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Posso começar com um mito?

Caso você não saiba toda história começa


no mito, uma série de historietas que falam aos presentes o que é o mundo e
como este deve seguir. Era uma ciência mágica, fantástica, humana, não de um,
mas de todos. O meu mito começa no ano de 1826, minha mãe não devia ter
mais de 23 anos, sem filhos, um aborto espontâneo, outro forçado. Este último
quase a matou, nos cálculos dela valia mais a pena eu nascer do que a
possibilidade dela morrer. Talvez daí veio minha natureza pragmática...

Continuando, minha mãe acoplava uma barra de ferro gusa a um


monobloco de ferro, talvez parte de um motor. Uma gestação, nas situações
dadas, saudável. Nove meses, exatos pelos meus cálculos, e minha mãe sente
um rompimento, olha para os lados e não vê o capataz, corre para o banheiro.
Agradece intimamente que não faz tempos que alguém limpou o banheiro, o
tranca. Segurando o grito no céu da boca ela me pare, rápida, passando um
cacto por todo seu sistema reprodutor o mais célere possível. O banheiro tem
uma poça de sangue e eu, silencioso, compactuando com minha mãe, éramos
presas e sabíamos. Minha mãe me amamenta, rápido, e me enrola em um pano
e me coloca novamente barriga. Uma briga com o capataz e mais 6 horas de
trabalho. Para todos os efeitos, não nasci.

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