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ESTADO DE MATO GROSSO


UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA
FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E LINGUAGEM
COORDENAÇÃO DE LETRAS

PLANO DE AULA Nº I

1 IDENTIFICAÇÃO
1.1 Professores: Fernando Soares Ferreira de Santana e Lucinéia Fernandes da Silva
1.2 Orientador: Profas. Mauricéia Gonçalves de Magalhães/ Lílian Minikel Brod
1.3 Escola: CME Sílvio Paternez
1.4 Turma: 7º Ano C
1.5 Data: 11 de junho de 2018 a 15 de junho de 2018
1.6 Tempo de duração: 4 horas aula
1.7 Tema: Leitura, interpretação e produção textual por meio dos gêneros textuais
1.8 Unidade Temática: Pluralidade Cultural/Variação e preconceito linguísticos

2 CONTEÚDO
 Poema Céu de São João de Marta Helena Cocco;
 Vídeo reportagem É bem Mato Grosso (00:05:45);
 Crônica Aí, galera de Luís Fernando Veríssimo;
 Crônica Baseado em fatos reais de Ferréz;
 Charges de Gonsales e entre outros autores;
 Vídeo Sotaques do canal Porta dos Fundos (00:02:27).

3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Desenvolver o tema, variações linguísticas, com vistas à a reflexão sobre o preconceito
linguístico. Condução do tema para o preconceito linguístico, através de alguns gêneros textuais e
discussão acerca do preconceito contra a identidade do outro.
3.2 Objetivos Específicos
 Refletir sobre as diferentes formas de falar do português brasileiro;
 Contribuir com um olhar de maior aceitação quanto as diferentes formas de falar o português;
 Discutir o preconceito linguístico, mascarado como “correção”;
 Proporcionar um diálogo sobre o preconceito linguístico.
4 METODOLOGIA
1º Momento: Iniciaremos realizando a apresentação e uma chamada mais estendida, perguntando
nome, idade e pretensões quanto aos estudos, a seguir apresentaremos brevemente o que pretende-se
trabalhar durante a semana. (Tempo: 30 minutos).
2º Momento: Faremos a leitura em voz alta do poema “Céu de São João”, que traz marcas da língua
falada, assim como a discussão sobre a variação utilizada. (Tempo: 25 minutos). Questões
norteadoras:
 O que achou do poema? Você já participou de uma festa de São João?
 Qual a linguagem utilizada no poema? O que você pensa sobre a utilização dessa linguagem
em um texto literário?
 Na opinião de vocês, qual a implicação da variação utilizada na construção dos sentidos no
poema?
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3º Momento: Assistiremos a reportagem do programa É Bem Mato Grosso, para comentarmos sobre a
diversidade e as mudanças que ocorrem na língua observando a variação de Cuiabá. (Tempo: 25
minutos). Partiremos das seguintes questões norteadoras:
 O que vocês percebem sobre o falar do brasileiro? Na opinião de vocês, há diferenças entre o
falar do entrevistado e o nosso falar?
 Algum familiar de vocês fala o dialeto de Cuiabá, como o humorista e o senhor entrevistado
na reportagem?
 Vocês acham que essas variações são comuns?
 O que a variedade cuiabana representa para vocês? Como vocês se sentem quando conversam
com alguém que fala esta variedade?
4º Momento: Após Faremos a leitura, em voz alta, da crônica “Aí Galera”, retomando a variação
linguística (de estilo). (Tempo: 25 minutos). Antes da leitura do conto traremos as seguintes questões
norteadoras:
 Vocês assistem jogos na TV? Qual é o seu jogador/time favorito? O que acontece depois do
jogo? (entrevista)
 Vocês assistem as entrevistas dos jogadores para a imprensa? Sobre o que falam?
 Como os jogadores se expressam?
Após a leitura do conto, traremos as seguintes questões:
 Por que o repórter, em diversos momentos, não entende o que o jogador fala?
 O que vocês acham que seja o preconceito linguístico?
 Por que as pessoas cometem esse tipo de preconceito?
 Por que não devemos dizer que alguém “fala errado”? Existe alguém que fale o português de
forma “errada”?
 Devemos falar da mesma forma como escrevermos, e escrever da mesma forma que falamos?
5o Momento: Proporemos para dois alunos, que se interessarem, fazerem uma leitura declamada da
crônica “Baseado em fatos reais” para reflexão acerca do preconceito linguístico, fazendo eles uma
encenação dessa crônica em sala. A partir deste texto traremos algumas charges, que iremos
acrescentar durante as discussões, analisaremos como o preconceito acontece. (Tempo: 1 hora). As
questões que irão nortear as discussões serão as seguintes:
 Vocês perceberam a linguagem utilizada na crônica? Em sua comunidade existe pessoa com
este falar diferenciado?
 Em quais comunidades são frequentes este dialeto? Através do diálogo, o que podemos dizer
sobre as características dos personagens?
6º Momento: Resolução de exercícios sobre os temas propostos, com questões objetivas e discursivas
para diagnosticar as reflexões propostas em aula, sendo as atividades corrigidas em sala. (Tempo: 50
minutos).
7º Momento: Rápido diálogo sobre a dinâmica das variações linguísticas no vídeo “Sotaques”
(00:02:27). (Tempo: 10 minutos). Questões norteadoras:
 O que acharam do vídeo?
 O que acham dessas mudanças da língua?
 Por que será que mudanças ocorrem na língua?
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Plano B: Leitura e interpretação do texto “O homem que sabia Javanês”, de Lima Barreto. Questões
sobre o texto, que serão passadas no quadro.
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5 RECURSOS
Folhas digitalizadas, quadro branco, marcador para quadro branco, projetor, notebook e caixa
amplificadora.
6 AVALIAÇÃO
A avaliação objetivara o diagnóstico do que foi refletido, acontecendo de forma contínua,
através das discussões e dos exercícios propostos no final da aula.
7 REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Diego. Questões para Análise do Livro: O Homem Que Sabia Javanês. Disponível em:
<http://pedagogiadasletras.blogspot.com/2013/07/questoes-para-analise-do-livro-o-homem.html>.
Acesso em: 31 de maio de 2018.
COCCO, Marta Helena. Céu de São João. In: _____. Doce Formiga. 2014.
É bem Mato Grosso. A origem do Linguajar Cuiabano. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=6bPPnJeYwKk>. Acesso em 25 de maio de 2018.
FERRÉZ. Baseado em fatos reais. In: ______. Caros Amigos. São Paulo: Casa Amarela ano VII, n.
76. Jul. 2003 p.70
Porta dos Fundos. Sotaques. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=GVTQO9czBsI>.
Acesso em 23 de maio de 2018.
VERISSIMO, Luis Fernando. Aí, galera. Disponível em:
<http://luizfverissimo.blogspot.com/2008/09/galera.html>. Acesso em: 31 de maio de 2018.
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ANEXOS

