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O homem primitivo passou a caçar não só para comer mas também para utilizar suas
peles. Descobriu-se que só a pele sobre o corpo era algo desconfortável pois os
movimentos eram restringidos e parte do corpo ficava exposta, um outro problema era o
ressecamento da pele que as deixavam duras.
Mais adiante, algumas tribos descobriram que o óleo ou a gordura de animais marinhos
ajudava quando esfregados na pele para deixá-la maleável por algum tempo.O
curtimento veio a seguir com a descoberta de que certas árvores, especialmente o
carvalho e o salgueiro, continham um ácido (o tânico) que pode ser extraído quando as
cascas de árvores são mergulhadas em água. Após ficarem nesta solução por um tempo
as peles se tornavam maleáveis e à prova d´gua.
Sumérios
Vestígios da civilização suméria (III a.C) mostram pessoas usando saias compostas por
tecidos com o borda formada com tufos de lã, dispostos simetricamente que dão às
roupas um aspecto "franjado". Este tipo de roupa era usado por homens e mulheres.
Persas e Medas
Além de linho e lã usavam também seda trazida da China pelas caravanas. Usavam um
chapéu macio de feltro, e botas fechadas de couro com a ponta ligeiramente voltada
para cima. Inovaram com o uso de calças que passaram a ser consideradas um traje
típico persa.
Os medas que também participaram das conquistas persas, usavam os mesmas roupas
mas um pouco mais largas e volumosa. O adorno da cabeça era diferente, um chapéu
redondo de copa chata ou um capuz.
As mulheres usavam o mesmo tipo de roupa só que um pouco mais ampla e comprida.
Egito
Os trajes egípcios eram muito parecidos com os sumérios. Pessoas de classes baixas e
os escravos andavam quase nus. O uso de roupas era uma distinção de classes. Os trajes
egípcios quase não mudaram em 3.000 anos.
Durante o antigo império (antes 1.500 a.C) o traje mais comum era o chanti, um pedaço
de tecido usado como uma tanga e preso por um cinto. Para os reis e sua corte eram
pregueados e engomados.
No novo império (1.500 a.C até 332 a.C) os faraós usavam uma túnica semi-
transparente, longa e franjada chamada calasires por baixo era possível ver o chanti.
Esta túnica era feita de um pano retangular, quando era usada pelas mulheres era
ajustada na altura dos seios e presa nos ombros por alças. Uma capa curta poderia cobrir
os ombros, ou o pescoço era circundado por uma gola larga, deixando os seios
descobertos.
As fibras de animais eram consideradas impuras (tais como leões), então os egípcios
preferiam as fibras vegetais como o linho, que poderiam ser facilmente lavadas.
Os homens, por motivos de higiene, raspavam a cabeça e usavam um adorno feito com
um quadrado de tecido listrado que circundava as têmporas e formavam pregas atrás das
orelhas. Em cerimônias especiais usavam perucas, confeccionadas de cabelo, fibras de
linho ou palmeira. As mulheres jovens também raspavam o cabelo, as mais velhas
frisavam ou ondulavam os cabelos. Os egípcios não usavam chapéu, somente o faraó
usava a coroa, algo como um elmo cônico. Os guerreiros usavam capacetes de metal.
Creta
A vestimenta masculina consistia essencialmente de uma tanga, que podia ser de lã,
linho ou couro. Eles não usavam "blusa", apenas um cinto, adornados com placas de
metal(ouro,prata e bronze) trabalhadas. Na cabeça algumas vezes poderiam usar uma
espécie de turbante ou gorro.
A paixão por cores fortes (azul, vermelho, amarelo e roxo) desta civilização pode ser
notada pelos afrescos preservados da época. As jóias eram muito apreciadas:
anéis,braceletes, golas e presilhas de cabelo. Os mais ricos usavam colares de lápis-
lazuli, ágata, ametista e cristal de rocha intercalados por pérolas.
