77.
145
Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e valores públicos ou pelos
quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma obrigações de natureza pecuniária.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio do
Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores
públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e
mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio
ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em comissão, bem como
a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalvadas as melhorias
posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório;
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a União
participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, financeira,
orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e inspeções
realizadas;
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao exato
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade;
146
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à Câmara
dos Deputados e ao Senado Federal;
Art. 72. A Comissão mista permanente a que se refere o art. 166, §1º, diante de indícios de
despesas não autorizadas, ainda que sob a forma de investimentos não programados ou de
subsídios não aprovados, poderá solicitar à autoridade governamental responsável que, no
prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos necessários.
Art. 73. O Tribunal de Contas da União, integrado por nove Ministros, tem sede no Distrito
Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo o território nacional, exercendo, no
que couber, as atribuições previstas no art. 96.
IV - mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija
os conhecimentos mencionados no inciso anterior.
I - um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado Federal, sendo dois
alternadamente dentre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal,
147
indicados em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os critérios de antigüidade e
merecimento;
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o
sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o
cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos
termos dos arts. 22 e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes
das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do
limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da
concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos
limites;
148
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em
lei;
§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa
total com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.
Evidencia-se por meio deste artigo da LRF um aumento substancial das atribuições do
Controle Externo, que inclui também o Controle Interno, na condição de órgão auxiliar do
Tribunal de Contas.
149
futuras. Considerando que se encontram no PPA, essas ações poderão ser alteradas caso os
resultados do exercício anterior mostrem-se insatisfatórios. Com base nessas análises é que o
Poder Executivo decide, de forma estratégica, o norte da política financeira e orçamentária
para o próximo exercício e, por extensão, até o final do mandato do chefe do Poder Executivo.
O § 3º deixa claro que, mesmo na falta de Tribunal, o município deve prestar contas no final
do exercício financeiro. Inexistindo um órgão de fiscalização do Poder Legislativo para emitir
um parecer que sirva de parâmetro para a aprovação ou não da prestação de contas, de acordo
com este artigo, o poder fiscalizador fica desde então autorizado a contratar peritos contadores
para esse fim.
Quanto aos Tribunais de Contas e suas correlações com os entes da Federação, deve-se tomar
por base o que dispõe:
Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a
responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.
[...]
§ 3o Nas referências:
III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas
do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do
Município.
Em face da imprecisão deste artigo quanto a esse item, fica o entendimento de que a União e
os Estados terão, obrigatoriamente, seus respectivos Tribunais de Contas, podendo ainda
existir um Tribunal de Contas para atender aos Municípios, os quais podem criar seus
tribunais ou valer-se daquele que foi instituído pelo Estado para atender aos Municípios.
150
12 DA CONTABILIDADE
Em razão de a entrada e a saída de recursos que não representem obrigações financeiras nem
devolução destas, ou o seu recolhimento, representarem receita e despesa orçamentária,
respectivamente, elas devem ser escrituradas nesses títulos. Em conseqüência, a estrutura da
Contabilidade obrigou-se a adequar a uma metodologia em que há quatro contas de resultado
─ receitas (financeiras) e despesas (financeiras), variações ativas (receitas patrimoniais) e
variações passivas (despesas patrimoniais) −, bem como quatro sistemas contábeis ─
orçamentário, financeiro, patrimonial e de compensação.
Com o fito de dar cumprimento à determinação desta Lei, a Contabilidade Pública passou a
usar as citadas contas de resultado, assim como os mencionados sistemas contábeis, que
representam uma forma, aliás, inteligente e precisa para obter os mesmos resultados que
outro modelo talvez não o obtivesse.
A inclusão de mais duas contas de resultado e a obrigatoriedade de que toda operação tenha o
seu débito e o seu crédito nas contas do mesmo sistema têm feito deste segmento contábil
uma cultura que vem afugentando profundos conhecedores de Contabilidade Em razão desse
distanciamento, a contribuição feita à Contabilidade Pública é diminuta. Até mesmo o
Conselho Federal de Contabilidade (CFC) deixou esse fato transparecer quando elaborou e
tornou pública a Resolução n. 75093 ─ tudo em nome do desconhecimento. Por esse prisma,
esses profissionais estão perdendo a oportunidade de tornar a Contabilidade ainda mais
interessante, pois se agregassem às qualidades da Contabilidade Pública as da Contabilidade
Privada poderiam contribuir para a construção de uma cultura bem acentuada desta ciência em
si.
151
12.2 Contas de resultado
a) orçamentário;
b) financeiro;
c) patrimonial; e
d) de compensação.
a) financeiras:
receitas (positivas); e
despesas (negativas).
b) patrimoniais:
As receitas e despesas por mutação são contas que representam entradas e saídas de recursos
do caixa do Estado. Portanto, são escrituradas em contrapartida de uma conta do grupo
disponível. Por representar movimentação de dinheiro, essas escriturações pertencem ao
sistema financeiro.
Para que a operação se torne uma mutação, é necessária a escrituração de uma variação
passiva, no caso das receitas, e de uma variação ativa, no caso das despesas. No final da
operação, portanto, não há alteração no patrimônio, constituindo-se, então, esse tipo de
operação numa mutação passiva e ativa, respectivamente.
Mutações passivas
152
Contratação de uma operação de crédito externa no montante de
R$100.000,00 (cem milhões).
Mutações ativas
153
C
6.1.1.01.001 Aquisição de Equipamentos e Material Permanente 15.000
Receitas
Despesas
154
b) despesas extra-orçamentárias ─ representadas pelos pagamentos das
dívidas flutuantes ou não amparadas pelo empenho da despesa.
Variações Ativas
Observa-se que nos dois lançamentos as contas de resultado ─ despesas e variações ativas ─
se anulam, pois a primeira diminui a situação líquida, ao passo que a segunda gera um
aumento na situação líquida, e no mesmo valor. Tem-se, aí, então, o fato permutativo, ou a
mutação ativa.
Variações passivas
Observa-se que nos dois lançamentos as contas de resultado ─ receitas e variações passivas ─
se anulam, pois a primeira aumenta a situação líquida, ao passo que a segunda diminui
situação líquida, e no mesmo valor. Tem-se, aí, então, o fato permutativo, ou a mutação
passiva.
155
D 1.3.1.01.001 Equipamentos e Utensílios para Escritório SP
C
6.1.2.01.003 Doação de Bens Móveis 300
Nos exemplos apresentados, observa-se que a situação líquida do Estado fica acrescida do
valor escriturado. Por isso é que se resolveu denominar estas operações de “variações
efetivas”. No entanto, a classificação, na forma desta Lei, é tão-somente a de independente da
execução orçamentária.
Variações passivas
Neste exemplo, há o fato permutativo, o qual se evidencia por meio das contas de resultado:
financeiras – Operações de Crédito Externas –, que é positiva; e patrimonial – Empréstimos
Tomados –, que é negativa. Assim, anulam-se os reflexos na situação líquida do Estado.
156
12.4 Sistemas contábeis
De acordo com a Lei, a escrituração deve se dar a partir de quatro sistemas distintos,
dependendo da operação a ser contabilizada:
a) orçamentário;
b) financeiro;
c) patrimonial; e
d) de compensação.
Sistema orçamentário
Neste sistema, são feitas as escriturações das receitas previstas e das despesas fixadas. Quanto
às receitas previstas, são escrituradas de forma a evidenciar aquelas previstas para
ingressarem durante o exercício financeiro, bem como as que já se encontram arrecadas no
exercício e as que ainda se espera a arrecadar.
Em relação às despesas, são escriturados os créditos iniciais do orçamento aprovado e os
créditos adicionais abertos durante o exercício financeiro e demais alterações próprias desse
sistema − por exemplo, contenção de crédito, detalhamento de créditos.
Sistema financeiro
Sistema patrimonial
Neste sistema, são escrituradas todas as operações referentes ao patrimônio, desde que não
envolvam recursos financeiros e orçamentários, mas tão-somente bens e direitos, e as contas
157
de resultado: variações ativas e as variações passivas. Assim, compõem este grupo: ativo
permanente, passivo permanente, as variações ativas e as variações passivas.
Sistema de compensação
Por definição, são escrituradas neste sistema as operações que podem, no futuro, afetar o
patrimônio do ente da Federação, além de outras de controles que a Contabilidade, pela sua
própria característica, seja obrigada a manter informações e controle a elas pertinentes. Por
exemplo: comodato, contratos, convênios.
Em relação aos bens, créditos e obrigações do Estado, não há nada de novo. O tratamento
dispensado aos citados temas é o mesmo utilizado pela Contabilidade Privada.
Assim, revendo-se os conceitos, de forma bem objetiva, com vistas a facilitar à compreensão
do tema, têm-se:
Bens
São representados pelo clássico entendimento: são todas as coisas capazes de satisfazer as
necessidades humanas e que sejam susceptíveis de avaliação em moeda corrente. Estão
divididos em: tangíveis, aqueles que possuem corpo e que podem ser tocados, apalpados; e
intangíveis, os quais são intocáveis, intáteis.
Créditos
Representam tudo que o Estado tem a receber de terceiros. Dividem-se em: financeiros e
patrimoniais. Os financeiros são representados por qualquer saída de recursos orçamentários
sem o empenho da despesa − por exemplo: desfalque, desvios e pagamento sem o empenho
da despesa. Os patrimoniais são representados por direitos do Estado contra terceiros, depois
de devidamente apurado o direito adquirido − por exemplo, dívida ativa.
Obrigações
158
dependentes de autorização legislativa ─ orçamento. Ou seja, são obrigações que quando de
sua quitação deverão cumprir os três estágios da despesa: empenho, liquidação e pagamento.
Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos,
de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a
ela pertencentes ou confiados.
O dispositivo refere-se a todos que, de alguma forma, sejam responsáveis por qualquer uma
das seguintes operações, as quais têm de ser evidenciadas pela Contabilidade:
a) arrecadação de receitas;
b) realização de despesas;
Arrecadação receitas
Realização de despesas
É também de competência da Contabilidade o controle dos atos de todos aqueles que são
designados responsáveis por bens em almoxarifado, bens permanentes no órgão de patrimônio
e caixa de diferentes valores, setores que são inventariados todo o ano, por ocasião da
elaboração da prestação de contas.