CENTRO MUNICIPAL DE ENSINO SÍLVIO PATERNEZ


PROFESSORES ESTÁGIARIOS: FERNANDO SOARES E LUCINÉIA FERNANDES

Estudante: ____________________________________ Data: ___/___/_____ 7º Ano C

1) Observe a tirinha a seguir e responda:

a) O rapaz representado na tirinha utilizou a variedade culta ou coloquial da língua?


b) Por que você acha que a moça foi embora?

2) Leia, a seguir, um trecho do conto “Nóis Mudemo”, de Fidêncio Bogo:

- Por que você faltou esses dias todos?


- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
Risadinhas da turma.
- Não se diz “nóis mudemo” menino! A gente deve dizer: nós mudamos, tá?
- Tá fessora!

Partindo das reflexões feitas em sala, responda:

a) Percebendo o trecho destacado do conto, o que você pensa sobre a correção feita
pela professora?
b) Por que você acha que a turma riu da resposta do aluno?
c) De que forma você acha que a professora deveria responder o aluno?

3) Pensando no que foi discutido em sala, marque um X na alternativa que define


melhor o preconceito linguístico:

( ) O preconceito linguístico não existe, apenas fazemos correções do que as pessoas


falam errado.
( ) O preconceito linguístico não existe porque não existe preconceito contra o que os
outros falam.
( ) O preconceito linguístico é um ataque a identidade da pessoa, pois a sua variação faz
parte de quem ela é.
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CENTRO MUNICIPAL DE ENSINO SÍLVIO PATERNEZ


PROFESSORES ESTÁGIARIOS: FERNANDO SOARES E LUCINÉIA FERNANDES

Estudante: ____________________________________ Data: ___/___/_____ 7º Ano C

QUESTÕES REFERENTES AO CONTO ,O HOMEM QUE SABIA JAVANÊS, DE LIMA


BARRETO:

1) Qual sua avaliação sobre o conto? Superou suas expectativas? Discorra.

2) Qual é o foco narrativo do conto: Primeira ou terceira pessoa? Justifique apresentando também um
trecho da obra.

3) O que é o javanês?

4) Qual era a situação de Castelo antes de se tornar “professor de Javanês”?

5) Qual a descrição feita por Castelo da residência que iria ministrar as aulas de javanês?

6) Questionado onde aprendeu javanês, qual a resposta de Castelo?

7) Por que o Barão de Jacuecanga queria aprender javanês?

8) De que forma eram as aulas de javanês?

9) Quais vantagens de Castelo em ser o professor de javanês?

