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RESUMO
Este trabalho procura avaliar o impacto decorrente da mudança do capital requerido pela
implantação do Acordo de Basiléia III para uma amostra de 58 bancos. A metodologia
adotada simulou a aplicação dos parâmetros mínimos de capital regulatório para os balanços
de 2012, recalculando o montante a ser exigido ao final do período de transição em 2019.
Estimou-se também o custo de capital desses bancos e comparou-se com o retorno que os
mesmos têm apresentando ao longo dos últimos anos. A conclusão é que diversas instituições
estarão desenquadradas e os retornos apresentados são insuficientes para atrair novos capitais.
Palavras chave: risco, capital regulatório, acordo de Basiléia, bancos.
1 INTRODUÇÃO
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Uma das principais missões dos bancos centrais é zelar pela saúde dos sistemas financeiros.
Os bancos são os depositários da poupança da população e das empresas e exercem a função
de vasos comunicantes entre os detentores de poupança e os tomadores de recurso; portanto, a
falência de um banco constitui-se em um problema sistêmico. Bancos podem inadimplir
quando o volume de seus contratos é de tal magnitude que uma situação adversa incidindo
sobre os mesmos resulta em prejuízos não suportados pelo capital próprio da instituição.
1
A necessidade de um órgão regulador internacional tornou-se evidente nos anos 70 com o
final do acordo de Breton Woods, com a crise do petróleo e com a crise do endividamento
internacional. O Bank for International Settlements (B.I.S.) foi incumbido de promover a
cooperação entre os bancos centrais e passou a dedicar especial atenção à estabilidade
financeira internacional (B.I.S., 2006a). Dentro deste objetivo, o B.I.S. publicou em 1988 o
Acordo de Capital, visando estabelecer um padrão de alavancagem bancária que trouxesse
solidez às economias.
2.2 Basiléia II
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ii. Additional Tier 1, ou Capital Adicional Nível 1 na denominação do BACEN,
complementando Capital Principal Nível I.
b) Tier 2, ou Capital Nível 2. A soma de Tier 2 e Tier 1 deve ser no mínimo 8% de APR.
Além de Tier 1e Tier 2, Basiléia III prevê que o capital regulatório da instituição deve incluir:
c) Capital conservation buffer, ou buffer de conservação, consiste em um “colchão” extra
de capital para possíveis perdas, proporcionando à instituição que “adentrar” neste
limite a continuidade de suas operações. Nessas condições, a instituição é obrigada a
interromper o pagamento de dividendos, até a recomposição do capital. O buffer de
conservação adiciona 2,5% de APR ao Capital Principal Nível 1.
d) Countercyclical buffer, ou buffer contra cíclico. Visa garantir a estabilidade financeira
da economia e seu uso dá graus de liberdade para os bancos centrais: fora dos tempos
de crise, cria-se um colchão de capital para fazer frente às perdas em possíveis crises;
e nos tempos de crise a autoridade monetária pode aboli-lo para evitar uma recessão.
O buffer contra cíclico requer adicionais 2,5% de APR ao Capital Principal Nível 1.
Em linhas gerais, o Capital Principal Nível 1 consiste nas ações ordinárias, reservas de lucro e
outras reservas; o Adicional de Capital Nível 1 é composto por instrumentos com
características de perpetuidade, subordinados a todos os demais instrumentos à exceção das
ações ordinárias, resgatáveis apenas por iniciativa do credor e com autorização dos bancos
centrais.
O Capital Nível 2 será composto por instrumentos com prazo mínimo de 5 anos, subordinados
a todos os haveres da instituição, exceto aos instrumentos do Tier 1. Estes instrumentos de
dívida deverão ser integralizados em dinheiro; não poderão ser cobertos por garantias; não
poderão ter gatilhos de liquidação antecipada, exceto no caso de falência da instituição;
poderão ser resgatados por iniciativa do emissor, respeitado o prazo mínimo de 5 anos, e
desde que sejam substituídos por instrumentos de melhor qualidade, sob o ponto de vista de
capital regulatório.
