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HISTÓRIA DA MODA

As últimas culturas paleolíticas da Europa viveram no final da última Era Glacial.


Alguns detalhes das vestimentas tinham seu fundo psicológico e social mas a grande
necessidade era a proteção contra o frio.

O homem primitivo passou a caçar não só para comer mas também para utilizar suas
peles. Descobriu-se que só a pele sobre o corpo era algo desconfortável pois os
movimentos eram restringidos e parte do corpo ficava exposta, um outro problema era o
ressecamento da pele que as deixavam duras.

Um meio descoberto posteriormente para deixar as peles maleáveis era a mastigação,


tarefa destinada às mulheres. Uma outra técnica mais apurada era molhar a pele e sová-
la com um malho após a retirada de todos os fragmentos de carne.

Mais adiante, algumas tribos descobriram que o óleo ou a gordura de animais marinhos
ajudava quando esfregados na pele para deixá-la maleável por algum tempo.O
curtimento veio a seguir com a descoberta de que certas árvores, especialmente o
carvalho e o salgueiro, continham um ácido (o tânico) que pode ser extraído quando as
cascas de árvores são mergulhadas em água. Após ficarem nesta solução por um tempo
as peles se tornavam maleáveis e à prova d´gua.

A partir da técnica do curtimento as peles podiam ser cortadas e moldadas e então


surgiu uma das maiores invenções do homem: a agulha de mão. Arqueólogos acharam
agulhas com idades de 40 mil anos em cavernas paleolíticas, geralmente feitas de
marfim de mamute, ossos de rena ou presas de leão marinho. Com a agulha foi possível
costurar pedaços de peles e moldá-los ao corpo. O resultado ainda pode ser visto nos
esquimós nossos contemporâneos.

Povos primitivos de climas mais temperados descobriram a utilização de fibras animais


e vegetais. Talvez a feltragem (processo desenvolvido na Ásia Central, onde lãs e pêlos
são penteados, molhados e colocados em camadas sobre uma esteira, a seguir enrola-se
a esteira com força e bate-se com uma vara, os pêlos são compactados formando um
feltro que pode ser cortado e costurado para a confecção de roupas e tendas.

A utilização de fibras vegetais, com o aproveitamento da casca de certas árvores era


uma outra técnica, casacas de amoreiras ou figueira eram mergulhadas em água e três
camadas eram colocadas sobre uma pedra, fazendo-se que ficassem em um ângulo reto.
As camadas eram sovadas até que se ajuntassem e depois passava-se um óleo ou uma
tinta para que durassem mais. Esta técnica é semelhante a usada pelos egípcios para
fabricar papiros.

O uso de cascas de árvores e peles de animais caracterizavam povos nômades. Em


povos com uma cultura pastoril (Era Neolítica) a utilização de lã de ovelhas e o
desenvolvimento do tear eram técnicas mais refinadas que estabeleceram a manufatura
de tecidos e tornaram as roupas mais ou menos semelhantes ao que conhecemos. A
maneira mais simples de se utilizar um tecido era enrolar um retângulo de pano em
volta da cintura, fazendo um "sarongue". Mais tarde um outro pedaço de pano era
enrolado sobre os ombros e atados por prendedores.
Povos da Mesopotâmia

Sumérios
Vestígios da civilização suméria (III a.C) mostram pessoas usando saias compostas por
tecidos com o borda formada com tufos de lã, dispostos simetricamente que dão às
roupas um aspecto "franjado". Este tipo de roupa era usado por homens e mulheres.

As mulheres de classes superiores e altos dignatários costumavam usar este tipo de


roupa, mas aos poucos foram substituindo por uma túnica com mangas. Acredita-se que
as mangas e o uso de botas foram influência de povos da montanha que viviam ao redor
da região entre o Eufrates e do Tigre.

Homens e mulheres usavam cabelos compridos, e os cabelos assim como as barbas


eram cacheados, e até entremeados com fios de ouro. O adorno de cabeça para os
homens tinha o aspecto de um vaso invertido. As mulheres casadas eram obrigadas a
usarem um véu em lugares públicos. (uma lei de 1.200 a.C, que ainda prevalece até
hoje).

Persas e Medas

Os persas dominaram a civilização babilônica no século IV a.C . Como vinham de


regiões montanhosas e frias usavam trajes quentes que foram substituídos pelas túnicas
franjadas e mantos dos povos conquistados.

Além de linho e lã usavam também seda trazida da China pelas caravanas. Usavam um
chapéu macio de feltro, e botas fechadas de couro com a ponta ligeiramente voltada
para cima. Inovaram com o uso de calças que passaram a ser consideradas um traje
típico persa.

Os medas que também participaram das conquistas persas, usavam os mesmas roupas
mas um pouco mais largas e volumosa. O adorno da cabeça era diferente, um chapéu
redondo de copa chata ou um capuz.

As mulheres usavam o mesmo tipo de roupa só que um pouco mais ampla e comprida.

Egito

Os trajes egípcios eram muito parecidos com os sumérios. Pessoas de classes baixas e
os escravos andavam quase nus. O uso de roupas era uma distinção de classes. Os trajes
egípcios quase não mudaram em 3.000 anos.

Durante o antigo império (antes 1.500 a.C) o traje mais comum era o chanti, um pedaço
de tecido usado como uma tanga e preso por um cinto. Para os reis e sua corte eram
pregueados e engomados.

No novo império (1.500 a.C até 332 a.C) os faraós usavam uma túnica semi-
transparente, longa e franjada chamada calasires por baixo era possível ver o chanti.
Esta túnica era feita de um pano retangular, quando era usada pelas mulheres era
ajustada na altura dos seios e presa nos ombros por alças. Uma capa curta poderia cobrir
os ombros, ou o pescoço era circundado por uma gola larga, deixando os seios
descobertos.