In: http://pedagogiadasletras.blogspot.com/2013/07/questoes-para-analise-do-livro-o-
homem.html (editado)
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Aí, galera
“Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode
imaginar um jogador de futebol dizendo “estereotipação”? E, no entanto, por que não?
-Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera.
-Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou
no recesso dos seus lares.
-Como é ?
-Aí, galera.
-Quais são as instruções do técnico?
-Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia
otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico,
concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade,
valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão
inesperada do fluxo da ação.
-Ahn?
-É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça.
-Certo. Você quer dizer mais alguma coisa?
-Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo
previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
-Pode.
-Uma saudação para a minha genitora.
-Como é?
-Alô, mamãe!
-Estou vendo que você é um, um...
-Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o
atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
-Estereoquê?
-Um chato?
-Isso.”

In: http://luizfverissimo.blogspot.com/2008/09/galera.html
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CÉU DE SÃO JOÃO – Marta Helena Cocco

Seu João é um senhorzinho


muito bom e divertido
animado pra dedéu
por isso o mês de junho
fica todo bandeirinhas
a rebolar no céu.

Seu João é tão bão


que virou santo
e de Seu
passou pra São.

Bão como João


é o dia da festa.
- Ocê já pulou fogueira?
- Olha a cobra!
Que nada
é mais uma brincadeira
do senhorzinho do sertão
tão caipira tão querido
festejado e conhecido
na roça e na cidade

Pipoca
paçoca
quentão
milho verde
canjica
pinhão
_ ô trem bão
esse São João!

Oxente
vixe maria
o povo se fantasia
faz trancinha
pinta bigode
remenda calça
põe chapéu
- roda a saia minina!
Todo mundo
fica um pitéu!

Eita festa animada


- olha a chuva criançada!
Que nada
é o santo pregando peça!
-Cê se assustô, minino?
- De jeito manera!
No céu tem estrela à beça.
In: COCCO, Marta Helena. Doce Formiga. 2014.
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Baseado em fatos reais

- E aí, truta, tudo pela ordem?


- Tudo, de onde eu te trombo mesmo?
- Lá do Jardim Ângela, cê deu uma palestra na minha escola.
- Pode crê.
- Então, Ferréz, eu queria te trombar mesmo, oh!
- E o que pega, trutinha?
- Tem uma história pra ti, é curta, mas foi comigo mesmo que aconteceu.
- Truta, eu posso tá ouvindo, vamos tomar um refri ali no bar.
- Tá legal.
- E essas marcas aí no seu rosto?
- Isso tem a ver com a história.
- Coca-Cola ou guaraná?
- Dolly, que é mais barato e vem 2 litros.
- Certo, mas, e aí, o que tá pegando?
- É o seguinte, minha mãe tá desempregada, né, e cê sabe que a gente tem que fazer uns
corres aí pra viver.
- Mas você ainda é novo.
- Que nada, já tenho 16, e nessas eu tava fazendo umas fitas lá naquele mercado grande.
- Vichi! Mó barato sinistro, hein.
- Pro cê vê, tava pensando se eu roubar uns baratos miúdos eu não viro um dinheiro para
a coroa, então peguei logo um litrão de Whiski.
- Ahã!
- Logo o gerente me pegou no flagra.
- E aí?
- Me levou para trás no galpão dos estoques, disse no telefone que era um código X10,
isso quer dizer que eles deve chamar todo mundo da loja para ver.
- E foi todo mundo te ver?
- Isso num é vergonha, só que ele começou a me esmurrar, truta, ele me deu um soco
tão grande na cara, que o resto eu nem senti.
- Filho da mãe.
- E os gambé do mercado só olhando, ele me pegava pelo pescoço e gritava “Você é
louco? Vem roubar meu mercado?”. Eu nunca pensei que ia apanhar desse jeito, no rosto dos
funcionários eu ainda notei o dó, cara do céu! Até eu tive dó de mim.
- E aí, como ficou?
- Depois, ele passou para os gambé bater também, só que um era preto que nem eu e
teve meio dó, dava umas porradinhas meio na moral.
- Sabia que isso dá processo, tru?
- Dá nada, Ferréz, essas leis ai é só para eles , tô errado mesmo, só que um dia eu
trombo um só parecido com ele , eu arrebento.
- Pensa assim, não, tru, faz o seguinte, deixa o nome dele comigo, na hora certa nóis faz
ele passar uma vergonha grande, uma pá de gente vai saber quem é esse patrão bom batedor.
- Só que ele não é dono nem de nada, o mercado é de um boyzão, aquele que tá andando
com o presidente, e o maluco ai era só gerente.
- Eu sei, tru, é o que mais dói.

In: FERRÉZ. Caros Amigos. São Paulo: Casa Amarela ano VII, n. 76. Jul. 2003 p.70

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