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TRANSFORMADORES
Esta aula apresenta o princípio de funcionamento dos transformadores com base nas leis de
Faraday e Lenz, mostra o papel dos transformadores em um sistema elétrico de corrente
alternada, bem como deduz as relações fundamentais que constituem o modelo ideal de
transformadores, tanto na versão monofásica quanto nas várias formas de conexão
trifásicas.
Introdução
Como se sabe, a eletricidade é um excelente meio de transporte de energia de um ponto a
outro, devido a:
A energia elétrica, produzida em grande quantidades nas usinas, precisa ser transmitida até
os centros consumidores e, por sua vez, distribuída a cada consumidor. Portanto, em um
sistema de geração, transmissão e distribuição costumam coexistir grandes e pequenos
fluxos de energia. No transporte de energia elétrica existe uma relação direta entre o nível
de tensão e a quantidade de potência ativa transmitida, ou seja, quanto maior a tensão,
maior a potência transmitida. Por exemplo, uma linha de transmissão trifásica de 230 kV
é capaz de transmitir cerca de 200 MW, uma linha de 500kV tem capacidade para transmitir
1200 MW e uma linha de 750 kV cerca de 2200 MW. Isso então permite controlar a
quantidade de potência transmitida simplesmente variando-se o nível de tensão ao longo
do sistema, o que é facilmente realizado, em circuitos de corrente alternada, através de
transformadores. Os transformadores somente funcionam em corrente alternada, como
ficará evidente mais adiante.
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Capítulo 9 - Transformadores
permeado de transformadores de tensão, que ora elevam a tensão, ora abaixam a tensão
(mais comum), mas sempre estão interconectando duas partes da rede com tensões
diferentes. Note ainda que, embora quase todo o sistema seja em corrente alternada, podem
existir algumas linhas de transmissão em corrente contínua, conectadas através de
retificadores e inversores (é o caso das linhas CC do sistema Itaipu-Ibiúna).
• Transmissão: 230 kV, 440 kV, 500 kV, 600 kV (cc), 750 kV;
• Subtransmissão: 69 kV, 138 kV;
• Distribuição primária: 11,9 kV, 13,8 kV, 23 kV, 34,5 kV;
• Distribuição secundária: 115 V, 127 V, 220 V;
• Sistemas industriais: 220 V, 380 V, 440 V, 2,3 kV, 4,16 kV e 6,6 kV.
Conceitos básicos
Pode-se definir transformador de tensão como um dispositivo eletromagnético,
constituído por enrolamentos em núcleos de material ferromagnético, que interconecta dois
níveis de tensão em um circuito elétrico.
Os transformadores podem ser monofásicos ou trifásicos, dependendo do tipo de circuito
onde estão conectados. Um transformador monofásico é constituído por dois
enrolamentos (bobinas) instalados em um mesmo núcleo de material ferromagnético, como
ilustra o desenho esquemático abaixo. Note que um dos enrolamentos é chamado primário
e o outro chamado secundário, sendo que cada um deles pode ter um número de espiras
diferente.
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onde Vprimario e Vsecundario referem-se aos valores eficazes das tensões. Note que, no exemplo
da figura acima, tem-se RT=220/110 V = 2.
Os transformadores monofásicos são normalmente especificados usando dois parâmetros:
sua relação de transformação (RT=Vp/Vs) e sua potência aparente (VA). Por exemplo, um
transformador abaixador para uso doméstico tem a seguinte especificação: 220/127 V, 300
VA.
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Capítulo 9 - Transformadores
onde Vprimario e Vsecundario referem-se aos valores eficazes das tensões de linha. Note que, no
exemplo da figura acima, tem-se RTI=20kV/500kV=0,04 e RTII=500kV/138kV=3,62,
lembrando que em sistemas trifásicos as tensões especificadas sempre se referem às tensões
de linha.
A especificação de transformadores trifásicos deve mencionar basicamente: sua relação de
transformação (RT) e sua potência aparente trifásica (VA). Por exemplo, um transformador
trifásico abaixador usado para ligar a rede de distribuição primária à rede de distribuição
secundária tem a seguinte especificação: 11,9kV/220V, 15 kVA.
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Capítulo 9 - Transformadores
Observe que, quando o imã vai se aproximando da bobina, as linhas de força do campo
magnético vão cortando cada vez mais as espiras condutoras (fluxo variável), gerando uma
tensão nos terminais da bobina. Fechando-se o circuito com um amperímetro, este indicará
uma corrente fluindo. O importante é a variação do fluxo que enlaça o condutor. Como
não há contato direto entre o imã e a bobina, diz-se que a tensão é induzida e daí vem o
nome lei de indução de Faraday.
