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Junguiana PSICOPATOLOGIA DAS RELAGOES ASSIMETRICAS Traci Galigs* Com relagtio a compreensio psicodindmica do adoecer psiquico, penso termos no refe- rencial junguiano um campo rico que se presta 8 investigagao, Parece-me Gti que pox dentro da patologia 0 maior nimero de variiveis. Na psicologia ‘simos analitica, Jung desereve bem tanto os comple- os maternos como gativos, 0 que at io, no entinto, as vezes fica meio. vaga Acredito que uma semiologia arquetipica mais pode nox levar a uma melhor com- “Mos positivos © Ne= muito. sa compreen= preensto psicopataldgica © portant s conde ss mis efetivas tas tera As observagdes que farei nica € as reflexdes, do referencial da psicolo- 10 tiradas € ‘giv analtica, Infelizmente, a objetividade re- ‘qucrida parce tomar o testo algo drido, exi- sincko muito eslorgo, soft ps pari quem K ecto, mas peco paciéncia ao leitor: jure escreve, Aproximagées conceltiais ch. imevie idkas pelos arquétipos parents. > ele rekagies ‘asics pa, Mets an fonder a SPA tticas entre 0 Bu ¢ © Outro, funcionando um como mais ativo-doador e @ outro como mais passivo-receptor. (© arquétipo da Grande Mae estrutunt nossa conscléncia mediante dois papéis, a que chamo M ¢ Fm. O papel M, papel “mic” tivo-doacor, 0 ‘ou mauiarcal adulto, € © papel Fm, filo-do-m ceptor. © arquétipo do Pai estrutura também nossa consciéncia mediante dois papéis, a que chamo P e Fp. O papel P, papel "pai ou p= triarcal adulto, € 6 ativordoador. O papel Fp, iarcal, & 0 passiv fitho-clo-patriareal, Bsses quatro papéis, presentes em tod personalidade, seja na do homem, seja na da mulher, slo importantes papéis relacionais, individuaglo, esses pa o passivo-recepion ho dlrante tock pals estaro se esti nossa vida, £ fundamental, para uma persona- lidade adulta, que sejam proporcionalmente imétricos, numa imagem como nossos bracos perma, Com at ativagio dos arquétipas do animus para a mulher e da anima para 0 homem, s interagao Eu-Outro tender a ser simétrica € dlialética, que esse funcionamento seja 3 shave: relagies assimétricas, semiologia, psicopatalogia, arquétipos parentais, panéis, M-Fm, cirouito da Grande Mae, papéis P-Fp, cireulto da arquétina do Pal. Patavt Janguinna possivel, & funclamental que os quatro papéis citacos ~ M-Fin ¢ P-Fp = esiejam em simetria dialetica enwe s , senilo a persor dicari*, por assim dizer, cada vez. que neces- sitar usar um deles Veriho me referindo a esses pap tigos anteriores, porém neste quero me deter 1a relacio entre eles e observar como a com plicagdo de cada um reflete sobre a persona- lidade como um todo. Por ser o ser humano gregitio, esses pa- péis serio, como dissemos, importantes na re~ lagio Eu-Outro, No entanto, como slo estruc turas em cada um, sio muito importantes para a telagio Eu-Oulto intrapsiquico, ou seja, para a relagio cgo-Self de cada um de nés. Os papéis F (Fm ¢ Fp), sejam do universo dx Grancle Mae, sejam do arquétipo do Pai, s80 também importantes na nossa aprendize gem, © scus distirbios tenclem a atrapalhé-ta Arquétipo da Grande Mae Esse arquétipo, responsével pela nutrigao fertlidade, esirutura nossa consciéncia, como jé dissemos, mediante dois papéis = Fm © M-, tanto na mulher oémo no homem, £ responsivel pela nossa capaci dade e necessidade, portanto, de dar-receber carinho, cuidado, protegao, aconchego, aten- Glo as necessidades basiens proprias e do Gutra Towne, siciedhide, sede, Trio, sono, confono, xixi, coed, excitagio sensual e se- xual, etc). f responsével pela nossa necessi- dade € possibilidade de proximidade Eu- lle Outro, concretude, sensu: Existe unia profunda sabedoria ‘natural esse arquétipo, com discriminacao propria, com grande uso das fungées intuigo © sen- ~ timento, O pensamento a sensagio tam- bém presentes t@m funcionamento proprio desse arquétipo, caracterizando-se pela pro- ximidade dos opostos, como o que Jung chama “pensamento um" em Simbolos da transformagao. & cheio de fantasias, tem um io rico, fértil. Préximo A natureza, imaginds 114 tem com elt muita intimidade. Enfimn, tantos excelentes autores ja falirum desse Lipo que mio me parece neces gar sua descrigio. Pensando nessa estruturagio mediante dois papéis, podemos ver na rela ‘que, enquanto em um se estrutura © papel Fm, no outro se estrutura © papel M. Se tor ‘masmos, por éxemplo, uma crianga ¢ o adulto que dela cuida_maternaimente (mie, p: substtutos, etc), énquanto ma erianga esti se Bu-Outro esiruturando o papel Fa, no adulio esti se € truturando © papel M. ‘Com 0 tempo, a crianga vai integrando a sua consciéncia esses cuidados recebidos como aprendizagem, © que faz com que nel vit se estruturando © papel M. Ou seja de infclo, alguém dé a crianga sua papinha, seu binho, woca-the ay fraldas, as rouy para dormir, percebe se ela tem sede ou qualquer desconforto, ete., ¢ com isso a crianga vai estruturando seu papel Fm. A medida que vai aprendendo a comer sozinha (dar comida a