Os ajustes prudenciais constituem-se em deduções sobre o valor do Capital Principal Nível 1.
São eles o Goodwill e outros ativos intangíveis; os créditos tributários decorrentes de
prejuízos fiscais e que dependem de resultados futuros para serem realizados; ações de própria
emissão em tesouraria; benefícios definidos de fundos de pensão; participações cruzadas no
capital de bancos, financeiras e seguradoras; investimento direto ou indireto no capital de
entidades bancárias, financeiras, seguradoras e assemelhadas que estejam fora do consolidado
regulatório; ganho na venda de ativos nas operações de securitização; insuficiência de
provisões para perdas esperadas; reservas para a cobertura de hedges, etc.
A Tabela 1 apresenta o phase-in às novas regras do B.I.S.:
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A insuficiência de capital para atender o buffer de conservação de capital e o buffer contra
cíclico pode interromper, total ou parcialmente, o pagamento de dividendos.
No que tange aos instrumentos que compõe o capital, o BACEN estabeleceu regras idênticas
às recomendadas pelo B.I.S. para os instrumentos híbridos e dívida subordinada. Assim, o
Capital Adicional Nível 1 pode ser constituído por instrumentos perpétuos, dentre outras
características, e o Capital Nível 2 com instrumentos com prazo mínimo de 5 anos.
Dentre os ajustes prudenciais, é importante notar que, embora o B.I.S. não tivesse
estabelecido em Basiléia II a dedução dos créditos tributários do capital regulatório, o Banco
Central já havia estabelecido algumas regras nesse sentido, obrigando os bancos a deduzirem
os créditos tributários de CSLL gerados até a publicação da Resolução CMN nº 3.059. A nova
Resolução nº 4.192 ampliou o escopo da restrição, estendendo a todos os créditos tributários
decorrentes de diferenças temporárias que dependam de geração de lucros ou receitas
tributáveis futuras para sua realização.
A esse respeito, é importante mencionar que a maior parte dos créditos tributários gerados
pelos bancos brasileiros é proveniente das provisões para créditos de liquidação duvidosa,
pois essas, embora reduzam o resultado, não são dedutíveis da base tributária e geram o
crédito tributário quando se procede ao write-off da operação de crédito. Dos R$ 110 bilhões
de créditos tributários do Sistema Financeiro, R$ 60 bilhões tem origem em operações de
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crédito (D´AMORIM e OMS, 2013). Se esses créditos fossem deduzidos do capital
regulatório, os bancos brasileiros teriam uma desvantagem relativamente aos bancos situados
em outros países. O BACEN excluiu estes créditos tributários da base daqueles que devem ser
deduzidos do capital regulatório.
Do exposto, fica evidente que o novo acordo de capital irá demandar um requerimento maior
de Capital Nível 1. Anteriormente, a proporção de Tier 2 estava limitada a 100% de Tier 1, ou
seja, era possível cumprir o requerimento de capital com capitais de “pior” qualidade. Além
disso, o buffer de conservação de capital e o buffer contra cíclico representarão um ônus
adicional para os bancos.
Para efeitos de comparação da situação dos bancos, o Tier 1 de Basiléia II aproxima-se ao
Capital Principal Nível 1 de Basiléia III, já que a totalidade do Tier 1 de Basiléia III incluiria
aqueles os instrumentos híbridos e a dívida subordinada possuidores de maiores restrições.
Enquanto que os acordos anteriores o requerimento de capital regulatório era atendido pelo
somatório de Tier 1 e Tier 2, o novo acordo estabelece requerimentos para o Capital Principal
Nível 1, para o Capital Nível 1 e para o somatório de Tier 1 e Tier 2.
3 METODOLOGIA
Para responder à primeira questão de pesquisa, foi analisada a suficiência patrimonial dos
bancos, tendo em vista as novas regras instituídas por Basiléia III. As seguintes premissas são
consideradas nesta análise:
1. Que os bancos irão manter suas exposições para os anos subsequentes, dentro do
calendário de enquadramento da nova regra.
2. Que os bancos irão manter sua estrutura de capital, inclusive, com a preservação das
características dos instrumentos híbridos de capital e dívida hoje existentes.