Usando-se o conceito de derivada, a lei de Faraday pode ser expressa por:
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Quando o imã permanente se aproxima da bobina, a variação do fluxo induz nela uma
tensão, obedecendo à lei de Faraday. Observe que a bobina está curto-circuitada,
permitindo portanto a circulação de uma corrente. A aplicação da lei de Lenz permite
determinar o sentido dessa corrente. Note que o sentido da corrente induzida depende do
sentido do movimento do imã: quando este se aproxima da bobina, a corrente deve criar um
fluxo magnético que o repila (com polaridade contrária); já quando o imã se afasta, a
corrente deve criar um fluxo magnético que o atraia de volta (com a mesma polaridade).
Para descobrir o sentido da corrente que deve passar em uma bobina para produzir uma
certa polaridade magnética usa-se a regra da mão direita do eletromagnetismo:
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A tensão alternada da fonte, ao ser aplicada na bobina do primário, faz circular nessa
bobina uma corrente alternada (embora não seja senoidal, devido à histerese do núcleo).
Essa corrente, chamada corrente de excitação ou magnetização. cria um fluxo magnético
no núcleo de material ferromagnético, cujo sentido é dado pela regra da mão direita. Esse
fluxo, chamado fluxo de magnetização, é alternado e aproximadamente senoidal, pois a
resistência da bobina e a corrente de excitação no primário são muito pequenas. Uma
pequena parte do fluxo dispersa-se no ar (chamado fluxo de dispersão), mas uma grande
parte percorre o núcleo indo atravessar as espiras do enrolamento secundário. Como o fluxo
é alternado, ou seja, variável no tempo, então induz-se uma tensão (senoidal) no
secundário, pela lei de Faraday. Esse é o princípio de funcionamento dos transformadores
em geral. Note que não existe acoplamento elétrico entre o circuito do lado primário e o
circuito do lado secundário, apenas há acoplamento magnético através do fluxo no núcleo.
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Note que agora a corrente I2 no secundário não é mais nula, existe também fluxo de
dispersão no enrolamento secundário e a corrente I1 no primário não se restringe mais à
corrente de excitação, tendo um valor bem maior que esta última. A figura acima mostra a
situação em regime permanente, que é o estágio final alcançado após o seguinte transitório:
imagine que o transformador está inicialmente em vazio, a corrente no secundário é nula e a
corrente no primário é a corrente de excitação. Quando se conecta uma carga Zc no
secundário, a corrente I2 se estabelece imediatamente, pois a tensão V2 está presente. Note
que o sentido dessa corrente é dada pela lei de Lenz, pois o fluxo magnético gerado pela
corrente do secundário deve se opor ao fluxo de magnetização produzido pelo primário.
Portanto, o fluxo de magnetização tende a diminuir no enrolamento primário, provocando
uma reação também baseada na lei de Lenz, ou seja, a corrente I1 no primário aumenta para
evitar que o fluxo de magnetização decresça, atingindo o regime permanente após algum
tempo. Em outras palavras, o nível da corrente no primário de um transformador sob carga
tem uma relação direta com o nível da corrente no secundário. Essa correne no primário é
aproximadamene senoidal, pois é muitas vezes maior que a corrente de excitação que é
não-senoidal.
Transformador ideal
As relações básicas que descrevem um transformador monofásico podem ser obtidas
facilmente considerando-se que os transformadores podem ser representados por um
modelo idealizado, levando ao que se convencionou chamar transformador ideal.
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em que as tensões e correntes correspondem aos módulos dos respectivos fasores (valor
eficaz). Portanto, pode-se escrever a chamada relação de correntes dos transformadores:
Transformadores trifásicos
Os transformadores monofásicos possuem em geral pequena ( 1000 VA) capacidade de
potência aparente (chamada capacidade de transformação). Quando se necessita de maiores
potências utilizam-se transformadores trifásicos.
Um transformador trifásico é constituído de pelo menos três enrolamentos no primário e
três enrolamentos no secundário, os quais podem estar conectados tanto em Y quanto em
. Essas várias formas de conexão dão origem aos quatro tipos de ligação dos
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conexão .
Essa forma de construção resulta em transformadores menores e mais baratos, porém com
menor flexibilidade e mais dificuldade de manutenção. Veja na figura um transformador
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acontece nas formas de conexão e . Veja por que isso ocorre considerando
um banco trifásico de três transformadores monofásicos ideais, conectados na forma
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no caso de uma conexão , conforme ilustra a figura abaixo. Essa forma de ligação é
normalmente utilizada nos transformadores abaixadores de tensão nas redes urbanas de
distribuição, em que os alimentadores primários ficam conectados no lado primário do
transformador ( ) e do lado secundário (Y) saem os alimentadores secundários de
distribuição com neutro (220V e 127 V).
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