Grécia
Do século IIV até I a.C, homens e mulheres usavam o que era chamado de quiton, os
homens até os joelhos e as mulheres até os tornozelos.
O quiton era preso por alfinetes e broches e usado com um cordão ou cinto em volta da
cintura. O quiton diário era feito em geral de lã e o j?nio de linho. O linho permitia
maior variedade de dobras e às vezes usava-se um pouco maior que a distância dos
ombros aos pés para permitir puxar o tecido sob o cinto formando uma "blusa".
Ao contrário do que se pensa os trajes gregos eram coloridos, exceto os usados pelos
pobres. Alguns membros das classes inferiores tingiam suas roupas com um tom de
marrom escuro-avermelhado, prática rejeitada pela maioria das autoridades, mas os
membros das classes superiores tinham maior liberdade, podiam usar vermelho, roxo,
amarelo e verde.
Roma
No início da história romana existiu uma forte influência do povo etrusco que habitaram
primeiramente a península itálica até o 1º milênio a.C. Os trajes etruscos se pareciam
com os cretenses, com o uso da tûnica-veste costurada e um tipo de toga que feita com
um semi-círculo de pano, às vezes esta "toga" era retangular e formava uma espécie de
capa.
As mulheres usavam uma veste longa e justa, sem cinto, que poderia ter uma meia
manga ou uma abertura nas costas, fechada por fitas e sobre esta veste usava-se uma
capa longa e retangular. Os etruscos calçavam uma espécie de bota alta, amarrada e com
a ponta virada para cima, obviamente uma influência da Ásia Menor. Estes trajes
etruscos desapareceram após o domínio romano sobre a região e somente a toga
permaneceu tornando-se uma característica marcante no traje romano.
A toga era essencialmente usada pelas classes superiores, pois exigia habilidade para
drapeá-la em volta do corpo e impedia atividades mais vigorosas. Os senadores eram
conhecidos por suas togas brancas. Menino romanos livres usavam uma toga com uma
borla roxa até atingirem a puberdade, a toga praetexta , então em uma cerimônia era
substituída pela toga virilis branca. Durante períodos de luto ou cerimônias religiosas
usava-se uma toga de cor escura. Por volta de 100 d.C a toga começou a diminuir de
tamanho.
Trabalhadores e soldados usavam somente a túnica, sem a toga por cima. Quando esta
túnica possuía mangas era chamada de dalm?tica e quando era totalmente bordada era
chamada palmata.
Os romanos com suas rígidas tradições não aprovavam as calças curtas nem as
compridas adotadas pelas tribos bárbaras. Mas acabaram sendo aceitas principalmente
pelos soldados.
As roupas femininas eram muito semelhantes �s masculinas, exceto pelo uso de um
corpete macio conhecido como strophium. A t�nica era mais comprida do que a
masculina e chegava at� os p�s. Podia ser feita de l�, linho ou algod�o e as
romanas ricas usavam de seda. Ao contr�rio do que pensa seus trajes eram coloridos:
vermelhos, amarelo e azul eram as cores preferidas e tamb�m costumavam ser
ornamentados com uma franja dourada ou ricamente bordados. Sobre a t�nica usava-
se a stola parecida com a toga, era usada em p�blico.
Era comum cobrir a cabe�a em p�blico, mas os penteados eram muito importantes
para as romanas, e se tornaram muito elaborados na �poca de Messalina, requerendo
os servi�os de uma ornatrix, que passava horas arrumando os cachos das senhoras em
mechas e num coque conhecido como tutulus. Os cabelos louros eram uma moda e
mulheres de cabelos escuros faziam descolora��es, tamb�m era comum o uso de
perucas e apliques. Os luxos das j�ias era tamb�m apreciado, homens e mulheres
as usavam. T�cnicas como esmaltagem e damasquinagem foram trazidas do oriente, e
as mulheres usavam brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras, an�is e tiaras para o
cabelos em ouro , pedras preciosas, marfim e at� camafeus.