159
Quanto às despesas, normalmente, é o ordenador de despesa o responsável pela execução do
orçamento e, portanto pela realização das despesas: empenho, liquidação e pagamento. Acerca
das despesas e do ordenador de despesas, o Decreto-lei n. 200/67 prescreve:
Art. 80. Os órgãos de contabilidade inscreverão como responsável todo o ordenador da
despesa, o qual só poderá ser exonerado de sua responsabilidade após julgadas regulares
suas contas pelo Tribunal de Contas.
Os demais controles que não possam ser acompanhados por meio de escrituração serão
realizados à parte. Ao final do exercício financeiro, confronta-se esse controle analítico com o
controle sintético feito pela Contabilidade.
Cuida este artigo de enfatizar que é da Contabilidade a responsabilidade pela realização das
tomadas de contas de todos os agentes que sejam responsáveis por bens móveis, imóveis e
dinheiros públicos.
Além da prestação ou tomada de contas anual, instituída em lei, ou por fim de gestão,
poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os
responsáveis por bens ou valores públicos.
É inegável que essa contribuição do Decreto-lei n. 200/64 não distingue a prestação de contas
da tomada de contas. Esse fato já ocorria no Código de Contabilidade Pública de 1922. Em
relação a esse assunto, Meirelles o seguinte comentário:
160
zelo e conservações de bens e interesse de outrem, manifesto é que quem o exerce deverá
prestar contas ao proprietário. No caso do administrador público, esse interesse ainda mais
se alteia, § a gestão se refere aos bens de interesse da coletividade e assume o caráter de um
múnus público, isto é, de um encargo para com a comunidade.
Nem nas palavras de Meirelles dissipam a dúvida. Assim, resta a experiência para evidenciar
o que propõe o artigo ora comentado.
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas
próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do
Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente,
do respectivo Tribunal de Contas.
[...]
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou
tomadas [...] (sem grifos no original).
A experiência tem mostrado que a tomada de contas é uma prestação de contas com uma
pequena diferença: a iniciativa é dos órgãos responsáveis pela tomada de contas. Assim, a
ente da Federação faz sua prestação de contas e a encaminha ao respectivo Tribunal de
Contas, enquanto a tomada de contas se encarrega de verificar in loco as contas de cada
ministério, no caso da União, e das secretarias, em se tratando de Estados, Municípios e o
Distrito Federal. Em resumo, a prestação de contas é global e envolve todos os órgãos da
Administração Direta, até mesmo o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, estes dois últimos
por consolidação. Já a tomada de contas incumbe-se de verificar as contas dos agentes
responsáveis de cada órgão, no âmbito do Poder Executivo.
Outra modalidade de tomada de contas é a especial, cuja competência, além dos órgãos
subordinados e vinculados, bem como do Tribunal de Contas, é da autoridade competente do
órgão no qual ocorreu o fato. Sobre os motivos que levam a autoridade a instaurar uma
tomada de contas especial, o Tribunal de Contas da União (TCU), por meio da Resolução n.
102, de 15 de julho de 1998, dispõe:
161
instauração de tomada de contas especial, para apuração dos fatos, identificação dos
responsáveis e quantificação do dano, diante da omissão no dever de prestar contas; da não
comprovação da aplicação dos recursos concedidos na forma de suprimento de fundos ou
transferidos pelo Distrito Federal mediante convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos
congêneres, bem como a título de subvenção, auxílio ou contribuição; da ocorrência de
desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos; ou, ainda, da prática de
qualquer ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico de que resulte dano ao Erário.
§ 1º Nos casos previstos neste artigo, o servidor responsável pelo respectivo setor deverá
comunicar o acontecimento à autoridade administrativa que lhe é imediatamente superior,
sob pena de responsabilidade solidária, até o segundo dia útil subseqüente à constatação da
ocorrência.
§ 7º O ato de instauração da tomada de contas especial, de que tratam os §§ 4º, 5º e 6º, deve
ser comunicado ao Tribunal, no prazo de 05 (cinco) dias, com as seguintes informações:
162
ainda de qualquer irregularidade ou ilegalidade, adotarão as medidas necessárias para
assegurar o exato cumprimento da lei, sob pena de responsabilidade solidária.
Quanto aos elementos que devem compor a tomada de contas especial, o TCU estabelece:
VIII - outros elementos que permitam formar juízo acerca da materialidade dos fatos e
responsabilidade pelo prejuízo verificado;
b) filiação;
c) CPF ou CGC;
163
XIV - Relatório de Auditoria emitido pelo órgão central do Sistema de Controle Interno do
correspondente Poder, incluindo considerações acerca das providências referidas no inciso
anterior;
Esta modalidade, que é praticada por todos os entes da Federação, tem a finalidade, em
resumo, de identificar o montante do prejuízo e o responsável pelo fato. Por analogia, a TCE
tem as características de um inquérito policial, guardadas, evidentemente, as devidas
164
proporções. Ao seu término, passa pelo Controle Interno, o qual tem a responsabilidade de
verificar se foram cumpridas todas as etapas estabelecidas em lei e se a forma atende aos
critérios estabelecidos. Depois dessas etapas, os autos seguem para o Tribunal de Contas
competente, o qual realiza o julgamento, penalizando, ou não, o indiciado, podendo ainda
solicitar novas informações e, até mesmo, a realização de uma nova tomada de contas.
Observa-se, porém, que tanto na fase da sua organização e levantamento de todos os dados
sobre a responsabilidade quanto na de julgamento é dado ao servidor que se encontra na
condição de culpado o direito da ampla defesa, de que trata a Carta Política de 1988.
Este artigo trata de estabelecer as condições mínimas sobre como a Contabilidade deve
estruturar-se para fornecer as próprias informações que o artigo enumera. Assim, sua estrutura
deve permitir que a execução orçamentária seja acompanhada tanto pelo Poder Executivo
quanto pelo Poder Legislativo, fornecendo informações próprias desta atividade a qualquer
momento para a tomada de decisão e para os demais interessados, desde que devidamente
amparados por lei.
O custo está relacionado a algum órgão cuja função esteja direcionada à transformação ou à
criação de bens. Observa-se que, embora se trate de gastos na obtenção de bens, é necessário
que a escrituração obedeça à independência dos sistemas, bem como utilize as quatro contas
de resultados, caso a operação venha a impor. A exigência é somente para os serviços
industriais, como deixa claro o artigo. Deve-se permitir, ainda, que sejam levantados os
balanços gerais, que, no caso da Contabilidade Pública, são representados pelos balanços
orçamentário, financeiro, patrimonial, e a demonstração das variações patrimoniais, que
permitam a análise financeira e econômica do período a que se referem e o acumulado. Esses
balanços e a demonstração das variações patrimoniais serão comentados detalhadamente a
partir do art. 101 desta Lei.
Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo
165
método das partidas dobradas.
Este dispositivo preocupa-se em determinar o método a ser usado na escrituração contábil das
operações que surgem durante a execução do orçamento. O fato de estabelecer que somente as
operações financeiras e patrimoniais devam sujeitar-se à escrituração por meio deste método
não impede que as operações de natureza orçamentária e de compensação também o utilizem.
Aliás, a utilização deste método para a escrituração de qualquer operação ocorrida durante
execução do orçamento tem-se revelado um procedimento ideal. Isso pode ser confirmado por
meio do Sistema de Administração Financeira da União (Siafi), ante os resultados obtidos,
especialmente a independência que o contador passou a ter, o que lhe permite solucionar
qualquer impropriedade, o que não ocorre quando, por exemplo, o orçamento é controlado por
programas informatizados criados exclusivamente para esse fim.
Na época da sanção desta Lei, não havia como escriturar o orçamento pelo método das
partidas dobradas, Se havia, com certeza o custo era superior ao benefício, em razão da
escrituração ter que seguir a forma como o orçamento é aprovado. Realizar essa escrituração
com aqueles códigos, que cada vez crescem mais, seria realmente impossível. Talvez seja essa
a argumentação da época, o que não vale para o momento.
O método das partidas dobradas, em que para cada débito corresponde um crédito de igual
valor, pode ser:
166
D Restos a Pagar
2.1.1.01.000 100
D Consignações
2.1.1.02.000 20
C Banco do Brasil
1.1.1.02.001 120
A receita refere-se ao saldo de restos a pagar cancelado na forma do art. 38 da Lei. Observa-
se, por oportuno, que, independentemente do modelo de lançamento, a contrapartida de débito
ou de crédito terá uma ou mais contas no mesmo sistema. Nos exemplos apresentados, foram
usadas apenas as contas do sistema financeiro.
Art. 87. Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou contratos em
que a administração pública for parte.
Doravante a Lei, depois de definir o método de escrituração das operações contábeis, passa a
introduzir em seus dispositivos o que deve ser contabilizado e quando deve ocorrer essa
contabilização.
Com o desenvolvimento das atividades normais do Estado, originam-se ora débitos, ora
créditos, em conseqüência natural do trabalho. Esses fatos podem também ocorrer no caso de
convênios, contratos e outros ajustes.
A Contabilidade Pública tem, pelas suas próprias características e por força do artigo em
comento, de escriturar todos os créditos e obrigações que venham a ocorrer por força de
qualquer ajuste feito pelo Estado. Isso para que se possa identificar o devedor e o credor,
esclarecendo a natureza do crédito ou da obrigação. Deve informar, ainda, a importância, a
data em que ocorreu o fato, o vencimento e o documento usado para a referida escrituração
contábil. Num aspecto abrangente, é o mesmo que permitir que a Contabilidade demonstre o
patrimônio do Estado em sua totalidade. É a Contabilidade exercendo o controle e
167
preparando-se para eventuais informações que dela venham a ser solicitada. A informação é o
principal produto que se origina da Contabilidade, sem, evidentemente, desprezar o controle
que ela exerce em vários setores.
Neste caso, a informação prestada pelo Governo do Distrito Federal (GDF), por meio de
documento apropriado, gerou o fato que passou a exigir a escrituração da operação ocorrida.
168
Elementos essenciais ao lançamento
Os dados que este artigo exige para a escrituração dos créditos ou das obrigações são itens
indispensáveis a qualquer operação desta natureza. Mas fica também estabelecida a forma de
escrituração dessas operações.
Individuação
Refere-se ao montante da operação. A escrituração deve ser feita pelo seu valor total, sem
nenhuma dedução, em face do que estabelece o princípio da universalidade, bem como o art.
91 desta Lei.