A segunda questão diz respeito à capacidade dos bancos em atrair novos capitais, tendo em
vista o eventual desenquadramento. Para tanto, será apurada a rentabilidade das instituições,
na forma de seu retorno sobre o patrimônio, que será comparada com o custo do capital
próprio setorial estimado pelo CAPM. Aquelas instituições que estiverem desenquadradas e
cujo retorno sobre o patrimônio for inferior ao custo de capital não terão condições de manter
o atual nível de alavancagem, e terão que reduzir suas exposições a riscos.
A base de dados utilizada foi extraída do sistema Bankscope, um serviço de informações de
instituições financeiras administrada por Bureau Van Dijk, companhia com sede em Bruxelas.
As instituições foram selecionadas com base nos seguintes critérios: bancos ativos, situados
no Brasil, classificados como bancos comerciais ou como instituições governamentais de
crédito, e com balanço disponível em 2012. Esta seleção permitiu selecionar 78 bancos, dos
quais 58 dispunham de informações suficientes para a realização de uma análise. Esta amostra
intencional é representativa, pois as instituições presentes correspondem a cerca de 80% dos
ativos totais do Sistema Financeiro Nacional.
Uma vez que o cálculo do capital regulatório exigiria o acesso a informações não disponíveis
nos balanços publicados, as considerações feitas nesse artigo são meramente indicativas. São
limitações deste estudo a impossibilidade de se apurar os ajustes prudenciais ao capital
regulatório, pois seria necessário (i) conhecer a característica dos créditos tributários
existentes em cada instituição; e (ii) analisar a estrutura societária para identificar
participações não consolidadas, as participações minoritárias, as participações cruzadas, etc.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
A Tabela 4 apresenta as informações sobre o capital regulatório dos bancos analisados, com
base nos demonstrativos financeiros de 2012. Logo, o capital regulatório embute as regras
vigentes naquele ano, ou seja, Basiléia II.
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Banco Ativos Capital Capital Instrumentos Dívida Capital Capital
ponderados Regulatório Regulatório Híbridos de Subordi- Nível 1 / total /
pelo risco Nível 1 Total Capital nada APR APR
(APR) (%) (%)
TokyoMitsubishi 1.795 1.097 1.097 0 0 61,10 61,10
Fator 1.742 429 429 0 0 24,62 24,62
Caixa Geral 1.633 474 474 0 0 29,06 29,06
Cacique 1.412 169 169 0 0 11,96 11,96
Intermedium 1.335 274 274 0 0 22,75 22,75
Ford 1.310 270 270 0 0 20,60 20,60
Rendimento 1.153 177 177 0 0 15,39 15,39
Pecunia 810 97 97 0 0 11,96 11,96
BANDES 798 160 160 0 0 20,00 20,00
Negresco 209 25 25 0 0 12,37 12,37
BPN Brasil 123 52 69 0 16 42,37 55,73
Fonte: Bankscope
Pode-se notar que todas as instituições encontravam-se enquadradas às normas vigentes, pois
apresentavam relação entre Capital Total e APR superior a 11%.
Tabela 5A Tabela 1e Tabela 6 apresentam o cronograma de vencimentos da dívida
subordinada e dos instrumentos híbridos de capital dos bancos estudados. O BNDES não foi
incluído, em virtude de indisponibilidade de suas Informações Financeiras Trimestrais no sítio
do BACEN.