Os romanos usavam sand�lias, a princ�pio muito simples, feitas com uma pe�a
de couro n�o tingida, e presa por tiras. Eram usadas pela maioria dos cidad�os
romanos mas n�o pelos escravos. Dentro de casa usava-se chinelos, que podiam ter
variadas cores e at� pedras preciosas como os usados por Nero. Nos dias chuvosos
usava-se coturnos e botas fechadas uma influ�ncia gaulesa.
Idade M�dia
O imp�rio romano sempre esteve cercado por povos b�rbaros que vez ou outro
invadiam seus dom�nios, eles era: teut�es, tribos do norte conhecidos por godos
que se subdividiram em: ostrogodos que rumaram para o leste (regi�o da R�ssia) e
visigodos que invadiram a regi�o da Espanha. Os hunos vindos da Mong�lia
tamb�m invadir�o o imp�rio romano. Outras tribos como os gauleses e o
bret�es adotaram costumes romanos, mas os francos que deram origem aos
merov�ngios que acabaram dominando grande parte da atual Fran�a e
influenciando outros povos.
O vestu�rio feminino era constitu�do por uma t�nica longa adornada por faixas
bordadas. Os bra�os ficavam nus. Broches prendiam as roupas aos ombros e usavam
cintos de couro, sobre os ombros usavam um tipo de len�o drapeado.
Por volta do ano 1000 o vestu�rio feminino das mulheres anglo-sax�nicas consistia
de uma t�nica, vestida sobre uma camisola, uma sobret�nica, vestida pela cabe�a
e puxada sobre o cinto para mostrar a pe�a de baixo (ela possu�a bordados junto ao
pesco�o, na barra e nas mangas), e um manto no comprimento da t�nica e preso
sob o queixo. Os cabelos eram presos com um v�u que cruzava o peito e ca�a
at� os joelhos.
Renascimento
Leis suntu�rias descrevia o que era permitido vestir, assim plebeus n�o podiam se
trajar como nobres assegurando-lhes a distin��o de classes de uma maneira
ostensiva. Durante muitos s�culos as classes subalternas ficaram de fora do c�rculo
da moda.
A "beca" tamb�m era um traje caracter�stico da �poca, era ajustada nos ombros
e caia solta, presa por um cinto, o comprimento era variado (mais comprida para
cerim�nias especiais) e as mangas amplas, a gola era alta e reta.
O vestu�rio n�o era mais origin�rio de uma mem�ria coletiva mas era o
reflexo do gosto e das prefer�ncia de reis e poderosos. O vestu�rio se torna uma
forma individual de express�o, pois era preciso manter o afastamento social e a
f�rmula encontrada era a constante renova��o, como as an�lise de Veblen
concluem que o consumo das classes superiores obedece ao princ�pio do
esbanjamento ostentat�rio, o que atrai a estima e a inveja, o que no fundo n�o
deixa e ser a rivalidade entre os seres humanos e uma eterna luta de classes.
Nesta �poca o vestu�rio feminino era mais discreto que o masculino, era composto
de saias amplas e bordadas, blusa e uma beca caindo em pregas at� o ch�o com a
cintura marcada, as mangas tornam-se largas.
As roupas das classes altas durante a primeira metade do s�culo XVI eram de cores
vivas, o vermelho era a cor mais usada, os tecidos mais usados eram o veludo e o cetim.
O s�culo XVI foi marcado pela rigidez das roupas, o corpete das roupas femininas
era engomado e mantido no lugar com barbatanas de madeira n�o flex�veis. A saia
era armada pela "farthingale", uma an�gua armada por arcos de arame, madeira ou
barbatanas de baleia, surgiu na Inglaterra em aproximadamente 1545 e s�o ancestrais
das crinolinas ou anquinhas do s�culo XIX. Os homens neste s�culo passaram �
usar capa, feitas em tecido caros, e meias feitas em tric�.