Data do vencimento
É lançada no histórico, cuja informação fica acessível somente por meio do razão contábil.
Acrescente-se que qualquer que seja a operação a ser contabilizada, esta deverá conter cinco
elementos indispensáveis:
a) data da ocorrência;
d) histórico; e
e) valor.
169
12.11 Operações ocorridas nos sistemas e sua contabilização
Este artigo evidencia uma das características da Contabilidade Pública: a independência dos
sistemas. Ao mencionar as operações relativas ao orçamento, às finanças, ao patrimônio e à
indústria, está a exigir da Contabilidade que se estruture para que exerça o controle dessas
operações e forneça as informações a tempo e a hora, quando solicitadas.
Para que essas informações possam ser postas à disposição dos usuários, na forma prescrita, a
adoção dos sistemas contábeis foi a opção encontrada, pois atende plenamente ao disposto
neste artigo e à Contabilidade em si.
170
empenho da despesa, evidenciando-se, portanto, que uma operação apenas pode, em
determinados casos, afetar os quatro sistemas.
Art. 90. A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o montante dos créditos
orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, à conta dos mesmos
créditos, e às dotações disponíveis.
Este artigo impõe o sistema orçamentário e determina o que se deve extrair dele, a título de
informações, para que os interessados possam obtê-las quando solicitadas. São informações
importantes relativas à execução orçamentária, e os servidores responsáveis devem
acompanhar e controlar essa execução, em face das exigências desta Lei. Assim, de acordo
com o teor deste artigo, o sistema orçamentário demonstrará:
Despesa empenhada
A despesa empenhada não é deduzida dos créditos autorizados, mas só se realiza com a
existência deles. O montante da despesa empenhada origina-se da dotação. Esta, por sua vez,
é que mostra o montante dos créditos que se encontram liberados para empenho no momento
da consulta. Despesa empenhada é, pois, a diferença entre os créditos autorizados e o saldo da
dotação disponível.
Despesa realizada
171
em nível orçamentário. Financeiramente, esta estará realizada se o pagamento tiver sido
realizado, Caso contrário, representará uma obrigação pendente do implemento de condições
– restos a pagar não processado ─ ou independente do implemento de condições – restos a
pagar processado. Observe-se que estas obrigações compõem a dívida flutuante (ver art. 92).
Em resumo, a despesa empenhada é a diferença entre os créditos autorizados menos a dotação
disponível e a dotação empenhada.
Dotações disponíveis
As dotações podem ser iguais ou inferiores aos créditos orçamentários, porém nunca
superiores.
Todas as informações são obtidas no sistema orçamentário, o qual é estruturado para esse fim,
ou seja, desde o lançamento do orçamento inicial e as respectivas alterações que ocorrem
durante a execução do orçamento no exercício financeiro.
Mas uma vez, a Lei estabelece as operações que devem ser objeto de escrituração, e entre
estas estão as despesas, as quais têm seu fato gerador no art. 58, e neste artigo a determinação
para que seja escriturado o seu pagamento.
§ 3º - O Poder Executivo publicará, até trinta dias após o encerramento de cada bimestre,
relatório resumido da execução orçamentária.
172
Num primeiro momento, é preciso esclarecer com maior profundidade a proposta deste artigo
quando enuncia: “O registro contábil da receita e da despesa”. Isso porque o art. 88 da Lei
deixa claro que somente as operações financeiras e patrimoniais obrigam-se a realizar por
meio do método das partidas dobradas suas escriturações. Por exclusão, tanto o orçamento
quanto o compensado podem usar outro critério. Portanto, este artigo, ao estabelecer “registro
contábil”, não pode estar referindo-se ao orçamento, pois este não necessita de tratamento
pelo método contábil imposto pela Lei. Assim, o registro contábil da receita e da despesa, que
devem ser feitos de acordo com as especificações do orçamento, referem-se à sua execução.
Implicitamente, também, determinam-se as especificações e a forma de contabilizar essas
duas operações, de acordo com a execução do orçamento. À exceção do art. 36, que
estabelece a forma de contabilizar as despesas ao final do exercício financeiro, os demais
registros da despesa devem ocorrer de acordo com a execução do orçamento ─ quando um
empenho for pago, registra-se este fato. A receita, a qual só pode ser recebida depois de
aprovado o orçamento (ver art. 51), deve ser contabilizada em conformidade com a execução
do orçamento da despesa. Ou seja, toda vez que ele for executado necessita de escriturar no
sistema financeiro essa operação. Por exemplo:
Operações:
173
C 1.1.1.1.02.001 Banco do Brasil 50.000
Trata-se de realizar a escrituração contábil na forma como a LOA for executada, assim como
os créditos adicionais abertos durante o exercício financeiro. Observa-se que esse dispositivo
tem duas características gerenciais relacionadas à fiscalização. A primeira diz respeito ao
orçamento, o qual é apresentado de uma determinada forma, porém a Contabilidade, em
alguns casos, em face da escrituração adotada, demonstra outra. Em termos gerenciais, há um
prejuízo enorme, em face das dificuldades que se apresentam no caso de descumprimento
deste dispositivo ou quando há necessidade de correlacionarem-se os dados fornecidos pela
Contabilidade com os provenientes do orçamento, tanto no encerramento do exercício quanto
em qualquer momento quando se tornarem necessários. A segunda refere-se à dificuldade que
os órgãos de fiscalização irão encontrar para realizar comparações e outros mecanismos
próprios de fiscalização para chegar a determinado resultado que lhes permitam formar um
juízo sobre as contas do Estado.
A escrituração contábil de acordo com a elaboração do orçamento tem outro objetivo de igual
importância, se não maior: dar cumprimento, de forma detalhada ― stricto sensu ―, ao
princípio da universalidade.
É neste dispositivo que a Lei estabelece a forma de escrituração das receitas e das despesas.
Depois de o orçamento aprovado ─ princípio da legalidade ─, fica autorizado também o
recebimento, salvo as exceções estabelecidas no art. 51, das receitas e suas respectivas
escriturações, bem como as despesas quando realizadas em estrita observância ao que
prescreve este artigo, em combinação com o art. 58 desta Lei. Trata-se de um regime próprio
estabelecido pela Lei.
174
12.14 Dívida flutuante
O Estado possui dois tipos de dívidas: aquelas cujo pagamento independe do orçamento,
representadas pela dívida flutuante, tratada neste artigo, também denominada de “passivo
financeiro”; e aquelas cujo pagamento depende de autorização orçamentária, e são
escrituradas no passivo permanente. A dívida flutuante, então, compreende:
Restos a pagar
Por força do art. 36 da Lei, os restos a pagar representam os empenhos não pagos em 31 de
dezembro, sejam liquidados ou não. São processados aqueles que independem do implemento
de condições, enquanto os demais são considerados restos a pagar não processados. Deste
grupo, o fato curioso são os restos a pagar não processados inscritos como divida flutuante,
embora o Estado não esteja devendo. Trata-se de uma obrigação criada para dar cumprimento
ao princípio da anualidade. Esses restos a pagar trazem graves prejuízos à Contabilidade, que
registra uma obrigação sem que o Estado esteja devendo. Não é à toa que o empenho cria
uma obrigação de pagamento pendente ou não do implemento de condições. Por outro
lado, permite que o orçamento possa ser executado no exercício financeiro quando estas
obrigações comprometem as receitas arrecadadas, não permitindo que elas passem para o
exercício seguinte na forma de superávit financeiro.
São também empenhos não pagos em 31 de dezembro cujas obrigações são escrituradas nas
contas do passivo financeiro. Os registros contábeis nessas contas representam o principal e
os juros da dívida. Estas obrigações de pagamento figuram separadas dos restos a pagar por
exigência dos legisladores, que na época entenderam tratar-se de uma obrigação a que se deve
dar maior destaque.
Depósitos
175
realizar. Estas retenções são descontos que, normalmente, ocorrem na folha de pagamento e
aguardam a data constante do ajuste feito com o consignatário ou determinam em norma para
se promover o recolhimento ao interessado. Por exemplo: INSS retido na fonte, Imposto sobre
a Renda Retido na Fonte, Consignações Diversas e outros descontos, ou entrada de recursos
congêneres.
Débito de tesouraria
Esta obrigação financeira representa empréstimos realizados pelo Estado para cobrir
insuficiência de caixa, ou seja, compromissos assumidos pelo Estado e que deixaram de ser
honrados em face de as expectativas de receitas terem sido frustradas. Esta operação é
conhecida por operações de crédito por antecipação de receita (ARO). Esta modalidade de
empréstimos não deve ser confundida com outros empréstimos que se destinam a financiar as
despesas orçamentárias, como é o caso das operações de créditos. Enquanto estas representam
receitas orçamentárias, aquelas são apenas entradas que se destinam aos pagamentos
assumidos e que se encontram pendentes de recursos financeiros para sua liquidação. São,
portanto, apenas obrigações financeiras cujo pagamento do principal independe de
autorização legislativa – orçamento ─, mas os juros e outros encargos correrão à conta do
orçamento.
Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência
de caixa durante o exercício financeiro e cumprirão as exigências mencionadas no art. 32 e
mais as seguintes:
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de
dezembro de cada ano;
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da
operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier
a esta substituir;
IV - estará proibida:
176
§ 1o As operações de que trata esse artigo não serão computadas para efeito do que dispõe o
inciso III do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no inciso II
do caput.
Art. 93. Todas as operações que resultem débitos e créditos de natureza financeira, não
compreendida na execução orçamentária, serão também objeto de registro, individuação e
controle contábil.
A Lei, por meio deste artigo, trata de estabelecer que tanto os créditos quanto os débitos de
natureza financeira que também não sejam oriundos da execução orçamentária devem ser
escriturados e de forma individuada.
Os créditos e os débitos ocorrem também sem que o orçamento seja executado. Os débitos
surgem com a saída regular ou irregular de dinheiro do caixa do Estado sem o empenho da
despesa. É o caso de qualquer pagamento de obrigação com terceiros realizado sem o
empenho da despesa e que, em razão dessa irregularidade, e atendendo ao que determina o 60
desta Lei e o Decreto-lei n. 200/67 nesses casos, inscreve-se o ordenador de despesa como
responsável. Por exemplo:
177
b) desfalque no valor de R$10.000 (dez mil reais) do Banco do Brasil; e
Há que realizar, neste instante, uma avaliação, aliás, pouco praticada. E quando praticada,
porém, de extrema necessidade, pois, somente assim a Contabilidade estará evidenciando os
fatos realmente ocorridos.