si mesma), a perce- edad ¢ cuidar ber els: mesma sua fome- i banho 0% dessas sensagdes, a tom nha, tocar de roupa, ir para a cama quando esti com sono, etc., nela estard se estruturando seu papel M, isto 6, a crianga progressiva- ede si meson, cuichindo-se muiternalmente. Ou seja, recebe ¢ aprende pelo papel Fm e, 20 integear esse conhecimento, passa a estru- turar 0 papel M. Assim, © papel Fm “pede” cuidados mater 2S poucos nais ao Outro por largo tempo & a vai *aprendendo” a “pedir” a si mesmo. © papel M doa cuidados a si mesmo por largo tempo e aos poucos vai * aprendendo” a doar 0 Ouro os cuidados maternais, Dessa forma, 6s papeis Fm e M formam no individuo e na relagio com 0 Outro una espécie de circuito 4 que chamei “ciccuito matcarcal’ ‘Ao fazermos a semiologia do arquétipo da Grande Mi parece-me importante que pos Jnnguions samos identificar cada um desses papéis em seu funcionamento, Aliis, Jung fal exats mente em *hipertrofia do elemento materna kif do complexo matemno da filha, fa- zendo al diseriminagdes bastante importantes, quando discute *Os aspectos psicotdgicos do mie” em seu Os arquétipos ¢ 0 inconsclente coletivo. Distingue esse com- plexo materno no filho € na filha, bem como seus laclos positivo € negativo. (© funcionamento de cada apel pode ext kendo de viirias nuineitis. Examinemos essas akteragdes em dois sentidos: quando cada um esti em falta, ou seja, hipotréfico, quando cada um esti em excesso, ou seja, hi= pertritico. is altenigdes poder rentes fatores, como qualquer outra alteraglo de estruturagao da consciéneia. Cada vez que, por diferentes razies, no eixo ego-Self tiver- mos mst simbolica ocorrer por di entrar no campo dt 2 forga desse ego (centro da consciéncia) € a fosca desses simbolos, estes (ou parte desses) tendemto a it para sombra, Dest forma, po- 4 © existir umat desproporgio entre deremos ter no campo da conseiéncie ~escasse7” desses sionholos, Se eles Foren lig arquétipo da Grande Mie, por exem- plo, podemos ter uma hipotrofia de um ou dos dois papéis. Se, por outro lado, 0 ego est ar alguns. simbolos 2), podlemos ter um dos a como que Cabigundo outros & somb dos papéis (ou ambos) hipertrofico, funcio- nando como uma fixacho. Quando falamos em hipo ou hhipertrofia cle tum papel, obviamente estamos nos referindo a uma desproporgio relativa entre eles. 1880 porque se a estruturagio de cada papel pode durar a vida toda, durante todo nosso pro- cesso de individaglo, no pocemos avaliar seu sua forga senio relativamente, naquela personalidude, ditaco popular “sempre & tempo de apren- we eso, Sempre poderemos tamanho", sua consistén« plieitne es lend através clo papel Pim e exer= cendlo esse conhecimento integrado com 0 Eu © com’o Outro através do papel M. Examinemos cada um desses papéis. A. Papel Fm © papel Fm sempre inicia sua estruturagio com © “Outro” (dloador) & se amplia com 0 “Eu” (quando 0 individuo jé "pede" cuidado maternal a si mesmo). Esse proceso dura a vida toda, como ja vimos. Se, por exemplo, jf adultos e capazes de ped cesses cuidados ficarmos doentes ¢ limitads, & através desse papel que pedimos (aceitamos) cuidados a0 Outro, Ou diante de uma apren- dizagem nova do mundo da Grande Mie, 30 aprendermos com o Outro, esse papel Tin es Jo 20 Outro, se estruturando com 0 mos :1-AGS mIESMOS: ref a Outro. Esse papel é responsivel, portanto, por aceitagao de cuidados matemais, pedico des- ses cuidados (a si mesmo e 20 Outro), apres dizado de edo 6 universe da Grande Mae: f © papel que recebe, que nos mantém com cax pacidade lidiea, puer ou puella, E responsi- vel pela nos: espontaneidade, pela nosst humildade em pedir € aprencles, pelt nos *ingenuidade” (Core) necessiria & aprenciza gem do novo, pela nossa curiosidade com « Iago ao vniverso da Grande Mie. Se cle esté funcional, por exemplo, & sempre possivel uprendermos uma nova forma mais ampli- ack, mais sofisticada ou mais alguma coisi Gaudavel, agradavel, pritica, etc) de ct mos de nos mesmos. Por exemplo, nosso ‘odont6logo pode nos ensinar manelras novas de escovar nossos dentes, nosso dermatolo- sista maneiras novas de cuidar de nossa pele, de nossos faneros, etc. & gracas & curiosidade € vontade de’ aprender desse papel que a rmidia, por exemplo, mantém em alta a audi- Encia de programas que ensinam novas recei tas culindrlas, dé novas “dicas’, etc. & um papel de enorme importincia, posto que vai 0 Ouiro) cuidadlos hasicos para nossa sobrevivéneta pedir Go Eu ow 5 aprendermos uma ‘nova forma de ‘cuidarmos de més ‘mesmos. Jurguiane Ao investigarmos © papel fm & importante discriminarmos como ele foi estruturad tanto com relagio & figura feminina (mae ou subs- tituta) como & figura masculina (pai ou subs- cesruturagio norma, ele estar rente Higado a fAguras, ow sejt, a que maternaliza de uma forma femi- nina ¢ a que maternaliza de uma forma mas- culina Nem sempre, porém, encontramos ess si- metcia, As vezes esse mesmo papel estd hipe- restruturado com