S�culo 17
As roupas femininas, ainda eram elaboradas, mas pareciam mais naturais, o rufo foi
sendo substitu�do pela gola ca�da. O traje feminino consistia em um corpete,
an�gua e beca. O corpete era decotado e amarrado com uma fita de seda na frente,
esta parte da frente era coberta por uma "piece" ou "plastom". As mangas eram
exageradas e bufantes. A saia era formada por duas pe�as, uma drapedada (em cima)
que revelava a de baixo. As golas ca�das foram se tornando sofisticadas com apliques
e borlas em renda.
Uma mania surgida em 1655 permaneceu por mais de meio s�culo, era o costume de
colar pintas no rosto, e estas n�o eram apenas redondas, podiam ter diversos formatos
como estrelas e luas. Estas pintas eram feitas de em-plastos de seda preta.
S�culo 18
Em 1760 come�a � mudar o estilo das roupas, inicialmente esta mudan�a
come�ou pela menor import�ncia dada � corte francesa e uma valoriza��o
das roupas inglesas do "campo", a tend�ncia era a praticidade e a simplicidade. Os
casacos passaram a ser lisos, com os punhos mais estreitos, o chap�u tric�rnio
passou a ser substitu�do por um modelo de copa alta.
S�culo 19
No in�cio dos s�culo XIX as formas simples das roupas s�o influenciadas pelo
estilo Neo-Cl�ssico, ap�s a Revolu��o Francesa as mulheres abandonaram os
espartilhos, saiotes e saltos para adotar vestidos simples, semitransparentes que
valorizavam o corpo por baixo do vestido geralmente em cores suaves, com a cintura
marcada sob os seios. A conquista do Egito por Napole�o trouxe para a Europa uma
onda de orientalismo, onde turbantes foram usados at� na Inglaterra. Al�m desta
moda oriental procurava-se atingir um efeito "cl�ssico", linhas verticais como nos
trajes greco-romanos. Os chap�us eram de palha lembrando trazendo uma nostalgia
campestre para a cidade. Esta releitura do classicismo n�o dura muito tempo, logo
come�am resurgir as mangas bufantes depois a simplicidade � totalmente
abandonada, por volta de 1820, a cintura volta para seu devido lugar, os chap�us
voltam a ser enormes, as saias come�am � inflar e as mangas tornam-se imensas.
Na d�cada seguinte as mangas inchadas desaparecem dando lugar para mangas justas.
Em 1855 surge a grande marca do s�culo XIX na vestimenta feminina , a crinolina,
inven��o da Imperatriz Eug�nia. A mulher passa a ter a forma de um
tri�ngulo, auxiliada pelos xales, a partir do ano de 1859 a roda da crinolina come�a
� diminuir e o volume do vestido se aloja na parte posterior e n�o como um
c�rculo em volta da mulher, a confec��o das roupas passa a ser mais elaborada
acentuando a curva no quadril.
Al�m da crinolina e das anquinhas o espartilho com suas formas r�gidas foi o
grande artif�cio usado para tornar o copo mais atraente. Ap�s ser abandonado por
um per�odo relativamente curto no final do s�culo XVIII e in�cio do XIX ele
volta a ser indispens�vel, como foi em mais de 400 anos, para as mulheres, o
espartilho volta mais flex�vel mais continua sendo uma pris�o.
(http://christsantarelli.sites.uol.com.br/index.htm)
http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-da-moda-no-ocidente/
As roupas não são utilizadas apenas para proteger o homem das intempéries, como era o
caso dos primitivos da era paleolítica, na região hoje conhecida como o continente
europeu. Já naquela época alguns elementos do vestuário tinham um certo simbolismo
social e psíquico, embora o fator predominante fosse realmente enfrentar o rigoroso
clima daquele período.
Os trajes constituem, portanto, não apenas uma forma de resguardar o corpo das
adversidades climáticas e um meio de convivência na sociedade, mas também uma
maneira de se comunicar não verbalmente com o outro. Ao longo do tempo o Homem
vem se revestindo de uma determinada indumentária para elevar sua auto-estima, sentir-
se bem consigo mesmo e para agradar seus semelhantes.