Como o desfalque ou desvio gera uma sindicância ou tomada de contas especial (TCE), se o
valor for reposto, no prazo de 120 (cento e vinte dias), suspende-se a TCE, se tiver sido
instaurada e toma das providencias emanadas da sindicância. Caso o pagamento não seja feito
a TCE deverá ser encaminhada do Tribunal de Contas para julgamento. Caso a TCE tenha
indiciado alguém, esse somente passa a ser responsável depois do julgamento. Posto isso, a
Contabilidade deve esperar pelo julgamento realizar a inscrição acusado como devedor da
entidade. O indiciado não pode figurar no balanço como devedor da entidade, antes da
decisão final Tribunal de Contas que é o órgão responsável pelo julgamento das contas.
Assim, quando o processo for encaminhado ao Tribunal, deverá proceder contabilmente da
seguinte forma;
178
c) suponha, no entanto, que o responsável pelo pagamento
sem empenho, justificou sua iniciativa e a administração autorizou a
regularização, acatando o pagamento como despesa da entidade
Caso não tivesse ocorrido o pagamento, a baixa ocorreria da mesma forma e, em seguida,
escritura-se este valor no compensado, onde ficaria aguardando o julgamento do Tribunal,
pois este procedimento ─ pagamento sem empenho ─ requer a abertura de TCE, para apurar a
responsabilidade. Portanto, os procedimentos são idênticos ao do desfalque.
Enquanto o processo tramita no Tribunal de Contas e não se tem uma posição definitiva,
mantêm-se essa escrituração, para ambos os casos.
179
12.16 Registro analítico dos bens permanentes
Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter permanente, com indicação
dos elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um deles e dos agentes
responsáveis pela sua guarda e administração.
O registro dos bens de caráter permanente é feito no ativo permanente, porém pelo seu total,
com as características mencionadas anteriormente e respeitados os desdobramentos feitos
nesse item pelo orçamento. O registro a que se refere o artigo trata-se de um controle à parte,
normalmente efetuado pelo órgão responsável pelo patrimônio. A Contabilidade registra o
valor de cada grande grupo em que esses bens formam, e o setor responsável pelo patrimônio
encarrega-se de controlar os demais itens que o dispositivo exige, especialmente,
encarregando-se de manter arquivado o termo de responsabilidade assinado pelo responsável,
para fins de inventários periódicos.
A exigência do artigo vem estabelecer a forma como esses bens devem ser controlados. Ao
final de todo o exercício financeiro, é feito o inventário, cujos valores desse documento
devem representar, em seu total, a importância escriturada na Contabilidade. Qualquer
diferença que porventura surja entre o valor contábil e o inventário é levada ao conhecimento
do agente responsável, para que tome as providências no sentido de recompor o erário, no
caso de diferença para menos. Caso não o faça, é motivo suficiente para a abertura de uma
tomada de contas especial, a qual deverá apurar o nome do agente responsável e o montante
da dívida.
Quando a diferença é para mais, diz-se que há uma superveniência ativa. Esses bens devem
ser avaliados por uma comissão designada pela autoridade competente, a qual emitirá um
laudo, que servirá de base para a escrituração dessa diferença.
Art. 95. A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.
180
Esses inventários são elaborados no final do exercício financeiro para compor a prestação de
contas do Estado. Faz parte de uma relação de exigências que compõem a prestação de contas,
em face do que dispõe a legislação que versa sobre o tema.
Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis imóveis terá por base o inventário
analítico de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração sintética na
contabilidade
Este dispositivo vem complementar o que foi comentado nos artigos que a esse antecederam.
Assim, um órgão específico encarrega-se de efetuar o controle analítico, de manter arquivado
e em condições de prestar contas os termos de responsabilidade dos bens que estão sob a
guarda dos agentes públicos e de exercer os demais controles inerentes à guarda desses bens.
O somatório de todos os bens deve-se confrontar com o valor registrado na Contabilidade.
Como menciona o artigo, esse confronto deve ser efetuado toda vez que houver o inventário
desses bens, o que normalmente acontece ao final do exercício financeiro, quando é elaborada
a prestação de contas. Deve apresentar um valor que corresponda ao que está escriturado na
contabilidade. Caso haja diferença, procede-se como foi mencionado anteriormente, ou seja,
na forma estabelecida pelo art. 78 desta Lei. Aliás, a abertura de uma tomada de contas
especial pode ocorrer a qualquer momento, quando a autoridade competente, no exercício de
suas atribuições, detecta irregularidades em relação aos bens do erário, obedecendo sempre à
lei que lhe faculta esse ato (princípio da legalidade).
Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedores, far-se-á registro contábil
das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua efetivação.
O teor do dispositivo deixa a impressão que os registros das receitas patrimoniais são feitos
apenas para atender às finalidades orçamentárias. O artigo merece, como se pode constatar,
uma redação mais objetiva e simples.
181
Vê-se que há a determinação do registro contábil das receitas patrimoniais e dos devedores.
Para fins de orçamento, determina a Lei que os devedores de qualquer ente da Federação
serão inscritos no cadastro de devedores, como contrapartida de uma conta de resultado
patrimonial. Esse registro serve de informação para que esses direitos sejam previstos nas
receitas orçamentárias a título de Outras Receitas Correntes.
Os devedores de que trata este artigo são aqueles inscritos na dívida ativa. A fiscalização da
efetivação da receita ocorre em razão de ser esta uma função do Estado. Esse procedimento
está voltado para as metas de receitas previstas para o exercício financeiro, pois a inscrição da
dívida permite que a autoridade responsável pela elaboração do orçamento lance neste
documento esses créditos a título de receita prevista, as quais, se se realizarem, serão
direcionadas aos pagamentos das despesas fixadas no orçamento. Daí a necessidade de se
fiscalizar sua efetivação para evitar o malogro da previsão e, em conseqüência, as
adversidades que surgem em razão desse fato.
Este dispositivo refere-se aos empréstimos feitos pelo Estado para atender a obras e serviços
cujo superávit do orçamento corrente não apresente resultado suficiente para cobrir as
transações de capital que as autoridades julgam inadiáveis.
São considerados de longo prazo porque a amortização só ocorrerá depois de um ano ou mais
de sua contratação. Embora o artigo não seja preciso quanto à data para início da contagem do
prazo, por analogia, deve ocorrer na forma contratada. Pois a classificação das contas nos
182
grandes grupos do balanço patrimonial ─ no caso, o passivo permanente ─ leva em
consideração não o exercício financeiro em que ocorrerá o pagamento ou seu início, mas o
fato de se tratar de uma obrigação cuja liquidação ocorrerá por meio de autorização legislativa
– orçamento ─ ou não.
Há certa controvérsia quanto à classificação das dívidas do Estado. Verifica-se uma tendência
por parte de certos teóricos de que o passivo permanente, talvez pela própria nomenclatura ―
permanente ―, seja destinado ao registro contábil somente de obrigações de longo prazo, na
forma conceituada neste artigo, incorrendo, assim, em grande equívoco.
[...]
Vê-se, portanto, que a característica principal para o registro contábil de uma operação neste
grupo é a forma como ocorrerá sua liquidação ou resgate. As obrigações inscritas neste grupo
são todas obrigatoriamente resgatadas ou amortizadas somente com autorização legislativa.
Outras obrigações classificadas neste grupo têm o mesmo tratamento, por exemplo:
precatórios, restos a pagar processados cancelados, dívida de exercícios findos e outras do
gênero. É comum, porém, verificar entes da Federação cancelando restos a pagar processado
183
que ainda não foram prescritos, persistindo, portanto, a dívida, sem efetuar sua escrituração
nesse passivo.
Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que
permitem verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os
respectivos serviços de amortização e juros.
A amortização e os juros pagos são informações que constam da execução orçamentária, e não
nos balanços. Consta também da prestação de contas anual, em documento específico
elaborado para esse fim, quando a legislação do Estado faz esta exigência. Nada impede,
porém, que a amortização e os juros constem do balanço patrimonial. Porém, caso seja de
interesse do Estado, esse controle deve ser feito no ativo compensado. Com esses dois
controles, essas informações ficam disponíveis para serem usadas a qualquer momento.
Quando o parágrafo enfatiza a necessidade de se ter uma posição da dívida e o montante dos
juros e da amortização, nota-se que se torna necessário alterar a forma de apresentação da
dívida de longo prazo.
Com o avento da LRF, a leitura que deve ser feita deste artigo é a seguinte:
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das
obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos,
convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo
superior a doze meses;
II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União,
inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios;
184
de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e
outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;
Todas as dívidas cuja quitação dependa de autorização legislativa ─ orçamento ─ devem ser
escrituradas no passivo financeiro, sem exceção. Acerca da escrituração a LRF estabelece:
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das
contas públicas observará as seguintes:
185
modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo
menos, a natureza e o tipo de credor;
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão
central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art.
67.
Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como empresa
pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos,
ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeira comum.
O artigo determina que a estrutura da Contabilidade Pública deve ser implantada de forma a
permitir, além dos registros normais nos sistemas ─ orçamentário, financeiro e patrimonial ─,
já conhecidos, o montante dos custos e demais elementos que o compõem, quando a entidade
tiver a incumbência também de realizar serviços industriais. Ou seja, o artigo estabelece que a
Contabilidade deve-se estruturar para, além fazer os registros normais da execução
orçamentária, quando houver necessidade evidenciar também os custos dos bens produzidos,
se for o caso.
Não oferece dificuldade a exigência deste dispositivo, pois a Contabilidade Pública em si não
é que vai inibir o cumprimento desta exigência, mas sim a estrutura do plano de contas, o
qual, ao ser elaborado, deve prever esta possibilidade, evidentemente, quando houver a
perspectiva de o Estado vir a executar atividades voltadas para os custos de produção de bens.
186
resultados dividem-se em (ver Anexo 15 da Lei):
Resultado orçamentário
Resultado extra-orçamentário
a) variações ativas e passivas que independem da execução orçamentária;
b) superveniências ativas e passivas; e
e) insubsistência ativa e passiva.
A insubsistência refere-se a uma ou mais contas do ativo ou passivo que, por determinada
razão, não poderão mais subsistir. Serão ativas quando sua baixa ocorrer em contrapartida de
uma conta do grupo “variações ativas” ─ portanto, aumentam a situação líquida patrimonial.