As fibras de animais eram consideradas impuras (tais como leões), então os egípcios
preferiam as fibras vegetais como o linho, que poderiam ser facilmente lavadas.

Os homens, por motivos de higiene, raspavam a cabeça e usavam um adorno feito com
um quadrado de tecido listrado que circundava as têmporas e formavam pregas atrás das
orelhas. Em cerimônias especiais usavam perucas, confeccionadas de cabelo, fibras de
linho ou palmeira. As mulheres jovens também raspavam o cabelo, as mais velhas
frisavam ou ondulavam os cabelos. Os egípcios não usavam chapéu, somente o faraó
usava a coroa, algo como um elmo cônico. Os guerreiros usavam capacetes de metal.

A vestimenta egípcia foi aos poucos se modificando por influências estrangeiras,


principalmente a grega.

Creta

O período da construção do palácio de Cnossos foi o mais marcante da história cretense


(1750 a 1400 a.C). Deste período que se obteve a maior parte do material para a
reconstrução desta civilização.

A vestimenta masculina consistia essencialmente de uma tanga, que podia ser de lã,
linho ou couro. Eles não usavam "blusa", apenas um cinto, adornados com placas de
metal(ouro,prata e bronze) trabalhadas. Na cabeça algumas vezes poderiam usar uma
espécie de turbante ou gorro.

As mulheres usavam um tipo de tanga alongada até o solo, e a sobreposições de tecidos


davam um aspecto de haviam babados que até pareciam com a moda do século XIX. A
cintura era extremamente marcada e muito fina (talvez pelo uso de cintos apertados
desde a infância). As cretenses também usavam um tipo de corpete que terminava sob
os seios, os deixando à mostra. Seus cabelos eram penteados de diversas formas e seus
penteados eram complementados por um tipo de chapéu muito elegante.

A paixão por cores fortes (azul, vermelho, amarelo e roxo) desta civilização pode ser
notada pelos afrescos preservados da época. As jóias eram muito apreciadas:
anéis,braceletes, golas e presilhas de cabelo. Os mais ricos usavam colares de lápis-
lazuli, ágata, ametista e cristal de rocha intercalados por pérolas.

Grécia

A roupa grega durante um longo período era composta de retângulos de tecidos de


vários tamanhos, drapeados sobre o corpo sem um corte ou costuras. Era apenas
"enrolado" sobre o corpo, com algumas variações.

Do século IIV até I a.C, homens e mulheres usavam o que era chamado de quiton, os
homens até os joelhos e as mulheres até os tornozelos.

O quiton era preso por alfinetes e broches e usado com um cordão ou cinto em volta da
cintura. O quiton diário era feito em geral de lã e o j?nio de linho. O linho permitia
maior variedade de dobras e às vezes usava-se um pouco maior que a distância dos
ombros aos pés para permitir puxar o tecido sob o cinto formando uma "blusa".

Ao contrário do que se pensa os trajes gregos eram coloridos, exceto os usados pelos
pobres. Alguns membros das classes inferiores tingiam suas roupas com um tom de
marrom escuro-avermelhado, prática rejeitada pela maioria das autoridades, mas os
membros das classes superiores tinham maior liberdade, podiam usar vermelho, roxo,
amarelo e verde.

Roma

No início da história romana existiu uma forte influência do povo etrusco que habitaram
primeiramente a península itálica até o 1º milênio a.C. Os trajes etruscos se pareciam
com os cretenses, com o uso da tûnica-veste costurada e um tipo de toga que feita com
um semi-círculo de pano, às vezes esta "toga" era retangular e formava uma espécie de
capa.

As mulheres usavam uma veste longa e justa, sem cinto, que poderia ter uma meia
manga ou uma abertura nas costas, fechada por fitas e sobre esta veste usava-se uma
capa longa e retangular. Os etruscos calçavam uma espécie de bota alta, amarrada e com
a ponta virada para cima, obviamente uma influência da Ásia Menor. Estes trajes
etruscos desapareceram após o domínio romano sobre a região e somente a toga
permaneceu tornando-se uma característica marcante no traje romano.

A toga era essencialmente usada pelas classes superiores, pois exigia habilidade para
drapeá-la em volta do corpo e impedia atividades mais vigorosas. Os senadores eram
conhecidos por suas togas brancas. Menino romanos livres usavam uma toga com uma
borla roxa até atingirem a puberdade, a toga praetexta , então em uma cerimônia era
substituída pela toga virilis branca. Durante períodos de luto ou cerimônias religiosas
usava-se uma toga de cor escura. Por volta de 100 d.C a toga começou a diminuir de
tamanho.

Por baixo da toga, no período da República, os homens usavam um saiote simples de


linho que durante o Império foi substituído por uma túnica costurada, equivalente ao
quiton grego. Esta túnica era feita com dois pedaços de pano costurados e era vestida
pela cabeça e presa por um cinto, seu comprimento era até o joelho mas em ocasiões
especiais chegava até o chão.

Trabalhadores e soldados usavam somente a túnica, sem a toga por cima. Quando esta
túnica possuía mangas era chamada de dalm?tica e quando era totalmente bordada era
chamada palmata.

Os romanos com suas rígidas tradições não aprovavam as calças curtas nem as
compridas adotadas pelas tribos bárbaras. Mas acabaram sendo aceitas principalmente
pelos soldados.

No início os romanos usavam barbas, mas a partir do s�culo 2 a.C come�aram


rasp�-la, tornando-se este costume universal. Os cabelos eram curtos, mas os mais
elegantes os anelavam cachos com pin�as quentes.