relagio A figura feminina € hipoestruturado com relagao a figura mascu- Jina, como acontece, por exemplo, com Core fem relagio & sua mae Deméter € a seu pai Zeus, no mito de Deméter-Core-Perséfone, que discuto em meus artigos sobre a mae-co- rua e sobre anorexia. (Calis; 1992 ¢ 1997) Examinemos como tende a flear uma per sonalidade quando esse papel esti alterado para mais ou para menos. tito, Nas simetrica ALL. Papel Fm hipotrofico 0 incividuo com papel Fm hipotrofico cuente, vive um abandono, um desamps Nao sabe receber, nilo sabe pedir. Sente-se re- jeitado, revoltado. Nao sabe brincas, se apro- ximar, se aconchegar. Isola-se, encothe-sc. Com freq riedide imaginando que 0 Outro nunca acerta com ele, nao 0 *advinha”, nao gosta dele, Ao do saber expressar suas necessidades, seus desejos, espera ser “adivinhado", como 0 ebé necessita da empatin materna, Mobitiza no Quito uma inseguranga de nunca saber se esté agradando ou nao. Conforme o grau dessa hipotrofia, ela pode ser somente com relaglo 20 Outro (nao pede a cuidados do Outro) ou até com a8 prOprias persecuto- relagio a si mesmo (no identifi necessidaces, nao "pede" nem a si mesmo). O individuo nfo pode aprender a riqueza, 08 censinamentos do matriarcal. Torna-se as vezes dependente de um Outro que o adivinhe e vi- arie, por assim dizer, seu papel Fm, estabele- 16 ceendo relagdes de fu nbidtieas. Também a criatividade esti afetada pels falta de espontaneidade e bloqueio da curio- sidade, tornando a pessoa como que “tri vada" diante do novo. E feqiiente que se encontrem na hist6ria da pessoa com Fm hipotrdfico dados dobre ter ela recebido dos adultos pouca materna- gem na infincia, por dlferentes razoes. A.2.Papel Pm bipertréfico © individuo com papel Fim hipertrfico s- tabelece dependéncia exagerada do Outro; & mimado, puer (ou puella) aeternus, bierento, narcisista, rente exigente, permanecendo insatisfeito, voraz, Tende a ficar "pendurado* no Outro, & “grudento™. & culpogénico, com freqléacia_responsabili- Yorna-se extrema ssconforto; inte da vida a vs com fregiigns rv voracade Faz com que, Alo A aprendli gem, “engult” muito © conhecimento, 10 o retenha Em st reqilente que encon- tremos didos sobre terem recebidde, ou *regise trado", maternagem inadequada em exagero, superprotegio. 8 histor B Papel Suit esteuturiglo tem inieio com o Ku, ott simpli nat relago eonsigo mesmo, com 0 Outto, £0 papel responsivel pela doa- 20 do matriarcal, ensinamento do mundo da Grande Mie. £ 0 papel que cuida, protege, ampara, contém, carrega, absorve, empatiza a necessidacle tanto pr6pria como do Outro. f © papel da generosidade. © papel M € extemamente importante, pois cud deste das nosis necessid:des bi- sicas de sobrevivéncia (sede, fome, etc.), is de sobrevivendia da necessidades. bist Junguiana nosst especie Gexualidade, ecologis) até dia mais delicadas e as vezes sofisteadas Fors cde aumentar nosso bermestr (fio, calor, con- forto, tao, ete). & 0 responsivel por nos tor nar capazes de, por exemplo, deixar um am- biente acolhedor, aconchegante, bonito; cuida de todos os nossos sentidos: visio (ilumi fo, claro, escuro, cores), olfato (cheios agra- diveis), audigio (ons agradiveld), paladar (comidas gostosas) € tato (macio, fofo, etc.). E, em sentido amplo, o papel gue nos capa- Outro, do ambiente, da natureza, do meio. Possibilita que percebamos a necessidade do Outro (@ a nossa) © possamos atendé-! fome, Itio, sede, conforto, ete. ‘Sua esteuturigio pode se ampliar a vide toda, durunte todo nosso proceso de indivi ta para a maternagem de nés mesmos e do duagio, ¢ seri mobilizado cada vez. que hou- ver A volta uma necessidade (propria ou do Outro) ou um “novo” a ser cuidado, Quando nasce una erianga, por exemple, esse papel amplamente mobilizado nos adultos a volta. Assim, remos uma grande mohitizagio dele quuindo nascem nossos filhos © mais tarde os filhos de nossos fillhos € nos torna- mos avés, ete, © papel que contorna, “alofa", amaci durezas da vida. & 0 papel “Amélia", do mes- tre Ataulfo Alves em sua famosa cangio. Tam- bém € o papel responsivel, em seu lado "es- curo’, como chamou Jung, pela raiva violenta, pela ira, pela explosividade, podendo ser ex- tremamente destrutivo, £ intenso, energético, responsivel tanto pels construgio das coisas, pela vida, como também pela destruigio pela morte, & um papel natural, sendo aquele que, por assim dizer, humaniza © executa Grande Mae e su :xaminemos como tende a ficar uma per fa fungio na vida, sonalidacle quando esse papel est akterado para mais ou para menos. Bt, Pagel M bipotrésfieo [A personalidade com esse problema vende ficar com incapacidade de se dar, abando- rnaclora, Nao percebe as proprias necessiducles € portanto nto se atende, nfo se cuida bem matriaccalmente; no € uma "boa mie" para si mesma, Nao vé a necessidade do Outro (se esti com fome, sede, frio, dor, calor, de al- guma maneira desconfortavel). Pouco empi- rica, rejelta, nfo culda do Ouwo, desconsi- dera, Nao