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Tabela 6 - Instrumentos híbridos de capital e dívida – Em R$ Mil – Base: Dezembro/2012
Banco Sem Até 3 3 a 12 1 a 3 anos 3 a 5 anos 5 a 15 Acima de
vencimento meses meses anos 15 anos
Banco do Brasil 8.215 230 0 0 0 6.618 0
CEF 0 0 0 0 0 28.453 0
Nordeste do Brasil 0 0 74 0 0 0 1.128
Fonte: BACEN - Informações Financeiras Trimestrais – IFT – Relatório 7027: Obrigações – Vencimento
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Banco Capital Capital Capital Capital Capital Capital Capital Capital
Principal Adicional Nível 1 Nível 2 Nível 1 e Principal Nível 1 / Total /
Nível 1 Nível 1 2 Nível 1 / APR (%) APR (%)
APR (%)
Banrisul 4.877 0 4.877 1.158 6.035 15,06 15,06 18,63
BMG 2.508 0 2.508 1.226 3.734 (*) 7,78 (*) 7,78 (*) 11,58
do Nordeste 2.611 0 2.611 2.535 5.146 (*) 8,53 (*) 8,53 16,82
Volkswagem 2.046 0 2.046 1.613 3.659 (*) 9,41 (*) 9,41 16,82
JP Morgan 3.494 0 3.494 0 3.494 16,70 16,70 16,70
Industrial e Coml 1.959 0 1.959 947 2.906 10,48 (*) 10,48 15,55
PanAmericano 1.270 0 1.270 1.195 2.465 (*) 7,65 (*) 7,65 14,84
da Amazonia 1.946 0 1.946 0 1.946 14,82 14,82 14,82
Rabobank 1.052 0 1.052 939 1.991 (*) 8,11 (*) 8,11 15,35
Banco Daycoval 2.198 0 2.198 0 2.198 17,35 17,35 17,35
Deutsche Bank 1.499 0 1.499 0 1.499 12,96 12,96 (*) 12,96
Mercedes-Benz 1.172 0 1.172 223 1.395 10,72 (*) 10,72 (*) 12,76
Mercantil do Br 839 0 839 622 1.461 (*) 8,26 (*) 8,26 14,38
GMAC 1.207 0 1.207 0 1.207 12,31 12,31 (*) 12,31
Fibra 873 0 873 373 1.246 (*) 9,28 (*) 9,28 13,24
Pine 1.220 0 1.220 317 1.537 13,23 13,23 16,67
BRDE 1.336 0 1.336 0 1.336 15,84 15,84 15,84
BNG 936 0 936 0 936 15,81 15,81 15,81
Societe General 698 0 698 0 698 12,12 12,12 (*) 12,12
Parana Banco 1.215 0 1.215 0 1.215 27,10 27,10 27,10
Intercap 687 0 687 0 687 15,38 15,38 15,38
CNH Capital 990 0 990 0 990 23,06 23,06 23,06
Bonsucesso 380 0 380 219 599 (*) 9,32 (*) 9,32 14,68
Indusval 586 0 586 0 586 14,98 14,98 14,98
Credit Agricole 757 0 757 21 778 23,22 23,22 23,87
Fidis 480 0 480 0 480 15,27 15,27 15,27
Sofisa 781 0 781 0 781 24,86 24,86 24,86
BDMG 1.460 0 1.460 0 1.460 47,56 47,56 47,56
John Deere 450 0 450 115 565 16,59 16,59 20,83
Industrial do Br 442 0 442 31 473 16,90 16,90 18,09
Rodobens 357 0 357 0 357 14,31 14,31 14,31
Sumitomo Mitsui 642 0 642 82 724 26,51 26,51 29,89
Estado de Sergipe 295 0 295 96 391 13,16 13,16 17,44
Estado do Pará 420 0 420 0 420 20,76 20,76 20,76
Triangulo-Tribanco 335 0 335 0 335 18,55 18,55 18,55
TokyoMitsubishi 1.097 0 1.097 0 1.097 61,11 61,11 61,11
Fator 429 0 429 0 429 24,63 24,63 24,63
Caixa Geral 474 0 474 0 474 29,03 29,03 29,03
Cacique 169 0 169 0 169 11,97 11,97 (*) 11,97
Intermedium 274 0 274 0 274 20,52 20,52 20,52
Ford 270 0 270 0 270 20,61 20,61 20,61
Rendimento 177 0 177 0 177 15,35 15,35 15,35
Pecunia 97 0 97 0 97 11,98 11,98 (*) 11,98
BANDES 160 0 160 0 160 20,05 20,05 20,05
Negresco 25 0 25 0 25 11,96 11,96 (*) 11,96
BPN Brasil 52 0 52 16 68 42,28 42,28 55,28
(*) Desenquadramento ao novo capital regulatório
Fonte: o Autor
O novo capital regulatório faria com que 23 bancos dos 58 analisados passassem a estar
desenquadrados de alguma forma. Em 12 situações se verifica a existência de deficiência no
Capital Principal Nível 1; em 17 situações, o Capital Nível 1 não era suficiente, e por 8 vezes,
o Capital Total (Nível 1 + Nível 2) não atendia às normas. Não se procedeu ao cálculo dos
ajustes prudenciais, pela ausência de informações detalhadas que o permitissem.