As roupas femininas eram muito semelhantes �s masculinas, exceto pelo uso de um
corpete macio conhecido como strophium. A t�nica era mais comprida do que a
masculina e chegava at� os p�s. Podia ser feita de l�, linho ou algod�o e as
romanas ricas usavam de seda. Ao contr�rio do que pensa seus trajes eram coloridos:
vermelhos, amarelo e azul eram as cores preferidas e tamb�m costumavam ser
ornamentados com uma franja dourada ou ricamente bordados. Sobre a t�nica usava-
se a stola parecida com a toga, era usada em p�blico.

Era comum cobrir a cabe�a em p�blico, mas os penteados eram muito importantes
para as romanas, e se tornaram muito elaborados na �poca de Messalina, requerendo
os servi�os de uma ornatrix, que passava horas arrumando os cachos das senhoras em
mechas e num coque conhecido como tutulus. Os cabelos louros eram uma moda e
mulheres de cabelos escuros faziam descolora��es, tamb�m era comum o uso de
perucas e apliques. Os luxos das j�ias era tamb�m apreciado, homens e mulheres
as usavam. T�cnicas como esmaltagem e damasquinagem foram trazidas do oriente, e
as mulheres usavam brincos, colares, pulseiras, tornozeleiras, an�is e tiaras para o
cabelos em ouro , pedras preciosas, marfim e at� camafeus.

Os romanos usavam sand�lias, a princ�pio muito simples, feitas com uma pe�a
de couro n�o tingida, e presa por tiras. Eram usadas pela maioria dos cidad�os
romanos mas n�o pelos escravos. Dentro de casa usava-se chinelos, que podiam ter
variadas cores e at� pedras preciosas como os usados por Nero. Nos dias chuvosos
usava-se coturnos e botas fechadas uma influ�ncia gaulesa.

Idade M�dia

O imp�rio romano sempre esteve cercado por povos b�rbaros que vez ou outro
invadiam seus dom�nios, eles era: teut�es, tribos do norte conhecidos por godos
que se subdividiram em: ostrogodos que rumaram para o leste (regi�o da R�ssia) e
visigodos que invadiram a regi�o da Espanha. Os hunos vindos da Mong�lia
tamb�m invadir�o o imp�rio romano. Outras tribos como os gauleses e o
bret�es adotaram costumes romanos, mas os francos que deram origem aos
merov�ngios que acabaram dominando grande parte da atual Fran�a e
influenciando outros povos.

As escava��es arqueol�gicas indicam o uso de trajes de linho em forma de


t�nicas at� os joelhos chamada gonelle, esta t�nica podia ser bordada nas
extremidades e presa por um cinto. Os guerreiros usavam t�nicas resistentes algumas
feitas de couro e recobertas com placas de metal. Os homens usavam cal��es, �s
vezes at� o joelho, deixando as pernas descobertas.

O vestu�rio feminino era constitu�do por uma t�nica longa adornada por faixas
bordadas. Os bra�os ficavam nus. Broches prendiam as roupas aos ombros e usavam
cintos de couro, sobre os ombros usavam um tipo de len�o drapeado.

Nesta �poca homens e mulheres tinham os cabelos compridos, as meninas e os


homens os deixavam soltos e as mulheres casadas os prendiam. N�o se usava
chap�u.

Por volta do ano 1000 o vestu�rio feminino das mulheres anglo-sax�nicas consistia
de uma t�nica, vestida sobre uma camisola, uma sobret�nica, vestida pela cabe�a
e puxada sobre o cinto para mostrar a pe�a de baixo (ela possu�a bordados junto ao
pesco�o, na barra e nas mangas), e um manto no comprimento da t�nica e preso
sob o queixo. Os cabelos eram presos com um v�u que cruzava o peito e ca�a
at� os joelhos.

Renascimento

O nascimento da moda no Ocidente

A moda nunca foi t�o democr�tica quanto atualmente, durante s�culos, o


vestu�rio respeitou limites de classes sociais, hierarquias, profiss�es e sexo. Era
como um sistema de castas onde cada um somente vestia conforme o seu papel social.

Leis suntu�rias descrevia o que era permitido vestir, assim plebeus n�o podiam se
trajar como nobres assegurando-lhes a distin��o de classes de uma maneira
ostensiva. Durante muitos s�culos as classes subalternas ficaram de fora do c�rculo
da moda.

No s�culo XIII e XIV um processo de enriquecimento da Europa houve o


fortalecimento do com�rcio e as atividades mercantis come�aram a se desenvolver,
surge um novo estrato social, a burguesia. Este burgu�s, novo rico quer se parecer ao
m�ximo com a nobreza e investe em apar�ncia, usando tecidos caros e j�ias.
Neste momento na Fran�a, Espanha e It�lia vem o troco da nobreza com a
multiplica��o das leis suntu�rias alegando o "esbanjamento" de metais preciosos
e gastos indevido com produtos importados, mas no fundo era uma tentativa de "colocar
cada um no seu lugar" novamente. Mas a imita��o do vestu�rio nobre continuo
� medida que a classe m�dia foi surgindo juntamente com a burguesia: advogados,
pequenos comerciantes, enfim os "pequeno burgueses".

Na metade do s�culo XIV uma grande revolu��o acontece, eis que


definitivamente surge a moda. Homens e mulheres passam a se vestir de maneira
diferente, adquirindo cada qual novas formas.

Os homens come�am a usar o gib�o, um esp�cie de colete curto acolchoado na


frente e apertado para real�ar o peito, acabava na altura dos quadris e era usado com
um cinto. Sobre o gib�o vestia-se uma sobret�nica, decotada, justa e abotoada na
frente, com borlas enfeitadas e mangas amplas.

A "beca" tamb�m era um traje caracter�stico da �poca, era ajustada nos ombros
e caia solta, presa por um cinto, o comprimento era variado (mais comprida para
cerim�nias especiais) e as mangas amplas, a gola era alta e reta.

