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CURSO DE EXTENSÃO GESTÃO PÚBLICA E GOVERNO

DISCIPLINA: ORÇAMENTO PÚBLICO

PRINCÍPIOS ORÇAMENTÁRIOS

Catarina Duleba
Denilson Alves
Felipe da Silva
Leila Silva
Vânia Pires

CAMPINAS
2017
1. INTRODUÇÃO

O controle orçamentário brasileiro possui uma trajetória histórica, política e


economicamente voltada ao controle contábil das finanças do Estado. No início do
século XX, o governo — com intuito de organizar as finanças públicas —, promoveu
um intenso debate sobre a criação de normas e regulamentos sobre orçamento e
finanças públicas. O objetivo era obter empréstimos externos e viabilizar o controle
das finanças públicas. A concepção do Sistema Básico de Contabilidade Pública,
demonstrou ao Estado a real situação financeira do Tesouro Nacional.

O surgimento da DASP — Departamento Administrativo do Serviço

Público, em 1938 —, teve um caráter fundamental junto ao governo federal,


estadual e municipal. Seu princípio era oferecer subsídios para organização e
fiscalização das finanças públicas. As ações do DASP visavam criar uma metodologia
de contabilidade e das finanças públicas, sobretudo, no âmbito da sua regularização,
já que a prática do clientelismo era contundentemente enraizada em todos os âmbitos
do governo — resquícios da administração patrimonialista.

A publicação da Lei 4.320, de 17 de março de 1964, que estabeleceu as


normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, ratificou a
elaboração dos planejamentos orçamentários. Ou seja, o governo necessitava
discriminar toda e qualquer forma de despesa e receita, corroborando assim para a
formalização das contas públicas e da política econômica.

A Lei 4.320/1964 vinculada também à Constituição Federal de 1988, no


capítulo II, artigos 163-165 ressalta as diretrizes orçamentárias e o controle do
financiamento público. É notório que a Constituição Brasileira estabeleça ao Poder
Executivo os princípios de suas ações, obedecendo assim os planejamentos do Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual
(LOA).

As Leis supracitadas são fundamentais à Administração Pública, pois,


são explicitadas as metas de governo, as estimativas de arrecadação, os projetos de
investimentos e o período em que deve ocorrer cada realização. Dessa forma, essas
Leis garantem que o Poder Executivo atue com um planejamento prévio favorecendo
o controle e a fiscalização dos Poderes Legislativo e Judiciário.

Ao longo do curso de Orçamento Público foram estudados todos os processos


de elaboração e execução das Leis supracitadas, bem como suas finalidades. Dentre
tantos pontos expostos e discutidos em sala destacamos o papel da Lei Orçamentária
Anual (LOA), na qual, são demonstrados os valores que o governo deve arrecadar
com a tributação, fixando assim as despesas que devem ocorrer ao longo do
Exercício.

Além dos artigos constitucionais, a elaboração da LOA é regulada pela Lei


4.320, de 17 de março de 1964, na qual, determina que a adequada elaboração da
LOA deve estar em conformidade com o que impõem os Princípios Orçamentários.

Esses Princípios Orçamentários servem para nortear e padronizar o processo


de concepção das propostas orçamentárias à União, Estados e Municípios e são eles
o objeto de estudo deste trabalho.

2. Princípios Orçamentários: Definição

A Constituição Brasileira e a Lei 4.320, de 17 de março de 1964, determinam


que o processo de elaboração da Proposta Orçamentária Anual – que após aprovação
do Legislativo e sanção do chefe do Executivo, se transforma em Lei Orçamentária
Anual – deve atender as exigências impostas pelos Princípios Orçamentários, com
vistas a assegurar que o orçamento público cumpra sua finalidade. Segundo Sanches
(2004, p. 277), são:

Um conjunto de proposições orientadoras que balizam os processos


e as práticas orçamentárias, com vistas a dar-lhes estabilidade e
consistência, sobretudo no que se refere à sua transparência e ao
seu controle pelo Poder Legislativo e pelas demais instituições da
sociedade.