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É importante salientar que o cenário apresentado desconsidera a existência do phase-in à nova
regra, isto é, admitindo-se que o capital requerido em 2019 fosse exigido já em 2012. O tempo
de adaptação às novas regras, estabelecido pelo B.I.S. e ratificado pelo BACEN, fazem com
que os bancos consigam planejar suas ações de capitalização.
O custo do capital próprio (KE) foi obtido por uma variante do modelo CAPM – Capital Asset
Pricing Model, denominada ICAPM ou International Capital Asset Pricing Model, de Solnik
(1974). O retorno do ativo, por este modelo, é dado pela Equação 1:
= + − + Equação 1
Onde:
é o retorno do ativo “i” negociado na bolsa “k”; neste caso, a BOVESPA.
é retorno do mercado global, considerado o S&P 500.
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é o retorno do ativo livre de risco global, considerado os U.S. Treasuries de 10 anos
é o beta do ativo “i” com relação ao índice “k”; neste caso, o IBOVESPA.
é o beta do índice “k” com relação ao mercado global.
é o prêmio de risco soberano, medido pelo EMBI+Brasil.
O foi obtido a partir da média do yield to maturity dos Treasury Bonds do Tesouro
Americano colocados entre 2003 e 2012; o baseou-se nos retornos diários da carteira
teórica de ações de bancos brasileiros, tendo o Índice Bovespa como regressor; o é o Beta
do IBOVESPA regredido pelo S&P 500 e calculado com base nos retornos mensais de 1990
até 2013; o baseou-se na média dos retornos anuais do índice S&P 500 dos últimos 10
anos; e como adotou-se a média do EMBI + Brasil. Preferiu-se limitar a série utilizada do
EMBI + Brasil a cinco anos para evitar o período anterior à revisão do risco país para
investment grade. O KE resultante deve ser ajustado à realidade inflacionária brasileira; para
tanto, foi incorporado ao KE a média geométrica do IPCA de 2010, 2011 e 2012; e
deflacionado pela média geométrica dos CPIs (Consumer Price Index, dos EUA) naquele
mesmo período. Os parâmetros utilizados e o cálculo do KE são apresentados na Tabela 9.
Para definir a carteira teórica de bancos foi consultada a base de dados da Economática. À
exceção das ações do Itaú Unibanco, Bradesco e Banco do Brasil, as séries de preço das ações
dos demais bancos apresentam falhas, inviabilizando-as para o cálculo do beta setorial. Estes
três bancos apresentaram betas de, respectivamente, 0,719, 0,847 e 1,012. Desta forma, com o
intuito de utilizar o beta mais representativo, definiu-se uma carteira teórica composta de
partes iguais de ações do ITAÚ UBB ON, BRADESCO ON e BANCO DO BRASIL ON,
ajustada diariamente. O foi regredido contra o Índice Bovespa e o período analisado
compreendeu 5 anos (julho/2008 a julho/2013); o valor resultante foi 0,8591.
Tabela 9 - Cálculo do KE
Beta carteira de bancos versus IBOVESPA 0,8591
Beta IBOVESPA versus S&P 500 1,2116
RM 8,71%
RF 3,46%
RM - RF 5,25%
EMBI+Br 232
KE (nominal, em US$) 11,25%
CPI - Consumer Price Index 2,29%
IPCA – Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo 6,08%
KE (nominal, em R$) 15,38%
Fontes: RM e RF (Damodaran); IBOVESPA e S&P 500 (Economática),
IPCA (IPEADATA), CPI (Burreau of Labor Statistics)
Dos 58 bancos analisados, 38 apresentaram ROE médio inferior ao custo de capital próprio,
calculado pelo ICAPM em 15,38%.