Quando a contrapartida for uma variação passiva, a situação líquida patrimonial será
187
diminuída.
Do teor deste artigo serão estudados apenas os balanços e a demonstração das variações
patrimoniais, em face da própria expressão desses documentos, pois se constituem nas
principais fontes de informação do patrimônio de qualquer ente da Federação. Ademais, com
o advento da LRF, embora essas demonstrações tenham recebidas pequenas alterações, suas
essenciais foram mantidas.
188
confronto com as realizadas.
16
O déficit de previsão deve representar o superávit financeiro, se houver. Tem como limite máximo o valor do
superávit.
189
Receita Tributária Pessoal e Encargos
800 -800
Receita de Juros da Dívida
Contribuição -0- -0-
Receita Patrimonial Outras despesas
Correntes 100 -100
Despesas de
Capital
Receita Investimento
Agropecuária 200 -200
Receita Industrial Operações de
Crédito -0- -0-
Receita de serviço 1.000 1.100 100 Alienação de Bens
-0- -0-
Receita de Amortização de
Transferência Empréstimos -0- -0-
Outras Receitas Transferências de
Correntes Capital
Receita de Capital Outras Receitas de
Capital -0- -0-
SOMA 1.000 1.100 100 SOMA 1.200 1.200 -0-
DÉFICITS 200 100 -100 SUPERÁVITS
TOTAL 1.200 1.200 -0- TOTAL
1.200 1.200 -0-
Receitas executadas
Despesas executadas
Déficit de execução
É representado pela diferença, a menos, entre as receitas e as despesas executadas. Esse foi de
R$100 (cem reais) e encontra-se na coluna de execução da receita.
Superávit de execução
Déficit de previsão
190
É representado pela diferença, a menos, entre a receita prevista e a despesa fixada, e apenas
pelo superávit financeiro, ou parte dele, o qual é apurado no balanço patrimonial do exercício
anterior. Este valor não integra a previsão, pois se refere ao recurso já arrecadado. Neste
balanço, este déficit é de R$200. Observa-se que somente o recurso do superávit financeiro,
quando financia a abertura de crédito, pode ser considerado déficit de previsão, em face da
impossibilidade de previsão, pelos motivos já mencionados.
Superávit de fixação
É, pois, representado pela diferença a mais do valor fixado em relação à receita prevista.
Neste balanço, não houve o superávit de fixação, pois o valor total fixado foi de R$1.200 (um
mil e duzentos reais). Portanto, menor que a previsão da receita, mas o que ocorreu foi o
déficit de previsão.
Economia orçamentária
É representada pelos saldos de dotações. Neste balanço, é o valor que aparece na última
coluna, do lado das despesas. Não houve economia orçamentária; ou seja, todo o valor fixado
foi comprometido. Caso viesse a existir, seria localizada na última coluna das despesas
denominada diferença e no total.
191
Diferença entre previsão e execução da receita
O déficit de fixação, muito difícil de ocorrer, dá-se quando as despesas fixadas são menores
que as receitas previstas. O superávit de execução existirá quando as receitas executadas
superam as despesas executadas. Vê-se, portanto, que são situações diferentes, pois enquanto
o primeiro trata de limitar o que se pode aplicar no decorrer do exercício financeiro, o
segundo informa o que foi aplicado nesse exercício financeiro. Da mesma forma, a subtração
entre esses dois vai mostrar a economia orçamentária.
Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias, bem como
os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos
em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício
192
seguinte.
Receita orçamentária
Despesas orçamentárias
193
Despesas extra-orçamentárias
São os saldos dos bens numerários – disponível − que vieram do exercício anterior ao que está
sendo encerrado.
Representam os bens numerários classificados no grupo disponível e que devem passar para o
exercício seguinte.
Este balanço está dividido em três grandes grupos. Na sua parte superior, estão as receitas,
que devem ser apresentadas em nível de fonte, e as despesas, cuja apresentação é em nível de
função, segundo o Anexo 14 da Lei n. 4.320/64. Dependendo da necessidade gerencial, e não
havendo impedimento dos órgãos fiscalizadores, no lugar da função utiliza-se, por exemplo,
categoria de gasto, a exemplo da União. Lembre-se, no entanto, que a Lei sempre deverá ser
atendida, caso haja exigência de órgãos interessados, o que aparentemente não deve existir,
pois na prestação de contas segue uma demonstração das despesas executadas por função e
subfunção.
194
inscrições feitas no passivo financeiro. Quanto ao ativo financeiro, a inscrição ocorre na
coluna da despesa e a baixa, na coluna da receita, por exemplo:
As disponibilidades que vêm do exercício anterior devem figurar do lado das receitas,
enquanto que as disponibilidades que passam para o próximo exercício figuram do lado das
despesas.
195
Outras Receitas Correntes
Receita de Capital
EXTRA-ORÇAMENTÁRIA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA
Restos a Pagar Restos a Pagar
Serviço da Dívida a Pagar Serviço da Dívida a Pagar
Depósitos Depósitos
Débito de Tesouraria Débito de Tesouraria
REALIZÁVEL REALIZÁVEL
......................................... .........................................
SALDO DO EXERCÍCIO SALDO DO EXERCÍCIO ANTERIOR
ANTERIOR
Disponível Disponível
Esta demonstração é elaborada para compor a prestação de contas, uma exigência da Lei n.
4.320/64 (ver art. 101), que procura demonstrar o comportamento das contas de resultado, ao
final do exercício financeiro, e, conseqüentemente, o resultado patrimonial do período.
196
A demonstração das variações patrimoniais engloba todas as contas de resultado, as quais são
apresentadas de forma ordenada, em face do que estabelece a Lei. Nessa demonstração, pela
ordem, as contas de receitas e despesas financeiras, porém de mutação, é que afetam a
situação líquida.
197
Esses dois grandes grupos subdividem-se em:
Neste exemplo, tem-se uma conta de resultado – despesa –, que é negativa, e uma conta de
resultado – variações ativas –, que é positiva. Assim, em termos de resultado patrimonial, não
há variações, pois houve uma compensação. O que ocorreu foi um fato permutativo. Em
conseqüência, há uma mutação ativa.
198
Ainda no grupo resultante da execução orçamentário, têm-se fatos modificativos. Por
exemplo:
Pela imobilização
D/C CÓDIGO DENOMINAÇÕES VALOR
D 1.3.1.01.001 Bens Móveis para Escritório 5.000
C 6.1.2.01.003 Doação de Bens Moeis 5.000
199
13.5 Balanço Patrimonial
O balanço patrimonial, ao contrário dos outros balanços, contém contas dos sistemas:
a) financeiro;
b) patrimonial; e
c) compensado.
Pode-se observar, com nitidez, a separação dos sistemas no citado balanço. Assim, o ativo
financeiro e o passivo financeiro pertencem ao sistema financeiro. Enquanto: o ativo
permanente, o patrimônio, o passivo permanente, ao sistema patrimonial; e o compensado, ao
sistema de compensação.
Ativo financeiro
Como preceitua este parágrafo dos neste grupo às disponibilidades e os créditos realizáveis no
exercício seguinte, desde que financeiros; ou seja, operações realizadas sem cobertura
orçamentária, devem ser escrituradas neste grupo.
A inclusão do grupo realizável neste ativo deve-se à forma de sua contabilização no caso do
recebimento. Essa escrituração é feita a débito de uma conta do disponível ─ portanto, sem
executar o orçamento. Outro motivo é a saída de recursos do caixa do Estado sem o respectivo
empenho da despesa. Neste caso, o registro contábil deve-se realizar com o registro do
200
ordenador como responsável ─ Decreto-lei n. 200/67 ─, até que o tribunal ultime o
responsável, por meio dos procedimentos legais já comentados. Em resumo, se um recurso
ingressa no caixa do Estado como receita orçamentária, sua saída só estará correta, se
efetuada por meio do orçamento ─ despesa orçamentária.
Uma das razões da inclusão das contas do grupo realizável na apuração do superávit
financeiro relaciona-se à forma de contabilização do seu recebimento, ao qual se adiciona o
período em que este ocorrerá ─ de 1º de janeiro a 31 de dezembro do exercício financeiro ao
qual se refere o orçamento em execução ─, pois se espera que este recebimento ocorra nesse
período.
Noutra vertente, qualquer registro nesse grupo trata-se de uma operação estritamente
financeira e, portanto, comporta somente contas do sistema financeiro: ativo financeiro,
passivo financeiro, receita e despesa. Qualquer outro meio utilizado para o registro nesse
grupo no qual se faça uso de outras contas que não pertençam aos mencionados grupos
demonstra um equívoco contábil que necessita ser revisto.
O parágrafo acrescenta ainda a conta “valores” como componente desse grupo. Neste caso, o
equívoco é da Lei. Qualquer valor ao ser movimentado gera uma execução no orçamento, à
exceção dos documentos que comprovam sua propriedade, e estes não têm características que
possam permitir sua classificação no ativo e passivo financeiro. O Anexo 14 da Lei ─ balanço
patrimonial ─ vem corroborar nesse sentido, pois não apresenta nenhuma conta de “valores”
no ativo financeiro nem no passivo financeiro. Assim, os bens escriturados na conta “valores”
só encontram amparo no ativo permanente, assunto do próximo parágrafo.
Se os valores (ações, apólices, debêntures, títulos da dívida pública etc.) forem realizados,
ocorrerá, conseqüentemente, o ingresso das receitas orçamentárias provenientes dessas
vendas, o que obriga sua classificação no ativo financeiro por definição, como foi
mencionado.
A classificação do grupo “valores” no ativo permanente encontra amparo, pois, como foi
exposto, quando há a realização de qualquer item deste grupo (alienação) ocorre
concomitantemente a execução do orçamento, pela entrada no caixa do Estado das receitas
provenientes desta venda.
201
As inscrições são feitas no realizável que representam as saídas de recursos sem o empenho
da despesa, quando a baixa de der pelo não recebimento, a escrituração também se realiza em
contrapartida da despesa orçamentária. Caso contrário, as despesas não irão representar a
realidade dos recursos do caixa. O exemplo a seguir não deixa dúvidas quanto ao modo
correto de dar baixa nos créditos inscritos no realizável quando não ocorre o recebimento,
pois o recebimento, como já foi mencionado, escritura-se a débito de uma conta do
disponível.
