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Esta modalidade é a mais tradicional de aquisição da propriedade por usucapião, que se caracteriza pela
posse mansa, pacífica e ininterrupta e com a animus domini pelo prazo de quinze anos.
A preocupação com a função social da propriedade se irradia, pois o possuidor estabelece o imóvel como
morada habitual ou nele realizou obras de caráter produtivo, o prazo reduz para dez anos.
Portanto não é necessário o exercício de todos os atos possessórios por parte do usucapiente. É possível
também a sucessio ou acessio possessionis, isto é, o usucapiente pode agregar à sua as posses
anteriores, desde que a cadeia contenha, em sua inteireza, todos os requisitos inerentes a essa
modalidade de usucapião.
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A usucapião ordinário é o negócio jurídico celebrado entre o possuidor, que acreditando ser o proprietário
da coisa, exerce a posse de boa-fé baseada em título que, conquanto formalmente válido, não se reputa
hábil a operar o efeito pretendido (transmissão de propriedade).
O legislador reduziu o prazo desta modalidade, que se opera de posse mansa e pacífica e ininterrupta,
com intenção de dono por mais de dez anos, conforme previsto no art. 1242 do CC. A boa fé só será
alegada a quem tiver justo título, visto que somente este documento demonstrará que o possuidor
considerava-se, de fato, o verdadeiro dono da coisa.
O art. 1242 do CC admite duas formas de configuração do justo título. O prazo de usucapião será
reduzido para cinco anos , quando se tratar de imóvel adquirido onerosamente, com base no registro
constante do respectivo cartório. Caso não haja registro, prevalece a regra de prescrição aquisitiva de dez
anos.
Regulado pelo art. 182 da CF, foi concebido o instituto da usucapião urbana, e contemplado no art. 183
da Carta Magna, 1.240 do CC, bem como nos arts. 9º e seguintes da Lei nº 10.257/01- o Estatuto da
cidade.
Nesta modalidade de usucapião, além de requisito geral de posse manda e pacifica com animus domini
exige-se o prazo de cinco anos para a aquisição da propriedade. É necessário, portanto, que o
usucapiente resida no imóvel e não seja proprietário de outro, além de limitar a área usucapienda em
250m².
Sendo assim, nota-se que esta modalidade de usucapião é mais um instrumento da política urbana, mas
também de justiça social, na medida em que prestigia o possuidor que utiliza o imóvel como sua moradia
e de sua família, ao mesmo tempo em que promove a urbanização racional.
Não se admite que o possuidor de imóvel de maior dimensão exerça pretensão somente quanto ao teto
constitucional de 250 m², usucapindo somente parte do prédio.
O art. 9º do Estatuto da Cidade não se refere somente a área como fez o dispositivo constitucional, mas
mencionou "edificação urbana".Sendo assim também são usucapíveis por esta modalidade os
apartamentos. E o §2º deste artigo, deixa claro que pode ser obtida somente uma vez.
A usucapião especial coletiva é possível a sucessão de posses, podendo o possuidor o possuidor agregar
à sua as posses dos antecessores para completar o prazo exigido, desde que sejam todas elas mansas
pacíficas e ininterruptas.
Inserida na ordem jurídica pela CF 1934, a usucapião especial rural foi contemplada pela Constituição de
1988, no seu art. 191, pelo Código Civil, no art. 1239 e pela Lei nº 6.969/81, que regulou inteiramente a
matéria antes disciplinada pelo chamado Estatuto da Terra.
Esta modalidade de usucapião requer a posse de área localizada em zona rural, não superior a 50
hectares, por cinco anos ininterruptos, desde que seja tornada produtiva pelo trabalho do possuidor ou de
sua família, que lá fixarem sua moradia, vedada a propriedade de outro imóvel.
Tem como objetivo a fixação do homem no campo e o incentivo à produtividade da terra, como forma de
materializar a função social da propriedade e desestimular a manutenção de latifúndios improdutivos. Por
exigir o trabalho produtivo, este instituto ficou conhecido como pro labore.
Quando se referir à área localizada em zona rural, o legislador deixa claro que adotou como critério a
localização e não a destinação dada ao imóvel, sendo utilizado o mesmo critério para fins de incidência
de IPTU e ITR, pois a cobrança deste ou daquele imposto é um indicativo para a espécie de usucapião
cabível, o rural ou o urbano.
É impossível, portanto, a usucapião de terra com dimensão inferior ao módulo rural, pois o Estatuto da
Terra teve por escopo acabar com a fragmentação de terra em minifúndios antieconômicos.
O art. 2º da Lei nº 6.969/81 permitia a obtenção por usucapião de terras particulares e devolutas. Porém a
CF/88, tornou impossível usucapir terras devolutas (art. 191, parágrafo único). Neste caso as terras
devolutas cuja usucapião se operou antes de 1988, tem direito de usucapir, se o prazo foi preenchido
antes da nova ordem constitucional.
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Paulo Villela
Wed, 06 Mar 2002 13:43:06 -0800
"A lei assume uma nova perspectiva com relação à propriedade, ou seja, o seu sentido
social"
O usucapião no novo Código Civil
Por Sílvio de Salvo Venosa
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O usucapião (ou a usucapião) deve ser visto doravante sob uma perspectiva mais
dinâmica, que necessariamente fará acrescer alguns dos princípios básicos que tomamos
como dogma no sistema de 1916. O novo Código Civil assume uma nova perspectiva
com relação à propriedade, ou seja, o seu sentido social. Como o usucapião é o
instrumento originário mais eficaz para atribuir moradia ou dinamizar a utilização da
terra, há um novo enfoque no instituto. Alie-se a isto a orientação da Constituição de
1988, que realça o princípio e alberga modalidades mais simplificadas do instituto.
Desse modo, a idéia básica no novo diploma é no sentido de que as modalidades de
usucapião se situam no tempo do período aquisitivo, mais ou menos longo. Sob esse
novo pálio deve ser atentamente analisado o artigo 1.238, que fixa o prazo do usucapião
extraordinário em quinze anos, independente de título e boa-fé. Esse prazo será reduzido
a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele
realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
O usucapião ordinário é disciplinado pelo artigo 1.242. Neste leva-se em conta o justo
título e a boa-fé, em um período de posse de dez anos. Trata-se aqui do mesmo prazo de
dez anos do usucapião extraordinário do parágrafo único do artigo 1.238. No entanto,
como apontamos liminarmente, lá se cuida de usucapião extraordinário que dispensa o
justo título e a boa-fé, mas que exige o requisito da moradia ou realização de serviços de
caráter produtivo no local. No caso concreto, pode ocorrer que o usucapiente, ao
requerer a aquisição da propriedade, o faça com fundamento no artigo 1.242, mas,
subsidiariamente, por preencher os requisitos do artigo 1.238, peça que o juiz reconheça
o usucapião extraordinário, se forem discutíveis a boa-fé ou o justo título.
O novo código suprime a distinção hoje inútil do artigo 551 do velho código quanto ao
usucapião ordinário, a referência entre presentes e ausentes. Também teremos questões
envolvendo direito intertemporal, posse aquisitiva que tenha se iniciado sob a égide do
código anterior e se consumará na vigência novo código. Nas disposições transitórias do
novo código foi inserida a seguinte disposição: Artigo 2.029. "Até dois anos após a
entrada em vigor deste código, os prazos estabelecidos no parágrafo único do artigo
1.238 e no parágrafo único do artigo 1.242 serão acrescidos de dois anos, qualquer que
seja o tempo transcorrido na vigência do anterior, Lei nº 3.071, de 1º de janeiro de
1916."