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1.

Em primeiro lugar, é necessário destacar que o entendimento do parecer


de 06 de setembro de 2017 (fl. 10v) é um claro exemplo de interpretação extensiva. O
ensinamento de Norberto Bobbio1 é elucidativo acerca de tal método interpretativo:

Entende-se por "analogia" o procedimento pelo qual se atribui a um caso não-


regulamentado a mesma disciplina que a um caso regulamentado semelhante.
(...)
Mas qual é a diferença entre analogia propriamente dita e interpretação
extensiva? Foram elaborados vários critérios para justificar a distinção. Creio
que o único critério aceitável seja aquele que busca colher a diferença com
respeito aos diversos efeitos, respectivamente, da extensão analógica e da
interpretação extensiva: o efeito da primeira é a criação de uma nova norma
jurídica; o efeito da segunda é a extensão de uma norma para casos não
previstos por esta.

2. In casu, diante de situações semelhantes e do silêncio das normas


expressas nos artigos 5º e 6º da Lei n.º 10.898 de 2015, a interpretação supracitada
estende uma norma jurídica para casos anteriormente não previstos por ela. Há a
extensão dos efeitos das normas constantes da Lei n.º 9.550 de 2008 para os servidores
que não optaram pelo Plano de Carreira da Lei n.º 7.971, de 2000, o que não se
encontrava expressamente previsto na legislação aplicável.

3. Em relação aos riscos de um argumento a contrario, que interpreta como


eloquente o silêncio de uma dada norma jurídica e, disso, extrai consequências, o
magistério de Carlos Maximiliano é esclarecedor:

Não podem os Códigos abranger explicitamente todas as relações e


circunstâncias da vida, em constante, eterno evolver. Dilatam-se as regras de
modo que abrangem hipóteses imprevistas. Do silêncio do texto não se
deduz a sua inaplicabilidade, nem tampouco a supremacia forçada do
princípio oposto. A generalização do argumento a contrario extinguiria a
analogia e a exegese extensiva, e até restringiria o campo da interpretação
estrita, considerada esta nos termos em que os modernos a compreendem.
Constitui um meio de dedução e de desenvolvimento legislativo, só adotável
cautamente. Não estende a ideia própria do texto: do preceito claro tira, por
antítese, outro não explícito; logo não pertence à Hermenêutica, e sim à

1
BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. Apresentação Tércio Sampaio Ferraz Júnior,
trad. Maria Celeste C. J. Santos; rev. téc. Cláudio De Cicco. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 6ª
ed., 1995. 184 p. Págs. 151, 154 e 155.
Aplicação do Direito, como a analogia, de que é o verdadeiro contraste.
(destaques nossos)

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