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FREIRE, Paulo. A sociedade brasileira em transição.

A relação do homem com o mundo se distingue das relações que os animais


estabelecem com o mundo. São relações que o “homem trava no mundo com o mundo”
(FREIRE, p. 39) e se reveste de pluralidade devido aos vários desafios que partem do
seu contexto.

Neste processo o homem faz captação dos dados objetivos da sua realidade e os
apreende de forma crítica e “por isso reflexiva e não reflexa”. P. 40.

Somente o homem é capaz de transcender. Essa transcendência é a capacidade de


distinguir o eu do não eu e da capacidade que o homem tem de se perceber como
homem inacabado “[...] consciência que tem desta finitude”. P.40. Ao se perceber como
homem inacabado, este vai buscar na religião a sua plenitude ao se ligar ao seu criador,
“daí que a Religião- religare”.

Temporalidade: O homem tem como característica que o diferencia dos outros animais a
capacidade de transcender, perceber um ontem, hoje a amanhã. Os animais não possuem
historicidade. Seu tempo é unidimensional. Não possuem consciência do tempo. O
homem é capaz de emergir no tempo p. 41

O homem não se reduz apenas a uma dimensão: ou biológica ou cultural. Não é um


simples expectador. Ele modifica a realidade. “Herdando a experiência adquirida,
criando e recriando, integrando-se às condições de seu contexto, respondendo a seus
desafios, objetivando-se a si próprio, discernindo, transcendendo, lança-se o homem
num domínio que lhe é exclusivo- o da História e o da Cultura”. P. 41

Porém, a integração no seu contexto não é feito pela “simples adaptação, acomodação
ou ajustamento”. 41

No contrário de acomodação está a integração. A liberdade é essencial para que o


homem se integre ao seu contexto. “Por isso, toda vez que se suprime a liberdade, fica
ele um ser miramente ajustado ou acomodado”. P. 42

Os contatos da esfera animal produzem respostas reflexas que resulta em acomodação.


Os contatos das relações, por outro lado, produzem respostas reflexivas que levam a
integração. A grande luta do homem é para “superar os fatores que o fazem acomodado
ou ajustado”. “É a luta pela sua humanização” constantemente ameaça pela opressão.
P.42

O homem torna seu mundo dinâmico com os atos de criação, recriação e decisão. Ele
vai se “conformando as épocas históricas”, principalmente, quando se apropria de seus
“temas fundamentais”. 43

O homem moderno está “dominado pelas forças dos mitos e comandado pela
publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem o
saber, à sua capacidade de decidir”. As “tarefas de seu tempo” são transmitidas por um
elite “que as interpreta e lhas integra em forma de receita de prescrição a ser seguida”. E
dessa forma, o homem “afoga-se no anonimato nivelador da massificação”. “Coisifica-
se”. 43

“Ajusta-se ao mandado de autoridades anônimas e adota um eu que não lhe pertence”.


43

“Por isso, desde já, salienta-se a necessidade de uma permanente atitude crítica”. 44

“Esta por outro lado, se realiza à proporção em que seus temas são captados e suas
tarefas resolvidas”. 44

“Sua humanização ou desumanização, sua afirmação como sujeito ou sua minimização


como, dependem , em grande parte, de sua captação ou não desses temais”. 44

“Exatamente porque, só na medida em que se prepare para esta captação, é que poderá
interferi, ao invés de ser simples expectador, acomodado às prescrições alheias que
dolorosamente, ainda julga serem opções suas”. 44

Percebe-se que o homem está deixando-se ser esmagado pela forças dos mitos criados
por “forças sociais poderosas”. E dessa forma, temem a “convivência autêntica”,
inclinando-se para um “espirito gregário”. 44

A sociedade está passando por mudanças acelerados (fase de trânsito) e passa a exigir
do homem um espírito mais flexível, “funções cada vez mais intelectuais e cada vez
menos instintivas e emocionais”. Somente dessa forma o homem pode perceber “as
fortes contradições que se aprofundam com o choque entre valores emergentes”. 45

A passagem de uma época a outra é marcada pelo esvaziamento de seus temas e a


emergência de novos temas. É indispensável que o homem esteja integrado no seu
contexto para que possa apreender os mistérios das mudanças. 46

Como o homem torna-se integrado? Através da apropriação dos “temas fundamentais” e


das “Tarefas” de sua época.

O que impede? As forças dos mitos, a publicidade ideológica e a elite. Esta reinterpreta
os temas fundamentais e o transmite para o povo.

Através da reflexão e da atitude crítica o homem humaniza-se.

“Tempo de trânsito”: sociedade em busca de novos temas e tarefas. A passagem de uma


sociedade fechada, reflexa para uma sociedade aberta e reflexiva.

Sociedade aberta: visão nova, democrática, participação popular e liberdade.

Sociedade Fechada: a economia é comandada por um mercado externo, exportação de


matéria prima, antidialogal, precária e com altos índices de analfabetismo.
Forças:

 Reacionárias
 Progressistas

Opção:

 Radical: Dialoga, respeita e não acomodada.


 Sectária: Reacionária, direitista, anticomunicativa, não respeita, fanática,
ativista, ação reflexa

Violência: Atribuída ao homem radical pela elite. O opressor define o que é violência e
atribui ao oprimido quando este procura recuperar a sua humanidade. O oprimido
aprende a violência com o opressor.

Homem- Consciência

 Transitivo: Apreensão dos temas e tarefas de sua época.


 Intrasitivas: Limitação da sua esfera de apreensão

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