Seja, portanto, por motivos de sobrevivência, por razões morais, religiosas ou estéticas,
o Homem um dia se inspirou na Natureza, na aparência dos animais, enfeitados com
suas penas coloridas, suas malhas e peles vistosas, para compor seu próprio figurino.
Aos poucos as indumentárias se transformaram em símbolos de destaque, influência e
autoridade, distinguindo socialmente os homens pela forma como compõem sua
aparência. As roupas adquirem, aos poucos, um valor comercial, incentivando o
intercâmbio de mercadorias, acelerando o desenvolvimento econômico, à medida que o
Ocidente avança em sua jornada rumo à civilização.
Entre os egípcios, qualquer fibra animal causava repugnância, era vista como algo
contaminado, portanto preferiam o linho, de origem vegetal. Durante quase três mil
anos eles não mudaram muito sua forma de se vestir, que já tinha o poder de diferenciar
socialmente os indivíduos. Os pobres e os escravos eram logo reconhecidos por não
usarem quase nenhum traje, desfilando praticamente nus pelas ruas. As mudanças
ocorreram gradualmente, com a influência do figurino de outros povos, especialmente
dos gregos.
Na Grécia era comum usar o quiton, enrolado no corpo e fixado por alfinetes e broches,
com uma faixa em torno da cintura; ele era tecido com lã, no estilo dório, ou com linho,
no jônio. Suas roupas eram bem coloridas, embora os mais pobres se vestissem com
cores mais sóbrias, como o marrom escuro-avermelhado, o que parecia desagradar os
poderosos, que optavam pelo vermelho, o roxo, o amarelo e o verde.
Entre os romanos, o traje mais tradicional, a marca do estilo da Roma Antiga, era a
toga, uma influência dos etruscos, que já ocupavam a Península Itálica antes da chegada
deste povo. Esta herança distinguia os membros da elite das demais classes sociais. Os
obreiros e os soldados vestiam-se apenas com uma túnica. As calças curtas ou
compridas eram rejeitadas pelas severas práticas romanas, mas foram adotadas pelos
militares de baixa hierarquia.
A idéia de moda nasceu entre os séculos XIV e XV d.C., ganhando força ao longo da
História, através da criação de métodos próprios para sua preservação. Ela marca
profundamente, na cultura ocidental, as diferenças entre as diversas classes sociais, mas
tem sempre um período determinado de duração, pois uma de suas características
principais é a sua periodicidade, ligada intrinsecamente à durabilidade de cada estação
do ano.
A moda está intimamente associada ao conceito de mudança, pois ela está em constante
metamorfose. Sua trajetória, portanto, deve estar inserida no interior da história social e
cultural, uma vez que ela não se separa jamais do seu contexto, das mudanças nele
vigentes, dos seus valores e padrões morais, da ética predominante em cada época, do
comportamento adotado nos diversos períodos abordados.
Fontes
Aguiar, Titta – Personal Stylist: Guia para Consultores de Imagem – Editora Senac –
São Paulo – 2003.
http://www.fashionbubbles.com/2008/o-que-e-a-historia-da-moda-parte-12/
http://www.portaisdamoda.com.br/historiamoda~moda~A+historia+da+moda.htm
http://www.modaria.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=94
Em 1958, a descoberta de Çatal Hüyük, feita pelos arqueólogos James Mellaart, Alan
Hall e David French na Anatólia, Turquia, revolucionou todo o conhecimento da
história da moda e civilização. A história da moda na Antigüidade começava com os
sumérios e egípcios. Até então pensava-se que comunidades com mais de 4.000 anos
eram nômades, caçadores vestidos de peles, com a única intenção de sobrevivência, sem
a menor preocupação com a moda ou a arte. Çatal Hüyük mudou a visão da moda na
comunidade acadêmica, abriu lugar para interrogações mais audaciosas.
Quando foi que a fascinação do ser humano pela moda e beleza realmente começou?
