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Introdução
A infiltração gordurosa é comum em vacas leiteiras de alta produção poucos dias após o
parto, quando a concentração sérica de ácidos graxos não esterificados (AGNE) está aumentada
devido à lipólise e perda de condição corporal associadas com déficit energético e as alterações
endócrinas que acompanham o parto e início da lactação. Os triglicerídeos atingem o nível
máximo de degradação metabólica ou liberação de lipoproteínas, se tornando excedente no
órgão. Além disso, o déficit energético gera queda na concentração de glicose e aumento
excessivo nas concentrações de corpos cetônicos no sangue caracterizando o balanço energético
negativo. Esta infiltração gordurosa no fígado é significante para bovinos de leite, pois,
aproximadamente 85% da glicose do metabolismo é derivada do fígado, o qual também tem um
importante papel na regulação do consumo, fertilidade e imunidade.
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Fiorentin, E. L. Lipidose hepática: causas, patogenia e tratamento. Seminário apresentado na disciplina
Transtornos Metabólicos nos Animais Domésticos, Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014. 10 p.
Causas
Patogenia
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a 200 mg/kg/hora pode fornecer energia contínua e induzir a proporção insulina:glucagon que
reduz a mobilização de lipase hormônio-sensível dos ácidos graxos livres e estimula a síntese de
VLDL. Pode-se administrar somente insulina para alterar diretamente esta proporção. Em
bovinos, administram-se 200 U de insulina NPH, em intervalos de 12 horas, para cada 450
quilos de peso, com glicose.
Recomenda-se a utilização de precursores de lipoproteínas, como a colina, um componente
de fosfolipídeos para aumentar a velocidade na qual os triglicerídeos deixam o fígado, na forma
de fosfolipídeos (VLDL). O uso de vitamina B12 e metionina podem prevenir a ocorrência de
lipidose por estarem envolvidas na síntese de lipoproteínas, seja de apoproteínas ou
fosfoglicerídeos.
Os corticoides, como usados no tratamento da cetose, podem ser úteis, mas não devem ser
utilizados repetidamente durante um período longo, porque podem reduzir a resistência do
animal às infecções devido ao seu efeito imunossupressor. O principal efeito benéfico dos
glicocorticóides como tratamento de lipidose é aumentar a gliconeogênese no fígado, o que
aumenta as concentrações de glicose no plasma.
Os tratamentos combinados são preferidos pela maioria dos veterinários porque o
fornecimento de infusão de glicose e corticoides fornece glicose por um longo prazo, enquanto
que a insulina ajuda na absorção de glicose pelos tecidos periféricos.
A digestão nos pré-estômagos pode ser melhorada pela transfaunação, utilizando-se fluido
ruminal de uma vaca normal. Esse procedimento pode aumentar a capacidade de absorção dos
ácidos graxos voláteis, utilizados como fontes de energia, e de precursores da glicose.
A lipidose hepática felina é a hepatopatia mais comum em gatos, que na maioria das vezes
afeta gatos privados de alimento ou que passaram por períodos de anorexia. Ela também é
conhecida como “síndrome do fígado gordo felino”, considerada um processo patológico que
atinge, no entanto, gatos aparentemente sadios. Esta patologia pode estar associada a outras
disfunções do fígado como colestase intra-hepática, insuficiência hepática intensa, colângio-
hepatite, obstruções ou inflamações biliares e neoplasias intra-hepáticas, sendo, na maior parte
das vezes, idiopática.
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Causas
Esta enfermidade é causada por um desequilíbrio entre a captação hepática dos ácidos graxos
e a sua utilização, acometendo principalmente animais obesos que tenham perdido massa
corpórea. As causas específicas da lipidose hepática incluem obesidade, ingestão calórica
desbalanceada, desnutrição, hepatotoxinas, doenças sistêmicas e doença idiopática. O termo
lipidose hepática idiopática é usado quando não se identifica nenhuma outra patologia
associada.
Patogenia
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Diagnóstico
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Tratamento
O suporte nutricional agressivo é a base do tratamento para a lipidose hepática felina. O ideal
da dieta seria preencher todos os requerimentos básicos de proteína e nutrientes, manter um
balanço energético positivo, promover a regeneração hepática, e facilitar a recuperação do
equilíbrio metabólico e a reversão dos sinais clínicos associados com a síndrome. Para muitos
gatos, o aumento proteico na dieta é recomendado. Pacientes podem ser monitorados de perto
durante as 72 horas da terapia nutricional, período o qual ocorre as mais sérias complicações.