enxenga os animais, as plantas, 0 meio, a natureza. O Ouro se sente rejeitado, desamado, abandonado, desconsiderado. Nao sabe “anfitrionar” © Outro. Fica, por assim dlzer, “seca”, pouco capaz de dar amos, carinho, atengio, aconchego, receptividade, proximidade. Em suas historias encontramos dificuldade em terem recebido (registrado) uma materna gem aclequada, Foram (mediante seu registro) rejeitadas ou As vezes superprotegides de forma negativa, castradora. B.2, Papel M bipertrépfico A personalidade com papel M hipertrafico tende a superproteger © Outro mesma também). -E infantilizadors, mima- deica, Possessiva, € também castradora matri- arcalmente, Narcisogénica, mantém 0 Outro desconfiado, Nao deist que 0 Outro tenha autonomia, porque em seu imaginario ela sempre faz melhor, ou mais bem-feito. Com- pete pela “sabedoria” do matiarcal Fica muito presa em agradar ao Outro, de- pende disso para a autoconfianga. £ generosa. ‘Quando 6 Outro nio se submete a sua exces- siva maternagem, no tolera a frustragio € chantageia afetivamente, pune, castiga, & vin- ‘gativa, priva o Outro de seu afeto. Ea verdadeira mamma, por ficar muito identificada com 0 papel M. Tende a ser agrs- dlavel, porém com o tempo pode se torn st focante e aprisionadora Em suas histOrias encontramos com fre- anéncia dadlos de supesprotecio ou rejeigo ccom formagie reativa superprotetor 17 Janguiens Relagao entre os papéts Fm e M A religiio normal, no indivéduo, en papéts € a constante e bilateral comunicaglo entre eles, formando © circuit matriarcal. Assim: im M HA uma constante troca entre esses papéis, de forma que a necessidade (fome, sede, ete) Ga 1 pelo papel Fm ¢ atendida pelo papel M. Ou, entao, 0 novo aprendido pelo Fm e 0 conhecimento inte- grado pelo M. 1ss0 se passa intrapsiquicamente, bem ‘como na relago Eu-Outro, cada um em dado momento num dos papéis. No entanto, se um dos papéis ou ambos estiverem problematiza- dos, ocorem algumas combinagdes. O mais freqivente acarrete também o distirbio do papel com- neiada 2 conscién jue o dlistrbio de um dos papéis plementar. Examinemes essas combinagoes. C1. Papel Fm bipotréfico com papel M bt. pertrifieo E uma combinaglo, um distirbio encon- tvaclo mais freqUentemente em mulheres que ‘em homens. Provavelmente a cultura tem ba fendmeno. Bs combi- Anes as mulheres & sdcio-sintOniea (a cu ova) € nos homens s6ciodistOnica (a ccultura rejeita). Geralmente delegam 20 Outro seu papel © papel Fim. E, com relagio a esse Outro, exercem compulsivamente seu papel M biipestrofico. Siio gencrosus, $40 as verdadeiras mam- ‘mais superprotetoras. So dominadoras, de- cal, NAO. apret dem 0 novo, jf sabem tudo e sempre o seu fem Fal tentors do saber jelto € 0 melhor, pelo menos em seu ima- ginirio, Nao aceitam ajuda, ninguém faz to bem ou corretamente como elas. Pos- sessivas, tendem a manter © Outro como 18 tum inestpa, um inl, UM ee over 1 hipow6tieo, perens a joviae lidkde, frequentemente em nivel do corpo ficam "matronas". Perdem a flexibilidade, nio se cuidam e no aceitam serem pelo Outro cuidhds. ‘Tendem a obesicde. Ao serem cuidado do compe Outeo, vivem em sobrecarga e adoecem fisica- mente. Mas 0 adoecer, que em parte busca 0 des 0, 0 FepOUSO € 0 ter que aceitar ajdt do Outro, come se Fosse um pedido de so- corre, nem sempre funciona. Adificuldade de aceitar ajuda as leva a colocar defeito em toda ajuda que recebem, 0 que diffculta muito que © proprio pedido seja atendido. Na fami mando matriarcal, que com ninguém. Extemamente controladoras da atividade do Outro, fazem com que ele diante delas se sinta com freqie Vivem reclamando de seu cansaco, da sobre= canga, mas no delegam 0 papel Ma mais ninguém, Queixam-se de serem vitimas da familia, sem perceberem que o so de si mesmuas, AS piadis © chistes sobre incl combinacio. mente 0 exercem possess aceltam dividir cht ineapaz, ‘mde liana” se referem a essa Bastante manipuladoras, que- rem que as coisas do matriarcal funcionem somente a seu modo, Em suas historias, com freqiineia ver se idenuificarim com © que precocement papel da “mae, tendo sido pouco “filhas”. Na andlise, na transféréncia, tentam depositar rno{a) analista © papel Fm ¢ traté-loCa) como flho«a). Dao reecit © reek ‘azem sugestdes de como voce ‘mam muito, deve se sentar, se agasalhar, cuidar da su sade, etc Sto geralmente pesos agridiveis, mas conto tempo mobilizam no anslistt a sense glo de poucs competéne aprisionamento e imobilidade. Se contrat das, ofendem-se mortalmente, deixando no analista a sensagdo de culpa e inadequagio, Sho exttezimente sedutoras ¢ no tornaim pouca potencia, Jangeians dota) analistal Tenclem saralisar HA uma dlficuldade no citcuito matriarcal, va comunicagdo entre os papéis Fm & M: M* Fin 2. Papel Fim hipertréfico e papel M bipotro: Em nossa cultura, essa combinagio € mais racontrada em homens que em mulheres. Nos homens ela 6 s6cio-sintdnica e nas mu- heres sociodistnica Delegam seu papel M_ hipotséfico a0 duto, de quem ficum matriarcalmente de- rendentes, Slo come meninos(as) eter estas), puer aelernus. Egoistas, narcisista, nsatisfeits, vorazes, no véem a necessidade lo Outro, nao swcal- nnente, fieam perdidos. Dependem de que 0 nutro thes satisfga os muitos desejos, mas ra- mente resulta bem como queriam, sibem se euidr mat Se casados, com freqiiéncia demandam Ie esposa seja part cles uma mie, que Nio sabem escolher roupa para se vestir, nem onde se guard io incapazes de prepararem sur co anida ou mesmo as vezes de fazer © proprio pata, Chegam a chamar a esposa de “mac € lustificam que é por causa das eriangas! Aliés, & freqilemte que o homem deste sgeupo C2 fazendo ai um casal simbiético com papéis wes delegados um 20 Outro, tormando-se um vinculo de acomodagio, ‘com pouca vitalidade, sem espaco para o en- sontro animus-anima do casal, como diz Nainer Vargas (1995) em su wese Terapia ce casais uma visdo simbética-arquetipica da leles cuide como t ease com muther do grupo Cl vomplement conjugalidade Na familia, x20 pidonchos, reclamo raueles para qu esti bastante bom, vomo se todos Ihe devessem, Competem com m nach oss flios pet mae, Na andlise, na transferéncia, tentam clepo- sitar noG) analista © papel M ¢ se compor como filhos mimados, Birrentos, ciumentos, ‘am demandam atengo € cuidados 0 tempo tod, Por outro laclo, como filhos, sabem sedis, porém exigem que o(@) analista se comporte como mae Em suas historias, tiveram (registraramn) uma maternagem inadequada, geralmente su perprotetora e castradora mattiarcalmente, & como se toda @ aprendizagem que tém pelo papel Fm nfo se transformasse no conheci- ‘mento integrado do papel M. Hé um bloqueio na passagem de Fm para M; 0 circuito matriar cal esti interrompido em: Fm + M G3. Papel For bipotrdfico e papel M bipo- wroftco # uma combinagio bem menos frequente, aparecendo em patologias mais graves. , a meu ver, © néicleo da problematica da anore- xia nervosa, mais frequente em mulheres que em homens. Ba faléncia do pessoa se enclausura, perde a capacidade de se ligar matriarcalmete a0 Outro. Nao se cuicht nem aceita ser pelo Outro culdads, Delegs ambos os papéis a0 Outro € nilo interaye. Perde a capacidade de dar como também a de reeeber, tanto refed watriareal, desastrosa. ‘Ouro. (© campo do arquétipo de Grande Mae na consciéncia fica invadido por outros arquéti- pos, geralmente pelo arquétipo do Pai. A pes- soa torna-se rigida, seca, afetivamente fria, lima a0 contato, rejeitadora, ff distante, di como se estivesse em outro munclo, Existe nesses quadros 0 que chamo de “persefonizagio da libido" em meu artigo sobre anorexia nervosa. Galiés, 1997) E como se © papel Fim se desligasse do Outro ¢ no pudesse ainda se ligar ao Ev, por estar o papel M hipotofico, Ambos, portanto, fe hipots6ficos, ndo-funcionais. 119 ‘Sao egoistas, narcisistas, Insaistetas & vorazes. Jangeiss A abordagem analitica nessa patologia é bastante difietl, posto que na transferé Jo matriareal com ofa) analist ‘mente sombria, inconseiente, A contratransle- ade a ser dle impoténcia, as vezes de raiva, de dis anciamento vingativo, de sejeiga0 como ressonfincia dos aspectos rejetadores dao) cliente. As vezes também hé o(8) an lista que fidar com suki eontratransferénecia de querer fazer pelo cliente’, como por exem- plo angustiar-se por ele. Como a patologia é bastante séria, podendo levar até A morte, 2 suntstin cea) necessiria uma enorme paciéncia ¢ nenhum apressamento, Na familia, essas personalidades tomam-se tiranas, Ao nao se cuidarem quanto a necessi- les bisicas (fome, por exemplo) € nio wos do Outeo, gerim enorme angGstia na familia ¢ nido se impostam com isso, A afligo do Outro por ela nao a toca, aparentemente, F uma combinaglo tansitéria, porque in- compativel com a sobrevivéncia, € costuma parecer como grandes crises de identicade, lista costuma ser grande, aecitarem ui desencadleadas na adolescéncia Nas historias de individuos acometidos por est patologit & freqdiente encontia dados de terem recebido (registrade) um maternagem inadequada, superprotegilo su- mos: focamte e/ou rejeigho, interagio familiar pro- lematizada e muita complicagio com pai © mnie, bem como na relagio conjugal dos pais F freqiente que encontremos dados que aponter para distirbio da relagdo primal, como fala Neumann (1976) em The child, ou it dificuldades com « diferenciagao do ni cleo gliscocirio, no dizer de Bleger (1977) em Simbiose e ambigitidade C4.Papel Fm bipertréfico e papel M biper- trifico Nessa com! cals por exceléncia \gradiveis, atentas As neces nagilo, as pessoas so matriar- Geralmente bastante les dos ou- 120 wos, por outro lado pedem ow solicitam lacles muito, Se, a0 tentarem suprir as necessi dle unt Outro, nfo t&m recursos, no hesitam ‘em pedir m. O di- seo popular “fazer bonito com o chapé plicase a esse tipo de combinayio our pessoas que 0 fig alhieio" nente Reneros:s, € Ness Ke- nerosidade solicitam (© as vezes decretamD que © Outro também o seja, Mas fazem tudo 0 seu proprio modo, Sua caructeristica de ser agradivel cans © Outro com o tempo. Tor ites, Des nese invasivay,Kaeis © sen lil volvem uma espécie de doagio comput De maneira geral, ess identificagio com o arquétipo da Grande Mae toma na conscién- ia 0 espago de outros arquétipos, por exem- plo, clo arquétipo do Pai Sedutoras ¢ seduzivets, ttm dilfeuldade de fazer do Outro uma avaliagio mais ponde- rada, Tendem a estabelecer relagdes de fusio com © Outro, siio idealizadores. Diante da 10 verem o Outro diferente «lo que imaginaram (nele depositando caracteristicas préprias), deprimem-se matriarcalmente, Nao entendem o que Ihes acontece. £ como se, rolagbes de fusio que estalvelecem, sssem” o Outro, construissem spare tir do Outro alguém como gostariam de ter encontrado, Apresentam, por assim dizer, complexo dle Polina: pintam tudo cle cord otimismo insino. Com © desmoronamento natural de seus castelos deprimem-se, ficam perseguidas. Tendem a ser catastroficas. As cestabelecidas, cuando se rompem, o fazem de modo brusco, frusteagao, devido os, tem um relagoes simbist Mobilizam no Outro uma sensaglo de di- ida permanente € uma dificuldade de dizer nilo, o que faz com que © Outro tends a se afastar Geralmente et venciatinese recebenvo uma_maternagem exagerada; viveram bastante 0 papel de filhos repetem o modelo ce maternagem, suas histGrias de vida vi- Junguiana 7 Sho hipergratss. Esperam que © Outro Fags por elas ¢ pelos outros como elas mesinas, Em seu imaginério, seu comportamento € 0 i errado. mm bem, no entenclem e se magoam se correto e quem delas difere (© Outro Ihes coloca limites. Tm dificuldade de excluir nto quanto de serem exch Geralmente eriativas, comem, porém, © risco de viverem sempre aderidas a0 Outro € do aproveitarem a propria criatividade. Na anillise, tendem a sepetir transferenci mente esse modelo de relagdo com 0 Outro. fa) aa suldacle de aceitar 0s apont Graificam tam e tém d ments sobre su migoa @ sentimento de no estarem sendo compreendidis, de estarem sendo injust das, Tendem a vivenciar« dlferenga do Outro, a disc6rdia clo Outro como desamor, Contra- transferencialmente mobilizamn nota) analista (0 medo de feri-las, exigem muito cuidado. Poclem faeilmente brigar com ofa) analista & até mesmo romper uma anélise. Sio impulsivas ¢ imediatistas na busca de ssisfazer seus desejox Wo intensos. ta tanto quanto 0 solic somibra, reagindo com D, Estratégia terapeutica © objetivo, se & que assim podemos falar, € tentar “limitar” © papel hipertr6fico e absir espago part © papel hipotrético, Como foosse Fill Lembrundo sempre que estamos traba- thando com © campo dla Grande Mae, tudo 0 1u-Ourtro se relacio- nar estaré presente no campo analitico. A pro- que se sefere a forma do ximidade, 0 afeto, a temunt, 8 “puxdes de orelh rico campo. No entanto, como vimos nas varias “feridas matriareais’, temos combinaghes diferentes, vers até opostas, *, a8 “palmadas", etc. compdem esse os dlilerentes, alten que requerem condut psicorersipiea diferente es vezes até oposta fe. ricla mateiageal", como costumam ser nom« (© “complexe matemo negative” ou dos esses problemas na literatura de psicolo- ‘gia analftica, ob da andlise, na transferéncia € na contratrans- feréncia, © trabalho com a relagio transferen- cial no campo da Grande Mile exige grande atengao e é fundamental. Dado que 0 tipo de relagio que a simbélica desse arquétipo esta- belece entre 0 Eu e 0 Outro, a fustio ca de- positagio so fenémenos bastante freqdientes. # imponante que © analista aceite essas depo- sitagdes, mas que nio se confunda, nto se identifique com elas. Como diz Bleger (1977) em Simbiose e ambignidade, € impoxtante ‘que 0 analista faga a “clivagem” entre o que € nente entrario no campo seu € 0 que é materal do cliente, porém acei- tando a depositacio. Como dissemos, © papel hipotréfico (Fm ‘ow M ow ambos) tenders a ser depositado 0 analista € 0 hipertrofico (Fm ou M ou ambos) tendend a ser atuado sobre o analista,transfe~ rencialmente. fundamental que esses fend- menos sejam percebicos pelo analista pant que ele no se identifigue com 0 material do cliente. A atengio constante & contratransfe- réncia & portanto, de enorme import £ um trabalho delicado, suti, paciente, como o da propria maternagem — porém, uma “matemagem analitica", que vai se exercendo lidando com defesas, feridas, que vio tentar Jmpedit que ela ocorra. £ como se 0 analista tivesse que se prestar a ser um canto pa que florescam as vezes sementes que nunca ‘germinaram (como Bleger fala do niclco als cocério otv Neumann clos distirbios da rela~ fo prima. Outras vezes ter o anata que lidar com defesas arraigadas que precisam iais do “puxto de orelha" do que propri mente cle interpretagoes mais tradicional Allis, 0 “poxao de orelha", 2 “palmada no erpretagio ade- para o mundo do aequétipe dt Grane bumbum" & muita vezes a Mie. Como a grande ameaga de funcionamento matriarcal € 0 