A Figura 1 resume a situação dos bancos no tocante ao enquadramento de Capital Principal
Nível 1 e no tocante à sua capacidade de atrair capitais. Foram traçadas duas linhas
pontilhadas: uma horizontal, representando o custo de capital próprio de 15,38% a.a.; e outra
vertical, indicando o Capital Principal Nível 1exigido de 9,5%. Estas linhas definem os
seguintes quadrantes:
O quadrante I compreende os bancos que apresentam suficiência de capital
regulatório e retorno superior ao custo de capital (KE);
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O quadrante II compreende os bancos que apresentam suficiência de capital
regulatório, mas retorno inferior a KE;
O quadrante III compreende os bancos que apresentam insuficiência de capital
regulatório e retornos inferiores a KE;
O quadrante IV compreende os bancos que apresentam insuficiência de capital
regulatório, e retorno superior a KE.
Fonte: o Autor
Foram excluídos da figura os bancos com níveis de capitalização muito elevados, visando
permitir uma melhor visualização dos diagramas.
Verifica-se que parte considerável das instituições tem baixa alavancagem (quadrantes I e II)
e aparentemente não irá necessitar maiores ações visando o enquadramento à nova regra,
salvo, é claro, se os ajustes prudenciais forem de tal monta a ponto de alterarem esta
equação. Uma parte menor das instituições deverá empreender ações visando o
enquadramento: aquelas instituições mais rentáveis (quadrante IV) terão a oportunidade de
elevar o capital através da emissão de novas ações; aquelas menos rentáveis (quadrante III)
estarão mais vulneráveis e restará a elas como opção a redução dos Ativos Ponderados pelo
Risco. Pode-se constatar que os três maiores bancos públicos (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal e BNDES) estão posicionados no 4º quadrante.
A Figura 2 é similar à Figura 1, mas ela mostra o enquadramento ao Capital Nível 1.
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Figura 2 - Requerimento de Capital Nível 1 x ROE
Fonte: o Autor
5 CONCLUSÕES
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O novo Acordo de Capital poderá desencadear um novo ciclo de aquisições de bancos
menores pelos grandes bancos, cuja capacidade de capitalização é significativamente maior
que a das instituições de pequeno e médio porte. A fusão entre instituições de menor porte
poderá não ser a solução, pois dois bancos desenquadrados dificilmente irão resultar em um
banco enquadrado. No entanto, uma fusão pode proporcionar economia de escala e produzir
retornos que viabilizem a emissão de novas ações.
Uma solução adotada pelas instituições menores em momentos de restrição à liquidez tem
sido a securitização. No entanto, deve-se considerar que o BACEN possui regras que reduzem
a efetividade desta solução, principalmente quando não ocorre uma transferência significativa
de riscos (Resolução CMN nº 3.533). Logo, a securitização poderá ser uma solução de
alcance limitado.
Bancos de pequeno e médio porte poderão também buscar novas formas de operação. Assim,
é de se esperar que os bancos menores busquem desenvolver relacionamentos com o objetivo
de sindicalizar seus créditos; outros poderão firmar acordos operacionais com grandes bancos,
onde eles se dediquem a originar operações junto a seus canais de venda utilizando os padrões
de crédito dos bancos parceiros, com o objetivo de repassar-lhes esses ativos. Desta forma, o
banco menor adquire características de um prestador de serviços do banco maior.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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______.Amendment to the Capital Accord to incorporate Market Risks. Basle, Jan.1996.
Disponível em <www.bis.org>. Acesso em 25/03/2004.
D´AMORIM, Sheila; OMS; Carolina. Governo alivia exigências de capital para os bancos.
Folha de S. Paulo. São Paulo, 01/03/2013. Disponível em
<http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1239018-governo-permite-que-credito-tributario-de-
banco-entre-em-calculo-de-patrimonio.shtml>. Acesso em 23/07/2013.
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