Até onde podemos traçá-la? Fundada há mais de 8.000 anos, Çatal Hüyük possuía uma
população de mais de 7.000 pessoas. As descobertas feitas ali são realmente
surpreendentes. As habitações mostravam o papel de destaque da mulher: eram
funcionais, com plataformas nas paredes que faziam a vez de camas. A mais importante
era a da dona da casa, que ocupava um lugar de destaque no ambiente familiar. Já
aquela destinada ao homem era de dimensões mais reduzidas e ocupava um canto da
peça.
Esta era uma sociedade que dava valor à moda, como é possível confirmar pela
existência das jóias de cobre e chumbo, das vestimentas em tecidos coloridos com
tinturas vegetais, fivelas de cinto, esteiras e tapetes finamente tecidos. Outro exemplo
antigo da preocupação com a moda e a beleza pode ser visto em uma figurinha de
cerâmica, representando a miniatura de um templo, na qual a chaminé é a representação
da cabeça da deusa em cujo pescoço pode ser visto um belo colar de pingentes,
arrematados por contas. Esta peça de 35 cm de altura, com mais de 8.000 anos, foi
descoberta em Porodim, na Macedônia. Nas comunidades Jomon, do Japão, são ainda
mais antigas as representações deste tipo: foram encontrados peças de obsidiana e
âmbar com cerca de 10.000 anos de idade. O cobre era usado há 10.000 anos para a
fabricação de jóias, apenas há 4.000 anos passou a ser utilizados em peças mais
utilitárias como armas e ferramentas.
Ainda que nada do material orgânico utilizado pelos povos primitivos tenha
sobrevivido, quatro peças de cerâmica, escavadas em Pavlov I, na Moravia, com 26.000
anos de idade, apresentam impressões negativas de terem estado em contato com
têxteis, quando ainda estavam molhadas. Que tipo de tecido era, se feito de fibras
vegetais ou animais, é impossível de se precisar, mas ainda assim fica claro que já nesta
época a tecelagem era uma realidade. É certeza que estes tecidos podem representar
esteiras ou mesmo xales, saias, camisas ou cintos de tecido. Ainda que estes tenham
sido produzidos sem o uso de um tear, é certo que alguma armação de madeira foi
utilizada na sua fabricação. Esta é a mais antiga evidência da existência de têxteis na
história da humanidade até hoje.
Como também é certo que a extração de hematita, goethita e limonito, como fonte de
pigmentos vermelho, amarelo e marrom, para o uso em pinturas das cavernas e adornos
pessoais, data de mais de 400.000 anos. Nos níveis Mousterians, da caverna de Pech de
l'Azé, na França, foram encontrados abundantes sinais de pigmentos usados pelos
Neanderthals. Dizem que Picasso, ao conhecer a maravilhosa arte das pinturas de
Lascaux, exclamou: "Nós não inventamos nada!".
Acreditava-se que Lascaux, com seus 17.000 anos de existência, era a mais antiga
manifestação artística humana. Recentes descobertas em Chauvet Cave, na França,
transportam esta data para 30.000 anos.
A moda dos adornos pessoais, as mais antigas jóias, podem ser datadas de 40.000 anos.
São conchas fossilizadas, coral, dentes de animais, ossos, chifres, marfim, pedra calcária
e azeviche, trabalhados e perfurados, usados na confecção de colares, braceletes, cintos,
enfim, toda a espécie de adornos pessoais da moda da época. Porque já então a moda
existia e ia muito bem, obrigada. Os dentes de raposa estavam na moda na Rússia,
Bélgica, Alemanha e França. Na Itália e Espanha, a moda eram os dentes de veado. Nas
regiões costeiras, a preferência ficava por conta das conchas exóticas.
Infelizmente, nada se pode confirmar sobre a moda do vestuário antigo. Quer o uso de
couro, peles ou tecidos, quer o estilo e modelos das roupas, tudo se perdeu com a
passagem do tempo. Talvez futuras descobertas nos possibilitem recriar o estilo destas
antigas comunidades humanas e proto-civilizadas.