202
Bancos 10.200
Soma do Ativo Real
10.200 10.700
SALDO PATRIMONIAL
Passivo Descoberto 500
TOTAL GERAL
10.700 TOTAL GERAL 10.700
Observa-se que a baixa a débito das variações patrimoniais refletiu de forma negativa no
patrimônio e na composição do superávit financeiro, pois esse, que era de zero, passou para
um déficit de R$500.
Com esse resultado, confirma-se a assertiva já mencionada nos comentários deste parágrafo,
ou seja: todo recurso que ingressar na Contabilidade Pública a título de receita orçamentária,
sua saída deve-se efetuar somente por meio da execução do orçamento ─ despesas
orçamentária.
Ativo permanente
Assim, para se realizar a escrituração da baixa de bens, créditos e valores neste grupo, é
necessário que a operação contábil seja amparada por lei.
203
Aos comentários sobre este parágrafo devem ser acrescentados de apenas três itens de grande
importância:
A título de exemplo, apresenta-se a escrituração da compra de 100 (cem) mesas, ao preço total
de R$10.000 (dez mil reais).
204
C 2.9.1.01.003 Dotação Executada 10.000
Este procedimento trata-se da escrituração dos bens adquiridos para o ativo permanente, os
quais são imobilizados diretamente sem passar pelo almoxarifado. O teor do parágrafo, no
entanto, trata de estabelecer que a movimentação desses bens − ou seja, a sua desincorporação
− só deve ocorrer se houver lei que a autorize. Há bens que necessitam de lei anterior à do
orçamento e outros em que a própria lei de orçamento é o instituto hábil para esse fim − por
exemplo, alienações de bens móveis.
O estoque de material de consumo não foge a essa regra, embora esta conta não conste do
Anexo 14 da Lei, pois não se previu a necessidade de estocar bens de consumo por ocasião do
advento desta Lei. A venda desses bens, no entanto, seja qual for o motivo, dependerá de lei.
Essa autorização pode ser a própria Lei de Orçamento, ao fazer a previsão da receita de
alienação de material de consumo.
Passivo financeiro
Em outras palavras, o parágrafo enfatiza que o pagamento das contas deste grupo deve-se
realizar sem autorização orçamentária. Isso não se confunde, em nenhum momento, com
outras movimentações que terminam por executar o orçamento, como acontece quando se
coloca em prática o que determina o art. 38 da Lei. Este artigo determina também que as
despesas não pagas e que forem canceladas em exercício posterior ao de sua realização devem
ser registradas contabilmente a título de receita ─ por exemplo, o cancelamento de R$2.000
(dois mil reais) de restos a pagar processados:
205
C 4.1.9.00.000 Outras Receitas Correntes 2.000
Nesse caso, o parágrafo é claro; o que independe de orçamento é o pagamento, pois, como
ficou demonstrado, o cancelamento executa o orçamento vigente.
Passivo permanente
Houve preocupação excessiva da parte de muitos com a dívida fundada, em face da sua
definição, ou seja, da obrigação de longo prazo, cuja classificação deve-se realizar no passivo
permanente. A forma como se usa este grupo do balaço patrimonial mostra que sua
dificuldade de interpretação − ou seja, compreender quais são as operações que devem ser
classificadas neste grupo. A título de exemplo, nos balanços patrimoniais apurados pelos
Municípios, Estados e o Distrito Federal, pode-se constatar que a maioria não fazia essas
escriturações, omitindo-se operações como: precatórios, despesa do mês de dezembro
referente à pessoal que sequer foi empenhada, restos a pagar cancelado e não prescrito, e
despesas a serem pagas na forma do art. 37 da Lei, deixando de escriturar operações relativas
ao passivo permanente, fato que pode ser considerado de grande repercussão, em face dos
seus valores e da própria informação em si.
Considera-se que, a dívida fundada contribuiu para o entendimento equivocado desse passivo.
O art. 98 da Lei, sobre esta dívida, prescreve: “A dívida fundada compreende os componentes
de exigibilidade superior a doze meses, contraído para atender a desequilíbrio orçamentário
ou a financiamento de obras e serviços”.
206
Diante do teor do texto, observa-se que, aparentemente, houve um entendimento generalizado
de que esses tipos de obrigações poderiam ser classificados no passivo permanente, mesmo
porque o Anexo 14 não ajuda o suficiente para que se tenha outra interpretação.
Em outra acepção, caso esse instituto não seja interpretado juntamente com os objetivos do
orçamento em si, torna-se difícil concluir que determinadas operações devem ser classificadas
neste grupo do balanço patrimonial.
A definição dada pela Lei ao passivo permanente, como já foi mencionado, ultrapassa os
meandros de qualquer discussão, devendo-se escriturar no passivo permanente as dívidas
fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para sua amortização e resgate,
ou seja, aquelas que dependem do empenho e da liquidação para se processar o pagamento ou
sua inscrição em restos a pagar.
Todos os itens
D/C CÓDIGO NOME DA CONTA Valor
D 5.1.1.01.009 Inscrição de Restos a Pagar Processado não Prescrito 5.000
D 5.1.2.05.000 Inscrição de Precatórios de Pessoal 200.000
D 5.1.2.01.000 Inscrição de Obrigações de Exercícios Pretéritos 10.000
D 5.1.2.01.001 Inscrição de Dívida com Pessoal 100.000
207
Total Independente da Execução orçamentária 315.000
C 2.2.4.01.000 Restos a Pagar Processado não prescrito 5.000
C 2.2.3.01.001 Precatórios a Pagar de Pessoal 200.000
C 2.2.4.01.000 Obrigações de Restos a Pagar Cancelados não Prescritos 10.000
C 2.2.2.01.000 Despesa com Pessoal de Exercícios Pretéritos 100.000
C TOTAL 315.000
Trata-se de uma simples operação matemática. Converte-se o valor da dívida na moeda à qual
está vinculada. No final do exercício financeiro, multiplica-se o valor da quantidade de moeda
estrangeira obtida por ocasião da conversão pela nova cotação dessa moeda.
DENOMINAÇÃO VALORES
O preço médio ponderado das compras é o que considera o preço unitário ponderado do bem.
Isto ocorre, pois em cada compra o preço unitário do bem varia. O preço unitário é obtido
208
dividindo o valor da compra pelo número de itens dela constante. Esse procedimento deve ser
repetido toda vez que se realiza uma compra. O preço médio é o montante das compras
dividido pelo número de itens.
O exemplo a seguir demonstra como funciona esse controle na forma estabelecida nesse
inciso.
MATERIAL DE CONSUMO: X
MÉTODO: CUSTO MÉDIO PONDERADO
ENTRADA SAÍDA TOTAL
DATA Q PU CT Q PU CT Q PU CT RESÍDUO
2/1/2005 10 4,00 40,00 10 4,00 40,00
10/1/2005 20 5,00 100,00 30 4,66 140,00
25/1/2005 15 4,66 69,90 15 4,66 69,90 0,1
27/1/2005 15 4,66 69,90 0 4,66 69,90 0,2
CUSTO DOS MATERIAIS 139,80
REQUISITADOS
RESÍDUOS 0,20
CUSTO TOTAL 140,00
Fonte: Autor
Legenda:
Q = quantidade
PU = preço unitário
CT = custo total
O resíduo deve ser contabilizado a débito do custo total. Por exemplo:
Este parágrafo não define em que documento deve aparecer o valor dos créditos e débitos em
moeda estrangeira e em moeda nacional. Mas, numa análise ampla desta Lei, conclui-se que
209
se trata de um documento específico. O balanço patrimonial, que poderia ser usado para esse
fim, não é o documento apropriado, assim como nos demais balanços e na demonstração das
variações patrimoniais. Essa possibilidade não aparece no Anexo 14 da Lei. Daí a opção pela
demonstração específica.
Estabelece o § 2º que os valores resultantes dos débitos e créditos deverão ser levados à conta
patrimonial. Com efeito, se existem ganhos ou perdas, ambas têm de refletir no patrimônio
(ver art. 106 desta Lei), pois esses resultados, tanto positivos quanto negativos, representam
variações da situação líquida. Devem, portanto, ser representados por contas específicas e de
resultado.
O § 3º cuida de estabelecer quais são os bens que, a critério da autoridade, poderão ser
reavaliados. Diz-se a critério da autoridade em face de o parágrafo ser apenas autorizativo.
Em relação aos bens imóveis, no entanto, deve-se, pelo menos, de quatro em quatro anos,
proceder à reavaliação. Esse período foi escolhido em decorrência do entendimento contido
na Resolução n. 1.004/04 do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que regulamenta esta
matéria no âmbito da Contabilidade Privada.
A reavaliação não se confunde com a correção monetária nem com a depreciação de nenhum
bem. Estas duas últimas obedecem a um índice previamente estabelecido pelo governo, o
qual, em determinado momento, pode ou não se aproximar do preço de mercado. A
reavaliação, noutra linha, trata-se de um procedimento mais próximo da realidade, pois mostra
o preço que se pratica no mercado no momento de sua realização. Este parágrafo, portanto,
permite que se faça a reavaliação tanto dos bens móveis quanto dos bens imóveis. Porém, não
obriga. A reavaliação dos bens imóveis de quatro em quatro anos seria uma ótima iniciativa.
Para a realização da reavaliação, basta que a autoridade competente nomeie uma comissão
compostas, no mínimo, por três técnicos que possuam pleno conhecimento da matéria. Ao
final do trabalho desta comissão, emite-se o laudo, o qual será usado na escrituração dos
valores que possivelmente tenham se alterado tanto para mais quanto para menos. Caso não
disponha desses servidores, deve contratar uma empresa especializada para tal fim. Esse
procedimento aplica-se tão-somente à Contabilidade Pública. No caso da Contabilidade
Privada, torna-se necessário contratar empresas especialistas nesse assunto.
210
14 CONTABILIDADE PÚBLICA
Este artigo e seu parágrafo único foram alterados pelo Decreto-lei n. 20067 e totalmente
revogados com a promulgação da Constituição de 1988.
O dispositivo que aboliu o artigo em estudo e seu parágrafo único é o inciso I do § 5º do art.