São os Princípios Orçamentários:


2.1. Legalidade - Para ser legal, tanto as receitas e as
despesas precisam estar previstas a Lei Orçamentária Anual, ou seja, a aprovação do
orçamento deve observar processo legislativo porque trata-se de um dispositivo de
grande interesse da sociedade.

2.2. Anualidade - Conforme Art. 165, III, da CF, existirá


uma lei orçamentária para cada ano.

2.3. Unidade ou Totalidade - Numa única lei devem


estar previstas todas as receitas e despesas gerais da União, incluindo Órgãos,
Entidades da administração direta e indireta, e a previsão para o orçamento de
investimento nas empresas estatais federais e o orçamento da seguridade social.

2.4. Universalidade - Lei orçamentária anual de peça


única com a previsão geral das receitas, bem como da autorização de todas as
despesas da administração, relativamente aos três Poderes e a seguridade social.

2.5. Orçamento Bruto - Todas as parcelas da receita e


da despesa devem aparecer no orçamento em seus valores brutos, sem qualquer tipo
de dedução. (A intenção é a de impedir a inclusão de valores líquidos ou de saldos
resultantes do confronto entre receitas e as despesas de determinado serviço público).

2.6. Equilíbrio - Princípio perene a Lei de


Responsabilidade Fiscal, onde os gastos são condicionados ao quanto se arrecada.

2.7. Exclusividade - Conforme art. 165, § 8°, da


Constituição Brasileira, é vedada a inclusão de dispositivo na lei orçamentária que
contenha matéria diferente ao de seu objeto.

2.8. Especificação, Discriminação ou Especialização


- Todas as receitas e despesas devem aparecer de forma discriminada, de tal forma
que se possa saber, pormenorizadamente, as origens dos recursos e sua aplicação.

2.9. Publicidade - Conteúdo perene em vários


dispositivos da Carta Magna brasileira. O orçamento deve ser publicado em veículos
de comunicação oficiais, para que chegue ao conhecimento do público e só terá
validade após essa publicação.

2.10. Uniformidade - Princípio onde as estimativas


devem ser tão exatas quanto possível, de forma a garantir à peça orçamentária um
mínimo de consistência para que possa ser empregado como instrumento de
programação, gerência e controle.

2.11. Não Vinculação da Receita ou Não


Afetação da Receita - Princípio destinado apenas aos impostos, que diz que é
proibida a vinculação de receitas de impostos a órgãos, fundos ou despesas, salvo
exceções legalmente previstas, conforme art. 167, IV, da CF.

2.12. Transparência - Conforme Art. 165, § 6°, da


CF de 1988, o projeto de lei orçamentária será acompanhado de demonstrativo
regionalizado do efeito sobre as receitas e despesas decorrente de isenções, anistias,
remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia. Esse
princípio, também é complementado pelo princípio da publicidade, onde é garantido
que todo cidadão pode ter acesso às publicações das leis orçamentárias, bem como
dos desdobramentos de suas execuções.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVES NETO, José. Princípios Orçamentários: Uma análise no Contexto das


Constituições e de leis orçamentárias federais. 2006. Curso de Especialização.
Tribunal de Contas da União, 2006.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília: Edições Câmara, 2017.

BRASIL. Ministério de Estado da Fazenda. Manual de Contabilidade Aplicada ao


Setor Público (MCASP). 7ª Ed. Brasília: Secretaria do Orçamento Federal, 2017.

GONTIJO, Vander. Princípios Orçamentários. 2004. Disponível em:


<http://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/cidadao/entenda/cursopo/principios.html>
Acesso em: 20/11/2017.

SANCHES, Osvaldo Maldonado. Dicionário de orçamento, planejamento e áreas afins.


2. ed. Brasília: OMS, 2004. Disponível em:
<https://www.webartigos.com/artigos/a-evolucao-dos-principios-
orcamentariosbrasileiros/73227#ixzz4zAZxhLNS> Acesso em: 20/11/2017.

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