Os melhores resultados clínicos são obtidos com o fornecimento de dietas ricas em proteínas,
contendo calorias e nutrientes em quantidades adequadas. Como consideração geral, a proteína
tem que representar de 10 a 22% das Kcal da dieta. Quantidade inferior deve ser usada quando
sinais de hiperamonemia e encefalopatia hepática existirem. Os carboidratos devem representar
de 20 a 40% das Kcal da dieta. A quantidade de gordura na dieta pode variar de 20 a 60% das
Kcal.
Um tubo de gastrostomia aplicado por endoscopia ou cirurgia é preferível, porque em geral
há a necessidade de tratamento nutricional prolongado (3 a 6 semanas), e o grande calibre do
tubo permite a alimentação de alimento triturado para felino. Os tubos de gastrostomia são bem
tolerados por gatos, e estes animais eventualmente podem ser tratados por donos dedicados. Os
tubos nasoesofágicos são adequados para o fornecimento de alimentos líquidos, para o
tratamento a curto prazo, sendo preferível à alimentação forçada.
Alguns suplementos dietéticos também são úteis, como a carnitina, citrulina, vitaminas do
complexo B, especialmente a tiamina (B1), zinco e óleo de peixe, que fornece quantidades
adicionais de nutrientes e antioxidantes.
O alimento deve ser introduzido aos poucos por um período de 4 a 7 dias. A oferta de várias
refeições contendo pequenas quantidades de alimento é a melhor forma de garantir boa digestão
e absorção adequada de nutrientes e calorias.
As necessidades diárias de energia e proteínas devem ser calculadas. Gatos com lipidose
podem ter necessidades calóricas diárias semelhantes a gatos saudáveis sendo de 60 a 80
kcal/kg/dia. A oferta de alimentos palatáveis deve ser feita juntamente com a alimentação
enteral até que a ingestão voluntária esteja restabelecida e o tubo possa ser retirado. A dieta
terapêutica para lipidose hepática ocorre em conjunto com o manejo dos problemas que estão
associados com a lipidose hepática felina. Hipoglicemia, encefalopatia hepática, hemorragias
gastrintestinais e coagulopatias são associações possíveis da lipidose hepática. Esses problemas
são tratados sintomaticamente, lembrando que o uso de algumas drogas deve ser avaliado por
consequência da disfunção hepática.
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Para ajudar a controlar a hiperamonemia e os sinais da encefalopatia hepática utiliza-se uma
dieta pobre em proteína e com alto teor biológico e utilizam-se produtos que contenham em sua
fórmula química intermediários do ciclo da ureia na forma de aminoácidos ureogênicos, tais
como, a arginina, citrulina e ornitina.
Exige-se frequentemente fluidoterapia intravenosa, sendo esta benéfica no alívio de muitas
complicações. A fluidoterapia deverá ser realizada utilizando solução balanceada de eletrólitos e
complementada com cloreto de potássio no início do tratamento. Deve-se evitar o uso de
solução de lactato, pois pode prejudicar o metabolismo de lactato hepático em gatos com
lipidose hepática.
A alimentação forçada pode ser prolongada (3 a 12 semanas), já que a maioria dos
proprietários é capaz de manejar o tubo de gastrostomia ou esofagostomia em casa durante esse
período. Uma vez que ocorra a normalização dos parâmetros bioquímicos, a alimentação via
tubo é gradualmente reduzida e o gato deve ser estimulado a comer por conta própria. Uma vez
que o gato estiver comendo espontaneamente, sem alimentação enteral por 1 a 2 semanas, o
tubo é retirado.
O prognóstico é de bom a razoável na maior parte dos casos. A taxa de recuperação
dependente do quão estável o gato está no momento da apresentação, da agressividade do
suporte nutricional e da habilidade em controlar o vômito. Geralmente todos os gatos se
recuperam se sobreviverem aos primeiros dias. Quanto mais cedo forem tratados, maior a taxa
de recuperação. Quantos mais cedo se iniciar o tratamento, melhor será o prognóstico. Logo,
deve-se monitorar os níveis séricos de enzimas hepáticas e instituir um suporte nutricional em
qualquer gato obeso que ficar anorético secundariamente a outros processos patológicos.
O potencial para ocorrência de lipidose deve ser considerado em qualquer gato obeso
colocado em dieta hipocalórica. As enzimas hepáticas devem ser monitoradas para avaliar
quanto ao início de uma lipidose.
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