165 da Constituição, que estabelece:
I - o orçamento fiscal referente aos Poderes da União, seus fundos, órgãos e entidades
da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público;
211
II - o orçamento de investimento das empresas em que a União, direta ou indiretamente,
detenha a maioria do capital social com direito a voto;
Percebe-se que o inciso I do art. 165 da Constituição Federal determina a inclusão das
autarquias e das fundações no orçamento geral do Estado, na condição de unidade
orçamentária, até mesmo as empresas públicas, estas somente quanto ao orçamento de
investimento.
inciso I deste artigo determinava a inclusão dos órgãos da Administração Indireta pelo saldo
positivo antes da Constituição de 1988, o que caracterizava um procedimento correto. Porém,
com a reformulação do orçamento, determinada pelo inciso I, § 5º, do art. 165 da Constituição
Federal de 1988, os procedimentos foram alterados. As entidades da Administração Indireta
agora têm de encaminhar seu orçamento, da mesma forma que os demais órgãos. Passaram,
assim, todos esses órgãos a se constituírem também numa unidade orçamentária, tornando,
dessa forma, o orçamento destas entidades transparentes, o que não acontecia antes do
advento da Constituição Federal de 1988, quando seus orçamentos eram aprovados por
decreto. Ao inciso II deve ser dispensado o mesmo tratamento dado ao inciso I, em face da
mencionada legislação.
212
§ 2º As previsões para depreciação serão computadas para efeito de apuração do saldo
líquido das mencionadas entidades.
Faz uma importante imposição o § 1º ao determinar aos entes da Federação, em relação às
despesas e às receitas, que realizem suas despesas de capital por intermédio de entidades
vinculadas. Para isso, elas receberão esses recursos a título de transferências de capital,
enquanto que o ente que faz a transferência terá de registrar esses recursos como despesas de
capital ─ transferências intragovernamentais.
Contabilmente, tem-se:
Pelo pagamento
D/C CÓDIGO CONTAS VALOR
D 3.4.4.00.000 Transferências de Capital 10.000
C 1.1.1.02.001 Bancos do Brasil 10.000
A depreciação é outro item de grande importância para o controle dos bens do Estado, porém,
não é adotada por muitos entes da Federação. Por não existir nenhuma repercussão financeira
e pelo desinteresse da alta administração, esse procedimento é simplesmente uma questão que
não goza de nenhum tipo de prioridade pelas autoridades de gestão.
213
verdadeiro. No momento, é necessário analisar os benefícios da depreciação para sua
implantação, ou não.
Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades compreendidas no artigo 107 serão
publicados como complemento dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal a que sejam vinculados.
Trata-se de outro dispositivo revogado pela Constituição de 1988. Os orçamentos são,
atualmente, publicados, normalmente, juntamente com as demais unidades orçamentárias.
Quanto aos balanços, há a publicação dos órgãos da Administração Direta em separado dos
balanços dos órgãos da Administração Indireta. Juntamente com a prestação de contas da
Administração Direta, em alguns estados, municípios e no Distrito Federal, é comum
encaminhar o balanço consolidado – todos os órgãos da Administração Direta e Indireta ─,
porém cada ente da Federação deve proceder na forma da Lei que estabelece a composição da
prestação de contas.
Ocorre que em alguns entes da Federação não é comum a publicação da prestação de contas –
as principais demonstrações ─ nem no próprio diário que publica os atos da Administração,
num flagrante descumprimento ao princípio da publicidade (art. 37 da CF).
Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já referidas obedecerão aos padrões e
normas instituídos por esta lei, ajustados às respectivas peculiaridades.
Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os balanços serão remetidos ao
órgão central de contabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
Federal, para fins de incorporação dos resultados, salvo disposição legal em contrário.
Trata-se de um artigo parcialmente extinto. Quanto aos padrões para os balanços, ocorreram
poucas mudanças. Em relação ao orçamento, porém, muda quase tudo. Assim, a legislação
que dá sustentação às exigências deste artigo pode ser encontrada de forma pulverizada, ou
seja: Constituição de 1988, Lei de Responsabilidade Fiscal, Decreto-lei n. 20067, Lei n.
4.32064 e portarias diversas do Ministério da Fazenda e do Ministério de Planejamento e
Gestão Orçamentária.
15 DISPOSIÇÕES FINAIS
214
15.1 Do conselho técnico de economia e finanças
Os prazos e a forma do teor deste artigo agora são estabelecidos pela LRF, a qual dispõe:
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das
contas públicas observará as seguintes:
215
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos
financeiros e orçamentários específicos;
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão
central de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art.
67.
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação,
nacional e por esfera de , das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e
a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos nesse artigo impedirá, até que a situação seja
regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias e contrate operações
de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida
mobiliária.
Seção III
Art. 52. O relatório a que se refere o § 3 o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os
Poderes e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de cada
bimestre e composto de:
216
II - demonstrativos da execução das:
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os
pagamentos realizados e o montante a pagar.
II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores
públicos;
I - da limitação de empenho;
217
O que escapa aos mencionados dispositivos está na legislação mencionada no artigo anterior.
Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, o Conselho Técnico de
Economia e Finanças do Ministério da Fazenda atenderá a consultas, coligirá elementos,
promoverá o intercâmbio de dados informativos, expedirá recomendações técnicas,
quando solicitadas, e atualizará sempre que julgar conveniente, os anexos que integram a
presente lei.
Parágrafo único. Para os fins previstos nesse artigo, poderão ser promovidas, quando
necessário, conferências ou reuniões técnicas, com a participação de representantes das
entidades abrangidas por estas normas.
Este artigo faz referência a um órgão extinto há muito tempo. Atualmente, as orientações
sobre orçamento são obtidas do órgão nomeado para este fim, o qual atualmente pertence à
estrutura do Ministério do Planejamento e Gestão Orçamentário. Os assuntos relacionados à
Contabilidade são obtidos do órgão próprio nomeado para este fim, vinculado ao do
Ministério da Fazenda.
Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1 de janeiro de 1964.
Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário.
Brasília, 17 de março de 1964; 143º da Independência e 76º da República.
Nas leis brasileiras, é usual mencionar o que é revogado pelo novo instituto que entra em
vigor. Este costume, porém, não se fez presente nesta Lei, deixando com isso uma grande
lacuna, que dificulta o trabalho de todos que se utilizam desta legislação. Trata-se, portanto,
de uma falha de grande repercussão, pois não se sabe a que pretexto o legislador remeteu aos
usuários desta Lei a responsabilidade de descobrir o que foi revogado.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final deste trabalho, pode-se afirmar que a jornada mais longa e perigosa resumia-se à
decisão de realizar ou não a caminhada. Pensa-se nos vários obstáculos que deverão ser
transpostos, nos vários rios que deverão ser atravessados e, principalmente, nas condições, em
sentido amplo, do desafiante. Este, por sua vez, não deixa de se comparar com os que se
propuseram a trilhar o mesmo caminho, e sente-se mais distante ainda ante a possibilidade,
pois aqueles que serviram de norte para sua preparação tornaram-se as primeiras vítimas das
novidades propostas para a realização desse feito.
O tempo passa, e a idéia continua a ganhar força. No início, era uma pequena divergência
entre os artigos. 37 e 60 da Lei n. 4.320/64 que aventou essa possibilidade. Depois, veio um
entendimento mais eloqüente, e isso ocorreu quando se estudava o artigo. 58 da Lei,
218
especialmente quanto à sua definição, ao estabelecer: “O empenho de despesa é o ato
emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento
pendente ou não de implemento de condição”.
A curiosidade ficou ainda mais aguçada ao evidenciar-se que nenhuma das obras consultadas
respondia a esta questão, e o relacionamento dela com os restos a pagar era uma realidade a
toda prova.
Começou, então, o desenvolvimento deste trabalho que ora se encerra sendo acrescidos outros
estudos que constam da Apresentação.
O receio do enfrentamento sempre foi um empecilho à realização desta obra. Isso porque as
inovações opunham-se a J. Teixeira Machado Jr. e Heraldo da Costa Reis, a quem o autor tem
o maior apreço, pois foi por intermédio desses dois talentos que começou a dar seus primeiros
passos na Contabilidade Pública e continua aprendendo com eles até a presente data. A
realidade dos fatos, porém, falou com maior profundidade e fez com que a temeridade inicial
terminasse com essa realidade que se espera alcançar juntamente com a expectativa de
muitos.
O progresso está no debate, e não no esquecimento de descobertas que podem mudar os fatos.
A aceitação é outro grande elemento que há muito não se vê nos meios literários. Há, ainda,
aqueles que nem querem mostrar até onde vai o seu conhecimento sobre determinada cultura.
O exemplo consta desta obra. Aguarda-se que alguém se disponha a debater as novidades aqui
apresentadas abertamente ou, pelo menos, realizar uma análise e mencionar o que pensa dos
propósitos presentes nesta obra. Errar faz parte do contexto; o que não faz parte é a omissão
de um pensamento.
Esta obra foi elaborada com o intuito de levar ao conhecimento público as novas propostas de
interpretação para alguns institutos e acender o debate sobre o tema. Jamais houve a intenção
de provocar a realidade que impera há mais de quatro décadas, mas sim mostrar que nada está
219
pronto e acabado. Daí os motivos que levaram os estudiosos a considerar que até mesmo a
ciência é falível.
2006
O Autor
220
I ANEXO
221
BRASIL. Decreto n. 4.536, de 26 de janeiro de 1933. Código de contabilidade
pública.
GLEISER, Marcelo. A dança do universo: dos mitos da criação ao big bang. São
Paulo: Companhia da Letras, 1997.
222
MENDES, Gilmar Ferreira & FORTES JÚNIO, Nestor José. Manual de redação da
Presidência da República. 2. ed. rev atual. Brasília: Presidência da República,
2002.
223
1.2 Plano de contas
O plano de contas usado nesta obra foi idealizado a partir do plano de contas único da União.
Em razão dos objetivos desse livro, procurou-se simplificá-lo, ao máximo, para facilitar a
assimilação, principalmente, para aqueles pouco familiarizados com a Contabilidade Pública.
Daí algumas pequenas alterações que foram introduzidas nesse documento. A essência, no
entanto, permanece.