As mulheres se vestiam de maneira menos extravagante: um vestido justo at� a


cintura e abrindo em uma saia pregueada at� o ch�o, as mangas eram
just�ssimas e sobre o vestido uma sobret�nica, com mangas enfeitadas de fitas. A
inova��o nos trajes femininos vem em meados do s�culo XVI, onde os decotes
come�am a ser explorados, o abandono do v�u, e um corpete de vestido ajustado
que tinha o efeito de um espartilho apertado.

A partir do estabelecimento das formas "femininas" e "masculinas" , as roupas passaram


a se modificar em per�odos de tempos cada vez mais curtos, antes passavam-se
s�culos e as vestimentas n�o se alteravam em nada agora os saltos da moda eram
dados para manter o status da nobreza pois seus trajes eram copiados por burgueses e
pequenos burgueses num efeito cascata.

O vestu�rio n�o era mais origin�rio de uma mem�ria coletiva mas era o
reflexo do gosto e das prefer�ncia de reis e poderosos. O vestu�rio se torna uma
forma individual de express�o, pois era preciso manter o afastamento social e a
f�rmula encontrada era a constante renova��o, como as an�lise de Veblen
concluem que o consumo das classes superiores obedece ao princ�pio do
esbanjamento ostentat�rio, o que atrai a estima e a inveja, o que no fundo n�o
deixa e ser a rivalidade entre os seres humanos e uma eterna luta de classes.

Considerando a nobreza e a burguesia emergente podemos notar este nascimento pelo


gosto das novidades, mas o que acontece nas classes menos favorecidas? Bem sabemos
que existe sempre uma tend�ncia � n�o aceita��o do novo por parte destas
classes, extremamente tradicionais n�o adotam mudan�as facilmente, uma vez que
suas condi��es tamb�m impedem a constante renova��o, al�m de serem
atingidos pelas leis suntu�rias, estas classes que tamb�m era compostas de
membros pertencentes � guildas, mestres e aprendizes que se vestir de acordo com a
hierarquia era um motivo de orgulho e tradi��o, portanto abandonar o traje que os
distinguiam dos demais para adotar modismos era fora de quest�o, at� porque estes
poderiam ser expulsos de suas corpora��es.

Ao mesmo tempo que se cristaliza este esp�rito de pertencer � uma


corpora��o nasce tamb�m um sentimento de nacionalidade, cada vez mais forte
desde o final da Idade M�dia. N�o podemos deixar de notar que a moda nascente
deixou bem claro a distin��o cada vez maior dos trajes adotados por diferentes
na��es, come�a surgir a roupa nacional, refor�ando a identidade e
contribuindo para o aparecimento da consci�ncia cultural nacional. Cada Estado
passou a se distinguir dos seus vizinhos com o uso de elementos singulares, mas quando
a pol�tica e a economia qual seria a na��o dominante a maneira de se vestir da
nobreza e da burguesia tendia � absorver elementos desta na��o que estava em
voga no momento, fen�meno que podemos sentir at� hoje na maneira de nos vestir.
Por uma lado temos a nobreza e a burguesia procurando a individualiza��o pela
moda e, contraditoriamente, a maior parte da popula��o buscando a ado��o de
um padr�o comum e um senso de identidade pela uso de determinados trajes
t�picos. Os trajes nacionais hoje em dia fazem parte do folclore e s� s�o usados
em ocasi�es especiais, festas ou ocasi�es onde se fazem necess�rio para
relembrarmos de nossas origens.

Durante o Renascimento e os s�culos seguintes podemos notar o exagero cada vez


maior promovido pela nobreza na tentativa de manter o seu status quo. Com o
desenvolvimento da grandes navega��es houve um enriquecimento r�pido na
Europa, o com�rcio com o Oriente e a explora��o colonial permitiu o acesso �
riqueza e novos materiais de luxo, o padr�o de vida em algumas cidades europ�ias
aumentou muito e a nobreza se tornava cada vez mais sofisticada, assim como toda a
corte que a acompanhava, que aumentou em n�mero de pessoal e nas despesas j�
que era necess�rio acompanhar o luxo dos governantes. Al�m da produ��o de
roupas os acess�rios tornaram-se indispens�veis como as perucas, assim surgia
novos profissionais especializados na cria��o e manuten��o destes
acess�rios, as frivolidades da moda foram crescendo e o ritmo de mudan�as era
cada vez mais r�pido, meses, semanas, dias...

A influ�ncia maior na moda do per�odo foi da It�lia, fazendo muitas


modifica��es nos trajes medievais, os sapatos n�o eram mais pontudos,
adquiriram um bico largo. O recorte nas roupas (fendas nos tecidos que deixavam ver o
forro por baixo) foram adotadas at� 1500 aproximadamente, n�o s� o gib�o,
mas os cal��es tamb�m eram recortados, formando roupas compostas por tiras.
As meias eram costuradas nos cal��es. Os chap�us masculinos tinham a forma
de boinas e os camponeses usavam chap�us de abas largas.

Nesta �poca o vestu�rio feminino era mais discreto que o masculino, era composto
de saias amplas e bordadas, blusa e uma beca caindo em pregas at� o ch�o com a
cintura marcada, as mangas tornam-se largas.

As roupas das classes altas durante a primeira metade do s�culo XVI eram de cores
vivas, o vermelho era a cor mais usada, os tecidos mais usados eram o veludo e o cetim.

A outra metade do s�culo deu lugar � moda espanhola e do predom�nio do


preto, outras mudan�as ocorreram, o gib�o passou a ser acolchoado, a fim de
encorpar o usu�rio na regi�o do peito e deixar a cintura mais fina, os espartilhos
tamb�m eram usados por homens deixando a pessoa com a postura r�gida, aparece
o rufo que contribui mais ainda para o ar aristocr�tico da elite, mostrando que tais
pessoas n�o precisavam trabalhar, com o passar do s�culo o rufo foi aumentando.
O rufo feminino era aberto na frente deixando o colo exposto.