abandono, toda ¢ qualquer medida teraputica nese campo somente 121 Junguians serd efetiva se mantic a allanga terapeutica Ha que se ter bastante cuidado com 0 traba- tho. da sombra ou des defesas. Por exemplo, © analista aceitar a depositagio do papel M nao significa se identificar ¢ imaginar que sendo uma "boa mae” para ofa) cliente re- solva. £ necessirio bem mais que isso, € ne- cessitio ser um "bom analista do maternal” ‘Também aceitar a depositagao do papel Fm significa se deixar adotar pelota) cliente x *bom filho", ¢ sim ser um *bom analista de filiagio maternal’ Lidar com as atuagoes, as vezes macicas, dos papéis hipertr6ficos (Fm e/ou M) também lelicadt. Para i880, Fundamental que pant que sus posigio e Posicionamento sejam estruturantes ou ace- quaclos, Lowi Iti, ficar no escuro, no mportante € pode ser muito >. necessirio que © analista tenha se lo nente, como em todo process ber onde est- mos, € muito essa possibilidade, mas também que outras ‘vezes saiba bem por onde esta andando, Poder aceitar a transferéncia negativa, de muita raiva as vezes, de frustragio, ete. € tam bém fundamental, E € necessirio, para essa Jiagio verdadeira, que o analista perceba 0 | ado criativo da transferéncia negativa, tanto quanto & importante que perceba também 0 lado defensive da transferencia positiva. Nao se pode “sair a chuva sem querer se molhar’, las vio doer € 0 an: Claro esté que mesmo com todos esses cuidados no temos a garantia do sucesso terapéutico. Lembro-me agora do ensina- mento de um excelente professor de gineco- log griduago em Medicina, 0 saudoso profes- sor De Liscio. Ao dar uma aula sobre um procedimento ginecol6gico importante, a tering, ele falou muito dos ris- ia € obstetricia que tive durante minha curctage cos de p abclome agudo, Ele falou tanto dos riscos uraglo € consequente quadro de 122 que ao final da aula um colega perguntou por que se usava ainda esse procedimento, se 08 riscos esam tantos. E © professor res- pondeu, com seu sotaque inesquecivel para todos que o conheceram: "Quem pensa nao pesfura”, Fol uma ligto de vidal Arquétipo do Pai Esse arquétipo & 0 que traz, através de sua simbili necessidade a possibilidacle ¢ para a consciéncia da separaclo entre os ‘pastes, sua hierarquizagio, os limites bem- definidos, a abstragio, a “lei do Pai", 0 “otho por olho, dente por dente", o aspecto solar, 0 mando-obediéncia, © provedorprovido, © decliderido. Ae separar as opastos, 8 ciéneia, mediante essa estrutunigto, tora. capaz de perceber 0 que esti acima € o que cuto, frente, lit est saixo, 0 claro-es esquerda, certo-errado, bemenail, enfim, “ gos nos is" Da mesma forma que o arquétipo Grande Mae, 0 arquétipo do Pai estrutura a consciéncia mediante dois papéis: o papel mais passivo-teceptivo Fp (Ailho-do-patriar- cal) € © papel ativo-doador P (papel pai ou patriarcal adulto), tanto no homem como na mulher A relagio Eu-Outro € bem delineada, posigdes bem definidas. Enquanto na crianga se estrutura o papel Fp (filho), no adulto que dela cuida paternalmente se desenvolve 0 papel P (pad. Através do papel Fp, 0 indivie 90 mundo do Pai. A medida que esse conhecimento integrado, vai desenvolvendo seu proprio papel P. Assim, de inicio € necessirio para a crianga, que esté desenvolvendo © papel Fp, que 0 outro the coloque os limites, autorize impesa, di Bo, ete tempo, a priprtia crianga vai li por si mesma sobre as ¥: rado, ete, desenvolvendo desi forma seu papel P. duo aprende com 0 out tar, @ sa 5, se pode Ou mo porte, © como & 0 EF Ambos os pupéis sdo muito, desenvolvimento da personalidade € s40 pa- péls relacionais, Dessa forma, vio fazer parte da interiglo Eu-Outro sempre que a simbé= pportantes no Tica do também fario parte da estrutura do indivicuo, «sea, ele mesmo vai aprendendo a ser seu proprio pai, Assim, esses papéis formam o cir cate do Pat ou “eireuito patriareal a presente, rquetipo do Pai est Ese cireuito func (o entre 0 Bu e © Outro como entre 0 ego € 0 Sell porém ambos os papéis estario se estrutu- rando aa consciénefa. Dessa forma, no indivi clo, € como se através de seu papel Fp ele pedisse os limites «1 si mesmo € através do papel P ele colocasse esses mesmo, Na relugio Eu-Outto, quando esté funcionando a simbélica do arquétipo do Pai, enquanto um desempenha 0 papel P (order coloca limites, prové, ete.) 0 outro desempe- inha © papel Fp Cobedece, acata os limites, € provid, ete) A mim parece de utilidade clinica a discri- iinagia desses dois papéis para_melhor compreendermos as complicagdes do arqui tipo do Pai, ou seja, 0 “complexo paterno”, como o nomeia Jung. Com essa di ‘ho, exeio que possamos nos tornar, como ‘analistas, mais instrumentados para a con- duta cerapeutica, Examinemos cada um deles €, como fize- mos com felagio 20 arquétipo da Grande Mae, as suas alterigdes part mais (hipertrofia para menos Chipotrofia), evidentemente sem perder de vista que essa discriminagto é rel: tiva aos outros papéis, posto que eles se