224
1.1.2.02.001 J. da Silva a
1.1.2.99.000 Créditos Diversos a Receber s
1.1.2.99.001 Convênio a Receber do GDF a
1.1.3.00.000 Créditos a Receber TIPO SALDO SISTEMA
ATIVO PERMANENTE OU NÃO FINANCEIRO
1.1.3.01.000 Créditos Tributários Inscritos na Dívida Ativa s
1.1.3.02.000 Dívida Ativa s
1.1.3.02.001 Créditos de Natureza Tributária a
1.1.3.01.002 Créditos de Natureza não Tributária a
1.1.3.02.000 Adiantamentos s
1.1.3.02.001 13 Salário a
1.1.3.03.000 Créditos de Convênios s
1.1.3.03.001 Convênio com o GDF a
1.1.3.99.000 Outros Créditos s
1.1.4.00.000 Estoques s
1.1.4.01.000 Almoxarifado s
1.1.4.01.001 Material de Consumo a
1.1.4.02.000 Mercadorias a
1.1.4.02.001 Mercadorias para revenda a
1.1.4.03.000 Material Permanente s
1.1.4.03.001 Bens Móveis a
1.1.4.04.000 Matéria Prima s
1.1.4.04.001 Material Direto a
1.1.5.00.000 Valores s
1.1.6.00.00 Direitos s
1.2.0.00.000 INVESTIMENTOS s
1.2.1.00.000 Participação Societária s
1.2.1.01.000 Participação – Equivalência Patrimonial S
1.2.1.01.001 Serpro A
1.3.0.00.000 IMOBILIZADO S
1.3.1.00.000 Bens Móveis e Imóveis S
1.3.1.01.000 Bens Móveis S
1.3.1.01.001 Móveis e Utensílios para Escritório A
1.3.1.02.000 Equipamentos para Escritório S
1.3.1.03.001 Computadores A
1.3.1.04.000 Bens Imóveis S
1.3.1.05.000 Veículos e Equipamentos para Veículos S
1.3.1.05.001 Veículos A
1.3.1.06.000 Semoventes S
1.3.1.06.001 Semoventes A
1.4.0.00.000 DIFERIDO S
1.9.0.00.000 ATIVO COMPENSADO S
1.9.1.00.00 Receita Orçamentária S
1.9.1.01.000 Receita Prevista S
1.9.1.01.001 Receita a Realizar A
1.9.1.02.000 Receita Arrecadação A
1.9.1.02.001 Receita Recebida A
1.9.2.00.000 Despesa Orçamentária S
1.9.2.01.000 Créditos Adicionais S
1.9.2.01.001 Créditos Suplementares A
1.9.2.01.002 Créditos Especiais A
1.9.2.01.003 Créditos Extraordinários A
1.9.9.00.000 COMPENSAÇÕES ATIVAS DIVERSAS S
1.9.9.01.000 Contratos de Alugueis com Terceiros S
225
1.9.9.02.001 Contratos de Consultoria com Terceiros S
1.9.9.02.001 Consultoria e Contabilidade Ltda. A
1.9.9.03.000 Contratos de Operações de Crédito Externas S
1.9.9.02.001 FMI A
1.9.9.03.000 Danos ao Erário
j 1.9.9.03.001 Processos em Julfamento
2.0.0.00.000 Passivo Financeiro ou Circulante S
2.1.0.00.000 Passivo Financeiro S
2.1.1.00.000 Restos a Pagar
2.1.1.01.000 Restos a Pagar Processados
2.1.1.01.001 J. da Silva
2.1.1.02.000 Restos a Pagar não Processados
2.1.1.02.001 J.da Silva
2.1.2.03.000 Serviço da Dívida a Pagar
2.1.3.04.000 Provisão para Restos a Pagar não Processados − Retificadora D A P
2.1.3.00.000 Depósitos
2.1.3.01.000 Retenções
2.1.3.02.000 Cauções e Garantias
2.1.3.99.000 Outros Depósitos
2.1.3.99.001 Saldo de Convênio a Recolher
2.1.4.00.000 Débito de Tesouraria
2.1.5.00.000 Obrigações por Empenho
2.1.5.01.000 Credores a Pagar
2.1.5.01.001 J. da Silva
2.2.0.00.000 PASSIVO PERMANENTE
2.2.1.00.000 Empréstimos e Financiamentos
2.2.1.01.000 Internos
2.2.1.02.000 Externos
2.2.1.02.001 FMI
2.2.2.00.000 Obrigações do Exercício Pendentes
2.2.2.01.000 Despesas com Pessoal de Exercícios Pretéritos
2.2.2.01.001 J. da Silva
2.2.2.01.002 J. da Silva
2.2.2.01.003 13 Salário
2.2.3.00.000 Precatórios a Pagar
2.2.3.01.000 Precatórios a Pagar de Pessoal
2.2.3.01.000 Precatórios de Terceiros
2.2.4.00.000 Obrigações de Despesa de Exercícios Anteriores
2.2.4.01.000 Restos a Pagar Processados Cancelados
2.2.4.01.000 Obrigações de Exercícios Pretéritos não Prescritos
2.2.5.00.000 Obrigações por Convênio
2.9.1.00.000 Previsão Orçamentária
2.9.1.01.000 Previsão inicial para o Exercício Financeiro
2.9.1.01.001 Previsão Inicial da Receita
2.9.1.02.000 Previsão Adicional
2.9.1.02.001 Previsão Adicional para o Exercício Financeiro
2.9.2.00.000 Créditos Orçamentários
2.9.2.01.000 Créditos do Exercício Financeiro
2.9.2.01.001 Dotação Disponível
2.9.2.01.002 Dotação Empenhada
2.9.2.01.003 Dotação Executada
2.9.9.00.000 COMPENSAÇÕES PASSIVAS DIVERSAS
2.9.9.01.000 Direitos por Contratos
2.9.9.01.001 Contrato de Alugueis
226
2.9.9.03.000 Direitos e Obrigações Contratados
3.0.0.00.000 DESPESA D
3.3.0.00.000 Despesas Correntes D
3.3.1.00.000 Despesa de Pessoal D
3.3.1.01.000 Pessoal Civil D
3.3.1.01.001 Despesas Fixas D
3.3.1.02.000 Pessoal Militar D
3.3.2.00.000 Juros e Encargos da Dívida
3.3.3.00.000 Outras Despesas Correntes
3.4.0.00.000 Despesas de Capital D
3.4.1.00.000 Investimentos
3.4.2.00.000 Inversões Financeiras
3.4.3.00.000 Amortização da Dívida
3.4.4.00.000 Transferências de Capital
4.0.0.00.000 RECEITAS
4.1.0.00.000 Receitas Correntes
4.1.1.00.000 Tributos
4.1.1.01.000 Imposto
4.1.1.02.000 Contribuições de Melhoria
4.1.1.03.000 Taxas
4.1.2.00.000 Receita de Contribuição
4.1.3.00.000 Receita Patrimonial
4.1.4.00.000 Receita Agropecuária
4.1.5.00.000 Receita Industrial
4.1.6.00.000 Receita de Serviços
4.1.7.00.000 Transferências Correntes
4.1.9.00.000 Outras Receitas Correntes
4.2.0.00.000 Receitas de Capital
4.2.1.00.000 Operações de Crédito
4.2.1.01.000 Internas
4.2.1.02.000 Externas
4.2.2.00.000 Alienação de Bens
4.2.3.00.000 Amortização de Empréstimos
4.2.4.00.000 Transferências de Capital
5.0.0.00.000 CONTAS DE RESULTADO NEGATIVAS
5.1.0.00.000 Variações Passivas
5.1.1.00.000 Resultado Orçamentário
5.1.1.01.000 Mutação Patrimonial
5.1.1.01.001 Cobrança da Dívida Ativa
5.1.1.01.002 Alienação de Bens Móveis
5.1.1.01.003 Alienação de Bens Imóveis
5.1.1.01.004 Alienação de Bens de Natureza Industrial
5.1.1.01.005 Alienação de Títulos e Valores
5.1.1.01.006 Empréstimos Tomados
5.1.1.01.007 Recebimento de Créditos
5.1.1.01.008 Inscrição de restos a Pagar Processados
5.1.2.00.000 RESULTADO EXTRA-ORÇAMENTÁRIO
5.1.2.01.000 Inscrição de Obrigações de Exercícios Pretéritos
5.1.2.01.001 Inscrição de Dívida com Pessoal
5.1.2.01.002 Inscrição de Dívidas de Terceiros
5.1.2.01.003 Provisão para Restos a Pagar não Processado
5.1.2.02.000 Semoventes
5.1.2.02.001 Baixa pela Interrupção da Vida Animal
5.1.2.03.000 Encampação de Dívida Ativa
227
5.1.2.03.001 Baixa da Dívida Ativa pelo Recebimento
5.1.2.03.002 Baixa de Créditos Incobráveis
5.1.2.04.000 Baixa de Bens
5.1.2.04.001 Requisição de Material de Consumo
5.1.2.04.000 Baixa de Valores
5.1.2.04.001 Baixa de Ações
5.1.2.04.002 Baixa de Debêntures
5.1.2.05.000 Precatórios
5.1.2.05.001 Inscrição da de Precatórios
5.1.2.05.000 Participações
5.1.2.05.001 Baixa de Debenturistas
5.1.2.99.00O Outras Baixas
5.1.2.99.001 Dívidas Perdoadas
6.0.0.00.000 CONTAS DE RESULTADO POSITIVA
6.1.0.00.000 Variações Ativas
6.1.1.00.000 Resultado Orçamentário
6.1.1.01.000 Mutações Patrimoniais
6.1.1.01.001 Aquisição de Equipamentos e Material Permanente
6.1.1.01.002 Aquisição de Obras e Instalações
6.1.1.01.003 Aquisição de Material. de Consumo para Estoque
6.1.1.01.004 Aquisição de Bens de Informática
6.1.1.01.005 Aquisição de Matéria Prima
6.1.2.00.000 Resultado extra-orçamentário
6.1.2.01.000 Inscrição de Dívidas Ativa
6.1.2.01.001 Inscrição da Dívida Ativa Tributária
6.1.2.01.002 Inscrição de Créditos de Convênio
6.1.2.01.003 Doação de Bens Móveis
6.1.2.02.000 Semoventes
6.1.2..02.001 Inscrição de Semoventes por Nascimento
6.1.2.02.002 Inscrição de Semovente por Aquisição
6.1.3.03.000 Encampação de Passiva
6.1.3.04.000 Valorização de Investimentos
Existem duas formas de prestação de contas para as empresas públicas: a daquelas que não
recebem recursos do Orçamento Geral da União (OGU); e daquelas que recebem. Para estas,
a Lei estabelece uma relação de balanços e de demonstrações que devem compor sua
prestação de contas; para aquelas, estabelece outra.
228