O s�culo XVI foi marcado pela rigidez das roupas, o corpete das roupas femininas
era engomado e mantido no lugar com barbatanas de madeira n�o flex�veis. A saia
era armada pela "farthingale", uma an�gua armada por arcos de arame, madeira ou
barbatanas de baleia, surgiu na Inglaterra em aproximadamente 1545 e s�o ancestrais
das crinolinas ou anquinhas do s�culo XIX. Os homens neste s�culo passaram �
usar capa, feitas em tecido caros, e meias feitas em tric�.

S�culo 17

A influ�ncia espanhola sobre a vestimenta continua mas ocorreram certas


modifica��es, como o abandono do gib�o acolchoado e o alargamento das
mangas, em alguns pa�ses o rufo diminui, mas na Holanda a tend�ncia ficou mais
forte.

A moda masculina da �poca � associada ao estilo "tr�s mosqueteiros",


cal��es, gib�o, capa curta pendendo no ombro, chap�u de aba larga adornado
com uma pluma e as botas com a extremidade superior virada, �s vezes at�
enfeitada com renda. Os sapatos quando usados eram enfeitados com fitas, la�os e
rendas.

As roupas femininas, ainda eram elaboradas, mas pareciam mais naturais, o rufo foi
sendo substitu�do pela gola ca�da. O traje feminino consistia em um corpete,
an�gua e beca. O corpete era decotado e amarrado com uma fita de seda na frente,
esta parte da frente era coberta por uma "piece" ou "plastom". As mangas eram
exageradas e bufantes. A saia era formada por duas pe�as, uma drapedada (em cima)
que revelava a de baixo. As golas ca�das foram se tornando sofisticadas com apliques
e borlas em renda.

As mulheres usavam na primeira metade do s�culo, os cabelos rente no alto da


cabe�a e cachos do lados. Para sair usavam pequenos capuzes pretos ou xales de
renda sob a cabe�a. Esta era a moda francesa, usada tamb�m na Inglaterra.

Na Holanda as roupas eram mais conservadoras, o predom�nio era do preto e o rufo


foi mantido, tornando-se maior com o passar do tempo. Mas a supremacia da moda no
s�culo XVII foi mesmo francesa e nunca a moda tinha sido t�o extravagante,
apesar de certa continuidade o ciclo da moda perpetuava-se nos pequenos detalhes,
cal��es mais largos e bufantes, cores diferentes, fitas, capas etc...

Uma mania surgida em 1655 permaneceu por mais de meio s�culo, era o costume de
colar pintas no rosto, e estas n�o eram apenas redondas, podiam ter diversos formatos
como estrelas e luas. Estas pintas eram feitas de em-plastos de seda preta.

Em 1670 as golas de renda sa�ram de moda e usava-se um len�o para cobrir os


ombros descoberto, isto na moda feminina que permaneceu "est�tica", enquanto isso
o traje masculino passou por uma revolu��o quando o rei Carlos II, da Fran�a e
sua corte adotaram um novo estilo: casaco justo, indo at� a barriga da perna, sobre
uma t�nica aberta no peito, cal��es de corte espanhol e botas da cor da roupa.
Falava-se na �poca de uma maneira "oriental" � "moda persa". Sobre a t�nica
usava-se um sobretudo para sair ao ar-livre. A evolu��o deste traje foi: o sobretudo
chegando at� os joelhos e abotoado, quase escondendo os cal��es, o casaco
simples por baixo, os bordados em uma pe�a interna e a gola ca�da desaparecendo,
em lugar da gola usava-se um len�o em musseline ou renda, este len�o ficou
conhecido como "plastom".

Os cabelos masculinos eram compridos, alguns homens e mulheres usavam apliques


mas o efeito desejado era o natural. Ap�s 1660 a peruca tornou-se um acess�rio
indispens�vel e era de apar�ncia declaradamente artificial. Algumas perucas eram
imensas e pesadas. Por volta de 1690 estas perucas passaram � ser empoadas,
h�bito adotado por todos.

Curiosamente nesta �poca as mulheres n�o usavam perucas mas buscavam a


mesma impon�ncia em seus penteados "altos", abandonados na virada do s�culo.

O chap�u masculino no final do s�culo passava por modifica��es


freq�entes, mudando de propor��es, finalmente surge o modelo "tric�rnio"
que durou um s�culo, o seguinte.

S�culo 18

O estilo do s�culo XVIII havia sido estabelecido no final do s�culo passado. Em


1715 iniciou-se uma nova era na moda, as roupas femininas ficaram mais soltas e com
linhas fluidas, as saias se ampliavam para o lado, chegando � 4,5 metros, sustentadas
por meio de barbatanas de baleias e arcos de salgueiro.

Existia dois tipos de vestidos os "abertos" e os "fechados". O vestido fechado consistia


em um corpete e uma an�gua, sem abertura na frente da saia, o vestido aberto tinha
esta abertura em forma de V invertido, deixando aparecer a pe�a de baixo ricamente
bordada, o bordado da an�gua era acompanhado com o do corpete que possu�a
uma abertura na frente preenchida por um peitilho em forma de escudo e endurecido
com papel�o ou barbatanas. As mangas terminavam na altura do cotovelos, sendo que
deixavam � mostra os babados da chemise.

A roupa masculina consistia de em um casaco, colete e cal��o. O casaco justo


at� a cintura, sem gola com uma carreira de bot�es na frente, os punhos eram
imensos e virados para cima no come�o do s�culo. Por baixo do casaco vestia-se
uma camisa enfeitada com rendas no punho, no peito e na gola. O colete era muito
bordado e feito de tecido diferente do casaco, no in�cio do s�culo o colete e o
casaco tinham o mesmo comprimento. Os cal��es at� os joelhos foram usados
por todo o s�culo, em 1735 estes passaram a ser usados por cima das meias. O
chap�u tric�rnio foi de uso un�nime, intelectuais e camponeses os usavam sem
dobrar as abas.