es- truturam durante toda a nossa vida, toda a oss indlividaeao, A. Papel Fp Esse papel inicia sua estruturagao com 0 Outro” (© que ensina, manda, etc.) e se © individuo vs me pia con © “Eu” Cuando fi Tuneionangie com pai de si mesmo). Dat mesma forma como descrevemos com rekt go a Grande Mae, é muito Imponante part 6 alargamento, por assim dizer, das bases da identidade que esse papel possa ser vivido com relagilo 20 homem (pai e/ou substitu- 08) e com relago A muller (mae e/ou subs- vieatas). (© papel Fp é responsiivel por aceitagio de mites, capacidade de acatar ordens, respeito hierarquias, por obedecer, aceitar set lugar, aprencer toxlo 6 rico mundo do Pal com suits abstragoes, signos, sinais e inimeras polarickt- des: certo-errado, bom nao pode, sim-nto, etc: ‘Ao ser 0 papel através do qual aprendemos at separay, discriminar as polaridades, 08 pos smal, pode- tos, a abstrair, a compreender signos e sinais, ele & fundamental na escolaridade, Depen- dendo do grau,de “maturidade" em que est esse papel, entre outros fatores, & anga, por exemplo, tem ou no “prontidio” nifmeros, sca significado, a quantiticaco, enfim, toda a aprendizagem da aritmética de- pponde fortemente desse papel. Para usa uma imagem, € 0 papel através do qual aprendemos a ser *soldudos", ou se, a hierarquia, ter alguém hierarquicamente su- perior a quem respeitamos e obedecemos. f © papel puer do arquétipo do Pai, © papel {que apreende © novo, que renova, Sem ele nada poderemes aprender do mundo do Pat ALL Papel Ep bipotréfico © individuo fea sol, pentide; nao conselho, sugestio, limites, Nao sabe obede- cer, nao acata autoridade, nao sabe perceber as hierarquias, nfo conhece “seu lugar’. £ um "ou "se h governo, sou Nao pode mais aprender. Torna-se repett- tivo, cansative, ndo-criative, Desenvolve.uma espécie de animosidade com relago a qual- quer figura dle autoridade, Empobrece. g10 0 Outro, mobilize cnfiado, ng. 123 ‘com o papel ‘puer'é renovagio 8 aprendizagem. Jusguiane [Em suas historias, toram pouco atendidos como “filho" de um pai, A.2. Papel Ep bipertréfico iindividuo fica submisso. Sem iniciativa, torna-se dependente de que 0 outto sempre Ihe indique o caminho. £ inseguro, castrado, sem autonomia Fica mediroso sem uma figura de lideranga ou autoridacle a quem recorrer, Tende a idea- lizar © Outro, a quem fica submetido, espe- rando ditecionamento, Mobiliza assim certo enfado com relagio ao Outro, imitagio ou randonice” pouco paciente Quer sempre aprender, mas geraimente fo tem seRUFANGH para str O que Aprende © aluno eterno, Em suas histérias, aparecem dados de terem sido massacrados, castrados como fi- thos de quem para eles bumanizou 0 arqué- tipo do Pai, B Papel P Esse papel inicia sua estruturaglo com 0 “Ru” (de inicio o individuo aprende a *man- im ou no a s da, colocar limites, dizer mesmo) € se amplia com © “Outro” (poste- flormente exerce as mesmas fungdes com 0 Outro) responsivel por discriminagio das pola ridades, colocago de limites, exercicio da li- decanca, exercicio da autoridacde legitima, asi mesmo € a0 Outro, o papel da clareza, da objetividade, da confiabilidade, da justia, da ordem. £ 0 que ordena, classifica, abstrai. £ © papel que, a0 separar 0s opostos, coloca distincia entre 0 Eu ¢ 0 Outro, entre o Eu € 0 objeto, papel do tradicional, do comprovado, cla seguranga, do tepetido, do cexeiro £ 0 pape! do elaborad, porém que simpli fica, esquematiza as coisas, colocando-as cada qual em seu lugar BL. Papel P bipotréfico © individu com essa constelago, com 124 esse funcionamento, fier com diffculdade de manda, de exerver mutoridade e lideranga, de ditar as “regras’ ou normas, de elabori-las. Permanece “encolhido”, com falta de autono- mia, castrado, Nao tem assertvidade; fica "no muro", Nao tem definigdes, as, Tende a s tem se anga para assun submeter, Em suas hist6rias, aparece a castragdo pa- tsiarcal, B2, Papel P hipertrOfico © individuo Alea mandio, dono di ver- dade, autoritirio, rigido, extremamente asser= tivo, castiador, Em seu imagindrio, sempre ibe tudo, esté acima dos outros, excessiva sta, centralizador lente competitive, nach No. Outro, mobil evitagio c muitas vezes rancor. Em suas historias, geralmente assuminim precocemente © patriarcal adulto. Relagao entre os papéts A relaglo normal, "fsiolégica’, entre esses complementares, do circuito do arquétipo do. Pai ambos 0s papéis estiverem problematiz essa relagdo também fica comprometida. Examinemos as diferentes combinagdes desses papéis, com as alteragdes jt descritas dle hipo ou hipertrofia de um ou de outro. No entanto, se um ou C1 Papel fp bipotrofico papet P Dipertrfco £ uma combinasio mais freqiente em ho mens que em mulheres. A cult parece ter nesse fenémeno bastante influéncia, Nos ho- mens ela & s6cio-sinténica, enquanto nas mu- Theres & sociodist6nica, s individuos com ess combinagio ten- dem a ficar donos da verdade, acbitearios, 3

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