Em 1760 come�a � mudar o estilo das roupas, inicialmente esta mudan�a
come�ou pela menor import�ncia dada � corte francesa e uma valoriza��o
das roupas inglesas do "campo", a tend�ncia era a praticidade e a simplicidade. Os
casacos passaram a ser lisos, com os punhos mais estreitos, o chap�u tric�rnio
passou a ser substitu�do por um modelo de copa alta.

Na d�cada seguinte o vestu�rio feminino � que come�ou a mudar, os arcos da


saia come�aram a formar uma anquinha, o corpete passou a ser estufado produzindo
um efeito de "papo de pombo", estes corpetes muito decotados exigiam que o colo fosse
coberto por um len�o. Os penteados passaram a ser alt�ssimos e at�
arma��es de arame eram usadas, al�m disso tudo era coberto por p� branco e
pomada para durar meses, este cabelos acabavam virando "ninhos de piolhos". Al�m
deste penteados a cabe�a ainda era adornada por pequenos chap�us que com o
passar do tempo forma aumentando de tamanho.

A revolu��o francesa foi um marco importante dentro da hist�ria da moda, a


maneira e vestir do Antigo Regime foi abandonada. Os casacos bordados, os vestidos
brocados, as perucas e os cabelos empoados desapareceram, o estilo da corte francesa
foi extinto e no seu lugar entrou o estilo ingl�s do campo definitivamente. Assim os
homens passaram � usar um casaco de ca�a comprido, botas ao inv�s de sapatos
e coletes justos, os colarinhos eram altos e os len�os do pesco�o volumosos.

As roupas femininas mudaram completamente, forma abandonadas as anquinhas e os


espartilhos, os tecido deixaram de ser extravagantes. Tudo agora era muito leve em
cores past�is ou branco, a cintura era alta, abaixo dos seios e os sapatos forma
substitu�dos pelas sapatilhas sem salto. Os cabelos foram simplificados e o �nico
adere�o mais extravagante era uma pluma de avestruz.

S�culo 19
No in�cio dos s�culo XIX as formas simples das roupas s�o influenciadas pelo
estilo Neo-Cl�ssico, ap�s a Revolu��o Francesa as mulheres abandonaram os
espartilhos, saiotes e saltos para adotar vestidos simples, semitransparentes que
valorizavam o corpo por baixo do vestido geralmente em cores suaves, com a cintura
marcada sob os seios. A conquista do Egito por Napole�o trouxe para a Europa uma
onda de orientalismo, onde turbantes foram usados at� na Inglaterra. Al�m desta
moda oriental procurava-se atingir um efeito "cl�ssico", linhas verticais como nos
trajes greco-romanos. Os chap�us eram de palha lembrando trazendo uma nostalgia
campestre para a cidade. Esta releitura do classicismo n�o dura muito tempo, logo
come�am resurgir as mangas bufantes depois a simplicidade � totalmente
abandonada, por volta de 1820, a cintura volta para seu devido lugar, os chap�us
voltam a ser enormes, as saias come�am � inflar e as mangas tornam-se imensas.
Na d�cada seguinte as mangas inchadas desaparecem dando lugar para mangas justas.
Em 1855 surge a grande marca do s�culo XIX na vestimenta feminina , a crinolina,
inven��o da Imperatriz Eug�nia. A mulher passa a ter a forma de um
tri�ngulo, auxiliada pelos xales, a partir do ano de 1859 a roda da crinolina come�a
� diminuir e o volume do vestido se aloja na parte posterior e n�o como um
c�rculo em volta da mulher, a confec��o das roupas passa a ser mais elaborada
acentuando a curva no quadril.

Com a inven��o da m�quina de costura por volta de 1870, houve uma


revolu��o detalhes nunca antes imaginados puderam se materializar, tornou-se
mais f�cil produzir e come�a a surgir a ind�stria do vestu�rio.

Em 1884 a anquinha se concentra na parte de cima, a parte da frente do vestido torna-se


r�gida. Na d�cada de 90 revive-se a silhueta de 1830, e na virada do s�culo a
mulher passa a ter formas esculpidas em forma de S.

Al�m da crinolina e das anquinhas o espartilho com suas formas r�gidas foi o
grande artif�cio usado para tornar o copo mais atraente. Ap�s ser abandonado por
um per�odo relativamente curto no final do s�culo XVIII e in�cio do XIX ele
volta a ser indispens�vel, como foi em mais de 400 anos, para as mulheres, o
espartilho volta mais flex�vel mais continua sendo uma pris�o.

Ao contr�rio da vestimenta feminina, em constante flutua��es de estilo durante


todo o s�culo, o vestu�rio masculino seguiu um caminho da simplifica��o e
austeridade. O in�cio desta evolu��o come�a com a ado��o pela maioria
dos homens europeus, ainda no final do s�culo XVIII, pelo traje de montaria que
dar� origem � casaca, e o chap�u do ca�ador que dar� origem � cartola.

Os cal��es, usados at� a d�cada de 20 acompanhados pelas botas de montaria


ser�o substitu�dos pelas cal�as, moda lan�ada pelo duque de Wellington. O
luxo ainda persiste no uso do coletes e gravatas, que mostram ainda extravag�ncia ou
ainda as golas alt�ssimas das camisas.

O Romantismo substitui este resqu�cios de excentricidade pelas gravatas pretas,


lentamente as cores dos palet�s, cal�as e coletes se harmonizam at� se tornarem
totalmente s�brias. Em 1890 a cartola come�a a ser substitu�do pelo chap�u
de feltro.
Existem duas grandes revolu��es na moda do s�culo XIX que reflete no
s�culo XX, independentemente de estilos surge a confec��o industrial, com a
inven��o da m�quina de costura, fazendo assim surgir pela primeira vez na
hist�ria uma produ��o em massa de roupas consequentemente o barateamento
do vestu�rio e a "populariza��o" da moda para uma pequena e m�dia
burguesia urbana que compra suas roupas em magazines. Na linha oposta disso, surge a
Alta Costura, com a cria��o de modelos originais feitos sob medida para uma elite,
a Alta Costura lan�a as tend�ncia do ano, Charles-Fr�deric Worth, funda em
1857 em sua casa a primeira maison do mundo. A moda mais uma vez tem o seu foco
de aten��o sobre a Fran�a.

(http://christsantarelli.sites.uol.com.br/index.htm)

http://www.infoescola.com/curiosidades/historia-da-moda-no-ocidente/

As roupas não são utilizadas apenas para proteger o homem das intempéries, como era o
caso dos primitivos da era paleolítica, na região hoje conhecida como o continente
europeu. Já naquela época alguns elementos do vestuário tinham um certo simbolismo
social e psíquico, embora o fator predominante fosse realmente enfrentar o rigoroso
clima daquele período.

Os trajes constituem, portanto, não apenas uma forma de resguardar o corpo das
adversidades climáticas e um meio de convivência na sociedade, mas também uma
maneira de se comunicar não verbalmente com o outro. Ao longo do tempo o Homem
vem se revestindo de uma determinada indumentária para elevar sua auto-estima, sentir-
se bem consigo mesmo e para agradar seus semelhantes.

Seja, portanto, por motivos de sobrevivência, por razões morais, religiosas ou estéticas,
o Homem um dia se inspirou na Natureza, na aparência dos animais, enfeitados com
suas penas coloridas, suas malhas e peles vistosas, para compor seu próprio figurino.
Aos poucos as indumentárias se transformaram em símbolos de destaque, influência e
autoridade, distinguindo socialmente os homens pela forma como compõem sua
aparência. As roupas adquirem, aos poucos, um valor comercial, incentivando o
intercâmbio de mercadorias, acelerando o desenvolvimento econômico, à medida que o
Ocidente avança em sua jornada rumo à civilização.

A necessidade leva o ser humano a modificar sua vestimenta. Inicialmente os primitivos


utilizavam peles, as quais passaram a irritar seu corpo, a dificultar os movimentos, o que
os levou a procurar alternativas, encontrar outros tecidos, como fibras vegetais e outras
opções à sua disposição.

Entre os egípcios, qualquer fibra animal causava repugnância, era vista como algo
contaminado, portanto preferiam o linho, de origem vegetal. Durante quase três mil
anos eles não mudaram muito sua forma de se vestir, que já tinha o poder de diferenciar
socialmente os indivíduos. Os pobres e os escravos eram logo reconhecidos por não
usarem quase nenhum traje, desfilando praticamente nus pelas ruas. As mudanças
ocorreram gradualmente, com a influência do figurino de outros povos, especialmente
dos gregos.
Na Grécia era comum usar o quiton, enrolado no corpo e fixado por alfinetes e broches,
com uma faixa em torno da cintura; ele era tecido com lã, no estilo dório, ou com linho,
no jônio. Suas roupas eram bem coloridas, embora os mais pobres se vestissem com
cores mais sóbrias, como o marrom escuro-avermelhado, o que parecia desagradar os
poderosos, que optavam pelo vermelho, o roxo, o amarelo e o verde.

Entre os romanos, o traje mais tradicional, a marca do estilo da Roma Antiga, era a
toga, uma influência dos etruscos, que já ocupavam a Península Itálica antes da chegada
deste povo. Esta herança distinguia os membros da elite das demais classes sociais. Os
obreiros e os soldados vestiam-se apenas com uma túnica. As calças curtas ou
compridas eram rejeitadas pelas severas práticas romanas, mas foram adotadas pelos
militares de baixa hierarquia.

A idéia de moda nasceu entre os séculos XIV e XV d.C., ganhando força ao longo da
História, através da criação de métodos próprios para sua preservação. Ela marca
profundamente, na cultura ocidental, as diferenças entre as diversas classes sociais, mas
tem sempre um período determinado de duração, pois uma de suas características
principais é a sua periodicidade, ligada intrinsecamente à durabilidade de cada estação
do ano.

A moda está intimamente associada ao conceito de mudança, pois ela está em constante
metamorfose. Sua trajetória, portanto, deve estar inserida no interior da história social e
cultural, uma vez que ela não se separa jamais do seu contexto, das mudanças nele
vigentes, dos seus valores e padrões morais, da ética predominante em cada época, do
comportamento adotado nos diversos períodos abordados.

Fontes
Aguiar, Titta – Personal Stylist: Guia para Consultores de Imagem – Editora Senac –
São Paulo – 2003.
http://www.fashionbubbles.com/2008/o-que-e-a-historia-da-moda-parte-12/
http://www.portaisdamoda.com.br/historiamoda~moda~A+historia+da+moda.htm

http://www.modaria.com.br/lermais_materias.php?cd_materias=94

Ser fashion já era uma preocupação no tempo das cavernas!


imagem terra.com.br

Por Patrícia Douat

Em 1958, a descoberta de Çatal Hüyük, feita pelos arqueólogos James Mellaart, Alan
Hall e David French na Anatólia, Turquia, revolucionou todo o conhecimento da
história da moda e civilização. A história da moda na Antigüidade começava com os
sumérios e egípcios. Até então pensava-se que comunidades com mais de 4.000 anos
eram nômades, caçadores vestidos de peles, com a única intenção de sobrevivência, sem
a menor preocupação com a moda ou a arte. Çatal Hüyük mudou a visão da moda na
comunidade acadêmica, abriu lugar para interrogações mais audaciosas.

Quando foi que a fascinação do ser humano pela moda e beleza realmente começou?
Até onde podemos traçá-la? Fundada há mais de 8.000 anos, Çatal Hüyük possuía uma
população de mais de 7.000 pessoas. As descobertas feitas ali são realmente
surpreendentes. As habitações mostravam o papel de destaque da mulher: eram
funcionais, com plataformas nas paredes que faziam a vez de camas. A mais importante
era a da dona da casa, que ocupava um lugar de destaque no ambiente familiar. Já
aquela destinada ao homem era de dimensões mais reduzidas e ocupava um canto da
peça.

Os objetos de cerâmica, adornos pessoais, tecidos e artefatos encontrados mostram um


alto grau de sofisticação. Os primeiros espelhos conhecidos, feitos de obsidiana, eram
tão finamente polidos que não demonstram sequer o mais leve arranhão. Contas feitas
de diversos tipos de pedras são tão finas que não podem ser penetradas por agulhas
modernas. Pingentes e contas de cobre e chumbo são fundidos. Mas as descobertas mais
interessantes são as pinturas murais, que demonstram as atividades industriais de alto
nível técnico: a representação de tecidos em estampados geométricos, incorporando
motivos florais nas cores camurça, branco, preto, cinza e vermelho alaranjado. São
claras representações de tecelagem de kilims, que dão evidência de que esta técnica
surgiu na Idade da Pedra.

Esta era uma sociedade que dava valor à moda, como é possível confirmar pela
existência das jóias de cobre e chumbo, das vestimentas em tecidos coloridos com
tinturas vegetais, fivelas de cinto, esteiras e tapetes finamente tecidos. Outro exemplo
antigo da preocupação com a moda e a beleza pode ser visto em uma figurinha de
cerâmica, representando a miniatura de um templo, na qual a chaminé é a representação
da cabeça da deusa em cujo pescoço pode ser visto um belo colar de pingentes,
arrematados por contas. Esta peça de 35 cm de altura, com mais de 8.000 anos, foi
descoberta em Porodim, na Macedônia. Nas comunidades Jomon, do Japão, são ainda
mais antigas as representações deste tipo: foram encontrados peças de obsidiana e
âmbar com cerca de 10.000 anos de idade. O cobre era usado há 10.000 anos para a
fabricação de jóias, apenas há 4.000 anos passou a ser utilizados em peças mais
utilitárias como armas e ferramentas.

Ainda que nada do material orgânico utilizado pelos povos primitivos tenha
sobrevivido, quatro peças de cerâmica, escavadas em Pavlov I, na Moravia, com 26.000
anos de idade, apresentam impressões negativas de terem estado em contato com
têxteis, quando ainda estavam molhadas. Que tipo de tecido era, se feito de fibras
vegetais ou animais, é impossível de se precisar, mas ainda assim fica claro que já nesta
época a tecelagem era uma realidade. É certeza que estes tecidos podem representar
esteiras ou mesmo xales, saias, camisas ou cintos de tecido. Ainda que estes tenham
sido produzidos sem o uso de um tear, é certo que alguma armação de madeira foi
utilizada na sua fabricação. Esta é a mais antiga evidência da existência de têxteis na
história da humanidade até hoje.

Como também é certo que a extração de hematita, goethita e limonito, como fonte de
pigmentos vermelho, amarelo e marrom, para o uso em pinturas das cavernas e adornos
pessoais, data de mais de 400.000 anos. Nos níveis Mousterians, da caverna de Pech de
l'Azé, na França, foram encontrados abundantes sinais de pigmentos usados pelos
Neanderthals. Dizem que Picasso, ao conhecer a maravilhosa arte das pinturas de
Lascaux, exclamou: "Nós não inventamos nada!".

Acreditava-se que Lascaux, com seus 17.000 anos de existência, era a mais antiga
manifestação artística humana. Recentes descobertas em Chauvet Cave, na França,
transportam esta data para 30.000 anos.

A moda dos adornos pessoais, as mais antigas jóias, podem ser datadas de 40.000 anos.
São conchas fossilizadas, coral, dentes de animais, ossos, chifres, marfim, pedra calcária
e azeviche, trabalhados e perfurados, usados na confecção de colares, braceletes, cintos,
enfim, toda a espécie de adornos pessoais da moda da época. Porque já então a moda
existia e ia muito bem, obrigada. Os dentes de raposa estavam na moda na Rússia,
Bélgica, Alemanha e França. Na Itália e Espanha, a moda eram os dentes de veado. Nas
regiões costeiras, a preferência ficava por conta das conchas exóticas.

Em escavações da era Paleolítica, em Sungir, na Rússia, foram descobertas tumbas com


mais de 25.000 anos, onde os esqueletos estavam ornamentados com milhares de
contas. Toucados, colares e braceletes, feitos de contas de marfim, finamente
trabalhadas. Os arqueólogos russos fizeram experimentos e concluíram que foram
necessárias 2.000 horas de trabalho na confecção das contas de cada indivíduo, 3.500
horas na confecção das contas encontradas com as crianças, provando o grande valor
dado aos adornos pessoais.

Outras descobertas nos informam sobre a importância dada aos penteados,


comprovando aí também a existência da preocupação com a moda, tal qual nos dias
atuais. Figurinhas de barro cozido, com mais de 20.000 anos, como a Vênus de
Willendorf e outras similares, demonstram que cabelos curtos e encaracolados, coques
baixos presos na nuca e cabelo em trancinhas decorados com contas eram alguns dos
estilos em moda no período Paleolítico.

Infelizmente, nada se pode confirmar sobre a moda do vestuário antigo. Quer o uso de
couro, peles ou tecidos, quer o estilo e modelos das roupas, tudo se perdeu com a
passagem do tempo. Talvez futuras descobertas nos possibilitem recriar o estilo destas
antigas comunidades humanas e proto-civilizadas.

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